prociv # 54 (setembro de 2012) já disponível online

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PUBLICAÇÃO MENSAL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTECÇÃO CIVIL / N.º54 / SETEMBRO 2012 / ISSN 1646–9542 54 Distribuição gratuita Para receber o boletim PROCIV em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt Setembro de 2012 Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Proteção civil e cooperação internacional Portugal na Europa

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Já se encontra disponível para consulta a edição de setembro do Boletim PROCIV da ANPC, que neste número destaca a cooperação internacional no domínio da proteção civil. É dado especial enfoque ao Mecanismo Comunitário de Proteção Civil, criado em outubro de 2001, com o objetivo de promover e facilitar o apoio mútuo entre os Estados-membros, em situações de emergência grave.

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PUBL ICAÇÃO MENSAL DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTECÇÃO C IV IL / N .º54 / S ETEMBRO 2012 / I S SN 16 46 –9542

54Distribuição gratuita

Para receber o boletim PROCIV em formato

digital inscreva-se em:www.prociv.pt

Setembro de 2012

Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Proteção civil e cooperação internacional

Portugal na Europa

P. 2 . P RO C I V

Número 54, setembro de 2012

Cooperação, solidariedade e espirito de missão

A proteção civil é hoje uma área onde a cooperação internacional se tem revelado in-dispensável, quer no que concerne à prevenção e redução de riscos e de desastres, quer no socorro e resposta a catástrofes que, pela sua dimensão, ultrapassam as capa-cidades nacionais dos países atingidos.

Nesta época em especial, os países do Sul da Europa, ainda que enfrentando cada um, no seu território, a problemática dos fogos florestais, têm cooperado entre si e conseguido apoiar-se mutuamente. É nestes momentos, em que os países parti-lham os seus recursos para apoiar os vizinhos, que a cooperação assume o sentido de solidariedade única e nos deixa convictos de que existem valores que vão além das fronteiras.

Chegados que estamos a meio da fase mais crítica do Dispositivo Especial de Comba-te a Incêndios Florestais (DECIF - 201 2), importa destacar o imenso esforço, empenho e abnegação de quantos o integram e têm colocado no cumprimento desta árdua mis-são o melhor das suas capacidades.

Já vivemos este ano dias muito exigentes, enfrentámos aquela que foi porventu-ra a maior operação de protecção civil de que há memória em Portugal e apoiámos a Região Autónoma da Madeira a combater uma sucessão de incêndios florestais de dimensão e complexidade atípicas para aquela Região.

Lamentamos o desaparecimento de quatro operacionais, dois militares dos GIPS, uma Bombeira e um Bombeiro, que pereceram no cumprimento do dever e mais uma vez, em prol da comunidade que se disponibilizaram a servir. Perante o seu esforço e entrega fica o nosso mais profundo respeito.

Os tempos que se seguem não serão seguramente mais fáceis! Mas é em momentos como estes que a tenacidade e a confiança não podem esmorecer. De facto, é em mo-mentos como estes, que nos obrigamos a um esforço suplementar pelos valores que norteiam a proteção e o socorro em Portugal, continuando, sem hesitações, a defen-der as pessoas, os seus bens e o ambiente.

Saúdo pois todos os operacionais, entidades e demais integrantes do DECIF - 201 2, a quem deixo uma palavra de reconhecido agradecimento pelo trabalho desenvolvi-do até aqui e uma mensagem de coragem para enfrentarmos com determinação as missões que ainda nos esperam.

Também aos dirigentes e demais trabalhadores da ANPC uma palavra de apreço pelo vosso esforço competente e quantas vezes anónimo, evidenciando alto sentido de missão e grande serenidade, determinante na prossecução das nossas atividades, porque indiferentes aos alardes demagógicos e ignorantes de quantos nos imaginam “expectantes” naqueles que alguns consideram “momentos conturbados”.

Os interesses que nos movem no setor são tão só os do serviço público contidos na Missão atribuída em Fevereiro de 2006 e até ao presente confirmada pelos sucessivos-Governos da República.

Arnaldo CruzPresidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil

Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor – Arnaldo Cruz Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e ProtocoloFotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinaladoImpressão – Textype Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542

Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte.

Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva nº 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 [email protected] www.prociv.pt

P U B L I C AÇ ÃO M E N S A L

Projecto co-financiado por:

E D I T O R I A L

> É nestes momentos, em que os países partilham os seus recursos

para apoiar os vizinhos, que a cooperação assume o sentido de solidariedade única e nos deixa

convictos de que existem valores que vão além das fronteiras. <

Transporte Pré-hospitalar: ANPC esclarece notícia publicada no Jornal i

O Jornal i iniciou no dia 10 de agosto a publicação de um dossiê sobre o transporte pré-hospitalar a cargo dos bombeiros que refere a “falta de tripulantes nas ambulâncias de socorro”. Os números avançados pelo jornal têm por base dados de um inquérito efetuado pela ANPC às corporações de bombeiros de norte a sul do país. De acordo com a notícia publicada, “as ambulâncias para transporte pré-hospitalar não dispõem do número necessário de dois tripulantes com a formação adequada”.

Na sequência desta notícia, a ANPC emitiu um comunica-do em que esclarece que o estudo a que se refere aquele órgão de comunicação social representa a primeira parte de um trabalho mais vasto, que está a ser conduzido desde outu-bro de 2011, no seguimento da análise efetuada a algumas

reclamações recebidas, relativas ao transporte pré-hospi-talar prestado pelos bombeiros nas ambulâncias.

Sobre o estudo foi exarado despacho interlocutório por parte do Presidente da ANPC, o que significa que o mes-mo consubstancia um trabalho em curso, que implica uma análise mais vasta, onde terão que ser equacionadas as medidas adequadas para implementar soluções aos problemas meramente diagnosticados, seu faseamento e custos de implementação.

Não tendo qualquer carácter reservado, o trabalho não se encontra publicado, uma vez que não está ainda con-cluída a fase seguinte, isto é, encontra-se a ser objeto de validação através do cruzamento de dados com o Re-censeamento Nacional dos Bombeiros Portugueses, en-tre outras diligências. Só após esta validação poderá ter continuidade. O que implica o envolvimento posterior das entidades com responsabilidades nesta área (INEM e ENB), a quem já foi enviado.

P RO C I V . P.3Número 54, setembro de 2012

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B R E V E S

INEM alarga a utilização de computadores nas ambu-lâncias às corporações de Bombeiros

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) iniciou o alargamento da tecnologia presente nos seus meios de emergência às ambulâncias cedidas aos corpos de Bom-beiros e delegações da Cruz Vermelha. Numa primeira fase e até ao final do mês de agosto, 56 ambulâncias localiza-das em corporações de Bombeiros vão passar a contar com um computador portátil e com a aplicação Mobile Clinic®. Trata-se de uma aplicação informática de registo clínico eletrónico que permite aos tripulantes das ambulâncias receber e enviar em tempo real informação sobre as situa-ções de emergência médica para as quais foram acionados. A aplicação, que até agora existia apenas nos computado-res portáteis instalados nos meios de emergência próprios do INEM, recebe automaticamente os dados enviados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) sobre o evento a que a ambulância tem que se deslocar.Substitui-se assim a comunicação que até aqui era efetua-da via telefone, o que possibilita uma redução dos tempos de acionamento dos meios de socorro. O Mobile Clinic® permite ainda que os dados preenchidos pelos tripulan-tes, após efetuada a avaliação e estabilização das vítimas, sejam enviados diretamente para o hospital que irá receber o doente. Esta funcionalidade permite assim agilizar a entrada dos utentes nos serviços de urgência.Para alargar esta funcionalidade às ambulâncias locali-zadas em corporações de bombeiros o INEM efetuou um investimento de cerca de 250 mil euros. Este alargamen-to compreende ainda formação personalizada em cada corporação de Bombeiros, realizada pelo INEM. No futuro, este Instituto pretende expandir a aplicação Mobile Cli-nic® a todas as entidades do Sistema Integrado de Emer-gência Médica (SIEM) que possuam um protocolo de Posto de Emergência Médica com o Instituto.

Incêndio no Algarve: Bombeiros do Algarve manifesta-ram total confiança na estrutura operacional da ANPC Os e lementos de Com a ndo dos bombeiros do algarve que combateram o grande incêndio de julho na região ma-nifestaram, em declaração conjunta enviada ao Ministro da Administração Interna e à comunicação social, total con-fiança na estrutura operacional da ANPC, acrescentando que “só quem não conhece a particularidade e especifici-dade da Serra do Caldeirão e a influência do clima medi-terrânico é que pode pôr em causa o comando e controlo da maior operação de proteção civil alguma vez vista em Portugal”. Lamentando as perdas patrimoniais, os mes-mos responsáveis sustentam que o facto de não ter existido uma única vítima mortal ou ferido grave é um indicador “do trabalho feito por todos no terreno”, observando que no tempo do incêndio foi dada resposta por parte dos CB a 1.001 ocorrências, envolvendo 6.536 operacionais e 1.919 meios técnicos.Recorde-se que, por determinação da tutela, a ANPC elabo-rou um relatório pormenorizado sobre o incêndio florestal que assolou os concelhos de Tavira e São Brás de Alportel. O documento, entregue no dia 10 de agosto, está disponível para consulta em www.prociv.pt.

Foto: Pedro Santos

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Número 54, setembro de 2012

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A Lei de Bases da Proteção Civil assume expressão externa, ao prever que, no quadro dos compromissos

internacionais e das normas aplicáveis do direito internacional, a atividade de proteção civil possa ser exercida fora do território nacional, em cooperação com Estados estrangeiros ou organizações internacionais de que Portugal seja parte, atribuindo esta Lei à Autoridade Nacional de Protecção Civil a responsabilidade de coordenar as intervenções no quadro do auxílio externo.

Portugal, através da ANPC, tem vindo a promover a cooperação em matéria de proteção civil no quadro bilateral, através de vários acordos, nomeadamente com Espanha (1992), França (1995), Rússia (1999), Marrocos (1992) e Cabo Verde (1998), mas a expressão mais visível da cooperação internacional tem vindo a ser desenvolvida no quadro do Mecanismo Comunitário de Proteção Civil, sendo fundamental fazer aqui um parêntesis, sobre a natural evolução desta matéria.

A União Europeia terá ficado mais desperta para a problemática da resposta a grandes emergências após o sismo da Arménia de 1988, altura em que se iniciou o debate em torno desta matéria. Este mesmo debate cresceu exponencialmente em 1999 com o sismo da Turquia, ao qual acorreram vários países europeus, num esforço aparentemente descoordenado para tentar apoiar as autoridades turcas no socorro às vítimas. Rapidamente se concluiu que era necessário melhorar a coordenação

da resposta europeia e que faria todo o sentido que este trabalho fosse feito de forma integrada e estruturada no seio da Comunidade e com a participação dos Estados-membros.

Após três anos de intensos debates nos principais fóruns europeus, em outubro de 2001 é criado o Mecanismo Comunitário de Proteção Civil, que não é mais do que uma força constituída por meios e recursos dos países que nele participam, adequada à emergência em causa, com o objetivo de prestar apoio, a pedido do país afetado, na eventualidade de situações de emergência grave, e facilitar uma melhor coordenação das intervenções de socorro dos Estados-membros e da Comunidade. Em janeiro de 2002 este Mecanismo entrou em vigor, tendo-se tornado na primeira ferramenta europeia de resposta coordenada a situações de emergência de proteção civil dentro ou fora das fronteiras europeias

e conta, atualmente, com a participação de 32 países.

Com a intervenção do Mecanismo nas operações realizadas na sequência do Tsunami no sudoeste Asiático, o ano de 2005 constitui-se como um ponto de viragem a partir do qual várias alterações foram introduzidas com

vista a melhorar a capacidade de resposta a catástrofes.Desde então, destacam-se os esforços levados a cabo pela

Comissão Europeia e pelos Estados no âmbito da mobili-zação de equipas rápidas para reconhecimento e avaliação,

Proteção civil e cooperação internacionalA proteção civil é hoje uma área onde a cooperação internacional se tem revelado indispensável, quer no que concerne à prevenção e redução de riscos e de desastres, quer no socorro e resposta a catástrofes que, pela sua dimensão, ultrapassam as capacidades nacionais dos países atingidos.

> Em outubro de 2001 foi criado o Mecanismo Comunitário de

Proteção Civil, visando promover e facilitar o apoio mútuo entre os

Estados-membros, em situações de emergência grave. <

Projeto-piloto da União

Europeia EUFFTR

(European Union Forest

Fires Tactical Reserve)

P RO C I V . P.5Número 54, setembro de 2012

T E M A

o incremento da cooperação com as Nações Unidas, quer ao nível institucional quer ao nível operacional, a melho-ria da articulação entre a dimensão da Ajuda Humanitária e da Proteção Civil, o desenvolvimento de um Programa de Formação Comum e a criação e operacio-nalização de módulos de proteção civil.

É inevitável mencionar aqui o processo de revisão do Mecanismo, em 2007, em que a ANPC representou Portugal nas negociações e obteve consenso durante a presidência Portu1guesa da União Eu-ropeia. Já nesta revisão, numa tentativa de melhorar a coordenação operacional e a eficiência da prestação do socorro, resultaram clarifica-das as competências da Comissão Europeia e da Presidên-cia do Conselho da UE nos cenários de emergências graves, e, simultaneamente, foram definidos os procedimentos a adotar no caso de intervenções em países terceiros, in-cluindo os relativos à designação de equipas de peritos de avaliação e coordenação. Enquanto ponto de contato nacio-nal junto do Mecanismo, a ANPC tem participado ativa-mente, tanto como país beneficiário como país prestador de assistência.Analisando as ativações de Portugal no quadro do Meca-nismo, é importante realçar o seguinte:• Portugal ativou o Mecanismo Comunitário de Proteção Civil entre 2003 e 2005 e, novamente, em 2009 e em 2010, num total de 1 2 ativações;• A situação de emergência foi sempre a mesma: incêndios florestais;• O tipo de assistência solicitado foi, da mesma forma, sem-pre o mesmo: meios aéreos de combate aos incêndios.• Vários países prestaram assistência a Portugal, com espe-cial ênfase para os países do sul da Europa.

Podemos dizer que somos um país já com alguma experiência adquirida enquanto país recetor de as-sistência internacional. Analisada a operacionaliza-ção destas assistências, importa destacar que desde o momento em que o pedido de assistência é formulado até que a assistência é prestada, decorrem, por norma, entre 24 a 48 horas. Este tempo reflete os elevados níveis de efici-ência desta ferramenta, condição fundamental para fazer face a determinadas situações de emergência como os in-cêndios florestais.

Mas Portugal não tem apenas ativado o Mecanismo para solicitar assistência. Por diversas vezes o nosso país prestou assistência internacional, designadamente na Argélia, Irão, Marrocos, Indonésia, Peru, China, Haiti, Chile e Itália, na se-quência de sismos, e na Grécia e Espanha, na sequência dos incêndios florestais. Ao apoiarmos outros países em situa-ção de emergência no quadro deste Mecanismo, para além da visível expressão de solidariedade demonstrada, temos a oportunidade de adquirir experiência nos teatros de operações, trocar conhecimentos e formas de atu-ar que se pretendem conjuntas e coordenadas, por for-ma a facilitar uma resposta europeia e o desenvolvi-

mento de uma capacidade de resposta rápida da União.A oportunidade de treino e formação para peritos e equipas nacionais no quadro do Programa de Formação do Meca-nismo, é, também, uma medida que veio dotar os peritos

de formação conjunta que lhes per-mite trabalhar em equipas multi-disciplinares de forma coordenada e complementar.A ANPC tem, neste momento, mais de 40 elementos formados, de várias entidades, designa-damente quadros operacionais e técnicos da ANPC, da GNR e

do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa. É neste contexto que, após uma avaliação exaustiva da le-gislação no período 2007–2009 e tomados em considera-ção os ensinamentos retirados de situações de emergência ocorridas nos últimos anos, a Comissão Europeia veio, no início deste ano, apresentar uma proposta de criação de um novo Mecanismo.

A ANPC considera que esta proposta que pretende fa-zer evoluir o atual Mecanismo para um novo patamar de cooperação, vem dotar a União de um instrumento me-lhorado, capaz de apoiar, coordenar e complementar as

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> A evolução do Mecanismo Comunitário de Proteção Civil

para um novo patamar de cooperação, virá dotar a União de

um instrumento ainda mais eficaz para facilitar a assistência entre os

países <

P.6 . P RO C I VNúmero 54, setembro de 2012

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© R. Santos

ações dos países participantes na área da proteção civil, contribuindo para a eficácia dos sistemas de prevenção, preparação e resposta a catástrofes dentro e fora do espaço europeu.

É irremediavelmente necessário criar um quadro comum que permita a resposta a emergências de grande escala, em especial aquelas que por afetarem vários Estados condicionam a disponibilização imediata de entreajuda. Hoje em dia, para poder responder a um qualquer pedido de assistência em matéria de proteção civil, a União Europeia depende exclusivamente da boa vontade e das decisões dos Estados, e no limite, poderá acontecer não ser possível responder a uma catástrofe, seja porque os Estados não se voluntariam, seja porque os recursos nacionais estão empenhados.

Assim, sendo o objetivo da União o de garantir uma permanente e eficaz capacidade de resposta, então essa capacidade, embora dependente de disponibilidades voluntárias, não deverá libertá-las do cunho vinculativo do compromisso que também o voluntariado contém, sendo necessário assumir compromissos prévios,

à semelhança do que se faz em outras organizações, através dos quais, em determinados períodos temporais, a União saiba com o que pode contar, para responder cabalmente a uma situação de emergência. Com base nesta premissa, cada país poderá assim organizar-se operacionalmente por forma a dispor de uma reserva tática, pronta a intervir internacionalmente em caso de emergência, intervenção esta que deverá ser articulada de forma muito próxima com a Comissão Europeia, que terá um papel fundamental de coordenação, para evitar duplicações de esforços. Um trabalho conjunto entre a Comissão Europeia e os Estados é naturalmente chave de sucesso da cooperação internacional, e a criação de um novo Mecanismo traduz-se num passo tão necessário como indispensável para a natural evolução da Proteção Civil a nível internacional.

Ana MartinsChefe do Núcleo de Apoio Técnico e Relações Internacionais da [email protected]

T E M A

Para além da cooperação ao nível da União Europeia, a cooperação técnica com os Países Africanos de

Língua Oficial Portuguesa (PALOP) em matéria de Proteção Civil merece especial destaque porquanto prossegue, entre outros objetivos, o reforço do espaço lusófono e em particular a defesa do princípio da atenção especial a África, bem como a estratégia de desenvolvimento definida pelos países beneficiários em resposta a necessidades bem identificadas, promovendo a racionalização de meios, a eficiência e a eficácia da ajuda. Assim, a ANPC, no quadro do projecto de cooperação técnico-policial protocolado entre os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna e as autoridades dos PALOP, tem vindo a prestar, desde 2008, apoio formativo e assessoria técnica visando a capacitação dos serviços de proteção civil destes países.

Para o presente ano, está previsto um conjunto extenso de acções de formação e assessoria, a realizar em Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe.

Pedidos de assistência de Portugal no quadro do Mecanismo Comunitário de Proteção Civil

Ano 2003 2004 2005 2009 2010

Situação Incêndios florestais Incêndios florestais Incêndios florestais Incêndios florestais Incêndios florestais

Tipo de assistência Meios aéreos Meios aéreos Meios aéreos Meios aéreos Meios aéreos

País prestador Alemanha + Itália França + Grécia

+ Itália

França + Alemanha

+ Itália + Holanda

[Reserva Tática de

Meios Aéreos da UE]

Itália + Espanha

+ FFTR-UE

Ações previstas para 2012 no quadro do projeto

técnico-policial

Cabo Verde

> Novo quadro legal

>>Tripulantes de ambulância e transportes

>>> Revisão do sistema de comunicações

Guiné Bissau

> Assessoria Jurídico Organizacional

São Tomé e Príncipe

> Assessoria juridica

>> Planeamento e Gestão de Emergência

Angola

> Sistemas de Imformação Geográfica

>> Análise de Riscos

>>> Segurança Contra Incêndio em Edificios

T E M A

P RO C I V . P.7Número 54, setembro de 2012

© Paulo Santos

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O Corpo Europeu de Voluntários para a Ajuda Humanitária é uma iniciativa posta em marcha pela Direção Geral de Ajuda Humanitária e Proteção Civil da Comissão Europeia. Sustentada no Tratado de Lisboa, o seu objetivo é oferecer oportunidades de voluntariado internacional para os europeus em atividades de ajuda humanitária e proteção civil.

Voluntariado

CORPO EUROPEU DE VOLUNTÁRIOS PARA A AJUDA HUMANITÁRIA

A formação de um corpo de voluntários de ajuda hu-manitária, a nível europeu, prevista no Tratado

de Lisboa, fora proposta durante a Presidência Grega do Conselho Europeu (2003) tendo a ideia sido retomada em 2010 pelo então Primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Pretendia-se, com este organismo, dar coerência e maior visibilidade à intervenção europeia em teatros de catástrofe, designadamente após os sismos do Haiti (2010) e Paquistão (2011).Assim, em novembro do mesmo ano, eram apresentados

os princípios e áreas de intervenção de um futuro corpo de voluntários europeus para a ajuda humanitária, de-signadamente a identificação e seleção de voluntários e o treino e desenvolvimento de padrões comuns de boas prá-ticas. Visava-se complementar e apoiar, não duplicando, as organizações humanitária existentes, tendo em conta a progressiva profissionalização da ajuda humanitária ocorrida nos últimos tempos.

Em setembro de 2011, o Parlamento Europeu aprovou a constituição de um Corpo Europeu de Voluntários para a Ajuda Humanitária, tendo sido autorizado um orça-mento de 1 milhão de euros com vista ao desenvolvimen-to de ações preparatórias (consulta pública, conferências, seminários e ações-piloto), e prevista iniciativa legis-lativa durante o segundo semestre de 201 2 instituindo o Corpo Europeu de Voluntários para a Ajuda Humanitá-ria (CEVAH), que se prevê estar operacional no decurso de 201 4 .

A consulta pública, ao nível da União Europeia, efetu-ada em 2011, confirmou o interesse dos europeus nesta iniciativa, reforçada por sondagem do Eurobarómetro,

em fevereiro de 2012. Neste contexto, diversas organiza-ções não-governamentais europeias, como a rede de ajuda humanitária NOHA, o Instituto Bioforce Développement, a Caritas Checa, a Save the Children Dinamarca e a Johan-niter da Alemanha, lideradas pela organização britânica Save the Children, desenvolvem, desde 2011, atividades em cerca de 30 países em todo o mundo, no âmbito de dois projetos-piloto, com o objetivo de reforçar a resiliência das comunidades, promovendo competências locais no con-texto da proteção civil e da resposta a catástrofes, testando, no terreno, o futuro corpo de voluntários europeus para a ajuda humanitária .

A avaliação preliminar destes dois projetos-piloto tem providenciado informação valiosa com vista ao desenvol-vimento de currículo para voluntários em ajuda humani-tária, baseado nas boas práticas de organizações humani-tárias, contribuindo para o enriquecimento de operações de voluntariado em curso, promovendo a cooperação entre diferentes organizações humanitárias em operações de proteção civil e contribuindo para o reforço das capaci-dades locais de resiliência e resposta a situações de crise e catástrofe.

Maria Paula NunesTécnica Superior do Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo da [email protected]

T E M A

Foto: DG ECHO

A G E N D A

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1 2 a 13 setembro,Br u xe l as, Bé lg icaO G ru PO dE T r A BA lhO PrO C I V r Eú N E , NO â M BI T O dA Pr E SI dê NC I A C I Pr IO TA d O C ONSE lhO dA u N I ãO Eu rOPEI A . O Con se l ho d a Un ião Eu ropeia é o órgão pr i ncipa l de tom ad a de deci sões d a UE. No se u seio, re ú ne m-se per iod ica mente Gr upos de T raba l ho, aos qu a i s são con f iad as f u nções de a n á l i se téc n ica e pre pa ração de doc u mentos, nomead a mente Deci sões e Conclu sões do Con se l ho, que serão de poi s apresent ados pa ra aprovação. O Gr upo de T raba l ho pa ra a P roteção Civ i l tem a denom i n ação «PROCIV» e ne le pa r t icipa m, como re present a ntes n acion a i s, u m e lemento d a Re present ação Per m a nente de Por t uga l ju nto d a Un ião Eu ropeia e pe lo menos u m e lemento d a Autor id ade Nacion a l de P rotecção Civ i l . É competência genér ica destes e lementos a sa lvag u a rd a do i nteresse n acion a l.

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24 a 28 sete mbro,Li sboaC ON F E r ê NC I A Mu N dI A l dE E NG E N h A r I A SÍ SM IC A A Socied ade Por t ug uesa de Engen h a r ia Sí sm ica va i promover no Cent ro de Cong ressos de Li sboa, este encont ro i nter n acion a l, onde serão abord ados d iversos tem as em á reas como a si smolog ia, engen h a r ia de est r ut u ras, redes de i n f raest r ut u ras, ava l iação de r i sco sí sm ico e a i nd a questões socia i s e económ icas. No â mbito dos t raba l hos decor rerá a i nd a o 5WCEE Bl i nd Test Ch a l lenge, du ra nte o qu a l os pa r t icipa ntes são conv id ados a pre ver o compor t a me nto sí sm ico de du as est r ut u ras de bet ão, geomet r ica me nte idê nt icas, projet ad as pa ra n ívei s de e le vad a e ba i x a duct abi l id ade, de acordo com as nor m as EC8. M a i s i n for m ações e m: w w w.15 wcee.org

26 a 28 de sete mbro,ÉvoraE NC ON T rO NAC IONA l dE h I S T Ór I A dA S C I ê NC I A S E T E C NOl O G I AO Ce nt ro de Est udos de H i stór ia e Fi losof ia d a Ciê ncia (CEH FCi) d a Un iversid ade de Évora, orga n i z a a 3 ª ed ição dest a i n iciat iva, este a no sob o te m a “Ciê ncia, Cr i se e Mud a nça”, aprovado n a sequência d as conclu sões do I I Encont ro, tendo e m cont a a sit u ação económ ica e pol ít ica que se v ive e m Por t uga l e que tor n a pa r t ic u l a r me nte u rge nte aprof u nd a r o est udo e o debate sobre a i nteração e nt re a Socied ade, a Ciê ncia e a s u a H i stór ia, o pape l e respon sabi l id ade socia l d a ciê ncia e dos se u s age ntes e a i nd a sobre a ação d a c r i se e d a mud a nça no con heci me nto cient í f ico. M a i s i n for m ações e m: w w w.ciu hc t.com