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Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015

Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE

15 a 18 de setembro de 2015

PROCESSOS EROSIVOS NAS PRAIAS DO ICARAÍ E PACHECO, MUNICÍPIO DE

CAUCAIA-CE

FELIPE RAMOS FONTENELE¹*,FRANCISCO FONTENELE MEIRA²

1 Granduando em Engenharia Ambiental e Sanitária, UNIFOR, Fortaleza-CE. Fone: (85) 3223-6949, [email protected]

2Geografo, UECE, Fortaleza-CE. Fone: (85) 3223-6949, [email protected]

Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015

15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil

RESUMO: A ocupação da zona costeira no Estado do Ceará como em outras áreas do Brasil tem sido feita, quase sempre, de forma desordenada no ambiente praial, com o avanço das construções sobre áreas de dunas, construção de aterro indiscriminado dos mangues, a interferência antrópica, a retirada de sedimentos e corais para a construção civil e as causas naturais decorrentes das mudanças climáticas, comprometendo o caminhamento sedimentar alimentador das praias adjacentes, resultando no recuo gradativo da linha de praia e no avanço sistemático do regime de ondas sobre o berma, com a erosão da praia. A constatação da erosão costeira parte do conhecimento da situação local, entre outros aspectos, assim o comportamento de um determinado trecho da praia resulta do balanço de sedimentos. No caso positivo, a praia avança mar a dentro e o fenômeno é chamado de progradação; negativo, a linha de costa recua em direção ao continente sendo este fenômeno conhecido como erosão. PALAVRA CHAVE: Erosão costeira. Dinâmica praial. Impactos Ambientais. Caucaia.

EROSION THE BEACHES OF ICARAÍ AND PACHECO, CAUCAIA-EC COUNTY

ABSTRACT: The occupation of the coastal zone in the State of Ceará in the Northeast region as in other areas of Brazil, has been made, almost always, in a disorderly coastal environment. With the advancement of construction on dune areas, construction of the mangroves, the indiscriminate anthropogenic interference, the withdrawal of anthropogenic sediments and coral for construction and the natural causes resulting from climate change by committing the sedimentary adjacent beaches feeder handling, resulting in the gradual retreat of the beach line and the systematic advancement of the waves on the side, with the erosion of the beach. The observation of coastal erosion part of knowledge of the local situation, inter alia, that the behavior of a particular stretch of beach sediment balance results. If positive, the advances in sea beach and the phenomenon is called progradação; negative, the coastline recedes towards the continent being this phenomenon known as erosion. KEYWORDS: Coastal erosion. Praial dynamics. Environmental Impacts. Caucaia.

INTRODUÇÃO A ausência de ordenamento no uso e ocupação do litoral das praias do Icaraí e Pacheco tem causado impactos ambientais e socioeconômicos sem precedentes na região. Como exemplo temos o aumento das áreas urbanizadas sem saneamento básico, geração de resíduos sólidos e efluentes, que são despejados no ambiente, principalmente nos recursos hídricos. A especulação imobiliária tem mudado a feição paisagística litorânea e comprometido a sustentabilidade ecológica de muitos ecossistemas, ameaçando a qualidade de vida da população costeira e a continuidade da própria atividade turística. Atualmente, existe no Brasil um conjunto de leis que trata especificamente da Zona Costeira, a começar pela própria Constituição Federal, que a considera como Patrimônio Nacional: “Art. 225.... § 4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar,




o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais” (grifo nosso). O principal objetivo deste estudo consiste na elucidação das causas do extensivo processo erosivo das costas das praias do Icaraí e Pacheco. Algumas intervenções do homem no processo dinâmico das costas como a construção do Porto do Mucuripe em Fortaleza, construção de espigões em todo o litoral de Fortaleza, construção de um grande número de barragens no estado do Ceará para o abastecimento da população, construção de casas de veraneio em zonas costeiras são os principais motivos da erosão dessas costas.

MATERIAIS E MÉTODOS O problema foi abordado através de uma pesquisa qualitativa, por meio de trabalhos desenvolvidos em laboratório, utilizando-se técnicas de geoprocessamento como fonte de coleta de dados, suportada por imagens de satélite e fotografias aéreas. A pesquisa descritivo-exploratória também foi aplicada, com fundamento na pesquisa bibliográfica e documental, visando dessa forma uma maior familiaridade com o problema em análise. Foram escaneadas imagens de um levantamento aerofotogramétrico de 1958 do litoral de Fortaleza-CE, em escala de 1:25.000, folha Fortaleza (684), Fotoíndice (fotos 1920, 2665, 1512), obtidas na biblioteca da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM. As imagens foram transportadas para a plataforma do Software ArcGIS e georreferenciadas utilizando-se o datum horizontal South

America 69 (SAD’69 – Brazil) - 24S. Trabalhando as imagens no ArcGIS, a linha de berma foi identificada e traçada (faixa úmida que define o atual nível do mar) nas imagens de 1958 e 2013. Após identificação da linha de berma, as imagens foram sobrepostas para comparação da faixa de praia dos períodos observados (1958 e 2013), da costa da praia do Pacheco e Icaraí, podendo-se inferir a ocorrência de processos erosivos e sua magnitude. (Figura 1).

Figura 2 - Fotos e imagens do litoral do Icaraí e Pacheco, 1958 e 2013.

Fonte: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM-CE (1958)




RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado encontrado foi a perda significativa de sedimentos para uma área total de 751.082,00 m², perímetro de 22.084,00 m, equivalente a 125 campos de futebol medindo 100 x 60 m, conferindo um processo erosivo extremo nas praias do Icaraí e Pacheco. Sendo assim, é importante ressaltar a influência da construção do porto do Mucuripe nesse processo, localizado à barlamar da área de estudo. A ausência de estudos prévios durante seu projeto e construção acarretou mudanças na dinâmica sedimentar, haja vista que o transporte litorâneo dos sedimentos que se dirigiam da Praia do Futuro ao litoral oeste da cidade de Fortaleza, no qual se localiza as praias do Icaraí e Pacheco, foi obstruído. Como consequência, a Praia de Iracema deixou de ser alimentada por sedimentos; situando-se fora da sombra de abrigo do quebra-mar, passou também a ser violentamente atingida pelas correntes da costa quando estas retornam à sua velocidade original (MORAIS, 1966, p.8). Tendo em vista a manutenção de uma faixa mínima de areia no litoral de Fortaleza a Prefeitura construiu espigões ao largo de todo o litoral oeste de Fortaleza, com o objetivo de segurar o sedimento resultante e evitar uma erosão ainda maior e o próprio avanço do mar sobre a cidade. Já as praias do Icaraí e Pacheco, a qual não possuem espigões, passaram a sofrer uma grande erosão pela falta de alimentação de sedimentos. Como agravamento, podemos citar, também, a construção de casas de veraneio em cima das dunas da Barra do Ceará, zona de “by-pass”, impedindo dessa forma a reposição de sedimentos na zona praial, que seriam transportados pelo rio Ceará e distribuídos pelas correntes de deriva litorânea, no sentido E-W, ao longo do litoral, processo importante para o equilíbrio da dinâmica costeira.

A ausência de ordenamento no uso e ocupação do litoral das praias do Icaraí e Pacheco tem causado impactos ambientais e socioeconômicos sem precedentes na região. Como exemplo temos o aumento das áreas urbanizadas sem saneamento básico, geração de resíduos sólidos e efluentes, que são despejados no ambiente, principalmente nos recursos hídricos. A especulação imobiliária tem mudado a feição paisagística litorânea e comprometido a sustentabilidade ecológica de muitos ecossistemas, ameaçando a qualidade de vida da população costeira e a continuidade da própria atividade turística. Algumas intervenções do homem no processo dinâmico das costas como a construção do Porto do Mucuripe em Fortaleza, construção de espigões em todo o litoral de Fortaleza, construção de um grande número de barragens no estado do Ceará para o abastecimento da população, construção de casas de veraneio em zonas costeiras são os principais motivos da erosão dessas costas.

CONCLUSÕES

Figura 3 – Espigões dispostos à barlamar das praias do Pacheco e Icaraí, Avenida Leste-Oeste.

Fonte: Google Earth, 2012.

Figura 4 – Ocupação dos campos de dunas na Barra do Ceará, Zona de “by-pass”.

Fonte: Google Earth, 2012.




O desrespeito à área de interação entre o continente e o oceano desequilibrou o transporte de sedimentos das praias em estudo. É necessário que sejam elaborados planos diretores de uso e ocupação do solo para os municípios costeiros do Estado e seja feito um zoneamento para uso e ocupação. O disciplinamento do uso e ocupação do solo destas áreas deverá observar as diretrizes da Lei de Gerenciamento Costeiro e da proposta do Governo Estadual para o macrozoneamento da costa do Ceará. É importante que a comunidade seja conscientizada de que todos os problemas enfrentados foi fruto de um mau uso e de uma ocupação inadequada da área e que, se não houver mudanças, outros problemas poderão ocorrer, tendo pouca eficácia a obra de contenção. Algumas alternativas seriam a aplicação de análises mais criteriosas quanto aos estudos de EIA/RIMA de obras ou empreendimentos nas áreas adjacentes ao Município, a desocupação de área frontal para reposição de sedimentos e o bombeamento de sedimentos tanto do litoral leste, como do interior, poderia ser uma solução para tentar equilibrar novamente a faixa de praia e minimizar os efeitos do avanço do mar. Os resultados alcançados com o presente trabalho foram muito importantes, pois através dessa pesquisa pode-se conhecer o desastre erosão marinha, como ele se processa na natureza e a influência do ser humano na sua evolução, tanto para controlá-lo como para agravá-lo. Acredita-se que esta pesquisa terá uma forte contribuição aos interessados no assunto, principalmente para os agentes de Defesa Civil, haja vista esse desastre faz parte dos ambientes de orla marítima ao redor do mundo.

REFERÊNCIAS Morais, J. O.; 1980. Aspectos do transporte de sedimentos no litoral do Município de Fortaleza, Estado do Ceará. Arq. Ciên. do Mar, Fortaleza, v. 20. p. 71-100.

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