processo penal - volume 2

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Apostila Pré-oab Pablo Gran

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CITAÇÕES E INTIMIDAÇÕES

DIREITO PROCESSUAL PENAL

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CITAÇÕES E INTIMAÇÕES

DAS CITAÇÕES

CONCEITO – é o chamamento do réu para conhecer o teor da acusação e apresentar sua defesa

É através da citação que a relação jurídica processual se aperfeiçoa, já que estarão presentes o autor da ação (Ministério Público ou querelante), acusado e Juiz de Direito.

Informação complementar - a citação é, em regra, personalíssima, eis que somente o acusado pode ser chamado a responder à acusação. A exceção fica por conta daquele que foi declarado, por via do incidente de insanidade mental, incapaz para responder por seus atos, sendo certo que, nesse caso, o Juiz deverá nomear um curador para receber a citação (artigo 149, parágrafo 1º, primeira parte do CPP). Ainda, no caso dos crimes ambientais, a Lei n. 9.605 exige que a pessoa jurídica seja citada na pessoa de seu representante legal.

CLASSIFICAÇÃO –

- REAL (também conhecida como PESSOAL) – é a realizada na pessoa do acusado. Aqui, reside a certeza de sua realização.

Esse tipo de citação pode ser feita por mandado (artigo 351 do CPP – exemplo: por intermédio de um oficial de justiça), por carta precatória (artigo 353 do CPP – exemplo: quando um Juiz solicita a outro que cite o réu, em razão deste residir em comarca diversa da que tramita o processo), por carta de ordem (por determinação de um órgão de jurisdição superior – exemplo: um Desembargador do Tribunal de Justiça ordena que o Juiz de Direito de entrância inferior determine a realização do ato de citação), por requisição (artigo 358 do CPP – por exemplo: ao determinar a citação de militar, o Juiz de Direito deve fazê-lo por intermédio do superior hierárquico) e por carta rogatória (artigos 368 e 369, ambos do CPP – por exemplo: envolvimento de

Jurisdições de outros países, em razão de o réu residir, em local sabido, em país diverso daquele em que tramita da ação penal). Se o local do réu não for sabido, será citado por edital, mesmo que esteja no exterior.

- FICTA OU PRESUMIDA – é a citação na qual não há a certeza de ciência do réu sobre o teor da acusação. Existe apenas a presunção e não a certeza dessa “cientificação” do réu. Atualmente, existem duas espécies de citação ficta: por edital e citação por hora certa (esta última em razão de alteração legislativa, como veremos adiante).

Observação importante: embora a Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006, tenha

admitido a possibilidade de intimações e citações por meio eletrônico a fim de agilizar o curso dos processos, é certo

que, no processo penal, a citação deverá ser feita pelos meios convencionais (não

eletrônico - artigo 6º).

Em outras palavras, as citações criminais continuarão a seguir o velho modelo do Código de Processo Penal (não eletrônicos), não estando abrangidas pela nova lei.

Por fim, convêm expor que, no processo penal, a citação não poderá ser realizada por correio (Aviso de Recebimento).

CITAÇÕES PESSOAIS

CITAÇÃO POR MANDADO – feita pelo oficial de justiça

REQUISITOS DO MANDADO

INTRÍNSECOS (fazem parte do documento do mandado) – estão especificados no artigo 352 do CPP (nome do juiz; nome das partes – autor e réu; sinais característicos de identificação do réu, caso o nome seja desconhecido; residência do réu, se for conhecida; o fim para que se destina a citação; o dia, local e hora em que o réu deverá comparecer; subscrição do escrivão e rubrica do juiz). A ausência de qualquer deles acarreta a nulidade do mandado e, também, da citação.

EXTRÍNSECOS (não fazem parte do

Cons

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mandado, mas são deveres do oficial de justiça para cumprir o mandado) – estão especificados no artigo 357 do CPP (leitura do mandado realizada pelo oficial de justiça na presença do réu e entrega da contrafé, que menciona dia e hora da citação; declaração do oficial, por meio de certidão, atestando que o réu aceitou ou recusou a contrafé). Devem ser cumpridos pelo oficial de justiça no ato da citação.

Observação - a citação pode ser cumprida em qualquer dia e hora (dias úteis,

domingos e feriados, durante o dia ou noite).

CITAÇÃO POR PRECATÓRIA – definida no artigo 353 do CPP. Ocorre quando o réu residir fora da comarca onde tramita o processo. O Juízo Deprecante é aquele que possui a jurisdição da ação penal. Juízo Deprecado é aquele que recebe a carta precatória para cumprir a citação.

Caráter itinerante da carta precatória é a possibilidade de a carta precatória ser redirecionada à outra comarca, por determinação do Juízo Deprecado e sem necessidade de anuência do Juízo Deprecante, desde que se verifique que o réu não mais se encontra nesta última comarca (artigo 355, parágrafo 1º, do CPP).

Em caso de urgência, a carta precatória poderá ser telegráfica.

CITAÇÃO POR REQUISIÇÃO – no caso em que o réu for militar, o Juiz expedirá um ofício, com todas as características de um mandado de citação, dirigido ao superior hierárquico, sendo certo que este último procederá a citação (artigo 358 do CPP).

No caso de o militar residir em outra comarca, será expedida uma carta precatória, para que o Juiz Deprecado realize a requisição ao chefe do miliciano.

CITAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO – é feita por mandado diretamente ao réu (servidor público), mas notifica-se, também, o chefe da repartição pública (artigo 359 do CPP).

CITAÇÃO DO RÉU PRESO – é feita por mandado, pessoalmente (artigo 360 do CPP). É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação da ação penal (Súmula 351 do STF).

CITAÇÃO DO RÉU RESIDENTE NO ESTRANGEIRO (CARTA ROGATÓRIA) - o réu que reside em outro país será citado por meio de carta rogatória, seja o crime afiançável ou inafiançável (nova redação do artigo 368 do CPP), sendo suspenso o prazo prescricional até o cumprimento da mesma. Se o local do réu não for conhecido, será citado por edital, mesmo que esteja no estrangeiro.

CITAÇÃO POR CARTA DE ORDEM – é uma ordem do Tribunal para o Juiz de Direito de 1ª instância, determinando que este cite o réu que reside em sua comarca e que goza de foro por prerrogativa de função. Exemplo: no caso em que os réus sejam Prefeitos ou Deputados Estaduais, o processo criminal tramitará diretamente no Tribunal de Justiça (em razão do foro por prerrogativa de função). Assim, se uma dessas autoridades residir em uma comarca do interior, o Tribunal determinará que o Juiz dessa comarca proceda a citação.

CITAÇÃO FICTA (também conhecida como PRESUMIDA)

- CITAÇÃO POR EDITAL – quando o réu não é localizado para a citação pessoal. Antes de optar pela citação por edital, é necessário esgotar todas as tentativas de localizar o réu, em todos os endereços apontados no processo. Como dito acima, será a modalidade adequada ainda que o réu esteja no estrangeiro, caso não seja conhecido o seu endereço.

Única hipótese da citação por edital prevista em lei: Quando não for encontrado o acusado, será procedida a citação por edital (artigo 363, parágrafo 1º do CPP, com redação da Lei n. 11.719/2008). O prazo do edital será de 15 dias.

Informação complementar –

Com a nova redação do artigo 363 do CPP, alterada pela Lei n. 11.719/2008, não

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existe mais a previsão de citação por edital, quando o réu estiver em local inacessível

(em razão de guerra, epidemia, calamidade pública ou em decorrência de caso fortuito ou força maior). Outra hipótese que não consta mais da nova redação do artigo supracitado, é a do réu se encontrar no estrangeiro em país que se recusa ao

cumprimento da citação por carta rogatória.

Existe o entendimento que, mesmo sem previsão legal, essas situações autorizam

a citação por edital, desde que não se consiga citar o réu por outra forma.

REQUISITOS DO EDITAL (artigo 365 do CPP) – prazo 15 a 90 dias, conforme as circunstâncias

- nome do juiz

- nome do réu ou suas características físicas (se o nome for desconhecido), bem como sua residência ou profissão;

- o fim a que se destina

- a Vara (ou Juízo), o dia, hora e o local do comparecimento;

- o prazo (que será contado do dia da publicação na imprensa ou de sua afixação (essa afixação deverá ser realizada na porta do edifício onde funcionar o Juízo ou a Vara determinante)

Entendimento sumulado:

*Sobre a ausência de descrição dos fatos criminosos no edital, o STF (Supremo Tribunal Federal) sumulou o entendimento de que não é nula a citação por edital que não contemple os fatos da denúncia ou queixa, desde que indique o dispositivo penal que consta na inicial acusatória (Sumula 366 do STF).

- CITAÇÃO POR HORA CERTA

Alteração legislativa - atualmente, com o advento da Lei n. 11.719/2008, a figura da CITAÇÃO POR HORA CERTA (admitida

outrora somente no processo civil) passou a ser aceita no processo penal, na hipótese de o oficial de justiça desconfiar que o réu está se ocultando para não ser citado (artigo 362 do CPP). Nesse caso, o oficial de justiça deverá proceder conforme determinam os artigos 227 a 229 do Código de Processo Civil), ou seja, designará hora para citá-lo, sendo que a referida citação será considerada válida, mesmo que o réu não esteja no local no momento previamente apontado.

Legislação correspondente –

Art. 227 do CPC – Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.

Art. 228 do CPC – No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência.

Parágrafo 1º - Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca.

Parágrafo 2º - Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixara a contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.

AUSÊNCIA DE RESPOSTA DO RÉU NO CASO DE CITAÇÃO POR HORA CERTA

Ocorrida a citação por hora certa, o réu, mesmo não sendo encontrado, será considerado revel e seu processo correrá à revelia, sendo certo que o Juiz deverá nomear um defensor dativo para defendê-lo até o desfecho da ação penal (artigo 362 do CPP). Inaplicável, portanto, os efeitos do artigo 366 do CPP.

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AUSÊNCIA DE RESPOSTA DO RÉU NO CASO DE CITAÇÃO POR EDITAL (artigo 366 do CPP)

Na hipótese do réu ser citado por edital e, na sequência, não comparecer aos atos processuais, nem constituir advogado, não será decretada sua revelia (como ocorre no caso de citação pessoal). Nesse caso, o Juiz determinará a suspensão do processo e a suspensão do prazo prescricional do crime correspondente.

Tal regra não será aplicada aos casos de processos em andamento anteriores a 17 de junho de 1996, já que a Lei n. 9271/96, por estabelecer uma causa suspensiva da prescrição (matéria híbrida – com consequências penais e processuais) agrava a situação do réu, não podendo retroagir para prejudicá-lo.

Informação Complementar

Por quanto tempo ficará suspenso o prazo prescricional?

É interessante notar que o artigo 5o, inciso XLIV, da Constituição Federal estabeleceu

que somente os crimes praticados por grupos armados, civis ou militares,

contra a ordem constitucional e o Estado Democrático podem ser imprescritíveis

(além de inafiançáveis). Assim, não estaria o artigo 366 do CPP autorizado a criar outras hipóteses de imprescritibilidade não previstas na Constituição Federal. Seguindo esse raciocínio, prevalece a

tese criada por Damásio Evangelista de Jesus, que se reporta ao artigo 109 do Código Penal para descobrir, com base

na pena máxima abstrata prevista para o crime, o prazo da prescrição. Descoberto o prazo prescricional, utiliza-o como prazo

limite para reiniciar a contagem efetiva da prescrição. Esse é o entendimento

sumulado do STJ (súmula 415). Ex.: Crime de ameaça (artigo 147 do CP – pena de

01 a 06 meses). Se o réu (que responde a processo de ameaça) não comparecer, nem nomear defensor, após citação por edital, o Juiz determinará a suspensão do processo

e do prazo prescricional. Passados 06 meses da suspensão, o Juiz considerará

reiniciado o prazo prescricional.

AUSÊNCIA DE RESPOSTA DO RÉU NA CITAÇÃO PESSOAL

Havendo citação pessoal do réu e ausência de resposta do mesmo ao teor da acusação (sem, contudo, apresentar sua defesa ou nomear Advogado), será decretada sua revelia, quando, então, o processo terá seu curso normal, após nomeação de defensor dativo para patrocinar sua defesa.

AUSÊNCIA DE CITAÇÃO (seja pessoal ou ficta)

A falta de citação (seja pessoal ou presumida) acarreta nulidade insanável do processo, porquanto ofende garantia constitucional da Ampla Defesa e do Contraditório (artigo 564, inciso III “e” do CPP).

Informação complementar

O comparecimento espontâneo do réu supre a falta de citação, desde que este

tenha tido conhecimento da acusação pelo menos 24 horas antes do interrogatório e

tenha consultado um Advogado. Relevante notar que as Leis n. 11.689/2008 e

11.719/2008 trouxeram mudanças quanto ao rito processual de inúmeros delitos, não

sendo, em sua maioria, o interrogatório o primeiro ato a se efetivar. Em regra,

a apresentação de defesa inicial escrita passou a ser o primeiro ato de instrução. Excetuando os procedimentos especiais

(Lei n. 8.038/90 e 11.343/2006, por exemplo), o interrogatório passou a ser o último ato instrutório. Pensamos, assim,

que a falta de citação será suprida se o réu apresentou sua defesa inicial.

REVELIA – é uma consequência processual penal ocasionada por inércia do réu que foi citado regularmente. Duas são as hipóteses de revelia (artigo 367 do CPP):

- quando o réu citado ou intimado pessoalmente não comparecer ao ato processual, sem justificativa;

- quando mudar de residência sem comunicar o Juízo

Como a revelia não implica em confissão ficta (como no processo civil), a única consequência da revelia é a não comunicação ao réu dos atos subsequentes.

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INTIMAÇÕES

CONCEITO – é a notícia da realização de um ato processual, de um despacho ou de uma decisão judicial, dirigida ao autor ou ao réu da ação penal. Essa notícia se refere a ato processual que já se realizou (fato passado).

Distinção - A intimação difere da citação, porquanto a primeira é a “cientificação” da parte (autor ou réu) para tomar conhecimento do teor de um ato processual, despacho ou decisão judicial, enquanto que a segunda é o chamamento do réu (somente o réu) para responder a acusação. Devido ao seu caráter personalíssimo, o Advogado não poderá ser citado no lugar do réu. Já na intimação, o Advogado poderá substituir a parte (sendo intimado no lugar de seu cliente) desde que a procuração preveja poderes especiais para tanto)

NOTIFICAÇÃO é a comunicação à parte (autor ou réu) ou terceiro sobre o dia, lugar e hora do ato processual que irá acontecer (futuro).

Distinção - Assim, a intimação difere da notificação, porquanto a primeira é a ciência de ato ou decisão pretérita, enquanto que a segunda é de ato processual futuro. Ainda, a notificação pode ser dada também à terceiro (testemunha, por exemplo), além do autor ou réu.

Importante ressaltar que, embora a doutrina faça a distinção acima, o CPP, por inúmeras vezes, equipara intimação à notificação.

Aplicam-se às intimações e notificações as mesmas regras das citações (artigo 370 do CPP).

De regra, os atos instrutórios serão realizados após a intimação pessoal do réu e intimação do Defensor. Permite-se a intimação do defensor, pela imprensa oficial (Lei n. 8.071/93). No caso de não haver órgão de publicação na comarca, a intimação dos atos judiciais poderá ser efetivada pelo escrivão, por mandado ou via postal (com comprovante de recebimento) ou por qualquer outro meio idôneo (artigo 370 do CPP – nova redação de 9.721/96).

Assim, diferentemente da citação, a intimação poderá ser feita por postal.

A intimação do Ministério Público será sempre pessoal (e com vista dos autos, ou seja, com remessa do processo ao Gabinete do Promotor de Justiça). A intimação do querelante e do assistente da acusação (quando houver) deverá ser feita pessoalmente (desnecessário, entretanto, dar vista dos autos).

Entendimento sumulado

Conforme firmou posicionamento o Superior Tribunal de Justiça (Súmula 273), “intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária a intimação da data da audiência no juízo deprecado”.

Em outras palavras, se o Juízo deprecante teve o cuidado de informar o réu sobre a expedição da carta precatória, caberá a este último buscar notícias do dia e hora que se realizará o ato processual na comarca deprecada.

Contagem de prazo:

Necessário fixar que os prazos processuais contam-se da data da intimação e não da juntada do mandado ou da carta precatória (ou de ordem) aos autos (Súmula 710 do Superior Tribunal de Justiça – STJ).

Ainda, quando a intimação for efetivada na sexta-feira, o prazo processual terá início na segunda-feira imediata, ou no primeiro dia útil subsequente (se não houver expediente na segunda-feira) – Súmula 310 do STF.

Por fim, se o réu estiver preso, a intimação (notificação) será sempre pessoal (artigo 360 do CPP), como ocorre com a citação.

PROVA

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PROVA

CONCEITO – é tudo o que auxilia a comprovar a verdade de um argumento, influindo na convicção do juiz (finalidade).

PROVA DO DIREITO – O direito não precisa ser provado, pois se presume que o juiz conhece o direito (JURE NOVIT CURIA). Entretanto, as leis estaduais, municipais ou estrangeiras devem ser trazidas, ao processo, pela parte. O mesmo ocorre com o direito consuetudinário (costumes), eis que precisa ser demonstrado pela parte que o alega.

FATOS QUE NÃO DEPENDEM DE PROVA

- fatos axiomáticos ou intuitivos (evidentes – ex.: se, durante as buscas, encontra-se a cabeça de um cadáver, não haverá necessidade de provar que ali não mais existe vida);

- fatos notórios (trata-se do conhecimento comum a todos). Não precisa ser provado que o mar é salgado ou que, no dia 25 de dezembro, comemora-se o Natal;

- “máximas da experiência” (noções adquiridas pela vida prática e pelos costumes sociais locais). Exemplo: o Juiz da Capital de Belo Horizonte, pela sua experiência na comarca, sabe que o trânsito melhora com as férias escolares.

- presunções legais – decorrem da própria lei. Presunções absolutas (‘jure et de jure’) - a lei diz que elas devem ser tidas como verdades incontestáveis. Presunções relativas (‘juris tantum’) – a lei diz que são verdades, mas admite prova em contrário.

- fatos inúteis – informação que não influenciam na solução da lide, ou seja, que não guardam qualquer relação com o mérito da causa.

FATOS QUE DEPENDEM DE PROVA

Com exceção das hipóteses acima, todos os demais casos dependem de prova.

Cons

O fato incontroverso (admitido por ambas as partes) também necessita ser provado (ao contrário do que ocorre no processo civil), pois vigora, entre nós, o princípio da busca da verdade real.

Para produzir efeitos no mundo jurídico, toda a prova deve ser admissível (permitida por lei ou costumes), pertinente (que tenha relação com o mérito da ação) e concludente (visa auxiliar na conclusão acerca de uma incerteza inicial).

Nosso Código de Processo Penal prevê vários tipos de provas (nominadas, ex.: confissão, depoimento de testemunhas, declarações da vítima, etc.), mas autoriza qualquer outra que possa influenciar na convicção do juiz, ainda que não prevista por lei (inominada).

CLASSIFICAÇÃO –

DIRETA (quando a prova, por si só, é suficiente para demonstrar um fato), INDIRETA (quando se comprova um fato que, por meio de um raciocínio lógico, se chega a outro fato. Exemplo: se é provado que o réu estava, no mesmo dia e hora do crime, na casa de um amigo em uma cidade distante, não será necessário demonstrar que ele não estava na cena do crime, no momento em que ocorreu. Assim, a prova de que estava na casa de um amigo afasta, por um raciocínio lógico e um pouco de conhecimento de física, a ideia de que o réu cometeu diretamente o crime).

PLENA (que gera maior grau de certeza. Ex.: confissão), NÃO PLENA (probabilidade, indícios).

REAIS (lugar do crime, instrumento do crime – arma, etc.), PESSOAIS (são as formalizadas por meio de declarações e depoimentos de pessoas – ex.: declarações do ofendido).

TESTEMUNHAL (depoimento de testemunha – pessoa estranha ao processo), DOCUMENTAL (produzida por meio de documentos), MATERIAL (corpo de delito – perícias, vistorias do lugar do crime, etc.).

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