processo nº: 5373250.72.2020.8.09 · na promoção pessoal dela, desvirtuando completamente, em...

Processo Nº: 5373250.72.2020.8.09.0100

1. Dados Processo Juízo. ............................... Luziânia - 2ª Vara Cível

Prioridade. ...................... Normal

Tipo Ação.......................: Ação Civil de Improbidade Administrativa ( Lei 8.429/92 )

Segredo de Justiça. ......... NÃO

Fase Processual. ............. Conhecimento

Data recebimento. ........ : 30/07/2020 15:52:07

Valor da Causa...............: R$ 10.000,00

Classificador...................:

2. Partes Processos: Polo Ativo

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

Polo Passivo

EDNA APARECIDA ALVES DOS SANTOS

Processo: 5373250.72.2020.8.09.0100 Movimentacao 1 : Peticão Enviada Arquivo 1 : luziania.acaodeimprobidade.prefeitaedna.autopromocao.comlink..pdf

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 30/07/2020 15:52:08

Assinado por JULIMAR ALEXANDRO DA SILVA

Validação pelo código: 10403568061497704, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE LUZIÂNIA – GO.

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS E FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DE LUZIÂNIA

Autos Extrajudiciais 202000124511

Envolvido: Edna Aparecida Alves dos Santos

Assunto: Ação de Improbidade Administrativa

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelos Promotores de Justiça subscritores

desta peça inaugural, no uso de suas atribuições Constitucionais, Infra – Constitucionais e Institucionais, com

suporte nos artigos 37, caput e § 4º e 129, inciso III, ambos da Constituição Federal; artigo 25 da Lei nº

8.625/93; artigos 46 e 47, ambos da Lei Complementar Estadual nº 25 de 06 de Julho de 1.998; artigos 1º, 2º,

12 e 17, todos da Lei nº 8.429/92 e demais legislações atinentes à matéria, vem à presença de Vossa

Excelência ajuizar

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, COM PEDIDO CAUTELAR DE AFASTAMENTO DO CARGO, INDISPONIBILIDADE DOS BENS E OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO FAZER

em desfavor de

EDNA APARECIDA ALVES DOS SANTOS, brasileira, casada,

Prefeita em Exercício do

Município de Luziânia, portadora da Cédula de Identidade nº x, expedida pela SSP-GO, inscrita no CPF nº x,

residente e domiciliada à x,, e

podendo ser encontrado também na Prefeitura Municipal, localizada na Praça Nílson Carneiro Lobo, nº 34,

Centro, ambos nesta urbe, o fazendo com suporte nos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir delineados:

WB 1 6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE LUZIÂNIA

Avenida Dr. Neilor Rolim, Quadra “M.O.S”, Lotes 7B, Parque JK Setor Mandú – Luziânia- GO

Site: www.mp.go.gov.br [email protected]

Gabinete do Promotor

Julimar Alexandro da Silva Promotor de Justiça

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I – RESUMO FÁTICO

Inicialmente, cumpre informar que a requerida foi eleita Vice-Prefeita do Município de

Luziânia, integrando a chapa encabeçada pelo senhor CRISTÓVÃO VAZ TORMIN, nas eleições de 2016. Em

medos de fevereiro deste ano, o então PREFEITO CRISTÓVÃO foi afastado judicialmente de seu cargo, vindo

EDNA a assumir interinamente a chefia do Poder Executivo local.

Logo no início de seu mandato temporário, de forma pública e notória, a requerida

passou a fazer inúmeras divulgações de atividades rotineiras do cargo de Prefeita, por meio de publicações

em redes sociais, sobretudo em convites para solenidades, em evidente ato de autopromoção, sempre

ressaltando expressamente a pessoa da “Professora Edna, Prefeita deste Município”.

A requerida, reiteradamente, realizou eventos e inaugurações divulgando amplamente

nas redes sociais sua atuação à frente do Poder Executivo local, induzindo o observador a acreditar que ela é

a idealizadora pessoal dos eventos, colocando sempre em segundo plano a Administração Pública.

Destaque-se, ainda, que em cada evento de inauguração é possível visualizar placas com

conteúdo autopromocional citando de forma direta o nome da requerida, com enfoque na autopublicidade e

na promoção pessoal dela, desvirtuando completamente, em benefício próprio, as regras da publicidade

institucional permitida pela Constituição da República.

A fim de demonstrar a reiteração da conduta ímproba, segue abaixo link com fotografias

e vídeos retirados de postagens das redes sociais da requerida:

Diante de tais irregularidades, no início de março do corrente ano, expediu-se a

Recomendação n° 002/2020 à Prefeita Edna Aparecida, advertindo-a de que se abstivesse de continuar a

divulgar, inclusive em redes sociais, informativos contendo textos ou fotografias que façam referência a sua

pessoa ou que demonstre qualquer tendência à propaganda autopromocional.


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6ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE LUZIÂNIA Avenida Dr. Neilor Rolim, Quadra “M.O.S”, Lotes 7B, Parque JK

Setor Mandú – Luziânia- GO Site: www.mp.go.gov.br

[email protected] Gabinete do Promotor


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Ocorre que, mesmo diante dos termos da recomendação, a Senhora Prefeita prosseguiu

no seu intento autopromocional, principalmente por estarmos em ano eleitoral e diante de sua iminente

candidatura ao Poder Executivo, demonstrando indiferença em adequar seus atos com o que dispõe a lei, o

que fere princípios elementares da Administração Pública, notadamente o da legalidade e o da

impessoalidade.

É sabido que a publicidade institucional se destina a posicionar e fortalecer as

instituições, prestar contas de atos, obras, programas, serviços, metas e resultados das ações da

Administração Pública, com o objetivo de atender ao princípio da publicidade e estimular a participação da

sociedade no debate, no controle e na formulação de políticas públicas, apresentando comando de ação

objetivo, claro e de fácil entendimento, com o objetivo de informar, educar, orientar, mobilizar, prevenir ou

alertar a população para a adoção de comportamentos que gerem benefícios (art. 37, § 1º, da CF).

No caso da requerida EDNA APARECIDA, a conduta foi exatamente contrária ao que exige

o dispositivo constitucional.

Chegou-se ao cúmulo de anunciar a reabertura do SINE em Luziânia como fruto de

pedido pessoal da Alcaide às senhoras Alba Jacintho Fleury Sardinha e Eliane, sendo comemorado

efusivamente: “Como eu havia prometido, mais uma vez cumpri: a central de vagas é nossa!! Não podemos

nos conformar em perder, Luziânia precisa ganhar!!” (...) “Foi gratificante ouvir da Gerente estadual do SINE

no estado de Goiás que nós resolvemos em 30 minutos o que ela esperou 4 anos para resolver. ”

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“Neste dia 24/04/2020 (sexta-feira), a Prefeita em exercício Professora Edna em conjunto

com a Secretária Municipal de Promoção Social e trabalho, Sra. Márcia Melo, entregaram à comunidade a

nova sede do Sistema Nacional de Emprego (SINE)”.

Em outra ocasião: “Cumprindo sua promessa de não permitir que obras prontas

permaneçam paradas, a prefeita de Luziânia entregou para a população nesta sexta-feira, 06 de março, uma

Unidade para Acolhimento de pessoas com transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, que leva o nome

de HELENITA GONÇALVES RORIZ.”

E mais: “Em meio a maior crise sanitária provocada pelo CORONAVÍRUS que assola todo o

planeta, a Prefeita Edna Santos, não está medindo esforços para viabilizar a inauguração do Hospital Regional

de Luziânia.” (sic)

Conforme se pode verificar dos exemplos expostos e do farto acervo fotográfico

constante do link já mencionado, a publicidade, que deveria ser das ações e projetos do MUNICÍPIO DE

LUZIÂNIA, acabou se voltando para a promoção pessoal e indevida da PREFEITA EDNA.

Na quase totalidade da propaganda institucional há a menção e promoção de seu nome

nas ações sociais realizadas e a exploração constante da veiculação de sua imagem aliadas à realização dos

projetos, obras e eventos do Município. Esta publicidade certamente projetou no cidadão que teve acesso a

esse material a ideia de que tudo aquilo estava sendo feito única e exclusivamente por ela.

E isso é de fácil percepção. Veja-se:






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Com efeito, vê-se que a Prefeita violou o princípio da imparcialidade, ao utilizar-se

indevidamente das ações realizadas como enaltecimento pessoal, uma vez que a publicidade realizada pelo

agente político não tem fins educacionais, informativos ou de orientação social, mas, tão somente, de

favorecimento pessoal de sua imagem.

A requerida deu ênfase às realizações do Município como se suas fossem, sempre em

primeira pessoa, na intenção de iludir os cidadãos e de se promover às custas da publicidade institucional da

Administração Pública. É o que se nota das publicações em sua rede social Instagram. Confira-se:


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Assim, para evitar o uso de eventos públicos da administração como busca pela satisfação

de interesses pessoais da gestora (promoção pessoal), não resta outra solução senão o ajuizamento desta

ação.

II – DO ATO DE IMPROBIDADE

Violação dos Princípios Administrativos da Impessoalidade e Moralidade

Prefacialmente, oportuno trazer à colação a lição de José Afonso da Silva1, para quem “a

improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada pelo dano ao erário e correspondente vantagem

ao ímprobo ou a outrem (...)”.

Nessa mesma senda, Flávia Cristina Moura de Andrade2, detalha a improbidade

administrativa como sendo:

“(…) O ato de imoralidade qualificada pela lei que importa em enriquecimento ilícito do

agente, prejuízo ao erário e/ou violação dos princípios da administração pública, e que

enseja, em processo judicial promovido pela pessoa jurídica lesada ou pelo Ministério

Público a aplicação das seguintes sanções: suspensão dos direitos políticos, perda da

função pública, indisponibilidade dos bens, ressarcimento ao erário, perda de bens e

valores acrescidos ilicitamente, multa civil e proibição de contratar com a administração

pública ou dela receber benefícios”.

A publicidade no âmbito da Administração Pública está condicionada à plena satisfação

dos requisitos constitucionais que lhe imprimem determinados fins: caráter educativo, informativo ou de

orientação social e ausência de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de

autoridades ou servidores públicos.

Entretanto, as inúmeras postagens da requerida em suas redes sociais têm o nítido

propósito de fazer promoção pessoal, criando associação de sua pessoa com as obras, os serviços municipais

e eventuais benefícios que o Poder Executivo proporciona aos cidadãos, a fim de se auferir vantagem

estritamente eleitoreira.

Colaciona-se mais exemplos:

1Curso de Direito Constitucional Positivo, 24ª ed., São Paulo, Malheiros Editores, 2005, p-669. 2ANDRADE, Flavia Cristina Moura de. Direito Administrativo . 4ª. Ed. Ver. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. RT. 2009. WB 11





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Repare que em TODAS AS PUBLICAÇÕES OFICIAIS a requerida faz questão de aparecer nas

imagens, dando a entender que os benefícios custeados pelo MUNICÍPIO DE LUZIÂNIA, seriam ofertados por

ela.

Sua conduta fere o princípio da impessoalidade, bem como desrespeita norma expressa

da Constituição da República (art. 37, § 1º, da CRFB/1988):

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 1º – A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos

deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar

nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou

servidores públicos.” (grifou-se).

Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, ao analisar o dispositivo enfatizou que o

princípio da impessoalidade enunciado no caput do art. 37 da CF é incompativel com a menção de nomes,

símbolos ou imagens, aí incluídos slogans, que caracterizem promoção pessoal ou de servidores públicos (RE

191.668, 1ª Turma, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 29.5.2008).

A demandada é pródiga em divulgar atos oficiais praticados em desrespeito a esse

conhecido princípio:

Tome-se mais um exemplo:

“A professora Edna Aparecida, que assumiu a prefeitura a cerca de 10 dias, já realizou um

verdadeiro mutirão de inaugurações, entregando a diversas comunidades obras necessárias que estavam

fechadas. “Na minha gestão, não admitirei politicagem com obras que são do povo. Não existe justificativa

para uma escola pronta ficar fechada enquanto a população necessita de seus serviços. Hoje mesmo dei

posse à 21 concursados da secretaria de educação, vamos colocar as escolas para funcionar”, afirmou a

prefeita.”

No plano infraconstitucional, o art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 9.784/1999, tratando de

princípios a serem observados pela Administração, ressalta a objetividade no atendimento do interesse

público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades.






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Ensinam Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio Mártires Coelho e Paulo Gustavo Gonet

Branco3, no tocante à violação do supracitado princípio:

“Corolário do princípio maior da legalidade, que a rigor o absorve – a lei é expressão da

vontade geral –, o princípio da impessoalidade consubstancia a ideia de que a

Administração Pública, enquanto estrutura composta de órgãos e de pessoal incumbidos de

gerir a coisa pública, tem de desempenhar esse múnus sem levar em conta interesses

pessoais, próprios ou de terceiros, a não ser quando o atendimento de pretensões parciais

constitua concretização do interesse geral.” (destacou-se).

As placas de inauguração descerradas, custeadas pelo erário municipal e divulgadas

frequentemente com a imagem da demandada ao lado delas, destacam o nome da Prefeita interina.

3 Curso de Direito Constitucional, 4ª ed, Editora Saraiva (pág. 883)

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E continua abuso na divulgação das placas de inauguração PAGAS pelo erário municipal,

servindo como propaganda eleitoral e autopromoção da PREFEITA EDNA e de seus aliados.


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Aliadas à intensa divulgação de sua imagem como gestora incansável e pessoalmente

responsável pelos serviços públicos prestados, evocam suas conquistas pessoais aos munícipes.

Tais realizações governamentais não podem ser vistas pela comunidade, especialmente

pela população votante, como sendo da autoridade pessoa física, mas da entidade pública em nome de


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quem as produziu.

A Ministra Carmem Lúcia Antunes Rocha (Princípios Constitucionais da Administração

Pública. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 1994, p.148), faz importante distinção:

“(…) o princípio da impessoalidade impede e proíbe, assim, o subjetivismo da Administração

Pública. A objetividade não permite que se mostre ou prevaleça a face ou a alma do

administrador. Nem a do cidadão que a ela compareça ou com ela se relacione. Não há

República, como se tem na própria denominação desta forma de governo, que não seja

pública, e não há esta publicidade do Poder Público no Estado em que o subjetivismo

presida as formas de atuação administrativa”.

Ressalte-se que a caracterização do ato de improbidade administrativa em testilha resulta

de publicidade excessiva e dolosamente direcionada para benefícios políticos eleitoreiros, consistente na

evidente vinculação do nome da PREFEITA EDNA a obras e benfeitorias públicas, que discrepa do dever de

publicidade.

Consequentemente, a conduta dolosa, uma vez que fora advertida anteriormente pelo

Ministério Público, praticada pela requerida, enquadra-se no art. 11, da Lei de Improbidade Administrativa,

diante da clara intenção de se enaltecer, às custas do erário, vinculando a sua pessoa aos feitos do Município

de Luziânia.

III – A REQUERIDA COMO AGENTE DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A norma primeira que prevê a inclusão dos atos atentatórios aos princípios constitucionais

entre os atos de improbidade, encontra insculpida no artigo 37 da Constituição Federal.

A Lei Federal nº 8.429/92, dentre outras matérias, estabelece as infrações contra a

probidade administrativa e relaciona as respectivas sanções a serem aplicadas quando de sua prática por

qualquer agente público que delas se beneficie.

Para os fins desta lei, considera-se agente público todo aquele que exerce, ainda que

transitoriamente, com ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação ou qualquer outro vínculo,

mandato, cargo, emprego ou função em qualquer entidade pública ou mesmo privada (artigo 2º).


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Nesse conceito encontra-se inserida a senhora EDNA APARECIDA ALVES DOS SANTOS, a

qual ocupa o cargo de Prefeita Interina deste Município, e é responsável pelos atos de improbidade em

comento.

IV – INDIVIDUALIZAÇÃO JURÍDICA DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Os atos de improbidade administrativa estão atualmente divididos em três classes: i) os

que importam enriquecimento ilícito; ii) os que causam prejuízo ao erário e iii) aqueles que atentam contra

os princípios da administração pública, violando os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e

lealdade às instituições (artigos 9º, 10 e 11, todos da Lei nº 8.429/92), tendo os réus, a toda evidência,

transgredido todos esses artigos da Lei de Improbidade Administrativa.

In casu, constata-se que as placas instaladas nas obras custeadas e inauguradas pelo

Município, além da ampla divulgação de sua imagem como responsável pelos feitos, visam na verdade

enaltecer sua atuação funcional enquanto gestora pública, vinculando-se, indevidamente, sua pessoa à

realização de obras, atos oficiais, programas, parcerias, convênios e serviços públicos inerentes ao município.

Não se questiona que a Administração Pública possa promover a publicidade de seus atos,

programas, serviços, campanhas e obras, desde que seja efetivamente impessoal e o fim visado seja

exclusivamente a educação e a informação social dos administrados. A impessoalidade da publicidade

verdadeiramente institucional se traduz na menção do órgão, instituição, ente, poder, em detrimento do

agente, chefe, mandatário ou administrador.

Tais serviços e publicações editados às custas do erário municipal possuem inequívoco e

nítido caráter pessoal, restando, pois, desvirtuada a propaganda institucional.

Os fatos acima indicados se enquadram, especificamente, nas hipóteses previstas nos art.

9º, inc. II, art. 10, inc. XI (in fine) e art. 11, caput e inc. I, da Lei 8.429/92, in verbis:

“Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:

[...] XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei.”

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“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:

[...] “Art. 11 - Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência (…)”

Os princípios da Administração Pública inscrevem-se explicitamente no caput do art. 37

da Constituição da República: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A conduta do

requerido atentou, especialmente, contra os princípios da impessoalidade e da moralidade.

Portanto, os princípios regentes da atividade estatal, em sendo normas, a um só tempo

acarretam dever positivo para o agente público – o qual deve ter sua atuação direcionada à consecução dos

valores que integram o princípio – e um dever negativo, consistente na interdição da prática de qualquer ato

que se afaste de tais valores.

V – DAS SANÇÕES APLICÁVEIS A REQUERIDA

A Lei nº 8.429/92 não se preocupa em definir crimes. Os atos tipificados nos artigos 9° e

11 não constituem crimes no âmbito da referida lei. Muitas das condutas ali descritas são de natureza

criminal, assim definidas, porém, em outras leis, a exemplo do Código Penal, do Decreto-Lei 201, da Lei n°

8.666/93, etc.

Não sendo crimes, têm, contudo, uma sanção de natureza política ou civil, cominada na

lei sob comentário, independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação

específica.

Assim, o ato de improbidade administrativa praticado pela requerida acarreta como

sanção o previsto no artigo 12 da Lei nº 8.429/92.


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VI – DAS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

VI.A – AFASTAMENTO CAUTELAR DO GESTOR PÚBLICO

Sobre o assunto em comento, a doutrina e jurisprudência se assentam com certa

tranquilidade quanto à possibilidade de afastamento de funcionários públicos de seus cargos.

Em sua obra Probidade Administrativa4, Wallace Paiva Martins Júnior disserta sobre o

tema:

“O parágrafo único do art. 20 possibilita ao juiz ou à autoridade administrativa o

afastamento cautelar do agente público do exercício do cargo, emprego ou função pública .

Trata-se de medida cautelar cujo requisito imprescindível é a necessidade da instrução

processual, e assim deve ser expressamente motivada sua concessão. Não raro, para a

captação dos elementos probatórios é da conveniência da instrução afastar-se o servidor

de suas funções para evitar perecimento de prova, influência sobre testemunhas,

notadamente se ele é dotado de poder de mando.”

Diante de todo o acervo probatório amealhada aos autos, não restam dúvidas de que a

continuação de EDNA APARECIDA no cargo de Prefeita do Município de Luziânia possibilitará que continue

se utilizando da estrutura pública local para praticar condutas ilegais e se autopromover em ano eleitoral,

pois é pré-candidata ao pleito que se avizinha.

Dessa forma, observa-se que a demandada, em razão do cargo que exerce, pode

continuar utilizando a máquina pública para promoção pessoal e de seus correligionários, em razão de ser o

corrente ano eleitoral.

Prossegue Wallace Paiva Martins Júnior:

“A permanência do servidor no cargo público, como advertiu a jurisprudência, ‘poderia ser

causa natural de perturbação à coleta de provas no processo (...) A propósito, é preciso se

ressaltar que a prova que justifica o afastamento é de natureza processual, como diz a lei,

pouco importando, pois, para tal fim, com a devida licença, que a inicial da ação civil já

tivesse vindo instruída com alguns volumes de elementos coletados durante o inquérito

administrativo’, adiantando o fundamento da credibilidade do cargo público, pela qual ‘ a

doutrina admite que a liminar se impõe, quando o agente público se porta de uma maneira

tal, que induz à presunção de que, ficando em seu cargo, acarretará novos danos ao Erário 4 Editora Saraiva, em São Paulo, 2001.






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Público e à sociedade’”.

Da mesma opinião pactua Marcelo Figueiredo, em obra homônima (Probidade

Administrativa, 4ª edição, Editora Malheiros, maio de 2000);

“O afastamento pode ser decretado em nível administrativo ou judicial. No primeiro caso,

desde que haja fundados indícios de responsabilidade do servidor. Na fase judicial, do

mesmo modo, o juiz será competente para decretá-lo na medida em que se mostre

necessário à instrução processual”.

Nesse sentido:

“Responsabilidade civil – Improbidade administrativa – Prefeito – Afastamento liminar do

cargo, com fundamento no art. 20, parágrafo único, da Lei n. 8.429/92 – Medida

necessária para a instrução processual – Recurso não provido” (TJSP, 4ª Câm. de Direito

Público, AgI 94.250- 5/1, Guarulhos, Rel. Des. Jacobina Rabello, 11-2-99).

O parágrafo único do art. 20 da Lei de Improbidade Administrativa assim dispõe:

“Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com

o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o

afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da

remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução.”

A norma acima revela que o afastamento cautelar dos agentes públicos pode ser aplicado

na hipótese de se evidenciar elementos que indiquem a necessidade da medida para fins de se garantir a

regularidade da instrução.

Acrescente-se que a mandatária, mesmo após a Recomendação nº 002/2020, cujos

termos já foram amplamente divulgados nesta ação, continuou a utilizar-se das redes sociais para

engrandecimento de sua imagem pessoal. À vista disso, é certo que, caso não seja deferido seu afastamento

cautelar, o agente político seguirá desrespeitando as normas constitucionais e perpetrando atos

atentatórios às Instituições Públicas.

Os fatos descritos bem revelam a materialidade e autoria do abuso perpetrado pela

requerida. O periculum in mora e o fumus boni iuris são evidentes, pois os fatos investigados já contam com


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fortes elementos probatórios a comprovar a autoria e materialidade dos atos de improbidade administrativa

acima descritos.

VI. B - DA OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER

Como dito alhures, foi expedida a Recomendação n° 002/2020 a PREFEITA EDNA para que

abstivesse de continuar a divulgar, inclusive em redes sociais, informativos contendo textos ou fotografias

que façam referência a sua pessoa ou que demonstre qualquer tendência à propaganda autopromocional.

Como a gestora não respondeu e não acatou a recomendação ministerial, continuando suas postagens

autopromocionais em suas redes sociais, concluiu-se ainda permanecer a situação afrontosa ao direito, o que

reclama a adoção de tutela de urgência, nos termos dos arts. 11 e 12 da Lei nº 7.347/1985, do art. 84 da Lei

nº 8.078/90 (CDC) e do art. 300 do Código de Processo Civil.

O fumus boni juris salta aos olhos pela simples análise do acervo probatório que instrui

esta ação, a demonstrar a reiterada e generalizada utilização do nome e imagens da requerida em obras e

serviços públicos implementados e mantidos com recursos públicos, de forma incompativel com os princípios

da legalidade, impessoalidade e moralidade.

O periculum in mora, de igual sorte, é facilmente percebido, na medida em que a

vinculação das obras e serviços públicos à imagem pessoal da PREFEITA EDNA provoca dano social

continuado, ao permitir à gestora se autopromover às custas do erário e, por outro lado, causa na população

um sentimento de impotência diante do assenhoramento da coisa pública pela Administradora, como se sua

fosse.

VI.C. INDISPONIBILIDADE DOS BENS E QUEBRA (TRANSFERÊNCIA) DE SIGILOS BANCÁRIO E FISCAL

Segundo o art. 7° da LIA5, quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio

público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito

representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

5Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa

responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. WB 23





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Diante de fortes indícios das irregularidades ora descritas, impõe-se a indisponibilidade,

que deve recair sobre tantos bens (imóveis e móveis) quantos bastem ao futuro pagamento da multa civil

prevista, não importando quando (tais bens) foram adquiridos.

A concessão da medida cautelar tem como requisito tão somente a presença do fumus

boni iuris, consistente na verossimilhança dos fatos imputados ao agente ímprobo. Dispensa-se a prova do

periculum in mora, pois este é presumido, sendo desnecessário demonstrar que o réu pretende desfazer-se

de bens. Nesse sentido:

“(…) 2. A Primeira Seção desta Corte de Justiça, no julgamento do REsp 1.366.721/BA,

solucionado sob a sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), consolidou o

entendimento de que o decreto de indisponibilidade de bens em ação civil pública por ato

de improbidade administrativa constitui tutela de evidência, dispensando a comprovação

de periculum in mora. É suficiente para o cabimento da medida, portanto, a demonstração,

numa cognição sumária, de que o ato de improbidade causou lesão ao patrimônio público

ou ensejou enriquecimento ilícito, o que ocorreu na espécie. 3. Agravo regimental a que se

nega provimento. (AgRg no AREsp 369.857/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA

TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 06/05/2015). Sem destaque no original.”

“(…) 1. Verifica-se no comando do art. 7º da Lei 8.429/1992 que a indisponibilidade dos

bens é cabível quando o julgador entender presentes fortes indícios de responsabilidade na

prática de ato de improbidade que cause dano ao Erário, estando o periculum in mora

implícito no referido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37, § 4º, da

Constituição, segundo a qual "os atos de improbidade administrativa importarão a

suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o

ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal

cabível". Precedente: REsp 1319515/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel.

p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em

22/08/2012, DJe 21/09/2012. 2. O Tribunal a quo, ao analisar os autos, concluiu pela

existência do fumus boni iuris, sendo cabível a decretação da indisponibilidade de bens. 3.

Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1229942/MT, Rel. Ministro MAURO

CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/12/2012, DJe 12/12/2012). Sem

destaque no original.”

A medida possui natureza cautelar e tem por finalidade resguardar a utilidade prática do

resultado da futura fase de execução de pagar quantia decorrente das sanções previstas no art. 12. WB 24





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VI.D. DA PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

Como todos sabemos, o acesso à informação, corolário do princípio republicando,

consolida o regime democrático e propicia a participação dos cidadãos, dotando-os de instrumentos de

controle da gestão pública.

Por isso mesmo, no nosso ordenamento jurídico, a regra é a publicidade dos atos da

administração. O sigilo, exceção, pois “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informação de seu

interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de

responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo será imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.”6

O segredo de justiça, portando, somente deverá ser decretado em casos excepcionais,

conforme dispõe o art. 5º, inciso LX, da Constituição da República7. Sob essa orientação constitucional, o

Código de Processo Civil, em seu art. 155, enumera as situações em que o processo judicial deverá,

necessariamente, tramitar em segredo de justiça, dentre elas aqueles em que exigir o interesse público. Ou

seja aquele contrário do particular, que atenda o interesse coletivo ou geral.

É dizer, não fere o segredo de Justiça a mera noticia da existência de processo contra

determinada pessoa, somente se configurando tal vício se houver análise dos fatos, argumentos e provas

contidos nos autos da demanda protegida (Resp nº 253.058 – MG).

VII – DOS PEDIDOS

Por essas razões fáticas e jurídicas, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu

Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições Constitucionais, Infraconstitucionais e

Institucionais, requer:

1. A concessão liminar de tutela de urgência, inaudita altera parte, para determinar:

a) o AFASTAMENTO da requerida, EDNA APARECIDA ALVES DOS SANTOS, do cargo

de Prefeita Interina do Município de Luziânia, em razão da reiteração das condutas

ímprobas narradas, medida necessária para assegurar a instrução processual e

impedir a continuação do ilícito;

6 “Art. 5º, XXXIII, Constituição Federal.” 7“A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;”

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2.

b) que REMOVA imediatamente, às suas expensas e sem utilização de recursos

públicos, as fotografias, nomes, cores, símbolos ou imagens que configurem

promoção pessoal da chefe do executivo municipal ou de qualquer agente público,

existentes em quaisquer obras públicas, bem como nas páginas oficiais eletrônicas

e redes sociais pessoais ou da Prefeitura de Luziânia, em especial o Instagram,

devendo comprovar o cumprimento no prazo de 10 (dez) dias, COM RELATÓRIO

CIRCUNSTANCIADO CONTENDO TODAS AS IMAGENS E TEXTOS EXCLUÍDOS, sob

pena de multa pessoal e diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sem

prejuízo da execução direta, por terceiros, às suas expensas;

c) QUE SE ABSTENHA de utilizar fotografias, nomes, cores, símbolos ou imagens

que configurem promoção pessoal da chefe do executivo municipal ou de qualquer

agente público, em especial nas obras em que haja o emprego de recursos

públicos, sob pena de multa pessoal no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), por

cada infração verificada;

d) QUE APRESENTE, no prazo máximo de 10 (dez) dias), em arquivo digital, TODAS

AS PUBLICAÇÕES, INCLUSIVE OS VÍDEOS, REALIZADAS NOS PERFIS OFICIAIS DO

MUNICÍPIO DE LUZIÂNIA (Facebook, Instagram, Sítio Oficial, etc), BEM COMO NOS

PERFIS PESSOAIS DA DEMANDADA (Facebook, Instagram, etc), sob pena de multa

pessoal e diária no valor R$ 10.000(dez mil reais);

e) QUE APRESENTE, no prazo máximo de 10 (dez) dias, CÓPIA DE PROCESSO

LICITATÓRIO DE EVENTUAL EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE DIVULGAÇÃO

INSTITUCIONAL e RELAÇÃO NOMINAL DE SERVIDORES LOTADOS NO

DEPARTAMENTO RESPONSÁVEL PELA VEICULAÇÃO DE NOTÍCIA NO SITE DA

PREFEITURA MUNICIPAL, (qualificação completa, atos de nomeação ou decretos

etc);

Seja, inaudita altera pars, determinado o bloqueio de todos os bens móveis e imóveis

de propriedade da requerida, bem como decretada a quebra (ou transferência) dos sigilos bancário e fiscal

dela, a fim de assegurar futuro ressarcimento dos danos causados à coletividade, inclusive morais, bem como

o pagamento da multa civil prevista na legislação de regência, expedindo-se ofícios aos órgãos competentes






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para efetivação das providências, sobretudo:

2.1. ao Cartório de Registro de Imóveis, para que informe a existência de

eventuais bens registrados em nome dos requeridos e bloqueie eventuais

transferências;

2.2. ao BANCO CENTRAL, para que determine a todos os Bancos, privados

ou não, que informem se o requerido é titular de contas bancárias ou

aplicações de qualquer espécie, especificando os respectivos saldos

atualizados; e bloqueiem as contas abertas, em todas as operações de

débito e aplicações feitas em nome do requerido, informando os respectivos

saldos, cuja movimentação deverá ser autorizada somente por ordem do

juízo;

2.3. ao DETRAN/GO, para que informe sobre a existência de veículos

registrados em nome do requerido, e bloqueie as alienações, sujeitas a

prévia autorização do juízo;

2.4. à Secretaria da Receita Federal – SRF/MF para que forneça as

declarações de bens e rendimentos do requerido relativas aos últimos 5

(cinco) anos;

2.5. à Secretaria da Receita Federal para enviar cópias dos Dossiês

Integrados desse contribuinte (em papel e em tabelas no formato Access),

do mesmo período, que deverão conter, dentre outras, as seguintes

informações: dados genéricos das declarações, rendimentos tributáveis,

cálculo do imposto devido, imposto a restituir / pagar, outras informações

do cadastro de valores, evolução patrimonial, Dados de Dispêndios –

Automóveis, Arrecadação, IPTU, ITBI, Dados Acessórios – DOI – total de

transações imobiliárias em cada ano (com todas as informações acerca das

transações imobiliárias), contas-correntes, DIRPJ (com todas as informações

das empresas vinculadas ao contribuinte) e quaisquer outras informações a

respeito dos contribuintes, de que a Receita Federal tenha conhecimento e

que possa auxiliar no deslinde da causa; informar sobre a existência de






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investigação, concluída ou em curso, envolvendo as pessoas anteriormente

identificadas, fornecendo pormenorizadas informações acerca das

conclusões a que chegaram e das providências efetivamente adotadas pela

SRF;

2.6. à Central de Indisponibilidade de Bens, na forma que prescreve o

Provimento 013/2012, da CGJ do TJ, comunicando a indisponibilidade dos

bens imóveis do réu, procedendo às averbações necessárias;

3. Seja esta petição recebida, autuada e processada na forma e no rito preconizado no

artigo 17 da Lei n° 8.429/92, com a alteração produzida pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 04 de

setembro de 2001 e demais legislações atinentes à matéria, juntando para tanto os documentos que

acompanham esta inicial;

4. A notificação de EDNA APARECIDA ALVES DOS SANTOS para oferecer manifestação por

escrito, instruindo-a, se assim lhe aprouver, com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias;

5. Recebida ou não a manifestação da requerida, seja recebida a inicial e citada

pessoalmente, no local inicialmente indicado para, querendo, venha responder aos termos desta ação no

prazo legal, sob pena de aplicação dos consectários jurídicos legais da revelia, o que desde já requer,

facultando-se ao Oficial de Justiça a permissão estampada no artigo 212, § 2°, do Código de Processo Civil;

6. A cientificação do Município de Luziânia, na pessoa do Procurador-geral do Município,

para, querendo, integrar a lide, nos termos do artigo 17 § 3º, da Lei nº 8.429/92, devendo ser observado que

essa cientificação deverá preceder a citação da requerida;

7. Seja dado ciência desta demanda ao Poder Legislativo local, na pessoa de seu

Presidente.

8. Ao final, sejam as medidas cautelares e liminares confirmadas e os pedidos julgados

procedentes em todos os seus aspectos para condenar a requerida EDNA APARECIDA ALVES DOS SANTOS nas

sanções civis relacionadas no artigo 12 da Lei n. 8.429/92;

9. Sejam fornecidas ao Conselho Nacional de Justiça – CNJ, por meio eletrônico, as

informações necessárias sobre o processo e a condenação para fins de registro no Cadastro Nacional de

Condenados por ato de Improbidade Administrativa – CNCIA, nos termos do artigo 3º da Resolução nº 44, WB 28





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de 20 de novembro de 2007;

10. Que remeta à Justiça eleitoral informações acerca da condenação para fins de

reconhecimento da inelegibilidade do requerido, nos termos do art. 1º., inciso I, “l” da Lei Federal

Complementar 64/90, conforme redação decorrente da Lei Complementar 135/2010, Lei da Ficha Limpa;

11. Seja determinada a publicação via Diário Oficial da r. decisão concessiva da medida

liminar, a fim de que chegue ao conhecimento de todos a indisponibilidade dos bens do réu até decisão

final da ação principal;

12. Seja a requerida condenada, também, ao pagamento das custas e emolumentos

processuais, como ônus da sucumbência.

Requer e protesta, ainda, provar o alegado por qualquer meio de prova admitida em

direito, máxime provas testemunhais, periciais e documentais, e, inclusive pelo depoimento pessoal da

requerida, pleiteando desde já a juntada dos documentos anexos.

Para fins apenas de atendimento ao artigo 292, do CPC, dá-se à causa o valor de R$

10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Luziânia, 30 de julho de 2020.

Julimar Alexandro da Silva

Promotor de Justiça


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