processo de desenvolvimento de produto:...

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PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO: CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE Adriana Ferreira de Faria (UFV) [email protected] Daniel Barreto Morais (UFV) [email protected] Érica Braga Pinto Coelho e Silva (UFV) [email protected] Mariane Borges Barreto (UFV) [email protected] Pedro Fernandes dos Santos Dias (UFV) [email protected] Um dos grandes desafios das empresas no cenário econômico atual é a busca contínua pela inovação e pela qualidade. Em virtude das novas exigências do mercado em relação aos produtos e serviços oferecidos, como qualidade, praticidade, inovaçção originalidade, preço, meio ambiente e outras, as empresas são obrigadas a rever seus diferenciais competitivos e criar processos que sejam capazes de desenvolver novos produtos com eficiência e lucratividade. O desenvolvimento de novos produtos é um processo essencial à competitividade das organizações e a gerência desse processo influencia no desempenho do novo produto no mercado. esse artigo tem como objetivo geral apresentar a experiência didática vivenciada na disciplina Projeto de Produto, no desenvolvimento de um produto de baixa complexidade tecnológica, porém inovador do tipo modelo de utilidade. Apesar da simplicidade do produto proposto, foi possível aplicar as estratégias do processo de desenvolvimento de produtos e perceber a sua importância como tecnologia de gestão e inovação organizacional capaz de aumentar a competitividade das empresas. Palavras-chaves: Processo de desenvolvimento de produtos; Gestão do desenvolvimento de produtos; Experiências didáticas. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

DE PRODUTO: CRIATIVIDADE,

INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE

Adriana Ferreira de Faria (UFV)

[email protected]

Daniel Barreto Morais (UFV)

[email protected]

Érica Braga Pinto Coelho e Silva (UFV)

[email protected]

Mariane Borges Barreto (UFV)

[email protected]

Pedro Fernandes dos Santos Dias (UFV)

[email protected]

Um dos grandes desafios das empresas no cenário econômico atual é a

busca contínua pela inovação e pela qualidade. Em virtude das novas

exigências do mercado em relação aos produtos e serviços oferecidos,

como qualidade, praticidade, inovaçção originalidade, preço, meio

ambiente e outras, as empresas são obrigadas a rever seus diferenciais

competitivos e criar processos que sejam capazes de desenvolver novos

produtos com eficiência e lucratividade. O desenvolvimento de novos

produtos é um processo essencial à competitividade das organizações e

a gerência desse processo influencia no desempenho do novo produto

no mercado. esse artigo tem como objetivo geral apresentar a

experiência didática vivenciada na disciplina Projeto de Produto, no

desenvolvimento de um produto de baixa complexidade tecnológica,

porém inovador do tipo modelo de utilidade. Apesar da simplicidade

do produto proposto, foi possível aplicar as estratégias do processo de

desenvolvimento de produtos e perceber a sua importância como

tecnologia de gestão e inovação organizacional capaz de aumentar a

competitividade das empresas.

Palavras-chaves: Processo de desenvolvimento de produtos; Gestão do

desenvolvimento de produtos; Experiências didáticas.

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.

Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

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1. Introdução

Em virtude das novas exigências do mercado em relação aos produtos e serviços oferecidos,

como qualidade, praticidade, inovação originalidade, preço, meio ambiente e outras, as

empresas são obrigadas a rever seus diferenciais competitivos e criar processos que sejam

capazes de desenvolver novos produtos com eficiência e lucratividade. De acordo com Faria

(2008), a competitividade alcançada com o desenvolvimento de novos produtos tornou-se um

dos processos mais importantes para as organizações inovadoras, pois desde a concepção de

um novo produto, que envolve aspectos mercadológicos, tecnológicos e financeiros, até o seu

lançamento, ou ainda, a retirada desse do mercado, são necessários estudos, projetos e

análises de viabilidade técnica e financeira, desenvolvidos por pessoal altamente qualificado.

O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) é um conjunto de atividades por onde se

busca chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, de

forma que a manufatura seja capaz de produzi-lo. Esse processo envolve também as

atividades de acompanhamento do produto após o lançamento para serem realizadas as

mudanças necessárias nessas especificações. Cabe, também, ao PDP identificar as

necessidades do mercado e dos clientes em todas as fases do ciclo de vida do produto, além de

identificar as possibilidades tecnológicas e desenvolver um produto que atenda às

expectativas em termo de qualidade total do produto (ROZENFELD et al., 2006).

A importância estratégica do PDP para a competitividade das empresas tem sido enfatizada

por muitos autores e por diversos exemplos práticos, sendo comum a visão de que o

desenvolvimento de novos produtos tornou-se um dos pontos principais da competitividade

industrial. Muitas evidências mostram que o desenvolvimento efetivo de novos produtos tem

um impacto significativo nos custos, na qualidade, na satisfação dos clientes e na construção

de vantagens competitivas significativas pelas empresas (CLARK & WHEELRIGHT, 1993).

Não é novidade que desenvolver produtos tem se tornado um dos processos-chave para a

competitividade na manufatura. Movimentos de aumento da concorrência, rápidas mudanças

tecnológicas, diminuição do ciclo de vida dos produtos e maior exigência por parte dos

consumidores exigem das empresas agilidade, produtividade e alta qualidade que dependem

necessariamente da eficiência e eficácia da empresa neste processo (ROSENFELD &

AMARAL, 2006). A competitividade relacionada com o produto e a disputa de segmentos

comerciais, entre outros, fazem com que as empresas busquem formas de obter vantagem

sobre seus concorrentes na conquista ou consolidação de mercados. Nesse sentido, as

empresas que investem em inovação e conseqüentemente lançam novos produtos ou renovam

aqueles já existentes, estão procurando garantir sua sobrevivência ou ganhar novos espaços no

mercado (CARPINETTI et al., 2001).

O desenvolvimento de novos produtos é um processo essencial à competitividade das

organizações e a gerência desse processo (Gestão do Desenvolvimento de Produto - GDP)

influencia no desempenho do novo produto no mercado. O PDP e a GDP são processos

sistêmicos que devem seguir metodologias e etapas, adaptadas ou desenvolvidas de acordo

com as características da organização, mas que são essencialmente atividades multi e

interdisciplinares. O processo e a gestão do desenvolvimento de produtos são grandes áreas de

atuação do engenheiro de produção, que graças a sua formação abrangente, é capaz de

integrar as diferentes áreas envolvidas nesses processos, como marketing, engenharia,

produção, P&D e logística (FARIA et al., 2009).

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De acordo com Cooper (apud CHENG & FILHO, 2007), é possível elencar oito fatores

críticos de sucesso para a GDP: (1) trabalho sólido na definição do produto e na justificativa

do projeto; (2) dedicação profunda na captação dos dados do mercado e da voz do cliente ao

longo do projeto; (3) produto com valor superior para o cliente por intermédio da

diferenciação e benefícios especiais; (4) definição clara precisa e antecipada do produto, antes

do início do desenvolvimento; (5) lançamento do produto no mercado bem planejado, com

recursos adequados e competentemente executados; (6) pontos rigorosos de decisão sobre

continuar ou abortar o projeto em desenvolvimento; (7) grupos interfuncionais responsáveis,

dedicados, apoiados, e com líderes fortes; e (8) orientação interfuncional em termos de grupos

de trabalho, pesquisas de mercado e produtos globais.

Compreendendo a importância desse tema, conforme o exposto acima, esse artigo tem como

objetivo geral apresentar a experiência didática vivenciada na disciplina Projeto de Produto,

no desenvolvimento de um produto de baixa complexidade tecnológica, porém inovador do

tipo modelo de utilidade. Apesar da simplicidade do produto proposto, foi possível aplicar as

estratégias do processo de desenvolvimento de produtos e perceber a sua importância como

tecnologia de gestão e inovação organizacional capaz de aumentar a competitividade das

empresas.

2. Revisão Bibliográfica

As metodologias referentes ao desenvolvimento de produtos evoluíram muito ao longo do

tempo. Na literatura são propostas diversas metodologias para o desenvolvimento de novos

produtos, cabendo às empresas encontrar ou adequar àquela que melhor se adapte a sua

realidade e cultura. De acordo com Takahashi & Takahashi (2007), cada empresa emprega o

seu próprio processo de desenvolvimento de produtos, algumas definem um processo preciso

e detalhado, e outras empresas possuem processo com pouca estruturação, no entanto, a

mesma empresa pode definir e seguir vários tipos de processos para cada tipo diferente de

projeto de desenvolvimento de produto.

Há vários modelos de PDPs propostos, os quais diferenciam principalmente pela importância

atribuída às diferentes etapas do ciclo de desenvolvimento, devido à origem e à atuação dos

seus autores. Alguns, vindos da área de marketing, dão maior ênfase as primeiras e as últimas

etapas do desenvolvimento, como o planejamento do produto e a elaboração do plano de

marketing para o lançamento. Já outros, com atuação na área de engenharia, concentram-se

mais no projeto do produto e do processo. Há ainda, aqueles que visualizam o PDP sob a

perspectiva do design, atividade de projeto menos tecnológica, porém possuindo dimensões

de forma e função, e não poucas vezes artística, como design gráfico e design de produto.

Outro ponto de diferenciação entre os PDPs é a amplitude do ciclo de desenvolvimento

contemplada (CHENG & FILHO, 2007). Algumas abordagens desse assunto são apresentadas

a seguir.

Segundo Ulrich & Eppinger (1995), um processo é uma seqüência de passos que transforma

uma série de entradas em uma série de saídas (resultado) e o processo de desenvolvimento de

produtos é uma seqüência de passos ou atividades que uma empresa emprega para conceber,

projetar e comercializar um produto. Para Cheng & Filho (2007) o sistema de

desenvolvimento de produtos pode ser compreendido pelo esquema de entrada,

processamento e saída, envolto pelo mercado e tecnologia e a gestão desse sistema,

denominada de Gestão de Desenvolvimento de Produto (GDP), refere-se ao conjunto de

processos, tarefas e atividades de planejamento, organização, decisão e ação envolvidos para

que o sistema considerado alcance os resultados de sucesso esperado.

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Clark & Wheelright. (1993), afirmam que o PDP pode ser considerado como o processo

onde a empresa busca o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades dos

clientes desde a conceituação até a obsolescência do produto. Segundo os autores, pode-se

notar que o PDP é um processo de transformação de informações, onde as entradas são as

oportunidades de mercado, captadas pela área de marketing da organização, somados às

competências tácitas ou explícitas da empresa gerando a capacidade de execução do processo.

Para eles, as etapas do desenvolvimento do produto são: Geração e escolha do conceito;

Planejamento do produto; Engenharia do produto; Engenharia do processo; Produção-piloto.

As etapas podem ocorrer simultaneamente sem a necessidade de término de uma para o início

da seguinte.

Segundo Clark & Wheelweight apud Agostinetto (2006), o PDP deve conjugar a eficiência e

eficácia para que a empresa ganhe velocidade no desenvolvimento de novos produtos.

Agostinetto (2006) afirma que esses autores sugerem a utilização de um modelo para a gestão

do PDP que promova melhoria ao longo do tempo das capacidades requeridas nas atividades,

pelo desenvolvimento de elementos-chave como: pessoas e suas habilidades; a estrutura

organizacional e seus procedimentos; as estratégicas e as táticas; as ferramentas e métodos; o

próprio processo gerencial.

Segundo Fuller apud Monteiro & Martins (2003) existem seis etapas para o desenvolvimento

de produtos que são a concepção de idéias, conceituação, desenvolvimento, produção,

avaliação por consumidores e teste de mercado. Conforme o autor:

Concepção de idéias: as idéias podem surgir através de opiniões, serviços de atendimento

ao consumidor, opiniões de gerentes e proprietários de empresa. As necessidades do

consumidor deverão ser conciliadas com os interesses e estratégias da empresa;

Conceituação: após aprovação das idéias, as mesmas passam pelo processo de

conceituação onde uma boa parte dos processos de desenvolvimento de novos produtos é

finalizada, devido a alguma inviabilidade do projeto, seja ela mercadológica ou técnica.

Nessa fase são realizadas pesquisas de mercado, estudos de viabilidade financeira e de

manufatura do produto;

Desenvolvimento: essa fase requer a maior quantidade de recursos e tempo, em todo

processo, pois nela projeta-se o processo e criam-se as especificações do produto. Caso

essa etapa for mal conduzida, os custos gerados podem ficar acima do previsto nas fases

seguintes e podem contribuir para o fracasso do produto antes ou após o lançamento;

Produção: A produção é iniciada em escala piloto, mas com especificações iguais as da

futura produção industrial. Podem surgir durante essa etapa necessidade de adaptação do

processo devido às falhas no projeto de desenvolvimento. Faz-se necessário analisar bem o

decorrer das fases anteriores para não gerar gastos nessa etapa, pois o impacto dos custos

para empresa será ainda maior;

Avaliação por consumidores: no teste são aplicados questionários aos consumidores do

produto em questão e a partir disso fazem-se os estudos estatísticos para avaliar a posição

do consumidor com o produto analisado.

Teste de mercado: utiliza-se, nessa etapa, uma cidade ou região como referência e, em caso

de sucesso, a distribuição planejada para o produto é colocada em prática. Caso contrário

volta-se às etapas anteriores do processo para corrigir eventuais erros e, em casos mais

extremos, o projeto é interrompido.

Clark & Wheelwright (1993) dividem o processo de desenvolvimento de produtos em quatro

fases: desenvolvimento do conceito, planejamento do produto, engenharia do

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produto/processo e finalmente produção piloto/aumento da produção. As duas primeiras fases

incluem informações sobre as oportunidades de mercado, as possibilidades técnicas e os

requisitos de produção. Considera-se o projeto conceitual, o mercado alvo, os investimentos

necessários e a viabilidade econômica. Para a aprovação do programa de desenvolvimento de

produto, o conceito deve ser validado através de testes e discussão com potenciais clientes.

Com o conceito aprovado, parte-se para o detalhamento da engenharia e do processo de

fabricação. Esta fase envolve o desenvolvimento do projeto, a construção de protótipos e o

desenvolvimento de ferramentas para produção. O detalhamento de engenharia envolve o

ciclo projetar, construir e testar, até atingir a maturidade necessária para início da produção.

De acordo com Rosenfeld & Amaral (2006), algumas abordagens importantes para o tema

são:

Estudos de Harvard & MIT: Esses foram um dos primeiros trabalhos analíticos, realizados

no final dos anos 80 e no início dos 90, que se tornaram comumente referenciados na

literatura sobre desenvolvimento de produto e geraram muitos conceitos na área. Nessa

abordagem o PDP se divide em três etapas maiores estratégia de desenvolvimento;

gerenciamento do projeto específico e aprendizagem.

Stuart Pugh: A principal preocupação desse autor é a busca de uma visão total de

atividades acabando com as visões parciais existente em cada setor tecnológico específico.

O modelo proposto por ele possui 6 etapas interativas e aplicáveis a qualquer projeto. Cada

etapa é representada por um cilindro que representa o conjunto específico de

conhecimentos compostos por diversas visões tecnológicas parciais.

Don Clausing: Esse autor teve influência do trabalho de Pugh e Taguchi na elaboração de

uma abordagem denominada Total Quality Development. Há um enfoque para as técnicas

de QFD (Quality Function Deployment) e para os conceitos sobre os times de

desenvolvimento de produto. Nesse método existem três etapas que são conceito, design e

preparação/produção.

Prasad: Nessa metodologia, conceitos sofisticados de engenharia simultânea são utilizados

e engloba diversos fatores bastante independentes do PCP (Planejamento e Controle da

Produção). Esse método divide a engenharia simultânea em fases denominadas

Organização do Produto e Processo (PPO) e a do Desenvolvimento de Produto Integrado

(IPD). Ambas possuem no seu centro a descrição dos quatro elementos de suporte desta

metodologia que são: modelos, métodos, métricas e medidas. As duas rodas possuem

também anéis intermediários idênticos que representam os times, ou a estrutura

organizacional que dirige as ações dentro do processo de engenharia simultânea.

APQP da QS 9000: É um manual de planejamento e controle da qualidade do produto

desenvolvido dentro do conjunto de normas da QS 9000. Apesar desse manual não ter sido

desenvolvido exclusivamente para este fim, ele resume um conjunto de preocupações,

técnicas e um modelo suficientemente detalhado capazes de servir de base para

intervenções no processo de desenvolvimento de produto.

Segundo Rozenfeld et al. (2006), o desenvolvimento de produto deve abranger todo o

planejamento e gerenciamento do portfólio de produtos e do portfólio de projetos da empresa,

garantindo compatibilidade com as estratégias da organização. Deve abranger também a

especificação de todos os recursos e procedimentos de manufatura, ou seja, envolve tanto a

gestão estratégica quanto a gestão operacional. Para os autores, a principal divisão das

atividades do PDP é classificada em três etapas que compreendem o pré-desenvolvimento, o

desenvolvimento e o pós-desenvolvimento, conforme exposto abaixo:

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(1) Pré-desenvolvimento: nessa fase, também conhecida como planejamento do produto, é

definido o produto a ser desenvolvido, isto é, o escopo do projeto de desenvolvimento,

avaliação econômica do projeto, avaliações de capacidade de risco do projeto, definição de

indicadores para monitoramento do projeto e definição de planos de negócio. Apesar disso,

antes dessa fase existe o planejamento estratégico do produto, onde será analisado o

planejamento estratégico da empresa e definidos os produtos que podem alcançar os objetivos

da empresa.

(2) Desenvolvimento: essa fase comporta um número maior de atividades relacionadas com o

projeto de um produto, podendo ser dividida em quatro etapas. No Projeto Informacional é

feita a aquisição de informações junto ao cliente (necessidades e desejos) sobre o projeto em

questão e sua posterior interpretação. Na fase de Projeto Conceitual com base nas

informações obtidas na fase anterior, é proposto o conceito a ser adotado pelo produto. É

realizada, uma síntese da estrutura de funções a ser desempenhada pelo produto, a fim de

atender às necessidades do consumidor. Na fase de Projeto Preliminar, conhecendo-se o

conceito e a estrutura funcional do produto pode-se dimensioná-lo, selecionando-se materiais,

formas, componentes, processos de fabricação e montagem, etc. Ao final desta fase, os

produtos estão totalmente estruturados. No Projeto Detalhado, fase final de projeto, a

disposição, a forma, as dimensões e as tolerâncias dos componentes são finalmente fixadas.

Com todos os recursos em mãos, realiza-se então o lançamento oficial do produto.

(3) Pós-desenvolvimento: nessa fase ocorre inicialmente um planejamento de como o produto

será acompanhado e retirado do mercado. Definem-se as equipes e os recursos necessários

para as alterações de engenharia, visando correções de potenciais falhas e/ou adição de

melhorias requisitadas pelos clientes. Definem-se também metas de quando o produto deverá

ser retirado do mercado. Deve-se fazer o acompanhamento do produto, a fim de realizar

melhorias contínuas até que sejam atingidas as metas estabelecidas durante o PDP e o produto

seja descontinuado. Inicia-se então a retirada do produto do mercado e todas as providências

em relação ao descarte do material para o meio ambiente devem ser tomadas.

3. Resultados: desenvolvimento do projeto do produto

A idéia de desenvolver o produto surgiu das atividades práticas desenvolvidas na disciplina

Projeto de Produto, do curso de Engenharia de Produção. Na elaboração do modelo utilizado

considerou as várias metodologias descritas na literatura, os conhecimentos já adquiridos

pelos alunos ao longo do curso, as dificuldades de criação do protótipo e a

interdisciplinaridade com outras áreas de conhecimento da engenharia de produção. O modelo

para o desenvolvimento do produto, como experiência didático-pedagógica, utilizado neste

trabalho consiste no levantamento de informações e execução das seguintes etapas (FARIA,

2007): 1ª Etapa – Geração do conceito: (1.1) Geração de idéias, (1.2) Análise de viabilidade,

(1.3) Especificação de oportunidades; 2ª Etapa – Projeto preliminar; 3ª Etapa – Projeto

detalhado e protótipo; 4ª Etapa - Definição do custo e processo de produção: (4.1)

Composição do custo do produto/serviço, (4.2) Descrição do processo de produção (layout),

(4.3) Fluxo do processo/equipamento/mão-de-obra; 5ª Etapa – Transformando Idéias em

negócios: (5.1) Exploração da oportunidade, (5.2) Lógica do negócio; descritas a seguir.

1ª Etapa – Geração do conceito

1.1 Geração de idéias

Nesta etapa, o grupo procedeu a um brainstorming, visando perceber alguma necessidade ou

oportunidade do mercado que pudesse culminar no desenvolvimento de um produto de baixa

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complexidade tecnológica, porém inovador do tipo modelo de utilidade. Nessa etapa abordou-

se pontos importantes sobre mercado, concorrentes, as características do produto, dentre

outras. O produto em questão é um “Porta Soutien”, desenvolvido com o objetivo de guardar

e proteger estas peças íntimas, que se tornam cada vez mais sofisticadas e passíveis de sofrer

algum dano pelo incorreto armazenamento, especialmente em viagens. O produto visa

facilitar o transporte, pois possui dimensões reduzidas e também possibilita seu

armazenamento de forma organizada no guarda-roupa. Assim, foram discutidos e

documentados os seguintes dados:

Mercado: o produto busca explorar o mercado crescente de roupas íntimas mais sofisticadas;

Clientes: o produto tem como clientes mulheres das classes média e alta, que costumam comprar roupas

íntimas mais refinadas;

Potenciais concorrentes: os concorrentes são as próprias empresas que comercializam essas peças íntimas,

pois as vendem em caixas próprias e individuais, que são utilizadas para armazenar as peças, porém não são

práticas;

Caráter inovação: este produto é inovador porque não existe nenhum utensílio similar que se destine ao

mesmo fim, que seja prático e armazene as peças íntimas sem danificá-las, podendo ainda permitir seu

transporte sem dificuldades;

Características: o produto será feito de madeira compensada, composto de quatro compartimentos próprios

para armazenar os soutiens, fechados com zíper e revestidos com tecido. Além disso, será dobrável, de forma

que facilite o transporte e possa ser adaptado para alocação no guarda-roupa. O esboço do produto é

apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Esboço do produto “Porta Soutien”

1.2 Análise de viabilidade e especificação de oportunidades

Inicialmente, nessa fase, buscou-se identificar a existência de patentes e produtos similares no

mercado. Caso não haja propriedade industrial registrada, o produto pode ser, eventualmente,

protegido. Essa pesquisa foi realizada a partir do site do Instituto Nacional da Propriedade

Industrial (INPI). Foram feitas inúmeras pesquisas a partir do conceito do produto e de seu

objetivo, sendo encontrados apenas resultados referentes ao produto soutien, não obtendo

resultados positivos quanto à existência de produtos similares ou destinados ao mesmo fim a

que este se destina, ou seja, armazenar, transportar e proteger estas peças íntimas.

Também, nessa fase, buscou-se analisar a viabilidade comercial e técnica a partir dos

seguintes questionamentos:

Principal caráter inovação do produto: local apropriado para se guardar e transportar soutiens caros e

sofisticados, como do tipo com bojo.

Nível de complexidade: baixo nível de complexidade. O processo de fabricação não necessita de mão-de-

obra especializada e nem de maquinário com alto padrão tecnológico.

Perfil da equipe necessária para o desenvolvimento do produto: domínio das ferramentas de desenho gráfico

e Microsoft Office; Conhecimentos de gerência de projeto, PDP e GDP; Habilidades para realizar estudos de

viabilidade econômica e comercial.

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No estudo do mercado potencial, entendeu-se que o produto faz parte do setor de moda íntima

(Indústria têxtil Vestuário e moda Moda Feminina Moda íntima feminina). No

dimensionamento do setor alvo realizado pelo grupo foi visto que o mercado da moda é um mercado

promissor, que está se expandindo exponencialmente. Os dados do mercado são apresentados no

Quadro 1.

Assim, de acordo com as informações obtidas, o produto tem como clientes mulheres das

classes média e alta, que costumam comprar roupas íntimas mais sofisticadas, que por sua vez

exigem maiores cuidados, localizam-se principalmente na região Sudeste e têm o perfil da

mulher moderna: trabalha e viaja muito, além de valorizar conforto e facilidades. Em relação

ao mercado consumidor, a adaptabilidade do produto ao estilo de vida das mulheres, design,

praticidade, status, fator proteção para peças íntimas são os aspectos críticos que podem

determinar o sucesso ou fracasso do novo produto. Por ter caráter inovador, é possível que os

clientes não consigam ver a real utilidade do produto, não pretendendo mudar seus costumes,

o que se caracteriza como principal fator de incerteza do produto. Também, é preciso analisar

o mercado e verificar as possíveis tendências de mudanças desses produtos, por exemplo, um

bojo que não se amasse. Uma pesquisa de mercado junto aos potenciais clientes ajudará na

compreensão do perfil dos consumidores e da possível aceitação do produto.

Quadro 1 – Dados sobre o mercado de moda íntima feminina

De acordo com os dados da pesquisa “O Mercado de Moda no Brasil – Vestuário, Meias e Acessórios Têxteis”,

produzida pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) e pela Associação Brasileira da Indústria

Têxtil e de Confecção (ABIT), com o apoio da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX)

(PIMENTEL, 2008):

- O Brasil é o 6º maior parque têxtil do mundo. Toda a cadeia produtiva soma um total de aproximadamente 30

mil empresas. Em 2007, o mercado de moda no Brasil produziu 7,2 bilhões de peças e consumiu 1 milhão de

toneladas de têxteis. O faturamento total do setor foi de US$ 32,5 bilhões e 1,65 milhão de empregos.

- Em 2008, o investimento das 17,5 mil empresas que atuam na confecção de vestuário, meias e acessórios

têxteis já atingiu aproximadamente US$ 103,6 milhões. A maior parte da produção está no Sul/Sudeste. Juntas,

as regiões reúnem 86% da produção nacional. O mercado de moda no Brasil produziu em 2007, 5,6 bilhões de

peças (vestuário, meias e acessórios) e consumiu 1 milhão de toneladas de tecido, gerando US$ 15,9 bilhões e

1,1 milhão de empregos. As empresas de grande porte respondem por apenas 16% da produção e as pequenas e

médias ficam com 66%. As microempresas respondem pelos demais 8%. A maior parte dos empregos do setor,

71%, é gerada nas empresas de pequeno porte. As micro empresas geram 8% dos postos e as de grande porte

detêm os demais 21%.

- O recorte por público-alvo mostra que as mulheres são as grandes consumidoras de moda no país. A moda

feminina responde por 41% da produção. Já o público masculino representa 35% do mercado. A moda infantil

tem participação de 18% e a moda bebê, 5%. Estima-se para 2009 um aumento de 2,5% para o setor.

O setor de moda íntima é o setor têxtil que apresenta a menor porcentagem de importação, e se apresenta imune

às concorrências dos importados. É um setor que se destaca pela grande quantidade de produtos exportados,

atingindo 28 milhões de peças por ano. Em 2007, o setor de moda íntima produziu 739 milhões de peças,

volume que gerou um faturamento da ordem de R$ 4,07 bilhões. No período de dois anos, 2005 a 2007, o

mercado cresceu 22%. As confecções de moda íntima vem superando resultados ano após ano, com índices

bastante superiores ao do crescimento do PIB. É valido ressaltar que este fato não acontece com a indústria de

confecção como um todo, o que leva a concluir que nossa moda íntima alcançou um nível de competitividade

internacional. Quanto a regionalização da produção: Norte (0,3%); Nordeste (15,7%); Sudeste (76,9%); Sul

(6,7%); Centro-Oeste (0,5%). Os dados do setor são apresentados abaixo (FLÔRES, 2008):

Mercado de Roupa Íntima 2005 2006 2007

Produção nacional (em mil peças) 583.438 586.383 600.973

Produção nacional (em mil US$) 544.182 562.466 678.382

Exportação (em mil peças) 12.612 19.708 23.401

Exportação (em mil US$) 32.758 30.992 36.871

Importação (em mil peças) 2.442 4.429 8.664

Importação (em mil US$) 3.068 3.321 5.193

Consumo aparente (em mil peças) 573.268 571.104 586.236

Consumo aparente (em mil US$) 514.492 534.795 646.704

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2ª Etapa – Projeto preliminar

Nesta etapa, teve-se atenção aos detalhes e a todos os possíveis problemas que poderiam ser

gerados a partir de um dimensionamento errôneo dos componentes do produto, de forma a

evitar futuros custos oriundos da necessidade de modificar o projeto. Também, foram listadas

as necessidades de materiais para sua confecção: tecido, 12 placas de madeira compensada, 4

Zíper com abertura inferior e velcro. Dessa forma, foram feitos os desenhos preliminares do

produto a partir das menores dimensões possíveis, de forma a facilitar o transporte e aumentar

o caráter prático do produto para viagens.

3ª Etapa – Projeto detalhado e protótipo

Nesta etapa, foi considerada as dimensões estabelecidas na etapa anterior e os materiais já

definidos para proceder uma análise mais criteriosa das dimensões, materiais, forma

geométrica, tamanho e possibilidade de confecção. Após essa análise, foram feitos alguns

ajustes no projeto preliminar e a construção do protótipo, utilizando papelão em substituição à

madeira compensada especificada. O protótipo foi construído cortando-se as 12 placas de

papelão, fazendo-se um “envelope” com o tecido de forma a colocar as 3 partes que formam o

triângulo no interior deste tecido e costurar por entre elas. Então foi costurado o zíper de

forma a fechar cada unidade e posteriormente o velcro, a alça e então passou-se uma costura

entre os módulos de forma a uni-los. O protótipo em escala real é apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Fotos do protótipo “Porta Soutien”, em dimensão real, aberto e fechado.

4ª Etapa – Definição do custo e processo de produção

Para o desenvolvimento de um produto, é necessário considerar o planejamento estratégico da

empresa, que por sua vez irá se desdobrar no plano estratégico de produtos e posteriormente

no portfólio de produtos que deverão ser desenvolvidos. Os fatores organizacionais e da

estratégia da empresa precisam ser levados em consideração na tomada de decisão, como mix

de produtos a ser produzido, público alvo, preço e qualidade, dente outros fatores. Também, é

necessário planejar a produção, o que implicará também no custo final do produto e na sua

viabilidade técnica e econômica.

Com base no projeto detalhado, foram estimados os custos de materiais diretos utilizados na

fabricação do produto (Quadro 2). Para melhor dimensionamento, os custos de fabricação

também devem compor o custo do produto final, mas não foi possível realizar este

levantamento, haja vista que seria necessário fazê-lo em função da quantidade a ser produzida

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e do projeto da fábrica, o que não estava contemplado no escopo da disciplina. Foi proposto

um layout para o processo de produção do “Porta Soutien” (Figura 3).

Quadro 2 - Estimativa de custos de matéria-prima para o produto “Porta Soutien”

Item Peça

Componente Material

Unidade

medida R$/unidade

Quantidade

de material R$

% do Custo

Total

1 Revestimento Tecido de algodão m² 5 0,8 4 19,53%

2 Zíper metal unidade 0,8 4 3,2 15,63%

3 Estrutura compensado m² 18,9 0,35 6,62 32,33%

4 Velcro pano m 3 0,22 0,66 3,30%

5 Molde Soutien plástico unidade 1,5 4 6 29,30%

Total 20,48

Legenda:

Posto de Trabalho Processo Equipamentos Mão-de-obra

1 Armazenamento Empilhadeira Monitorador de estoque

2 Corte do tecido Máquina de corte Cortador

3 Corte do acrílico Máquina de corte Cortador

4 Posicionamento e costura Máquina de costura Costureiro

5 Costura zíper e velcro Máquina de costura Costureiro

6 Estocagem Empilhadeira Monitorador de estoque

Figura 3 - Layout esquemático do processo de produção do “Porta Soutien”

5ª Etapa – Transformando idéias em negócios

Esta etapa não faz parte do PDP, mas foi realizada nessa experiência didática com a finalidade

de despertar os alunos para a possibilidade de criação de novos negócios através da idéia e

projeto de produtos diferenciados, bem como de promover o espírito empreendedor. O grupo

respondeu uma série de questões necessárias para a elaboração de um plano de negócios e

relacionadas com a exploração da oportunidade (Quadro 3), lógica do negócio (Quadro 4) e

competitividade (Quadro 5). O objetivo dessa etapa foi definir as variáveis que interferem na

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colocação e permanência do produto no mercado. Isso é importante para estabelecer

estratégias que visem o sucesso do produto. A grande maioria das pequenas empresas de base

tecnológica nasce da idéia de um produto inovador. Cabe ressaltar que caso o produto fosse

patenteado e os idealizadores não tivessem interesse em produzi-lo, o produto poderia ser

licenciado para outras empresas.

Quadro 3 – Exploração da oportunidade

Que “nicho” de mercado pretende explorar? Quem

comprará os produtos?

Mulheres modernas, das classes média e alta

Onde estão localizados os potenciais clientes? Principalmente no sudeste do país

Qual será o volume e frequência de compra dos clientes? 1 a 2 itens/pessoa, de 2 em 2 anos

Como influenciar na decisão de compra dos clientes? Marketing

Podem existir novos concorrentes no mercado que está

explorando?

Fabricantes de cabides

Como fazer com que os clientes passem a comprar os

produtos?

Investir em design e marketing

Quais serão os diferencias oferecidos ao mercado pelo

meu negócio?

Inovação, praticidade e design

Quadro 4 - Lógica do negócio

Qual será o ponto ideal para a instalação do negócio? Perto de grandes centros

Existem aspectos legais que influenciam a localização? Incentivos fiscais

Qual o perfil e o papel dos sócios a ser escolhido? Sociedade formada pelos criadores do produto

O que diz a legislação sanitária e/ou ambiental inerente ao

negócio?

Resíduos serão direcionados às usinas de

reciclagem

Quais são os impostos / tributos / taxas que devo pagar? IRPJ, INSS, FGTS e outros

Devo registrar a “minha marca”? Sim

Devo patentear o “meu produto”? Sim

A informatização é fundamental para iniciar o meu

negócio?

Sim, para atendimento de pedidos e controle da

produção

Devo ter um site na internet? Sim

Quadro 5 - Competitividade

Qual será a melhor forma de divulgação? Internet

Periodicidade da divulgação? Marketing intenso de 6 em 6 meses

Que preço deverá ser praticado para ser competitivo e

gerar lucro?

R$ 60,00

4. Conclusão

A metodologia para o desenvolvimento de produtos utilizada na disciplina mostrou-se

adequada e eficiente para o projeto e criação “Porta Soutien”. Foi possível compreender a

importância das várias etapas propostas, como a geração da idéia a partir de uma necessidade

ou oportunidade, a pesquisa de mercado, os projetos preliminares e detalhados e

especialmente a necessidade de investimentos e alocação de recursos. A metodologia utilizada

seguiu uma ordem lógica que possibilitou o desenvolvimento do projeto de maneira

progressiva.

Seguindo a metodologia proposta, composta pelas etapas: geração de idéias, análise de

viabilidade e oportunidade, definição do projeto preliminar, projeto detalhado e protótipo,

definição do custo e processo de produção foi possível chegar as especificações do projeto

detalhado do produto, bem como desenvolver o protótipo. Para definir o custo do produto

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seria necessário especificar com mais critérios e detalhes o processo de produção, o que não

foi possível no contexto desta atividade. Com esta experiência didática, apesar da baixa

complexidade tecnológica envolvida no projeto do produto proposto, percebeu-se a

importância de cada etapa no processo de desenvolvimento de novos produtos, ou seja, de

uma metodologia e possibilitou o desenvolvimento nos alunos de competências necessárias

para a gerência do processo de desenvolvimento de novos produtos.

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