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Naomi Sugita Reis PROCESSO CIVIL III ___________________________________________ RECURSOS José Carlos Barbosa Moreira: recurso é remédio voluntário e idôneo a ensejar dentro do mesmo processo, a reforma, invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna. O recurso impede que exista o trânsito em julgado. É diferente de um sucedâneo recursal, quando ocorre trânsito em julgado, vai haver um meio de impugnar a sentença ou a decisão judicial que não é recurso porque não é interposto na mesma ação jurídica {ação rescisória}. Reforma ou invalidação: tirando o recurso de embargo de declaração, os demais são sempre julgados, revisados e analisados por outro órgão, geralmente de instância superior. O juiz pode se retratar, raramente, mas não é ele quem julga, são os Tribunais. - A reforma da decisão, que é o objetivo do recurso, ocorre quando houver error in iudicando {quando a lei de direito material é aplicada de maneira incorreta}{o juiz erra no julgamento}. O objetivo no recurso é a reforma da decisão, para que o Tribunal corrija e aplique a lei correta. - Já a invalidação ocorre quando há error in procedendo, ou seja, erro no processo. Invalidar e anular um processo, significa a mesma coisa. Pode acontecer quando o juiz acaba por julgar antecipadamente a lide. O Tribunal não proferirá outra sentença, ele anula os atos. Determina a baixa para primeiro grau e então serão produzidas as provas, para ser emitida nova sentença, considerando essas provas. Esclarecimento ou integração: dizem respeito aos vícios que deverão ser sanados por meio de embargos de declaração. Visa a sanar: omissão, obscuridade, contradição e erro material. Quem julga é o próprio juiz prolator da decisão. Cabe a qualquer tipo de decisão. - Esclarecimento: obscuridade {quando algo não está claro}, contradição {evitar contradição} e erro material {erro de digitação ou soma - único que poderá ser corrigido de ofício} - Integração: omissão {quando o juiz deveria ter julgado algo e não julgou}. I. Classificação dos Recursos: A. Finalidade {recursos ordinários ou extraordinários}: aquilo que o Tribunal pode analisar nos recursos. 1

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Naomi Sugita Reis

PROCESSO CIVIL III ___________________________________________

RECURSOS

José Carlos Barbosa Moreira: recurso é remédio voluntário e idôneo a ensejar dentro do mesmo processo, a reforma, invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna. O recurso impede que exista o trânsito em julgado. É diferente de um sucedâneo recursal, quando ocorre trânsito em julgado, vai haver um meio de impugnar a sentença ou a decisão judicial que não é recurso porque não é interposto na mesma ação jurídica {ação rescisória}.

• Reforma ou invalidação: tirando o recurso de embargo de declaração, os demais são sempre julgados, revisados e analisados por outro órgão, geralmente de instância superior. O juiz pode se retratar, raramente, mas não é ele quem julga, são os Tribunais.

- A reforma da decisão, que é o objetivo do recurso, ocorre quando houver error in iudicando {quando a lei de direito material é aplicada de maneira incorreta}{o juiz erra no julgamento}. O objetivo no recurso é a reforma da decisão, para que o Tribunal corrija e aplique a lei correta.

- Já a invalidação ocorre quando há error in procedendo, ou seja, erro no processo. Invalidar e anular um processo, significa a mesma coisa. Pode acontecer quando o juiz acaba por julgar antecipadamente a lide. O Tribunal não proferirá outra sentença, ele anula os atos. Determina a baixa para primeiro grau e então serão produzidas as provas, para ser emitida nova sentença, considerando essas provas.

• Esclarecimento ou integração: dizem respeito aos vícios que deverão ser sanados por meio de embargos de declaração. Visa a sanar: omissão, obscuridade, contradição e erro material. Quem julga é o próprio juiz prolator da decisão. Cabe a qualquer tipo de decisão.

- Esclarecimento: obscuridade {quando algo não está claro}, contradição {evitar contradição} e erro material {erro de digitação ou soma - único que poderá ser corrigido de ofício}

- Integração: omissão {quando o juiz deveria ter julgado algo e não julgou}.

I. Classificação dos Recursos:

A. Finalidade {recursos ordinários ou extraordinários}: aquilo que o Tribunal pode analisar nos recursos.

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1. Ordinários: o Tribunal pode analisar o reexame da causa em sua totalidade {apelação e o agravo de instrumento} não tem limite, pode analisar o que for preciso;

2. Extraordinários: não possui abrangência, objetivo da análise é a uniformização da jurisprudência em relação à legislação federal ou da Constituição {recurso especial, extraordinário e embargos de divergência}.

B. Abrangência {totais ou parciais}: leva em conta a extensão do inconformismo do recorrente com a decisão que lhe é desfavorável. A decisão pode ser impugnada no todo {ordinário} ou em parte {extraordinário}. Tal classificação é importante para se saber se houve preclusão ou coisa julgada da parte não impugnada.

C. Autonomia {principal e adesivo/subordinado}: cada parte poderá interpor recurso cabível, de maneira autônoma e independente. Se a sucumbência for recíproca, a parte que não tenha recorrido em seu prazo próprio, pode aderir ao recurso da parte contrária. Se ambas as partes já recorreram em caráter principal e autônomo é inadmissível o recurso adesivo. A oportunidade somente surge quando apenas uma recorreu e ambas tenham interesse na reforma. Cabem em apelação, recurso extraordinário e recurso especial.

D. Segundo o tipo de vício:

1. Recursos de fundamentação livre: pretendem tão somente a reforma da decisão e é necessário que a parte recorrente tenha algum prejuízo para que caiba o recurso {ex. apelação e agravo de instrumento}.

2. Recursos de fundamentação vinculada: somente cabem se, além do prejuízo experimentado, a parte demonstrar alguns vícios (ou matérias) enumerados pelo legislador e fazem parte do requisito de admissibilidade desses recursos {ex. recurso especial/ extraordinário e embargos de declaração}.

PRINCÍPIOS DOS RECURSOS

Para cada tipo de pretensão, há um tipo de recurso. Ex: Contra lei federal cabe recurso especial, já contra lei constitucional, cabe recurso extraordinário.

I. Correspondência/correlação: decisão - recurso.

II. Unicidade: singularidade - da decisão cabe apenas um recurso. Tem uma decisão e um único recurso e tem que utilizar o correto. Exceção = recurso especial {lei federal - STJ}/ recurso extraordinário {lei constitucional - STF} {é questão de competência}. Há possibilidade de uma só decisão, dois recursos.

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III. Taxatividade: só existem os recursos previstos no Art. 994. Não pode ser inventado um recurso.

IV. Fungibilidade: pode ser recebido um recurso por outro. Se as partes ingressarem com o recurso errado, o Tribunal acaba por aceitar e reconhecer como o recurso correto. Para que haja aplicação, existe a necessidade de dois requisitos: A. Desde que não haja erro grosseiro e B. Deve haver dúvida objetiva {duvida que toda jurisprudência e doutrina tem}

V. Proibição da reformatio in pejus ou reforma para pior: em razão do recurso, a situação da parte que o fez, não pode piorar. Mas, não se aplica o reexame necessário, pois este não é recurso.

VI. Duplo grau de jurisdição: possibilidade de revisão por um órgão superior. E existem algumas matérias que são de competência do plenário {constitucionalidade}. Decorre do sistema constitucional, se for analisar a competência dos tribunais de segundo grau, os quais vão analisar os recursos. Não existe terceiro grau, as cortes superiores têm função de julgar precedentes {vão julgar menos para julgar melhor}. Existem duas maneiras de se postular a inconstitucionalidade: de maneira direta no STF, ou de maneira incidental no plenário.

VII.Consumação: está ligada à preclusão consumativa, no sentido de que se uma pessoa ingressa com recurso, não pode desistir e ingressar com um novo. Depois de consumado o recurso, não há possibilidade nem de complementá-lo {razões}.

VIII.Matérias de ordem pública em processo: é aquela que não preclui e pode ser conhecida de ofício pelo juiz a qualquer tempo e grau {inclusive no Tribunal, independente de provocação}. São os pressupostos processuais e as condições da ação. Em razão do NCPC a prescrição e decadência agora são recohecíveis de ofício, a qualquer tempo e grau. Matéria de defesa geralmente não é matéria de ordem pública, porque depende das ações do autor. {Art. 337}

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E DE MÉRITO NO RECURSO

Para que seja analisado o acerto ou não de decisão impugnada, devem estar presentes certos pressupostos de admissibilidade. Os recursos específicos têm seus próprios pressupostos, mas há pressupostos gerais para todos os recursos. Antes de analisar o mérito {o que consta no recurso - a reforma, a anulação, o esclarecimento ou a integração}, é analisada a admissibilidade do recurso no Tribunal. Há, portanto, duas fases lógicas, o exame dos pressupostos de admissibilidade, que leva ao conhecimento ou não do recurso e o exame do mérito que leva ao provimento ou não do recurso. O recurso não reconhecido {admissibilidade}, não chega a ter seu conteúdo examinado. O juízo de admissibilidade é efetuado pelo Tribunal competente para julgar o recurso - juízo de segundo grau - ad quem {novidade do NCPC, antes o juízo de admissibilidade provisório

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era o a quo - o juízo de primeiro grau - e o juízo de admissibilidade definitivo a quem - segundo grau}.

• Portanto, o juiz ad quo é quem profere a decisão em primeiro grau e juiz ad quem é quem admite o recurso.

• Uma exceção é quando há recurso especial ou extraordinário - juízo de admissibilidade bipartido → quem faz o juízo de admissibilidade provisório é o tribunal de segundo grau pelo seu presidente ou vice e quem faz o juízo de admissibilidade definitivo é o STF ou STJ. Esse juízo provisório irá negar segmento ou receber o recurso especial ou extraordinário para levar à instância superior. Serve agravo para destrancar recurso, para que ele suba.

PRESSUPOSTOS OBJETIVOS/ EXTRÍNSECOS OU

SUBJETIVOS/ INTRÍNSECOS

Não têm nada a ver com o pressuposto de admissibilidade. Objetivos consideram o modo do exercício de recorrer ou fatores externos da decisão e os subjetivos consideram a existência do direito de recorrer ou à decisão recorrida.

I. Cabimento e adequação: diz respeito a adequação de um meio recursal, previsto em lei para promover o ataque de determinada decisão. Princípio da unirecorribilidade e fungibilidade dos recursos. Sentença de mérito que o prejudicou - recurso - sentença de mérito no recurso.

II. Interesse: a utilização do recurso deve levar à melhora da esfera jurídica do

recorrente. O recurso deve ser útil àquele que o utiliza. Se a parte não teve prejuízo com a decisão ou se obteve o que era possível não tem porquê recorrer. É possível àquele réu que teve sentença terminativa recorrer para obter sentença de improcedência {Art. 488}.

III. Legitimidade: a parte vencida pode recorrer, assim como o MP {como parte ou fiscal da lei} e o terceiro recorrente/ prejudicado: o terceiro deve demonstrar a possibilidade de a decisão lhe atingir ou que possa discutir como substituto processual {Art. 996}.

IV. Regularidade procedimental ou formal: o recurso deve ser apresentado por escrito e obedecer aos requisitos específicos exigidos por lei para cada recurso, ou seja, precisam ser instruídos corretamente, como por exemplo, o agravo de instrumento. Nas razões, o recorrente deverá atacar e impugnar a decisão recorrida demonstrando o vício dela ao Tribunal, não bastando a repetição dos argumentos da inicial ou contestação. Além dessa demonstração, também deve conter pedido de nova decisão ou anulação dos atos processuais.

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V. Tempestividade: cada recurso tem um prazo, o prazo geral é de 15 dias para interposição e contrarrazões, exceto se for embargos de declaração, no qual o prazo será de 5 dias.

• Prazo em dobro apenas para os processos físicos, se houverem litisconsortes com advogados distintos {escritórios distintos}.

• Se houver prorrogação em razão de feriado local, seja municipal ou estadual, o recorrente deverá comprová-lo no ato da interposição do recurso.

VI. Preparo: é o pagamento das custas do recurso para o seu processamento, inclusive o porte de remessa e retorno, sob pena de deserção. A prova do preparo faz-se no ato de interposição do próprio recurso.

• Insuficiência do preparo: quando há vícios em relação ao recolhimento, e a parte recolhe a menos, sendo intimada para complementar. Se houver, o advogado será intimado para complementá-lo em 5 dias, sob pena de deserção.

• Ausência do preparo: o advogado será intimado para recolher as custas do recurso em dobro, sob pena de deserção, de forma que o tribunal declara deserto o recurso, não havendo mais possibilidade de complementação.

• Justo impedimento: se não foi pago por motivo justificado. Se comprovado, o juízo relevará a deserção e conferirá prazo de 5 dias para o preparo. Por exemplo, greve de banco.

• Equívoco no preenchimento da guia: há a possibilidade de sanar esse erro e o relator deverá intimar o recorrente para sanar o vício em 5 dias.

VII.Inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer: os efeitos são os mesmos, pois impedem a apreciação.

• Extintivo: ou pela renúncia que independe da aceitação da outra parte, ou por concordância expressa ou tácita, como por exemplo o acordo. Não pode mais voltar a recorrer.

• Impeditivo: pode desistir a qualquer momento, independente da aceitação da outra parte. O não pagamento de multas também impedem, se os recursos anteriores forem considerados protelatórios, como por exemplo os embargos declaratórios e agravo interno.

EFEITOS DOS RECURSOS

A interposição do recurso opera efeitos no processo, alguns desde a interposição e outros no julgamento. Os efeitos legais do recurso são: obstativo, devolutivo e suspensivo.

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I. Efeito obstativo: o fato de ingressar com um recurso obsta a coisa julgada, impede a preclusão e o trânsito em julgado da decisão.

II. Efeito devolutivo: por este efeito, submete-se a decisão impugnada ao Tribunal. O exame da matéria pelo Tribunal restringe-se ao que foi expressamente impugnado pela parte recorrente e ao objeto de decisão pelo Tribunal, salvo as questões que podem ser conhecidas independentemente de impugnação {questões de ordem pública que podem ser conhecidas de ofício e não precluem}.

A. Efeito devolutivo em extensão ou horizontal: pelo Princípio do tantum devolutum quantum appellatum, a devolução da matéria ao Tribunal restringe-se ao que foi objeto de impugnação. Por exemplo, ação de despejo cumulada com pagamento de aluguéis em atraso, uma impugnação de um não acarreta a impugnação de outro no recurso, visto que se ambas forem julgadas improcedentes e a parte impugnar apenas um deles, o outro não poderá ser revisto.

B. Efeito devolutivo em profundidade ou vertical: o pedido de nova decisão pode ter vários fundamentos, ou seja, quanto a parte impugnada que é objeto do recurso. A regra geral é que o Tribunal deve limitar-se à análise do que foi objeto de impugnação pela parte e decidido pelo juiz de primeiro grau, sob pena de ferir o princípio do juiz natural e as regras de competência. Porém, dentro do que esta sendo impugnado, o tribunal não fica preso ao que foi arguido pela parte, tendo ampla devolutividade dentro daquele limite. Por exemplo, o autor pede a reforma da decisão porque o juiz não aplicou corretamente a lei de direito material, ou não avaliou bem a prova. O Tribunal pode reformar a decisão por outro fundamento, mesmo que não alegado pela parte, bem como pode conhecer de matérias não conhecidas pelo juiz de primeiro grau. E se a causa estiver madura o Tribunal julga o mérito sem determinar o retorno ao primeiro grau.

C. Efeito devolutivo próprio: por força do recurso é submetida ao Tribunal.

D. Efeito devolutivo impróprio {diferido}: somente será apreciado pelo Tribunal se houver outro recurso - recurso adesivo.

III. Efeito suspensivo: por regra geral, os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Porém, o efeito suspensivo, suspende ou obsta a eficácia da decisão, e não o andamento do processo, o que não pode é ser exigido o cumprimento dessa sentença. Por exemplo, a sentença só produz efeitos depois de escoado o prazo para recurso, a apelação evita que os efeitos ocorram. A decisão interlocutória, tem efeitos imediatos obstados por agravo de instrumento, desde que o relator conceda o efeito suspensivo, presentes os requisitos para tanto.

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A. Efeito suspensivo ope legis: se projeta para os efeitos da sentença não havendo possibilidade de cumprimento. A apelação, por exemplo, tem efeito suspensivo ope legis.

B. Efeito suspensivo ope judicis: o juiz vai analisar caso a caso a possibilidade de dar efeito suspensivo ao recurso {agravo de instrumento}.

IV. Efeito translativo (Nelson Nery): transfere ao tribunal o conhecimento da matéria. Questões de ordem pública (preliminares: inexistência ou nulidade da citação; incompetência absoluta; incorreção do valor da causa; inépcia da petição inicial; perempção; litispendência; coisa julgada; conexão; incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; ausência de legitimidade ou de interesse processual; falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça). Além dos efeitos legais, o efeito translativo é um efeito do julgamento do recurso. Existem matérias que em razão do recurso podem ser julgadas pelo tribunal independentemente de arguição pelas partes.

V. Efeito expansivo: a extensão da análise do recurso geralmente limita-se ao que foi objeto da matéria impugnada, entretanto, o julgamento do recurso pode ensejar decisão mais abrangente do que o reexame da matéria impugnada. Ou seja, ao julgar o recurso, a regra geral seria que a reforma atingisse apenas aquilo que foi o objeto mas, dependendo da matéria julgada, o acolhimento acaba por atingir outros atos, não só reformando a decisão, mas sim toda a sentença ou atos processuais.

A. Efeito expansivo objetivo: quando a matéria acolhida no recurso atinge outros atos processuais. Por exemplo, quando acolhe-se preliminar de litispendência se extingue não só a sentença mas sim o processo inteiro e todos os atos processuais.

B. Efeito expansivo subjetivo: litisconsórcio unitário, quando um deles não recorre e é atingido pelo recurso. Por isso se diz expansivo, pois não se limita a sentença, atinge não só o recorrente.

VI. Efeito substitutivo: A decisão proferida no recurso pelo tribunal — quando há julgamento de mérito — sempre substitui a decisão anterior. Pode ser que o tribunal apenas confirme a sentença não trazendo novos argumentos, mas mesmo assim, será substituída. Relevância para utilização da ação rescisória.

RECURSOS EM ESPÉCIE

APELAÇÃO

É o recurso chamado de recurso tipo ou padrão, representa a adoção do Princípio do duplo grau de jurisdição, e classifica-se como ordinário e de fundamentação livre.

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• Cabimento: cabe de toda e qualquer sentença, em qualquer tipo de processo {seja de jurisdição voluntária ou contenciosa}. Serve, não apenas para impugnar as questões decididas na sentença, mas também se presta para impugnar todas as questões decididas ao longo do procedimento que não comportarem recurso de agravo de instrumento. Ademais, todas as questões decididas na sentença são passíveis única e exclusivamente do recurso de apelação.

• Sentença: aquele pronunciamento jurisdicional que tem por conteúdo as matérias do 485 e 487 e que encerra a fase cognitiva do procedimento comum e a execução. Cabe apelação dessas decisões, podendo também arguir equívoco de decisão interlocutória que não sofreu preclusão.

• Legitimidade para interpor: a mesma que temos para qualquer recurso: parte sucumbente, mesmo que parcialmente, o terceiro prejudicado ou o MP {fiscal ou parte}.

• Devolutividade: é mandado ao Tribunal {ad quem}, para ser analisado. A devolutividade é ampla, ou seja, permite a impugnação de qualquer vício encontrado na sentença, seja vício de forma {error in procedendo}, seja vício de julgamento {error in iudicando}. Permite-se apontar tanto a inadequação formal da sentença {a sentença será anulada e os autos retornarão ao primeiro grau para receberem outra sentença - anulação} quanto o equívoco cometido nos juízos ali alcançados {a sentença será reformada pelo próprio Tribunal, sem necessidade de voltar ao primeiro grau - reforma}.

• Fatos não alegados em primeiro grau por motivo de força maior: a regra geral é a impossibilidade de alegação nova além daquelas feitas pelo autor na inicial e pelo réu na contestação. O Tribunal atua como órgão de primeiro grau, analisando os fatos não alegados em primeiro grau pela primeira vez, por autorização legal, sem caracterizar isso como supressão de instância. Força maior:

• Ignorância de fato pelas partes: desde que comprovado

• Impossibilidade de comunicação do fato ao advogado ou ao juízo, por qualquer motivo desde que comprovado.

• Prova nova: o fato foi alegado nos autos, mas não tinha a prova pois não era possível

• Alegações trazidas pelo terceiro prejudicado

• Questões de ordem pública {Art. 337}

• Questões de direito ou a modificação na qualificação jurídica dos fatos já apresentados {interpretação do direito}: podem ser aportadas ao processo a qualquer tempo, não se havendo de cogitar de apresentação de questões novas ao juízo ad quem.

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Desde que submetida previamente ao contraditório, a nova visão jurídica do caso é plenamente admissível em grau de apelação.

I. Procedimento da apelação: tem que ser interposta no prazo de 15 dias e a petição é dirigida ao juízo prolator da decisão e deverá conter {Art. 1010 - NCPC}:

A. Os nomes e a qualificação das partes {a ausência de qualificação é considerada mera irregularidade, pois de regra a qualificação constará na inicial e na contestação. Necessária, entretanto, a qualificação do terceiro prejudicado que ingressará apenas na fase recursal};

B. A exposição do fato e do direito {é necessário fazer um resumo da controvérsia};

C. As razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade {atacar a decisão do juiz};

D. O pedido de nova decisão ou anulação da decisão;

E. Em caso de fato novo ou prova de fato novo, a petição de apelação vai ser acompanhada pela prova documental respectiva ou pedido de produção de outra modalidade de prova em primeiro grau.

II. Juízo de retratação excepcional na apelação: O juízo de retratação é efetuado 5 dias após a interposição da apelação, só que prazo para o juiz é sempre impróprio, se ele não se retratar em 5 dias, ele não perde o direito, desde que ele o faça na primeira oportunidade que tiver. A consequência da retratação é a determinação do prosseguimento do processo {em casos de improcedência liminar, segue com a citação do réu}{em casos de indeferimento da petição inicial continua de onde parou para ir à próxima fase}. Cabe tanto a sentenças de mérito {desde que tenha sido liminar}, quanto a sentenças terminativas:

A. De indeferimento da petição inicial {sentença terminativa}:

• Em casos de inépcia {faltar pedido ou causa de pedir, pedido indeterminado} → fora das hipóteses legais da narração não decorrer a conclusão, pedidos incompatíveis.

• A parte for manifestadamente ilegítima

• O autor carecer de interesse processual

• Não atendidas as prescrições dos arts. 106 {endereço do advogado para intimação} e 321 {determinação de emenda da inicial não atendida, no prazo de 15 dias}.

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B. De improcedência liminar {de mérito}: {Art. 332} não precisa existir recurso. Quando existir casos repetitivos ou em RDR {resolução de demandas repetitivas}, quando se resolve em segundo grau por meio de incidente de demandas repetitivas. O juiz de primeiro grau percebe que tem uma avalanche de demandas iguais e, ao invés de ele julgá-las separadamente, ele suspende {julga improcedente liminarmente} todas as ações e pede para que o Tribunal fixe uma tese em IRDR e julgue essa questão {incidente de resolução demandas repetitivas - IRDR - segundo grau - não precisa nem existir recurso}. É necessário que, antes, seja analisado que já exista tese em IRDR ou outras demandas semelhantes, para evitar isso. O juiz julga o mérito sem a citação do réu se não houver a necessidade de provas nas causas em que o pedido contrariar:

• Enunciado de sumula do STF ou do STJ; Acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; Enunciado de súmula de Tribunal de Justiça sobre direito local; Verificação de ocorrência de prescrição ou decadência.

III. Procedimento no Tribunal: distribuição do recurso ao relator, que poderá decidi-lo monocraticamente. Pode existir distribuição livre {não houve nenhum recurso anterior da causa} por sorteio. E se for o caso de juiz prevento, vai para um órgão colegiado. Existem 3 que julgam: o juiz relator e outros dois juízes julgadores {tanto na apelação quanto no agravo}.

A. Quem tem o primeiro contato com o processo é o relator, que vai fazer um juízo de admissibilidade provisório que antes era feito pelo juízo ad quo {primeiro grau}, podendo julgar o mérito monocraticamente. Antes de 2004 essa figura do julgamento monocrático não existia, sendo que tudo ia para o órgão colegiado. Da decisão monocrática do relator, cabe o recurso do agravo interno que leva o recurso para análise do órgão colegiado, que pode confirmar ou ir contra a decisão proferida. Qualquer vício pode ser alegado na apelação.

• Ele pode não conhecer do recurso:

- Por inadmissibilidade {ausência de pressuposto de admissibilidade}, ou

- Por estar prejudicado {por fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer} ou

- Que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida

• Pode negar ou dar provimento no mérito {após as contrarrazões} se a decisão estiver de acordo ou em confronto com o art. 932, IV e V - precedentes dos Tribunais Superiores, acórdão/ jurisprudência dos Tribunais Superiores em julgamento de demandas repetitivas, incidente em IRDR ou em questão de competência {não

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precisa ser nada vinculante, basta existir apenas uma súmula, apenas um acórdão} → precedentes servem para que haja um julgamento melhor elaborado.

IV. Efeitos da apelação: via de regra, tem efeito devolutivo e suspensivo ope legis - automático. E a sentença não produz efeitos enquanto pende recurso. Mas, tem casos em que a apelação tem efeito apenas devolutivo a sentenças com efeitos imediatos. É possivel a execução na pendência que não tem efeito suspensivo, mas é cumprimento provisório de sentença. Mesmo nos casos em que a apelação tem efeito somente devolutivo, o juiz pode dar efeito suspensivo - ope judicis. Poderá ser conferido efeito suspensivo à apelação pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação - exceção {Art. 1012}:

A. Sentença que homologa divisão ou demarcação de terras - homologa prova técnica {quando há duvida em relação aos terrenos, é especial porque precisa ter prova técnica}

B. Sentença que condena a pagar alimentos {tem efeitos imediatos}

C. Sentença que extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado {os embargos da execução se constituem numa ação com caráter de defesa que é interposta perante a execução de título extrajudicial - se o executado quer entrar com defesa, ele entra com embargos}

D. Sentença que julga procedente o pedido de instituição de arbitragem

E. Sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória {essa apelação teria efeito devolutivo e não suspensivo}{essa decisão provisória integra a sentença maior} {tutela provisória - apelação}

F. Sentença que decreta a interdição {reconhece que o interditando não tem capacidade para os atos da vida civil}

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM PRIMEIRO GRAU

É chamado de agravo de instrumento porque é necessário que haja instrução das peças de primeiro grau se os autos forem físicos em primeiro grau. O agravo de instrumento passa a ter cabimento apenas contra as decisões interlocutórias enumeradas, taxativamente, no art. 1015 {todas as demais decisões interlocutórias são impugnáveis nas razões da apelação}. No cumprimento da sentença ou na execução de título extrajudicial, não tem como serem impugnadas as decisões interlocutórias, pois a decisão que encerra a execução apenas diz que acabou, e não terá como agravar determinada decisão interlocutória nas razões de apelação da sentença, já que não é cabível apelação. Ou seja, há uma excessão e serão essas decisões interlocutórias impugnadas por meio de agravo de instrumento:

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• Tutelas provisórias {tutela de urgência e tutela de evidência} são agraváveis

• Mérito do processo, mas não encerra com o processo de conhecimento, o qual vai continuar {é diferente da sentença, que encerra depois do processo de conhecimento}

• Rejeição da alegação de convenção de arbitragem {se o juiz acolhe a convenção ele profere uma sentença, mas se a rejeita, ele diz que o processo tem que continuar na justiça estatal, ou seja, é decisão interlocutória porque não encerra o processo}

• Incidente de desconsideração da personalidade jurídica {é um procedimento que tem uma regulação, é um incidente tratado como intervenção de terceiros - o sócio, que não é parte no processo, é chamado a integrar a relação jurídica como réu, sendo responsabilizado}

• Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação {tem que ser agravável de imediato}

• Exibição ou posse de documento ou coisa {em relação a provas é a única opção, além da redistribuição do ônus da prova}

• Exclusão de litisconsorte

• Rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio {quando existem muitos litisconsortes}

• Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros

• Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução

• Redistribuição do ônus da prova {o juiz pode estabelecer o ônus da prova para quem for mais fácil comprovar}

• Outros casos expressamente referidos em lei {sentenças parciais e julgamento antecipado do mérito}

• Contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. A fase de apelação já passou, porque a sentença já aconteceu, então, todas as decisões proferidas {de apuração do valor devido ou do cumprimento de sentença} serão impugnáveis por meio de agravo de instrumento, não interessando qual é a decisão.

I. Procedimento de agravo de instrumento: o recurso de agravo é interposto diretamente no Tribunal e, portanto, as razões do recurso e o próprio recurso são dirigidos e protocolados ao Tribunal, em um prazo de 15 dias. A ausência de peças não

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implica inadmissibilidade {relator deverá determinar a regularização do instrumento}. Requisito para a petição de agravo:

• Nome das partes

• Exposição do fato e do direito {o que está acontecendo em primeiro grau}

• As razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão {a fundamentação é a demonstração de equívoco da decisão interlocutória}

• Pedido de reforma e invalidação.

• O nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo para que o agravado ou as intimações do agravo ocorram pelo Tribunal, ou seja, para que possa haver contraditório da parte contrária {inclusive se houver vício de representação}{só o agravo tem}.

A. Se os autos forem físicos, o agravante deverá juntar cópia do agravo protocolado no Tribunal, com a relação dos documentos que o instruíram, sob pena de inadmissibilidade {Art. 1018}. Se os autos forem físicos, precisa o agravo de ser instruído com as seguintes peças {Art. 1017}:

1. Obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.

2. Com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos acima, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal.

3. Facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis

4. Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e da parte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos Tribunais.

B. Sendo eletrônicos os autos, o agravante poderá juntar cópia do agravo protocolado {não causa inadmissibilidade}. A comunicação, que é facultativa, da interposição do agravo serve para que o juiz de primeiro grau tome conhecimento do recurso e possa exercer o juízo de retratação {o juiz sempre pode se retratar - vai fazer outra decisão interlocutória}. Se o juiz informar que reformou a decisão, o agravo será considerado prejudicado. A instrução não é necessária, porque o Tribunal tem acesso aos autos digitais. No caso do Paraná, como o primeiro grau é eletrônico e o

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segundo grau é físico, vai ter que imprimir as razões do recurso do primeiro grau e fazer instrução {caso A}.

II. Procedimento no Tribunal: após esses atos o relator pedirá dia para julgamento {em prazo não superior a um mês da intimação do agravado}.

1. Relator poderá atribuir suspensivo ou antecipar a tutela recursal

2. Ordenar a intimação do agravado para contrarrazões

3. Intimação do MP para manifestar-se nos autos {se for o caso}

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

É o único recurso que tem efeito interruptivo e é o próprio juiz que irá julgar. Possuem prazo de interposição de 5 dias e não se sujeitam ao preparo. Aplica-se o prazo em dobro em caso de litisconsórcio - autos físicos e procuradores distintos. Via de regra, os embargos não têm contraditório. O cabimento dos embargos de declaração, é para toda e qualquer decisão, para corrigir os vícios de {Art. 1022}:

• Omissão

• Obscuridade

• Contradição

• Erro material

I. Efeitos infringentes: efeitos modificativos. Excepcionalmente, em virtude dos vícios, o recurso de embargo de declaração pode ter efeito modificativo, efeito infringente - altera a sentença em razão do vício existente. Sempre que acontecer esses efeitos infringentes - modificativos - há de haver contraditório. {o juiz tem que fazer um prognóstico - se a parte dispositiva for alterada com o acolhimento dos embargos, ele precisa abrir ao contraditório}. Nos efeitos infringentes dos embargos de declaração, o juiz deverá intimar o embargado para responder no prazo de 5 dias.

II. Julgamento dos embargos: sempre ocorrerá pelo próprio órgão julgador. Os prazos para o juiz são sempre impróprios - 5 dias. Se for no Tribunal, será em mesa na sessão subsequente ou incluído em pauta automaticamente. Opostos contra decisão monocrática ou unipessoal: será decidido monocraticamente.

III. Fungibilidade dos embargos de declaração com agravo interno, com complementação das razões em 5 dias {Art. 1024}. Se for o caso do relator entender que não é caso de embargo de declaração, mas de agravo interno, não indeferirá. Princípio da primazia do mérito - recurso sobre a forma.

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IV. Embargos de declaração prequestionadores:

A. Muitas vezes, os embargos declaratórios são utilizados como meio de prequestionamento de questões constitucionais ou federais, são utilizados como meio de provocar a pronúncia do órgão julgador a respeito da aplicação de determinadas normas constitucionais ou federais ao caso concreto. Nesses casos, normalmente é verificada a omissão; contanto, pode ocorrer de, mesmo existindo omissões, o órgão jurisdicional não as reconhecer, o que poderá ocasionar a indevida inadmissão ou rejeição do recurso. A fim de evitar duplicações recursais {um recurso voltado a analisar a violação ao art. 1022 e um voltado a analisar a questão anteriormente omitida de forma indevida}, serão considerados “incluídos no acórdão do embargo os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes: erro, omissão, obscuridade ou contradição”.

V. Embargo e as partes: pode acontecer de, entre a interposição dos embargos declaratórios e a data de publicação da decisão embargada, a parte contraria ter interposto outro recurso contra a decisão originária. {decisão - embargo - recurso - decisão da decisão embargada}. Nesse caso, duas situações podem ocorrer:

A. Caso o acolhimento dos embargos declaratórios implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem direito de complementar ou alterar suas razões nos exatos limites da modificação no prazo de 15 dias, contado do primeiro dia útil subsequente ao dia da intimação da decisão dos embargos declaratórios.

B. Se os embargos forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte, antes da publicação do julgamento dos embargos será processado e julgado independentemente de ratificação.

VI. Efeito dos embargos de declaração: interrompem o prazo para outro recurso e não possuem efeito suspensivo {excepxionalmente}. Ele não pode ser usado para efeitos protelatórios, por isso que será aplicada multa para quem fizer em razão disso: 2% sobre o valor da causa atualizado, reiteração dos embargos declaratórios protelatórios, elevação da multa em até 10% do valor da causa atualizado. Condiciona o recolhimento e a interposição de outros recursos. Caso os dois embargos anteriores tenham sido considerados protelatórios, veda-se a utilização de novos embargos {além da multa}.

AGRAVO INTERNO

Cabe das decisões monocráticas do relator {Art. 1021}, tem prazo de 15 dias para interposição e 15 dias para contrarrazões. Antes, esse agravo era chamado de agravo regimental, porque via de regra, ele está previsto no regimento interno dos Tribunais

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{eventualmente, para alguma decisão excepcional era previsto no regimento interno um agravo regimental}.

O agravo interno será dirigido ao relator e propicia o juízo de retratação. Caso o relator não se retrate, o agravo interno será levado a julgamento ao órgão colegiado. O único objetivo é levar ao órgão colegiado o conhecimento da matéria, para que confirme ou não a decisão do relator. A admissibilidade está condicionada à impugnação específica da decisão monocrática. O relator não poderá repetir os argumentos da decisão monocrática para julgar improcedente o agravo interno {não poderá manter a decisão, mantendo a fundamentação pelos próprios fundamentos}.

Se o agravo interno for julgado manifestamente inadmissível, ou improcedente em votação unanime, o órgão colegiado condenará o agravante ao pagamento de multa de 1% a 5% do valor da causa atualizado a ser revertida ao agravado. Condenado ao pagamento de multa, o agravante somente poderá interpor novos recursos se recolher a multa, salvo no caso de gratuidade da justiça ou a Fazenda Pública cujo pagamento será efetuado no final.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL

Enquanto as Cortes de Justiça {Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais} assumiram o posto de cortes de controle e de jurisprudência, as Cortes supremas são cortes de interpretação e de precedentes, fazendo reconstruções interpretativas, decidindo quais os significados devem prevalecer a respeito das dúvidas interpretativas geradas pela prática forense, tendo uma vocação de guia interpretativo.

O prazo para interposição desses recursos é de 15 dias {Art. 1003} e contrarrazões. Serão interpostos, se for o caso, em petições distintas, perante o presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido. A petição do recurso deverá conter {art. 1029}:

• Exposição do fato e do direito {delinear o caso em todos os seus aspectos}

• Demonstração de cabimento do recurso

• Razões do pedido de reforma ou invalidação da decisão

Não é possível rediscutir a existência ou inexistência dos fatos em recurso extraordinário e em recurso especial: o recorrente tem que trabalhar com o caso em seu recurso partindo da narrativa fática estabelecida pela decisão recorrida. O STF e o STJ não podem considerar existente fato considerado inexistente pelo acórdão e vice-versa. Discute-se o caso em todos os aspectos, mas não se interfere na conformação do caso outorgada pela decisão recorrida.

Os recursos especiais e extraordinários podem ser interpostos sem que haja precedente anterior, devendo a parte demonstrar a violação à legislação federal e à Constituição,

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respectivamente. Se for baseado em precedente, os casos devem ser comparados em todos seus aspectos. Precedentes são aplicáveis tanto no RESP quanto no REXT, se já houverem casos anteriormente julgados no RESP há a figura do dissídio jurisprudencial {art. 105, c - CF} devendo a parte comprovar a divergência segundo o art. 1029 § 1º, bem como demonstrar as semelhanças fáticas do caso a ser julgado com as decisões já consolidadas.

Em qualquer caso, o recorrente tem o ônus de demonstrar nas suas razões recursais a causa constitucional ou federal que pretende ver examinada, tem o ônus de apontar na decisão recorrida a questão que foi equivocadamente tratada.

I. Prequestionamento: requisito comum, o recorrente deverá demonstrar nas suas razões que a causa constitucional ou federal foi tratada no acórdão recorrido e equivocadamente julgada. A decisão recorrida deve ter tratado da questão federal ou constitucional {art. 105, III e 102, III - CF}. O recorrente deve mostrar que a causa federal ou a constitucional esteve presente no acórdão.

II. Procedimento dos RESP e REXT: as razões recursais deverão ser protocoladas perante o Tribunal de 2º grau {juízo de admissibilidade}, que abrirá vistas ao recorrido para contrarrazões {prazo de 15 dias}. Independentemente de juízo de admissibilidade os autos serão remetidos ao STJ ou STF. O juízo de admissibilidade do recurso especial e do recurso extraordinário é de competência exclusiva do STJ e STF. As Cortes Superiores poderão desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção {se o vício não for grave - art 1029 § 3º}.

A. O livre trânsito {do RESP e REXT} é a possibilidade de um dos Tribunais superiores mandar para o outro {o STF verifica que não é constitucional a questão, mas questão federal, então vai ser mandado ao STJ, - se for do STJ para o STF, haverá um prazo de 15 dias para que o recorrente demonstre a repercussão geral e remeter os autos ao STF} tem exceções, nos casos de recursos suspensos em razão de decisões nos recursos repetitivos {art. 1035, § 8º 1036 e 1040} {1032 e 1033}.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

I. Processo individual: o relator fará análise da repercussão geral e se a reconhecer determinará a suspensão {sobrestamento} de todos os processos pendentes ou individuais com a mesma matéria em todo território nacional {art. 1035 § 5º}. Será julgado no prazo de 1 ano, sob pena de cessar a suspensão. Recurso inutilmente sobrestado se for intempestivo. A parte interessada pode postular o seu imediato não-conhecimento. Negada a repercussão geral, o presidente e o vice-presidente negarão seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem.

II. Repercussão geral: requisito do recurso extraordinário para as questões constitucionais - STF -, exige que o recorrente demonstre que a causa é relevante do ponto de vista econômico, social, ou jurídico e ultrapassa os interesses subjetivos da causa {art. 1035 § 1º}. Repercussão geral {termo vago} deve ser concretizado pelo julgador aplicando-

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se os conceitos de relevância e transferência. Não basta a decisão tratar apenas de uma questão constitucional, é necessário que haja interesse para o país, se a causa for relevante para toda a sociedade. Se o STF decidir uma questão, vai ser afetado todo o sistema, todo o país {ex. se legalizar o aborto, o SUS terá que passar a fazê-lo}. Reconhecida a repercussão geral, o relator no STF deverá determinar a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional. Ocorre presunção da repercussão geral quando o acórdão:

• Contrariar a súmula ou precedente do STF

• Contrariar tese firmada em julgamento de casos repetitivos

• Reconhecer a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal

III. Recurso extraordinário e recurso especial repetitivos: julgamento em bloco ou recursos repetitivos {art. 1036 a 1.040}. Sendo o STF e STJ cortes de interpretação e de precedentes, a completa análise de determinada questão em uma única oportunidade é tendencialmente suficiente para que essas cortes tenham por adimplidas suas funções paradigmáticas. Procedimento para a solução de recursos repetitivos:

1. Seleção de recursos fundados em idêntica controvérsia por parte do P ou do VP dos tribunais locais ou por iniciativa de um relator de determinado RESP ou REXT;

2. Afetação da questão para julgamento - relator - identificação da questão para julgamento, pode haver mais de um relator que afete a questão, sendo prevento aquele que primeiro proferiu a decisão de afetação. Determinará o relator a suspensão dos processos com a mesma afetação {no seu estado ou região}. Requisitará aos vices e Presidentes dos Tribunais locais os recursos representativos das controvérsias;

3. Julgamento do recursos representativos da controvérsia;

4. Irradiação dos efeitos para os casos repetidos.

A. Instrução da controvérsia: intervenção do amicus curiae {art. 1038 e 1028, I} audiências públicas, com depoimento de pessoas com experiência e conhecimento da matéria {art. 1038, II}.

B. Julgamento do recurso representativo da controvérsia: irradiação dos efeitos

para os casos repetidos. Os tribunais de origem não podem se negar a aplicar o precedente, conforme decidido pelos Tribunais Superiores.Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados analisarão os recursos {serão

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inadmitidos ou desprovidos}. Negada a repercussão geral os recursos serão inadmitidos.

IV. Julgado o recurso repetitivo no mérito:

A. Os tribunais de origem negarão seguimento aos recursos especiais e extraordinários se o acórdão recorrido coincidir com a orientação dos STJ e STF;

B. Se o acórdão recorrido estiver em confronto com a orientação das Cortes Superiores, o órgão do Tribunal de 2o grau reformará sua decisão {juízo de retratação do acórdão};

C. Os processos suspensos em primeiro e segundo graus retomarão seu curso para julgamento e aplicação do precedente firmado.

• Se a causa estiver em primeiro grau de jurisdição, a parte pode desistir da ação {independentemente do consentimento do réu} e antes da contestação não haverá pagamento de custas e honorários {art. 1.040 § 2o e 3o}.

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Matéria regulada nos artigos 1.043 e 1.044. Sua finalidade é uniformizar o entendimento “interna corporis” do STF e STJ sobre a matéria posta em causa, quando houver divergência entre seus órgãos fracionários. Os embargos de divergência só terão sentido a partir do momento em que houver reconstrução discursiva dos casos e decisões interpretativas que suportam as decisões divergentes, tendo o colegiado o dever de analisar as diferentes interpretações refazendo o percurso justificativo de ambas.

I. Competência para julgar os Embargos de divergência:

A. No STF do Plenário; B. No STJ: da Corte Especial se a divergência for entre Turmas e Seções; C. Seção se a divergência for entre Turmas;

II. É embargável o acórdão de órgão fracionário que {art. 1.043}:

• I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;

• III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;

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• § 3o Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros.

III. Procedimento: interposição no prazo de 15 dias em petição dirigida ao relator. Nas razões o recorrente deverá demonstrar a divergência (cotejo analítico) com as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados. A prova da divergência se fará com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência ou reprodução da internet, com a indicação da fonte. O procedimento para julgamento dos embargos de divergência serão regulados pelos Regimentos internos dos respectivos Tribunais. A interposição dos embargos de divergência no STJ interrompe o prazo para a interposição de recurso extraordinário por qualquer das partes (no caso de competência originária do STJ).

PROCESSO NOS TRIBUNAIS

Essa matéria é regulada pelos artigos 929 a 946. Registro e distribuição por sorteio obedecem a aleatoriedade e obediência ao juiz natural. O primeiro recurso distribuído torna prevento o relator para outros recursos no mesmo processo ou em processos conexos. Distribuídos os autos ao relator serão conclusos para em 30 dias elaborar o voto e restitui-los à secretaria com o relatório. O relator fará um estudo aprofundado do caso levando ao julgamento do colegiado. O relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível no recurso. Da decisão monocrática do relator caberá agravo interno.

I. Registro e distribuição: tendo ingressado o recurso no Tribunal, os autos serão registrados no seu protocolo no dia de sua entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com imediata distribuição {art. 929}. Distribuídos, os autos serão de imediato conclusos ao relator, que em trinta dias, depois de elaborar o voto, irá restituí-los, com relatório, à secretaria.

II. Poderes do relator {art. 932}:

• Dirigir e ordenar o processo no tribunal;

• Apreciar o pedido de tutela provisória;

• Não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;

• Negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo STF, do STJ m julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;

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• Depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:

a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido STF, do STJ em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;

• Decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal;

• Determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;

III. Julgamento colegiado: a pauta da sessão de julgamento será publicada no órgão oficial para intimação das partes. Se não houver previsão de sustentação oral {caso dos agravos}, o julgamento pode ser eletrônico {se nenhuma das partes se opuser};

IV. Ordem de Julgamento {artigo 936}

• Preferências legais -casos urgentes

• Houver sustentação oral, observada a ordem dos requerimentos {os requerimentos de preferência apresentados até o início da sessão de julgamento}

• Iniciados em sessão anterior

• Sustentação das razões oralmente: 15 minutos para cada parte {improrrogáveis}

• Novidade: sustentação oral por vídeo conferência em tempo real se o advogado for residente no interior, devendo requerê-lo até o dia anterior ao da sessão.

INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

Só se presta para questões de direito, não sendo admitidas para questões de fato comuns. Sua análise é de atribuição do tribunal de segundo grau {art. 977}, sendo que a decisão é obrigatória para todos os processos em que a mesma questão de direito se apresente na esfera de competência do tribunal julgador {art. 985}. Eventualmente, diante da interposição de recurso especial ou extraordinário em face da decisão do incidente, o julgamento final destes recursos poderá ser obrigatório para todos os tribunais do país {art. 987 § 2º}.

Segundo o art. 976, I, esse incidente só se presta quando houver efetiva multiplicação de processos; não basta o potencial risco de multiplicação e nem que a questão de direito tenda a repetir-se em outras causas futuras. E é necessário que essa multiplicação seja capaz de oferecer risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica {art. 976, II}.

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Não se admite o incidente, caso o STF ou STJ, na esfera de suas atribuições, já houver afetado o recurso para a definição, de modo geral, da orientação adequada sobre a interpretação do direito material ou processual.

A admissão do incidente compete ao órgão colegiado a quem é atribuído o seu julgamento, na forma do que dispõe o regimento interno do respectivo tribunal e do contido no art. 978. Distribuído o incidente, seu relator devera determinar a suspensão de todos os processos individuais ou coletivos em que se debata exclusivamente a questão de direito a ser examinada, no território de abrangência do Tribunal {estado ou região}, comunicando essa decisão a todos os juízes diretores de fóruns da área afetada. Deverá também intimar o MP para se pronunciar no prazo de 15 dias.

A decisão que julga o IRDR é passível de recurso especial e/ou extraordinário, conforme discuta matéria federal ou constitucional. A decisão do incidente pode, desde logo ser impugnada por esses recursos, independente da posterior aplicação que seja dada no caso concreto.

AÇÃO RESCISÓRIA

A ação rescisória objetiva reparar a injustiça da sentença transitada em julgado. Quando o seu grau de imperfeição é de tal grandeza que supere a necessidade de segurança tutelada pela res judicada. É ação, pois visa a rescindir sentença como ato jurídico viciado. É ação pela qual se pede a declaração de nulidade da sentença ou se pretende descontituí-la.

Conceito de ação rescisória: é o meio da qual se pede a desconstituição da sentença transitada em julgado, com eventual rejulgamento, a seguir da matéria nela julgada. Não precisa entrar contra toda a decisão, pode ser de apenas uma partezinha da decisão/ acórdão.

Não são recursos, são ações, incidentes ou meios em que você impugna a decisão judicial, portanto faz as vezes de recurso… É necessário ter um autor um réu, uma petição inicial dessa ação, é necessário ter citação. O recurso não precisa de uma petição inicial, ele caba por prolongar a existência da ação. A ação rescisória serve para quando a sentença transitou em julgado. Essa decisão será ou um acórdão de mérito ou decisão de mérito, ambas transitadas em julgado. Transitou em julgado, cabe ação rescisória. Se alguém perder o prazo para interpor recurso, a algumas hipóteses restritíssimas, pode entrar com ação rescisória. O direito vai conviver com injustiças, e a coisa julgada dá segurança jurídica e por isso que não pode quebrá-la por qualquer motivo {apenas por ação rescisória em alguns casos específicos}. Não vai ser apenas pedido a retirada a sentença do mundo jurídico, o Tribunal terá que rejulgar a lide; não basta a retirada da solução viciada, tem que ser dado um novo julgamento {desconstituição}.

Algumas sentenças processuais acabam por transitar em julgado, excepcionalmente. {ilegitimidade é reconhecida e o processo pode ser extinto sem julgar o mérito, não pode

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ser reproposta a mesma demanda, é necessário que seja sanado o vício - se não recorrer, vai transitar em julgado}{a única saída, no caso de a ação ser legítima, é ação rescisória - porque a parte era legítima}. Pode ter ação rescisória em relação a admissibilidade do recurso especial e do recurso extraordinário {juízo de admissibilidade provisório}{não cabe ao acórdão, se a ofensa a norma jurídica foi fraca; só caberia ao juízo de admissibilidade provisório}.

Em alguns casos, vale a ação anulatória de ato jurídico {ação autônoma de impugnação}, quando não se deseja anular a sentença, mas uma decisão que não é sentença propriamente ou então um laudo pericial.

I. Pressupostos:

A. Sentença de mérito transitada em julgado;

B. Algum motivo do artigo 966 do NCPC

• Se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz {se ficar comprovado crime de juiz — crimes típicos de funcionário público} {pode ser provado em ação criminal inclusive} {o cível e o penal são independentes, ou seja, se o juiz for inocentado no penal, pode ser discutido ainda no cível};

• For proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente {o impedimento pode ser discutido a qualquer momento, inclusive depois do transito em julgado}{144 CPC};

• Resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

• Ofender a coisa julgada {existência de outra coisa julgada, tem mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido - os processos são iguais, a que prevalece é a segunda, porque é a mais atual, mais concetânea ao direito, num momento novo} {mas, há uma divergência na doutrina};

• Violar manifestamente norma jurídica {é necessário ter uma agressão forte contra a lei federal/constitucional} {há uma súmula que proíbe uma ação rescisória perante uma sentença transitada em julgado mediante mudança de entendimento superveniente do Tribunal - não caracteriza como violação de norma jurídica - foi revogada recentemente pelo STF};

• For fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; Obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; For fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. {qualquer prova nova - inclusive testemunha}

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II. A diferença entre ação rescisória e ação anulatória de ato jurídico é que ação rescisória vale para a sentença sujeita a decisão o juiz decide, e que ação anulatória vale para quando o juiz homologa {art. 487}, ele não decide nada, ele apenas verifica se os atos formais estão presentes - anulando o ato de disposição das partes, com vício de vontade. Essas decisões que são homologadas pelo juiz não são sujeitas a ação rescisória. Cabe ação rescisória com fundamento no inciso V contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida.

III. O prazo para a propositura é de 2 anos e ele é decadencial, significa que, a princípio, não se prorroga {não é como o caso do prazo prescricional}{é necessário ingressar com a ação para que ocorra a citação do réu - pela citação não é interrompido o prazo}. O prazo decandencial flui sem retroagir e sem interrupção. O art. 975 diz que, em que se pese é um prazo decadencial, vai ser prorrogado, mesmo sendo decadencial - porque atinge o direito e não a pretensão. Porque o prazo não é de 2 anos, teria que se pensar que antes do prazo de dois anos, o réu tem que ser citado, portanto o prazo é anterior aos dois anos {prorrogação é porque retroage}. O termo inicial desse prazo, se fundada em nova prova, iniciará na data de descoberta da prova nova, observando o prazo máximo de 5 anos, contando do trânsito em julgado da ultima decisão proferida no processo {questão de exame de DNA}.

A. Efeitos da consumação da decadência: consumada a decadência, fica imune a posteriores ataques a autoridade da coisa julgada; em outras palavras, a sentença torna-se irrescindível, perdendo relevância o vício que se achava eivada.

B. Procedimento: a petição deve obedecer aos requisitos do artigo 319, deve conter os três elementos da ação: partes, causa de pedir e pedido. As partes poderão ingressar com AR as partes {e seus sucessores}, os que ingressaram como terceiros no processo {denunciação da lide, oposição, chamamento ao processo, nomeação à autoria} e assistentes, inclusive. O pedido é a própria rescisão {iudicium rescindens} e rejulgamento {iudicium rescissorium}. O rejulgamento não cabe em caso de ofensa à coisa julgada e incompetência absoluta. O valor da causa é o proveito econômico com a decisão → é sobre esse valor da causa multa de 5% sobre o valor da causa depositado como requisito para o AR {parte autora}, sob pena de indeferimento da inicial, em caso de improcedência ou inadmissibilidade por unanimidade. É requisito da ação rescisória o depósito dessa multa de 5% sobre o valor da causa, a qual reverterá ao réu em casos de indeferimento da inicial, em caso de improcedência ou inadmissibilidade por unanimidade.

C. Competência: sempre dos Tribunais - órgão colegiado.

D. Recursos cabíveis da decisão na ação rescisória:

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1. Embargos de declaração quando contiver os vícios da omissão, contradição ou obscuridade. Cabe de toda e qualquer decisão.

2. Recurso especial e extraordinário quando estão presentes os requisitos específicos de cada recurso {se o acórdão ofende lei federal ou constitucional}.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA {querella nutillatis insanabilis}

A ação rescisória pressupõe sentença com transito em julgado. Existem sentenças que não transitam em julgado nunca, porque nem sentenças são - são inexistentes juridicamente-, ou porque forma proferidas em processos que não têm pressuposto de existência. O vício da inexistência da ensejo à ação declaratória de inexistência, assim como sentença proferida por quem não é juiz, como advogado sem OAB que representa uma parte no processo.

Tratando-se de sentença juridicamente inexistente o meio adequado para retira-las definitivamente do mundo jurídico é o da ação declaratória de inexistência. É ação-relação jurídica autônoma - diversa daquele em que foi proferida a decisão que se quer impugnar, embora sem previsão específica legal no ordenamento a querela nullitatis sobrevive ao sistema jurídico.

Uma sentença inexistente é um simulacro de sentença e podem ser retiradas do mundo jurídico a qualquer tempo {ações imprescritíveis}. Essa sentença pode ser retirada do mundo jurídico a qualquer tempo sem necessidade de ação própria ou por meio dela. O que não tem como retornar ao status quo ante, vai ser resolvido por meio de perdas e danos.

Posição liberal {Wambier}:

• Sentenças com ausência de decisório • Sentença proferida em processo instaurado por meio de uma ação, sem condições da

ação • Sentenças com ausência de pressuposto processual de existência: citação, petição inicial,

jurisdição e capacidade postulatória • Sentença proferida sem um dos litisconsortes necesários unitários • Citação nula com revelia {o mais comum é ausência ou irregularidade de citação do réu

- se o réu comparece, ele irá sanar todos os vícios de citação} • Sentença que não contenha assinatura do juiz ou que não esteja escrita

Posição intermediária:

• Se ausentes os pressupostos processuais de existência

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Posição restritiva:

• Só cabe em sentenças proferidas por quem não é juiz

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