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CELCIMAR ALVES CÂMARA Procedimentos Legais e Protocolos sobre a Sistemática de Aquisição de Cadáveres naUniversidade Federal do Rio Grande do Norte para o Ensino de Anatomia Humana Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Ensino na Saúde do Centro de Ciências da Saúde como pré-requisito obrigatório para a obtenção do grau de Mestre em Ensino na Saúde. NATAL/RN

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CELCIMAR ALVES CÂMARA

Procedimentos Legais e Protocolos sobre a Sistemática de Aquisição de

Cadáveres naUniversidade Federal do Rio Grande do Norte para o

Ensino de Anatomia Humana

Dissertação apresentada ao Mestrado

Profissional em Ensino na Saúde do

Centro de Ciências da Saúde como

pré-requisito obrigatório para a

obtenção do grau de Mestre em

Ensino na Saúde.

NATAL/RN

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CELCIMAR ALVES CÂMARA

Procedimentos Legais e Protocolos sobre a Sistemática de Aquisição de

Cadáveres na Universidade Federal do Rio Grande do Norte para o

Ensino de Anatomia Humana

Dissertação apresentada ao Mestrado

Profissional em Ensino na Saúde do

Centro de Ciências da Saúde como

pré-requisito obrigatório para a

obtenção do grau de Mestre em

Ensino na Saúde.

Orientador: George Dantas de Azevedo

Co-orientador: Simone da Nóbrega Tomaz Moreira

NATAL/RN

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TÍTULO: Procedimentos Legais e Protocolos sobre a Sistemática de

Aquisição de Cadáveres naUniversidade Federal do Rio Grande do Norte

para o Ensino de Anatomia Humana

AUTOR: Celcimar Alves Câmara

DATA DA DEFESA: 10/04/2015

BANCA EXAMINADORA:

Professor Dr. George Dantas de Azevedo - Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professor Dr. Fausto Pierdoná Guzen

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Professor Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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"Hic locus estubimorsgaudetsuccurrere vitae"

“Este é o lugar onde os mortos se alegram em

ajudar a vida”

(Inscrição no frontispício do Teatro

Anatômico de Bolonha).

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, pelo dom da minha vida e pela oportunidade dada a mim

para alcançar os meus objetivos;

Aos professores do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Ensino na

Saúde pela coragem, dedicação e a maneira com que contribuíram para o sucesso do curso

e dos mestrandos;

Aos professores do Departamento de Morfologia pela amizade, comprometimento e

estímulo para participar do programa de Pós-Graduação – Mestrado Profissional em Ensino

na Saúde;

Aos professores da disciplina de Anatomia Humana pelo incentivo e estímulo em participar

do programa de pós-graduação, após 35 anos de luta, vivendo alegrias e desafios;

Os meus mais sinceros agradecimentos ao Professor Dr. George Dantas de Azevedo pelo

companheirismo, solidariedade e estímulo para que eu pudesse participar do programa de

pós-graduação;

Os meus sinceros agradecimentos a Professora Dra. Simone da Nóbrega Tomaz Moreira,

pela colaboração e orientação nas atividades para conclusão da dissertação;

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Os meus mais sinceros agradecimentos ao Professor Dr. Expedito Silva do Nascimento Jr,

chefe do Departamento de Morfologia, meu ex-aluno de graduação e colega da disciplina

de Anatomia Humana pelo companheirismo, amizade e pela ajuda primordial no

desenvolvimento dessa dissertação;

Aos servidores técnico-administrativos do Departamento de Morfologia pela amizade e

cooperação no desenvolvimento das minhas atividades profissionais;

Aos meus filhos, Lauro Tércio Bezerra Câmara, Eduardo César Bezerra Câmara e Lívia

Maria Bezerra Câmara por estarem sempre presentes em todos os momentos da minha vida

profissional.

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1.Número total de corpos não reclamados encaminhados para o ensino com registro no Departamento de Morfologia por instituição entre os anos de 1989 a 2011.(Página 40)

Tabela 2.Número de corpos não reclamados encaminhados para o ensino com registro no Departamento de Morfologia por períodos.(Página 40)

Tabela 3.Número de doadores com registro no Departamento de Morfologia por períodos.(Página 42)

Figura 1.Frequência de corpos não reclamados e disponibilizados para o ensino na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.(Página 41) Figura 2.Traçado gráfico do número de doadores de corpos para o ensino na UFRN, mostrando uma tendência de elevação nos últimos anos.(Página 42) Figura 3. Análise comparativa entre o número de cadáveres não reclamados entre a UFRN e a UERN.(Página 45)

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SUMÁRIO

Pág

Resumo

10

Abstract

11

1. Introdução

12

1.1. A sala de Dissecação: Indispensável em todos os aspectos

12

1.2. Bases legais para a utilização do cadáver no Brasil: Os corpos não

reclamados

14

1.3. O provimento 093/2012 do Tribunal de Justiça do RN e sua relevância

16

1.4. Os programas de doação voluntária de corpos

17

1.5. O ensino de Anatomia na UFRN

18

1.6. Justificativa

20

2. Objetivos

22

3. Métodos

23

3.1. Materiais

23

3.2. Comitê de Ética em Pesquisa

23

3.3. Regulamentação de fluxogramas administrativos para nortear o

encaminhamento de corpos para o ensino de anatomia

23

3.4. Desenvolvimento de ações voltadas para emular a autodoação de corpos 24

3.5.Avaliação preliminar dos resultados das estratégias realizadas 25

4. Resultados

26

4.1. Protocolos e ProcedimentosAcordados

26

4.2. Corpos não reclamados encaminhados

39

4.3. O Banco de Doadores da UFRN

41

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4.4 Discussão dos resultados 43

5. Aplicações Práticas na Formação dos Profissionais da Saúde

46

6. Referências

47

7. Anexos 50

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Resumo A disponibilidade de cadáveres para estudo e pesquisa vinha sendo feita tradicionalmente utilizando-se corpos não reclamados sem grandes formalidades no estado do Rio Grande do Norte. Com a complexidade jurídica, social, ética e moral dos tempos atuais, o simples encaminhamento desses corpos ao Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por parte dos órgãos envolvidos, passou a ser temido com o receio de transgredir a legislação penal. Isso desencadeou uma redução no número de cadáveres para as aulas práticas de Anatomia. Essa realidade levou o Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte a pesquisar mecanismos legais que solucionassem a escassez de cadáveres para o estudo e pesquisa. A metodologia utilizada contou com reuniões de discussão e apresentação de protocolos de aquisição de cadáveres com base na legislação vigente. Os resultados obtidos foram: (1) Publicação do provimento 093/2012 da Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, que dispõe sobre o registro de óbito dos cadáveres destinados às escolas de Medicina para fins de ensino e pesquisa; (2) Elaboração de protocolos para aquisição de cadáveres não reclamados junto às instituições; (3) Programa de doadores voluntários na Universidade Federal do Rio Grande do Norte .Por fim, concluímos que o conhecimento das atribuições por parte das instituições públicas e privadas, bem como o programa de doação voluntária aumentaram a oferta de cadáveres para o ensino da Anatomia Humana na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Palavras chave: Cadáveres, Anatomia, Doações.

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Abstract

The availability of cadavers for study and research had been done traditionally using unclaimed bodies without any major formalities. With the legal and moral complexity of current times, social, ethical and simpler outing of these bodies to the Department of Morphology, Federal University of Rio Grande do Norte, went to be with the dreaded fear of violating the criminal law. This triggered a reduction in the number of cadavers for anatomy practical classes. This reality has led the Department of Morphology, Federal University of Rio Grande do Norte researchin legal mechanisms thatsolutionthe shortage ofcadavers forstudy and research.The methodologyconsisted ofmeetingsfor discussion andpresentationofthe acquisitionof bodiesprotocolsbasedon current legislation. The results were: (1) Publication ofproviding093/2012theInternal Affairs DivisionoftheJusticeCourtof the State ofRioGrande do Norte, which provides for the registrationof deathofbodiesforthemedical schoolsfor teaching purposesandresearch, (2) Development of protocols foracquisition ofunclaimed bodiesat institutions; (3) Programvolunteer donorsat the Federal Universityof RioGrande do Norte. Overall, that the knowledge ofdutiesby publicandprivateinstitutions, as well as thevoluntarydonation programincreasedthe supply ofcadaversfor teachinganatomyhumanat the Federal Universityof RioGrande do Norte.

Key words: Human bodies; Anatomy; Donation.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. A sala de dissecação: Indispensável em todos os aspectos

O direito de dissecar foi conquistado depois de muitos séculos de lutas contra

ideais de pessoas de pouco conhecimento. Na atualidade, os estudantes de Medicina não

se dão conta de que ter a sua disposição, de forma legal e sem esforço por parte deles, um

corpo bem preservado para a dissecação é um privilégio pelo qual lutaram muito os

anatomistas ao longo de mais de 1000 anos. O corpo na mesa de dissecação é tudo que

sobra de algo que um dia foi um ser humano e que sempre deverá ser visto com respeito.

No princípio, os anatomistas eram obrigados a trabalhar de forma secreta e com cautela.

Seu trabalho necessitava ser realizado às pressas, já que sem técnicas de fixação perdia-se

muito rapidamente o corpo pela decomposição. Hoje, o único trabalho dos estudantes e dos

professores é manter uma atadura umidificada pela solução fixadora, principalmente nas

extremidades enquanto não se está dissecando. Atualmente, a generalização no uso de

computadores, no acesso à Internet e o assustador aumento do número de sites e softwares

relacionados à área de Anatomia têm amadurecido o conceito em muitas pessoas (incluindo

autoridades universitárias) de que os laboratórios de dissecação e os cadáveres são

desnecessários e sem utilidade na rotina diária dos estudantes de medicina e áreas

correlatas. É fácil visualizar a forte tendência para introdução de computadores e softwares

para o ensino em qualquer área como uma ferramenta complementar, no sentido da

consolidação de conteúdos em processos de ensino-aprendizagem (Leung et al., 2006;

Patel e Moxham, 2006). Entretanto, a introdução de novas ferramentas de “melhoria” para a

qualidade do ensino de Anatomia pode atingir níveis perigosos quando esta introdução visa

substituir ferramentas que têm sido a base de sustentação para o aprendizado nesta área

(Sugand et al., 2010).

Na disciplina de anatomia, esta avalanche tecnológica tem induzido algumas

pessoas a acreditar que os recursos computadorizados poderiam substituir a utilização de

corpos humanos no processo de aprendizagem (Shaffer, 2004; Aziz et al., 2002). Mais que

isso, não seria necessária a utilização de aulas práticas nos laboratórios e muito menos as

aulas teóricas, tendo em vista que tudo poderia ser encontrado na Internet, e o professor

poderia ser consultado para esclarecer eventuais dificuldades da “dissecação virtual”.

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Mesmo os aspectos mais particulares das estruturas mais profundas podem ser

reproduzidos com riqueza de detalhes pelos softwares. E os estudantes? onde eles

conheceriam a textura, a elasticidade, a consistência das estruturas estudadas? Será que a

experiência virtual substitui a construção da aprendizagem, a descoberta que apenas a

dissecação de um cadáver propicia? Será que eles reconheceriam as estruturas virtuais

quando colocados diante de situações reais em procedimentos cirúrgicos em um paciente

vivo? Improvável. Na corrente vertente de ensino da prática médica, muita atenção é dada a

uma forma de aprendizado passivo, impessoal, sendo muitas vezes o diagnóstico e terapias

aplicados sem o contato físico com o paciente. Entretanto, a Medicina é uma “arte” que

requer o desenvolvimento de práticas manuais. Os médicos quando atuam

necessariamente, precisam utilizar habilidades motoras para diagnosticar através de

técnicas de palpação, manusear um laringoscópio, endoscópio ou um bisturi durante

procedimentos cirúrgicos. Desta forma, os laboratórios de dissecação oferecem a

possibilidade única de aprender e praticar habilidades manuais requeridas na profissão

médica (Parker, 2002; Anyanwu e Ugochukwu, 2010). Algo que softwares e peças

plastinadas não permitem.

O processo de aquisição de novos conhecimentos ocorre por tentativa e erro.

Os diagnósticos são fundamentados no teste de hipóteses, as quais mobilizam ferramentas

diagnósticas e conseqüentes terapias para cada contexto. A dissecação pode ser vista como

uma preparação para o aprofundamento dessa visão científica indispensável para o

profissional desta área. Os estudantes munidos com as ferramentas de dissecação não

apenas podem ver, como também são estimulados a pensar: “Quando eu faço uma secção

neste nível, eu vou encontrar isso ou aquilo neste plano mais profundo”. Se este é o caso,

então ele terá aprendido algo. Por outro lado, se algo inesperado acontece, variações

anatômicas são comuns, ele também terá aprendido algo. Diferentemente do indivíduo vivo,

o cadáver não pune erros. Assim, softwares e peças plastinadas não permitem deduções

hipotéticas e nem emulam o processo de busca pelo conhecimento.

A prática da dissecação sobreviveu ao mais rigoroso teste pedagógico

conhecido: o teste do tempo (Jones et al., 1978). No contexto tradicional de aprendizagem

(ler, ouvir, ver) são de longe menos eficientes que o processo de aquisição ativa do saber

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que envolve a discussão, a construção de conceitos próprios e a investigação através de

métodos científicos adequados. A dissecação neste plano pode fornecer a possibilidade de

grandes trabalhos em grupo, oferecer a possibilidade de planejamento eficaz para atingir

objetivos palpáveis, além de proporcionar a oportunidade de construir e reconstruir conceitos

através da prática e da investigação científica. A aquisição de novos conhecimentos é bem

mais eficiente quando se estimula múltiplos sentidos. Assim, é bem mais interessante no

âmbito neurobiológico ativar diversos sentidos para facilitar a consolidação de novas

memórias. Desta forma, a dissecação é o método mais eficaz para contextualizar o

aprendizado da Anatomia Humana quando comparado com softwares ou peças plastinadas,

as quais geram educação e entretenimento, mas não conseguem consolidar memórias de

longo prazo para conceitos básicos ou complexos da anatomia dos sistemas biológicos.

Inegavelmente, a anatomia do entretenimento impede a busca pela construção

do conhecimento em estudantes que ingressam no curso médico pelo fato de apenas

reproduzir conhecimentos prévios. Portanto, adquirir ativamente conhecimento não é a

mesma coisa de reproduzir conhecimento. Você pode ter aprendido na escola a resolução

de uma equação diferencial, entretanto, se esse tipo de equação não faz parte de sua rotina

diária, esse conhecimento é perdido e, no futuro, os caminhos para resolver problemas

semelhantes terão sido esquecidos. O aprendizado não vive nos livros, vive na mente, não

sobrevive pela simples reprodução, mas principalmente pela produção de novos

conhecimentos. Qualquer coisa que seja conhecida e escrita em qualquer área de

conhecimento, mas que não seja praticada, torna-se inútil. A produção e a reprodução do

conhecimento adquirido nos cursos de dissecação servem para conservar e para salvar a

prática científica, através da busca por novos saberes e, portanto sendo benéfica para as

futuras gerações de médicos e demais profissionais da saúde (Korf et al., 2008).

1.2. Bases legais para a utilização do cadáver no Brasil: Os corpos não reclamados

No Brasil, apesar das campanhas para doação de corpos para o ensino, o

tema é bastante questionável. Segundo Espírito Santo et al (1981) era uma tradição oral,

sem maiores formalidades, usar corpos de indigentes e de cadáveres não reclamados pelas

respectivas famílias que permaneceu como se fosse lei.

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Com o avanço tecnológico e a crescente complexidade do mundo moderno,

surgiram dificuldades para o encaminhamento automático de indigentes às Escolas de

Medicina com contestações em diferentes setores, com alguns estabelecimentos

hospitalares se opondo à entrega de corpos com o receio de infringir, involuntariamente, a

Legislação Penal (Espírito Santo et al, 1981, Fornaziero e Gil, 2003). Por fim, a atuação

da Previdência Social causou problemas com o pagamento do auxílio-funeral unicamente

aos beneficiários que comprovassem as despesas de sepultamento, com isso, impedindo a

doação de corpos, sob pena de não receber o citado benefício. Com o pagamento, as

funerárias também recorrem à Prefeitura local e adquirem o recurso público para o

sepultamento de cadáveres não reclamados e não identificados (Cerqueira, 2000).Em 17 de

janeiro de 1980, o Ministério da Educação e Cultura, através da Portaria no 86, criou uma Comissão

Especial no sentido de estabelecer normas disciplinares sobre “o uso de cadáveres para estudo de

Anatomia Humana nas Escolas da área da Saúde” (Espírito Santo et al., 1981; Vieira,2001). As

conclusões motivaram a publicação de um número na “Série de Cadernos de Ciências da Saúde”,

editada pela Secretaria de Ensino Superior do MEC (Brasil, 1981) .

A Comissão, após extenso relatório, analisou toda a história do uso do

cadáver desde a De Res Sacra dos antigos romanos até a participação da Previdência

Social com o pagamento do auxílio-funeral, apresentou um anteprojeto que dispõe sobre a

cessão de cadáveres para fins didáticos e científicos (Espírito Santo et al., 1981; França,

1995).

Em 30 de novembro de 1992, o Poder Executivo decretou e sancionou a Lei nº

8.501 que “dispõe sobre a utilização do cadáver não reclamado para fins de estudos e

pesquisas científicas” (Anexo 1). Apesar da legislação vigente, a utilização de cadáveres no

ensino e na pesquisa corre sério risco de desaparecer, pois nos últimos anos, deparamo-nos

com um problema grave, uma redução crescente na oferta do número de cadáveres para o

ensino e para a pesquisa.

A complexidade jurídica, social, ética e moral que reveste a utilização do corpo

humano para o ensino e pesquisa passou a ser temida pelas Instituições, também sentida

no nosso Estado do Rio Grande do Norte, levando o Departamento de Morfologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte a requerer, junto ao Tribunal de Justiça (TJ-

RN), uma instrução normativa em julho do ano de 2012 (Provimento 093/2012 da

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Corregedoria Geral de Justiça, que regulamenta o registro de óbito dos cadáveres

destinados às Escolas de Medicina, para fins de ensino e de pesquisa de caráter científico

no Estado do Rio Grande do Norte, e dá outras providências (Anexo 2), com o objetivo de

atender a Lei 8.501, de 30 de novembro de 1992.

1.3. O provimento 093/2012 do Tribunal de Justiça do RN e sua relevância

Em que pese à existência da Lei Federal 8.501/92, que regulamenta o

processo de doação de corpos não reclamados para as escolas de medicina do Brasil, cada

estado apresenta particularidades administrativas e burocráticas, levando a uma

heterogeneidade no cumprimento das normas. Desta forma, cada unidade da Federação

necessita elaborar provimentos através de seus respectivos Tribunais de Justiça, para

viabilizar rituais administrativos em consonância com a lei 8.501/92, para uniformizar e

concretizar o objeto disposto em lei.

Após solicitação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em abril de

2012, a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte (TJRN)

aprovou e publicou o Provimento 093/2012 (Anexo II), o qual dispõe sobre todos os trâmites

administrativos que devem ser adotados pelas instituições de ensino, segurança, saúde e de

registro civil para viabilização de corpos não reclamados para o ensino nas escolas médicas.

Adicionalmente, o referido provimento contempla a possibilidade da doação do próprio corpo

para o ensino.

A publicação do provimento representa um grande passo para a Anatomia

Humana no estado do Rio Grande do Norte, pois reveste juridicamente o processo de

aquisição de corpos para o ensino, obrigando as instituições de ensino a registrar os corpos

para posterior reconhecimento. O cumprimento das normas vigentes por parte das

instituições gera visibilidade e clareza ao processo, conduz a um tratamento ético e confere

o respeito aos direitos fundamentais do cidadão e das respectivas famílias. A segurança

jurídica incorporada ao processo garantiu a credibilidade dentro das instituições de ensino

frente aos órgãos de saúde e segurança, responsáveis pelo encaminhamento dos corpos

não reclamados. Em resumo, o provimento 093/2012 do TJRN imprime uma obrigatoriedade

moral, ética e jurídica ao processo de ensino nas escolas médicas e representa um novo

estágio da disciplina de Anatomia Humana no estado do Rio Grande do Norte.

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1.4. Os programas de doação voluntária de corpos

O ato de doar o próprio corpo para o ensino de Anatomia Humana foi iniciado

nos Estados Unidos no ano de 1968. Todos os 50 estados norte-americanos garantiram o

direito de seus cidadãos a doarem o próprio corpo para as escolas médicas (Dalley et al.,

1993). O programa de doação de corpos da Universidade de Massachusetts (Umass) foi

iniciado em 1971, no mesmo ano da inauguração da Instituição e representa um dos mais

bem sucedidos programas de doação em todo o mundo (Bertman e Marks, 1985).

Atualmente, é possível verificar sistemas eficientes de doação de corpos para a Anatomia

Humana em países tais como Espanha, França, Japão, Alemanha, Aústria, China,

Thailândia e Inglaterra (Prakash et al., 2007; Sehirli et al., 2004). O processo de

legalização da doação de cadáveres humanos para utilização e treinamento nas escolas

médicas evoluiu em tempos de muita dificuldade. Antes do século XX, quando era comum

utilizar corpos de pessoas submetidas à pena de morte nas penitenciárias de todo o mundo,

pouca atenção era dada às questões humanitárias envolvidas no processo. O cuidado e o

respeito com os corpos atualmente por parte de professores, técnicos e alunos reflete uma

verdadeira evolução de atitude.

No Brasil, a reduzida quantidade de corpos não reclamados, destinada às

instituições de ensino, associada à ausência de conhecimento por parte da população

brasileira sobre a possibilidade da doação voluntária, tem levado as universidades a

investirem em campanhas de doação de corpos. Em resumo, os programas são baseados

em três pilares principais: informações gerais sobre os programas de doação vinculados a

mídia local, o processo de registro da doação e, por fim, a efetivação do processo da

doação. Apesar de todos os esforços institucionais, apenas a Universidade Federal de

Ciências da Saúde de Porto Alegre tem obtido sucesso, sendo atualmente a maioria dos

corpos disponibilizados para o ensino, provenientes de doação voluntária (Rocha et al.,

2013).

No Estado de Rio Grande do Norte, está previsto no provimento 093/2012

TJRN a doação voluntária do próprio corpo para fins de ensino nas escolas médicas,

conforme artigo 7º, transcrito abaixo:

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“Art. 7º O Oficial do Registro Civil competente devera efetuar regularmente o assento de obito

dos falecidos que, em vida, tenham feito autodoacao de seus corpos as escolas de medicina

para fins de ensino e pesquisa de carater cientifico.

§ 1º E adequada como prova da vontade do falecido a declaracao assinada por ele e duas

testemunhas, todos com firma devidamente reconhecida por tabeliao publico, ou a declaracao

feita por familiar ou representante legal do finado tambem com firma reconhecida.

§ 2º A Escola de Medicina, por meio de seu responsavel legal, manifestara por escrito

enderecado ao Oficial do Registro Civil competente, o interesse em receber o cadaver e

assumira todas as responsabilidades legais, inclusive a de comunicar ao cartorio para fins de

averbacao no respectivo assento, e a familia, o termino do interesse na utilizacao do corpo

para fins de ensino e pesquisa de caratercientifico.

§ 3º Do assento de obito constara, obrigatoriamente, a Escola de Medicina para onde o

cadaver for encaminhado.

§ 4º Na situacao a que se refere o § 2o, a familia ou os representantes legais do falecido, no

prazo de 15 (quinze) dias, manifestando sua intencao em proceder ao sepultamento do

cadaver, deverao comunicar tal providencia ao cartorio do registro civil para as

necessariasaverbacoes.

§ 5º Em caso de transcorrer tal prazo sem a respectiva manifestacao, a Escola de Medicina, as

suas expensas, providenciara o sepultamento do corpo.”

O referido artigo permite a realização de ritual administrativo por parte das

instituições de ensino e a correta conduta junto aos órgãos de registro civil, família e demais

interessados. Entretanto, faz-se necessário propor condutas uniformizadas entre as

instituições de ensino no Rio Grande do Norte no sentido de evitar caminhos administrativos

distintos para o mesmo fim jurídico.

1.5. O ensino de Anatomia na UFRN

A disciplina de Anatomia Humana da UFRN está vinculada ao Departamento

de Morfologia do Centro de Biociências. A Anatomia conta com 3 laboratórios climatizados e

que nos próximo anos receberá um eficiente sistema de renovação de ar. O Departamento

foi inaugurado juntamente com o Centro de Biociências no ano de 1981 e, ao longo de sua

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história, tem cumprido a missão de oferecer aos estudantes da área da saúde as bases

morfológicas para sua formação. Com a implantação do programa REUNI do governo

federal, a UFRN novos cursos de graduação foram criados, bem como a ampliação de

vagas dos cursos já existentes. Atualmente, a disciplina de Anatomia Humana recebe uma

média de 850 alunos matriculados em seus componentes curriculares distribuídos nos

seguintes cursos de graduação: Ciências Biológicas, Biomedicina, Dança, Educação Física,

Enfermagem, Engenharia Biomédica, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição e

Odontologia.

O curso de Medicina desenvolve uma elevada carga horária na disciplina de

Anatomia Humana, tendo como principal foco a disciplina de Anatomia Topográfica. Nesse

componente curricular, os alunos do terceiro período desenvolvem a prática da dissecação e

atuam ativamente para atingir objetivos específicos que contribuem para formação dos

futuros cirurgiões do nosso Estado. Assim como em muitos outros Estados da Federação, o

reduzido número de corpos também tem prejudicado esse importante e fundamental

componente curricular na UFRN. No ano de 2010, por exemplo, apenas um corpo foi

disponibilizado para uma turma de 50 discentes, nos períodos de 2013.1 e 2013.2, 3 corpos

e, nos períodos de 2014.1 e 2014.2, 2 corpos para 50 discentes. Evidentemente, esse

restrito número de cadáveres provoca uma sensível redução na qualidade do ensino na

nossa Instituição.

Ao longo do tempo, como forma de minimizar o impacto negativo da falta de

cadáveres, a UFRN vem investindo também na aquisição de modelos artificiais de qualidade

que, ao nosso ver, atuam como ferramentas auxiliares nas aulas práticas na UFRN. Um

grande esforço institucional vem sendo feito para construção de um Laboratório de

Plastinação, o qual seria o primeiro da Região Nordeste do Brasil a produzir peças

plastinadas. Esse laboratório reduziria, a médio prazo, a utilização de cadáveres nas turmas

que não necessitam da prática de dissecação, aumentando a oferta para cursos destinados

às áreas mais específicas da saúde.

O ensino de Anatomia na UFRN vive a expectativa de ampliar a oferta de

corpos para o ensino, fato que conduz a uma nova realidade voltada para o treinamento de

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cirurgiões e médicos nas diversas residências médicas em cirurgia na nossa instituição. O

Departamento de Morfologia tem como perspectiva ofertar cursos de dissecção experimental

para evitar que os residentes em cirurgia realizarem seus treinamentos em indivíduos vivos,

onde muitas vezes o erro pode não ser perdoado. Assim, acreditamos que a formação de

qualidade para os alunos de graduação, bem como para aqueles que precisam de

aperfeiçoamento em seus procedimentos operatórios, passam pela melhoria dos serviços

ofertados na Anatomia Humana da UFRN.

1.6 Justificativa

O estudo da anatomia, por se desenvolver mediante a utilização de cadáveres

humanos dentro de qualquer perspectiva, sobretudo para o ensino, deve estar revestida de

princípios morais, éticos e jurídicos que garantam os direitos fundamentais dos indivíduos

das famílias e que possa trazer o esperado retorno social almejado, muito embora

possamos encontrar ações que confrontam este contexto (Shaffer, 2004; Tuffs, 2003;

Hafferty, 1988). A divulgação da legislação sobre o uso de cadáveres, a qual define os

direitos e obrigações de cada instituição na utilização do corpo humano perante a sociedade

é fundamental para atingir um maior número de doadores e proporcionar um ensino de

qualidade. Adicionalmente, o presente trabalho reveste-se de importância social e

acadêmica, visto que a substituição de cadáveres humanos por modelos artificiais para o

ensino de Anatomia é um tanto perigoso, implicando enfraquecimento da relação

médico/paciente no futuro e dificultando o processo da humanização. Desta forma, a

instauração de normas jurídicas associadas à área de Anatomia no Estado do Rio Grande

do Norte,desde de julho de 2012, visa garantir direitos fundamentais a todo e qualquer

cidadão e necessita ter seu impacto acompanhado. Para isso, é fundamental criar rotinas

administrativas para garantir o fluxo dos processos associados ao cadáver não reclamado,

uniformizando o processo. Em paralelo, e não menos importante para área, a consolidação

de um eficiente programa de doação de corpos para o ensino de Anatomia na UFRN poderá

trazer sensível melhora ao atual quadro da disciplina no Estado do Rio Grande do Norte e

especificamente para a UFRN. Assim, consideramos imperiosa a divulgação das normas

jurídicas supracitadas junto às instituições hospitalares, segurança e demais instituições de

ensino. Adicionalmente, a presente proposta encontra eco na necessidade de divulgação

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para a sociedade em geral, relativo à possibilidade de autodoação de corpos para fins de

ensino e pesquisa.

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2. OBJETIVOS

Objetivos Gerais

O presente trabalho tem como principais objetivos regulamentar fluxogramas administrativos

para nortear o encaminhamento de corpos para o ensino de Anatomia, com base na

legislação vigente, bem como desenvolver ações voltadas para emular a autodoação do

corpo no sentido de ampliar o banco de doadores da UFRN.

Objetivos Específicos

Estabelecer constantes mecanismos de divulgação e esclarecimento junto aos hospitais,

ITEP e Serviço de Verificação de Óbito para viabilizar parcerias baseados na lei federal

8.501/92 e Provimento 093/2012 do TJRN.

Elaboração de protocolos capazes de estabelecer rituais administrativos a fim de uniformizar

condutas entre as instituições.

Desenvolver um programa de doação de corpos na UFRN, através de ações de divulgação

e esclarecimento para a sociedade.

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3. MÉTODOS

3.1. Materiais

Consideramos como materiais da pesquisa os dados secundários sobre todos

os cadáveres que foram encaminhados para fins de ensino e pesquisa na UFRN ao longo

da história do Departamento de Morfologia (DMOR) do Centro de Biociências até os dias

atuais. Para fins de análise foram considerados: 1.Corpos não reclamados encaminhados ao

DMOR; e 2. Corpos doados em vida registrados no banco de doadores do citado

Departamento.

3.2. Comitê de Ética em Pesquisa

A despeito do projeto envolver a utilização de dados secundários sobre a

doação de corpos e análise documental e não incluir sujeitos com autonomia para consentir

a participação na pesquisa, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa

envolvendo seres humanos da UFRN sob o número de protocolo 30412114.1.0000.5537,

tendo recebido parecer número 675.398, informando que pela natureza do projeto a

avaliação por parte do referido comitê não era cabível, visto que não apresentava

características de pesquisa envolvendo o ser humano.

3.3. Regulamentação de fluxogramas administrativos para nortear o encaminhamento

de corpos para o ensino de Anatomia:

A disponibilização dos corpos não reclamados para o ensino de Anatomia na

UFRN exigiu uma série de ações metodológicas ao longo dos anos de 2012 e 2014. Tais

ações estão discriminadas abaixo:

Elaboração de fluxogramas administrativos para atender o Provimento 093/2012 do

TJRN;

Reuniões com a Direção do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e equipe de

assistentes sociais;

Reuniões com a Direção do Hospital Santa Catarina e equipe de assistentes sociais;

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Reuniões com a Direção do Instituto Técnico e Científico de Polícia, Coordenadoria de

Medicina Legal e Delegacia Geral de Polícia Civil do RN;

Reunião com a Administração do Hospital Luiz Antônio e equipe de assistentes sociais;

Reuniões com a Reitoria para planejamento e avaliação de estratégias.

As reuniões referidas produziram ao final do período de 2014.1 um conjunto de

protocolos administrativos apresentados na sessão de resultados. Cada protocolo foi

amplamente debatido entre os hospitais, ITEP, cartórios e UFRN, resultando em uma maior

harmonia administrativa e interinstitucional.

3.4. Desenvolvimento de ações voltadas para emular a autodoação de corpos:

Um conjunto de medidas foi implementado à rotina administrativa do

Departamento de Morfologia, com o objetivo de ampliar o banco de doadores de corpos da

UFRN. As ações estão elencadas abaixo:

Reorganização do banco de doadores e digitalização dos arquivos;

Campanhas constantes junto às mídias falada e escrita (Anexo III);

Reorganização da página do Departamento de Morfologia, contendo todas as

informações necessárias para a doação do corpo;

Facilitação do acesso à página de doadores do Departamento;

Criação e distribuição de fôlder específico para divulgação em todos os setores da

UFRN e hospitais (Hospital Universitário Onofre Lopes, Maternidade Escola Januário Cicco,

Hospital Santa Catarina e Hospital Giselda Trigueiro).

Palestra sobre o banco de doação da Universidade Autônoma de Madrid, proferida pelo

Dr. Francisco Clasca Cabre no ano de 2014.

Palestra com monitores da disciplina de Anatomia Humana em 2014.

Palestra no eixo ético-humanístico do Módulo Biológico II da turma de medicina do 2º

período sob a coordenação da Prof.ª Simone Tomaz e com a presença de doadores de

corpos do banco da UFRN.

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3.5 Avaliação preliminar dos resultados das estratégias realizadas:

Foram utilizados os arquivos constantes na secretaria do Departamento de

Morfologia para avaliação numérica dos corpos disponibilizados para o ensino ao longo dos

últimos 20 anos que antecederam a normatização dos processos de encaminhamento de

corpos não reclamados no Estado do Rio Grande do Norte. Os dados obtidos foram

comparados proporcionalmente com os anos seguintes à implementação da norma pelo

Tribunal de Justiça do RN. Adicionalmente, realizamos uma análise comparativa entre o

número de doadores antes e após o lançamento do Programa de Doação de Corpos da

UFRN, constante no banco de doadores do DMOR. Informamos que não realizamos a

identificação dos indivíduos nessa pesquisa.

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4. RESULTADOS

4.1 Protocolos e Procedimentos Acordados

Após a aprovação do Provimento 093/2012 da Corregedoria do Tribunal de

Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, várias reuniões junto aos maiores hospitais da

capital e Instituto Técnico e Científico de Polícia (ITEP) foram realizadas no intuito de

promover ações para alinhar as condutas entre as instituições e evitar distorções na

interpretação da lei. Diante da diversidade de cadáveres não reclamados e a necessidade

de seu enquadramento legal para posterior disponibilização para o ensino, os seguintes

protocolos foram acordados:

1. Protocolo A: Corpos identificados com causa morte básica conhecida;

2. Protocolo B: Corpos não identificados com causa morte básica conhecida;

3. Protocolo C: Corpos identificados com causa morte básica desconhecida;

4. Protocolo D: Corpos não identificados com causa morte básica desconhecida.

Os protocolos resumem de forma objetiva o papel de cada instituição no

processo para disponibilização dos corpos não reclamados para o ensino e estão dispostos

a seguir:

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1. Protocolo A: Corpos identificados com causa morte básica conhecidas

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2. Protocolo B: Corpos não identificados com causa morte básica conhecida;

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3. Protocolo C: Corpos identificados com causa morte básica desconhecida

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4. Protocolo D: Corpos não identificados com causa morte básica desconhecida

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4.2 . Corpos não reclamados encaminhados

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, através do Departamento de

Morfologia, atuou como agente propositor da regulamentação no Estado do Rio Grande do

Norte em todas as etapas do processo. Nos últimos 3 anos, a instituição tem registrado em

cartório todos os corpos não reclamados disponibilizados para o ensino de Anatomia Humana.

Adicionalmente, as medidas adotadas pela UFRN revestiram ética e juridicamente o processo

de utilização do cadáver, gerando confiabilidade ao processo junto às instituições hospitalares e

demais institutos envolvidos.

Ao longo de sua história, a UFRN recebeu 55 corpos não reclamados

provenientes de instituições públicas, sendo 43 do sexo masculino e 12 do sexo feminino. Entre

as instituições que mais encaminharam corpos para a UFRN neste período identificamos o

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, que disponibilizou 37 corpos deste total (Ver tabela 1).

Entre os anos de 2001 a 2011 apenas 11 corpos não reclamados foram encaminhados para a

UFRN, gerando uma média de apenas 1 corpo por ano para o ensino de Anatomia Humana

(Tabela 2). Os dados apontam que a implantação de normas e protocolos específicos no

Estado do Rio Grande do Norte em julho de 2012 tem levado a um sensível aumento no

número de corpos não reclamados disponibilizados para o ensino de Anatomia na UFRN. Nos

últimos 4 anos foram encaminhados 12 corpos para a UFRN. Os dados sugerem um efetivo

impacto da normatização na postura das instituições em relação ao tema (Tabela 2 e Figura 1).

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Tabela 1. Número total de corpos não reclamados encaminhados ao Departamento de Morfologia da UFRN por instituição; período de 1989 a 2011.

Instituição Número de Corpos

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel 37

Hospital Santa Catarina 6

Hospital Universitário Onofre Lopes 1

Hospital Giselda Trigueiro 2

Hospital Geral Pedro Germano 2

Instituto Técnico e Científico de Polícia 6

Serviço de Verificação de Óbito 1

Total 55

Fonte. Secretaria do Departamento de Morfologia, UFRN, 2015.

Tabela 2. Número de corpos não reclamados encaminhados ao Departamento de Morfologia da UFRN por períodos.

Períodos Número de Corpos

1989 - 1993 31

1994 - 1998 13

1999 - 2003 4

2004 - 2008 4

2009 - 2011 3

2012 - 2015 *12

Total 67

Nota: *Elevação relativa do número de corpos após a publicação do provimento 093/2012 TJRN em relação aos últimos 13 anos (1999 – 2011). Fonte. Secretaria do Departamento de Morfologia, UFRN, 2015

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Figura 1. Evolução do número de de corpos não reclamados e disponibilizados para o ensino na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, período 1997-2015.

4.3 Banco de doadores da UFRN

O projeto desenvolveu ao longo do período de 2012 a 2015 uma série de ações

proativas com o objetivo de informar a população em geral sobre a possibilidade da autodoação

do corpo para o ensino de Anatomia humana, conforme destacado na seção referente à

metodologia. O banco de doadores da UFRN atualmente conta com um número de 103

doadores. A análise referente à expansão do número de doadores pode ser visualizada na

tabela 3 e na figura 2. Uma tendência de elevação no número de doadores pode ser verificada

ao longo dos anos, com uma nítida e rápida elevação do número a partir do ano de 2010,

período em que as ações propostas foram iniciadas.

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Tabela 3. Número de doadores com registro no Departamento de Morfologia da UFRN por períodos.

Períodos Número de Doadores

1980 - 1984 3

1985 - 1989 3

1990 - 1994 14

1995 - 1999 8

2000 - 2004 15

2005 - 2009 18

2010 - 2015 42*

Total 103

Nota: * Elevação das doações no último período Fonte: Secretaria do

Departamento de Morfologia da UFRN, 2015.

Figura 2. Evolução do Banco de Doadores de corpos da UFRN no período

1984-2015.

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Entre os anos de 2012 e 2015 foram distribuídos aproximadamente 20.000

fôlderes informativos sobre o banco de doadores da UFRN, contendo um conjunto de perguntas

e respostas mais frequentes sobre a dinâmica de doação de corpos para o ensino, além de

informações gerais sobre o Departamento de Morfologia com telefones e e-mails. Ademais,

outras ações na mídia foram executadas, como entrevistas nas principais emissoras de

televisão locais e entrevistas nos principais veículos de comunicação escritos do Rio Grande do

Norte.

O ato de doação compreende o preenchimento de um termo de doação, assinado

pelo doador e duas testemunhas com firma reconhecida. Além disso, o preenchimento de um

outro documento não obrigatório é solicitado ao doador, contendo informações socio-

econômicas dos doadores. Apenas 17 doadores preencheram tal formulário, de forma que não

foi possível estabelecer uma análise mais aprofundada do perfil socioeconômico dos doadores.

4.4 Discussão dos resultados

Os resultados apresentados mostram forte tendência de crescimento na oferta de

corpos para o ensino de Anatomia na UFRN. Nesse sentido, os dados referentes ao número de

corpos não reclamados associados ao aumento de doadores no banco apresentam potencial

para impactar positivamente na qualidade do ensino na área. A chegada de corpos não

reclamados constitui-se em uma ação de impacto imediato para a disciplina, enquanto que as

ações para elevação do número de doadores terão seu impacto medido em médio e longo

prazos.

A aprovação do provimento 093/2012 do TJRN representa um marco importante

para revestir o processo de encaminhamento de corpos para o ensino no Estado do RN.

Medidas semelhantes foram tomadas em outras unidades da Federação como Pernambuco,

Santa Catarina e São Paulo (Melo e Pinheiro, 2010), porém o impacto destas ações não foi

aferido nesses Estados, impossibilitando comparações com os dados apresentados neste

estudo. O presente projeto trouxe segurança jurídica aos administradores dos hospitais e ITEP,

os quais temiam pelo encaminhamento dos corpos para as universidades, devido à falta de uma

normatização compatível com seus regimentos.

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Os resultados apresentados podem ser comparados com o número de corpos não

reclamados encaminhados para outras instituições do Rio Grande do Norte, como por exemplo

a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), presente no município de

Mossoró/RN. É importante destacar que na UERN não observamos a presença de um banco de

doadores, sendo que toda a demanda de corpos apresentada pela instituição é fruto do

encaminhamento de corpos não reclamados na região Oeste do Estado. Um traçado gráfico

comparativo entre o número de corpos não reclamados entre a UERN e a UFRN (Figura 3)

demonstra uma queda no número de corpos disponíveis para o ensino na UERN nos últimos

anos e uma tendência contrária na UFRN. É possível atribuir essa tendência às ações deste

trabalho na capital e região metropolitana de Natal.

O presente trabalho estabeleceu uma reestruturação do banco de doadores de

corpos da UFRN. No Norte-Nordeste do Brasil não encontramos instituições de ensino públicas

ou privadas desenvolvendo ações semelhantes. Não é possível comparar os nossos resultados

com nenhuma outra instituição no Brasil, com exceção da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, especificamente a Faculdade de Ciências da Saúde de Porto Alegre, em que todos os

corpos disponibilizados para o ensino são oriundos de doações em virtude de um eficiente

programa desenvolvido pela instituição (Rocha et al., 2013). Os processos de divulgação e

conscientização da população para o ato de doar o corpo para o ensino é um processo lento,

porém contínuo. As campanhas de mídia, palestras, seminários, eventos em geral, imprensa

escrita e falada devem compor o arsenal metodológico para atingir todas as camadas da

população para que os resultados possam surgir em médio e longo prazos. Na Europa, na

América do Norte e na Ásia, grande parte das instituições desenvolvem suas atividades na área

de Anatomia a partir de fortes campanhas para doações(Ajita e Singh, 2007; Raftery, 2007),

não existindo, nessas instituições, corpos não reclamados provenientes de hospitais ou outros

institutos.

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Figura 3. Análise comparativa entre o número de cadáveres não reclamados

entre a UFRN e a UERN.

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5. APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

A possibilidade de uma efetiva elevação na oferta de corpos para o ensino de

Anatomia Humana no Estado do RN abre uma gama de outras possibilidades, não apenas para

o ensino de graduação, como para o treinamento de cirurgiões. Diversas técnicas operatórias

podem ser desenvolvidas e executadas de forma realística nos cadáveres e reprodutíveis em

situações reais de cirurgia (Cabello et al., 2014).Adicionalmente, espécimes poderão ser

plastinados no intuito de atender à crescente demanda dos cursos de graduação na área da

saúde.

Em resumo, o presente trabalho pretende mudar a dinâmica de uma realidade

difícil para a disciplina de Anatomia Humana no Estado do RN, servindo de exemplo para que

outras instituições do Norte e Nordeste possam seguir a mesma trajetória. Como conclusão,

podemos citar que:

A implantação de fluxogramas administrativos para nortear o

encaminhamento de corpos para o ensino de Anatomia humana mostrou ser uma estratégia

eficaz no âmbito da UFRN, estando claramente relacionada às ações junto aos órgãos

relacionados ao encaminhamento de cadáveres;

A realização de ações de divulgação e esclarecimento à sociedade

demonstrou ser uma iniciativa eficaz no sentido de elevar o número de potenciais doadores

de corpos para o ensino da Anatomia humana na UFRN.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anexo I

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Anexo II

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Anexo III