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PROCEDIMENTO DE DESENHOS - ESTÓRIAS Instrumento de Investigação Clínica

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Page 1: Procedimento de Desenhos - Estorias

PROCEDIMENTO DE DESENHOS - ESTÓRIAS

Instrumento de Investigação Clínica

Page 2: Procedimento de Desenhos - Estorias

É CARACTERÍSTICO DAS TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO CLÍNICA DA PERSONALIDADE

Uso da associação livre por parte do examinando;

Tem objetivo de atingir a exploração de aspectos inconscientes da personalidade;

Participação em recursos de investigação próprios das técnicas projetivas em geral, pela inserção de estímulos que se prestem a diferentes interpretações;

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É CARACTERÍSTICO DAS TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO CLÍNICA DA PERSONALIDADE

Emprego de meios indiretos de expressão, como os desenhos, a pintura, a dramatização, o ato de contar estórias, etc.

A ampliação da observação livre e da entrevista clínica não – estruturada, tomando destas a propriedade de flexibilidade, espontaneidade e imprevisibilidade que permitem uma sondagem abrangente da vida psíquica.

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WALTER TRINCA - 1972

NÃO É UM TESTE PSICOLÓGICO, É UM MEIO AUXILIAR DE CONDUZIR O EXAME PSICOLÓGICO

BASE: DESENHOS LIVRES E RECURSO DE CONTAR ESTÓRIAS

OCUPA UMA POSIÇÃO INTERMEDIÁRIA ENTRE OS TESTES PROJETIVOS GRÁFICOS E TEMÁTICOS E AS ENTREVISTAS SEMI E NÃO- ESTRUTURADAS

É UM PROCESSO DE "FAIXA LARGA“. OFERECE MAIOR AMPLITUDE DE INFORMAÇÕES COM MENOR SEGURANÇA ESTATÍSTICA, DIFERENCIANDO-SE DOS CHAMADOS TESTES OBJETIVOS.

Page 5: Procedimento de Desenhos - Estorias

HIPÓTESE DO AUTOR

O desenho livre, associado a estórias em que ele figura como estímulo para essas estórias, constitui instrumento

com características próprias para obtenção de informações sobre a

personalidade em aspectos que não são facilmente detectáveis pela

entrevista psicológica direta (TRINCA, 1972, p. 28)

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TECNICAMENTE

Os desenhos livres servem como estímulos de APERCEPÇÃO TEMÁTICA.

Reune e utiliza informações oriundas de técnicas gráficas e temáticas de modo a se constituir em nova e diferente abordagem da vida psíquica.

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TECNICAMENTE

É formado pela associação de processos expressivos – motores (entre os quais se inclui o desenho livre) e processos aperceptivos dinâmicos (verbalizações temáticas).

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CARACTERÍSTICAS

5 unidades de produção DESENHO LIVRE CROMÁTICO OU

ACROMÁTICO – Cada um sendo estímulo para que conte uma estória associada livremente após a realização de cada desenho

INQUÉRITO – fornece esclarecimentos TÍTULO

Destina – se a crianças, adolescentes e adultos

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APLICAÇÃO

Individual Material necessário:

Folhas de papel em branco, sem pauta Lápis grafite nº2 Caixa de Lápis de cor de doze unidades

A tarefa é realizada numa mesa, sobre a qual espalham-se os lápis, ficando o lápis grafite localizado ao acaso entre os demais.

Page 10: Procedimento de Desenhos - Estorias

APLICAÇÃO

Coloca-se uma folha de papel na posição horizontal com o lado maior próximo ao sujeito. Não se menciona a possibilidade deste alterar essa posição, nem se enfatiza a importância do fato.

Solicita-se ao examinando que faça um desenho livre. "Você tem esta folha em branco e pode fazer o desenho que quiser, como quiser".

Page 11: Procedimento de Desenhos - Estorias

APLICAÇÃO

Aguarda-se a conclusão do primeiro desenho. Quando estiver concluído, o desenho não é retirado da frente do sujeito. O examinador solicita, então, que conte uma estória associada ao desenho: "Você agora, olhando o desenho, pode inventar uma estória, dizendo o que acontece".

Page 12: Procedimento de Desenhos - Estorias

APLICAÇÃO

Se o examinando demonstrar dificuldade de associação e elaboração da estória, pode-se introduzir recursos auxiliares, dizendo-lhe, por exemplo: "Você pode começar falando a respeito do desenho que fez".

Em seguida, passa-se ao "inquérito". Neste, podem solicitar-se quaisquer esclarecimentos necessários à compreensão e interpretação do material produzido tanto no desenho quanto na estória. O "inquérito" tem, também, o propósito de obtenção de novas associações.

Após a conclusão da estória, e ainda com o desenho diante do sujeito, pede-se-lhe o título da produção.

Page 13: Procedimento de Desenhos - Estorias

APLICAÇÃO

O examinador tomará nota detalhada da estória, verbalização do sujeito enquanto desenha, ordem de realização das figuras desenhadas, recursos auxiliares utilizados pelo sujeito, perguntas e respostas da fase de "inquérito", título, bem como de todas as reações expressivas, verbalizações paralelas e outros comportamentos observados durante a aplicação.

Page 14: Procedimento de Desenhos - Estorias

APLICAÇÃO

O uso da borracha deve ser evitado para melhor se caracterizarem certas áreas em que o sujeito tem maiores dificuldades de desenhar. O uso da borracha faria desaparecer algumas configurações gráficas de valor psicológico. Se o examinando quiser, ser-lhe-ão entregues novas folhas de papel onde ele possa refazer o desenho, recolhendo-se, porém, a produção anterior.

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FINALIDADES

O Procedimento de Desenhos-Estórias destina-se à investigação de aspectos da dinâmica da personalidade, especialmente quando esta apresenta comprometimento emocional.

Em combinação com outros recursos, como as entrevistas e os testes psicológicos, oferece elementos adicionais ou complementares para a realização do diagnóstico psicológico.

O D-E pode ser empregado para o conhecimento dos focos conflitivos que se expressam como desajustamentos emocionais, prestando auxílio na intervenção terapêutica.

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INTERPRETAÇÃO

A partir de uma fundamentação psicanalítica, Walter Trinca propõe um referencial de análise para o Procedimento de Desenhos-Estórias, a ser utilizado, não como um esquema rígido, mas como uma forma de facilitação da interpretação do material.

SEGUE ALGUMAS CATEGORIAS

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I. ATITUDES BÁSICAS: EM RELAÇÃO A SI PRÓPRIO E EM RELAÇÃO AO MUNDO

1. Aceitação: São incluídas nesse traço as necessidades e preocupações com aceitação, êxito, crescimento, e atitudes de segurança, domínio, autonomia, auto-suficiência e liberdade.

2. Oposição: Atitudes de oposição, desprezo, hostilidade, competição, negativismo, não colaboração, desconsideração e rejeição aos outros...

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I. ATITUDES BÁSICAS: EM RELAÇÃO A SI PRÓPRIO E EM RELAÇÃO AO MUNDO

3. Insegurança: necessidades de proteção, abrigo e ajuda; atitudes de submissão, inibição, isolamento e bloqueio; percepção do mundo como desprotetor; medo de não conter os impulsos; dificuldades em relação ao crescimento.

4. Identificação Positiva: Sentimentos de valorização, auto-imagem e autoconceito reais e positivos, busca de identidade e identificação com o próprio sexo.

5. Identificação Negativa: Sentimentos de menos valia, incapacidade, desimportância, auto-imagem idealizada ou negativa e problemas ligados à imagem corporal.

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II. FIGURAS SIGNIFICATIVAS: FIGURA MATERNA, FIGURA PATERNA, RELACIONAMENTO ENTRE AS FIGURAS PARENTAIS, REAÇÕES DO

SUJEITO PARA COM AS FIGURAS PARENTAIS, FIGURAS FRATERNAS E OUTRAS.

1. Figura materna positiva: mãe sentida como presente, gratificante, boa, afetiva, protetora, facilitadora, sentimentos positivos em relação à mãe.

2. Figura materna negativa: mãe vivida como ausente, omissa, rejeitadora, ameaçadora, controladora, exploradora, atitudes e sentimentos negativos em relação à mãe.

3. Figura paterna positiva: pai sentido como próximo, presente, gratificante, afetivo, protetor, além de outros sentimentos amorosos e atitudes favoráveis em relação ao pai.

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II. FIGURAS SIGNIFICATIVAS3. Figura paterna negativa: pai ausente, omisso,

ameaçador, autoritário, além de outros sentimentos negativos em relação ao pai.

4. Figura fraterna (ou outras) positiva: aspectos de relacionamento com os irmãos e com outros iguais (companheiros, amigos, etc.); ou seja, cooperação, colaboração, igualdade, etc.

5. Figura fraterna (ou outras) negativa: refere-se aos aspectos negativos nas relações, isto é, competição, rivalidade, conflito, inveja, falsidade, etc.

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III. SENTIMENTOS EXPRESSOS: SENTIMENTOS CONSTRUTIVOS, DESTRUTIVOS E AMBIVALENTES.

1. Construtivos: alegria, amor, energia, conquista, sentimentos de mudança construtiva, etc.

2. Destrutivos: ódio, inveja, ciúme persecutório, desprezo, etc.

3. Sentimentos derivados do conflito: incluem-se os sentimentos ambivalentes, sentimentos de culpa, medos de perda e de abandono, solidão, tristeza, desproteção, etc.

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IV. TENDÊNCIAS E DESEJOS: NECESSIDADES DE SUPRIR FALTAS BÁSICAS, TENDÊNCIAS DESTRUTIVAS E CONSTRUTIVAS.

1. Necessidades de suprir faltas básicas: necessidades regressivas como desejos de proteção e abrigo, necessidade de manter as coisas da infância, de compreensão, de ser contido, de ser cuidado regressiva mente, de afeição primitiva, necessidades orais, etc.

2. Tendências destrutivas: inserem-se aqui as mais hostis, como desejos de vingança, de atacar, de destruir, de separar os pais, de ocupar (destruindo) o lugar do pai ou da mãe, necessidade de poder, de hostilizar, etc.

3. Tendências construtivas: são aquelas mais evoluídas, como necessidade de cura, de aquisição, de realização e autonomia, mas também de liberdade, de crescimento, de construtividade, etc.

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V. IMPULSOS: impulsos que prevalecem, intensidade, direção, formas de lidar, etc.

1. Amorosos. Reparação, ajuda, gratificação, conservação, etc.

2. Destrutivos. Abandono, morte, ataque, danificação, etc.

VI. ANSIEDADES1. Medo de castigo, desaprovação, privação, falta

de afeto, ser abandonado, medo de ter destruído ou danificado bons objetos ou o próprio Ego.

VII. MECANISMOS DE DEFESA1.Projeção, negação, regressão, racionalização,

repressão, deslocamento, formação reativa, etc.

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ANÁLISE

O psicólogo usa um "referencial de análise" já introjetado, que é resultante de sua experiência e de seus conhecimentos de Psicologia e Psicanálise. Não negamos, aqui, a riqueza do processo, mas, simultaneamente, alertamos sobre os cuidados que devem ser tomados para sua realização, especialmente se o profissional não dispõe de muita experiência clínica.

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BIBLIOGRAFIA

AIELLO-TSU, Tânia M.J. (1990) - O Procedimento de Desenhos-Estórias com tema. III Encuentro Latinoamericano de Psicologia Marxista y Psicoanálisis. Havana (Cuba).

Cunha, Jurema A. e cols. - Psicodiagnóstico-V. Porto Alegre (RS), Artes Médicas Sul: 428-438.

Trinca, W. (1987). Investigação clínica da personalidade: o desenho livre como estímulo de apercepção temática. 2.ed. São Paulo: EPU.

_________ (org) (1987). Formas de investigação clínica em Psicologia. São Paulo: Vetor.

http://www.desenhos-estorias.com/indexpt.html

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ALGUNS ESTUDOS AIELLO-TSU, Tânia M.J. (1991) - Vício e Loucura: estudo de

representações sociais de escolares sobre doença mental através do uso do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema. São Paulo (SP), Boletim de Psicologia, 41 (94/95): 47-56.

RESUMOApresenta os resultados de uma pesquisa sobre as representações sociais da doença mental, obtidos através da aplicação coletiva do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema em 36 escolares. Para ambos os sexos, o tema predominante é o uso de drogas, visto como fator etiológico básico, que resulta da influência de más companhias e/ou de problemas familiares. Doenças orgânicas e distúrbios familiares, além de outros temas, também são mencionados.

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BORGES, Thames W.C. (1998) - O Procedimento de Desenhos-Estórias como modalidade de intervenção nas consultas terapêuticas infantis. Tese de Doutorado. São Paulo (SP), Instituto de Psicologia da USP, 162 pp.

FELIPE, Sandra S.R. (1997) - A contribuição do Teste de Apercepção Infantil (CAT-A) e do Procedimento de Desenhos de Família com Estórias (DF-E) na avaliação de crianças envolvidas em disputas judiciais. Dissertação de Mestrado. São Paulo (SP), Instituto de Psicologia da USP, 322 pp.

Page 28: Procedimento de Desenhos - Estorias

FLORES, Ricardo J. (1984) - A utilidade do Procedimento de Desenhos-Estórias na apreensão de conteúdos emocionais em crianças terminais hospitalizadas. Dissertação de Mestrado. Campinas (SP), Instituto de Psicologia da PUCCAMP, 221 pp.

ALVES, Sirlei F.T. (2001) - Efeitos da internação sobre a psicodinâmica de adolescentes autores de ato infracional. [Internment effects on juvenile offenders' psychodynamics]. Dissetação de Mestrado. São Paulo (SP), Instituto de Psicologia da USP, 230 pp.