problemas de um serviÇo de enfermagem - scielo.br · - pregação nas enfermarias; ... -opinião...

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PROBLEMAS D E UM SERViÇO DE ENFERMAGE M - Experiência na estruturação de um programa de trabalho Dilma Neto de Menezes 1 , Maria do Carmo Santos Lopes 1 MENEZES D. N . & LOPES, M. C. S . Problem de um ser - ç o d ' e enfermagem ' experiência na extrutura ç ão de um proama de trab ; o . Rev. Bras. Enf., Brasla, 39 (2/3): 21-25, abr ./set ., 1986. RESUMO. O trabalho foi desenvolv ido visando identificar problemas e analisar sugestões que servissem de subs(dios para estruturação de um progr ama d atjvida es centrado . n . a� necessidades sent idas pelos enferme iros, estabelecendo estragéglas e açoes que possibi li- tem mudanças n a prátic a d a Enfermagem no hospit al em estudo. ABSTRACT. The main objective of th is work, was t o identify and analyse suggest ions that c an to be utilized for a structuration to the nurses need perce ived, establ ish ing strategies and actions that can change the Nursing pract ice in the hosp ital stud ied . IN TRODUÇÃO As experiências profissionais em assistência de enfermem dita ao paci ente e nos diversos níveis de liderança, des empenhando chefia de Serviços de Enfermagem, despertaram a preocupação com a ne- cessida de de efetu a análise dos problemas inerent es à assistência de Enfeagem a nível hospitalar. O cuidado de enf ermagem prestado ao paci ent e internado nos Hospitais apres enta tão graves deficiên- cias que , ao constatá-las, surgiram questionamentos sobre os fatores que, d e maneira favorável ou desfa- vorável, vêm int erf erindo na prática da profissão de Enfermagem . Apraz conhecer os trabhos científicos que, nos últimos os, têm enriquecido de conhecimentos a ciência da Enfermagem, mas constrange assistir à de- fasagem da tecnologia em relação ao desenvolmen- to das atividades em nossa realidade hospitalar. O problema assume importância, quando se to- ma consciência de que a mor ia dos enf ermeiros não está consciente dos desafios qu e lhes são impostos nos serviços ond e eles têm qu e assumir os encargos de chefes de equip es de enfermagem e , decorrente disto, os encargos de líd er es e de agent es de mudanças. A enfermem técnico-científica, no País, sur- u da necessidade de melhorar o nível de Saúde do povo, e parece que antes, como agora , tem-se que es- tar p reparado para a luta de mostrar, a cada dia , os problemas que inte rferem positiva ou negativamente na @uação da e nfeagem, e os quais têm rias repercussões na assistência ao cl ient e. Refletindo sobre o assunto, buscou-se identifi- car na literatura princípios e ref erências que serssem de embasamento a esse trabalho e encontrou-s e segu- rança ao constatar a já existência de Princípios Bási- cos de Enf ermagem BRASIL. Ministério da Saúde 3 , da competência das Unidades Prestadoras de Serviços de Enf ermem Hospitalar BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social 4 e da análise dos as- pectos relacionados com o papel atual do enfermeiro, seu espaço profissional e dos f atores que influenciam na administração da prática da profissão . Refletindo sobre o espaço profissional entendi- do como o lugar de inserção ou de ação social (AN- GERAMI & ALMEIDA l ), pode-se perceb er que os limites de atuação do enfermeiro não estão bem defi- nidos, e as fronteiras da profissão são invadidas por elementos de três níveis de formação que , receb endo salários diferentes, é de esperar que desempenhem pa- péis diferentes. Observae, entr etanto , que na prática isto não ocorre , e os de menor preparo são os que permane- cem 24 horas junto aos pacientes, reazando as ativi- da des ms compl exas da assistência de Enfermem. DOURADO S , questionando sobre o papel pro- fissional do enfermeiro no contexto stórico atu, afirma que "a nova enf ermei ra deverá s er o profissio- nal que estimulará a comudade pa que se ajude a si mesma". Em 1976 o seminário de OPS conclui que "qualquer papel de saúde é resultante de uma compl e- xa inter-r elação entre recomendações e expectativas das associações profissionais, órgãos empgado res , usuários, assim como da imagem e expectativas da pessoa que a desempenha". BARROS & ARAUJ0 2 , escrevendo sobre a prá- tica admistrat iva do enf ermeiro, f riza que esta é in- R . Bras. Enf . Brma, 39 (2/3). abr. / /iun . /iul. fago. /set. 1 986 - 21

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P R O B L E M AS D E U M SE RVi ÇO D E E N F E R M AG EM - Experiência na estruturação de um programa de trabalho

D i lm a N eto d e Menezes 1 , M a ri a d o Ca rmo San tos Lopes 1

MENEZES D . N . & LOPE S , M . C. S . Problemas de um servi­ço d

'e enfermagem ' experiência na extruturação de um

programa de trab;!ho . Rev. Bras. Enf. , Brasl1ia, 39 (2/ 3 ) : 2 1 -25 , abr ./set . , 1 9 86 .

R ESUMO. O trabal h o f o i desenvo lv id o v i sando i dent ificar p roblemas e ana l i sar sugestões que servi ssem de su bs(d ios para estrutu ração de um p rograma d� atjv ida,?es centrado

. n

.a�

necessidades sentid as pe los enfe rmei ros, estabelecendo estragéglas e açoes que poss i b i l i ­tem mudanças n a p rática d a E nfermagem no hosp ita l em estudo .

ABST RACT. The main objective of th i s work, was to ident ify and analyse su ggest ions that can to be uti l i zed for a structu ratio n to the n u rses need perceived, estab l ish ing strategies and act ions that can change the N u rs ing p ractice i n the hosp ita l stud ied .

I N TROD UÇÃO As experiências profissionais em assistência de

enfermagem direta ao paciente e nos diversos n íveis de liderança, desempenhando chefia de Serviços de Enfermagem , despertaram a preocupação com a ne­cessidade de efetuar a análise dos problemas inerentes à assistência de Enfermagem a nível hospitalar .

O cuidado de enfermagem prestado ao paciente internado nos Hospitais apresenta tão graves deficiên­cias que , ao constatá-las , surgiram questionamentos sobre os fatores que , de maneira favorável ou desfa­vorável , vêm interferindo na prática da profissão de Enfermagem .

Apraz conhecer os trabalhos cient íficos que , nos últimos anos , têm enriquecido de conhecimentos a ciência da Enfermagem , mas constrange assistir à de­fasagem da tecnologia em relação ao desenvolvimen­to das atividades em nossa realidade hospitalar .

O problema assume importância , quando se to­ma consciência de que a maioria dos enfermeiros não está consciente dos desafios que lhes são impostos nos serviços onde eles têm que assumir os encargos de chefes de equipes de enfermagem e , decorrente disto , os encargos de líderes e de agentes de mudanças .

A enfermagem técnico-científica , no País , sur­giu da necessidade de melhorar o nível de Saúde do povo , e parece que antes , como agora , tem-se que es­tar p reparado para a luta de mostrar , a cada dia , os problemas que interferem positiva ou negativamente na atuação da enfermagem , e os quais têm sérias repercussões na assistência ao cliente .

Refletindo sobre o assunto , buscou-se identifi­car na literatura princípios e referências que servissem

de embasamento a esse trabalho e encontrou-se segu­rança ao constatar a já existência de Princípios Bási­cos de Enfermagem B RASIL. Ministério da Saúde3 , da competência das Unidades Prestadoras de Serviços de Enfermagem Hospitalar B RASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social4 e da análise dos as­pectos relacionados com o papel atual do enfermeiro , seu e spaço profissional e dos fatores que influenciam na administração da prática da profissão .

Refletindo sobre o espaço profissional entendi­do como o lugar de inserção ou de ação social (AN­GERAMI & ALMEIDAl ) , pode-se perceber que os limites de atuação do enfermeiro não estão bem defi­nidos , e as fronteiras da profissão são invadidas por elementos de três níveis de formação que , recebendo salários diferentes , é de esperar que desempenhem pa­péis diferentes .

Observa-se , entretanto , que na prática isto não ocorre , e os de menor preparo são os que permane­cem 24 horas junto aos pacientes , realizando as ativi­dades mais complexas da assistência de Enfermagem .

DOURADOS , questionando sobre o papel pro­fissional do enfermeiro no contexto histórico atual , afirma que "a nova enfermeira deverá ser o profissio­nal que estimulará a comunidade para que se ajude a si mesma" . Em 1 9 76 o seminário de OPS conclui que "qualquer papel de saúde é resultante de uma comple ­xa inter-relação entre recomendações e expectativas das associações profissionais , ó rgãos empregadores , usuários , assim como da imagem e expectativas da pessoa que a desempenha" .

BARROS & ARAUJ02, escrevendo sobre a prá­tica administrativa do enfermeiro , friza que esta é in-

R ev. Bras. Enf. . Brasma, 39 (2/3). abr./moio/iun . /iul. fago. /set. 1 986 - 21

fluenciada pelas necessidades da comunidade na qual ela opera, e que a administração pode ser conceituada como o processo pelo qual o enfermeiro o rganiza e di­rige as atividades de enfermagem . Os insumos básicos decorrentes de recursos humanos e materiais necessá­rio s ao dese mpenho administrativo e à boa prát ica da organização dos se rviços de Enfe rmagem , na maioria das Instiuições de Saúde , são carentes e inadequados , e estas dificuldades somam-se ainda aos problemas de relacionamento inte r-pessoal e de comunicação entre os elementos da e quipe de trabalho .

O trabalho em equipe multi-profissional surge numa tentativa de mudança, visando somar os esfor­ços dos vários profissionais de saúde . FERNANDES6 afirma que a implantação da filosofia de saúde vem sofrendo interferências que decorrem da luta de al ­guns profissionais pelo status e compensação finan ­ceira , da falta de participação no desenvolvimento so ­cial , das relacões contlitivas de uma sociedade compe ­titiva onde o· jogo do poder impossibilita a prática da cooperação no trabalho , do monopólio de saber utili­zado por algumas profissões como instrumento de domin ação , e de papel secundário atribuído a profis­sões predominantemente femininas como é o caso da enfermagem.

Desempenhando chefia de Serviço de Enferma­gem em uma Instituição Hospital do INAMPS , bus­cou-se , após estudo dos aspectos abordados , identificar problemas e analisar sugestões que servissem de subsí­dios para estruturação de um programa de trabalho , centrado em necessidades visualizadas pelos autores e pelo grupo de enfermeiros do Hospital , estabele ­cendo estratégias e ações com vistas à realização de mudanças na prática da Enfermagem desenvolvida no Serviço .

OBJETIVOS • Identificar os problemas que interferem de

maneira negativa na atuação do enfermeiro no Hospital com relação a : ---

estrutura física estrutura funcional pessoal da equipe multi-profissional

- pessoal auxiliar . • Efetuar um estudo comparativo dos aspectos

visualizados pela chefia de enfermagem com os problemas identificados pelos enfermeiros do Serviço .

• Estabelecer um programa de trabalho basea­do na an álise dos problemas identificados e nas sugestões apresentadas pela chefia e pe­los enfermeiros do Hospital .

M ETODO LOG IA Para realização desse trabalho , efetuou-se um

levantamento de dados , que foi feito por meio da observação direta , entrevistas pessoais , reuniões com Chefias e pessoal das Unidades prestadoras de assis­tência , e aplicação de um questionário aos enfermei­ros de um Hospital do INAMPS , na Cidade de Recife , no período compreendido entre agosto a outubro de 1 984 .

O questionário utilizado como instrumento pa­ra sondagem de opiniões dos enfermeiros , foram uti-

lizadas somente as respostas aos itens 03 e 04 , as quais atendiam aos objetivos propostos .

Os enfermeiros que constituíram o universo do trabalho formaram um grupo de 50 que representam 67% do total de enfermeiros da Instituição .

O trabalho de identificação de problemas e su­gestões , efetuado pela Chefia do Serviço , foi realizado com a colaboração das Chefias das cinco Seções que compõem o Serviço de Enfermagem , e ainda obteve apreciação de enfermeiros das Unidades da Emergên­cia e da Internação do Hospital .

P ROCE D I M ENTOS E R ESU LTADOS O trabalho foi efetuado em etapas como se

segue : 1 � Etapa - Em outubro de 1 9 84 , foi efetuado

pela Chefia do Serviço de Enfermagem um levanta­mento dos principais problemas que afetavam de ma­neira negativa a atuação do Serviço de Enfermagem e que e stavam relacionados com estrutura física, fun­cional , com a equipe multiprofissional e com o pesso­al auxiliar , cujos resultados se encontram no esquema abaixo .

• Problemas que interferem na atuação do Ser­viço de Enfermagem . e m relação à estrutura física : - precário e stado de conservação do prédio ; - instalações hidráulica e elétrica danificadas ; - falta de vestiários ; - falta d e enfermarias destinadas a trata­

mento semi-intensivo de pacientes ; - falta de setor destinado a o preparo d e hi­- per-alimentação parenteral ; - falta de proteção nas janelas de enferma­

rias , para pacientes desorientados ; - falta d e setor destinado a arquivo morto

de expedientes da Enfermagem . em relação à e strutura funcional :

magem ; em relação à equipe multiprofissional :

comunicação inadequada; enfermeiros sobrecarregados com tarefas que não lhes são próprias ;

- falta de integração da equipe de trabalho; prática assistencial de enfermagem em de­sacordo com metodologia científica ;

22 - R ev. Bras. Enf, Brasma, 39 (2j3), abr.jmaiojiun.jiul. jago .jset. 1986

- falta de material de consumo ; - deficiente conservação do equipamento e - instalações em geral ; - limpeza precária ; - focos de insetos e roedores ; - impressos e expedientes em desordem nas - enfermarias e salas de chefias ; - pessoal trabalhando sem uniforme e sem

iden tificação ; - visitantes circulando , e religiosos fazendo - pregação nas enfermarias ; - fumantes nas diversas áreas do Hospital ; - falta de cumprimento às normas do traba­

lho em Centro Cirúrgico ; - freqüentes sugestões cirúrgicas ; - anotações incompletas e incorretas nos

prontuários ; - falta d e organização nos postos d e enfer­

--

-

- precárias condições de atendimento ao paciente grave fora da Unidade de Trata­mento Intensivo (UTI).

em relação ao pessoal auxiliar: - qualificação inadequada;

- quantidade insuficiente. 2� Etapa - Foram aplicados os questionários

aos enfermeiros, cujos resultados encontram-se nas ta­belas que se seguem:

TABELA 1 - Opinião dos enfermeiros de um Hospital do INAMPS sobre problemas relacionados com a estru­tura física que interferem na atuação do pessoal de enfermagem - 1984

PROBLEMAS N9 %

Planta física antiquada 14 28

Falta de vestiários e bebedouros 10 20

Má conservação das instalações 07 14

Posto de Enfermagem descentralizado 06 12 Falta de área para expurgo 02 04 Reformas no prédio em funcionamento 02 04 Falta de espaço para lazer dos pacientes 01 02 Em branco 07 14 Outros 01 02

TOAL 50 100

TABELA 2 - Opinião dos enfermeiros de um Hospital do INAMPS sobre problemas relacionados com a estru­tura funcional que interferem na atuação do pessoal de enfermagem - 1984

PROBLEMAS

Falta de organização e rotinas Comunicação inadequada Regime autocrático Falta de material Serviço de Enfermagem subordinado à Divisão Médica Outros Em Branco

TOTAL

NQ

11

08

07

05

05

06

08

50

%

22

16

14

10

10

12

16

100

TABELA 3 - Opinião dos enfermeiros de um Hospital do INAMPS sobre problemas relacionados com a equi­pe multiprofissional que interferem na atuação do pessoal de enfermagem - 1984

PROBLEMAS

Falta de integração e relacionamento Enfermagem assume atribuições de outros serviços Autoritarismo de alguns profissionais Falta de cumprimento às normas e rotinas Falta de urbanidade e humanização Desvalorização de alguns profissionais Tudo bem Outros Em branco

TOTAL

N9

20

07

06

04

02

02

02

02

05

50

%

40

14

12

08

04

04

04

04

10

100

Rev. Bras. Enf, Brasz'lia, 39 (2j3), abr.jmaiojiun.jiul.jago.jset.1986 - 23

TABELA 4 - Opinião dos enfermeiros de um Hospital do INAMPS sobre problemas relacionados com o pes­soal auxiliar que interferem na atuação do pessoal de enfermagem - 1 9 84

PROB LEMAS

Necessitam treinamento Falta integração na equipe de enfermagem Falta de responsabilidade Não aceitam ordens e supervisão Pessoal desestimulado Pessoal desviado de função Tudo bem Déficit de pessoal Falta de assiduidade Em branco

TOTAL

3� Etapa - Comparação dos problemas levanta­dos pela chefia do Serviço e apontados pelos enfermei­ros nos questionários , e análise das sugestões apre ­sentadas :

1 - O levantamento de problemas relacionados com a estrutura física da Chefia do Serviço demons­tra tendência para observação de detalhes da área físi­ca enquanto 14 enfermeiros (28%) consideram a plan ­ta física antiquada e os espaços insuficientes , numa vi ­são que consideramos da maior importância , visto que a construção do Hospital está realmente defasada , pa­ra a atual demanda de pacientes e a dinâmica do Ser­viço , que dispõe de 1 64 leitos para internação e aten ­de em média 650 casos por dia na Emergência e Am­bulatórios .

2 - A falta de vestiários citada pela chefia e por 1 0 enfermeiros (20%) denota o desconforto que de ­corre disto para o pessoal em Serviço .

3 - H á equivalência nas respostas em relação ao precário estado de conservação do prédio e das insta­lações hidráulicas e elétricas atestando a interferência de problemas gerais na atuação da enfermagem .

4 - A ausência de proteção nos leitos utilizados por pacientes inconscientes e falta de proteção nas janelas de enfermarias onde sâo internados pacientes que merecem vigilância , é um problema identificado pela chefia e evidenciado pelos acidentes já constata­dos no Serviço .

5 - Nas respostas aos problemas relacionados com a estrutura funcional , nota-se , nas colocações de um grupo de sete enfermeiros ( 1 4%) e de outro grupo de 05 enfermeiros ( 1 0%) , demonstração dos conflitos decorrentes , de status social do profissio ­nal na Instituição , nas citações relativas à existência de regime autocrático , subordinação do Serviço de Enfermagem à Divisão Médica e falta de valorização do enfermeiro .

6 - A interferência de dificuldades geradas pela falta de cumprimento às normas e rotinas é enfatiza­da por 1 1 enfermeiros (22%) e focalizada pela chefia , especificamente observada no trabalho do Centro Cirúrgico .

7 - A chefia do Serviço e enfermeiros salien tam os problemas decorrentes da falta de atendimento

N9 %

1 2 24 09 1 8 06 1 2 05 1 0 04 08 04 08 02 04 0 1 02 0 1 02 06 1 2

50 1 00

adequado à manutenção do equipamento e provimen­to de material de consumo .

8 - Foi focalizado pela Chefia a deficiência nas anotações dos prontuários e da falta de utilização do Método Científico na prática da Enfermagem mas não se observa a identificação deste problema por parte dos enfermeiros .

9 - A ausência de áreas destinadas para trata­mento aos pacientes em regime semi-intensivo , áreas para fumantes , local para arquivo morto e depósito de material , justificada pela Chefia como causa de desorganização no Serviço , não foi observada pelo grupo de enfermeiros .

1 0 - A s freqüentes suspensões d e cirurgia , pro ­blema identificado pela Chefia do Serviço , enfatizam uma desorganização que é caracterizada pela seguinte afirmação de um enfermeiro "a estrutura funciona inadequadamen te " .

1 1 - Tratando-se de problemas relacionados com o trabalho da equipe multiprofissional , um total de 20 enfe rmeiro s (40%) dá ênfase às dificuldades de relacionamento inter-pessoal , de comunicação e falta de integração entre os e lementos da equipe .

1 2 - A Chefia e 07 cnfermeiros ( 1 4%) salien ­tam a deficiência no trabalho de alguns elementos da equipe multi-profissional , sobrecarregando com tarefas diversas o pessoal de enfermagem .

1 3 - O autoritarismo de alguns profissionais é aspecto visto por 1 2% dos enfermeiros , interferindo de maneira negativa no trabalho de equipe multi-pro­fissional .

1 4 - No que se refere ao pessoal auxiliar, a Chefia cita o déficit de quantidade e a necessidade de melhor qualificação do grupo .

1 5 - Um total de 24% dos enfermeiros focaliza a necessidade de treinamento do pessoal auxiliar in ­cluindo também a falta de integração na equipe de enfermagem.

16 - Observa-se nos questionários que , em mé­dia , oito enfermeiros ( 1 2%) deixaram-no em branco , além do que outras re spostass são inadequadas origi­nando um questionamento :

- há desinteresse ou desconhecimento por es­tes profissionais , sobre a importância de um prévio

24 - Rev. Bras. Enf. , Braszlia, 39 (213), abr. lmoioliun. /iul. lago .lset. 1 986

diagnóstico da situação para e struturação de um pro ­grama de trabalho .

4'? Etapa - O programa de trabalho foi estrutu­rado para o período de 1 5 meses , iniciando -se em outubro de 1 9 84 .

O BSE RVAÇÕ ES O programa de trabalho foi elaborado para 1 5 meses abrangendo o último trimestre de 1 9 84 e o exercício de 1 985 . Na coluna colocada à direita do cronograma, observam-se anotações referentes ao anda­mento dos trabalhos seguindo-se avaliação das atividades realizada em abril de 1 985 . As dificuldades decorrentes da falta de auto­nomia do Serviço , que são uma constante da administração da Enfermagem no País , vão aos poucos sendo superadas e o desenvolvi­mento das atividades nos transmite seguran­ça e respeito dos dirigentes do Hospital e dos diversos elementos das equipes de trabalho . Nota-se que , à medida que problemas mais simples são solucionados , a atenção e o tem­po da Chefia do Serviço podem ser utiliza­dos em atividades programadas de maior al­cance com vistas à melhoria da assistência e organização do trabalho .

CONC LUSÃO A administração centrada na identificação de

problemas e com objetivos establecidos é imprescin ­dível no desempenho de qualquer trabalho .

Constata-se na prática da Enfermagem que estes plincípios perdem-se na labuta diária dos enfermeiros , gerando conseqüências indesejáveis , tais como a perda progressiva da autonomia do profissio ­nal e a falta de in tegração na equipe multi-profissio ­nal que , face às precariedades de condições em que se desenvolve a prática de profissão nas Instituições de Saúde , resulta em conflitos pessoais , falta de mo­tivação para o trabalho e deficiente desempenho técnico e administrativo .

Os fatores externos deficitários , os proble ­mas gerais referentes aos insumos básicos indispen ­sáveis ao trabalho, absorvem a atenção dos enfer­meiros , reduzindo seu tempo e incentivo para aqui­sição de conhecimentos e , mantendo-se em nível de trabalho quase empírico , perdem a visão para es ­tabelecer metas , com vistas à melhoria do padrão assi stencial , baseando seu trabalho em rotinas incom­patíveis com os ensinamentos recebidos a n ível acadêmico .

SUG ESTÕ ES Pelo exposto neste trab alho , considera-se que

as seguintes sugestões deverão ser consideradas pelos enfermeiros na prática administrativa:

1 - as dificuldades decorrentes das condições precárias de funcionamento das Instituições não de­vem conseguir fazer sombra aos anseios de mudança e à capacidade inovadora dos profissionais de enfer­magem;

2 - os pro blemas devem ser identificados pe ­los enfermeiros sempre que se disponham a iniciar um trabalho numa Unidade Assistencial ;

3 - a capacitação dos enfermeiros para e sta­belecer diagnóstico da situação deve ser estimulada a partir das Instituições de Ensino ;

4 - as diferenças individuais e a diferença de valore s devem ser reconhecidas e aceitas pelos elemen­tos da equipe multi-profissional , evitando que os con­flitos pessoais tenham interferência negativa no tra­balho ;

5 - a estruturação de um programa de trabalho deve ser pratica desenvolvida pelos enfermeiros na administração de Unidades ou Serviços de Enferma­gem desde os mais simples aos mais complexos ;

6 - a execução das atividades e os resultados obtidos devem servir de estímulo e atualização do programa de trab alho desenvolvido no Serviço .

MENEZE S , D . N . & LOPE S , M. C . S . Nu rsing se rvice p ro ­blems ; expe rience in a work p rogram s t ructuration . R ev. Bras. Enf. , Bras J1ia, 39 ( 2/ 3) : 21 -25 , ApL/Sept ., 1 9 86 .

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R ev. Bras. En/. , Brasllia, 39 (2/3), abr./maio/iun . /iul. jago./set. 1 986 - 25