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Probic/FAPERGS Vanessa Amanda Alves Gomes 1,4 , Marcelo Rossato 2,5 , Fabiana Agostini 3,4 , Joséli Schwambach 4,5 1 Bolsista - [email protected] , 2 Colaborador, 3 Co-orientadora, 4 Orientadora. 5 Laboratório de Biotecnologia de Produtos Naturais e Sintéticos Instituto de Biotecnologia. Universidade de Caxias do Sul Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130. CEP 95070-560 - Caxias do Sul - RS Brasil. INTRODUÇÃO E OBJETIVO Quantificação de compostos fenólicos em folhas e frutos de Myrcia oblongata DC. utilizando diferentes solventes de extração Sigla: PROBIO Produtos naturais com atividade biológica representam uma importante fonte para a obtenção de biomoléculas com vistas às suas aplicações farmacológicas e industriais. Dentre essas estão os flavonoides, um grupo de compostos fenólicos distribuídos nas plantas e associados à atividade antioxidante, a qual atua na neutralização e sequestro de radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento e doenças degenerativas associadas a este. Uma das variações de flavonoides são as antocianinas, grupo de pigmentos responsáveis pela maior parte das colorações avermelhadas, azuladas e suas combinações em estruturas vegetais. A espécie Myrcia oblongata DC. (Myrtaceae) é nativa do Rio Grande do Sul e popularmente conhecida como guamirim. Dentre suas características botânicas, destacam-se suas folhas com glândulas de óleo essencial e seus frutos roxo-enegrecidos, ambos com seus compostos bioativos ainda muito pouco estudados. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi quantificar o teor de compostos fenólicos e de flavonoides totais de folhas e frutos de M. oblongata avaliando, também, a influência do solvente de extração. METODOLOGIA Maceração com nitrogênio líquido de 5g de folhas e de frutos desidratados Extração em aparelho de Ultrassom (Quimis, Q3350) por 30 min. 50 mL de solvente: acetona:H2O (1:1), etanol:H2O (1:1), etanol:H2O acidificado (7:3) e água Método colorimétrico de Folin-Ciocalteau para determinação de compostos fenólicos totais [mg/100g] Método colorimétrico de Complexação por alumínio para determinação de flavonoides totais [mg/100g] Obtenção de extratos brutos secos e cálculo do rendimento da extração Análise das amostras em Espectrofotômetro à 760nm para fenólicos e 387nm para flavonoides totais Análise dos fenólicos por Cromatografia líquida de alta eficiência (HP 1100 Series RP 18) RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme apresentado na tabela 1, os maiores teores de compostos fenólicos foram obtidos nos extratos com etanol:H 2 O, para as folhas e acetona:H 2 O para os frutos. Já para flavonoides totais os maiores teores foram encontrados nos extratos com acetona:H 2 O, para as folhas, e etanol:H 2 O acidificado, para os frutos. Observou-se, também, que a concentração de flavonoides é maior do que a de fenólicos totais, tanto para as folhas, quanto para os frutos. E que, para ambos os compostos, as folhas obtiveram as maiores concentrações. As análises cromatográficas apontaram a possível presença dos seguintes compostos: ácido clorogênico, hesperidina, rutina, quercitina e naringina, nas folhas e nos frutos em todos os extratos, sendo a naringina o composto majoritário (gráficos 1 e 2). Concentração de fenólicos totais (mgEAG/100gMV) Concentração de flavonoides totais (mgEQ/100gMV) Solventes de extração Folhas Frutos Folhas Frutos Acetona:H 2 O 230,496 109,138 416 138,734 Etanol:H 2 O 235,957 49,493 377,06 56,405 Etanol:H 2 O acidificado 125,513 44,364 275,775 161,913 Água 118,974 59,659 192,106 118,855 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 Composto fenólico(mg/100gMV) Solvente de extração Acetona:água Etanol:água Etanol:água Água acidificado A 0 50 100 150 200 250 300 Composto fenólico (mg/100gMV) Solvente de extração Ácido Clorogênico Naringina Hesperidina Rutina Quercitina Acetona:água Etanol:água Etanol:água Água acidificado B Tabela 1: Concentração de fenólicos e flavonoides totais em folhas e frutos (média): Gráficos 1 e 2: Concentração de diferentes compostos fenólicos de folhas (A) e de frutos(B): CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados permitem concluir que o uso de solventes menos polares do que a água, em geral, acarreta em maiores rendimentos de compostos fenólicos em decorrência da maior afinidade entre solvente e soluto. A maior quantidade de compostos fenólicos e flavonoides nas folhas do que nos frutos pode ser explicada devido à maior eficácia da maceração para as folhas, devido à influência da polpa na maceração que a pode ter dificultado e mascarado a quantidade de compostos das cascas. Ainda, a concentração de flavonoides totais mais elevada do que a de fenólicos totais provavelmente está relacionada com a especificidade do método quantitativo. O método de Folin-Ciocalteau determina compostos fenólicos menos complexos, em função do padrão usado para comparação (Ácido gálico). Já o método de Complexação por Alumínio determina moléculas mais complexas, também devido ao padrão utilizado (Quercetina), sugerindo que a espécie possua tais tipos de compostos em maiores quantidades. REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS o ASAMI, D. K.; HONG, Y. J.; BARRETT, D.M.; MITCHELL, A. E. Comparison of the total phenolic and ascorbic acid content of freeze-dried and air-dried marionberry, strawberry, and corn grown using conventional, organic, and sustainable agricultural practices. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 1237-1241, 2003. o COSTA, A. G. V.; DIAZ, D. F. G.; JIMENEZ, P.; SILVA, P. I. Bioactive compounds and health benefits of exotic tropical redblack berries. Journal of Functional Foods, v. 5, p. 539-549, 2013. o GIEHL, E.L.H. (coordenador). Flora digital do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Disponível em: <http://ufrgs.br/floradigital >. Acesso em: 02 de jun. 2013. o LEITE, A. V.; MALTA, L. G.; RICCIO, M. F.; EBERLIN, M. N.; PASTORE, G. M.; MAROSTICA JR., M. R. Antioxidant potential of rat plasma by administration of freeze-dried jaboticaba peel (Myrciaria jaboticaba Vell Berg). Journal of agricultural and food chemistry, v. 59, n. 6, p. 2277-2283, 2011. o MELO, E. A.; MACIEL, M. I. S.; LIMA, V. L. A. G.; NASCIMENTO, R. J. Capacidade antioxidante de frutas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 2, p. 195-201, 2008. o ROESLER, R.; MALTA, L. G.; CARRASCO, L. C.; HOLANDA, R. B.; SOUSA, C. A. S.; PASTORE, G. M. Atividade antioxidante de frutas do cerrado. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas. v. 27, n. 1, p. 53-60, 2007. o SANTOS, M. F.; SANO, P. T. Flora fanerogâmica da Serra do Ouro Branco, Minas Gerais: Myrtaceae. Rodriguésia Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 63, n. 4, p. 1065-1083, 2012. o SILVA, M. L. C.; COSTA, R. S.; SANTANA, A. S.; KOBLITZ, M. G. B. Compostos fenólicos, carotenóides e atividade antioxidante em produtos vegetais. Semina: Ciências Agrárias, Londrina. v. 31, n. 3, p. 669-682, 2010. o SOBRAL, M.; PROENÇA, C.; SOUZA, M.; MAZINE, F.; LUCAS, E. Myrtaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB10733 >. Acesso em: 02 de jun. de 2013. o SOUSA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA JR., G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÚJO, D. S.; CAVALCANTE, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 351-355, 2007. o XU, B. J.; CHANG, S. K. C. A comparative study on phenolic profiles and antioxidant activities of legumes as affected by extraction solvents. Journal of Food Science, v. 72, n. 2, p.159-166, 2007.

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Page 1: Probic/FAPERGS Quantificação de compostos fenólicos em … · 2017. 8. 5. · Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi quantificar o teor de compostos fenólicos e de flavonoides

Probic/FAPERGS

Vanessa Amanda Alves Gomes1,4, Marcelo Rossato2,5, Fabiana Agostini3,4, Joséli Schwambach4,5

1Bolsista - [email protected] , 2Colaborador, 3Co-orientadora, 4Orientadora.

5Laboratório de Biotecnologia de Produtos Naturais e Sintéticos – Instituto de Biotecnologia. Universidade de Caxias do Sul – Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130. CEP 95070-560 - Caxias do Sul - RS – Brasil.

INTRODUÇÃO E OBJETIVO

Quantificação de compostos fenólicos em folhas e frutos de Myrcia oblongata DC. utilizando diferentes solventes de extração Sigla: PROBIO

Produtos naturais com atividade biológica representam uma importante fonte para a obtenção de biomoléculas com vistas às suas aplicações farmacológicas e industriais. Dentre essas estão os flavonoides, um grupo de compostos fenólicos distribuídos nas plantas e associados à atividade antioxidante, a qual atua na neutralização e sequestro de radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento e doenças degenerativas associadas a este. Uma das variações de flavonoides são as antocianinas, grupo de pigmentos responsáveis pela maior parte das colorações avermelhadas, azuladas e suas combinações em estruturas vegetais. A espécie Myrcia oblongata DC. (Myrtaceae) é nativa do Rio Grande do Sul e popularmente conhecida como guamirim. Dentre suas características botânicas, destacam-se suas folhas com glândulas de óleo essencial e seus frutos roxo-enegrecidos, ambos com seus compostos bioativos ainda muito pouco estudados. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi quantificar o teor de compostos fenólicos e de flavonoides totais de folhas e frutos de M. oblongata avaliando, também, a influência do solvente de extração.

METODOLOGIA

Maceração com nitrogênio líquido de 5g de folhas e de

frutos desidratados Extração em aparelho de Ultrassom

(Quimis, Q3350) por 30 min.

50 mL de solvente: acetona:H2O (1:1), etanol:H2O (1:1), etanol:H2O

acidificado (7:3) e água

Método colorimétrico de Folin-Ciocalteau para determinação

de compostos fenólicos totais [mg/100g]

Método colorimétrico de Complexação por alumínio para

determinação de flavonoides totais [mg/100g]

Obtenção de extratos brutos secos e cálculo do rendimento da extração

Análise das amostras em Espectrofotômetro à 760nm para fenólicos e 387nm para

flavonoides totais

Análise dos fenólicos por Cromatografia líquida de alta

eficiência (HP 1100 Series – RP 18)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme apresentado na tabela 1, os maiores teores de compostos fenólicos foram obtidos nos extratos com etanol:H2O, para as folhas e acetona:H2O para os frutos. Já para flavonoides totais os maiores teores foram encontrados nos extratos com acetona:H2O, para as folhas, e etanol:H2O acidificado, para os frutos. Observou-se, também, que a concentração de flavonoides é maior do que a de fenólicos totais, tanto para as folhas, quanto para os frutos. E que, para ambos os compostos, as folhas obtiveram as maiores concentrações.

As análises cromatográficas apontaram a possível presença dos seguintes compostos: ácido clorogênico, hesperidina, rutina, quercitina e naringina, nas folhas e nos frutos em todos os extratos, sendo a naringina o composto majoritário (gráficos 1 e 2).

Concentração de fenólicos

totais (mgEAG/100gMV)

Concentração de flavonoides

totais (mgEQ/100gMV)

Solventes de extração Folhas Frutos Folhas Frutos

Acetona:H2O 230,496 109,138 416 138,734

Etanol:H2O 235,957 49,493 377,06 56,405

Etanol:H2O acidificado 125,513 44,364 275,775 161,913

Água 118,974 59,659 192,106 118,855

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Solvente de extração

Ácido Clorogênico

Naringina

Hesperidina

Rutina

Quercitina

Acetona:água Etanol:água Etanol:água Água acidificado

B

Tabela 1: Concentração de fenólicos e flavonoides totais em folhas e frutos (média):

Gráficos 1 e 2: Concentração de diferentes compostos fenólicos de folhas (A) e de frutos(B):

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados permitem concluir que o uso de solventes menos polares do que a água, em geral, acarreta em maiores rendimentos de compostos fenólicos em decorrência da maior afinidade entre solvente e soluto. A maior quantidade de compostos fenólicos e flavonoides nas folhas do que nos frutos pode ser explicada devido à maior eficácia da maceração para as folhas, devido à influência da polpa na maceração que a pode ter dificultado e mascarado a quantidade de compostos das cascas. Ainda, a concentração de flavonoides totais mais elevada do que a de fenólicos totais provavelmente está relacionada com a especificidade do método quantitativo. O método de Folin-Ciocalteau determina compostos fenólicos menos complexos, em função do padrão usado para comparação (Ácido gálico). Já o método de Complexação por Alumínio determina moléculas mais complexas, também devido ao padrão utilizado (Quercetina), sugerindo que a espécie possua tais tipos de compostos em maiores quantidades.

REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS o ASAMI, D. K.; HONG, Y. J.; BARRETT, D.M.; MITCHELL, A. E. Comparison of the total phenolic and ascorbic acid content of freeze-dried and air-dried marionberry, strawberry, and corn grown using conventional, organic, and sustainable agricultural practices. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 1237-1241, 2003. o COSTA, A. G. V.; DIAZ, D. F. G.; JIMENEZ, P.; SILVA, P. I. Bioactive compounds and health benefits of exotic tropical red–black berries. Journal of Functional Foods, v. 5, p. 539-549, 2013. o GIEHL, E.L.H. (coordenador). Flora digital do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Disponível em: <http://ufrgs.br/floradigital>. Acesso em: 02 de jun. 2013. o LEITE, A. V.; MALTA, L. G.; RICCIO, M. F.; EBERLIN, M. N.; PASTORE, G. M.; MAROSTICA JR., M. R. Antioxidant potential of rat plasma by administration of freeze-dried jaboticaba peel (Myrciaria jaboticaba Vell Berg). Journal of agricultural and food chemistry, v. 59, n. 6, p. 2277-2283, 2011. o MELO, E. A.; MACIEL, M. I. S.; LIMA, V. L. A. G.; NASCIMENTO, R. J. Capacidade antioxidante de frutas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 2, p. 195-201, 2008. o ROESLER, R.; MALTA, L. G.; CARRASCO, L. C.; HOLANDA, R. B.; SOUSA, C. A. S.; PASTORE, G. M. Atividade antioxidante de frutas do cerrado. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas. v. 27, n. 1, p. 53-60, 2007. o SANTOS, M. F.; SANO, P. T. Flora fanerogâmica da Serra do Ouro Branco, Minas Gerais: Myrtaceae. Rodriguésia – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 63, n. 4, p. 1065-1083, 2012. o SILVA, M. L. C.; COSTA, R. S.; SANTANA, A. S.; KOBLITZ, M. G. B. Compostos fenólicos, carotenóides e atividade antioxidante em produtos vegetais. Semina: Ciências Agrárias, Londrina. v. 31, n. 3, p. 669-682, 2010. o SOBRAL, M.; PROENÇA, C.; SOUZA, M.; MAZINE, F.; LUCAS, E. Myrtaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB10733>. Acesso em: 02 de jun. de 2013. o SOUSA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA JR., G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÚJO, D. S.; CAVALCANTE, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 351-355, 2007. o XU, B. J.; CHANG, S. K. C. A comparative study on phenolic profiles and antioxidant activities of legumes as affected by extraction solvents. Journal of Food Science, v. 72, n. 2, p.159-166, 2007.