universidade federal do rio grande do … 12 - compostos nitrogenados isolados de espécies da...

192

Upload: doanxuyen

Post on 08-Mar-2018

242 views

Category:

Documents


12 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida
Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

Rosélia Sousa Leal

ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO E FITOQUÍMICO DAS ESPÉCIES MEDICINAIS Cleome spinosa Jacq, Pavonia varians Moric e Croton cajucara

Benth

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Doutor em Química. Orientação: Profa. Dra. Maria Aparecida Medeiros Maciel Co-orientação: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

Natal/RN

2008

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Química

Leal, Rosélia Sousa.

Estudos etnofarmacológico e fitoquímico espécies medicinais Cleome spinosa Jacq, Pavonia varians Moric e Croton cajucara Benth / Rosélia Sousa Leal. Natal, RN, 2008. 190 f. Orientadora: Maria Aparecida Medeiros Marciel. Co-orientadora: Tereza Neuma de Castro Dantas. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de

Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química. 1. Fitoquímico – Tese. 2. Etnofarmacológico - Tese. 3. Cleome Spinosa –

Tese. 4. Pavonia varians – Tese. 5. Croton cajucara - Tese. I. Maciel, Maria Aparecida Medeiros. II. Dantas, Tereza Neuma de Castro. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Química CDU 547

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus amados filhos

Stella Rosa, Wandick, Maristela e Sarah Carolina e

agradeço pelo companheirismo, amor, incentivo e

compreensão, durante a elaboração desse trabalho.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

AGRADECIMENTOS

À Profa. Dra. Maria Aparecida de Medeiros Maciel pelo incentivo, apoio e orientação

durante a realização deste trabalho.

À Profa. Tereza Neuma de Castro Dantas pela amizade e confiança que motivaram a

realização deste trabalho.

À Profa. Dra. Maria das Dores Melo pela colaboração com o estudo etnobotânico.

À Prof. Dr. Frederico Argolo Vanderlinde pela colaboração com o estudo

farmacológico (ação antiinflamatória).

À Profa. Dra. Aurea Echevarria pela colaboração com o estudo farmacológico (ação

antioxidante).

À Profa. Dra. Sonia Regina Souza pela colaboração com o estudo farmacológico (ação

fungicida).

À Prof. Dr. Valdir Florêncio da Veiga Júnior pela colaboração com os estudos de

cromatografia via CG-EM.

À Prof. Dr. Carlos Roland Kaiser pela colaboração na aquisição de espectros de RMN.

À Universidade Potiguar, em especial a Profa. Sandra Amaral de Araújo, diretora da

área de saúde, pela disponibilização de equipamentos essenciais para o desenvolvimento deste

trabalho.

Aos amigos por compartilharem as alegrias e pelos incentivos nos momentos mais

difíceis.

À Elaine Cristina Martins de Moura pela amizade e colaboração na elaboração deste

trabalho.

À Elizabeth Dantas Martes a amizade e dedicação demonstrada durante a realização da

coleta de dados.

À todos que compõem o Laboratório de Tecnologia de Tensoativos pelo acolhimento e

agradável convivência.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

Quem nos separará do amor de Cristo?

Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome?

Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso, somos mais que

vencedores, graças aqueles que nos amou! Tenho a

certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos,

nem os poderes celestiais, nem o presente, nem o futuro,

nem as forças cósmicas, nem a altura, nem a profundeza,

nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do

amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus,

nosso Senhor.

Rm 8,35,37-39

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

RESUMO

Neste trabalho realizou-se uma pesquisa etnográfica envolvendo oitenta e quatro espécimes vegetais nativas do Litoral Norte Riograndense. Duas destas espécies Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric foram alvo de estudos etnobotânico, fitoquímico e farmacológico. Em adição, ampliou-se os estudos fitofarmacológicos de Croton cajucara Benth, uma espécie medicinal nativa da região Amazônica. Os resultados fitoquímicos de Cleome spinosa e Pavonia varians indicaram dentre outros metabólitos especiais, a presença de flavonóides. Os flavonóides (2S)-5-hidroxi-7,4’-dimetoxi-flavanona e 5,4’-diidroxi-3,7,3’-trimetoxi-flavona foram isolados de Cleome spinosa. A atividade antioxidante dos extratos hidroalcoólicos de P. varians e C. spinosa solubilizados em sistemas microemulsionados (SME), foi avaliada frente ao radical livre DPPH. Os sistemas SME-1 e SME-4 [contendo Tween 80: Span 20 (3:1) e miristato de isopropila (IPM)] mostraram-se eficazes na solubilização dos extratos avaliados, tendo sido observado melhor eficácia para o sistema SME-1 [EC50 = 113,84 µg/mL (SME-1) and 246,00 µg/mL (SME-4) para P. varians e EC50: 223,97 µg/mL (SME-1) e 248,37 µg/mL (SME-4) para C. spinosa (sistema SME-1contendo etanol como cotensoativo e SME-4, isento de cotensoativo]. A ação antinociceptiva de Pavonia varians foi confirmada através do teste das contorções abdominais, tendo sido observado relação dose/efeito inibitório dependente do extrato hidroalcoólico desta espécie. Os testes do tipo tail flick e da formalina afastaram a possibilidade da participação de mecanismos antinociceptivos no sistema nervoso central. No entanto, no teste da formalina evidenciou-se a participação de mecanismos antiinflamatórios na produção do efeito antinociceptivo deste extrato. O estudo fitoquímico das cascas do caule de Croton cajucara Benth conduziu ao isolamento de diterpenos do tipo 19-nor-clerodano, bem como à obtenção do óleo fixo OF-CC, rico em sesquiterpenos e 19-nor-clerodano bioativos. O efeito de OF-CC foi avaliado no desenvolvimento in vitro dos fungos fitopatogênicos Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii propagados em meio de cultura Batata-dextrose-agar. A resposta fisiológica, variou de acordo com o tipo de fungo testado, tendo sido observado que o OF-CC apresentou efeito fungistático significativo, com efeito inibitório mais estável para o gênero de fungo Fusarium oxysporum. Realizou-se ainda, um estudo de espectrometria de massas objetivando-se a identificação de fragmentos característicos de diterpenos do tipo clerodano (com dados obtidos na literatura) e 19-nor-clerodano (isolados das cascas do caule de C. cajucara), tendo sido evidenciado que a junção trans de clerodanos está correlacionada com a presença dos íons característico de m/z 95, 121 e 205. Os sistemas de junção cis de clerodanos apresentaram íons característicos de m/z 122 e 124. A junção trans de 19-nor-clerodanos foi correlacionada com a presença dos íons característico de m/z 161, 134 e 121. Este estudo pode ser utilizado na identificação de diterpenos do tipo clerodano e 19-nor-clerodano, contendo carbonila α,β-insaturada no anel A do sistema decalínico, evitando desta forma, a obrigatoriedade de isolamento e caracterização via RMN. Palavras-chaves: etnofarmacológico, fitoquímico, Cleome spinosa, Pavonia varian, Croton cajucara.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

ABSTRACT

In this present work an ethnographic research was performed with 84 native medicinal specimens from the Litoral Norte Riograndense, from which two plants Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric were submitted to ethnobotanic, phytochemistry and pharmacologic investigations. Additionally, a phytopharmacological research of the medicinal specimen Croton cajucara Benth ( native plant of the Amazon region of Brazil) was improved. The obtained phytochemical results of the C. spinosa and P. varians showed the presence of flavonoids constituents, among other components. The two flavonoids (2S)-5-hydroxy-7,4’-dimethoxy-flavanone and 5,4’-dihydroxy-3,7,3’-trimethoxy-flavone were isolated from C. spinosa. The antioxidant activity of the hydroalcoholic extracts of C. spinosa and P. varians solubilized in the microemulsion systems SME-1 and SME-4, was evaluated in the DPPH-method. The used SME systems [obtained with Tween 80: Span 20 (3:1) and isopropyl myristate (IPM)] improved the dissolution of those tested polar extracts, with higher efficacy to the SME-1 system (in which ethanol was included as cosurfactant). The CE50 values evidenced for P. varians were 114 µg/mL (SME-1) and 246 µg/mL (SME-4); for C. spinosa it was 224 µg/mL (SME-1) and 248 µg/mL (SME-4), being the system SME-1 more effective for both tested extracts. The hydroalcoholic extracts of P. varians (HAE-PV) was also submitted to pharmacological screening for antinociceptive activity in animal models. The oral administration of this extract (100, 300 and 1000 mg/kg) inhibited the acetic acid-induced writhing in mice. The higher inhibition (74%) was evidenced to the 1000 mg/kg administered dose. Its effect on the central nervous system (CNS) was investigated by tail flick and formalin-method and reveled that it has negligible antinociceptive action on the CNS. After taking consideration of HAE-PV interaction, Pavonia varians Moric could be used as a potent analgesic agent in case of peripheral algesia, without affecting the CNS. The phytochemical study of the stem bark of Croton cajucara Benth lead to the isolation of 19-nor-clerodane-type diterpenes, as well as to the separation of its fixed oil FO-CC. This non polar oil material reveled to be rich in sesquiterpenes and 19-nor-clerodanes components. The biologic effect of OF-CC was evaluated in the development in vitro of the fungis phytopatogens such as Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani and Sclerotium rolfsii. Significant inhibitory effect of the tested fungis (at 0,2 mg.mL-1 dosage) were comproved. A Mass Spectrometry study of clerodane-type diterpenes was developed in order to identify characteristic fragments on mass spectrometra of both clerodane and 19-nor-clerodane presenting an α,β-insaturated carbonyl moiety at ring A of the decalin-system. For that study, mass spectroscopy data were analysed for 19-nor-clerodanes [trans-dehydrocrotonin (DCTN), trans-crotonin (CTN), cis-cajucarin B (c-CJC-B), and cajucarinolide (CJCR)] and for clerodanes [isosacacarin (ISCR) and trans-cajucarin A (t-CJC-A)] obtained from the stem bark of C. cajucara, and also clerodane-type from other species. The trans-junction of the enone-system clerodanes was clear correlated with the presence of the characteristic ions at m/z 95, 121 e 205. Meanwhile, the characteristics ions at m/z 122 e 124 were correlated to cis-junction. The trans-junction of the enone-system 19-nor-clerodanes showed characteristics ions at m/z 161, 134 e 121. This study could be successful employed for identification of clerodane constituents from other specimens without any additional spectroscopic analyses, as well as a previously phytochemical analyzes in clerodane project search. Keyword: ethnopharmacologic, phytochemistry, Cleome spinosa, Pavonia varian, Croton cajucara.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Triterpenos do tipo lupano isolados da espécie Maerua oblogifolia

Forssk..................................................................................................................................

32

Figura 2 - Triterpenos do tipo damarano isolados da espécie Cleome ambliocarpa

Barratte & Murb. Var..........................................................................................................

33

Figura 3 - Triterpenos do tipo damarano isolados da espécie Cleome africana

Botsch..................................................................................................................................

34

Figura 4 - Triterpeno isolado da espécie Cleome droserifolia

Forssk..................................................................................................................................

34

Figura 5 - Diterpenos do tipo cembranos isolados da espécie Cleome viscosa L............. 35

Figura 6 - Diterpenos cembranos isolados da especie Cleome spinosa Jack..................... 35

Figura 7 – Flavonóides na forma de agliconas isolados de espécies do gênero

Capparis..............................................................................................................................

36

Figura 8 - Flavonóides glicosilados isolados de espécies do gêneros Capparis e

Cleome.................................................................................................................................

38

Figura 9 - Flavonóides na forma de aglicona isolados do gênero Cleome......................... 41

Figura 10 - Alcalóides isolados da espécie Sida acuta Burn............................................. 48

Figura 11 - Alcalóides isolados da espécie Sida cordifolia L............................................ 49

Figura 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae............. 49

Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida acuta Burn............................. 50

Figura 14 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sidastrum paniculatum L.............. 51

Figura 15 – Flavonóides na forma de aglicona e glicosilados isolados de Sida

galheirensis Ulbr.................................................................................................................

51

Figura 16 - Flavonóides glicosilados isolados da espécie Sida cordifolia L...................... 52

Figura 17 - Flavonóides do tipo aglicona e antocianidinas isolados do gênero

Hibiscus...............................................................................................................................

53

Figura 18 - Flavonoide glicosídico de Pavonia distinguenda A. St.-Hil........................... 55

Figura 19 - Esteróides isolados da espécie Sida acuta Burn.............................................. 56

Figura 20 - Esteróides glicosilados isolados da espécie Sida galheirensis Ulbr................ 56

Figura 21 – Fitoecdisteróides isolados da Sida spinosa L.................................................. 57

Figura 22 – Triterpenos isolados da espécie Pavonia distinguenda A. St.-Hill &

Naud....................................................................................................................................

58

Figura 23 – Outros constituintes químicos isolados do gênero Sidastrum......................... 58

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

Figura 24 – Fitoalexina malvonea isolada da espécie Malva sylvestris L.......................... 59

Figura 25 - Outros Metabólitos Isolados de Sida spinosa L.............................................. 59

Figura 26 - Estrutura de (-)-clerodina……………………………………......................... 62

Figura 27 - Esqueleto básico de clerodanos……………………………………..………. 63

Figura 28 - Estruturas isoladas da casca do caule de Croton cajucara Benth................... 66

Figura 29 – Fotografia da excicata de Cleome Spinosa Jacq............................................ 90

Figura 30 – Fotografia da excicata de Pavonia varians Moric.......................................... 91

Figura 31 – Estrutura química de CS-EM-3b [(2S)-5-hidroxi-7,4’-dimetoxi-

flavanona]............................................................................................................................

94

Figura 32 – Esqueleto básico de flavonóides..................................................................... 95

Figura 33 – Estrutura química de 5,4’-diidroxi-3,7,3’-trimetoxi-flavona.......................... 97

Figura 34 - Eficácia antioxidativa de Cleome Spinosa Jacq expressa em valores de

EC50.....................................................................................................................................

104

Figura 35 - Eficácia antioxidativa de Pavonia varians expressa em valores de

EC50.....................................................................................................................................

104

Figura 36 - Contorções abdominais induzidas pelo ácido acético (1,2% em salina, 100

µL/10g, i.p.) em camundongos previamente tratados (60 min.) pela via oral (p.o.) com o

veículo (controle), com o controle positivo indometacina (INDO) ou com o extrato

hidroalcoólico de Pavonia varians (EHA). As colunas e barras verticais representam as médias

± erro padrão de 6 a 8 animais por grupo experimental. Estatisticamente diferente do grupo

controle (**p < 0,01 e ***p < 0,001)..............................................................................................

107

Figura 37 - Porcentagem de inibição das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético

(1,2% em salina, 100 µL/10g, i.p.) em camundongos previamente tratados (60 min.) pela via

oral com o extrato hidroalcoólico de Pavonia varians (EHA). Os símbolos e barras verticais

representam as médias ± erro padrão de 6 a 8 animais por grupo

experimental....................................................................................................................................

107

Figura 38 - Reatividade ao estímulo térmico nociceptivo medido no teste do tail−flick em

camundongos previamente tratados pela via oral (p.o. - 60 min.) ou pela via subcutânea (s.c. -

30 min.) com o veículo (água, 100 µL/10 g, p.o.), com o fentanil (100 µg/kg, s.c.) ou com o

extrato hidroalcoólico de Pavonia varians (EHA). Nas ordenadas estão representados os

tempos de reação dos camundongos ao estímulo térmico nociceptivo em segundos. Os

símbolos e barras verticais representam as médias ± erro padrão de 8 animais por grupo

experimental. Estatisticamente diferente do grupo controle (*p < 0,05 e ***p <

0,001)...............................................................................................................................................

108

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

Figura 39 - Reatividade em segundos, após a aplicação intraplantar de formaldeído

(20µL, 1,2% em salina) na pata posterior de camundongos previamente tratados (60min) pela

via oral (p.o.) com o veículo (10 µL/g), com a indometacina (10 mg/kg) ou com o extrato

hidroalcoólico da Pavonia varians (EHA – 1 g/kg). As colunas e barras verticais indicam as

médias da fase I (A - 0 a 5 min - dor neurogênica) e fase II (B - 15 a 30 min - dor inflamatória)

± erro padrão de 8 animais por grupo experimental. Estatisticamente diferente do grupo

controle (**p < 0,01 e ***p < 0,001)..............................................................................................

109

Figura 40 - Expansão do cromatograma da fração F3, evidenciando a presença de

clerodanos [trans-crotonina (CTN), cis-cajucarina B (c-CJC-B) e trans-cajucarina B (t-

CJC-B)] e esteróis................................................................................................................

115

Figura 41 - Espectro de massas do clerodano trans-crotonina, obtido no cromatograma

da fração F3.........................................................................................................................

115

Figura 42 - Espectro de massas do clerodano isomérico trans-cajucarina B (t-CJC-B),

obtido no cromatograma da fração F3.................................................................................

117

Figura 43 - Espectro de massas do clerodano isomérico cis-cajucarina B (c-CJC-B),

obtido no cromatograma da fração F3.................................................................................

117

Figura 44 - Representação estrutural de diterpenos do tipo clerodano (129) e do tipo

19-nor-clerodano (131a)......................................................................................................

119

Figura 45 - Diâmetro de crescimento das colônias em meio de cultura BDA, durante

cinco dias. Controle positivo: meio de cultura BDA; Controle testemunha padrão: meio

de cultura BDA + 1% DMSO; óleo fixo de Croton cajucara: meio de cultura BDA com

concentração 0,2 mg.mL-1 de óleo fixo e 1% de DMSO; A) Fusarium oxysporum.; B)

Rhizoctonia solani.; C) Sclerotium

rolfsii....................................................................................................................................

126

Figura 46 - Colônias dos fungos crescidos em meio de cultura BDA. Imagens

capturadas no quinto dia após o início do ensaio, onde nas colunas: 1) meio de cultura

BDA; 2) meio de cultura BDA + 1% DMSO e 3) meio de cultura BDA com

concentração de 0,2 mg.mL-1 do óleo fixo de Croton cajucara e 1% de DMSO; nas

linhas: A) Fusarium oxysporum.; B) Rhizoctonia solani e C) Sclerotium

rolfsii....................................................................................................................................

127

Figura 47 – Percentual de inibição do crescimento das colônias de Fusarium

oxysporum,. Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii em meio de cultura BDA, contendo

0,2 mg.mL-1 do óleo fixo de Croton cajucara, durante cinco dias.....................................

127

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição de flavonóides na forma de agliconas de espécies do gênero

Capparis..............................................................................................................................

37

Tabela 2 - Distribuição de flavonóides glicosilados de espécies do gênero

Capparis..............................................................................................................................

39

Tabela 3 - Distribuição de flavonóides na forma aglicona de espécies do gênero

Cleome.................................................................................................................................

40

Tabela 4 - Distribuição de flavonóides glicosilados em espécies do gênero

Cleome.................................................................................................................................

41

Tabela 5 - Outros metabólitos que ocorrem emespécies vegetais do gênero

Cleome.................................................................................................................................

42

Tabela 6 - Outros metabólitos que ocorrem em espécies vegetais da família

Brassicasceae.......................................................................................................................

42

Tabela 7 - Distribuição de flavonóides na forma de aglicona em espécies do gênero

Hibiscus...............................................................................................................................

54

Tabela 8 - Atividades biológicas da trans-desidrocrotonina realizados “in vivo” (130)............... 68

Tabela 9 - Atividades biológicas de trans-crotonina (131)................................................ 68

Tabela 10 - Atividades biológicas do óleo essencial de Croton cajucara Benth

realizadas “in vivo”..............................................................................................................

69

Tabela 11 - Procedimento Cromatográfico do Extrato metanólico de Cleome

spinosa.................................................................................................................................

73

Tabela 12 - Reunião de grupos de frações obtidas do procedimento cromatográfico do

extrato metanólico das partes aéreas de Cleome Spinosa....................................................

73

Tabela 13 - Refracionamentos do grupo de fração CS-EM-1............................................ 74

Tabela 14 - Refracionamentos do grupo de fração CS-EM-3............................................ 74

Tabela 15 - Refracionamentos do grupo de fração CS-EM-4............................................ 75

Tabela 16 - Grupos de frações resultantes do procedimento cromatográfico do extrato

hidroalcoólico (PV-HA) de Pavonia varians......................................................................

76

Tabela 17 - Plantas utilizadas pela comunidade da cidade de Rio do Fogo/RN................ 85

Tabela 18 - Metabólitos secundários detectados em extratos de Cleome spinosa............. 92

Tabela 19 - Dados de RMN de 1H (300 MHz; CDCl3) e de RMN de 13C (75 MHz;

CDCl3) para a substância CS-EM-3b (140).........................................................................

95

Tabela 20 - Dados de RMN de 1H (300 MHz; CDCl3) e de RMN de 13C (75 MHz;

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

CDCl3) para a substância CS-EM-4a (141)......................................................................... 97

Tabela 21 - Metabólitos secundários detectados em extratos de Pavonia varians

Moric...................................................................................................................................

98

Tabela 22 - Substâncias voláteis da fração F1 detectadas por CG-EM e confirmadas por

seus dados de IR por CG-FID.............................................................................................

114

Tabela 23 - Substâncias voláteis da fração F2 detectadas via CG-EM............................... 115

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

LISTAS DE ABREVIATURAS

%AA - percentual antioxidante

DEPT – Distortionless Enhancement by Polarization

COSY – correlation spectroscopy

HMBC – Heteronuclear Multiple Quantun Coference

AAA - ácido acetilaleuritólico

Abs. - absorbância

AcOEt – acetato de etila

ANOVA - análise de variância

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BDA - Batata-dextrose-ágar

CC - via cromatografia em coluna

CCF - cromatografias em camada fina

c-CJC-B - cis-cajucarina B

CG/MS – cromatografo gasoso acoplado a espectrômetro de massa

CGEM-AR - cromatografia gasosa acoplada à espectroscopia de massa equipada com

detecto de ionização de chama

CJC-A - cajucarina A

CJCR- cajucarinolida

CS - Cleome spinosa

CS-EM - fração do extrato metanólico de Cleome spinosa

CTN - trans-crotonina

DCTN - trans-desidrocrotonina

DMSO - dimetilsulfóxido

DNA – ácido desoxiribonucleico

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

DPPH - 2,2-difenil-picril-hidrazila

EHA – extrato hidroalcóolico

EM - espectros de massas

EtOH - etanol

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

ICJCR - iso-cajucarinolida

ID50 - dose inibitória 50%

IPM - miristato de isopropila

ISCR - isosacacarina

IV - infravermelho

MeOH -metanol

OF - óleo fixo

OMS - Organização Mundial de Saúde

P.F. - ponto de fusão

p.o. – por via oral

PA - Pará

PV - Pavonia varians

RMN de 13C - espectros de ressonância magnética nuclear de carbono-13

RMN de 1H - espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênios

RN - Rio Grande do Norte

SME - sistema microemulsionado

t-CJC-B - trans-cajucarina B

UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

UnP - Universidade Potiguar

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….. 19

2 ABORDAGEM GERAL SOBRE PLANTAS MEDICINAIS.................................... 22

2.1 ASPECTOS SOBRE ETNOBOTÂNICA……………………………………............. 25

3 ABORDAGEM GERAL SOBRE AS FAMÍLIA BRASSICACEAE,

MALVACEAE E EUPHORBIACEAE...........................................................................

29

3.1 FAMÍLIA BRASSICACEAE....................................................................................... 29

3.1.1 Aspectos etnofarmacológicos da família Brassicaceae.......................................... 29

3.1.2 Constituintes químicos da família Brassicaceae.................................................... 31

3.1.2.1 Triterpenos.............................................................................................................. 31

3.1.2.2 Diterpenos............................................................................................................... 35

3.1.2.3 Flavonóides............................................................................................................. 36

3.2 FAMÍLIA MALVACEAE............................................................................................ 43

3.2.1 Aspectos etnofarmacológicos da família Malvaceae............................................. 43

3.2.1.1 Contribuição do gênero Hibiscus............................................................................ 43

3.2.1.2 Contribuição gênero Sida…………………………………………………............ 44

3.2.1.3 Contribuição gênero Pavonia…………………………………………………….. 46

3.2.2 Constituintes químicos da família Malvaceae....................................................... 48

3.2.2.1 Compostos fenólicos e flavonóides……………………………….………............ 50

3.2.2.2 Esteróides e saponinas esteroidais………………………………………………... 55

3.2.2.3 Triterpenos e saponinas triterpênicas.…................................................................. 57

3.2.2.4 Outros metabólitos isolados de Sida spinosa L....................................................... 59

3.3 FAMÍLIA EUPHORBIACEAE.................................................................................... 60

3.3.1 O gênero Cróton........................................................................................................ 61

3.3.1.1 Croton cajucara Benth: aspectos gerais.................................................................. 64

3.3.1.2 Croton cajucara Benth: abordagem farmacológica................................................ 67

3.3.1.2.1 Atividades biológicas da trans-desidrocrotonina................................................. 67

3.3.1.2.2 Atividades biológicas da trans-crotonina............................................................. 67

3.3.1.2.3 Atividades biológicas do óleo essencial............................................................... 68

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL....................................................................... 71

4.1 MATERIAL VEGETAL............................................................................................... 71

4.1.1 Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric....................................................... 71

4.1.2 Croton cajucara Benth.............................................................................................. 71

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

4.2 MATERIAL E MÉTODOS QUÍMICOS...................................................................... 71

4.3 ESTUDOS FITOQUÍMICO........................................................................................ 72

4.3.1 Cleome spinosa Jacq................................................................................................. 72

4.3.1.1 Separação dos constituintes químicos..................................................................... 72

4.3.2 Pavonia varians Moric…………………………………………….………………. 75

4.3.2.1 Separação dos constituintes químicos…………..……………………….……….. 75

4.3.3 Croton cajucara Benth………………………………………………………….…. 76

4.3.3.1 Extração do óleo fixo de Croton cajucara.............................................................. 76

4.3.3.2 Isolamento de clerodanos das cascas do caule........................................................ 77

4.3.3.3 Obtenção de sistemas microemulsionados….……………………………………. 78

4.4 MATERIAL E MÉTODOS FARMACOLÓGICOS………………………...………. 78

4.4.1 Avaliação da atividade antioxidante……….…………………………………….. 79

4.4.2 Avaliação da atividade antiinflamatória………..……………………………….. 80

4.4.3 Análise estatística………………………………………………………………….. 81

4.4.4 Desenvolvimento in vitro de fungos fitopatogénicos.............................................. 81

4.5 LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS DO LITORAL NORTE

RIOGRANDENSE..............................................................................................................

82

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………………... 84

5.1 ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS DO LITORAL

NORTE RIOGRANDENSE...............................................................................................

84

5.1.1 Considerações etnobotânicas de Cleome spinosa Jacq.............................................. 89

5.1.2 Considerações etnobotânicas de Pavonia varians Moric........................................... 89

5.2 ABORDAGEM FITOQUÍMICA DE Cleome spinosa Jacq (BRASSICACEA).......... 92

5.3 ABORDAGEM FITOQUÍMICA DE Pavonia varians Moric (MALVACEAE)........ 98

5.4 ABORDAGEM FARMACOLÓGICA DE Cleome spinosa Jacq E Pavonia varians

Moric...................................................................................................................................

102

5.4.1 Atividade antioxidante de Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric.......... 102

5.4.2 Avaliação da atividade antiinflamatória de Pavonia varians Moric.................... 105

5.5 ABORDAGEM FITOQUÍMICA DE Croton cajucara Benth

(EUPHORBIACEAE).........................................................................................................

110

5.5.1 Óleo fixo das cascas do caule................................................................................... 110

5.5.2 Estudo Fitoquímico das cascas do caule de Croton cajucara Benth.................... 119

5.5.2.1 Espectrometria de massas de diterpenos do tipo clerodano.................................... 119

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

5.6 ABORDAGEM FARMACOLÓGICA DE Croton cajucara BENTH......................... 124

5.6.1 Propriedade antifúngica do óleo fixo de Croton cajucara..................................... 124

6 CONCLUSÕES............................................................................................................. 129

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 133

ANEXOS........................................................................................................................... 159

A – ESPECTROS DE (2S)-hidroxi-7,4’-dimetoxi-flavanona (CS-EM-3b)....................... 159

B – ESPECTROS DE 5,4’-diidroxi-3,7,3’-trimetoxi-flavanona (CS-EM-4a)................... 172

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

1 INTRODUÇÃO

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

19

1 INTRODUÇÃO

A utilização de vegetais pela humanidade é conhecida desde épocas mais remotas,

auxiliando as comunidades nas mais diversificadas finalidades: abrigo, vestimentas,

alimentação, condimentos e fragrâncias e, principalmente, para fins medicinais.

Milenarmente, plantas formam a base de sistemas de medicina tradicional amplamente

utilizada por vários grupos étnicos (GURIB – FAKIM, 2006). Até a década de cinqüenta os

remédios vegetais representavam o único recurso terapêutico disponível. A partir de então,

foram substituídos por medicamentos contendo substâncias bioativas extraídas de vegetais,

bem como seus derivados sintéticos e/ou semi-sintéticos (LAPA et al., 2003). A partir da

década de oitenta, ocorreu o aumento significante do uso de plantas medicinais que pode estar

correlacionado com alguns fatores específicos, tais como: a facilidade de obtenção, o baixo

custo e a eficácia demonstrada no combate às doenças. Apesar das plantas nativas serem

amplamente utilizadas por séculos, são raros os exemplos de produtos registrados do Brasil

contendo vegetais. Apesar da vasta flora medicinal disponível a maior parte das plantas

medicinais nativas permanece sendo usada da mesma forma tradicional, com embasamento

empírico (só com informações populares) (BRANDÃO et al., 2006; ALMEIDA, 2003;

MACIEL et al., 2002a; 200b).

Como conseqüência do crescente interesse da sociedade mundial pelo uso de plantas

medicinais, pesquisadores de várias áreas a optaram por projetos multidisciplinares

envolvendo, no mínimo, a Etnobotânica, Etnofarmacologia e a Fitoquímica. A Etnobotânica

abrange dois aspectos fundamentais: a coleta e a utilização da planta. Enquanto que a

Etnofarmacologia é o ramo da Etnobiologia/Etnobotânica que trata das práticas médicas,

especialmente remédios, usados em sistemas tradicionais de medicina. (MACIEL et al.,

2002a; 2002b). A pesquisa fitoquímica objetiva conhecer os constituintes químicos de

espécies vegetais ou avaliar a sua presença (SIMÕES et al, 2007).

As espécies Cleome spinosa e Pavonia varians, deferente da amplitude de estudos que

foram desenvolvidas para o Croton cajucara, são alvos recentes de interesse cientifico, como

demonstrado nos itens a seguir.

Neste trabalho, objetivando-se contribuir com a validação científica da espécie

medicinal Croton cajucara Benth (nativa da região Amazônica do Brasil) e avançar na busca

de novas plantas terapêuticas, as espécies Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric

(nativas do litoral Norte-Riograndense), que são alvos recentes de interesse científico, foram

avaliadas em estudos etnobotânico, fitoquímico e farmacológico. No Capítulo 2 encontra-se

uma abordagem geral sobre plantas medicinais e etnobotânica. No Capítulo 3 encontram-se

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

20

dados etnofarmacológicos previamente divulgados para as espécies C. spinosa

(Brassicaceae), P. varians (Malvaceae) e C. cajucara (Euphorbiaceae). Diferente das duas

primeiras, Croton cajucara se enquandra perfeitamente no quesito de planta protótipo para

fins fitoterapêuticos comerciais com possibilidades significativas para legalização pela

ANVISA. A justificativa é dada pela amplitude de estudos científicos que foram realizados

com este Croton. Uma pesquisa etnobotânica contemplando 84 espécies medicinais nativas

do Litoral encontra-se descrita no Capítulo 5 (Resultados e Discussão). Duas destas espécies

(C. spinosa e P. varians) foram alvo de investigações fitofarmacológicas (Capítulo 4). A

parte Experimental deste trabalho está descrita no Capítulo 4. No Capítulo5, encontra-se

além dos Resultados e Discussão, além das considerações e referências bibliográficas.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

2 ABORDAGEM GERAL SOBRE PLANTAS MEDICINAIS

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

22

2 ABORDAGEM GERAL SOBRE PLANTAS MEDICINAIS

Plantas medicinais são aquelas que possuem tradição de uso em uma população ou

comunidade e, que são capazes de prevenir, aliviar ou curar enfermidades. Ao serem

processadas para a obtenção de um medicamento, têm-se como resultado o medicamneto

fitoterápico (CARVALHO et al., 2007).

O uso de produtos medicinais a base de plantas é uma prática comum na terapêutica

desde os tempos mais remotos. O mercado de fitoterápicos de caiu com o desenvolvimento

dos medicamentos sintéticos no Pós-Guerra, porém, vem apresentando um crescimento

significativo nas últimas décadas, como tratamento alternativo aos medicamentos da

medicina convencional (CARVALHO et al., 2007; BRANDÃO et al., 2006; ALMEIDA et

al., 2003).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a medicina tradicional consiste no

conjunto de todos os conhecimentos teóricos e práticos, utilizados para explicar, prevenir e

suprimir transtornos físicos, mentais e sociais, baseados exclusivamente na experiência e na

observação; transmitida oralmente ou por escrito de uma geração a outra (SANTOS e

COELHO-FERREIRA, 2005).

No Brasil, apesar da vasta flora medicinal disponível, a maior parte das plantas

medicinais nativas permanece sendo utilizada da mesma forma tradicional, sendo raros os

exemplos de produtos registrados contendo vegetais (BRANDÃO et al., 2006; ALMEIDA,

2003).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 65 - 80 % dos países em

desenvolvimento dependem de plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados

básicos de saúde e definiu como planta medicinal “todo e qualquer vegetal que possui

substâncias que podem ser utilizadas para fins terapêuticos, em um ou mais órgãos, bem como

que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos” (VEIGA JR., 2005). No Brasil, o órgão

responsável pela comercialização de produtos naturais é a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) (VEIGA JR., 2005). A partir de 1995, as autoridades da área de saúde

publicaram uma sequência de normas sobre o registro de fitoterápicos alternando-se em

intervalos de 5 anos em média. A portaria nº.6 de 31 de janeiro de 1995 introduziu conceitos e

determinou requisitos tecnológicos e terapêuticos, que se caracterizaram em grande avanço na

normatização de medicamentos fitoterápicos. Com base nesta portaria, tornou-se possível a

diferenciação entre os termos: produto fitoterápico e produto fitoterápico intermediário

(SIMÕES et al., 2007; TAPPIN e LUCHETTI, 2007).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

23

Segundo a portaria nº.6 de 31 de janeiro de 1995 defini-se como produto fitoterápico

“todo o medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente

matérias-primas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnósticos,

com benefício para o usuário”. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos do

seu uso, assim como da reprodutibilidade e constância de sua qualidade. É o produto final

acabado embalado e rotulado. Na sua preparação podem ser utilizados adjuvantes

farmacêuticos permitidos na legislação vigente. Não podem estar incluídas substâncias

bioativas de outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias

ativas, ainda que de origem vegetal isolada ou mesmo suas misturas. Neste último caso

encontra-se o fitofármaco, que por definição “é a substância bioativa, isolada de matérias-

primas vegetais ou mesmo, misturas de substâncias ativas de origem vegetal”. O produto fito

intermediário pode se apresentar sob a forma extrato, tintura, óleo fixo, ou volátil, cera, sumo

e outras formas obtidos de plantas frescas ou secas. Finalmente a matéria prima vegetal é “a

planta fresca ou preparado fitoterápico”. Outra definição importante para a garantia e o

controle de qualidade da produção de fitoterápicos (também faz parte da Portaria nº.6 da

Secretaria de Vigilância Sanitária) refere-se ao termo principio ativo. Segundo a norma,

principio ativo é a “substância ou grupo delas, quimicamente caracterizadas, cuja ação

farmacológica é responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do produto

fitoterápico” (TAPPIN e LUCHETTI, 2007).

Resumidamente, pode-se dizer que a liberação do uso de fitoterápicos depende do

cumprimento de vários requisitos que são divididos em tecnológico e terapêutico. O requisito

tecnológico (relacionados à produção e ao controle de qualidade) aborda o produto a cada

etapa de produção desde a coleta e nomenclatura científica (e popular) até o controle de

qualidade (caracterização farmacognótica e análise fitoquímica qualitativa dos constituintes

da espécie). O requisito terapêutico está correlacionado com a segurança e a eficácia do

medicamento (VEIGA JR et al., 2005).

Mesmo com a globalização da indústria química e a utilização de derivados de plantas

medicinais ainda detém uma pequena parcela do mercado mundial, US$ 14 milhões de um

total estimado de US$ 280 bilhões (cerca de 5% do mercado mundial de produtos

farmacêuticos). No Brasil, o valor gasto em fitoterápicos é da ordem de US$ 300 milhões,

relativamente pequeno, representando cerca de 4% do total do mercado farmacêutico, da

ordem de US$ 7,4 bilhões (CARVALHO et al., 2007). O mercado mundial de produtos

naturais apresenta uma média anual de crescimento industrial estimada em 22%, cujos

indicadores de potencialidade são estimados pela evolução de empresas do ramo (LEMOS et

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

24

al., 2006). Neste contexto, o crescente interesse da sociedade mundial pelo uso de plantas

medicinais vem incentivando os pesquisadores de várias áreas a optarem por projetos

multidisciplinares envolvendo, no mínimo, a Etnobotânica, Etnofarmacologia e a Fitoquímica.

Considerações gerais sobre a etnobotânica são abordadas a seguir. Estratégias para o

desenvolvimento de estudos fitoquímicos encontram-se amplamente documentadas na

literatura (QUEIROZ e HOSTETTMANN, 2006; VIEGAS JR. et al., 2006; ZACCHI et al.,

2006; BARRETO et al., 2005; COSTA NETO, 2004; VEIGA JR. 2004; NETO e NUNES,

2003; SMITH, 2003; MACIEL et al., 2002b; QUEIROZ et al., 2002a; 2002b; KATO, 2001;

WILLIAMS e MANDER, 2001; MATOS, 1997; PINTO et al., 2000; 1997; VEIGA JR. et al.,

1997; CASTIONI et al., 1995; PATITUCCI et al., 1995; POOLE et al., 1990).

Com relação à etnofarmacologia, pode-se dizer que não se trata de uma versão

moderna da farmacologia, já que está relacionada às práticas médicas, especialmente

remédios usados em sistemas tradicionais na medicina. A investigação de plantas medicinais

sob abordagem etnofarmacológica consiste em combinar informações adquiridas junto às

comunidades que fazem uso da flora medicinal, com estudos químicos e farmacológicos

realizados em laboratórios especializados (SIMÕES et al., 2007; MACIEL et al., 2002a). A

Etnofarmacologia é o ramo da Etnobiologia/Etnobotânica que trata das práticas médicas,

especialmente remédios utilizados em sistemas tradicionais de medicina (SIMÕES et al.,

2007; MACIEL et al., 2002b).

De acordo com a abordagem etnofarmacológica, a seleção da espécie vegetal de

interesse é feita pelo uso terapêutico evidenciado por um determinado grupo étnico. A

informação sobre uma planta que tem sido usada por um determinado grupo por um longo

período de tempo, pode sugerir a existência de uma substância potencialmente válida.

Portanto, plantas que apresentam histórico medicinal oferecem uma maior possibilidade de

fonte de novas substâncias bioativas. Neste contexto, a seleção correta de testes biológicos

específicos permitirá uma avaliação precisa do uso terapêutico da espécie vegetal (MACIEL

et al., 2002a).

A avaliação das propriedades farmacológicas de uma determinada planta deve seguir

as indicações terapêuticas empíricas divulgadas por estudos etnobotânicos, contribuindo com

a validação da espécie em estudo (MACIEL et al., 2002a). Como exemplos destacam-se

alguns estudos que foram desenvolvidos em programas multidisciplinares que demonstraram

superioridade na qualidade de seus resultados (COSTA et al., 2007; MACIEL et al., 2007a,b;

2002a,b; 2000; SIMÕES et al., 2007; ALBUQUERQUE e HANAZAZI, 2006; CALIXTO,

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

25

2005; GILBERT e FERREIRA, 2005; PINTO et al., 2002; CECHINEL FILHO e YUNES,

1998; SOUZA-BRITO e SOUZA-BRITO, 1993).

2.1 ASPECTOS SOBRE ETNOBOTÂNICA

A Etnobotânica pode ser conceituada de várias maneiras, dentre as quais destacam-se:

“Disciplina que se ocupa do estudo e conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a

respeito do mundo vegetal”, “Verdadeira botânica científica voltada para o habitat e uso por

uma etnia” e como “Ciência botânica que possui uma etnia especifica”. De maneira geral, a

Etnobotânica abrange dois aspectos fundamentais: a coleta e a utilização da planta (SIMÕES

et al., 2007; MACIEL et al., 2002b). O estudo etnobotânico junto às comunidades

tradicionais consiste: na avaliação da interação humana com todas as espécies do meio

ambiente; em levantamentos sobre a utilização de plantas na farmacopéia caseira e na

economia doméstica; na investigação preliminar da eficácia dos produtos que atingem o

mercado na produção de chás, xaropes, cremes dentre outros (SOUZA e FELFILI, 2006).

A Etnobotânica é citada na literatura como sendo um dos caminhos alternativos que

mais contribuíram nos últimos anos para a descoberta de produtos naturais bioativos

(MACIEL et al., 2002a). Caracteriza-se por ser uma ciência multidisciplinar que

compreende o estudo e a interpretação do conhecimento popular, significado cultural na

relação entre o homem e os elementos da natureza os quais estão presentes no contexto

diário das comunidades. É importante enfatizar que a exploração de recursos naturais

iniciou-se com a evolução da espécie humana, porém no decorrer da sua história, o homem

aprimorou seus instrumentos de trabalho, construindo novas tecnologias, transformando os

espaços rurais em urbanos e adaptando-se a ambientes diversificados (AMOROSO e GELY,

1988). A despeito de tais circunstâncias, resgatar o profundo conhecimento do arsenal

químico da natureza que os povos primitivos e os indígenas detêm, pode ser considerado

fator fundamental para o descobrimento de substâncias tóxicas e medicamentos ao longo do

tempo. Esta convivência e aprendizado tem trazido valiosas contribuições para o

desenvolvimento da pesquisa de produtos naturais. (VIEGAS JR et al., 2006). Segundo,

AMOROSO e GELY (1988), o conhecimento sobre os recursos naturais destas

comunidades, além de indicar o uso de espécies em potencial, podem vir a ensinar novos

modelos para seu uso e manejo.

A partir da década de1990 as pesquisas envolvendo os saberes e as práticas

“tradicionais” ganharam novo sentido indo além da simples compilação de plantas e animais.

Sob a suposição tática de que o sucesso da descoberta de novos fármacos seria maior a partir

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

26

de pesquisas etnodirigidas, houve um incremento significativo em tais pesquisas. A principal

característica da pesquisa etnobotânica, compreende a coleta de informações populares por

meio do método de entrevista direta, com o objetivo de sondagem preliminar a respeito do

uso de espécimes vegetais, posteriormente é feita a coleta “in locu”, seguido de registro

fotográfico. O material vegetal é catalogado em laboratório (ALBUQUERQUE e

HANAZAZI, 2006). A planta ao ser coletada permite além da identificação e caracterização

do seu nome científico, inúmeras informações sobre seu habitat, adaptações ecológicas,

influência interculturais ligadas á utilização prática assim como podemos recuperar

informações de outras regiões, que utilizam a mesma espécie vegetal.

O maior número de espécies vegetais, atualmente, encontra-se na região equatorial da

América do Sul, da África e Ásia. O local onde ocorre o máximo de diversidade quanto á

flora situa-se na América do Sul (Colômbia, Equador e Peru), onde estão concentrados

40.000 espécies vegetais em um território que equivale a 2% da superfície da terra, sendo

assim um local altamente biodiverso e riquíssimo em informações, comparando com outros

locais onde não podemos achar tamanha diversidade. A flora planetária atual encontra-se

ameaçada, o ritmo atual de extinção já está entre 50 a 100 vezes maior do que taxas médias

observadas nos passados. Na América do Sul encontramos 52% de florestas e apenas na

década de 1980 o Brasil respondeu por 28% de perdas florestais tropicais e 14% de outros

tipos de florestas (SIMÕES et al., 2007).

As formas de uso e de preparo dos produtos a base de plantas são muito

diversificadas, assim como também suas utilidades e forma de aplicação. Em conseqüência

do custo reduzido (por serem naturais e de fácil acesso) quando comparado às medicamentos

sintetizados em laboratórios, os produtos a base de plantas medicinais representam o único

recurso terapêutico para a maioria das comunidades tradicionais. O modo como estes

produtos são utilizados é muito variado tanto através de aplicações internas quanto externas.

As internas se restringem a chás, sucos, xaropes, tinturas (extração de ervas com solução

alcoólica ou hidroalcoólica) ou em forma também de extrato (preparação concentrada). Os

produtos que são preparados em soluções para uso externo podem ser usados na forma de

cataplasma (erva pulverizada ou macerada), ungüento (similar a cataplasma, mas utiliza

solventes com consistência mais pastosa), óleos medicinais (dissolução simples da tintura em

um óleo fixo ou azeite como o de girassol ou algodão), pomadas, pastas, cremes, loções,

sabões e géis (ALBUQUERQUE e HANAZAZI, 2006; MACIEL et al., 2002b).

Estudos etnobotânicos no semi-árido brasileiro são ainda muito escassos, o que

reflete a grande falta de interesse de pesquisadores pelas florestas secas. As atuais formas de

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

27

uso e aproveitamento da terra são extremamente precárias e não respeitam a complexidade

desses delicados ecossistemas. Uma das alternativas para solucionar o problema seria o

estudo sobre o conhecimento e uso que as populações locais fazem dos recursos naturais e a

análise detalhada de suas práticas sobre a biodiversidade (ALBUQUERQUE e HANAZAZI,

2006; AMOROSO e GELY, 1988).

Finalmente, pode-se dizer que a etnobotânica colabora com a valorização dos

conhecimentos e as medidas tradicionais da comunidade; com a preservação da flora

utilizando o conhecimento adquirido pela sua investigação científica; subsídios para estudos

farmacológicos, fitoquímicos, étnicos, antropológicos, botânicos e ecológicos; bem como

subsídios ao poder público referente ao desenvolvimento de projetos sócio- econômicos

(SIMÕES et al., 2007).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

3 ABORDAGEM GERAL SOBRE AS FAMÍLIAS BRASSICACEAE,

MALVACEAE E EUPHORBIACEAE

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

29

3 ABORDAGEM GERAL SOBRE AS FAMÍLIAS BRASSICACEAE, MALVACEAE E

EUPHORBIACEAE

3.1 FAMÍLIA BRASSICACEAE

3.1.1 Aspectos etnofarmacológicos da família Brassicaceae

As famílias Brassicaceae e Capparaceae, até recentemente eram consideradas famílias

correlacionadas. No entanto, havia questionamentos significativos quanto à monofilia de

Cappareceae, que foi submetida a um detalhado estudo utilizando-se informações sobre

sequência de DNA em cloroplastos. Estes estudos envolveram a realização de análises

filogenéticas usando, preliminarmente, critérios de monofilia (habitat, folhas, flores, estames e

frutos) e na sequência, obtenção e análise dos dados de DNA desenvolvidos em cloroplastos

que permitiram comprovar a filogenia de Brassicaceae e Capparaceae. Os resultados obtidos

possibilitaram que alguns gêneros de Capparaceae integrassem a família Brassicaceae (HALL

et al., 2002). Esta família possui uma distribuição cosmopolita (ampla distribuição mundial)

incluindo cerca de quatrocentos gêneros e mais de quatro mil espécies. Do ponto de vista

econômico, a família Brassicaceae destaca-se em função da grande diversidade de espécie

hortículas, como por exemplo: alcaparras, brócoles, couve de Bruxelas, repolhos, couve-flor

(SARDI e TORDA, 2005; MATTHAUS e OZCAN, 2002).

No Brasil, encontram-se aproximadamente cinquenta espécies que integram a família

Brassicaceae que encontram-se distribuídas nos seguintes gêneros: Capparis, Cleome,

Comonopus, Crateva, Dactylaena, Lepidium e Morisonia (SOUSA, 2005).

A seguir destacam-se aspectos gerais para os gêneros Capparis e Cleome.

Para o gênero Capparis as espécies de maior destaque são: C. spinosa Jack, C.

atamisquea Kuntze, C. cynophallophora L., C. humilis Hass, C. retusa Griseb, C. salicifolia

Griseb, C. speciosa Griseb, C. tweediana Eichler, C. artilogenia L., C. deidua Forssk, C.

flexuosa L., C. ferruginea L., C. ovata L., C. moonii Wight e C. tomentosa L. Como exemplo,

Capparis spinosa (uma planta bastante difundida na flora da Turquia) é utilizada na medicina

folclórica como tonificante, anti-helmítico, depurativa, espectorante, diurética, vasoconstritor,

antiipertensiva, analgésica e antiinflamatória, combate ainda, hidropisia, anemia, aritimia e

gota (ÇALIS et al., 2002).

O gênero Cleome consta de cento e cinquenta espécies formada por plantas herbáceas,

arbustivas e arbóreas; sendo vinte e oito destas nativas e amplamente distribuídas,

preferencialmente em áreas abertas. São usadas como medicinais e ornamentais (PEREIRA et

al., 2007).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

30

De acordo com o uso tradicional, espécies do gênero Cleome são utilizadas como

estimulantes, antiescorbútico, anti-helmítico, rubefaciente e vesicante, dentre outros (BOSE et

al., 2007). Como exemplos de espécies que são usadas na medicina tradicional destacam-se:

Cleome spinosa Jack, Cleome rutidosperma DC, Cleome droserifolia Forssk, Cleome viscosa

L., Cleome amblycarpa Hassk, Cleome africana Botsch, Cleome brachycarpa Vahl ex DC, e

Cleome chrysantha Decne.

As folhas e raízes de Cleome spinosa Jacq são utilizadas na medicina tradicional; as

folhas após maceração são aplicadas sobre a pele e agem como rubefacientes; em infusão, são

estomáquicas e estimulantes do aparelho digestivo, e são eficazes no combate a leucorréia.

Externamente, utiliza-se o suco das folhas para a redução de otites supuradas e as raízes são

eficazes no tratamento de bronquites asmáticas (COLLINS et al., 2004). O levantamento

bibliográfico de C. spinosa (1950 até 2008) revelou apenas um estudo fitoquímico com

isolamento de diterpenos cembranos e flavonóides (COLLINS et al., 2004).

Cleome rutidosperma D.C. é um arbusto nativo da região oeste da África, encontra-se

também em várias partes tropicais da América e no sudeste da Ásia. O extrato aquoso desta

espécie mostrou atividades antibacteriana e diurética. Estudos fitoquímicos preliminares

realizados com este extrato mostrou a presença de taninos e saponinas, que são amplamente

associados à atividade antibacteriana observada em plantas (BOSE et al., 2007; 2006). Em

outros extratos brutos (metanol, clorofórmio e éter de petróleo) foi possível comprovar as

atividades analgésica e motora (diminuição da atividade locomotora), bem como as atividades

laxativa e diurética no extrato etanólico (BOSE et al., 2007; 2006).

Cleome droserifolia Forssk é um arbusto com aproximadamente 60 cm de altura,

originaria de desertos, especialmente do Egito e da Líbia, tendo sido erradicada em vastas

áreas do Deserto do Sinai. Esta espécie vem sendo utilizada na medicina folclórica no

controle do diabetes. Os extratos clorofórmico, etanólico e aquoso de C. droserifolia

mostraram-se eficazes na redução de índices glicêmicos. O extrato aquoso apresentou

também, atividade antimicrobiana contra Staphylococus aureus, Streptococus faecalis,

Pseudomonus aeruginosa, Proteus vulgaris, Klebsiella pneumaniae, Escheichia coli e

Candida albicans. Para o extrato etanólico comprovou-se ainda, os efeitos hepatoprotetor,

antiistamínico e diurético. Este extrato exerce ainda, diminuição da pressão arterial (EL-

NAGAR et al., 2005; MOTHANA et al., 2008).

Cleome viscosa L. é uma erva frequentemente encontrada na Índia, utilizada na

medicina tradicional no combate a febre, inflamações, doenças do fígado, bronquite, diarréias

e convulsões infantis. As folhas são benéficas na cicatrização de ferimentos e as sementes

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

31

desta espécie, são utilizadas como antielmítico. O extrato aquoso de C. viscosa apresentou

atividade analgésica, não tendo sido comprovado para este extrato, efeito citotóxico (SING e

WEST, 1991).

3.1.2 Constituintes químicos da família Brassicaceae

Apesar da junção de alguns gêneros da família Capparaceae com a família

Brassicaceae, bem como da volumosa distribuição de gêneros destas famílias, evidencia-se na

literatura, um baixo percentual de trabalhos fitoquímicos reportados. Os principais gêneros

desta família que tiveram sua constituição química investigada são: Maerua, Capparis e

Cleome (ABEL-MOGIG, 1999). Dentre as classes de substâncias predominantes destacam-se

a ocorrência de terpenóides e flavonóides, que serão abordados a seguir. No entanto, as

seguintes classes de metabólitos especiais foram encontradas na família Brassicaceae:

flavonóides (PELOTTO et al., 1998; SHARAF et al. 2000); alcalóides (DELAVEAU et al.,

1973; AHMAD et al., 1992); glicosinolatos (MATTHÄUS e LUFTMANN, 2000;

MATTHÄUS e OZCAN, 2002); glicosídeos indólicos (ÇALIS et al., 1999; 2002); sais de

amônio quartenários (inclusive betaínas) (Mc LEAN et al., 1996; SARRAGIOTTO et al.,

2004); oxindóis (DEKKER et al., 1987) e triterpenos do tipo lupano (ABDEL-MOGIB,

1999).

No gênero Cleome destacam-se as seguintes classes de metabólitos especiais:

alcalóides (DELAVEAU et al. 1973); flavonóides (SHARAF et al., 1997; NASSAR et al.,

2003); fenoxicumarina (RAMACHANDRAN, 1979); diterpenos cembranos (COLLINS et al.,

2004); cumarinas lignóides (ANIL et al. 1985); esteróides glicosilados; triterpenos damaranos

e sais de amônio quaternário (McLEAN et al., 1996; AHMED et al., 2001).

3.1.2.1 Triterpenos

Na família Brassicaceae as classes predominantes de triterpenos são do tipo lupanos e

damaranos. A investigação fitoquímica da espécie Maerua oblogifolia Forssk resultou no

isolamento de três triterpenóides do tipo lupano (Figura 1), denominados de betulina (1),

betulinaldeído (2) e lup-20-en-3β, 30-diol (3) (ABEL-MOGIG, 1999). A betulina é uma

substância com poderes curativos encontrada nas cascas de algumas plantas. É utilizada para

combater inflamações e também na manipulação de cosméticos. O seu derivado ácido

betulínico (4) detém um amplo histórico de atividades farmacológicas, dentre elas destacam-

se as ações antiinflamatória, antitumoral, anti-HIV, antimálaria e citotóxica. Os derivados 2 e 3

também demonstraram ação antitumoral, anti-HIV e citotóxica (PATOCKA, 2003).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

32

OH

H

H

H

R'

R''

1

2

34

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23 24

25 26

27

28

29

30

1. R' = CH2OH, R''=CH3

2. R' = CHOH, R''=CH3

3. R' = CH3, R''=CH2OH

4. R' = CH3, R''=COOH

Figura 1 - Triterpenos do tipo lupano isolados da espécie Maerua oblogifolia Forssk

O estudo realizado na década de 1990 com a espécie Cleome amblyocarpa Barratte &

Murb. Var. resultou no isolamento de diversos triterpenos damaranos (Figura 2): cleocarpanol

(5), hidroxi-cabralealactona (6), cleoginol (7), ambriona (8), cleombinol A (9) e

isocleombinol A (10), cleombinol B (11) (HARRAZ et al., 1995). Estudos posteriores

conduziram ao isolamento de dois outros triterpenos damaranos [15α-acetoxi-braxicarpona-

22(23)eno (12), 11α-15α-diacetoxi-braxicarpona-22(23)eno (13) (Figura 2)] (AHMED, et al.,

2001).

Os constituintes químicos 5 e 7 também foram isolados da espécie Cleome africana

Botsch (coletada no Egito) (TSICHRITZIS et al., 1993). Estes constituintes químicos

[cleocarpanol (5) e cleoginol (7)] também foram isolado de C. africana, proveniente da região

caribenha. Desta espécie, foram obtidos ainda, dezesseis triterpenos damarano [17α-hidroxi-

cabralealactona (14), cabralealactona (15), 3-O-acetil-12β-acetoxi-17α-hidroxi-cabralea-

lactona (16), 3α,17α-dihidroxi-cabralealactona (17), 12β-acetoxi-cleocarpona (18), 12-β-

acetoxi-cleocarpanol (19), 3-O-acetil-12β-hidroxi-cleocarpanol (20), cleocarpone (21), 3-O-

acetil-12β-acetoxi-25-O-etil-cleocarpanol (22), ∆1,2-desidro-cabralealactona (23), 12β-

acetoxi-∆1,2-desidro-cabralealactona (24), ∆1,2, ∆22,23-tetradesidro-cabralealactona (25), 12β-

acetoxi-∆1,2-∆22,23-tetradesidrocabralealactona (26), hemiacetal-cleoginol (27) e 17-hidroxi-

cleoginol (28) (Figura 3) (NAGAYA et al., 1997).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

33

O

O

OH

OH

O

OH

OH

H

O

O

OH

O O

OH

O

O

O

OAc

OAc

R

OOH

12

34

56

7

89

10

11

1213

14

15

1617

1819

20

2122 23

24

25

26

27

2829

30

5

6

7

8

O

O

O

O

R

AcOAcO

123

45

67

8910

11

1213

141516

17

1819

20

21

22

23

24

28 29

3012. R = OAc13. R = H

Figura 2 - Triterpenos do tipo damarano isolados da espécie Cleome ambliocarpa Barratte & Murb. Var.

9. R = βOAc, R”= H 10. R = αOAc, R”= H 11. R = βOAc, R”= βOAc

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

34

O OO O

12

34

5

6

7

8910

11

12

13

14

15

16

17

1819

2122

23

24

25 26

27

2829

30

20

R1

R2

R3

R4

17

24

R1

R2

R3

O

O

OO

O

O

O

OH

O

OHR1

R1

R1R2

Figura 3 - Triterpenos do tipo damarano isolados da espécie Cleome africana Botsch

O triterpeno cleoginol (7) também foi isolado da espécie Cleome gynandra L. e o

triterpeno damarano bucharial (29) da espécie Cleome droserifolia Forssk (Figura 4) (EL-

ASKARY, 2005; DAS et al., 1999).

O OAc

CH2OH

O

OAc

12

3

4

56

7

89

1112

13

30

141516

171819

20

21

22

23

24

25

26

27

2829

29

Figura 4 - Triterpeno isolado da espécie Cleome droserifolia Forssk

14. R1 = O, R2 = H, R3 = OH, R4 = O 15. R1 = O, R2 = H, R3 = H, R4 = O 16. R1 = α-OAc, β-H, R2 = OAc, R3 = OH, R4 = O 17. R1 = α-OH, β-H, R2 = H, R3 = OH, R4 = O

18. R1 = O, R2 = OAc, R3= H 19. R1 = α-OH, β-H, R2 = OAc, R3 = H 20. R1 = α-OAc, β-H, R2 = OH, R3 = H 21. R1 = O, R2 = H, R3 = H 22. R1 = α-OAc, β-H, R2 = OAc, R3 = CH2CH3 5. R1 = α-OH, β-H, R2 = H, R3 = H

23. R1 = H 24. R1 = OAc

25. R1 = H 26. R1 = OAc

7. R1 = R2 = H 27. R1 = -O- R2

28. R1 = OH, R2 = H

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

35

3.1.2.2 Diterpenos

Diterpenos do tipo cembranos ocorrem no gênero Cleome, com citação original para a

lactona diterpênica cleomeloide (30) (Figura 4), obtida na espécie Cleome viscosa L.

(BURKE et al., 1980; MAHATO et al., 1979). O ácido diterpénico cleomaldeído

[(3E,7E,11E)-20-oxo-cembra-3,7,11,15-tetraen-19-oico] (31) (Figura 5), também foi isolado

desta espécie (JENTE et al., 1990).

O

O

OH

H

1

2 3

4 5

6

78910

1112

13

14

15

16

17

18 19

20

30

CH3

HO2CCH3

CH2

CHO31

1

37

19

17

16

2011

14

18

Figura 5 - Diterpenos do tipo cembranos isolados da espécie Cleome viscosa L.

Os diterpenos do tipo cembrano 30 e 31 também foram isolados de Cleome spinosa

(COLLINS et al., 2004). Adicionalmente, outros cembranos foram isolados desta espécie

[cleospinol A (32), B (33), C (34) e D (35) e o derivado esterificado de cleospinol A (36)]

(Figura 6). Os diterpenos cleospinois são derivados de 10R,13S-dihidroxi-4,12-dimetil-1-(1-

metiletenil)-11(E)-ciclotetradeceno (COLLINS et al., 2004).

Figura 6 - Diterpenos cembranos isolados da especie Cleome spinosa Jack

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

36

3.1.2.3 Flavonóides

A família Brassicaceae possui uma ampla variedade de flavonóides na forma de

aglicona e glicosilados (Figuras 7 e 8). As estruturas químicas dos flavonóides 43 até 49

(Figura 7) possuem o esqueleto básico de uma aglicona do tipo canferol (3,5,7,4’-

tetrahidroxiflavona). A aglicona correspondente aos flavonóides glicosilados 50 até 54

(Figura 8) apresenta o esqueleto básico da quercetina (3,5,7,3’,4’-pentaxidroxiflavona). A

aglicona correspondente aos flavonóides glicosilados 55 e 56 é do tipo isoramnetina (3,5,7,4’-

tetrahidroxi-3-metoxi-flavona) e o flavonóide glicosilados 57 é do tipo apigenina (5,7,4’-

trihidroxiflavona). Os gêneros Cleome e Capparis são os mais representativos pela ampla

ocorrência desta classe de produtos naturais. A Tabela 1 correlaciona os flavonóides na forma

de agliconas isolados de espécies do gênero Capparis e na Tabela 2 encontram-se exemplos

de flavonóides glicosídicos isolados deste gênero.

O

O

35

7

3'

4'

R1

R3

R2

R4

R5

Figura 7 – Flavonóides na forma de agliconas isolados de espécies do gênero Capparis

O estudo de quatro espécies do gênero Cleome (C. amblycarpa Hassk, C. brachycarpa

Vahl ex DC, C. chrysantha Decne e C. droserifolia Forssk) levou ao isolamento de onze

flavonóides na forma de agliconas (Figura 9) e quatorze flavonóides glicosilados (Figura 8)

(SHARAF et al., 1997). A distribuição dos flavonóides entre espécies do gênero Cleome

encontra-se nas Tabelas 3 e 4. Além de terpenóides e flavonóides, o gênero Cleome ou a

família Brassicaceae apresentam outros tipos de constituintes químicos, alguns deles estão

citados nas Tabelas 5 e 6.

R1 R2 R3 R4 R5 37 OH OH OH H OH 38 OH OH H OH OH 39 OH OH OH OCH3 OH 40 OCH3 OH OH H OH 41 OCH3 OH OH OH OH 42 OCH3 OH OH OCH3 OH

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

37

Tabela 1 - Distribuição de flavonóides na forma de agliconas de espécies do gênero Capparis

NOME ESTRUTURA ESPÉCIE*

C. atamisquea

C. cynophallophora

C. humilis

C. retusa

C. salicifolia

C. speciosa

C. tweediana

C. artilogenia

C. decidua

C. spinosa

3,5,7,4’-

Tetrahidroxiflavona

37 + + + + - + + - - -

5,7,3’,4’-

Tetrahidroxiflavona

38 + + - + - + + - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxi-

3-metoxiflavona

39 + - - + + + + - - -

3,5,4’-trihidroxi-7-

metoxiflavona

40 - - - - - - + - - -

3,5,3’,4’-Tetrahidroxi-

7-metoxiflavona

41 - - - - - - + - - -

3,5,4’-Trihidroxi-7,3’-

dimetoxiflavona

42 - - - - - - + - - -

*Capparis atamisquea Kuntze; Capparis cynophallophora L.; Capparis humilis Hass; Capparis retusa Griseb; Capparis salicifolia Griseb; Capparis speciosa Griseb; Capparis tweediana Eichler; Capparis antilogenia L.; Capparis decidua Forssk; Capparis spinosa Jack.

Fonte: SHARAF et al., 1997; PELLOTO et al., 1998

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

38

O

O

R1O

OH

OH

OR2

O

O

R1O

OH

OH

OR2

OH

O

O

R1O

OH

OH

OR2

OMe

O

O

OH

OH

OH

R

R

1

2

Figura 8 - Flavonóides glicosilados isolados de espécies do gêneros Capparis e Cleome

R1 R2 43 Ramnose H 44 H Ramnose 45 Ramnose Ramnose 46 Ramnose Glicose 47 Glicose Ramnose 48 H 6”α-L-Ramnosil-6”-β-D-

glucose-β-D-glucosídeo 49 H Ramnoglucosil

R1 R2 50 Ramnose H 51 H Rutina 52 Rutina H 53 Ramnose Ramnose 54 Ramnose Glicose

R1 R2 55 H Rutina 56 Ramnose Ramnose

R1 R2 57 Glicose Glicose

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

39

Tabela 2 - Distribuição de flavonóides glicosilados de espécies do gênero Capparis NOME ESTRUTURA ESPÉCIE*

C. artilogenia

C. decidua

C. spinosa

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona -7-ramnose 43 - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona -3-rutinose 44 - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona -3,7-diramnose 45 + + +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona -3-glucose-7-ramnose 46 - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona -3-ramnose-7-glicose 47 - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-7-[6”α-L-Ramnosil-

6”-β-D-glucoseclucosil]-β-D-glucosídeo

glicoseramnose

48 - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona -3-ramnoglicosídeo 49 - - -

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona -7-ramnose 50 - - -

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona -3-rutina 51 + + +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona -7-rutina 52 + + +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona -3,7-diramnose 53 - - -

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona-3-glucose-7-

ramnose

54 + + +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3’-metoxiflavona-3-

rutina

55 - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3’-metoxiflavona-3,7-

diramnose

56 - - -

5,7,4’-trihidroxiflavona-6,8-di-C-glicose 57 - - -

*Capparis antilogenia L.; Capparis decidua Forssk; Capparis spinosa Jack. Fonte: SHARAF et al., 1997; PELLOTO et al., 1998

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

40

Tabela 3 - Distribuição de flavonóides na forma aglicona de espécies do gênero Cleome NOME ESTRUTURA ESPÉCIE*

Cleome

amblyocarpa

Cleome

brachycarpa

Cleome

chrysantha

Cleome

droselifolia

5,7,4’-trihidroxi-3-

metoxiflavona

58 + + + +

5,7,4’-trihidroxi-3,3’-

dimetoxiflavona

59 + - - -

5,7,4’-trihidroxi-6,3’-

dimetoxiflavona

60 + + + +

5,4’-dihidroxi-3,6,7-

trimetoxiflavona

61 + + + +

5,7,3’,4’-tetrahidroxi-

3,6-dimetoxiflavona

62 + - - -

5,7,4’-trihidroxi-

6,3’,5’-

trimetoxiflavona

63 + - - +

5,4’-dihidroxi-

3,6,7,3’-

tetrametoxiflavona

64 + + + +

5,3’-dihidroxi-

3,6,7,4’,5’-

pentametoxiflavona

65 + - - +

5,4’-dihidroxi-

3,6,7,8,3’-

pentametoxiflavona

66 - + - +

5-hidroxi-

3,6,7,3’,4’,5’-

hexametoxiflavona

67 + - + +

5,3’-dihidroxi-

3,6,4’,5’-

tetrametoxiflavona

68 - - - +

*Cleome amblycarpa Hassk, Cleome brachycarpa Vahl ex DC, Cleome chrysantha Decne, Cleome droserifolia Forssk. Fonte: SHARAF et al., 1997; PELLOTO et al., 1998

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

41

O

O

R2

OH

R6

R3

R1

R4

R5

R7

Figura 9 - Flavonóides na forma de aglicona isolados do gênero Cleome

Tabela 4 - Distribuição de flavonóides glicosilados em espécies do gênero Cleome NOME ESTRUTURA ESPÉCIE*

C. amblyocarpa

C. brachycarpa

C. chrysantha

C. droselifolia

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-7-ramnose 43 + + + +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3,7-diramnose 45 + - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3-glucose-7-ramnose 46 + + + +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3-ramnose-7-glicose 47 + + + +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-7-[6”α-L-Ramnosil-6”-β-D-

glucoseclucosil]-β-D-glucosídeo glicoseramnose

48 + - - -

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3-ramnoglicosídeo 49 + - - +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona-7-ramnose 50 + + + +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona-3-rutina 51 + - - +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona-7-rutina 52 - + - +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona-3,7-diramnose 53 + - + +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona-3-glucose-7-ramnose 54 - - - +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3’-metoxiflavona-3-rutina 55 + + + +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona-3’-metoxiflavona-3,7-

diramnose

56 + + + +

5,7,4’-trihidroxiflavona-6,8-di-C-glicose 57 + - - -

*Cleome amblycarpa Hassk, Cleome brachycarpa Vahl ex DC, Cleome chrysantha Decne, Cleome droserifolia Forssk. Fonte: SHARAF et al., 1997; PELLOTO et al., 1998

R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 58 H OH H OCH3 H OH H 59 H OH H OCH3 OCH3 OH H 60 H OH OCH3 H OCH3 OH H 61 H OCH3 OCH3 H H OH H 62 H OH OCH3 OCH3 OH OH H 63 H OH OCH3 OCH3 OCH3 OH OCH3 64 H OCH3 OCH3 H OCH3 OH H 65 H OCH3 OCH3 OCH3 OH OCH3 OCH3 66 OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 OH H 67 H OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 68 H H OCH3 OCH3 OH OCH3 OCH3

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

42

Tabela 5 – Outros metabólitos que ocorrem emespécies vegetais do gênero Cleome CLASSE ESPÉCIE REFERÊNCIA Esteróides glicosídeos C. viscosa L. SRIVASTAVA, 1982 Fenoxi coumarina C. icosandra L. NAIR, 1979 Coumarina liganóide C. viscosa L. RAY et al., 1985 Sais de amônio quaternários C. burmannii

Wight & Arn C. spinosa Jack

MC LEAN et al., 1996

Glicosinolatos C. chelidonii L.f. C. viscosa L.

SONGSAK e LOCKWOOD, 2002

Alcalóides glucosinolatos C. chelidonii L.f. Polifenois C. spinosa Jack SUGA e SHISHIBORI, 1980

Tabela 6 - Outros metabólitos que ocorrem em espécies vegetais da família Brassicasceae CLASSE ESPÉCIE REFERÊNCIA Alcalóides Capparis deidua

Forssk AHMAD et al., 1992

Glicosinolatos Cardaria draba L. Capparis flexuosa L. Capparis ferruginea L. Capparis spinosa Jack e Capparis ovata L.

FRÉCHARD et al., 2002 BROWN e STNART, 1968 MATTHAUS e OZCAN, 2002 AHMED et al., 1972

Glicosilotatos tipo indol Arabidopsis thaliana e Brassica napus L. Isatis tinctoria L.

AGERBICK et al., 2001 FRÉCHARD et al., 2001

Glicosinolatos ésteres do ácido benzóico

Arabidopsis thaliana

(L.) Heynh REICHELT et al., 2002

6(S)-hidroxi-3-oxo-α-ionol glicosídeo

Capparis spinosa Jack ÇALIS et al., 2002

Sais de amônio quaternários Morisonia subcordata e Morisonia americana L. Capparis humilis Hass Capparis spinosa Jack Capparis moonii Wight Capparis deidua Forssk Capparis tormentosa L. Maerua virgata Gilg Maerua glauea Chiov

SARRAGIOTTO et al., 2004 MC LEAN et al., 1996

1-H-indol-3-acetonitrila glicosídeo Capparis spinosa Jack ÇALIS et al., 1999 3-hidroxi-3-metil-4-metoxiindol Capparis tomentosa L. DEKKER et al., 1987 Indol glicosídeos Capparis spinosa Jack ÇALIS et al., 2002

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

43

3.2 FAMÍLIA MALVACEAE

3.2.1 Aspectos etnofarmacológicos da família Malvaceae

A família Malvaceae é composta por 243 gêneros e 4.225 espécies, distribuídas em

todas as partes do mundo, com exceção de regiões muito frias, sendo mais abundantes nas

regiões tropicais da América do Sul (COSTA et al., 2007). Espécies desta família são

amplamente utilizadas como fonte de madeira e de fibras na indústria têxtil, cordoaria e

aniagem, bem como para fins ornamentais, alimentícios e medicinais. Com relação ao uso

terapêutico, vários estudos farmacológicos foram realizados com base no uso etnobotânico,

objetivando a validação do uso tradicional, bem como elucidação de mecanismos de ação de

algumas espécies desta família (SILVA et al., 2006a).

Dentre os gêneros mais numerosos encontram-se Hibiscus (300), Sida (200), Pavonia

(270), Abutilon (100), Nototriche (100), Cristaria (75) e Gossypium (40) (COSTA et al.,

2007; SILVA et al., 2006a; ESTEVES et al., 2006; 2000; HALL et al., 2002). Em função

da ocorrência mais abundante dos gêneros Hibiscus, Sida e Pavonia, nos ítens a seguir

encontram-se um enfoque etnofarmacológico para algumas espécies destes gêneros.

3.2.1.1 Contribuição do gênero Hibiscus

O gênero Hibiscus, até recentemente, era conhecido como rico em plantas

ornamentais, de ocorrência abundante nos Estados Unidos da América (com

representatividade de dezessete espécies de Hibiscus). Entretanto, nos últimos anos seu

potencial alimentício [flores comestíveis, corante alimentício natural, utilização nutracêutica

das sementes (farinha rica em proteínas)] vem sendo difundido (PUCKNABER et al., 2002).

Como exemplos de espécies alimentícias, destacam-se H. mutabilis L., H. syriacus L., H.

hamabo Sieb. et Zucc., H. tileaceous Rubra. Neste contexto, o uso de fibras, mucilagens e

monossacarídeos complexos obtidos a partir do caule, galhos, hastes e ramos, também são

expressivos. Adicionalmente, o óleo é utilizado como lubrificante (PUCKNABER et al.,

2002).

O gênero Hibiscus caracteriza-se por apresentar como principal classe de metabólitos

secundários os flavonóides agliconas ou glucosídeos. Além disso, análises preliminares de

amostras das flores de várias espécies de Hibiscus mostraram conter vitamina A e E, bem

como precursores de carotenos e tocoferois (PUCKHABER et al., 2002). Algumas espécies

deste gênero apresentam atividades farmacológicas como mostrado a seguir.

A espécie Hibiscus syriacus L. é utilizada na medicina tradicional no combate a

diarréia, dores abdominais e leucorreia (KASTURE et al., 2000; LEE et al., 1999; YUN et al.,

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

44

1999). Avaliações farmacológicas realizadas para H. syriacus comprovaram sua ação

inibitória para peroxidação de lipídios e citotoxidade significativa contra células cancerígenas

de humano (YUN et al., 1999). Flavonóides isolados das cascas do caule desta espécie

exibiram atividade antioxidante (LEE et al., 1999).

Hibiscus sabdariffa L. vem sendo utilizado na medicina tradicional como diurético,

estomáquico, afrodisíaco, antisséptico, adstringente, colagogo (estimulação do fluxo biliar),

digestivo, sedativo, laxativo e como remédio para febre e abcesso (MALHOTRA e SIGH,

2007; REANMONGKOL e ITHARAT, 2007; MÜELLER e FRANZ, 1992). O extrato

alcoólico de H. sabdariffa apresentou ação antinociceptiva e a atividade antipirética. Não foi

observada toxicidade aguda em ratos após a administração do extrato aquoso ou etanólico

(REANMONGKOT e ITHARAT, 2007). O efeito imunomodulador desta espécie foi

correlacionado com polissacarídeos (MÜELLER e FRANZ, 1992).

Hibiscus vitifolius L. apresenta atividade antinociceptiva similar aos alcalóides do ópio

envolvendo os sistemas neurotransmissores, sendo também um agente analgésico

(MALHOTRA e SIGH, 2007) e o extrato etanólico de Hibiscus sinensis Mill. apresentou

atividade anticonvulsivante (KASTURE et al., 2000).

3.2.1.2 Contribuição gênero Sida

O gênero Sida encontra-se bem representado nas Américas (México e América

Central), ocorrendo também na África e Índia. No Brasil ocorre mais abundantemente nas

regiões nordeste e sul e, em menor proporção, nas regiões norte, centro-oeste e sudeste

(KAROU et al., 2007; LANS, 2007). Investigações fitoquímicas em espécies deste gênero (S.

galheirensis Ulbr., S. acuta Burn., S. humilis var., S. rhombifolia L., S. spinosa L., S. spp.)

mostraram a presença das várias classes de metabólitos secundários (ácidos graxos,

esteróides, terpenóides, flavonóides, alcalóides e compostos nitrogenados) (SILVA et al.,

2006b; DINAH et al., 2001; PRAKASH et al., 1981). Adicionalmente, espécies do gênero

Sida apresentam uma característica em comum que é a ocorrência de fitoecdisteróides,

detectados em aproximadamente 200 espécies. Tipicamente, são compostos semelhantes ao

matabólito 113 (isolado de Sida spinosa, Figura 21) (DINAH et al., 2001). Este tipo de

produto natural é responsável por atividades biológicas que apresentam os seguintes efeitos:

tonificante, diurético, anabolizante e regulador de índices glicêmicos (DARWISH e

REINECKE, 2003).

No Brasil, a espécie Sida cordifolia L. é conhecida popularmente como malva branca

ou malva branca sedosa, utilizada na medicina folclórica no tratamento de estomatites,

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

45

blenorréia, bronquite asmática e congestão nasal (SILVA, et al., 2006). Na Índia, onde é

conhecida como bala, é utilizada no tratamento de leucorreia, gonorréia, reumatismo, no

combate a dor ciática e debilidade em geral (imunomodulador) (SINGH, 2006). No Irã, Sida

cordifolia é utilizada para combater desinteira crônica (SUTRADHAR et al., 2007).

O extrato aquoso das folhas de S. cordifolia L. foi submetido a testes farmacológicos,

tendo sido comprovado os efeitos antiglicemico, hepatoprotetor, antiinflamatório, analgésico,

com baixa toxicidade. Estes efeitos poderão estar correlacionados com a presença de

alcalóides [efedrina, pseudoefedrina (um vaso constritor potente), vasicinona e vasicina

(componente majoritário)] que foram detectados nas folhas desta espécie (FRANZOTTI,

2000; SILVA, et al., 2006; KANTH e DIWAN, 1998).

A espécie Sida acuta Burm é conhecida por representar uma rica fonte etnobotânica,

no tratamento de malária, asma, inflamação renal, resfriado, febre, cefaléia, úlcera, vermes e

diarréia (KAROU et al., 2005; BANZOUZI et al., 2004). É utilizada também, para neutralizar

o veneno da serpente Bothrops atrox (SILVA et al., 2006). Estudos realizados com S. acuta

(extrato bruto ou substâncias isoladas) têm sido realizados com base nos conhecimentos

tradicionais, para confirmar sua ação terapêutica. As propriedades farmacológicas

comprovadas para esta planta são: antiespasmódica, antimicrobiana, antimalária,

antiplasmódico, antioxidante e citotóxica (KAROU et al., 2007; KAROU et al., 2003).

Os testes realizados para avaliar a atividade antibacteriana de Sida acuta revelaram

que muitos compostos são responsáveis por esta atividade. Polifenois e alcalóides da planta

foram testados separadamente em várias bactérias patogênicas. Os testes revelaram que os

compostos fenólicos apresentam uma boa atividade antimicrobiana in vitro e que esta

atividade foi muito influenciada pelo tempo de estocagem do extrato provavelmente devido à

oxidação dos compostos fenólicos (KAROU et al., 2007). Os primeiros testes antimicrobianos

com o extrato metanólico mostraram significativa atividade para Staphylococus aureus,

Escherichia coli, Bacilus subtilis e Mycobacterium phlei. No entanto, este extrato não

mostrou ação bactericida para Streptococus faecalis, Klebsiella pnsumoniae, Salamonella

tryphimurim, Pseudonomas aeruginosa e Cândida albicans (KAROU et al., 2007).

Estudos fitoquímico sugeriam que a atividade antimalária de Sida acuta estava

relacionada à presença de alcalóides (BANZOUZI et al., 2004; KAROU et al., 2003). Estes

alcalóides mostraram as seguintes propriedades farmacológicas: a propriedade antiplasmodial

foi evidenciada para o alcalóide criptoleína (5-metil indol [2,3b]quinolina) (BANZOUZI et

al., 2004). Adicionalmente, apresentou atividade antiparasitária contra P. falciparum (a

principal espécie parasita responsável pela malária) e efeitos hipotensivo, antipirético,

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

46

antibacteriano e antiinflamatório (KAROU et al., 2007); a ação antiiflamatória foi

comprovada para o alcalóide escopoletina (6-metoxi-7-hidroxicumarina) (Figura 13; estrutura

84). Adicionalmente, apresentou ação inibidora da função da tireóide e não apresentou efeito

hepatóxico (KAROU et al, 2007).

A espécie Sida spinosa L. é utilizada como tonificante e no tratamento contra asma e

outras doenças toráxicas. As folhas são indicadas no tratamento de picadas de cobras. As

raízes e as folhas desta espécie são utilizadas no tratamento de diarréia. As raízes e as partes

aéreas levaram ao isolamento de fictoecesteróides (DARWISH e REINECKE, 2003).

A espécie Sida rhomboidea Roxb. ex Fleming é uma erva encontrada nos pântanos da

Índia onde é utilizada como afrodisíaco, tônico, combate febre, doenças cardíacas e

inflamações em geral (KANTH e DIWAM, 1998). Testes farmacológicos realizados com

extratos de S. rhomboidea revelaram sua ação genotóxica sobre linfócitos tendo sido

comprovado que o extrato etanólico das raízes e o extrato aquoso das folhas foram os que

apresentaram maior efeito genotóxico. Estes dados são significativos já que as folhas são a

parte da planta tradicionalmente utilizada na medicina tradicional (BRUGÉS e REZA, 2007).

Avaliou-se ainda seu efeito antimicrobiano contra Staphylococus aureus e Pseudonomas

aeruginosa. O extrato etanólico apresentou atividade antimicrobiana que foi associada aos

metabólitos terpenoídicos e flavonóides presentes nesta espécie (BRUGÉS e REZA, 2007).

Sida galheirensis Ulbr ocorre em todos os estados do Nordeste do Brasil,

especificamente em meio à caatinga (SILVA et al., 2006). Na medicina popular, as partes

aéreas de S. galheirensis são utilizadas em forma de decocto ou xarope, no combate à tosse e

coqueluches (AGRA et al., 2007)). Atividade antioxidante de S. galheirensis foi justificada

pela presença flavonóides (SILVA et al., 2006).

3.2.1.3 Contribuição gênero Pavonia

O gênero Pavonia ocorre abundantemente nas Américas, com concentração

significativa no sul dos Estados Unidos (ocorrência de mais de 200 espécies), América

Central, Oeste da Índia e América do Sul. Ocorre também, no velho mundo, especificamente

na África. No Brasil existem 134 espécies distribuídas nas regiões nordeste e sudoeste

(ESTEVES, 2006; 1998). Muitas espécies deste gênero são consideradas como plantas

ornamentais, sendo de uso restrito em função da grande dificuldade de cultivo (SELVAN et

al., 2007). Para várias espécies do gênero Pavonia, encontram-se na literatura muitos estudos

botânicos e agronômicos. No entanto, com relação ao enfoque fitoquímico e farmacológico,

incluindo atividade toxicológica, poucos são os estudos reportados até o presente momento.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

47

As seguintes classes de metabólitos foram encontradas na família Malvaceae: alcalóides

(CORDÓBA et al., 1995); betaínas (McNEIL et al.,1999); diterpenos (BHATT et al.,1983);

esteróides (GOYAL et al., 1989); flavonóides (SILVA et al., 2006b) e saponinas

(CORDÓBA et al., 1995).

Diferentes espécies de Pavonia são utilizadas e indicadas na medicina popular do

Brasil e em países de clima tropical e subtropical para combater tumores de próstata,

adicionalmente, agem como agentes bactericida, vermífugo e purgativo (MARASCIULO et

al., 2006). Como exemplos, destacam-se as espécies Pavonia varians Moric, Pavonia odorata

Willd. e Pavonia distinguenda A. St.-Hil.

No Brasil, as folhas de Pavonia varians (vulgarmente conhecida como cabeça de boi)

são utilizadas para combater infecções do aparelho digestivo, bem como inflamações de boca

e garganta. O levantamento bibliográfico (1950 até 2008) realizado para esta espécie não

revelou nenhum estudo fitoquímico ou farmacológico.

A espécie Pavonia zeylanica apresentou atividade larvicida. Esta propriedade é

bastante importante em termos de saúde pública uma vez que os mosquitos são transmissores

de doenças como malária e dengue. Contribuindo desta forma, com outros produtos de plantas

que têm sido usados em comunidades de muitas partes do mundo contra vetores de espécies

de insetos (VAHITAHA et al., 2002).

Pavonia odorata (trata-se de uma erva com odor aromático) é utilizada na medicina

tradicional da Índia no combate a inflamações, hemorragia de órgãos internos, bem como

antidiarréica, antipirética, estomáquica, asdistringente, tonificante, emoliente, carminativa e

diurética (SELVAN et al., 2007). Cientificamente comprovou-se que esta espécie exerce ação

citotóxica e antitumoral contra células de carcinoma de Erlich (SELVAN et al., 2007). A

analise fotoquímica desta espécie mostrou a presença predominante de terpenos e saponinas, e

resultado positivo para flavonóides, glicosídeos e carboidratos (SELVAN et al., 2007).

Pavonia distinguenda (trata-se de uma planta de pequeno porte) é encontrada na

região sul do Brasil, bem como em países de clima tropical e subtropical com flores róseas,

conhecida popularmente como erva de ovelha (GARCIA, 2007). Esta espécie é conhecida

tradicionalmente por combater tumores de próstata (MARASCIULO et al., 2006).

Cientificamente comprovou-se que esta espécie exerce efeito bactericida (MARASCIULO et

al., 2006).

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

48

3.2.2 Constituintes químicos da família Malvaceae

Investigações com espécies pertencentes à família Malvaceae revelaram a ocorrência

de esteróides, triterpenos, compostos fenólicos, flavonóides (agliconas e glicosídeos),

alcalóides (e outros compostos nitrogenados, com ocorrência abundante de glicinabetaína),

saponinas (esteroidais e triterpênicas) (GORHAM, 1996). Especificamente, o metabólito

glicinabetaína foi isolada dos seguintes gêneros: Hibiscus (isolado de 13 espécies), Sida (6

espécies), Abutilon (6 espécies), Malva (6 espécies), Gossypium, Lavatera e Althaea

(BLUNDEN et al., 2001; GORHAM, 1996).

Os alcalóides encontrados na família Malvaceae são do tipo quinolínicos (vasicinona,

vascinol e vascina), indoquinolínicos, β-fenilaminas (efedrina e pseudoefedrina) e triptaminas

carboxiladas. No gênero Sida por exemplo, as espécies Sida acuta Burn. e Sida cordifolia L.

se destacam pela ocorrência abundante de alcalóides. A Figura 10 mostra alcalóides do tipo

indoquinolínicos [criptolepina (69), quindolinona (70), criptolepinona (71), quindolina (72),

metoxiquindolinas (73)] que foram isolados de Sida acuta e a Figura 11 mostra outros tipos

de alcalóides [efedrina (74), N-metil-triptofano (75), vascina (76), vasicinol (77) e vasicinona

(78)] que foram isolados da espécie Sida cordifolia (KAROU et al., 2005; PRAKASH et al.,

1981).

N

N

CH3

H

N

N

H

N

N

HOMe

N

N

R1O

R

R169

70.R=R1=H 71.R=CH3, R1=H

72 73

Figura 10 - Alcalóides isolados da espécie Sida acuta Burn.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

49

N

OHH

CH3CH3

NNH(CH3)

H

COOH NCH3CH3

H

H

OH

N

NHOH

R

N

NHOH

OHO

7475 76

7778

Figura 11 - Alcalóides isolados da espécie Sida cordifolia L.

Diferente do produto natural nitrogenado glicinabetaína (79) de ampla ocorrência na

família Malvaceae, o metabólito 17’’’etoxifaeoforbideo (80) isolado das espécies Sida spinosa

L. e Sida galheirensis Ulbr. é de rara ocorrência (Figura 12) (SILVA et al., 2006b).

NN

NN

CH3HHa

HbHc

CH3

CH3

HH

CH3

O

HH

CH3

H

OCH

2

CH3

O OMe

I II

IV IIIV

N CH2

COO

CH3

CH3

CH3

1

23

4 5 67

8

9

10

11

1213

1415

16

17

18

19

20

3'3"

17'17"

17"'

13"13'

13"'

12'

2'

7'

8' 8"

13""

18'

17''''

17'''''

80

+ -

79

Figura 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

50

3.2.2.1 Compostos fenólicos e flavonóides

Da espécie Sida acuta foram isolados os seguintes compostos fenólicos: evofolin-“A”

(81) e “B” (82), escopoletina (83), voifoliol (84), loliolida (85) e 4-cetopinorisinol (86)

(Figura 13) (KAROU et al., 2007). Da espécie Sidastrum paniculatum L., foram isolados os

metabólitos fenólicos ácido 3-metoxi-4-hidroxibenzóico (87) e 3-metoxi-4-

hidroxibenzaldeído (88) (Figura 14) (NOGUEIRA et al., 2006).

Da espécie Sida galheirensis Ulbr. foram isolados flavonóides [5,4’-dihidroxi-3,7,3’-

trimetoxiflavona (89), 5,7,4’-trihidroxiflavona (90), 5,7,3’,4’-tetrahidroxiflavona (91) e o

raro produto natural 6,7-dimetoxicumarina (92)] e flavonóides glicosilados [canferol-3-O-β-

D-(6’’-E-p-cumaroil) glicopiranosídeo (93), luteolina 7-O-β-D-glicopiranosídeo (94)] (Figura

15) (SILVA et al., 2006b). Flavonóides glicosilados também foram isolados da espécie Sida

cordifolia L. (Figura 16) (SUTRADHAR et al., 2007).

OH

O

OH

OMe

OHO

OH OH

MeOOMe

O O

MeO

OHOH

O

OH

OO

OH

O

O

OH

H

H

O

OH

MeO

OMe

8182

848385

86

Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida acuta Burn.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

51

HO

OH

OMe

OHO

OH

OMe

87 88

Figura 14 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sidastrum paniculatum L.

O

O

R1

R2

R5

R3

R4

O OMeO

MeO

3

5

7

4'

3'

6

78

4a

8a

3

92

O

O

O

OH

OH

OH

O

OHOH

CH2

OH

O

O

OH

93

O O

OOH

OH

OH

O

OHOHOH

CH2

OH 3'4'

594

Figura 15 – Flavonóides na forma de aglicona e glicosilados isolados

de Sida galheirensis Ulbr.

R1 R2 R3 R4 R5 89 OCH3 OH OCH3 OCH3 OH 90 OH OH H H OH 91 OH OH H OH OH

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

52

O

O

OH

OH

OH

O

R3

R1

R2

O

OH

OH

OHOH

-CH2

CH3 CH3

-CH2

CH3

CH3

C10H17 =

C5H9 =

Figura 16 - Flavonóides glicosilados isolados da espécie Sida cordifolia L.

Um estudo realizado com flores de vinte e nove espécies de Hibiscus mostrou que este

gênero é rico em flavonóides e antocianinas. O flavonóide aglicona mais comumente

encontrado neste gênero foi a flavona 37 (3,5,7,3’,4’-pentahidroxiflavona), tendo sido

isolados também, outras duas agliconas 103 e 104, um flavonóide glicosídeo (105) e

antocianidinas (98 a 102), apresentados na Figura 17. Na Tabela 7 encontram-se descritos

flavonóides do tipo aglicona que foram isolados de diferentes espécies de Hibiscus (SHUI e

PENG, 2004; PUCKHABER et al., 2002).

Da espécie Pavonia distinguenda A. St.-Hill & Naud., foram isolados os flavonóides

glicosilados canferol-3-O-β-D-(6’’-E-p-coumaroil) glicosídeo (93) e canferol-3-O-β-D-

glicopiranosídeo (106) (Figura 18) (GARCIA, 2007).

R1 R2 R3 95 Glucose H C10H17

96 Glucosil[1→4]glucose H C10H17

97 Glucosil[1→4]glucose C5H9 C10H17

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

53

OR1

R3

R2

R4

R5

+

O

O

R1

R2R3

R4

R5

R6

O

O

O

OH OHOH

OH

OOH

OH

OH

CH2OH

105

Figura 17 - Flavonóides do tipo aglicona e antocianidinas isolados do gênero Hibiscus

R1 R2 R3 R4 R5 98 OH OH OH OH H 99 OH OH OH OH OH

100 OH OH OCH3 OH OCH3 101 OH OH OCH3 OH H 102 OH OH OCH3 OH OH

R1 R2 R3 R4 R5 R6 103 OH OH OH OH OH H 37 OH OH OH H OH H

104 OH OH H OH OH OH

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

54

Tabela 7 - Distribuição de flavonóides na forma de aglicona em espécies do gênero Hibiscus NOME ESTRUTURA ESPÉCIE*

H. aculeatus

H. calyphyllus

H. coccineus

H. esculentus

H. grandiflorus

H. laeuis

H. martianus

H. moscheutos

H. mutabilis

H. paramutabilis

H. rosa-sinensis

H. striatus lambertianus

H. syriacus “Purble Red”

H. syriacus “The Blues”

H. syriacus

3,5-Dimetoxi-3,3,7,4’-tetra hidroxianto cianidina

98 - - + - - - - - - - - - - + -

3,7,4’-Trihidroxiantocianidina

99 - + - - + - - - - - - - + + +

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiantocianidi na

100 + + + - + + + + + + + + + + -

3,7,4’,5’-Te trahidroxi-3’-metoxian tocianidina

101 - - - - - - - - - - - - + + -

3,7,4’-Trihi droxiantocianidina

102 - - - - - - - - - - - - + + -

3,5,7,3’,4’-Pentahidroxiflavona

103 + + + - + + + + + + + + - - +

3,5,7,4’-Tetrahidroxiflavona

37 - - - - - - - - + + - - + + -

3-Ramnosi na-5,7,3’,4’, 5’-flavona

104 + - - - - - - - - - - - - - -

3,5,7,4’-Te trahidroxiflavona-3-O-glucosídeo

105 - - - + - - - - - - - - - - -

Fonte: SHUI e PENG, 2004; PUCKNABER et al., 2002.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

55

O

O

O

OH OHOH

CH2OH

OH

OOH

OH

106

Figura 18 - Flavonoide glicosídico de Pavonia distinguenda A. St.-Hil.

3.2.2.2 Esteróides e saponinas esteroidais

Da espécie Sida acuta Burm. foram isolados os esteróides mais comumente

encontrados em plantas, tais como: ecdisterona (107), β-sitosterol (108), estigmasterol (109) e

campesterol (110) (Figura 19) (KAROU et al., 2007). Na Figura 20, encontram-se os

esteróides glicosilados [sistosterol-3-O-β-D-glucopiranosídeo (111) e estigmasterol-3-O-β-D-

glucopiranosídeo (112)] que foram isolados de Sida galheirensis Ulbr.. O metabólito 108

também foi isolado de Pavonia distinguenda (SILVA et al., 2006b). É importante destacar a

ocorrência fitoecdisteróis nas espécies Sida spinosa L., S. filicaulis Torr. & Gray e S.

rhombifolia L. (DINAH et al., 2001). Dentre estas espécies, Sida spinosa é a mais rica em

fitoecdisteróides [constituem tipos de esteróides está correlacionados aos hormônios

esteroidais dos invertebrados: 20 hidroxiecdisona, com 27, 28 ou 29 carbonos além do

cromóforo 14-hidroxi-7-en-6-ona e fusão cis A/B(5β-H)], tendo sido identificados os

seguintes metabólitos: 20-hidroxi,24-hidroximetil ecdisona (113), 20-hidroxiecdisona (114),

turquesterona (115), maquisterona “C” (116), 20-hidroxiecdisona-20,22-monoacetonida

(117) (Figura 21) (DARWISH e REINECKE, 2003).

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

56

CH3

OH

OH

CH3

CH3

OHOH

OH

OH

CH3

O

CH3

CH3

OH

CH3

CH3

CH3

CH3

CH3

CH3

OH

CH3

CH3

CH3

CH3

CH3

CH3

OH

CH3

CH3

CH3

107108

109 110

Figura 19 - Esteróides isolados da espécie Sida acuta Burn.

O O

OH

CH2

OH

OHOH

O O

OH

CH2

OH

OHOH

1

35

6

89

11

12

14

16

18 20

21 22

2425

26

27

2829

111

1

35

6

89

11

12

14

16

18 20

21 22

2425

26

27

2829

112

Figura 20 - Esteróides glicosilados isolados da espécie Sida galheirensis Ulbr.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

57

OH

OHOH

OH

OH

O

R2

R1

OH

H

OH

OH

OH

O

OH

OO

H 117

Figura 21 – Fitoecdisteróides isolados da Sida spinosa L.

3.2.2.3 Triterpenos e saponinas triterpênicas

Da espécie Pavonia distinguenda A foram identificados os triterpenos lupeol (118),

germanicol (119) e taraxerol (120) (Figura 22) (TIWARY e MINOCHA, 1980).

Do gênero Sidastrum (encontrado na região nordeste do Brasil, conhecido

popularmente como malva-roxa ou malvarisco) destaca-se a espécie Sidastrum paniculatum

L. (NOGUEIRA et al., 2006). O estudo fitoquimico desta espécie levou ao isolamento dos

seguintes metabólitos especiais: compostos fenólicos [m-metoxi-p-hidroxibensóico (87) e m-

metoxi-p-hidroxibenzaldeído (88) (Figura 14)]; flavonóide glicosilado [canferol-3-O-β-D(6”-

E-p-coumaroil) glicosídeo (93) (Figura 15)]; esteróides de ampla ocorrência [sitosterol (108) e

estigmasterol (109) (Figura 19)] e do composto nitrogenado ácido e N-trans-feruloiltiramina

(121) (Figura 23) (GARCIA, 2007; NOGUEIRA et al., 2006). Os metabólitos 93, 108 e 109

também foram isolados da espécie Sidastrum sp, em adição ao flavonóide 5,7-dihidroxi-8,4-

dimetoxiflavona (122) (Figura 23) (SILVA et al., 2006a; 2006b).

R1 R2 113 H CH2OH 114 H H

115 OH H

116 H C2H5

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

58

OH

1

35

6

89

11

12

14

18

21

23 24

25

2

4 7

10

13

15

16

17

19

20

22

118

OHH

H H

119

OH

1

35

6

89

11

12

14

18

23 24

25

2

4 7

10

13

15

16

17

120

1920 21

22

26

27

28

2930

Figura 22 – Triterpenos isolados da espécie Pavonia distinguenda A. St.-Hill & Naud.

N

OOH

OMeOH

H

H

O

OMe

OOH

OHOMe

121

122

Figura 23 – Outros constituintes químicos isolados do gênero Sidastrum

O estudo fitoquimico da espécie Malva sylvestris L. levou ao isolamento de

antocianinas, leucocianidinas, carotenóides e uma fitoalexina malvonea (2-metil-3-metoxi-

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

59

5,6-dihidroxi-1,4-naftoquinona) (123; Figura 24) (VESHKUROVA et al., 2006; ESIYOK et

al 2004).

O

OH

OOMe

OH

CH3

123

Figura 24 – Fitoalexina malvonea isolada da espécie Malva sylvestris L.

3.2.2.4 Outros metabólitos isolados de Sida spinosa L.

Constituintes pertencentes a outras classes de metabólitos secundários também foram

isolados do Sida spinosa L., tais como: hidrocarbonetos triacontano (124) e 1-eicoseno (125),

ésteres gliceril-1-eicosanoato (126) e p-hidroxipenetil-trans-felurico (127) e do glicosídeo 1-

O-β-D-glucopiranosil-(2S,3S,4R,8Z)-2-[(2’R)-2’-hidroxixipalmito-ilamino]-8-octadecene-

1,3,4’-triol (128) (Figura 25) (DARWISH e REINECKE, 2003).

[CH3(CH2)28CH3] [CH2=CH-(CH2)7CH3]

CH2

O CH2(CH2)17CH3

OCH

CH2

OH

OH

1

2

3

2' 20

126

O

OHO

OMeOH

12

3

45

6

78

1'

2'

3'

4'

1''

2''

127

OCH2OH

H

OHOH

OH

O

NH (CH2)12CH3

O

OH

CH

OH

CH

(CH2)17CH3

128

Figura 25 - Outros Metabólitos Isolados de Sida spinosa L.

3.3 FAMÍLIA EUPHORBIACEAE

124 125

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

60

A família Euphorbiaceae encontra-se amplamente distribuída no reino vegetal e

compreende aproximadamente 300 gêneros e 8000 espécies que ocorrem em todo o mundo,

com concentração significativa nas Américas e África. As euforbiaceas são encontradas em

habitats variados e têm representantes que variam de acordo com o tamanho das árvores. As

flores são sempre monogâmicas e as frutas possuem normalmente, cápsulas com três partes,

onde cada parte contém uma semente oleosa. A família Euphorbiaceae possui gêneros que se

destacam por serem mais abundantes, dentre eles encontram-se: Euphorbia (1600 espécies),

Croton (1000), Phyllantus (480), Acalypha (430), Manihot (160), Jatropha (150), Tragia

(140), Vigia (101), Alchornea (60) (SILVEIRA, 1985; WILSON et al., 1976; WEBSTER,

1967; PAX e HOFFMAN, 1931).

De acordo com SILVEIRA (1985) aproximadamente 1000 espécies do gênero Croton

encontram-se distribuídas em todo o mundo. No entanto, em 1994 reportou-se à existência de

700 espécies (WEBSTER, 1994); constatando-se, portanto, uma incompatibilidade de dados.

Este assunto merece um levantamento bibliográfico mais rigoroso, envolvendo

principalmente, trabalhos divulgados por botânicos.

Recentemente dois trabalhos de revisão com abordagem etnobotânica, fitoquímica e

farmacológica foram divulgados por MACIEL et al., 2006a (O Gênero Croton e Aspectos

Relevantes de Diterpenos Clerodanos) e SALATINO et al., 2007 [Traditional uses, Chemistry

and Pharmacology of Croton species (Euphorbiaceae)]. Dentre as espécies de Croton,

destaca-se pelo maior número de estudos publicados, o Croton cajucara Benth (COSTA et al.

2007; MACIEL et al., 2007a; 2007b; 2006a; 2006b; 2005; 2002a; 2002b; 2000;1998a;

PERAZZO et al., 2007; POERSCH et al., 2007; SANTOS et al., 2006; CAMPOS et al.,

2002; HIRUMA-LIMA et al., 2002a; 2002b; LOPES et al., 2000; GROSSMAN e RASNE,

2001; dentre outras). Em função do volume de trabalhos publicados com a espécie C.

cajucara, a seguir encontram-se considerações específicas sobre esta planta, bem como sobre

o gênero Croton.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

61

3.3.1 O gênero Croton

De maneira geral, o gênero de qualquer espécie vegetal, se divide em tribo e subtribo.

Dentre as tribos (dos gêneros) que pertencem à família Euphorbiaceae, destacam-se: Cleroda,

Cyclostigma, Klotzschiphytum, Eutropia, Luntia e Eluteria (WEBSTER, 1994). O gênero

Croton, por exemplo, pertence à família Euphorbiaceae, subfamília Crotonoideae e tribo

Crotoneae (MACIEL, 1997). O Quadro 1 mostra alguns exemplos de várias espécies deste

gênero, que encontram-se distribuídas no Brasil (Maciel et al., 2006a).

Quadro 1 - Espécies do gênero Croton que ocorrem no Brasil C. abeggii Urb. & Ekman C. antisyphiliticus Mart. C. argyrophylloides Muell

Arg.

C. inaequilobus Steyerm C. piptocalyx Müll. Arg. C. priscus Croizat C. pullei Lanjouw

C. cajucara Benth C. caperoniifolius Müll. Arg. C. campestris A. St C. celtidifolius Baillon C. cordifolius Baillon C. crustulifer Croizat C. cuneatus Klotz

C. jacobinensis Baillon C. junceus Baillon

C. rhamnifolius Kunth

C. echioides Baillon C. essequiboensis Klotzsch

C. maracayuensis Chodat & Hassler C. matourensis Aubl. C. micans Baillon C. microgyne Croizat C. mucronifolius Müll. Arg.

C. sacaquinha Benth C. salutaris Casar C. sampatik Müll. Arg. C. sepotubensisv Hoehne C. sincorensis Mart. ex Muell Arg. C. sonderianus Müll. Arg. C. sphaerogynus Baillon

C. glechomifolius Müll. Arg. C. goyazensis Müll. Arg. C. gracilescens Müll. Arg.

C. nepetifolius Baillon C. nummularius Baillon

C. tessmannii Mansf C. tetradenius Baillon

C. hemiargyreus Muell Arg. C. heterocalyx Baillon

C. ocalia Klotzsch C. organensis Baillon

C. urucurana Baill C. zehntneri Pax e Hoffm

O progresso científico de pesquisas realizadas com produtos naturais está focado em

investigações multidisciplinares que conduzam a validação do uso medicinal de espécies

vegetais. Neste contexto, é importante destacar que o gênero Croton está representado

internacionalmente pelas espécies Croton zambesicus Muell Arg. (África), Croton lechleri

Muell. Arg. (EUA) e Croton tiglium Klotzsch (Ásia), que atualmente lideram as pesquisas

científicas deste gênero, totalizando 58 artigos publicados em periódicos indexados (MACIEL

et al.; 2006a). Dentre as espécies nativas do Brasil, o Croton cajucara Benth, Croton

zehntneri Pax e Hoffm. e Croton sonderianus Müll Arg. são os destaques por serem os mais

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

62

representativos, perfazendo em 2006, um total de 90 artigos publicados. A espécie C.

cajucara é a mais estudada do gênero em todo o mundo, perfazendo até 2006, 64 publicações

inseridas em um contexto científico multidisciplinar (MACIEL et al., 2006a). Outras espécies

do gênero Croton também são alvo de estudos multidisciplinares, tais como: Croton

sonderianus Muell Arg., Croton zehntneri Pax e K. Hoffm, Croton schiedeanus Schltdl,

Croton megalocarpus Hutch, Croton urucurana Baill, Croton eluteria (L.) Sw. e Croton

linearis Jacq (MACIEL et al., 2006a).

O gênero Croton é uma fonte rica em diterpenóides do tipo clerodano. Esta classe de

diterpenos bicíclicos tem seu nome derivado da (-)-clerodina (129; Figura 26), primeiro

diterpeno da série dos clerodanos. Esta substância foi isolada da espécie Clerodendron

infortunatum L. (Verbenaceae) e a partir da determinação de sua estereoqumica postulou-se

que os clerodanos com a quiralidade correspondente à da clerodina seriam designados neo-

clerodanos, e os seus enantiômeros de ent-neo-clerodano (MACIEL et al., 2006a).

129

Figura 26 - Estrutura de (-)-clerodina

O emprego de prefixos indicando modificações na estrutura básica é bastante comum,

como exemplo: ent, seco, nor. O prefixo ent é usado para indicar inversão de todos os centros

quirais, o seco evidencia quebra de alguma ligação do esqueleto anelar e o nor indica que o

produto natural possui um carbono a menos em sua estrutura. Um nor-diterpeno possuirá 19

átomos de carbono e não 20; bisnor, trinor e tetranor, indicam a perda de dois, três ou quatro

átomos de carbono, respectivamente.

A grande maioria dos diterpenos do tipo clerodanos apresentam junção A/B trans (5α,

10β), com configuração relativa cis para os substituintes das posições C-5, C-8 e C-9. Os

diterpenos com junção A/B cis (5α, 10α) exibem, na sua grande maioria, os substituintes das

O

O

O

HH

HH

OAcOAc

12

34

56

7

89

10

1112

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

63

posições C-8 e C-9 com orientação β. As estruturas apresentadas na Figura 27 representam

esqueletos básicos de clerodanos de junção cis e trans (MACIEL et al., 2006a).

Figura 27 - Esqueleto básico de clerodanos

Os diterpenos do tipo clerodano incluem mais de 800 compostos isolados (MACIEL et

al., 2003) dentre os quais um número significativo apresenta atividades biológicas, tais como:

antibacteriana (URZÚA et al., 2006), antimicrobiana (BOUAMAMA et al., 2006),

antifúngica (MUNRO, 2006), fagorrepelente e/ou inseticida (COLL e TANDRON, 2005;

KUBO et al., 1991;), antiviral (COLL e TANDRON, 2005), citotóxica (SHEN et al., 2004),

efeito vasodilatador (GUERRERO et al., 2004), antitumoral (BLOCK et al., 2002).

A diversificação farmacológica dos clerodanos estimula o crescente interesse de

químicos sintéticos que buscaram desenvolver trabalhos de sínteses parciais e/ou totais de

clerodanos bioativos, evidenciando-se, porém, uma forte tendência para clerodanos que

possuem propriedade fagorrepelente (KUBO et al., 1991; JONES et al., 1986). Existe um

número considerável de sínteses totais de clerodanos ópticos e biologicamente ativos: (ARNS

e BARRIAULT, 2006; HAGIWARA et al., 2005; LY et al., 2004; NAKATANI et al., 2003;

GROSSMAN e RASNE, 2001; LIU e SHIA, 1998; ALSMTEAD et al., 1998; LIU et al.,

1997; PIERS et al., 1995; HAGIWARA, et al., 1995; GOLDSMITH e DESHPANDE, 1995;

IIO et al., 1987; JONES et al., 1986; ASADA et al., 1986; SARMA e CHATTOPADHYAY,

1982).

De forma geral, um número significativo de diterpenos do tipo clerodano apresenta

atividades biológicas, tais como: inseticida, antimicrobiana, antiviral, pisicotrópica,

antiulcerogênica e antitumoral. Dentre clerodanos biologicamente ativos destacam-se: 6-β-

acetóxi-2-oxokolavenol na sua forma racêmica com propriedades inseticidas e medicinais, tais

H

Me

Me

Me

A B5

109

8

H

junção cis

H Me

H

Me

Me

A B5

109

8

junção trans

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

64

como: antitumoral, antifúngica, antibiótica, antiulcerogênica e psicotrópica (LIU et al., 2003;

MERRITT e LEY, 1992); (16-hidroxicleroda-3,13(14)Z-dieno-15,16-olídeo com ação

antibacteriana (HAGIWARA et al., 1995); linaridial (ASADA et al., 1986); (-)-metil

kolavenato um clerodano obtido na sua forma opticamente ativo (IIO et al., 1987); cis e trans-

cajucarinas B com propriedade inseticida (GOLDSMITH e DESHPANDE, 1995; JONES et

al., 1986); trans-desidrocrotonina e trans-crotonina com propriedades antiulcerogênica e

antiinflamatória, dentre outras (COSTA et al., 2007; MACIEL et al., 2006a; 2002a,b; 2000).

Os estudos multidisciplinares realizados no Brasil com o Croton cajucara, crescem

sistematicamente e ao longo dos últimos dez anos, projetaram internacionalmente o princípio

bioativo trans-desidrocrotonina (DCTN). Atualmente, a DCTN é o diterpeno do tipo 19-nor-

clerodano que detém o maior número de publicações em todo o mundo, somando, até o ano

de 2006, cerca de 32 registros (MACIEL et al., 2006a). Em função do constante avanço

científico das pesquisas deste Croton, estes índices crescem sistematicamente, tendo sido

divulgadas duas revisões intituladas “O Gênero Croton e Aspectos Relevantes de Diterpenos

Clerodanos” (MACIEL et al., 2006a) e “Uma Revisão das Atividades Biológicas da trans-

desidrocrotonina, um produto natural obtido de Croton cajucara (COSTA et al., 2007), onde

se encontram citados 60 artigos pertinentes aos estudos com o Croton cajucara.

Adicionalmente, a importância da DCTN como um agente antitumoral e antimutagênico,

encontra-se divulgado em um artigo que foi intitulado “Aspectos sobre produtos naturais na

descoberta de novos agentes antitumorais e antimutagênicos” (MACIEL et al., 2007b).

A seguir encontram-se discutidos alguns aspectos etnobotânico, fitoquímico e

farmacológico da espécie medicinal Croton cajucara Benth, que mostrou ser rica em

diterpenos bioativos do tipo 19-nor-clerodano.

3.3.1.1 Croton cajucara Benth: aspectos gerais

A espécie vegetal Croton cajucara Benth ocorre amplamente na Amazônia, Região

Norte do Brasil onde é popularmente conhecida como “sacaca” e tem um histórico de uso na

medicina popular. Esta espécie é ingerida na forma de chá ou cápsulas, no combate a diversas

enfermidades (MACIEL et al., 2002a,b). No Estado do Pará, as folhas e cascas de caule do C.

cajucara são usadas no combate a diabetes, diarréia, malária, febre, problemas estomacais,

inflamação do fígado, rins, vesícula e no controle de índices elevados de colesterol. A sacaca

também é comercializada em farmácias de manipulação e, neste caso, o pó das cascas do

caule é vendido em cápsulas (contendo 250 mg). As folhas são comercializadas em feiras

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

65

livres da cidade de Belém-PA, para distúrbios do fígado e auxilia na digestão, principalmente

após ingestão de alimentação rica em gorduras. O pó das folhas é vendido com indicação

hepatoprotetora, para tratamento do diabetes e em dietas de emagrecimento (MACIEL et al.,

2007a; 2007b; 2006a; 2002a,b; 1998a; VEIGA JR. et al., 2005; SOARES, 2004).

Os resultados de testes farmacológicos realizados com princípios bioativos, bem como

com extratos das cascas do caule mostraram as seguintes propriedades farmacológicas: ação

antiinflamatória e antinociceptiva (correlacionados com as indicações da planta para a cura de

inflamações em geral); efeito hipoglicemiante (tratamento de diabetes); atividade

antiespasmódica (cura de diarréia); atividade antiulcerogênica (tratamento de problemas

estomacais como azia, gastrite, úlcera gástrica). Evidenciaram-se ainda, nesta espécie

propriedades biológicas não mencionadas pelos usuários da planta, tais como; atividade

antitumoral, antiestrogênica e citotóxica (COSTA et al., 2007; MACIEL et al., 2007a; 2007b;

2006a; 2002b; 2000; 1998a; VEIGA JR et al., 2005; GRYNBERG et al., 1999; LUNA-

COSTA et al., 1999; CARVALHO et al., 2007). Estudos fitoquímicos realizados com grandes quantidades de folhas e cascas do caule

de Croton cajucara, objetivando o isolamento de substâncias majoritárias que pudessem vir a

ter representatividade em testes biológicos, mostraram que as cascas do caule desta planta são

ricas em diterpenos do tipo clerodano, tendo sido isolados (Figura 28): trans-desidrocrotonina

(DCTN), trans-crotonina (CTN), cis-cajucarina B (c-CJC-B), trans-cajucarina B (t-CJC-B),

cajucarina A (CJC-A), cajucarinolida (CJCR), iso-cajucarinolida (ICJCR), isosacacarina

(ISCR) e o triterpeno ácido acetilaleuritólico (AAA) (MACIEL et al., 2007a; 2006a; 2006b;

2003; 2002b; 2000; 1998a; 1998b; BARRETO et al., 2005; ICHIHARA et al., 1992; KUBO

et al., 1991; ITOKAWA et al., 1990; 1989; SIMÕES 1979).

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

66

Figura 28 - Estruturas isoladas da casca do caule de Croton cajucara Benth

O

COOCH3O

H

H

c-CJC-B

O

COOCH3O

H

H

t-CJC-B t-CJC-A

O

COOCH3O

H

COH

O

OH

O

O

ISCR

O H

H

O

O

O OHO

ICJCR

O H

H

O

O

OHO O

CJCR

O

O

H

COOH

H

AAA

O

O

H O

O

H

DCTN

O

O

H O

O

H

CTN

1 3 0 1 3 1 1 3 2

1 3 3 1 3 4 1 3 5

1 3 6 1 3 7 1 3 8

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

67

3.3.1.2 Croton cajucara Benth: abordagem farmacológica

3.3.1.2.1 Atividades biológicas da trans-desidrocrotonina

Os diterpenos são uma classe de compostos que apresentam grande variedade de

atividade biológica, muitas das quais podendo ser essenciais para a sobrevivência e o bem

estar de animais (GONZALES et al., 1990). As várias substâncias diterpenoídicas

encontradas na natureza possuem esqueletos diversificados incluindo desde acíclicos,

monocíclicos, bicíclicos e tricíclicos, até policíclicos. Numa abordagem geral, podem ser

citados vários tipos de propriedades que variam de fagorrepelente (KUBO et al., 1991) e

reguladora do crescimento de plantas (HANSON, 1985), até atividades bioativas, como por

exemplo: ação antitumoral, antiinflamatória, antibiótica, antiulcerogênica, analgésica, dentre

outros (MACIEL et al., 2007a; 2007b; 2006a; 2006b). Dentre os terpenóides isolados de

Croton cajucara a trans-desidrocrotonina (DCTN) foi o componente majoritário isolado

(MACIEL et al., 1998a; 1998b) com um rendimento incomum (em se tratando de produto

natural) de 1,4% (MACIEL et al., 2003; 1998a; 1998b). COSTA et al. (2007) publicaram

uma revisão das atividades biológicas da trans-desidrocrotonina, com detalhamento para

todos os tipos de ensaios realizados para cada experimento avaliado. Na Tabela 8 encontra-se

resumido o potencial farmacológico da DCTN.

3.3.1.2.2 Atividades biológicas da trans-crotonina

A trans-crotonina, outro constituinte bioativo da classe dos clerodanos, foi isolado

(0,002%) de Croton cajucara (MACIEL et al., 1998b). As suas atividades biológicas têm sido

descritas na literatura (MACIEL et al., 2000; 2002a; (GRYNBERG et al., 1999). Em função

do baixo teor de isolamento da trans-crotonina (CTN), é comum obter-se CTN-derivado

como produto semissintético, partindo-se da hidrogenação catalítica de DCTN (MACIEL et

al., 2000). Teste para comprovação de atividades antiinflamatória, antinociceptiva e

antiulcerogênica, por exemplo, foram realizados utilizando CTN semissintética (PERAZZO et

al., 2007; MACIEL et al., 2006a). A sua ação biológica em prevenir a formação de ulcerações

da mucosa gástrica em diferentes experimentos com ratos, também foi avaliada. Os resultados

obtido com a CTN são comparáveis com aqueles obtidos com o clerodano DCTN. De maneira

semelhante, também foi possível comprovar para a CTN atividades antisecretora e/ou

propriedade gastoprotetora, anteriormente atribuídas a DCTN (HIMURA-LIMA et al.,

2002a). Um resumo das atividades biológicas da CTN (Figura 28, estrutura química 131)

encontra-se na Tabela 9.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

68

Tabela 8 - Atividades biológicas da trans-desidrocrotonina realizados “in vivo” (130)

ATIVIDADE REFERÊNCIAS

Hiperglicêmica SILVA et al., 2001a; FARIAS et al., 1997

Antigenotóxica e Antimutagênica

POERSCH et al., 2007; AGNER et al., 2001; 1999

Antiulcerogênica RODRÍGUEZ et al., 2004; MACIEL et al., 2000; HIRUMA-LIMA et al., 1999a; SOUZA-BRITO et al., 1998

Antiinflamatória e antinociceptiva

PERAZZO et al., 2007; CARVALHO et al., 1996

Antiestrogênica LUNA COSTA et al., 1999

Cardiovascular SILVA et al., 2005

Citotoxidade e Atividade Antitumoral

MACIEL et al., 2007a; FREIRE et al., 2003; MELO et al., 2001; 2002; 2003; 2004

Hipolipidêmica SILVA et al., 2001b; 2001c

Tabela 9 - Atividades biológicas de trans-crotonina (131)

ATIVIDADE TIPO DE EXPERIMENTO REFERÊNCIAS

Antiinflamatoria e Antinociceptiva

in vivo PERAZZO et al., 2007 MACIEL et al., 2000

Efeitos Antiulcerogênico e citotóxico

in vivo e in vitro HIMURA-LIMA et al., 2002a ALMEIDA et al., 2003

Efeito citotóxico in vivo MACIEL et al., 2007a ANAZETTI et al., 2004, 2003

Antitumor in vitro GRYNBERG et al., 1999

3.3.1.2.3 Atividades biológicas do óleo essencial

O interesse pelo óleo essencial de Croton cajucara Benth se deve ao fato da busca por

um substituto para o Pau-Rosa (Aniba Ducker Kostern), que é abundante em linalol, um

componente de elevado valor comercial. ARAUJO et al. (1971), divulgaram que o óleo

essencial obtido das cascas do caule de C. cajucara é uma fonte rica em linalol, Revelando

um elevado percentual (64,4% ) de linalol. LOPES et al. (2000) e LEMOS et al., (1999)

confirmaram a presença deste metabólito em menores rendimentos, nas folhas deste Croton.

LOPES et al. (2000) avaliaram por CG-EM a composição química do óleo essencial obtido

das folhas de C. cajucara, tendo sido possível identificar a presença de 49 constituintes

(perfazendo um total de 89,6% do volume total de óleo analisado). Dentre eles, destaca-se o

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

69

linalol (41.2%), (E)-nerolidol (12.6%) e β-cariofileno (6.9%). A concentração de linalol foi

avaliada em diferentes coletas de C. cajucara, tendo variado entre 30 to 45%. Dentre os

constituintes minoritários (1.1 a 2.0 %) encontram-se: germacreno D, germacreno B,

biciclogermacreno, spatulenol, óxido de cariofileno, β-bourboneno, β-gurjuneno, α-

humuleno, α-muroleno, γ-cadineno e epi-α-murolol. A composição química do oleo fixo

obtido das cascas do caule de C. cajucara foi avaliada por CG-EM, tendo sido divulgada em

publicação recente (SOUZA et al., 2006). Este estudo faz parte deste trabalho e encontra-se

nos Capítulos 4 e 5 (Experimental e Resultados e Discussão, respectivamente).

As atividades biológicas do óleo essencial obtido das cascas do caule de Croton

cajucara vêm sendo divulgadas. Na Tabela 10, destacam-se as atividades que foram

comprovadas para este óleo. Adicionalmente, o efeito fungicida foi evidenciado para o óleo

fixo obtido das cascas do caule deste Croton (SOUZA et al., 2006). Este resultado integra a

parte de Resultados e Discussão do presente trabalho.

Tabela 10 - Atividades biológicas do óleo essencial de Croton cajucara Benth realizadas “in vivo”

ATIVIDADE REFERÊNCIAS

Antiinflamatória e antinociceptiva BIGHETTI et al., 1999

Antiulcerogênica HIMURA-LIMA et al., 1999b, 2000; 2002b

Antileishmanial ROSA, et al., 2003

Antimicrobiana ALVIANO, et al., 2005

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

71

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1 MATERIAL VEGETAL

4.1.1 Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric

As partes aéreas de Cleome spinosa e Pavonia varians foram coletadas em Pitangui

(RN) e a identificação botânica destas espécies foi realizada pela botânica Maria das Dores

Melo. As exsicatas de Cleome spinosa (No. 00276) e de Pavonia varians (No. 00325) foram

preparadas e depositadas no Herbário da Universidade Potiguar (Rio Grande do Norte) (UnP).

4.1.2 Croton cajucara Benth

O material vegetal utilizado de Croton cajucara foi obtido no mercado Ver-o-peso de

Belém/PA. Uma prévia identificação botânica da planta foi feita por Nelson A. Rosa do

Museu Paraense Emílio Goeldi, tendo sido depositada uma exsicata (No. 247) no herbário

deste Museu. A autenticidade do material vegetal foi confirmada com análises comparativas

do extrato metanólico, via cromatografia em camada fina com padrões autênticos previamente

isolados (MACIEL et al., 1998a,b; 2003).

4.2 MATERIAL E MÉTODOS QUÍMICOS

Os solventes utilizados (hexano, clorofórmio, acetato de etila, etanol e metanol) foram

os da marca Vetec e Nuclear.

Nas separações cromatográficas em coluna, utilizou-se como adsorvente gel de sílica

(35-70 ou 70-230 Mesh) da Merck. As Cromatografias em Camada Fina (CCF) foram

preparadas utilizando-se respectivamente, gel de sílica 60H da marca Vetec e Merck. Para

revelação das placas em CCF foram utilizados ácido sulfúrico/metanol (1:1) e reagente de

Dragendorff, vanilina-ácido sulfúrico. O critério de pureza adotado para as substâncias foi a

obtenção de uma única mancha uniforme em CCF, variando-se o sistema de solvente

empregado,

A evaporação dos solventes contidos nas soluções orgânicas foi efetuada sob pressão

reduzida, em evaporador rotativo do tipo MIFF 35/s. Como fonte de aquecimento foi utilizado

banho térmico com temperatura controlada.

Os espectros na região do infravermelho (IV) foram registrados em espectrofotômetro

Biorad EXCALIBUR Series, modelo FTS 3000MX com transformada de Fourrier. Foram

utilizadas pastilhas de KBr para as substâncias sólidas contendo aproximadamente 1% de

amostra. As frequências de absorção foram medidas em unidades de número de ondas (cm-1).

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

72

Os pontos de fusão foram determinados em um aparelho de ponto de fusão (MQAPF -

301), com um termômetro aferido em 3ºC.

Os espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênios (RMN de 1H) e de

carbono-13 (RMN de 13C) foram registrados em espectrômetro Varian, modelo Gemini,

operando a 300 e 75 MHz, respectivamente e em espectrômetro Varian, modelo Mercury 200,

operando a 200 MHz (RMN de 1H) e 50 MHz (RMN de 13C). O padrão utilizado como

referência interna foi o sinal do próprio solvente empregado para solubilizar as amostras. Os

solventes deuterados usados em espectroscopia de RMN foram os da marca Sigma e Merck.

Os espectros de massas (EM) foram registrados em espectrômetro CG/MS Finnigan -

4000 e VG Auto Spec Q - 70eV (ambos com baixa resolução).

As análises em CGEM-AR foram executadas utilizando um cromatográfo gasoso HP

modelo 5890 equipado com um FID (detector de ionização de chama, fornecido com o

hidrogênio e ar de elevada pureza) com o injetor, modelo split (1:20), na temperatura 270°C e

detector em 300°C. Como também em um cromatográfo HP modelo 5880 (analisador

quadrupolo), operado no modo de impacto do elétron (70eV) acoplado a um espectrômetro de

massa HP modelo 5897A. No espectrômetro de massa a escala de varredura foi de 40 a 600

a.m.u.. Foi utilizado hidrogênio altamente puro como gás de arraste em uma velocidade linear

de 2mL min-1. A temperatura do forno foi programada de 110°C a 160°C em 2°C min-1 e

(nenhuma pressão) e de 290°C a 5°C min-1 (pressão de 5 minutos).

4.3 ESTUDOS FITOQUÍMICO

4.3.1 Cleome spinosa Jacq

O material vegetal (parte aérea) de Cleome spinosa (600 g), previamente triturada e foi

submetido a duas extrações via percolação (24 h para cada uma delas), com clorofórmio, e na

sequência, utilizou-se MeOH/H20 (7:3). As porções solúveis em metanol/água (hidrofílico) e

clorofórmico (lipofílico) obtidos foram submetidas a um procedimento analítico (metodologia

desenvolvida por MATOS, 1997) para avaliação do perfil químico (prospecção analítica). Os

metabólitos secundários detectados nestes extratos encontram-se descritos no Capítulo 5.

4.3.1.1 Separação dos constituintes Químicos O material vegetal (parte aérea) de Cleome spinosa (2,7 kg), previamente moído, foi

submetido à extração via percolação, com MeOH/H20 (7:3). O extrato hidroalcoólico (126 g)

obtido foi cromatografado em coluna filtrante de sílica gel (35-70 Mesh), tendo sido utilizado

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

73

como eluentes de hexano:acetato de etila:metanol:água considerando suas diferentes

polaridades. Foram obtidas 41 frações (250 mL cada) (Tabela 11). Após análise por

cromatografia em camada fina (CCF) foram reunidas fornecendo 10 grupos de frações

designados de CS-EM-1 até CS-EM-10 (Cleome spinosa-Extrato Metanólico-grupo de fração

correspondente) (Tabela 12).

Tabela 11 - Procedimento Cromatográfico do Extrato metanólico de Cleome spinosa FRAÇÕES OBTIDAS SOLVENTE MASSA OBTIDA (g) F1 Hexano 3,30 F2 - F3 Hexano- acetato de etila (95:5) 0,80 F4 - F5 Hexano-acetato de etila (95:5) 0,75 F6 - F8 Hexano-acetato de etila (90:10) 2,80 F9 - F10 Hexano-acetato de etila (90:10) 1,20 F11 - F13 Hexano-acetato de etila (85:15) 1,10 F14 - F16 Hexano-acetato de etila (85:15) 1,60 F17 - F23 Hexano-acetato de etila (80:20) 1,20 F24 -F28 Hexano-acetato de etila (75:25) 1,10 F29 Hexano-acetato de etila (70:30) 0,80 F30 - F31 Hexano-acetato de etila (1:1) 4,75 F32 - F35 Hexano-Acetato de etila (20:80) 10,5 F36 - F37 Acetato de etila 24,75 F38 Acetato de etila – metanol (50:50) 27,01 F39 Metanol 11,01 F40 Metanol-água (90:10) 6,30 F41 Metanol-água (80:20) 10,39

Tabela 12 - Reunião de grupos de frações obtidas do procedimento cromatográfico do extrato metanólico das partes aéreas de Cleome Spinosa FRAÇÕES FRAÇÕES REUNIDAS MASSA OBTIDA (g) F1 CS-EM-1 3,30 F2 - F5 CS-EM-2 1,55 F6 - F29 CS-EM-3 9,80 F30 - F31 CS-EM-4 4,75 F32 - F35 CS-EM-5 10,35 F36 - F37 CS-EM-6 24,75 F38 CS-EM-7 27,01 F39 CS-EM-8 11,01 F40 CS-EM-9 6,30 F41 CS-EM-10 10,39

O grupo de fração CS-EM-1 (3,30 g) foi submetido a um novo procedimento

cromatográfico em coluna de sílica gel (70-230 Mesh), utilizando como eluentes

hexano:acetato de etila com diferentes polaridades. Neste procedimento foram obtidas 23

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

74

frações (50 mL cada fração) que após análise de CCF permitiu reunir os seguintes grupos: F1,

F2-4, F5, F6, F7-8, F9-10, F11-15 e F16-23, como mostrado na Tabela 13.

Tabela 13 - Refracionamentos do grupo de fração CS-EM-1 FRAÇÕES REUNIDAS SOLVENTE MASSA

OBTIDA (g) F1 Hexano 0,10 F2-4 Hexano-acetato de etila (95:5) 1,30 F5 Hexano-acetato de etila (95:5) 0,05 F6 Hexano-acetato de etila (90:10) 1,40 F7-8 Hexano-acetato de etila (90:10) 0,05 F9-10 Hexano-acetato de etila (85:15) 0,10 F11-15 Hexano-acetato de etila (85:15) 0,08 F16-13 Hexano-acetato de etila (80:20) 0,10

O grupo de frações CS-EM-3 (9,80 g) foi submetido a um novo fracionamento

cromatográfico de acordo com o mostrado na Tabela 14. As frações F5, F6, F7 e F8 foram

reunidas após análise por CCF fornecendo o grupo F5-8, conduzindo ao isolamento da

substância CS-EM-3a. Similarmente, reuniu-se os seguintes grupos de frações F9-11, F12-13,

F14-23 levaram ao isolamento das substâncias CS-EM-3b, CS-EM-3c e CS-EM-3d,

respectivamente.

Tabela 14 - Refracionamentos do grupo de fração CS-EM-3 FRAÇÕES REUNIDAS SOLVENTE MASSA

OBTIDA (g) F1-4 Hexano 0,5 F5-8 Hexano-acetato de etila (98:2) 1,5 F9-11 Hexano-acetato de etila (97:3) 1,2 F12-13 Hexano-acetato de etila (95:5) 1,4 F14-23 Hexano-acetato de etila (90:10) 1,8 F24-34 Hexano-acetato de etila (85:15) 2,5 F35-48 Hexano-acetato de etila (80:20) 0,8

O grupo de fração CS-EM-4 (4,75 g), foi submetido a um novo fracionamento

cromatográfico de acordo com o mostrado na Tabela 15. Após análises por CCF reuniu-se

novos grupos de frações. Os grupos F10-12, F13-14 e F15-16 continham um sólido amarelo

que foi submetido a sucessivas lavagens com mistura de hexano-acetato de etila, que após

purificação por recristalização [hexano-acetato de etila (1:1)] levou ao isolamento da

substância CS-EM-4a.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

75

Os grupos de frações CS-EM-2, CS-EM-5 até CS-EM-10 encontram-se em fase de avaliação.

Tabela 15 - Refracionamentos do grupo de fração CS-EM-4 FRAÇÕES REUNIDAS SOLVENTE MASSA

OBTIDA (g) F1-4 Hexano 0,15 F5 Hexano-acetato de etila (98:2) 0,15 F6 Hexano-acetato de etila (95:5) 0,30 F7-9 Hexano-acetato de etila (95:5) 0,25 F10-12 Hexano-acetato de etila (90:10) 0,20 F13-14 Hexano-acetato de etila (85:15) 0,80 F15-16 Hexano-acetato de etila (70:30) 0,25 F17-20 Hexano-acetato de etila (50:50) 0,95 F21-23 Hexano-acetato de etila (50:50) 1,15

4.3.2 Pavonia varians Moric No estudo de prospecção analítica realizado para P. varians utilizou-se 620,0 g de

material vegetal (raízes e partes aéreas, utilizados após moagem) foram utilizados. Este

material sofreu duas extrações via percolação (24 h), tendo sido obtido inicialmente um

extrato lipofílico (extração com éter etílico) e na sequência, obteve-se o extrato hidroalcoólico

[hidrofílico; MeOH/H20 (7:3)]. Estes extratos (lipofílico e hidrofílico) foram submetidos

(separadamente) a testes químicos preliminares (prospecção analítica, metodologia

desenvolvida por MATOS, 1997).

Parte do extrato lipofílico foi submetido às reações de caracterização descritas no

Esquema 1. O material remanescente foi submetido à hidrólise alcalina (NaOH, 70%) como

mostrado no Esquema 2.

O extrato hidroalcoólico foi submetido a testes qualitativos que levaram a detecção de

algumas classes de metabólitos secundários Esquema 3.

4.3.2.1 Separação dos Constituintes Químicos O material vegetal de Pavonia varians Moric (3,4 kg) foi moído e submetido à

extração (via percolação) com uma mistura de solventes polares [MeOH/H20 (7:3)], tendo

sido obtidos 184,7 g de extrato hidroalcoólico [PV-HA; (183 g)]. Este extrato foi submetido a

fracionamento cromatográfico (sílica gel 230-80 Mesh), com eluição dos seguintes solventes:

cloreto de metileno, metanol, água (utilizados em gradiente de polaridade), resultando na

obtenção de 42 frações (125 mL/fração). Após análises via cromatografia em camada delgada

(CCF) foram reunidos vários grupos de frações, como mostrado na Tabela 16. Os grupos de

frações F1a-1f até F11a-11b se encontram em fase de avaliação.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

76

Tabela 16 - Grupos de frações resultantes do procedimento cromatográfico do extrato hidroalcoólico (PV-HA) de Pavonia varians

FRAÇÕES REUNIDAS SOLVENTE MASSA OBTIDA (g)

F1a-1f Cloreto de metileno 2,0 F2a-2f Cloreto de metileno 2,5 F3a-3c Cloreto de metileno 8,8 F4a-4h Acetato de etila 12,5 F5a-5b Acetato de etila 25,3 F6a Metanol 28,0 F7a-7b Metanol 7,6 F8a-8b Metanol-água 30% 13,6 F9a-9e Matanol-agua 1:1 5,0 F10a-10d Metanol-água 1:1 4,0 F11a-11b Água 2,0

4.3.3 Croton cajucara Benth

4.3.3.1 Extração do Óleo Fixo de Croton cajucara

A partir das cascas do caule de Croton cajucara, adquirido comercialmente em épocas

diferentes, foi seco em estufa a temperatura de 40oC, e moído em moinho de facas do tipo

Willey. Foi obtido um pó submetido a dois procedimentos diferentes: extração via percolação

e extração via fluido supercrítico (com altas pressões e temperatura moderada).

A extração do óleo fixo via fluido supercrítico foi realizada utilizando-se 109g de

material vegetal (cascas do caule de C. cajucara Benth), triturado e peneirado com

granulometria entre 28 a 45 Mesh (necessária para o uso no processo de extração de fluido

supercrítico). O pó obtido foi empacotado e submetido por aproximadamente 4 horas, a um

fluxo de gás CO2, com pressão variando entre 66-70 bar e temperatura de 55ºC.

A extração do óleo fixo via percolação foi realizada utilizando-se 423 g de material

vegetal (cascas do caule de C. cajucara Benth). O extrato metanólico (EM) obtido após

redução do solvente, foi submetido a fracionamento cromatográfico convencional (MACIEL

et al., 2002a), utilizando-se como adsorvente sílica gel (70-230 Mesh) da Merck, tendo sido

obtido 6 frações [FA,B,C,D,E,F eluídas com hexano/AcOEt (100:0 – 85:15%)], como mostrado

no Esquema 4. As frações FA e FB [eluídas com hexano/AcOEt (100:0 e 98:2,

respectivamente)] foram reunidas e forneceram 13g (3,14%) de óleo fixo (OF-CC-FAB). A

fração resultante (OF-CC-FAB) sofreu um novo procedimento cromatográfico gerando quatro

novas frações (OF-CC-F1,2,3,4). A fração F1 foi eluída em hexano/AcOEt (100:0 - 98:2), F2

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

77

em hexano/AcOEt (95:5), F3 em hexano/AcOEt (90:10) e F4 em hexano/AcOEt (85:15).

Apenas a fração F1 sofreu esterificação com diazometano.

A fração F1 (esterificada) e as frações F2-4 (não-esterificadas) provenientes da

extração via percolação foram analisadas por CG-FID e CG-EM, tendo sido utilizado um

cromatográfo de fase gasosa HP modelo 5890 equipado com um detector de ionização de

chama a 300ºC e injetor em modo split (1:20) na temperatura de 270°C. As análises por CG-

EM foram realizadas em um cromatográfo HP modelo 5880 acoplado a um espectrômetro de

massas HP modelo 5897A, operado no modo de impacto de elétrons (70eV) com analisador

quadrupolo. No espectrômetro de massas a escala de varredura foi de 40 a 600 a.m.u.. Foi

utilizado hidrogênio altamente puro como gás carreador em uma velocidade linear de 2mL

min-1. A temperatura do forno foi programada de 110°C a 160°C com razão de aqueciemnto

de 2°C min-1 e, em seguida, de 290°C a razão de 5°C min-1, seguida de isoterma de 5 minutos.

Em todas as análises foi utilizada coluna capilar de sílica de 25 m de comprimento, 0,25 mm

de i.d. e película de 0,25 mm de SE-54 da fase estacionária (5% de fenil e 1% de vinil em

metil silicone). As identificações foram realizadas por comparação dos dados de

cromatografia (índices de retenção) e espectrometria de massas obtidos de padrões, da

literatura e de espectrotecas (Wiley 275).

4.3.3.2 Isolamento de Clerodanos das Cascas do Caule

As cascas do caule de Croton cajucara Benth foram coletadas em Jacundá-PA. O

material vegetal foi seco em estufa a temperatura de 40oC, e moído em moinho de facas do

tipo Willey. Utilizou-se 3 Kg de pó da casca do caule para obtenção do extrato metanólico via

percolação. As soluções foram concentradas em evaporador sob pressão reduzida dando

origem ao extrato metanólico. Este extrato sofreu fracionamento cromatográfico, utilizando-se

como adsorvente gel de sílica (70-230 Mesh) de acordo com metodologia previamente

reportada (MACIEL et al., 1998b).

O extrato metanólico (150,8 g) forneceu, após filtração em coluna aberta de gel de

sílica (35-70 Mesh), as frações A (eluída em hexano), B (eluída em diclorometano) e C

(eluída em metanol). A fração B sofreu nova eluição em coluna aberta de gel de sílica (35-70

Mesh), utilizando hexano-CH2Cl2-MeOH em gradiente de polaridade. Foram coletadas 53

frações, que sofreram monitoramento por cromatografia de camada fina (CCF) e produziram

6 grupos de frações (F7-21, F22-25, F26-29, F30-33, F34-41 e F42-53), tendo sido possível

isolar 9 g do clerodano DCTN (130), 0,048 g de CTN (131), 0,04 de c-CJC-B (133), 0,08 g de

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

78

t-CJC-B (134), 0,02 de ISCR (136) e 0,01 g de CJCR (137) (Figura 28; Capítulo 2). Estes

clerodanos [trans-desidrocrotonina (DCTN), trans-crotonina (CTN), cis e trans-cajucarinas

B, isosacacarina (ISCR) e cajucarinolida (CJCR)] foram identificados via análises de CCF por

comparação com padrões autênticos [previamente isolados, purificados e caracterizados

(Maciel et al., 2007a; 2006b; 2003; 1998a,b; 1997)], tendo sido utilizados para estudo de

espectrometria de massas.

4.3.3.3 Obtenção de Sistemas Microemulsionados

As microemulsões (SME-1 e SME-4) foram preparadas de acordo com GOMES et al.,

2006, utilizando-se a mistura Tween 80 e Span 20 (3:1) como tensoativo, miristato de

isopropila (IPM) como fase óleo e água bidestilada. Em apenas um dos sistemas testados

(SME-1) foi utilizado etanol como cotensoativo na razão C/T = 1. Os diagramas de fases

foram obtidos a partir da titulação com água bidestilada e fase oleosa (quando necessário) de

misturas pré-determinadas contendo tensoativo/cotensoativo. O sistema microemulsionado 1

(SME-1) foi constituído de 35% etanol/tween 80/Span 20; 60% de água bidestilada; 5% de

miristato de isopropila e o sistema microemulsionado 4 (SME-4) de 30% tween 80/Span 20;

5% de água bidestilada; 65% de miristato de isopropila (GOMES et al., 2006).

4.4 MATERIAL E MÉTODOS FARMACOLÓGICOS

O material utilizado nas formulações biológicas do tipo microemulsão (tensoativos,

co-tensoativo e fase óleo) foram da marca Aldrich. Os solventes utilizados [etanol (EtOH),

metanol (MeOH) e dimetilsulfóxido (DMSO)] foram os da marca Vetec, CRQ e Nuclear; 2,2-

difenil-picril-hidrazila (Aldrich); Fentanil (Janssen Farmacêutica), indometacina (Sigma

Chemical Co., St. Louis, MO, USA), acido acético glacial, cloreto de sódio, bicarbonato de

sódio (Merck-Alemanha), éter sulfúrico (Unilab-Brasil).

Todas as drogas testadas na avaliação da atividade antiinflamatória (injetadas por via

parenteral), antes do seu uso, foram solubilizadas em solução salina (NaCl 0,9%). A diluição

das drogas administradas pela via oral foi realizada com água. Na dissolução da indometacina

usou−se solução de bicarbonato de sódio a 5%.

Os Camundongos machos do tipo albinos (Mus musculus) [adultos (20−30 g)],

utilizados nos experimentos que avaliaram a ação antiinflamatória de Pavonia varians Moric,

foram fornecidos pelo Biotério do Departamento de Ciências Fisiológicas/IB/ UFRRJ. Os pré-

tratamentos dos animais com o veículo (animais controle), com o extrato ou diferentes

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

79

substâncias foram sempre realizados em concentrações adequadas para a administração de um

volume constante de 10 mL/kg. As administrações antecediam 30 min. (via subcutânea) e 60

min. (via oral) aos testes de atividade farmacológica.

Os animais foram mantidos em condições controladas de temperatura e iluminação

(ciclo claro/escuro de 12 h), com água e ração ad libitum, permanecendo no laboratório por

um período de adaptação de pelo menos uma hora antes dos experimentos, normalmente

iniciados às 09:00 horas. Quando da administração pela via oral (p.o.), os animais

permaneciam em jejum por 8 h.

Após os testes de atividades farmacológicas os animais eram sacrificados por anestesia

etérea e todos os experimentos foram desenvolvidos seguindo normas que envolvem cuidados

com animais de laboratório e normas éticas para o seu uso em experimentos com dor

(ZIMMERMANN, 1986; CIOMS, 1985, PORTER, 1992).

Os fungos Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii utilizados

para avaliação da ação fungicida de Croton cajucara Benth, foram obtidos junto a micoteca

do setor de fitopatologia da UFRRJ e propagados em meio de cultura Batata-dextrose-ágar

(BDA).

4.4.1 Avaliação da Atividade Antioxidante

Os extratos hidroalcoólicos de Cleome spinosa (CS) e de Pavonia varians (PV) foram

solubilizados nos sistemas microemulsionados SME-1 (CS-SME-1) e SME-4 (CS-SME-4). A

avaliação da atividade antioxidante foi realizada via captura do radical 2,2-difenil-picril-

hidrazila (DPPH) (MENSOR et al., 2001). Foram preparadas soluções estoque de cada extrato

na concentração de 1 mg/mL (extrato/SME). O ensaio foi realizado em microplacas de 96

poços, nas quais foram feitas 6 diluições sucessivas das amostras a partir da concentração de

710 µg/mL, sendo adicionado posteriormente, uma solução de 0,3mM de DPPH. Após 30

minutos no escuro, a leitura da absorbância (Abs.) foi realizada, em leitora Elisa, a 490nm.

Foram realizados quatro ensaios independentes, todos em triplicata. O percentual antioxidante

(%AA) foi calculado a partir da Equação 1:

( )

−−= 100100% x

A

AAAA

c

ba (1)

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

80

onde: Aa = abs. da amostra com DPPH; Ab = abs. do branco e Ac = abs. do controle. Os

valores de EC50 foram determinados por regressão linear.

4.4.2 Avaliação da Atividade Antiinflamatória

No teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético que permite avaliar a

atividade antinociceptiva de uma determinada droga, utilizou-se a metodologia descrita por

KOSTER et al. (1959), na qual grupos experimentais de pelo menos 6 camundongos foram

pré−tratados (60xmin.) pela via oral (p.o.) com o veículo (água), com o extrato hidroalcoólico

da Pavonia varians Moric (EHA; 0,1, 0,3 e 1 g/kg) ou com indometacina (10 mg/kg),

utilizada como controle positivo do teste. Após 60 min. todos os animais foram injetados com

ácido acético diluído em salina (1,2%,x100µL/10 g, i.p.). As contorções abdominais,

consideradas como contrações da parede abdominal seguidas por extensão de pelo menos uma

das patas posteriores (VACHER et al., 1964), foram contadas acumulativamente por 30

minutos. Para isso, os camundongos foram colocados individualmente sob funis de vidro, com

um período de adaptação prévia de 15 minutos. Os resultados foram expressos como as

médias dos números de contorções abdominais acumuladas durante os 30 minutos de

avaliação experimental ou como porcentagem de inibição das contorções, comparativamente

ao grupo controle, obtendo-se através da interpolação da relação dose x efeito inibitória, a

ID50 (dose inibitória 50%).

No teste do tail flick utilizou-se a metodologia descrita por D’AMOUR e SMITH

(1941), este ensaio permite o estudo de drogas com atividade opióide, mediante a avaliação

do tempo, em segundos, que o animal leva para retirar a cauda do local de incidência de um

estímulo térmico doloroso. Este estímulo nociceptivo foi produzido por um foco de luz

convergente na cauda, obtido de um analgesímetro (modelo tail flick DS−20, Ugo Basile).

Neste experimento, grupos experimentais de 8 animais foram previamente selecionados

quanto a sua reatividade ao estímulo nociceptivo, não sendo utilizados animais cujo tempo de

resposta foi superior a 8 segundos. A reatividade foi medida a cada 30 minutos, iniciando-se

uma hora antes e prolongando-se por 2 horas depois da administração p.o. do veículo ou do

EHA da Pavonia varians (1 g/kg). O Fentanil (300 µg/kg), administrado pela via subcutânea,

foi utilizado como controle positivo do ensaio.

No teste da formalina que permite (após a injeção intraplantar de formalina) avaliar

dois tipos de dor: a de origem neurogênica que ocorre pela estimulação direta de terminações

nociceptivas e a de origem inflamatória produzida pela liberação de mediadores inflamatórios,

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

81

foram utilizados grupos experimentais de até 8 camundongos tratados pela via oral (p.o.) com

EHA de P. varians Moric (1 g/kg), com o veículo ou com a indometacina (10 mg/kg) controle

positivo da 2a fase de nocicepção (dor inflamatória). Após 60 minutos dos tratamentos, os

animais foram submetidos à injeção na região intraplantar da pata posterior direita com 20 µL

de formalina 3% (formaldeído 1,2% em salina), sendo então observados individualmente

durante 30 min, em caixas de acrílico com fundo especular, para auxiliar a visualização da

medida da reatividade do animal considerada como o tempo, em segundos, que o animal

permaneceu lambendo, mordendo ou sacudindo a pata injetada. O efeito antinociceptivo foi

avaliado nas duas fases de dor: durante os primeiros 5 minutos (dor neurogênica) e no período

de 15 a 30 minutos (dor de origem inflamatória), sendo os resultados expressos como as

médias dos tempos de reatividade ou como a porcentagem de inibição da reatividade nas

distintas fases, comparativamente ao grupo experimental controle.

4.4.3 Análise Estatística

Os resultados foram expressos como as médias ± erro padrão das médias. As

diferenças estatísticas entre os grupos experimentais foram detectadas pela análise de

variância (ANOVA) seguida pelo teste de Scheffé. A comparação entre dois grupos foi feita

com o teste t de Student não pareado, considerando−se como significantes valores de p <

0,05.

4.4.4 Desenvolvimento in vitro de Fungos Fitopatogénicos

Os fungos Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii foram

propagados em meio de cultura Batata-dextrose-agar (BDA). Para a solubilização do óleo fixo

testado (OF-CC proveniente da reunião de frações FAB) utilizou-se dimetilsulfóxido (DMSO),

tendo sido efetuado um ensaio prévio para determinar a concentração de DMSO menos tóxica

aos fungos. Para o preparo da solução teste, foram diluídos 20 mg.mL-1 do OF-CC em

DMSO. Em seguida, três frascos contendo o meio de cultura BDA foram fundidos e os

tratamentos preparados continham: a) controle positivo (constituído do meio de cultura BDA),

b) controle negativo [meio de cultura mais 1% (v.v-1) de DMSO] e c) tratamento teste [meio

de cultura mais 1% (v.v-1) da solução teste (previamente preparada), de modo que a

concentração do óleo fixo no meio de cultura foi de 0,2 mg.mL-1]. Os meios de cultura

utilizados foram preparados com antibiótico de largo espectro (Gentamicina®), tendo sido

vertidos nas placas de Petri (4 mm ± 1 mm de diâmetro) e logo após a solidificação, foram

repicados fragmentos de BDA no centro destas placas que continham estruturas reprodutivas

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

82

dos fungos Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii. As placas de Petri

foram lacradas com filme plástico, identificadas e armazenadas em uma câmara de

crescimento, com luz do dia e temperatura de 28oC ± 1oC, durante cinco dias, após o inicio do

ensaio. Os dados foram coletados pela média do diâmetro da colônia nos dois sentidos

ortogonais, os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas

pelo teste de Fisher LSD com 5% de significância (SOUZA et al., 2003).

4.5 LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS DO LITORAL NORTE

RIOGRANDENSE

No procedimento metodológico da pesquisa etnográfica, realizou-se entrevistas com

nativos da comunidade Rio do Fogo (Município do Estado do Rio Grande do Norte).

Inicialmente aplicou-se um questionário contemplando 30 moradores, com idade variando

entre 30 e 84 anos, totalizando 10 homens e 20 mulheres.

O Município de Rio do Fogo fica 83 Km de distância da capital (Natal), com

extensão de 151,52 Km2, delimitado pelos Municípios de Touros, Maxaranguape, Pureza e

banhado pelo Oceano Atlântico. O acesso ao Município é feito pela BR 101, a área de estudo

encontra-se em torno dos pontos de coordenadas geográficas, Latitude – 235351,38 Sul e

Longitude – 9417201,60 Oeste, (Datum-SAD 69 - Zona: 25 sul). A região é de clima tropical

chuvoso, com chuvas de março a agosto, temperatura média anual de 25,8ºC. Com uma

população de aproximadamente 10.000 habitantes (senso de 2000), tem como base

econômica a pesca. Observa-se o predomínio de vegetação da mata Atlântica, com formação

de dunas e nascente de rio que leva o mesmo nome da referida cidade.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

84

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS DO LITORAL NORTE

RIOGRANDENSE

Em um contexto geral, a medicina popular no Rio Grande do Norte foi legada pelos

indígenas. No litoral, os Janduis e no interior os Cariris. Conhecedores da flora medicinal

sabiam o segredo das plantas, raízes e folhas sob a forma de chás, infusões, defumadores,

aplicadas em um ritual que segundo eles, favoreciam a cura (CÂMARA, 2006). Com o

objetivo de resgatar e catalogar a importância do uso de plantas medicinais em suas

aplicabilidades na medicina popular do Litoral Norte Riograndense, realizou-se uma

pesquisa etnográfica que resultou no registro etnobotânico de 84 espécies.

No procedimento metodológico da pesquisa etnográfica, sob supervisão da Dra.

Maria das Dores Melo, realizou-se entrevistas com os cidadãos daquela região com o intuito

de observar o nível dos conhecimentos referentes às plantas nativas e suas utilizações, bem

como preservação. Desta forma, a pesquisa que foi realizada com a comunidade Rio do Fogo

(RN), tendo como etapa inicial a aplicação de um questionário contemplando 30 moradores,

com idade variando entre 30 e 84 anos, totalizando 10 homens e 20 mulheres. Os

entrevistados, na sua grande maioria, apresentaram baixo grau de escolaridade e renda

familiar (fonte de renda é a pesca e/ou aposentadoria). O Município de Rio do Fogo fica 83

Km de distância da capital (Natal), com população que representa um povo simples, bastante

acolhedor e comunicativo, que de alguma forma, facilitou o desenvolvimento desta pesquisa.

A população desta cidade trabalha com pesca, extração de mariscos e algas (trabalho que

está sendo realizado de forma sustentável).

As plantas cultivadas pela comunidade pesquisada são ornamentais, alimentícias e

medicinais, tendo sido destacado o amplo cultivo de plantas medicinais. Todos os

entrevistados informaram que adquiriram as plantas através de mudas, e que utilizam

diariamente estes vegetais para fins alimentícios ou medicamentosos para cura de

enfermidades. Cerca de vinte e cinco entrevistados afirmaram que não comercializam as

plantas cultivadas em seus quintais, geralmente doam ou trocam pela vizinhança. No

entanto, apenas cinco dos entrevistados afirmaram que vendiam a produção, para ajudar na

renda da família.

O conhecimento da população alvo sobre o poder de cura das plantas foi justificado

pela grande maioria, pelo conhecimento empírico de informações que foram repassadas

pelos familiares e eles, por sua vez, estariam repassando para as novas gerações. Dentre as

partes das plantas mais utilizadas, destacam-se as folhas, seguidas de raiz, casca e frutos. A

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

85

forma de utilização do material vegetal é bastante variada, havendo uma maior incidência de

utilização em forma de pó e misturas de ervas.

Quando abordados sobre o tipo de enfermidades que eram curadas pelo uso das

plantas cultivadas, revelaram as seguintes informações: a maioria dos entrevistados (26

pessoas) informaram que as espécimes cultivadas tinham como principal uso a cura de

inflamações. E na sequencia de uso, apontaram o uso para tratamento de problemas

respiratórios, dermatites, diabetes, osteoporose e distúrbios renais.

Com os dados fornecidos, 84 espécimes vegetais foram registradas e representaram

44 tipos diferentes de famílias (Tabela 17), confirmando a grande diversidade do uso

tradicional de plantas para fins curativos. Nesta pesquisa, destacaram-se as famílias

Myrtaceae, Araceae e Euphorbiaceae, pela incidência de utilização. Duas destas espécies

Cleome spinosa Jacq (Brassicaceae) e Pavonia varians Moric (Malvaceae) foram alvo de

investigações botânicas e fitofarmacológicas (abordadas a seguir).

Tabela 17 - Plantas utilizadas pela comunidade da cidade de Rio do Fogo/RN NOME CIENTIFICO NOME VULGAR PORTE UTILIZAÇÃO Família: Acanthaceae Espécie: Justicia pectoralis Jacq

Trevo-do-pará Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Acanthaceae Espécie: Hypoestes phyllostachya Baker

Confete face-sardenta

Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Alliaceae Espécie: Allium pisfulosum L.

Cebolinha Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Anacardiaceae Espécie: Anacardium ocidentale L.

Cajueiro Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Anacardiaceae Espécie: Mangifera indica L.

Mangueira Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Anacardiaceae Espécie: Spondias pupurea L.

Siriguela Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Anacardiaceae Espécie: Shinus tirebinthifolius Raddi

Aroeira Arbóreo Medicinal

Família: Apiaceae Espécie: Coriandrum sativum L.

Coentro Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Apocynaceae Espécie: Aspidosperma pryfolium Mart

Pereiro Arbóreo Medicinal

Família: Apocynaceae Espécie: Catharanthus roseus (L) G. Don

Boa noite Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Apocynaceae Espécie: Hancornia speciosa Gomes

Mangaba Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Araceae Espécie: Aglaonema commmutatum Sehot

Café-de-salão-dourado

Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Araceae Espécie: Dieffenbachia picta Schott.

Comigo-ninguém-pode

Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Araceae Espécie: Epipremnum pinnatum (L.) Engl

Jiboia Verde Herbáceo Ornamental e Medicinal

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

86

Família: Araceae Espécie: Monstera deliciosa Liebm

Costela de Adão Semi-Herbáceo

Ornamental e Medicinal

Família: Araceae Espécie: Philodendron bipinnatifidum Schott

Imbê Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Araceae Espécie: Zantedeschia aethiopia (L.) Spreng.

Copo-de-leite Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Arecaceae Espécie: Cocos nucifera L.

Coqueiro Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Arecaceae Espécie: Copernicia cerifera Mart.

Carnaúba Arbóreo Medicinal

Família: Arecaceae Espécie: Roystonea oleraceae Cook

Palmeira Imperial Arbóreo Ornamental e Medicinal

Família: Araliaceae Espécie: Shefflera arboricola (Hayata) Merr

Cheflera-Pequena Arbustivo Ornamental e Medicinal

Família: Asteraceae Espécie: Lactuca sativa L.

Alface Herbáceo Alimenticia e Medicinal

Família: Asteraceae Espécie: Matricaria chamomilla L.

Camomila Herbáceo Medicinal

Família: Asteraceae Espécie: Zynnia elegans Jacq.

Benedita Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Brassicaceae Espécie: Cleome spinosa Jacq.

Mussambé Arbóreo Ornamental e Medicinal

Família: Brassicaceae Espécie: Nasturtium officinale R. Br.

Amescla Arbustivo Medicinal

Família: Burseraceae Espécie: Protium heptaphyllum (Hubl) Marchi

Agrião Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Caesalpiniaceae Espécie: Caesalpinia echinata Lam

Pau-Brasil Arbóreo Ornamental e Medicinal

Família: Caesalpiniaceae Espécie: Senna occidentalis (Linn.) Link

Manjirioba Arbustivo Medicinal

Família: Cactaceae Espécie: Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelb.

Coroa de frade Herbáceo Medicinal

Família: Caricaceae Espécie: Carica papaya L.

Mamão Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Convolvulaceae Espécie: Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem & Schult

Salsa da praia Herbáceo Medicinal

Família: Cucurbitaceae Espécie: Citrullus lanatus (Thunb.) Matsumura & Nakai

Melância Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Cucurbitaceae Espécie: Cucurbita pepo L.

Jerimum Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Cucurbitaceae Espécie: Momordica charantia L.

Melão São Caetano

Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Chenopodiaceae Espécie: Chenopodium ambrosioides L.

Mastruz Herbáceo Medicinal

Família: Chysobalanaceae Espécie: Chrisobalanus icaco L.

Guagiru Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Crassulaceae Espécie: Bryophyllum calycinum Salisb.

Corama Herbáceo Medicinal

Família: Cyatheaceae Espécie: Cyathea leucosticta Fee

Samambaia Herbáceo Ornamental e Medicinal

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

87

Família: Euphorbiaceae Espécie: Croton campestris A. St

Velame Herbáceo Medicinal

Família: Euphorbiaceae Espécie: Manihot esculenta Craantz.

Mandioca Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Euphorbiaceae Espécie: Ricinus communis L.

Mamona Arbustivo Medicinal

Família: Euphorbiaceae Espécie: Euphorbia tirucalli L.

Dedinho Arbustivo Medicinal

Família: Euphorbiaceae Espécie: Cnidosculus urens (L.) Arthur

Urtiga Branca Herbáceo Medicinal

Família: Euphorbiaceae Espécie: Phyllanthus niruri Müll. Arg.

Quebra-pedra Herbáceo Medicinal

Família: Euphorbiaceae Espécie: Phyllanthus amarus Schum & Thom

Quebra-pedra Herbáceo Medicinal

Família: Fabaceae Espécie: Abrus Precatorius L.

Olho-de-pombo Arbustivo Ornamental e Medicinal

Família: Fabaceae Espécie: Cassia occidentalis L.

Fedegoso Herbáceo Medicinal

Família: Fabaceae Espécie: Erytrina verna Vell

Mulungu Arbóreo Medicinal

Família: Krameriaceae Espécie: Krameria tomentosa A. St. Hill

Carrapicho de Ovelha

Herbáceo Medicinal

Família: Lamiaceae Espécie: Mentha sativa L.

Hortelã Herbáceo Medicinal

Família: Lamiaceae Espécie: Ocimum basilicum L.

Manjericão Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Laureaceae Espécie: Laurus nobilis L.

Louro Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Laureaceae Espécie: Persea americana Mill.

Abacate Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Liliaceae Espécie: Aloe Vera (L.) Burm. F

Babosa Herbáceo Medicinal

Família: Malpighiaceae Espécie: Byrsonima crassifolia (L.) Rich

Murici Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Malpighiaceae Espécie: Malpighia glabra L.

Acerola Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Malvaceae Espécie: Pavonia varians Moric

Cabeça de Boi Malva-Grossa Malva-folha-de-figo

Arbóreo Ornamental e Medicinal

Família: Marcgraviaceae Espécie: Marcgravia coriacea Vaht

Mão de onça Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Moraceae Espécie: Artocarpus communis Forst

Fruta Pão Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Monimiáceae Espécie: Peamus boldus Molina

Boldo Herbáceo Medicinal

Família: Musaceae Espécie: Musa sp.

Banana Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Myrtaceae Espécie: Campomanesia dichotoma (O. Berg) Mattos det. L. R. Landrum

Murta Arbóreo Medicinal

Família: Myrtaceae Espécie: Eugenia aff. uniflora L.

Ubaía Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

88

Família: Myrtaceae Espécie: Eugenia rastrifolia Legrand

Batinga Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Myrtaceae Espécie: Eugenia malaccensis L.

Jambo Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Myrtaceae Espécie: Eugenia tinctoria

Mapironga Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Myrtaceae Espécie: Myrciaria tenella Berg

Cambuí Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Myrtaceae Espécie: Psidium cattleianum Sabini

Araçá Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Myrtaceae Espécie: Psidium guajava L.

Goiaba Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Olacaceae Espécie: Ximenia americana L.

Ameixa do mato Arbóreo Medicinal

Família: Oleaceae Espécie: Olea europaea L.

Azeitona Preta Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Onograceaes Espécie: Fuchsia sp.

Brinco de Princesa

Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Oxalidaceae Espécie: Averrhoa caranbola L.

Carambola Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Poaceae Espécie: Bambusa gracilis Hort. Ex Rivière & Rivière

Bambu de jardim Arbustivo Ornamental e Medicinal

Família: Poaceae Espécie: Cymbopogon citratus (DC) Stapf.

Capim Santo Herbáceo Medicinal

Família: Polypodiaceae Espécie: Phymatodes scolopendria (Burm. F.) Ching

Samambaia Jamaica

Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Rubiaceae Espécie: Genipa americana L.

Jenipapo Arbóreo Alimentícia e Medicinal

Família: Rutaceae Espécie: Citrus Limon (L.) Burm. F.

Limão Arbustivo Alimentícia e Medicinal

Família: Rutaceae Espécie: Galipea jasminiflora (A. St. Hil) Engler

Canela-de-viado Herbáceo Ornamental e Medicinal

Família: Rhamnaceae Espécie: Ziziphus joazeiro Mart.

Juá Arbóreo Medicinal

Família: Solanaceae Espécie: Solanum tuberosum L.

Batata Herbáceo Alimentícia e Medicinal

Família: Verbenaceae Espécie: Lippia alba (Mill.) N. E. Br.

Erva Cidreira Herbáceo Medicinal

Família: Zingiberaceae Espécie: Alpinia zerumbet (Pers.) B. L. Burtt. & R. M. Sm.

Colônia Herbáceo Medicinal e Ornamental

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

89

5.1.1 Considerações Etnobotânicas de Cleome spinosa Jacq

O Quadro 2 mostra considerações gerais sobre C. spinosa e na Figura 29 encontra-se

uma fotografia adquirida na ocasião da aquisição da excicata desta espécie. Informações

etnofarmacológicas de C. spinosa encontram-se no Capítulo 3.

5.1.2 Considerações Etnobotânicas de Pavonia varians Moric

O Quadro 3 mostra considerações gerais sobre P. varians e na Figura 30 encontra-se

uma fotografia adquirida na ocasião da aquisição da excicata desta espécie. Informações

etnofarmacológicas de P. varians espécie encontram-se no Capítulo 3.

Quadro 2 - Considerações gerais sobre Cleome spinosa Jacq (Brassicaceae)

Descrição Botânica

Arbusto de 1 a 3 metros de altura. Caule pubescente. Folhas alternas, 5 a 7 folículos ablongo-lanceolados. Pubescente, com dois aguilhões na base do pecíolo. Flores róseo-purúreas, variando para o branco, com base de estames de lilacina. Cápsula comprida.

Origem Espécie originária da América tropical (encontrada nos lugares úmidos).

Propriedades Terapêuticas As folhas machucadas e aplicadas sobre a pele agem como rubefascientes. As folhas em infusão são estomáquicas e estimulantes do aparelho digestivo, úteis contra a blenorragia, eficazes na leucorréia. Externamente, empregam-se para a tratamento de otites. O suco das folhas contra otites supuradas. Raízes, em cozimento, são utilizadas no tratamento da bronquite e asma.

Quadro 3 - Considerações gerais sobre Pavonia varians Moric (Malvaceae)

Descrição Botânica

Subarbusto ramificado, geralmente com até um metro de altura. Caule cilíndrico, ramificado, muito resistente. Raiz principal pivotante, aprofundando-se bastante. Folhas alternas, pecioladas, de limbo subarredondado com base cordada, com cinco grandes lobos que se curvam um pouco, tendo margens denteadas, comprimento até 6 cm por largura equivalente. Flores amareladas isoladas, axilares com pedúnculo articulado perto do ápice, de comprimento maior que o do pecíolo da folha correspondente. Fruto esquizocarpo (fruto composto).

Origem Espécie originária da América tropical (encontrada nos lugares úmidos).

Propriedades Terapêuticas As folhas são utilizadas para combater infecções do aparelho digestivo, bem como inflamações de boca e garganta.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

90

Figura 29 – Fotografia da excicata de Cleome Spinosa Jacq

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

91

Figura 30 – Fotografia da excicata de Pavonia varians Moric

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

92

5.2 ABORDAGEM FITOQUÍMICA DE Cleome spinosa Jacq (BRASSICACEA)

Uma análise fitoquímica preliminar foi efetuada para os extratos lipofílico e hidrofílico

de Cleome spinosa. Os metabólitos secundários detectados encontram-se descritos na Tabela

18. Metabólitos especiais como catequinas, chalconas e flavonóides polares foram detectados

no extrato hidroalcoólico (hidrofílico). Alcalóides e flavonoides, dentre outros metabólitos de

polaridade mediana, foram detectados no extrato clorofórmio (lipofílico).

Tabela 18 - Metabólitos secundários detectados em extratos de Cleome spinosa CLASSE DE METABÓLITOS SECUNDARIOS EXTRATO

LIPOFÍLICO HIDROFÍLICO Alcalóides Positivo Bases quaternárias Positivo Catequinas Positivo Flavonas, flavonois, flavanonas e flavanonois Positivo Positivo Leucocianidinas Positivo Chalconas Positivo Positivo Saponinas Positivo

O estudo fitoquímico do extrato metanólico de Cleome spinosa (Tabelas 11 e 12)

conduziu a obtenção de 10 grupos de frações que foram designados de CS-EM-1 até CS-EM-

10 (Cleome spinosa - Extrato Metanólico - grupo de fração correspondente) (Tabela 12).

Os grupos de frações CS-EM-1 (eluição em Hexano 100%) e CS-EM-2 [eluição

Hexano:AcOEt (95:5)] foram submetidos a novos procedimentos cromatográficos e análises

espectroscópicos (infravermelho, RMN1H), que revelaram a ocorrência de misturas de

substâncias apolares.

O grupo de fração CS-EM-3 foi submetido a um novo fracionamento cromatográfico

de acordo com o mostrado na Tabela 14. As frações F5, F6, F7 e F8 foram reunidas após

análise por CCF fornecendo o grupo F5-8, denominado CS-EM-3a. Na análise CS-EM-3a por

CCF observou-se a ocorrência de uma mistura complexa de difícil separação. Similarmente,

foram reunidos os seguintes grupos de frações F9-11, F12-13, F14-23 correspondendo a CS-

EM-3b (F9-11), CS-EM-3c, (F12-13) e CS-EM-3d (F14-23). As frações F12-13 quando

comparadas por CCF com os grupos de frações CS-EM-3b e CS-EM-3d revelaram apresentar

alguns constituintes em comum. A substância encontrada nas frações F14-23 (CS-EM-3d)

mostrou absorções compatíveis (RMN) com triterpeno que poderá ser do tipo lupano ou

damarano (em função das impureza contidas na amostra a elucidação estrutural encontra-se

incompleta, com várias possibilidades estruturais).

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

93

O grupo de frações F6-29 [eluição com Hexano:ACoEt (90:10 – 70:30) (vide Tabela

11) oi submetido a um novo fracionamento cromatográfico conduzindo a reunião do novo

grupo de frações F9-11 (eluição 97:3) que possibilitou o isolamento de uma substância

amorfa (P.F. 118-119 oC) denominada de CS-EM-3b.

A estrutura química de CS-EM-3b (140) foi estabelecida com base nos espectros de

RMN de 1H e RMN de 13C (1D e 2D). Os dados do espectro de RMN de 1H mostraram-se

compatíveis com a estrutura de uma flavanona, tendo sido observadas absorções

características de anel heterociclo (δ 5,37; 3,11; 2,79). Estas absorções foram atribuídas ao H-

2 (δ 5,37; 1H; dd; J=13,0 e 2,9 Hz,) e aos hidrogênios H-3 do anel heterociclo [δ 3,11 (1H;

dd; J=17,1 e 13,0 Hz, H-3axial) e δ 2,79 (1H; dd; J=2,9 e 17,1 Hz, H-3equatorial)].

No anel aromático-A comprovou-se a presença de uma hidroxila na posição-5 (OH em

C-5) em função do singleto em campo baixo (δ 12,04), característico de hidroxila

quelatogênica [OH quelada com a carbonila do anel heterociclo. Evidenciou-se ainda, a

presença de dois grupos metoxílicos (δ 3,81 e 3,84) posicionados em anel aromático. A

análise das constantes de acoplamento dos hidrogênios aromáticos H-6 (δ 6,05; 1H; d; J=2,2

Hz) e H-8 (δ 6,08; 1H; d; J= 2,2 Hz) possibilitou o posicionamento de uma metoxila na

posição-7 do anel-A, pela ocorrência do acoplamento em W do H-6 com H-8 e H-8 com H-6.

A metoxila remanescente foi posicionada na posição-4’ (anel-B) em função das constantes de

acoplamento dos hidrogênios H-2’,6’ (δ 6,96; 2H; d; J=8,6 Hz) e H-3’,5’ (δ 7,39; 2H; d;

J=8,6 Hz), características de acoplamento “orto”. Desta forma, foi possível propor para a

substância CS-EM-3b de fórmula molecular C17H16O5, nomeada da seguinte forma: (2S)-1-

benzopiran-4-ona,2,3-diidro-5-hidroxi-7-metoxi-2-(4-metoxifenil) ou (2S)-5-hidroxi-7,4’-

dimetoxi-flavanona; 2,3-diidro-5-hidroxi-4’,7-dimetoxi-flavone; 7,4’-dimetoxi-naringenina;

7,4’-dimetil éter-naringenina; 4’-metil éter-sakuranetina (Fonte: CA Index Name).

A quiralidade 2S proposta para esta flavanona representada na Figura 31 enquanto que

na Tabela 19 encontram-se os assinalamentos propostos com base nos RMN de 1H e de 13C

que se apresentam compatíveis com dados da literatura (LAGO et al., 2007; OYAMA e

KONDO, 2004). Os dados de IV desta flavanona reforçam sua identidade pelos máximos de

absorção característicos de região aromática (vide anexo-A para espectros de IV e RMN desta

substância).

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

94

140

Figura 31 – Estrutura química de CS-EM-3b [(2S)-5-hidroxi-7,4’-dimetoxi-flavanona]

O espectro de RMN de 13C (Tabela 19) de CS-EM-3b confirma a proposta estrutural

para esta flavanona. Os sinais em 79,16 e 43,33 ppm foram atribuídos aos carbonos (C-2 e C-

3, respectivamente) do anel heterociclo. O espectro RMN 1D-DEPT confirma a

multiplicidade do carbono C-3 (grupo metilênico). As duas metoxilas absorvem em δ 55,84 e

55,53. O espectro de RMN 2D- HOMOCOSY estabeleceu as correlações entre os hidrogênios

do anel heterociclo (H-3eq com H-3ax; H-3eq com H-2; H-3ax com H-3eq; H-3ax com H-2; H-2

com H-3ax; H-2 com H-3eq). As correlações entre os Hidrogênios do anel-B (H-2’,6’ com H-

3’,5’ e H-3’,5’ com H-2’,6’) também foram observadas. Após assinalamento dos carbonos

característicos C-2, C-3 e C-4 (79,16; 43,33 e 196.20 ppm, respectivamente), as atribuições

dos átomos de carbono remanescentes foram inicialmente efetuadas com base nas densidades

eletrônicas dos carbonos C-6, C-8 e C- 3’,5’(que sofrem blidagem mesomérica). Portanto, as

absorções em δ 94,37 e 95,23 foram atribuídas aos carbonos C-6 e C-8, respectivamente e o

sinal em δ 114,37 aos carbonos C-3’,5’. O deslocamento químico observado em 127,9 ppm

foi correlacionado aos carbonos C-2’,6’ pela correlação observadas no espectro de RMN 2D-

HMQC. Este experimento confirmou os assinalamentos dos carbonos hidrogenados (C-2, C-3,

C-6, C-8 e C-3’,5’). O experimento RMN 2D-HMBC mostrou as seguintes correlações:

OH/C-6 (J3); OH/C-10 (J3); OH/C-5 (J2); H-6/C-9 (J4); H-8/C-5 (J4); H-8/C-7 (J4); OMe (δ

55,53)/C-7 (J3); OMe (δ 55,83)/C-4’ (J3); H-2/C-1’ (J2); H-3eq/C-4 (J2); H-3ax/C-4 (J

2); H-

3ax/C-2 (J2); H-3ax/C-1’ (J

3), possibilitando as atribuições inequívocas dos carbonos

quaternários, bem como dos grupos metoxilas.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

95

Tabela 19 - Dados de RMN de 1H (300 MHz; CDCl3) e de RMN de 13C (75 MHz; CDCl3) para a substância CS-EM-3b (140)

H δ (ppm) C δ (ppm) 2 5,37 [1H; dd (J=13,0 e 2,9 Hz)] 1 - 3ax 3,11 [1H; dd (J=17,1 e 13,0 Hz)] 2 79,16 3eq 2,79 [1H; dd (J=17,1 e 2,9 Hz)] 3 46,30 4 - 4 196,21 5 - 5 164,28 6 6,05 [1H; d (J=2,2 Hz)] 6 94,37 7 - 7 168,10 8 6,08 [1H; d (J=2,2 Hz)] 8 95,23 9 - 9 163,05 10 - 10 103,28 1’ - 1’ 130,52 2’ 6,96 [1H; d (J=8,6 Hz)] 2’ 114,37 3’ 7,39 [1H; d (J=8,6 Hz)] 3’ 127,90 4’ - 4’ 160,19 5’ 7,39 [1H; d (J=8,6 Hz)] 5’ 127,90 6’ OH

6,96 [1H; d (J=8,6 Hz)] 12,04 s

6’ -

114,37 -

O-CH3 3,81 s (3H) C-4’-O-CH3 55,83 O-CH3 3,84 s (3H) C-7-O-CH3 55,53

A flavanona (2S)-5-hidroxi-7,4’-dimetoxi-flavanona apresentou registradas na

literatura as seguintes atividades biológicas: antiespasmódica (WEIMANN et al., 2002),

antimutagênica (MIYAZAWA et al., 2003); antifúngica e bactericida (LAGO et al., 2007).

Figura 32 – Esqueleto básico de flavonóides

Dentre as classes de flavonóides mais amplamente distribuídos na natureza encontram-

se as flavanonas, flavonas e flavonóis (Figura 32) que apresentam em sua grande maioria, o

padrão de hidroxilação característico de flavonóides. Numerosos derivados destes metabólitos

especiais são conhecidos pelo número distinto de hidroxilas, metoxilas e pela presença ou não

de ligações glicosídicas (MACIEL, 1997).

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

96

Um flavonóide do tipo flavona foi identificado no grupo de fração CS-EM-4. Este

grupo foi submetido a um novo fracionamento cromatográfico de acordo com o mostrado na

Tabela 15 (parte experimental). As frações F10 - 16 [eluição com hexano-AcOEt (9:1 - 7:3)]

foram reunidas após análise por CCF, conduzindo ao isolamento da substância CS-EM-4a

[substância de coloração amarela (P.F. 171 - 173 oC)]. A substância encontrada neste grupo de

frações mostrou absorções compatíveis (RMN) com flavona [δ 60,1 (C-3) e 3,80 (H-3)

correspondente ao grupo metoxila posicionado na posição-3] e teve sua estrutura estabelecida

com base nos espectros de RMN de 1H e RMN de 13C (RMN 1D e 2D). Nos aneis aromáticos-

A e B comprovou-se a presença de grupos hidroxila (OH-7 e OH-4’) e metoxila (MeO-5 e

MeO-3’). Os grupos metoxílicos (MeO-5, MeO-3’ e MeO-3) foram atribuídos através das

análises de RMN 2D (HMQC e HMBC), tendo sido observado as seguintes correlações: δ

60,1 com sinal em 3,75 ppm (HMQC) correspondente ao carbono e hidrogênios do grupo

metoxílico ligado ao carbono-3 (MeO-3); δ 165,54 com sinal em 3,80 ppm (HMBC)

correspondente ao carbono-7 e hidrogênios do grupo metoxílico ligado ao carbono-5 (J4); δ

161,42 com sinal em 3,80 ppm (HMBC) correspondente ao carbono-5 e hidrogênios do grupo

metoxílico ligado ao carbono-5 (J2). Com estas correlações atribuiu-se os carbonos C-7

(165,54 ppm), C-5 (161.42 ppm), MeO-3 (60,1 ppm), C-3’-MeO e C-5-MeO (55,85 e 55,79

ppm). A análise dos sinais em δ 6,29 e 6,40 possibilitou a atribuição dos H-6 e H-8 [ H-6 em

6,29 ppm (1H; d; J=2,0 Hz acoplamento em W com o H-8) e H-8 (δ 6,40; 1H; d; J= 3,3 Hz

acoplamento de H-8 com H-6 do tipo W, bem como acoplamento H-8 com o H do grupo

hidroxila posicionado em C-7)].

O hidrogênio H-5’ em δ 7,06 (1H; d; J=9,1 Hz acoplamento de H-5’ com H-6’) e os

hidrogênios H-2’ e H-6’ absorvem em δ 7,61 - 7,59 [2H; multipleto, contendo os

acoplamentos de H-2’ com H-6’(W), H-6’ com H-2’ (W) e H-6’ com H-5’ (“orto”)]. As

análises dos espectros de RMN 1D (HOMOCOSY) e 2D (HMQC e HMBC) confirmaram as

atribuições de RMN de 1H e de 13C para esta flavona [Tabela 20, compatíveis com dados da

literatura (SILVA et al., 2006; AGRAWAL, 1989)]. Desta forma, foi possível propor a

estrutura 141 para a substância CS-EM-4a (Figura 33) de fórmula molecular C18H16O7,

nomeada como 1-benzopiran-4-one,7-hidroxi-2-(4-hidroxi-3-metoxifenil)-3,5-dimetoxi

(Fonte: CA Index Name) ou 5,4’-diidroxi-3,7,3’-trimetoxi-flavona. Os dados de IV desta

flavona reforçam sua identidade pelos máximos de absorção característicos de região

aromática, bem como de grupo hidroxila (vide anexo-B para espectros de IV e RMN desta

substância).

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

97

Esta flavona, segundo a literatura, apresentou reduzida atividade antioxidante. No

entanto, para análogos mais hidroxilados tem sido relatada atividade antioxidante mais eficaz,

bem como atividade antimicrobiana (WANG et al., 1992).

Tabela 20 - Dados de RMN de 1H (300 MHz; CDCl3) e de RMN de 13C (75 MHz; CDCl3) para a substância CS-EM-4a (141)

H δ (ppm) C δ (ppm) 2 - 2 156,30 3 - 3 138,94 4 - 4 178,83 5 - 5 161,42 6 6,29 [1H; d (J=2,0 Hz)] 6 97,91 7 - 7 165,54 8 6,40 [1H; d (J=3,3 Hz)] 8 92,26 9 - 9 156,80 10 - 10 105,86 1’ - 1’ 121,21 2’ 7,61 – 7,59 (1H; m) 2’ 110,84 3’ - 3’ 145,91 4’ - 4’ 149,83 5’ 6,91 [1H; d (J=9,1 Hz)] 5’ 114,90 6’ C-3’-O-CH3

7,61 – 7,59 (1H; m) 3,90 (3H; s)

6’ C-3’-O-CH3

122,99 55,85ƒƒƒƒ

C-5-O-CH3 3,80 (3H; s) C-4’-O-CH3 55,79ƒƒƒƒ C-3-O-CH3 3,75 (3H; s) C-3-O-CH3 60,10

ƒƒƒƒValores Permutáveis

Figura 33 – Estrutura química de 7,4’-diidroxi-3,5,3’-trimetoxi-flavona

141

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

98

5.3 ABORDAGEM FITOQUÍMICA DE Pavonia varians Moric (MALVACEAE)

O material vegetal de Pavonia varians Moric (raízes e partes aéreas, utilizados após

moagem) foi submetido à extração (via percolação) para avaliação preliminar do seu perfil

químico. Neste estudo obteve-se inicialmente um extrato lipofílico (extração com éter etílico)

e na sequência, obteve-se o extrato hidroalcoólico [hidrofílico; MeOH/H20 (7:3)]. O Esquema

1 mostra o procedimento que foi adotado para detecção no extrato lipofílico os seguintes

metabólitos: bases quaternárias, alcalóides, ácidos fixos fortes, esteróides, triterpenoides e

taninos e o Esquema 2 mostra o procedimento adotado para avaliação do extrato lipofílico

hidrolisado.

Os testes qualitativos realizados para o extrato hidroalcoólico levaram a detecção de

algumas classes de metabólitos secundários (leucocianidinas, catequinas, flavonóis, flavanonas,

chalconas e saponinas (Esquema 3). A Tabela 21 mostra os resultados obtidos nestas análises.

Tabela 21 - Metabólitos secundários detectados em extratos de Pavonia varians Moric CLASSE DE METABÓLITOS SECUNDARIOS EXTRATO

LIPOFÍLICO EXTRATO HIDROFÍLICO

Bases quaternárias Positivo Alcalóides Positivo Ácidos fixos fortes Positivo Esteróides e triterpenoídes Positivo Taninos Positivo Leucocianidinas, antocianidinas Catequinas

Positivo Positivo Positivo

Flavonóis, flavanonas, chalconas Positivo Saponinas Positivo

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

99

Esquema 1 – Prospecção analítica para o extrato lipofílico de Pavonia varians Moric

SOLÚVEL EM ÁGUA REJEITAR

SOLÚVEL EM ÁGUA

HIDRÓLISE ALCALINA

ESQUEMA 2

• ALÍQUOTA CONCENTRADA A SECURA • DILUÍDO EM ÁCIDO

REJEITAR

• NH4OH

• CHCl3 • HNaCO3 diluído

• HCl (pH1) • Éter • CHCl3

• NaOH 70%

ÁCID

OS FORTE

ÁCID

OS FIX

OS

FRACOS E FENÓIS

CONSTITUÍN

TES

FENÓLIC

OS

CONSTITUÍN

TES

NEUTROS

• HCl diluído

EXTRATO LIPOFÍLICO

SOLÚVEIS EM ÉTER

SOLÚVEIS EM CLOROFÓRMIO

SOLÚVEIS EM ÁGUA

SOLÚVEIS EM ÉTER SOLÚVEIS

EM MEIO BÁSICO

NEUTRALIZA, TESTE PARA BASES

QUATERNÁRIAS

SOLÚVEIS EM ÁGUA

TESTE ALCALÓIDES

SOLÚVEL EM ÉTER

FENÓIS E

TANIN

OS

ANTOCIA

NID

INAS E

FLAVONÓID

ES

LEUCOANTOCIA

NID

INAS

FLAVONAS E

FLAVONÓIS

• H2O

SOLÚVEIS EM CLOROFÓRMIO

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

100

Esquema 2 – Prospecção analítica para o extrato lipofílico hidrolisado de P. varians Moric

• HCl (pH 2-3)

EXTRATO LIPOFÍLICO

EXTRATO SAPONIFICADO

FASE ORGÂNICA FASE AQUOSA

REJEITA FILTRADO

SOLÚVEIS EM ÉTER – INSAPON.

SOLÚVEIS EM ÁGUA

TESTE PARA ESTERÓIDES E TRITERNÓIDES FASE

ORGÂNICA SOLÚVEIS EM ÁGUA

TESTE PARA ÁCIDOS FIXOS TESTE PARA

GLICERINA

• NaOH 70% • REFLUXO (2 HORAS)

• ÁGUA • EXTRAÇÃO COM ÉTER

• Na2SO4 (ANIDRO) • FILTRAÇÃO

• HNaCO3, DILUÍDO

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

101

Esquema 3 - Prospecção analítica para o extrato hidroalcoólico de P. varians Moric

pH11 pH1

ÁCIDOS FIXOS FORTES

CATEQUINAS

EXTRATO

EXTRATO HIDROALCOÓLICO

TESTE FÉNOIS E TANINOS

TESTE LEUCOANTOCIANIDINAS, CATEQUINAS E FLAVONAS

TESTE FLAVONAS

SOLÚVEL

TESTE ANTOCIANIDINAS,

FLAVONAS E CHALCONAS

INSOLÚVEL

SOLÚVEL INSOLÚVEL

TESTE SAPONINAS

TESTE ESTEROIDES

TRITERPENÓIDES

RESINA BASES QUATERNÁRIAS

ALCALÓIDES

pH3 pH1-3 pH11

NH4OH CLOROFÓRMIO

CALOR

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

102

5.4 ABORDAGEM FARMACOLÓGICA DE Cleome spinosa Jacq E Pavonia varians Moric

5.4.1 Atividade Antioxidante de Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric

Em função do estudo etnofarmacológico das espécies medicinais C. spinosa e P.

varians ter revelado importância significativa destas espécies na medicina tradicional,

avaliou-se o potencial antioxidante destas plantas que apesar de serem de famílias diferentes,

apresentam perfil químico semelhante, dentre eles destacam-se a classe dos flavonóides. O

estresse oxidativo induzido por radicais livres é um dos fatores primários no desenvolvimento

de doenças degenerativas. A capacidade dos flavonóides e polifenóis de sequestrarem radicais

livres, por exemplo, intensifica o interesse em espécies vegetais com propriedades

antioxidantes.

Neste trabalho a atividade antioxidante dos extratos hidroalcoólicos de Pavonia

varians (PV) e Cleome spinosa (CS) solubilizados em MeOH, bem como em sistemas

microemulsionados (SME), foi avaliada via estabilização do radical 2,2-difenil-picril-

hidrazila (DPPH), de acordo com metodologia previamente reportada (MENSOR et al.,

2001).

Microemulsões são sistemas coloidais termodinamicamente estáveis e opticamente

isotrópicos contendo água, óleo, tensoativo e, frequentemente, um cotensoativo (GOMES et

al., 2006; OLIVEIRA et al., 2004). Estes sistemas foram considerados como sendo

nanosistemas encapsuladores eficazes (FLORENCE, 2005; REDDY et al.; 2006) e vêm sendo

amplamente utilizados como sistemas de liberação de fármacos pelo aumento da capacidade

de solubilização de substâncias hidrofílicas e lipofílicas, bem como pela redução de efeitos

adversos (REDDY et al.; 2006; FORMARIZ et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2004;

KAWAKAMI et al., 2002; LAWRENCE e REES, 2000). O aumento da biodisponibilidade

de fármacos está correlacionado com a solubilização de substâncias pouco solúveis, bem

como com a diminuição da dose administrada, garantindo além de vantagens econômicas, a

diminuição de efeitos adversos (KAWAKAMI et al., 2002). Adicionalmente, as

microemulsões podem atuar ainda, como um sistema reservatório para o fármaco, garantindo

a sua liberação lenta e a prolongação do seu efeito farmacológico, com redução de efeitos

adversos (AZEVEDO et al., 2005; DALMORA et al., 2001; LYONS et al., 2000).

Neste trabalho, os extratos hidroalcoólicos de Pavonia varians (PV) e de Cleome

spinosa (CS) foram solubilizados nos sistemas microemulsionados SME-1 (35% etanol/tween

80/Span 20; 60% de água bidestilada; 5% de miristato de isopropila) e SME-4 (30% tween

80/Span 20; 5% de água bidestilada; 65% miristato de isopropila), previamente reportados

(GOMES et al., 2006; 2007; MACIEL et al., 2006a).

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

103

Para a avaliação da atividade antioxidante, foram preparadas soluções estoque de cada

extrato [extrato de P. varians (PV) e de C. spinosa (CS)] na concentração de 1 mg/mL

(extrato/SME), tendo sido obtido as formulações CS-SME-1, CS-SME-4, PV-SME1 e PV-

SME-4). O ensaio foi realizado em microplacas, sendo adicionada posteriormente, uma

solução de DPPH. Após 30 minutos no escuro, a leitura da absorbância (Abs.) foi realizada,

em leitora Elisa, tendo sido realizados 4 ensaios independentes, todos em triplicata. O

percentual antioxidante (%AA) foi calculado a partir da Equação 1 e os valores de EC50 foram

determinados por regressão linear. O resultado de EC50= 370 µg/mL (r=0,98) obtido para o

extrato CS solubilizado em MeOH foi superior aos valores de EC50 obtidos para este extrato

solubilizado nos sistemas SME-1 (CS-SME-1) e SME-4 (CS-SME-4) (Figura 34).

Evidenciou-se (via estabilização do radical livre) que o encapsulamento (solubilização de CS

nos sistemas microemulsionados) eleva a eficácia antioxidativa de Cleome spinosa, tendo sido

obtidos os seguintes valores de EC50: 224 µg/mL (r=0,97) para CS-SME-1 e 248 µg/mL

(r=0,98) para CS-SME-4.

O extrato hidroalcoólico de Pavonia varians (PV solubilizado em MeOH) apresentou

valor de EC50 acima de 710 µg/mL, com inibição máxima de 37%. No entanto, a

solubilização deste extrato nos sistemas SME-1 e SME-4, resultaram em uma maior

estabilização do radical DPPH (EC50 = 114 µg/mL para PV-SME-1 e 246 µg/mL para PV-

SME-4) (Figura 35).

De modo geral, os sistemas microemulsionados permitem a incorporação de

compostos na fase interna oleosa (baixa constante dielétrica), na região interfacial (constante

dielétrica intermediária entre o óleo e a água) ou na fase externa aquosa (alta constante

dielétrica) (OLIVEIRA et al., 2004). Estes compostos podem ser responsáveis pelo aumento

significativo da atividade antioxidante dos extratos microemulsionados de Cleome spinosa e

Pavonia varians. Metabólitos ricos em grupos fenólicos, presentes nestes extratos, assim

como os flavonóides já isolados de Cleome spinosa uma vez encapsulados nos sistemas SME-

1 e SME-4, podem estar melhores disponibilizados para interações e estabilização do radical

DPPH, já que se comprovou que os SME-1 e SME-4 potencializou a atividade antioxidante

dos extratos testados.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

104

710 355 177,5 88,75 44,37 22,18

Extrato-CS

CS-SME-1

CS-SME-4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

% AA (DPPH)

µµµµg/mL

Figura 34 - Eficácia antioxidativa de Cleome Spinosa Jacq expressa em valores de EC50

355 177,5 88,75 44,3722,18

PV-SME-1

PV-SME-40

10

20

30

40

50

60

70

% AA (DPPH)

µµµµg/mL

Figura 35 - Eficácia antioxidativa de Pavonia varians expressa em valores de EC50

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

105

O levantamento bibliográfico realizado com as espécies Cleome spinosa Jacq Pavonia

varians Moric revelou a importância etnobotânica destas espécies que se encontram pouco

exploradas em estudos fitofarmacológicos. Através de um estudo analítico (metodologia de

MATOS, 1997) foi possível detectar nos extratos hidroalcoólicos de C. spinosa e P. varians

(coletadas em Pitangui/RN). A presença dos seguintes metabólitos especiais: flavonóides;

xantonas; saponinas e leucoantocianidinas. Foi observado o seguinte diferencial: alcalóides

detectados para C. spinosa e taninos, para a espécie P. varians. A solubilização dos extratos

polares de C. spinosa e P. varians nos sistemas microemulsionados SME-1 e SME-4

possibilitaram a biodisponibilização destas espécies, tendo resultado na comprovação da ação

antioxidante destas espécies, com significante diminuição da dose usada, garantindo além de

vantagens econômicas, a diminuição de possíveis efeitos adversos (a serem avaliados em

futuros ensaios in vivo). Comparativamente, evidenciou-se para ambas as espécie P. varians e

C. spinosa, melhor eficácia antioxidativa para o sistema SME-1. O percentual antioxidativo

do extrato de P. varians foi significativo em ambos SME, sendo duas vezes melhor para o

sistema SME-1 (EC50 = 114 µg/mL). Portanto, a espécie P. varians foi mais eficaz na

estabilização do radical livre DPPH, podendo estar correlacionado com a presença adicional

de taninos (evidenciada por testes analíticos) nesta espécie.

5.4.2 Avaliação da Atividade Antiinflamatória de Pavonia varians Moric

No teste das contorções abdominais (ácido acético 1,2%), a administração oral do

extrato hidroalcoólico (EHA) de P. varians nas doses de 100, 300 ou 1000 mg/kg, produziu

uma inibição dose-dependente do número de contorções acumuladas durante 30 minutos de

36% (35,7 ± 4,9 contorções), 62% (21,2 ± 4,3 contorções) e 74,2% (14,4 ± 2,5 contorções),

respectivamente, quando comparado com o grupo tratado com o veículo água, que somaram

55,8 ± 5,2 contorções (Figura 36), com dose inibitória 50% (ID50) de 201,8 mg/kg (Figura

37). Da mesma forma, o controle positivo indometacina (10 mg/kg, p.o.) reduziu em 47,1%

as contorções abdominais (29,5 ± 3,5) (Figura 36).

Teste do tail-flick permite investigar a participação de mecanismos centrais na

antinocicepção, mediante a avaliação do tempo, em segundos, que o animal leva para retirar a

cauda após a incidência de um estímulo térmico produzido por um feixe de luz; a

administração oral do extrato hidroalcoólico de Pavonia varians, na dose que produziu

inibição das contorções abdominais com maior intensidade (1000 mg/kg), não modificou de

forma significativa a reatividade dos animais ao estímulo térmico nociceptivo (Figura 38).

De forma diferente, o tratamento com fentanil (300 µg/kg, s.c.), controle positivo, elevou

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

106

significativamente o tempo de reação nos instantes trinta (22,8 ± 0,01 segundos - 3,3 vezes),

sessenta (17,9 ± 2,3 segundos – 3,4 vezes) e noventa minutos (8,3 ± 1,4 segundos - 1,5

vezes), quando comparados à reatividade dos animais do grupo experimental controle (7,0 ±

0,6; 5,2 ± 0,2 e 5,7 ± 0,5 segundos respectivamente) (Figura 38).

No teste da formalina, o pré-tratamento com 1 g/kg de EHA (pela via oral) ou com o

controle positivo indometacina (10 mg/kg), não reduziu a reatividade dos animais durante a

primeira fase de nocicepção (0 a 5 min.) que corresponde à dor de origem neurogênica (123,4

± 14,1 e 135,3 ± 19,7 segundos) respectivamente, quando comparada ao grupo experimental

veículo (131,2±7,5 segundos) (Figura 39A). Entretanto, na segunda fase (15 a 30 minutos,

dor inflamatória), a reatividade foi reduzida em 43,1% (144,8 ± 18,3 segundos) para o EHA e

61,7% (97,6 ± 23,4 segundos) para a indometacina, comparativamente aos resultados do

grupo veículo, que foi de 254,6 ± 11,2 segundos (Figura 39B). Estes resultados indicam a

presença de princípios bioativos (com forte atividade antinociceptiva) no extrato

hidroalcoólico da Pavonia varians (EHA). O teste das contorções abdominais, cuja relação

dose/efeito inibitório dependente confirmou a especificidade do efeito. No teste do tail flick e

na primeira fase de nocicepção (dor neurogênica) do teste da formalina, a ausência de

efetividade do EHA, afastou a possibilidade da participação de mecanismos antinociceptivos

no sistema nervoso central. Entretanto, a inibição da segunda fase (dor inflamatória) no teste

da formalina criou o forte indicativo da participação de mecanismos antiinflamatórios na

produção do efeito antinociceptivos deste extrato. Ensaios farmacológicos adicionais serão

necessários para a determinação destes mecanismos de ação.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

107

Figura 36 - Contorções abdominais induzidas pelo ácido acético (1,2% em salina, 100 µL/10g, i.p.) em camundongos previamente tratados (60 min.) pela via oral (p.o.) com o veículo (controle), com o controle positivo indometacina (INDO) ou com o extrato hidroalcoólico de Pavonia varians (EHA). As colunas e barras verticais representam as médias ± erro padrão de 6 a 8 animais por grupo experimental. Estatisticamente diferente do grupo controle (**p < 0,01 e ***p < 0,001)

2.0 2.5 3.0

0

50

100EHA Pavonia varians

Log dose ( g/kg, p.o. )

% de Inibição das

Contorções Abdominais

Figura 37 - Porcentagem de inibição das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético (1,2% em salina, 100 µL/10g, i.p.) em camundongos previamente tratados (60 min.) pela via oral com o extrato hidroalcoólico de Pavonia varians (EHA). Os símbolos e barras verticais representam as médias ± erro padrão de 6 a 8 animais por grupo experimental

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

108

-60 -30 0 30 60 90 120

0

5

10

15

20

25VeículoEHA P. varians

1 g/kg, p.o.Fentanil300 µµµµg/kg, s.c.

******

*

Tempo ( minutos )

R E A T I V I D A D E

(segundos)

Figura 38 - Reatividade ao estímulo térmico nociceptivo medido no teste do tail−flick em

camundongos previamente tratados pela via oral (p.o. - 60 min.) ou pela via subcutânea (s.c. - 30 min.) com o veículo (água, 100 µL/10 g, p.o.), com o fentanil (100 µg/kg, s.c.) ou com o extrato hidroalcoólico de Pavonia varians (EHA). Nas ordenadas estão representados os tempos de reação dos camundongos ao estímulo térmico nociceptivo em segundos. Os símbolos e barras verticais representam as médias ± erro padrão de 8 animais por grupo experimental. Estatisticamente diferente do grupo controle (*p < 0,05 e ***p < 0,001)

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

109

0

50

100

150

Fase I ( 0 - 5 minutos )

V e í c u l o

Dor Neurogênica

I n d o

E H A

0

100

200

300Fase II ( 15 - 30 minutos )

1 0,01 g/kg, p.o.

E H A Indo

**

***

Dor Inflamatória

V e í c u l o

R E A T I V I D A D E (segundos )

A

B

Figura 39 - Reatividade em segundos, após a aplicação intraplantar de formaldeído

(20µL, 1,2% em salina) na pata posterior de camundongos previamente tratados (60min) pela via oral (p.o.) com o veículo (10 µL/g), com a indometacina (10 mg/kg) ou com o extrato hidroalcoólico da Pavonia varians (EHA – 1 g/kg). As colunas e barras verticais indicam as médias da fase I (A - 0 a 5 min - dor neurogênica) e fase II (B - 15 a 30 min - dor inflamatória) ± erro padrão de 8 animais por grupo experimental. Estatisticamente diferente do grupo controle (**p < 0,01 e ***p < 0,001)

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

110

5.5 ABORDAGEM FITOQUÍMICA DE Croton cajucara Benth (EUPHORBIACEAE)

5.5.1 Óleo Fixo das Cascas do Caule

Os óleos fixos obtidos via cromatografia em coluna (OF-CC) na extração com fluido

supercrítico (gás CO2) apresentaram rendimentos significativamente diferentes. A

comparação feita entre as duas extrações [via percolação (seguido de CC) e fluido

supercrítico] revelou que houve um maior rendimento de óleo fixo obtido através de coluna

cromatográfica (OF-CC), tendo sido obtido 13 g (3,14%) de óleo fixo (partindo-se de 413 g

de cascas), versus 1,2% de óleo fixo extraído no processo via fluido supercrítico (1,34 g;

partindo-se de 109 g de cascas). Estes dados poderiam estar correlacionados com questões

sazonais (MACIEL et al., 1998b, 2002a), já que a fonte vegetal utilizada em cada

experimento é comercializada no mercado Ver-o-peso (Belém/PA) e foi adquirida em épocas

diferentes. A extração com fluido supercrítico minimiza gastos e tempo de trabalho, desta

forma, mesmo que forneça rendimentos menores, torna-se uma alternativa viável na extração

de óleos em geral.

Não há relatos de estudos que tenham efetuado caracterização química de óleo

essencial ou fixo obtidos das cascas do caule do Croton cajucara, apenas cita-se que o óleo

essencial das cascas não apresenta traços de desidrocrotonina (DCTN) (Figura 28) e

constituído de sesquiterpenos (sem divulgação da identificação química) considerados como

responsáveis pelas atividades antiulcerogênica (HIRUMA-LIMA, et al., 1999b 2000),

antiinflamatória e antinociceptiva (BIGHETTI et al., 1999). Com relação ao óleo essencial de

folhas do Croton cajucara, sabe-se que é rico em linalol (ARAÚJO et al., 1971; LOPES et

al., 2000) e possui atividades antimicrobiana (ALVIANO et al., 2005) e antileishmania

(ROSA et al., 2003). O óleo essencial das partes aéreas deste Croton, também mostrou-se rico

em linalol (LEMOS et al., 1999).

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

111

Figura 28 - Estruturas isoladas da casca do caule de Croton cajucara

O

COOCH3O

H

H

c-CJC-B

O

COOCH3O

H

H

t-CJC-B t-CJC-A

O

COOCH3O

H

COH

O

OH

O

O

ISCR

O H

H

O

O

O OHO

ICJCR

O H

H

O

O

OHO O

CJCR

O

O

H

COOH

H

AAA

O

O

H O

O

H

DCTN

O

O

H O

O

H

CTN

1 3 0 1 3 1 1 3 2

1 3 3 1 3 4 1 3 5

1 3 6 1 3 7 1 3 8

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

112

Os constituintes químicos das frações F1 (esterificada) e F2, F3 e F4 (não-

esterificadas), após procedimento cromatográfico (Esquema 4) foram identificados por CG-

FID e CG-EM. Para tanto, efetuou-se estudo comparativo dos espectros de massas obtidos

destas frações, com os dados da espectroteca Wiley e dos índices de retenção, calculados a

partir da injeção de uma série de alcanos lineares (C13 - C18). Os resultados obtidos

revelaram para a fração F1 a presença de sesquiterpenos (Tabela 22), onde o α-copaeno

(20,1%) e cipereno (21,8%) foram os componentes majoritários. Uma vez que esta fração foi

previamente esterificada, foram observados ésteres metílicos e etílicos.

Os sesquiterpenos corresponderam a aproximadamente 70% da constituição química

de F1. A normalização observada na Tabela 22 permite a visualização do percentual relativo

entre os sesquiterpenos identificados.

A fração F2 mostrou sesquiterpenos mais oxigenados (Tabela 23), onde se inclui o

linalol e outros monoterpenos em pequenas quantidades. A identificação de frações de

álcoois, cetonas e substâncias oxigenadas em geral, utilizando dados de comparação com

espectroteca e índices de retenção, é de baixa confiabilidade. Desta forma, foram citadas

apenas as substâncias que apresentaram altos índices de similaridade entre espectros na

comparação com a espectroteca.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

113

Esquema 4 - Procedimentos de extração e fracionamento em coluna cromatografia para

obtenção do óleo fixo das cascas do caule de Croton cajucara

F1 esterificada

Esterificaçãocom diazometano

Fração F4

hexano/AcOEt (85:15)

Fração F3

hexano/AcOEt (90:10)

Fração F2

hexano/AcOEt (95:5)

Fração F1

hexano/AcOEt(100:0 - 98:2)

CC (sílica gel 70-230 Mesh)

FAB (13g; 3,14%)

reunidas após análises de CCDReservadas paraIsolamento dePadrões

Frações FC-FF

hexano/AcOEt(90:10 - 85:15)

Fração FB

hexano/AcOEt (98:2)

Fração FA

hexano/AcOEt (100 : 0)

Frações Obtidas: FA, FB, FC, FD, FE, FF

cromatografia de columa (CC)sílica gel (70-230 Mesh - 94g)

extração com MeOH

extrato metanólico (EM)

(cascas do caule)

Croton cajucara 413g

Avaliação dasPropriedadesFungicidas

Análises por CG-FID e CG-EM

Denominadade OF-CC(óleo fixo obtidovia CC)

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

114

A fração F3 contém ácidos graxos, misturas de esteróis e os diterpenos do tipo

clerodano trans-crotonina (CTN), cis-cajucarina B (c-CJC-B;) e trans-cajucarina B (t-CJC-B)

(Figura 28: estruturas químicas 131, 133 e 134, respectivamente) constituintes químicos das

cascas do caule de Croton cajucara (Maciel et al., 1998a,b, 2003). A Figura 40 mostra a

expansão do cromatograma da fração F3, evidenciando a presença dos clerodanos e esteróis

detectados. O somatório de esteróis e diterpenos neste cromatograma constituiu cerca de 40%

do total de F3. A fração F4 contém majoritariamente os clerodanos isoméricos cis e trans-

cajucarina B. Os clerodanos CTN, c-CJC-B e t-CJC-B foram identificados nas frações F3 e

F4, via co-injeção com padrões autênticos. A Figura 41 apresenta o espectro de massas da

CTN e as Figuras 42 e 43 apresentam respectivamente, os espectros de massas dos isômeros

c-CJC-B e t-CJC-B detectados no cromatograma da fração F3. Os Esquemas 5 e 6 mostram

fragmentos característicos que foram atribuídos aos clerodanos trans-crotonina (CTN) e

cajucarinas B (c-CJC-B e t-CJC-B), respectivamente.

Tabela 22 - Substâncias voláteis da fração F1 detectadas por CG-EM e confirmadas por seus dados de IR por CG-FID

Substâncias detectadas %* % ** IR obtido IR lit. Cicloisosativeno 2,3 3,3 1370 -

α-copaeno 13,9 20,1 1376 1369

Cipereno 15,1 21,8 1398 1398

α-bergamoteno 1,6 2,3 1408 1436

2,6-dimetil-6-(4-metil-pent-3-enil) biciclo[3.1.1] hep-2-eno 8,3 12,0 1415 -

cis-cariofileno 5,6 8,1 1438 1426

allo-aromadendreno 2 2,9 1455 1463

α-longipineno 3,6 5,2 1467 1357

δ-guaieno 1,4 2,0 1486 1502

α-muuroleno 2,2 3,2 1488 1503

δ-cadineno 6,7 9,7 1509 1524

Nerolidol 2,2 3,2 1545 1562

Junipeno 1,4 2,0 1572 -

Cadaleno 3 4,3 1636 1637 Total 69,3 100,0 * Porcentagem observada pela integração. ** Porcentagem normalizada para a constituição dos sesquiterpenos. IR obtido = Índice de Retenção obtido nas análises realizadas. IR lit. = Índice de Retenção observado na literatura, obtido nas mesmas condições de análises

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

115

Tabela 23 - Substâncias voláteis da fração F2 detectadas via CG-EM Substâncias detectadas % Linalool 0,6 Borneol 0,5 p-cimeno-α-ol t propanoato de linalila t Elemicina 2,3

Nerolidol 1,0 Espatulenol 23,8 Viridiflorol 8,6

Total 36,8

Figura 40 - Expansão do cromatograma da fração F3, evidenciando a presença de clerodanos

[trans-crotonina (CTN), cis-cajucarina B (c-CJC-B) e trans-cajucarina B (t-CJC-B)] e esteróis

Figura 41 - Espectro de massas do clerodano trans-crotonina, obtido no

cromatograma da fração F3

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

116

Esquema 5 - Fragmentos propostos para a CTN

O

O

O

+O

[M ]+ 316

(39 %)

m/z 222

OCO2H

(22 %)m/z 94

(100 %)

O

O

C

m/z 95

(76 %)

O+

(48 %)

m/z 82

O

O

O

m/z 204 (51 %)

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

117

Figura 42 - Espectro de massas do clerodano isomérico trans-cajucarina B (t-CJC-B), obtido

no cromatograma da fração F3

Figura 43 - Espectro de massas do clerodano isomérico cis-cajucarina B (c-CJC-B), obtido no cromatograma da fração F3

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

118

Esquema 6 - Proposta de fragmentação para os 19-nor-clerodanos cis e trans-cajucarinas B

CO

m/z 189

O

O

O

+

m/z 271

+O

CO

m/z 82

O +O

CO

O

C+

m/z 217

O

CO2Me

330 [M]+

OCO2Me

O+

m/z 81

+

H

m/z 161

+O

OCO2Me

m/z 248

MeO

OCO2Me

O

HO

CO

m/z 189

OC+

m/z 236

+

HO

CH2

OMeO

OCO2Me

HO

HO

m/z 121

m/z 95

HOHO

m/z 134

O

H2C2

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

119

5.5.2 Estudo Fitoquímico das Cascas do Caule de Croton Cajucara Benth

5.5.2.1 Espectrometria de Massas de Diterpenos do Tipo Clerodano

Objetivando a realização de um estudo de espectros de massas de terpenóides do tipo

clerodano, obteve-se das cascas do caule de Croton cajucara, os diterpenos 19-nor-clerodano

trans-desidrocrotonina (130), trans-crotonina (131), cis-cajucarina B (133), trans-cajucarina

B (134) e cajucarinolida (CJCR) (Figura 28). Estes clerodanos foram reisolados das cascas do

caule de C. cajucara de acordo com metodologia previamente reportada (MACIEL et al.,

1998a,b; 2003; 2006b). É importante ressaltar que dentre estes diterpenos, a trans-

desidrocrotonina mostrou correlação significativa com as indicações medicinais desta espécie

medicinal (vide Capítulo 2) (MACIEL et al., 2000, 2002a,b; 2006a,b; COSTA et al., 2007).

Como dito anteriormente (Capítulo 2) a maioria dos diterpenos do tipo clerodano apresenta

junção A/B trans (5α, 10β) com configuração relativa cis para os substituintes das posições

C-5, C-8 e C-9 (Figura 44). Os diterpenos com junção A/B cis (5α, 10α) na sua grande

maioria, apresentam os substituintes das posições C-8 e C-9 β-orientados (MACIEL et al.,

2006b).

Clerodina Esqueleto Junção A/B Junção A/B cis-crotonina

129 Básico do tipo trans do tipo cis 131a

Figura 44 - Representação estrutural de diterpenos do tipo clerodano (129)

e do tipo 19-nor-clerodano (131a)

O

H O

H

O

O

H

R

H

R

HO

O

HH

OAc

H

OAc

O5

8

9

10A B

20

19

18

17

15

16

12

9

75

3

1

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

120

Neste estudo, foram avaliados inicialmente, dados de íons provenientes de espectros

de clerodanos reportados na literatura (ATHONSEN et al., 1973; HASAN, et al., 1982;

MISRA et al.,1985; LOPES et al., 1987; YU et al., 1988; ETSE et al., 1989; EL-BABILI et

al., 1998; URONES et al., 1989; KHAN et al., 1990; AVILA et al., 1991; FAZIO et al.,

1992; LEITÃO et al., 1992; AQUINO et al., 1992; PINTO et al., 1994). Para tanto, tomou-

se a subunidade decalínica de sistema enona padrão (142) representada no Esquema 7, onde o

substituinte 19 (ligado a posição C-5) é obrigatoriamente, diferente de hidrogênio

(caracterizando desta forma, um clerodano ao invés de um 19-nor-clerodano. As análises dos

dados de espectros de massas divulgados na literatura (referências citadas acima),

possibilitou o reconhecimento de padrões de fragmentações para clerodanos de sistema enona

padrão deste tipo (142). Os fragmentos de íons m/z 95, 109, 121, 135 e 205 foram os mais

encontrados. O fragmento de íon m/z 205, resultante da quebra da cadeia linear, foi observado

em todos os isômeros. Na ausência de substituintes nas posições 6 e 7, os fragmentos de íons

m/z 109 e 121 foram os mais abundantes. Os fragmentos de íons m/z 122 e 124 provenientes

de rearranjo, foram observados mais frequentemente nos cis-clerodanos e apresentam

abundância relativa mais alta do que os trans-clerodanos. Para os trans-clerodanos, os

fragmentos de íon m/z 95, 109, 121 e 205 se destacam em todos os espectros analisados. O

Esquema 7 mostra uma proposta de fragmentações para os íons de m/z 205, 134, 124, 122,

121 e 95.

Esquema 7- Padrões de fragmentações para clerodanos com sistema enona do tipo 142

A subunidade decalínica padrão 142a (Esquema 8) foi utilizada para o estudo dos 19-

nor-clerodanos DCTN (130), c-CJC-B (133), t-CJC-B (134) e CJCR (137)] Para estas

substâncias destacam-se os padrões de fragmentação 161, 134 e 121 (Esquemas 6 e 8). O

isômero trans-cajucarina B (134) apresentou abundância relativa mais alta [m/z 161 (18%),

+O

m/z 205

10

10

5

HO

m/z 124

O

m/z 134

HO

m/z 122

HO OH

m/z 121

HO

m/z 95

CH31 4 0

m/z 142

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

121

134 (95%) e 121 (100%)] do que o cis-cajucarina B (133) [m/z 161 (27%), 134 (61%) e 121

(81%)]. Os fragmentos padrões de íons m/z 161, 134 e 121 também foram observados para o

clerodano isosacacarina (ISCR, 136), previamente isolado de Croton cajucara (MACIEL et

al., 1998a,b; 2003; 2006b). Para este clerodano, que apresenta grupo CH2 na posição C-19, os

fragmentos de íons m/z 162 (25%), 122 (57%), 94 (94%) e 82 (100%) foram os mais

abundantes (Esquema 9).

Esquema 8 - Padrões de fragmentação para 19-nor-clerodanos do tipo 142a

O 19-nor-clerodano trans-crotonina (CTN; 131) apesar de não possuir insaturação ∆3,4

no anel A do sistema decalínico, apresentou os fragmentos padrões de íons de m/z 161 (38%),

134 (24%) e 121 (51%), no entanto, os fragmentos m/z 94 (100%) e 95 (78%) foram os mais

abundantes. O isômero cis-crotonina (131a, Figura 41) isolado de Croton lucidus L., também

apresentou o fragmento m/z 94 como pico base (CHAN et al., 1968). O clerodano trans-

cajucarina A (135) que possui um grupo formila na posição C-5, apresentou abundância

relativa mais alta nos seguintes fragmentos m/z 330 (47%), 299 (33%), 269 (47%) e 248

(100%).

OH

m/z 121m/z 134

OH

m/z 161

+O

m/z 189

+H

H

O

5

10

10a1 4 0m/z 142

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

122

Esquema 9 - Proposta de fragmentação do clerodano isosacacarina (136)

m/z 245

O

CO2Me

(11 %)

O

O

m/z 284 (10 %)

O

+

[M ]+ 328

(13 %)

O

O

O

m/z 122(57 %)

O

m/z 162(25 %)

HO

(100 %)

m/z 82

O

(18 %)m/z 134

HO

m/z 94(94 %)

O

+

(47 %)

m/z 81

O

19

20

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

123

Com base nos espectros foram caracterizados fragmentos padrões para a identificação

de diterpenos do tipo clerodano e 19-nor-clerodano isolados de Croton cajucara, bem como

de outras fontes vegetais que apresentem carbonila α,β-insaturada na posição ∆3,4 do anel A

do sistema decalínico, tendo sido possível através de íons característicos, definir a junção dos

anéis A e B do sistema decalínico destes tipos de diterpenos.

Os fragmentos de rearranjo com íons m/z 122 e 124 são mais abundantes em cis-

clerodanos e, desta forma, permitem correlacioná-los com a estereoquímica dos centros

quirais C-5 e C-10. A observação de fragmentos padrões nos espectros de massas dos

clerodanos investigados, poderá facilitar a identificação de subunidades decalínicas do tipo

140 (Esquema 7; com fragmentos abundantes para os íons m/z 95, 121 e 205) e 142a

(Esquema 9; onde os fragmentos m/z 161, 134 e 121 são os mais característicos para os

diterpenos 19-nor-clerodano), em estudos realizados com o uso de Cromatografia Gasosa de

Alta Resolução acoplada à Espectrometria de Massas (CGAR-EM).

Através deste estudo pode-se concluir ainda, que o fragmento de íon m/z 161 é

também, característico par diterpenos do tipo 19-nor-clerodano e que o uso da metodologia

CGAR-EM torna-se uma ferramenta importante na análise de misturas complexas de extratos

provenientes de fontes naturais (vegetais ou marinhas) ricas em diterpenos do tipo clerodano.

Desta forma, o trabalho exaustivo de isolamento, purificação, identificação, caracterização e

definição da configuração relativa dos centros quirais C-5 e C-10 de substâncias clerodânicas

com decalina contendo um sistema enona do tipo 142 e 142a, pode ser evitado.

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

124

5.6 ABORDAGEM FARMACOLÓGICA DE Croton cajucara Benth

5.6.1 Propriedade antifúngica do óleo fixo de Croton cajucara

O controle positivo representa em experimentos in vitro uma condição básica para o

crescimento de fungos. Neste tratamento o fungo é submetido ao meio de cultura BDA

acrescido de antibiótico, para evitar o crescimento de bactérias. O controle negativo, também

conhecido como testemunha padrão ou branco, é preparado da mesma forma, entretanto, com

uma diferença: a adição de 1% (v.v-1) de DMSO. A utilização do DMSO foi necessária para

solubilizar o óleo fixo de Croton cajucara no meio de cultura, constituído principalmente por

água, permitindo, desta maneira, que o óleo seja difundido igualmente no meio de cultura. A

utilização do controle negativo permite que os efeitos dos tratamentos sejam subtraídos de um

possível efeito do DMSO, sobre o crescimento dos fungos. A comparação feita entre o

controle testemunha padrão (BDA + DMSO) e o controle positivo (BDA) nas placas de Petri,

com o fungo Fusarium oxysporum, observou-se que não houve diferenças significativas

durante os cinco dias de ensaio. No entanto, os fungos Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii,

apresentaram sensibilidade à presença do DMSO no meio de cultura. Por esta razão, os

percentuais de inibição foram trabalhados a partir dos resultados obtidos com a testemunha

padrão. Desta forma, o efeito do DMSO sobre o crescimento dos fungos foi subtraído. Uma

vez subtraído os efeitos inibitórios do DMSO sobre os fungos Rhizoctonia solani e Sclerotium

rolfsii, os tratamentos com o óleo fixo de Croton cajucara obtido via procedimento

cromatográfico (OF-CC proveniente da reunião de frações FAB) apresentaram efeito inibitório

suplementar ao observado na testemunha padrão (Figuras 45 e 46). Resultados semelhantes

foram encontrados por SOUZA et al. (2003) ao verificarem a atividade biológica do óleo de

capim limão sobre o desenvolvimento dos mesmos tipos de fungos utilizados neste trabalho.

Após cinco dias de observação, as placas de Petri contendo o fungo Sclerotium rolfsii,

apresentaram uma possível alteração fisiológica, já que as estruturas de resistência,

denominadas de esclerócios, apresentaram-se rugosas, com manchas variando do marrom-

escuro ao marrom-claro e diâmetro quatro vezes superior ao encontrado nas placas do

controle positivo. Ao se avaliar os efeitos do OF-CC sobre o crescimento do fungo, verificou-

se efeito fungistático em decorrência de redução no crescimento da colônia, tendo sido

comprovado inibição do crescimento dos três fungos testados (Figuras 45 e 46). Em

contrapartida, a resposta fisiológica dos fungos testados (na presença do OF-CC no meio de

cultura) foi diferente, tendo variado de acordo com o tipo de fungo testado. Observou-se que

os fungos Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii foram resistentes ao óleo testado, de modo

que o percentual de inibição diminuiu com o transcorrer dos dias, principalmente para

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

125

Sclerotium rolfsii. Como pode ser observado na Figura 45, o fungo Fusarium oxysporum foi o

que sofreu efeito inibitório mais estável ao longo dos 5 dias de crescimento.

Comparativamente, o fungo Sclerotium rolfsii sofreu a maior queda do efeito inibitório,

enquanto o fungo Rhizoctonia solani sofreu maior inibição ao crescimento da colônia (Figura

47).

A presença de sesquiterpenos foi comprovada no óleo fixo obtido das cascas do caule

de Croton cajucara Benth, tendo sido evidenciado que o α-copaeno (20,1%) e cipereno

(21,8%) são os componentes majoritários (70% de percentual sesquiterpénico total) deste

óleo. Dentre os sesquiterpenos minoritários mais oxigenados, destaca-se o linalol.

Adicionalmente, foram confirmadas as presenças de ácidos graxos, misturas de esteróis e os

diterpenos bioativos trans-crotonina (CTN), cis-cajucarina B (c-CJC-B) e trans-cajucarina B

(t-CJC-B) (Figura 28). Com relação aos ensaios in vitro pode-se dizer que o DMSO serviu

apenas como veículo nos ensaios in vitro com fungos, como observado previamente por

SOUZA et al. (2003), FERREIRA et al. (2004) e JACQUES et al. (2005), tendo sido

necessário um estudo prévio das concentrações ideais para a sua utilização. O óleo fixo

testado na concentração de 0,2 mg.mL-1, apresentou atividade biológica de grande valor

agronômico, já que possui sesquiterpenos e clerodanos que podem ser utilizados isoladamente

em testes posteriores, bem como disponibilizados em mistura (óleo fixo) para uso comercial

na agricultura.

Equívocos com relação ao uso tradicional de Croton cajucara, onde folhas são

comercializadas com indicações terapêuticas de cascas, encontram-se documentados (VEIGA

JR. et al., 2005). Desta forma, trabalhos que enfoquem a constituição química de óleos

provenientes de folhas ou cascas deste Croton, bem como investigações biológicas, devem ser

divulgados objetivando esclarecimentos que contribuam com o uso tradicional desta espécie

medicinal, bem como com seus estudos etnobotânico, etnofarmacológico, fitoquímico e

fitoterápico.

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

126

Figura 45 - Diâmetro de crescimento das colônias em meio de cultura BDA, durante cinco dias. Controle positivo: meio de cultura BDA; Controle testemunha padrão: meio de cultura BDA + 1% DMSO; óleo fixo de Croton cajucara: meio de cultura BDA com concentração 0,2 mg.mL-1 de óleo fixo e 1% de DMSO; A) Fusarium oxysporum.; B) Rhizoctonia solani.; C) Sclerotium rolfsii

A

a

a

a

aa

a

a

aa

a

a

b

b

b

b

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1 2 3 4 5

Controle (+)Controle (-)Óleo de Sacaca

Ba

a

a

a a

a

b

b

ba

b

c

c

c

b0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Diâmetro da colônia (cm

)

C

aa

a

b

b

a

b

ba

a

c

c

c

c

b

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1 2 3 4 5

Tempo após o início do ensaio (dias)

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

127

Figura 46 - Colônias dos fungos crescidos em meio de cultura BDA. Imagens capturadas no quinto dia após o início do ensaio, onde nas colunas: 1) meio de cultura BDA; 2) meio de cultura BDA + 1% DMSO e 3) meio de cultura BDA com concentração de 0,2 mg.mL-1 do óleo fixo de Croton cajucara e 1% de DMSO; nas linhas: A) Fusarium oxysporum.; B) Rhizoctonia solani e C) Sclerotium rolfsii

Figura 47 - Percentual de inibição do crescimento das colônias de Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii em meio de cultura BDA, contendo 0,2 mg.mL-1 do óleo fixo de Croton cajucara, durante cinco dias

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 4 5

Tempo após início dos ensaios (dias)

% de inibição

F. oxysporum

R. solaniS.rolfssi

A

B

1 2 3

C

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

6 CONCLUSÕES

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

129

6 CONCLUSÕES

O estudo etnobotânico realizado com 84 espécimes vegetais, confirmou a grande

diversidade do uso tradicional de plantas para fins curativos. Neste estudo 44 tipos diferentes

de famílias foram correlacionadas com as espécimes, tendo sido destacadas as famílias

Myrtaceae, Araceae e Euphorbiaceae, pela incidência de utilização. Duas destas espécies

Cleome spinosa Jacq (Brassicaceae) e Pavonia varians Moric (Malvaceae) foram neste

trabalho, alvo de investigações etnobotânicas e fitofarmacológicas.

O levantamento bibliográfico realizado com as espécies Cleome spinosa e Pavonia

varians revelou a importância etnobotânica destas espécies que se encontram pouco

exploradas em estudos fitofarmacológicos.

Através de um estudo de prospecção analítica, realizado com extratos lipofílico e

hidrofílico de Cleome spinosa Jacq, foram detectados os seguintes metabólitos especiais:

catequinas, chalconas, flavonóides e alcalóides. O estudo fitoquímico comprovou a presença

dos flavonóides (2S)-5-hidroxi-7,4’-dimetoxi-flavanona e 5,4’-diidroxi-3,7,3’-trimetoxi-

flavona.

Similarmente foram realizados testes qualitativos para a espécie Pavonia varians

Moric, tendo sido detectados os seguintes metabólitos especiais: leucocianidinas, catequinas,

flavonois, flavanonas, chalconas e saponinas.

A biodisponibilização dos extratos polares de C. spinosa e P. varians se deu pelo uso

de sistemas microemulsionados farmacologicamente aceitáveis, que se mostraram eficazes na

solubilização destes extratos. Os sistemas microemulsionados SME-1 e SME-4

possibilitaram evidenciar a ação antioxidante dos extratos hidroalcoólicos de C. spinosa e P.

varians, tendo sido utilizadas baixas doses em experimentos in vitro que avaliam a

estabilização do radical livre DPPH.

O percentual antioxidativo do extrato de P. varians foi significativo em ambos os

sistemas microemulsionados SME-1 e SME-2, sendo duas vezes melhor para o sistema SME-

1 (EC50 = 113,8472 µg/mL). A eficácia antioxidativa do extrato de C. spinosa foi mais

significativa no sistema SME-1 (CE50: 224 µg/mL). Comparativamente, a espécie P. varians

foi mais eficaz, podendo estar correlacionado com a presença de taninos (evidenciada por

testes analíticos).

No teste das contorções abdominais a administração oral (p.o.) do extrato

hidroalcoólico de P. varians (EHA-PV) produziu inibição dose-dependente do número de

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

130

contorções acumuladas, com dose inibitória 50% (ID50) de 201,8 mg/kg [controle positivo

indometacina 47,1% (10 mg/kg, p.o.)].

No teste do tail-flick que permite investigar a participação de mecanismos centrais na

antinocicepção, a administração oral do extrato EHA-PV em dose elevada [1000 mg/kg (dose

que produz inibição das contorções abdominais com maior intensidade)], não modificou de

forma significativa a reatividade dos animais ao estímulo térmico. De forma diferente, o

tratamento com fentanil [controle positivo (300 µg/kg, s.c.)] elevou significativamente o

tempo de reação.

No teste da formalina, o pré-tratamento com 1 g/kg de EHA-PV (pela via oral) ou

com o controle positivo indometacina (10 mg/kg), não reduziu a reatividade dos animais

durante a primeira fase de nocicepção. No entanto, na segunda fase (15 a 30 min.), a

reatividade foi reduzida em 43,1% (144,8 ± 18,3 segundos) para o EHA e 61,7% (97,6 ± 23,4

segundos) para a indometacina, comparativamente aos resultados do grupo veículo, que foi

de 254,6 ± 11,2 segundos.

Os estudos realizados com a espécie medicinal Croton cajucara Benth foram

centralizados em avaliações do óleo fixo das cascas do caule deste Croton, bem como de

constituintes do tipo clerodano presentes nesta parte da planta, que melhor representa o uso

tradicional de C. cajucara. Neste estudo, utilizou-se a espectrometria de massas objetivando-

se a identificação de fragmentos característicos de diterpenos do tipo clerodano e 19-nor-

clerodano contendo carbonila α,β-insaturada no anel A do sistema decalínico. Para tanto,

dados de espectrometria de massas foram analisados para os seguintes metabólitos especiais:

trans-desidrocrotonina (DCTN), trans-crotonina (CTN), cis-cajucarina B (c-CJC-B), trans-

cajucarina B (t-CJC-B), isosacacarina (ISCR) e cajucarinolida (CJCR). A junção trans de

clerodanos de sistemas enona foi claramente correlacionada com a presença dos íons

característico de m/z 95, 121 e 205 e os sistemas de junção cis apresentaram íons

característicos de m/z 122 e 124. A junção trans dos diterpenos do tipo 19-nor-clerodano de

sistemas enona foi correlacionada com a presença dos íons característico de m/z 161, 134 e

121. Este estudo pode ser utilizado na identificação de diterpenos do tipo clerodano e 19-nor-

clerodano, contendo carbonila α,β-insaturada no anel A do sistema decalínico, evitando desta

forma, a obrigatoriedade de isolamento e caracterização via espectroscopia de RMN.

As análises (via CG-FID e CG-EM) realizada para o óleo fixo obtido das cascas do

caule de Croton cajucara revelou a presença de sesquiterpenos com percentual majoritário

para o α-copaeno (20,1%) e cipereno (21,8%), perfazendo 70% de percentual sesquiterpénico

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

131

total. Sesquiterpenos minoritários mais oxigenados também foram detectados, além de

linalol. Adicionalmente, ácidos graxos, misturas de esteróis e dos diterpenos bioativos trans-

crotonina (CTN), cis-cajucarina B (c-CJC-B) e trans-cajucarina B (t-CJC-B) também foram

detectados.

O efeito biológico do óleo fixo obtido das cascas do caule do Croton cajucara no

desenvolvimento in vitro dos fungos fitopatogénicos Fusarium oxysporum, Rhizoctonia

solani e Sclerotium rolfsii propagados em meio de cultura Batata-dextrose-agar (BDA).

Mostrou a resposta fisiológica, tendo sido observado que este óleo possui efeito fungistático

no controle micelial dos fungos testados, onde o fungo F. oxysporum foi o que sofreu efeito

inibitório mais estável.

Finalmente pode-se dizer que, este trabalho pode contribuir com os estudos científicos

da espécie medicinal Croton cajucara Benth (nativa da região Amazônica do Brasil) e

avançar na busca de novas plantas terapêuticas nativas do Litoral Norte Riograndense, aqui

representadas pelas espécies Cleome spinosa Jacq e Pavonia varians Moric.

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

REFERÊNCIAS

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

133

REFERÊNCIAS ABEL-MOGIB, M. A lupane triterpenoid from Maerua oblongifolia. Photochemistry, v. 51, p. 445-448, 1999. AGNER, A.R., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., CÓLUS, I.M.S. Antigenotoxicity of trans--dehydrocrotonin, a clerodane diterpene from Croton cajucara. Planta Medica, v. 67, n. 9, p. 815-819, 2001. AGNER, A.R., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., PAMPLONA, S.G.S.R., CÓLUS, I.M.S. Investigation of genotoxicity activity of trans-dehydrocrotonin, a clerodane diterpene from Croton cajucara. Teratogenesis, Carcinogenesis and Mutagenesis, v. 19, n. 6, p. 377-384, 1999. AGRA, M.F., BARACHO, G.S., BASILIO, I.J.D., NUTRIT, K., COELHO, V.P., BARBOSA, D.A. Sinopse da Flora Medicinal do Cariri Paraibano. Oecologia Brasiliensis, v. 11, n. 3, p. 323-330, 2007. AGRAWAL. P.K. Carbon-13 NMR of flavonoids: studies in organic chemistry. Amsterdan: Elsevier, 1989. AHMAD, V.U., ISMAIL, N., ARIF, S. AMBER, A. Two new N-acetylated spermidine alkaloids from Capparis deciduas. Journal Natural Products, v. 55, n. 10, p. 509-1512, 1992. AHMED, A.A., KATTAB, A.M., BODIGE, S.G., MAD,Y., MINTER, D.E., REINECKE. M.G., WATSON, W.H. MABRY, T.J. 15 α-acetoxycleoblynol A from Cleome amblyocarpa. Journal of Natural Products, v. 64, n. 1, p. 106-107, 2001. AHMED, Z.F., RIZK, A.M., HAMMOUDA, F.M., EL-NARS, M.M. Glucosinolates of egyptian Capparis species. Phytochemistry, v. 11, p. 251-256, 1972. ALBUQUERQUE, U.P., HANAZAZI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia (Supl.), v. 16, p. 678-689, 2006. ALMEIDA, A.B.A., MELO, P.S., HIRUMA-LIMA, C.A., GRACIOSO, J.S., CARLI, L., NUNES, C.S., HAUN, M., SOUZA-BRITO, A.R.M. Antiulcerogenic effect and cytotoxic activity of semi-synthetic crotonin obtained from Croton cajucara Benth. European Journal of Pharmacology, v. 472, n. 3, p. 205-212, 2003.

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

134

ALMEIDA, M.Z., Plantas Medicinais, 2 ed. Salvador: Editora EDUFBA, p.31-39,147,181, 2003. ALMSTEAD, J.I., DEMUTH, T.P., LEDOUSSAI, B. An investigation into the total synthesis clerocidin: stereoseletive synthesis of clerodane intermediante. Tetrahedron: Asymmetry, v. 9, n. 18, p. 3179-3183, 1998. ALVIANO, W.S., MENDONÇA-FILHO, R.R., ALVIANO, D.S., BIZZO, H.R., SOUTO-PADRÓN, T., RODRIGUES, M.L., BOLOGNESE, A.M., SOUZA, M.M.G. Antimicrobial activity of Croton cajucara Benth. linalool-rich essential oil on artificial biofilms and planktonic microorganisms. Oral Microbiology and Immunology, v. 20, n. 2, p. 101-105, 2005. AMOROZO, M.C.M., GELY, A.L. Uso de plantas medicinais por caboclos do baixo amazônas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série botânica, v. 4, n. 2 p. 47- 131, 1988. ANAZETTI, M.C., MELO, P.S., DURÁN, N., HAUN M. Comparative cytotoxicity of dimethylamide-crotonin in the promyelocytic leukemia cell line (HL60) and human peripheral blood mononuclear cells. Toxicology, v. 188, n. 2-3, p. 261-274, 2003. ANAZETTI, M.C., MELO, P.S., DURÁN, N., HAUN M. Dehydrocrotonin and its derivative, dimethylamide-crotonin induce apoptosiswith lipid peroxidation and activation of caspases-2, -6, and -9 in human leukemic cells HL60. Toxicology, v. 203, n. 1-3, p. 123-137, 2004. ANIL, B.R., CHATTOPADHYAY, SUNIL, K., SANDEEP, K., CHOHACHI, K., YOSHINOBU, K., HIROSHI, H. Structures of cleomiscosins, coumarinolignoids of cleome viscosa seeds. Tetrahedron. v. 41, n. 1, p. 209-214, 1985. AQUINO, R., CIAVATTA, M.L., TOMMASI, N., GÀCS-BAITZ, E. Tetranorditerpenes from Detarium microcarpum. Phytrochemistry, v. 31, p. 1823-1825, 1992. ARAUJO, V.C., CORREA, G.C., MAIA, J.G.S., SILVA, M.L., GOTTLIEB, O.R., MARX, M.C. Óleos essenciais da Amazônia contendo linalol. Acta Amazônia, v. 1, n. 3, p. 45-47, 1971. ARNS, S., BARRIAULT, L. Concise synthesis of the neo-clerodane skeleton of Teucrolivin a using a pericyclic reaction cascade. Journal Organic Chemical, v. 71, n. 5, p. 1809-1816, 2006.

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

135

ASADA, T., TSUKAMOTO, M., ILIO, H., TOKOROYAMA, T., Synthetic studies on clerodane diterpenoids. One pot stereospecific construction of cis-clerodane skeleton. Yuki Kagobutsu Toronkai Koen Yoshishu, p. 377-384, 1986. ATHONSEN, T., HENDERSON. M.S., MARTIN, A., MURRAY, R.D.H., McCRINDLE, R., McMASTER, D. Constituints of Solidago Species. IV, Solodagoic Acid A and B, Diteperpenoids of Solidago Gigatea var. Serotina. Canadian Journal of Chemistry, v. 51, p. 1332-1345, 1973. AVILA, D., MEDINA, J.D., A cis-clerodane diterpenic acid from Eperua

purpurea. Phytochemistry, v. 30, p. 3474-3475, 1991. AZEVEDO, C.H.M., CARVALHO, J.P., VALDUGA, C.J., MARANHÃO, R.C. Plasma kinetics and uptake by tumor of a cholesterol-rich microemulsion (LDE) associated to etoposide oleate in patients with ovarian carcinoma. Gynecologic Oncology, v. 97, n. 1, p. 178-182, 2005. BANZOUZI, J.T., PRADO, R., MENAN, H., VALENTIN, A., ROUMESTAN, M., MALLIÉ, Y., PELISSIER, Y., BLACHE, Y. Studies on medicinal plants of Ivory Coast: Investigation of Sida ocuta in vitro antiplasmodial activities and identification one active constituent. Phytomedicine, v. 11, n. 4, p .338-341, 2004. BARRETO JR., A.G., BISCAIA Jr., E.C., VEIGA Jr., V.F., PINTO, A.C., CARVALHAES, S.F., MACIEL, M.A.M. Ion-exchange chromatography applied to the isolation of acidic fraction from copaiba (Copaifera multijuga) oil and from sacaca (Croton cajucara). Química Nova, v. 28, n. 4, p. 719-722, 2005. BHATT, D.J., BAXI, A.J., PARIKH, A.R. Chemical investigations of the leaves of Sida rhombifolia Linn. Journal of the Indian Chemical Society, v. 60, p. 98-100, 1983. BIGHETTI, E.J.B., HIRUMA-LIMA, C.A., GRACIOSO, J.S., SOUZA-BRITO, A.R.M. Anti-inflammatory and antinociceptive effects in rodents of the essential oil of Croton cajucara Benth. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 51, n. 12, p. 1447-1453, 1999. BLOCK, S., STÉVIGNY, C., DE PAUW-GILLET, M.C., HOFMANN, E., LIABRES, G., ADJAKIDJÉ, V., QUETIN-LECLERCQ, J. ent-trachyloban-3β-ol, a new cytotoxic diterpene from Croton zambesicus. Planta Medica, v. 68, n. 7, p. 647-649, 2002. BLUNDEN, G., PATEL, A.V., ARMSTRONG, N.J., GORHAM, J. Betaine distribution in the Malvaceae. Phytochemistry, v. 58, p. 451-454, 2001.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

136

BOSE, A. GUPTA, J.K., DASH, G.K., GHOSH, T., SI, S., PANDA, D.S. Diuretic and antibacterial activity of aqueous extract of Cleome rutidosperma. Indian Journal of Pharmaceutical Science, v. 69, n. 2, p. 292-294, 2007. BOSE, A., MONDAL, S., GUPTA, J.K., DASH, G.K., GHOSH, T., SI, S. Studies on diuretic and laxative activity of ethanolic extract and its fractions of Cleome rutidosperma aerial parts. Pharmacognosy Magazine, v. 2, n. 7, p. 178-182, 2006. BOUAMAMA, H., NOËL, T., VILLARD, J., BENHARREF, A., JANA, M. Antimicrobial activities of the leaf extracts of two Moroccan Cistus L. species. Journal of Ethnopharmacology, v. 104, n. 1-2, p. 104-107, 2006. BRANDÃO, M.G.L., GOMES, C.G., NASCIMENTO, A.M. Plantas nativas da medicina tradicional brasileira: uso atual e necessidade de proteção. Revista Fitos, v. 2, n. 3, p. 24-29, 2006. BROWN, I.V., STAUAT, R.L. Glucosinolates in two jamaican Capparis species. Phytochemistry, v. 7, p. 1409-1410, 1968. BRUGÉS, K., REZA, M.T.R. Evaluación preliminar de toxicidad, genotoxicidad y actividad antimicrobiana de Sida rhombifolia L. Revista Colombiana de Biotecnología, v. IX, n. 1, p. 5-13, 2007. BURKE, B.A., CHAN, W.R., HONKAN, V.A., BLOUNT, J., MANCHAND, P.S. The structure of cleomeolide, an unusual bicyclic diterpene from Cleome viscose L. (Capparaceae). Tetrahedron, v. 36, n. 24, p. 3489-3493, 1980. ÇALIS, I., KURUÜZÜM, A., RÜEDI, P. 1-Indole-3-acetonitrile glycosides from Capparis spinosa fruits. Phytochemistry, v. 50, n. 7, p. 1205-1208, 1999. ÇALIS, I., KURUÜZÜM-US, A., PIERGIOGIO, A., LORENZETTO, A., RÜEDI, P. (6s)-Hydroxy-3-oxo-α-ionol glucosides from Capparis spinosa fruits. Phytochemistry, v. 59, p. 451-457, 2002. CALIXTO, J.B. Twenty-five years of research on medicinal plants in Latin America: a personal view. Journal of Ethnopharmacology, v. 100, n. 1-2, p.131-134, 2005. CÂMARA, C.F. Nós do RN. Diário Oficial do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Norte, n. 17, suplemento, 14, abr. 2006.

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

137

CAMPOS, A.R., ALBUQUERQUE, F.A.A., RAO, V.S.N., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C. Investigations on the antinociceptive activity of crude extracts from Croton cajucara leaves in mice. Fitoterapia, v. 73, n. 2, p. 116-120, 2002. CARVALHO, A.C.B, NUNES, D.S.G., BARATELLI, T.G., SHUQAIR, N.S.M.S.A, MACHADO NETO, E. Aspectos da legislação no controle dos medicamentos fitoterápicos. Amazônia: T&S, 2007. CARVALHO, J.C.T., SILVA, M.F.C., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., NUNES, D.S., LIMA, R.M., BASTOS, J.K., SARTI, S.J. Investigation of anti-inflammatory and antinociceptive activities of trans-dehydrocrotonin, a 19-nor-clerodane diterpene from Croton cajucara. Part 1. Planta Medica, v. 62, n. 5, p. 402-404, 1996. CASTIONI, P., CHRISTEN, P., VETHEY, J.L. Supercritical fluid extraction of compounds from plant origin. Analusis, v. 23, p. 95-106, 1995. CECHINEL FILHO, V., YUNES, R.A. Strategies for obtaining pharmacologically active compounds from medicinal plants. Concepts about structural modification for improvement of activity. Quimica Nova, v. 21, n. 1, p. 99-105, 1998. CHAN, W.R.; TAYLOR, D.R.; WILLIS, C.R. Terpenoids from the Euphorbiaceae. Part I. The structure of crotonin, a norditerpene from Crotom lucides L. Journal of the American Chemical Society, p. 2781-2785, 1968. CIOMS- Council for International Organization of Medical Sciences. International Guiding Principles for Biomedical Research Involving Animals, 1985. Diponível em: http://www.cioms.ch-frame_1985_texts_of_guidelines.htm. Acesso em 26 jul. 2007. COLL, J.E., TANDRON, Y. Isolation and structure elucidation of the neo-cleorodane diterpenes from Teucrium fruticans L. (Labiatae). Phytochemistry, v. 66, n. 19, p. 2298-2303, 2005. COLLINS, D.O., REYNOLDS, W.F., REESE, P.B. New cembranes from Cleome spinosa. Journal of Natural Products, v. 67, n. 2, p. 179-183, 2004. CORDÓBA, H.F., BÁEZ, M.B., DOMINGUEZ, R.S. Tamizaje de Alcaloides y Saponinas en Plantas que crecen en Cuba III. Revista Cubana de Enfermeria, v. 11, p. 21-22, 1995.

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

138

COSTA, D.A., SILVA, D.A., CAVALCANTI, A.C., MEDEIROS, M.A.A., LIMA, J.T., CAVALCANTE, J.M.S., SILVA, B.A. Chemical constituintes from Bakeridesia pickelli MONTEIRO (Malvaceae) and the relaxant activity of kaemperol-3-O-β-D-(6’’-E-p-coumaroyl) glucopyranoside on guineapig ileum. Química Nova, v. 30, n. 4, p. 901-903, 2007. COSTA, M.P., SANTOS-MAGALHÃES, N.S., GOMES, F.E.S., MACIEL, M.A.M. Uma Revisão das Atividades Biológicas da trans-desidrocrotonina, um produto natural obtido de Croton cajucara. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, n. 2, p. 275-286, 2007. COSTA-NETO, C. Análise Orgânica, Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. D’AMOUR, F.E., SMITH, J. A method for determining loss of pain sensation. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 72, n. 1, p. 74-79, 1941. DALMORA, M.E., DALMORA, S.L., OLIVEIRA, A.G. Inclusion complex of piroxicam with β-cyclodextrin and incorporation in cationic microemulsion. In vitro drug release and in vivo topical anti-inflammatory effect. International Journal of Pharmaceutics, v. 222, n. 1, p. 45-55, 2001. DARWISH, M.M., REINECKE, M.G. Ecdysteroids and other constituents from Sida spinosa L. Phytochemistry, v. 62, p. 1179-1184, 2003. DAS, P.C., PATRA, A., MANDAL, S., MALLICK, B., DAS, A., CHATEERJEE, A. Glyogynol, a novel dammarane triterpenoid from Cleome gynadra. Journal of natural products, v. 62, n. 4, p. 616-618, 1999. DEKKER, G.T., FOURIE, T.D., MATTHEE, E., SNYCKERS, F.O. An oxindole from the roots of Capparis tomentosa. Phytochemistry, v. 26, n. 6, p. 1845-1846, 1987. DELAVEAU, P.; KOUDOGOB, B.; POUSSET, J-L. Alcaloïdes chez les Capparidaceae. Phytochemistry, v. 12, p. 2893-289, 1973. DINAH, L., BOURNE, P., WHITING, P. Phytoecdysteroid profiles in seeds of Sida spp (Malvaceae). Phytochemical Analysis, v. 12, n. 2, p. 110-119, 2001. EL-ASKARY, H.I. Terpenoids from Cleome droserifolia (Forssk) Del. Molecules, v. 10, n. 8, p. 971-977, 2005.

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

139

EL-BABILI, F., MOULIS, C., BON, M., RESPAUD, M.J., FOURASTÉ, I. Three furano-diterpenes from the bark of Croton campestris. Phytochemistry, v. 31, p. 165-169, 1998.

EL-NAGAR, E.B., BARTOSIKOVA, L., ZEMLICKA, M., SVAJDLENKA, E., RABISKOVA, M., STRNADOVA, V., NECAS, J. Antidiabetic effect of Cleome droserfolia aerials parts: lipid peroxidation-induced oxidative stress in diabetic rats. Acta Veterinaria Brno, v. 74, n. 3, p. 347-352, 2005. ESIYOK, D., ÖTLES, S., AKCICEK, E. Herbs as a food source in Turkey. Asian Pacific Journal of cancer prevetion, v. 5, p. 334-339, 2004. ESTEVES, G.L. Flora da reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Malvaceae. Rodriguésia, v. 57, n. 2, p. 505-506, 2006. ESTEVES, G.L. O gênero Pavonia (Malvaceae) na região nordeste do Brasil. Boletim do Instituto de Botânica, Universidade de São Paulo, v. 11, p. 161-235, 1998. ETSE, J.T., GRAY, A.I., THOMAS, D.W., WATERMAN, P.G. Terpenoid and alkaloid compounds from the seeds of Monodora brevipes. Phytochemistry, v. 28, p. 2489-2492, 1989. FARIAS, R.A.F., RAO, V.S.N., VIANA, G.S.B., SILVEIRA, E.R., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C. Hypoglycemic effect of trans-dehydrocrotonin, a nor-clerodane diterpene from Croton cajucara. Planta Medica, v. 63, n. 6, p. 558-560, 1997. FAZIO, C., PASSANNANTI, S., PATERNOSTRO, M.P., PIOZZI, F. Neo-clerodane diterpenoids from Stachys rosea., Phytochemistry, v. 31, p. 3147-3149, 1992. FERREIRA, M.A., SOUZA, M.A.A., ARAUJO, O.J.L., FERREIRA, A.B.B., STARK E.M.L.M., SOUZA, S.R. Efeito do lapachol sobre o desenvolvimento dos fungos Fusarium oxysporium, Sclerotium Rolfsii e Rhizoctonia solani. Anais da XIV Jornada de Iniciação Científica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica, RJ, Brasil, 2004. FLORENCE, A.T. Nanoparticle uptake by the oral route: Fulfilling its potential? Drug Discovery Today, v. 2, n. 1, p. 75-81, 2005. FORMARIZ, T.P., URBAN, M.C.C., SILVA JR., A.A., GREMIÃO, M.P.D., OLIVEIRA, A.G. Microemulsões e fases líquidas cristalinas como sistemas de liberação de fármacos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 41, n. 3, p. 301-313, 2005.

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

140

FRANZOTTI, E.M., SANTOS, C.V.F., RODRIGUES, H.M.S.L., MOURÃO, R.H.V., ANDRADE, M.R., ANTONIOLLI, A.R. Anti-inflamatory, analgesic activity and acute toxicity of sida cordifolia L. (Malva-branca). Journal of Ethnopharmacology, v. 72, p. 273-278, 2000. FRÉCHARD, A., FABRE, N., FOURASTÉ, I. Glucosinolates from Cardaria draba. Phytochemistry, v. 73, n. 2, p. 177-178, 2002. FRÉCHARD, A., FABRE, N., PÉAN, C., MONTAUT, S., FAUVEL, M., ROLLIN, O., FOURASTÉ, I. Novel indole-type glucosinolates from woad (Isatis tinctoria L.). Tetrahedron Letters, v. 42, n. 51, p. 9015-9017, 2001. FREIRE, A.C., DE ASSIS, C.F., FRICK, A.O., MELO, P.S., HAUN, M., AOYAMA, H., DURAN, N., SAUER, M.M., KALLAS, E.G., FERREIRA, C.V. Influence of protein phosphatase inhibitors on HL60 cells induction by dehydrocrotonin. Leukemia Research, v. 27, n. 9, p. 823-829, 2003. GARCIA, C.M. Estudo fitoquímico e atividade biológica de Pavonia distinguenda A. ST.- Hill et Naudin e Dorstenia brasilliensis LAM. Tese de doutorado. Universidade Federal de Santa Maria. Centro de Ciências Naturais e Exatas (PPGQ), Santa Maria, 2007. GILBERT, B., FERREIRA, J.L.P., ALVES, L.F. Monografias de plantas medicinais brasileiras e aclimatadas. Curitiba: Abifito, 2005. GOLDSMITH, D.J., DESHPANDE, R. Total synthesis of ajugarin-IV and annonene: a Diels-Alder approach. Synlett, v. 1995, sup. I, p. 495-497, 1995. GOMES, F.E.S, ANJOS, G.C., DANTAS, T.N.C., MACIEL, M.A.M., ESTEVES, A., ECHEVARRIA, A. Obtenção de nanoformulações do tipo microemulsão objetivando a biodisponibilização de Anacardium occidentale e sua eficiência como agente antioxidante. Revista Fitos, v. 2, n. 3, p. 82-88, 2006. GOMES, F.E.S., MORAIS, E.K., MACIEL, M.A.M., MIRANDA, A.F., ECHEVARRIA, A. Solubilização de extratos de Croton cajucara Benth em sistemas microemulsionados e avaliação de sua atividade antioxidante. 30a Reunião Anual – Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia , SP, 2007. GONZALES, A.G., LUIS, J.G., RAVELO, A.G. Plantas Iberoamericanas Fuentes de Moleculas Bioactivas. Tenerife: Litografia A. Romero, 1990.

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

141

GORHAM, J. Glycinebetaine a major nitrogen-containing solute in the Malvaceae. Phytochemistry, v. 43, n. 2, p. 367-369, 1996. GOYAL, M.M., RANI, K.K. Neutral constituents of the aerial parts of Sida rhombifolia var. rhomboidea. Fitoterapia, v. 60, p. 163-164, 1989. GROSSMAN, R.B., RASNE, R.M. Short total synthesis of both the putative and actual structures of the clerodane diterpenoid (±)-sacacarin by double annulation. Organic Letters, v. 3, n. 25, p. 4027-4030, 2001. GRYNBERG, N.F., ECHEVARRIA, A., LIMA, J.E., PAMPLONA, S.G.S.R., PINTO, A.C., MACIEL, M.A.M. Anti-tumour activity of two 19-nor-clerodane diterpenes, trans-dehydrocrotonin and trans-crotonin, from Croton cajucara. Planta Medica, v. 65, n. 8, p. 687-689, 1999. GUERRERO , M.F., PUBLA, P., CARRÓN, R., MARTÍN, M.L., SAN ROMÁN, L. Vasorelaxant effect of neo-clerodane diterpenoids isolated from Croton schiedeanus. Journal of Ethnopharmacology, v. 94, n. 1, p. 185-189, 2004. GURIB-FAKIM, A. Medical Plants: traditions of yesterday and drugs of tomorrow. Molecular Aspects of Medicine, v. 27, n. 1, p. 1-93, 2006. HAGIWARA, H., HAMANO, K., NOZAWA, M., HOSHI, T., SUZUKI, K., KIDO, F. Total síntesis of clerodan diterpenoid(-)metil barbascote. Journal Organic Chemical, v. 70, n. 6, p. 2250-2255. 2005. HAGIWARA, H., INOME, K., UDA, H. A total synthesis of antibacterial clerodane, 16-hydroxycleroda-3,13(14)Z-dien-15,16-olide. Journal of chemistry Society, Perkin Transactions, v. 1, n. 7, p. 757-764, 1995. HALL, C.H., SYTSMA, K.J., ILTIS, H.H. Phylogeny of Capparaceae and Brassicaceae based on chloroplast sequence data. American Journal of Botany, v. 89, p. 1826-1842, 2002. HANSON, J.R. Terpenoids. In: The Chemistry of Natural Products. Ed. Thompson, R. H., Glasgow: Blackie and Son Ltd., v. 4, p. 154, 1985. HARRAZ, F.M., ULUBELEN, A. ÖKZÜZ, S., TAN, N. Dammarane triterpenes from Cleome amblyocarpa. Phytochemistry, v. 39, n. 1, p. 175-178, 1995.

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

142

HASAN, C.M., HEALEY, T.M., WATERMAN, P.G. Kolavane and kaurane diterpenes from the stem bark of Xylopia aethiopica. Phytochemistry, v. 21, p. 1365-1368, 1982. HIRUMA-LIMA, C.A., GRACIOSO, J.S., BIGHETTI, E.J.B., GRASSI-KASSISSE, D.M., NUNES, D.S., SOUZA-BRITO, A.R.M. Effect of essential oil obtained from Croton cajucara Benth on gastric ulcer healing and protective factors of the gastric mucosa. Phytomedicine, v. 9, n. 6, p. 523-529, 2002b. HIRUMA-LIMA, C.A., GRACIOSO, J.S., RODRÍGUEZ, J.A., HAUN M., NUNES, D.S., SOUZA-BRITO, A.R.M. Gastroprotective effect of essential oil from Croton cajucara Benth. (Euphorbiacae). Journal of Ethnopharmacology, v. 69, n. 3, p. 229-234, 2000. HIRUMA-LIMA, C.A., TOMA, W., GRACIOSO, J.S., ALMEIDA, A.B.A., BATISTA, L.M., MAGRI, L., PAULA, A.C.B., SOARES, F.R., NUNES, D.S., SOUZA-BRITO, A.R.M. Natural trans-crotonin: the antiulcerogenic effect of another diterpene isolated from the bark of Croton cajucara Benth. Biological and Pharmaceutical Bulletin, v. 25, n. 4, p. 452-456, 2002a. HIRUMA-LIMA, C.A., GRACIOSO, J.S., NUNES, D.S., SOUZA-BRITO, A.R.M. Effects of an essential oil from the bark of Croton cajucara Benth on experimental gastric ulcer models in rats and mice. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 51, n. 3, p. 341-346, 1999b. HIRUMA-LIMA, C.A., SPADARI-BRATFISCH, R.C., GRASSI-KASSISSE, D.M., SOUZA-BRITO, A.R.M. Antiulcerogenic mechanisms of dehydrocrotonin, a diterpene lactone obtained from Croton cajucara. Planta Medica, v. 65, n. 4, p. 325-330, 1999a. ICHIHARA, Y., TAKEYA, K., HITOTSUYANAGI, Y., MORITA, H., OKUYAMA, S., SUGANUMA, M., FUJIKI, H., MOTIDOME, M., ITOKAWA, H. Cajucarinolide and isocajucarinolide: antiinflammatory diterpenes from Croton cajucara. Planta Medica, v. 58, n. 6, p. 549-551, 1992. IIO, H., MONDEN, M., OKADA, K., TOKOROYAMA, T. Asymmetric synthesis of clerodane diterpenoids. Total synthesis of (-)-methyl kolavenate. Journal of the Chemical Society, Chemical Communications, n. 5, p. 358-359, 1987. ITOKAWA, H., ICHIHARA, Y., KOJIMA, H., WATANABE, K., TAKEYA, K. Nor-clerodane diterpenes from Croton cajucara. Phytochemistry, v. 28, n. 6, p. 1667-1679, 1989.

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

143

ITOKAWA, H., ICHIHARA, Y., SHIMIZU, M., TAKEYA, K., MOTIDOME, M. Cajucarins A and B, new clerodane diterpenes from Croton cajucara, and their conformations. Chemical & Pharmaceutical Bulletin, v. 38, n. 3, p. 701-705, 1990. JACQUES, M., RAMOS, R.G., FERREIRA, M.A., ARAÚJO, O.J.L., SOUZA, M.A.A., STARK, E.M.L.M., FERREIRA, A.B.B., SOUZA, S.R. Atividade biológica da lapachona extraído do Ipê roxo e seus análogos sintéticos sobre o crescimento de Fusarium oxysporum. Anais da XV Jornada de Iniciação Científica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica, RJ, Brasil, 2005. JENTE, R., JAKUPOVIC, J., OLANTUJI, G.A. A cembranoid diterpene from Cleome viscosa. Phytochemistry, v. 29, n. 2, p. 666-667, 1990. JONES, P.S., LEY, S.V., SIMPKINS, N.S., WHITTLE, A.J. Total synthesis of the insect antifeedant ajucarin I and degradation studies of related clerodane diterpenes. Tetrahedron, v. 42, n. 23, p. 6519-6534, 1986. KANTH, V.R., DIWAN, P.V. Analgesic, antiiflamatory and hypoglycaemic activies of Sida cordifolia. Phytotherapy Research, v. 13, n. 1, p. 75-77, 1998. KAROU, D., NADEMBEGA, W.M.C., ILBOUDO, D.P., OVERNI, D., GBEASSOR, M., DE SOUZA, C., SIMPORE, J. Sida ocuta BURN. f.: a menicinal plant with numerous potencies. African Journal Biotechnology, v. 6, n. 25, p. 2953-2959, 2007. KAROU, D., SAVADOGO, A., CANINI, A., YAMEOGO, S., MONTESANO, C., SIMPORE, J., COLIZZI, V., TROARE, A.S. Antibacterial activity of alkaloids from Sida ocuta. African Journal of Biotechnology, v. 4, n. 12, p. 1452-1457, 2005. KAROU, D., DICKO, M.H., SANON, S., SIMPORE, J., TRAORE, A.S. Antimalarial activity of Sida ocuta BURM. f. (Malvaceae) and Pterocarpus erinaceus Poir. (Fabaceae). Journal of Ethnopharmacology, v. 4, n. 2, p. 1452-1457, 2003. KASTURE, V.S., CHOPDE, C.T., DESHMUKH, V.K. Anticonvulsivante de Abizzia lebeck, Hibiscus rosa sinessis and I Butea monospermaI in experimental animals. Journal of Etnopharmacology, v. 71, n. 1-2, p.65-75, 2000. KATO, M.J. Global phytochemistry – the Brazilian approach. Phytochemistry, v. 57, n. 5, p. 621-623, 2001.

Page 146: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

144

KAWAKAMI, K., YOSHIKAWA, T., MOROTO, Y., KANAOKA, E., TAKAHASHI, K., NISHIHARA, Y., MASUDA, K. Microemulsion formulation for enhanced absorption of poorly soluble drugs. I. Prescription design, Journal of Controlled Release, v. 81, n. 1-2, p. 65-74, 2002. KHAN, M.R., GRAY, A. I., SADLER, I.H., WATERMAN, P.G. Clerodane diterpenes from

Casearia corymbosa stem bark. Phytochemistry, v. 29, p. 3591-3595, 1990. KOSTER, R., ANDERSON, M., DE BEER, E.J. Acetic acid for analgesic screening. Federation Procedings, v. 18, p. 412, 1959. KUBO, I., ASAKA, Y., SHIBATA, K. Insect growth inhibitory nor-diterpenes, cis-dehydrocrotonin and trans-dehydrocrotonin from Croton cajucara. Phytochemistry, v. 30, n. 8, p. 2545-2546, 1991. LAGO, J.H.G., YOUNG, M.D.M., REIGADA, J.B., SOARES, M.G., ROESLER, B.P., KATO, M. J. Antifungal derivatives from Piper mollicomum and P. lhotzkyanum (Piperaceae). Química Nova, v. 30, n. 5, p. 1222-1224, 2007. LANS, C. Comparison of plants used for skin and stomach problems in Trinidad and Tobago with Asian ethnomedicine. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 3, n. 3, p. 1-12, 2007. LAPA, A.J., SOUCCAR, C., LIMA-LAUDMAN, M.T.R., CASTRO, M.S.A., LIMA, T.C.M. Métodos de avaliação farmacológica de plantas medicinais. Porto Alegre: Editora Lagoa LTDA, 2003. LAWRENCE, M.J., REES, G.D. Microemulsion-based media as novel drug delivery systems. Advanced Drug Delivery Reviews, v. 45, n. 1, p. 89-121, 2000. LEE, S.J., YUN, Y.S., LEE, I.K. RYOO, I.J., YUN, B.S., YOO, I.D. Antioxidant ligan and other constituents from the root back of Hibiscus syriacus. Planta Medica, v. 65, n. 7, p. 658-660, 1999. LEITÃO, G.G., KAPLAN, A.C., GALEFFI, C. Epi-populifolic acid from Aristolochia

cymbifera. Phytochemistry, v.31, p.3277-3279, 1992. LEMOS, G.C.S., FREITAS, F.P., FREITAS, S.P. demanda identificada de medicinais ou aromáticos no comércio de Campos dos Boitacazes, RJ. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 8, n.4, p. 96-99, 2006.

Page 147: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

145

LEMOS, T.L.G., MACHADO, M.I.L., MENEZES, J.E.S.A., SOUSA, C.R. Essential oil of Croton cajucara. Journal of Essential Oil Research, v. 11, n. 4, p. 411-412, 1999. LIU, H.J., ZHU, J.L., CHEN, I.C., JANKOWSKA, R., HAN, Y., SHIA, K.S. The total synthesis of racemic teucvin and 12-epi-teucvin. Angewandte Chemie – International Edition, v. 42, n. 16, p. 1851-1852, 2003. LIU, H.J., SHIA, K.S., Synthetic studies on clerodane diterpenoids. 4. The total synthesis of (±)-6β-acetoxy-2-oxokolavenool. Tetrahedron, v. 54, n. 44, p. 13449-13458. 1998. LIU, H.J., SHIA, K.S., HAN, Y., SUN, D., WANG, Y. Synthetic studies on clerodane diterpenoids. The total synthesis of (±)-2-oxo-5α8α-13,14,15,16-tetranorclerd-3-en-12-oic-acid. Canadian Journal Chemistry, v. 75, n. 6, p. 646-655, 1997. LOPES, D., BIZZO, H.R., SA, A.F.S., PEREIRA, M.V.G. Linalool-rich essential oil from leaves of Croton cajucara Benth. Journal of Essential Oil Research, v. 12, n. 6, p. 705-708, 2000. LOPES, L.M.X, BOLZANI, V.S.B., TREVISAN, L.M.V. Clerodane diterpenes from Aristolochia species. Phytochemistry, v. 26, p. 2781-2784, 1987. LUNA COSTA, A.M., SILVA, J.C.R., CAMPOS, A.R., RAO, V.S.N., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C. Antiestrogenic effect of trans-dehydrocrotonin, a nor-clerodane diterpene from Croton cajucara. Phytotherapy Research, v. 13, n. 8, p. 689-691, 1999. LY, T.W., LIAO, J.H., SHIA, K.S., LIU, H.J. A highly effective Diels-Alder approach to cis-clerodane natural products: First total synthesis of solidago alcohol. Synthesis, n. 2, p. 271-275, 2004. LYONS, K.C., CHARMAN, W.N., MILLER, R., PORTER, C.J.H. Factors limiting the oral bioavailability of N-acetylglucosaminyl-N-acetylmuramyl dipeptide (GMDP) and enhancement of absorption in rats by delivery in a water-in-oil microemulsion, International Journal of Pharmaceutics, v. 199, n. 1, p. 17-28, 2000. MACIEL, M.A.M., GOMES, F.E.S., PINTO, A.C., CÓLUS, I.M.S., MAGALHÃES, N.S.S., GRYNBERG, N.F., ECHEVARRIA, A. Aspectos sobre Produtos Naturais na Descoberta de Novos Agentes Antitumorais e Antimutagênicos. Revista Fitos, v. 3, n. 1, p. 38-59, 2007b.

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

146

MACIEL, M.A.M., MARTINS, J.R., PINTO, A.C., KAISER, C.R., ESTEVES-SOUZA, A., ECHEVARRIA, A. Natural and semi-synthetic clerodanes of Croton cajucara and their cytotoxic effects against Ehrlich carcinoma and human k562 leukemia cells. Journal Brazilian Chemical Society, v. 18, n. 2, p. 391-396. 2007a. MACIEL, M.A.M., CORTEZ, J.K.P.C., GOMES, F.E.S. O Gênero Croton e Aspectos Relevantes de Diterpenos Clerodanos. Revista Fitos, v. 2, n. 3, p. 54 –73, 2006a. MACIEL, M.A.M., DANTAS, T.N.C., CÂMARA, J.K.P., PINTO, A.C., VEIGA JR., V.F., KAISER, C.R., PEREIRA, N.A., CARNEIRO, C.M.T.S., VANDERLINDE, F.A., LAPA A.J., AGNER, A.R., CÓLLUS, I.M.S., ECHEVARRIA-LIMA, J., GRYNBERG, N.F., ESTEVES-SOUZA, A., PISSINATE, K., ECHEVARRIA A. Pharmacological and biochemical profiling of lead compounds from traditional remedies: the case of Croton cajucara. In: Advances in Phytomedicine (Lead molecules from natural products, Discovery and New Trends). Reino Unido: M.T.H. KHAN and A. ATHER, ELSEVIER, v. 2, chapter 14, p. 229-257, 2006b. MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., KAISER, C.R. NMR and structure review of some natural fluroclerodanes. Magnetic Resonance in Chemistry, v. 41, n. 4, p. 278-282, 2003. MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., VEIGA JR., V.F., ECHEVARRIA, A., GRYNBERG, N.F. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Quimica Nova, v. 25, n. 3, p. 429-438, 2002b. MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., VEIGA JR., V.F., MARTINS, J.R., GRYNBERG, N.F., ECHEVARRIA, A., LAPA, A.J., VANDERLINDE, F.A Croton cajucara as an alternative to traditional medicine in a modern health system. Recent Progress in Medicinal Plants-Phytochemistry and Pharmacology, v. 8, p. 502-517, 2002a. MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., ARRUDA, A.C., PAMPLONA, S.G.S.R., VANDERLINE, F.A., LAPA, A.J., ECHEVARRIA, A., GRYNBERG, N.F., CÔLUS, I.M.S., FARIAS, R.A.F., LUNA COSTA, A.M., RAO, V.S.N. Ethnopharmacology, Phytochemistry and pharmacology: a successful combination in the study of Croton cajucara. Journal of Ethnopharmacology, v. 70, n. 1, p. 41-55, 2000. MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., BRABO, S.N., SILVA, M.N. Terpenoids from Croton cajucara. Phytochemistry, v. 49, n. 3, p. 823-828, 1998b. MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., BRABO, S.N., ARRUDA, A.C. Estudo da variação dos teores de terpenóides bioativos isolados das cascas do caule de Croton cajucara, nativos e cultivados no estado do Pará. Revista da Universidade Rural, Série Ciências Exatas e da Terra, v. 18-20, n. 1-2, p. 17-34, 1998a.

Page 149: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

147

MACIEL, M.A.M. Croton cajucara: Uma Escolha Etnobotânica, Tese de Doutorado em Química, Rio de Janeiro, IQ, UFRJ, 1997. MAHATO, S.B., PAI, B.C. KAWASAKI, T., MIYAHARA, K., TANAKA, O., YAMASAKI, K. Structure of cleomeolide, a novel diterpene lactone from Cleome icosandra Linn. Journal of the American chemical society, v. 102, n. 16, p. 4720-4723, 1979. MALHOTRA, S., SIGH, A.P.A. Review of pharmacology of phytochemicals from Indian medicinal plants. The Internet Journal of Alternative Medicine, 2007. Disponível em: http://www.ISpub.com/OStialindex.php?xnlFilePath=/journals/ijam/vol5n1/phytaxml Acesso em 24 jun. 2008. MARASCIULO, C., CAVINATTO, S., DALCOL, I.I., MOREL, A.F. Análises de toxicidade aguda em comundongos e citotoxicidade frente a artemia salina (TSA) de Pavonia distinguenda St. Hill & Naud. In: 29ª REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, Águas de Lindóia, 2006. Diponível em: http://séc.sbq.org.br/cd29ra/resumos/T0479-2.pdf. Acesso em: 22 mai. 2008. MATOS, F.J.A. Introdução a Fitoquímica Experimental. 2.ed. Fortaleza: Edições UFC, 1997. MATTHÄUS, B., OZCAN, M. Glucosinolates composition of young shoots and flower buds of capparis (Capparis species) growing wild in Turkey. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, p. 7323-7325, 2002. MATTHÄUS, B., LUFTMANN, H. Glucosinolates in members of the Familia Brassicaceae: separation and identification by LC/ESI-MS-MS. Journal of Agricultural and food Chemistry, v. 48, p. 2234-2239, 2000. MC LEAN, W.F.H., BLUNDEN, G., JEWERS, K. Quaternary ammonium compounds in few Capparaceae. Biolochemical Systematics and Ecology, v. 24, n. 5, p. 427-434, 1996. McNEIL, S.D., NUCCIO, L., HANSON, A.D. Betaines and Related Osmoprotectants. Targets for Metabolic Engineering of Stress Resistance. Plant Physiology, v. 120, p. 945-949, 1999. MELO P.S., DURAN N., HAUN M. Derivatives of dehydrocrotonin, a diterpene lactone isolated from Croton cajucara: cytotoxicity in rat cultured hepatocytes and in V79 cells. Human & Experimental Toxicology, v. 21, n. 5, p. 281-288, 2002. MELO, P.S., DURÁN, N., HAUN M. Cytotoxicity of derivatives from dehydrocrotonin on V79 cells and Escherichia coli. Toxicology, v. 159, n. 3, p. 135-141, 2001.

Page 150: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

148

MELO, P.S., DURÁN, N., HIRUMA-LIMA, C.A., SOUZA BRITO, A.R.M., HAUN, M. Comparison of the gastroprotective effect of a diterpene lactone isolated from Croton cajucara with its synthetic derivatives. Journal of Ethnopharmacology, v. 87, n. 2-3, p. 169-174, 2003. MELO, P.S., JUSTO, G.Z., DURÁN, N., HAUN, M. Natural killer cell activity and anti-tumor effects of dehydrocrotonin and its synthetic derivatives. European Journal of Pharmacology, v. 487, n. 1-3, p. 47-54, 2004. MENSOR, L.L., MENEZES, F.S., LEITÃO, G.G., REIS, A.S., SANTOS, T.C., COUBE, C.S., LEITÃO, S.G. Screening of Brazilian plant extracts for antioxidant activity by the use of DPPH free radical method. Phytoterapy Research, v. 15, n. 2, p. 127-130, 2001. MERRIT, A.T., LEY, S.V. Clerodane diterpenoids. Natural Product Reports, v.9, n.3, p.243-287, 1992. MISRA, L. N., JAKUPOVIC, J., BOHLMANN, F. Isodaucane derivatives, norsesquiterpenes and clerodanes from chromolaena laevigata. Tetrahedron, v. 41, n. 22, p. 5353-5356, 1985. MIYAZAWA, M., KINOSHITA, H., OJUNO, Y. Antimutagenic activity of sakuranetin from Prubus jamasakura. Journal of Food Science, v. 68, n. 1, p. 52-56, 2003. MOTHANA, R.A.A., ABDO, S.A.A., HASSON, S. ALTHAWAB, F.M.N., ALAGHBAR, S.A.Z., LINDEQUIST, U. Antimicrobial, Antioxidant and Cytotoxic Activities and Phytochemical Screening of Some Yemeni Medicinal Plants. Oxford Journal, eCAM Advance. Disponível em: http://ecam.oxfordjournals.org-papbyrecent.dtl. Acesso em: 28 de mai. 2008. MÜELLER, B.M., FRANZ, G. Chemical structure and biological activity of polysaccharides from Hibiscus sabdariffa. Planta Medica, v. 58, n. 1, p. 60-67, 1992. MUNRO, T.A. The chemistry of Salvia divinorum, Departament Chemistry, The University of Melbourne, sumitted IN Fulfilment of the Requirements of the Degree of Doctor of Philosophy, 283 paginas, 2006. NAGAYA, H., TOBTA, Y., NAGAE, T., ITOKAWA, H., TAKEYA, K., HALIM, A.F., ABEL-HALIM, O.B. Citotoxic triterpenes from Cleome africana. Phytochemistry, v. 44, n. 6, p. 1115-1119, 1997.

Page 151: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

149

NAIR, A.G.R. Cleosadrin a novel 7-phenoxycoumarin from the seeds of Cleome icosandra. Indian Journal of chemistry, section B. Organic chemistry, v. 17B, n. 5, p. 438-440, 1979. NAKATANI, M., NAKAMURA, M. SUZUKI, A., FUCHIKAMI, T., INOUE, M., KATOH, T. Enantioselective total synthesis of (+)-aureol via a BF3·Et2O-promoted rearrangement-cyclization reaction of (+)-arenarol. Arkivoc Journal, part viii, n. 8, p. 45-57, 2003. NASSAR, I., GAMAL-ELDEEN, A. M. Potential antioxidant activity of flavonoids from Hypericum triquetrifolium Turra, and Cleome droserifolia (Forssk.) Del. Bulletin of the Facuty of Pharmacy, v. 41, n. 2, p. 107-115, 2003. NETO, F.R.A., NUNES, D.S.S. Cromatografia: princípios básicos e técnicas afins. Rio de Janeiro: Interciência, 2003. NOGUEIRA, T.B.S.S., MATIAS, W.N. CAVALCANTE, J.M.S., COSTA, D.A., SILVA, D.A., SOUZA, M.F.V. Constituintes esteroidais e fenólicos isolados de Sidastrum

paniculatum Fryxell (Malvaceae). In: 29ª REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, Águas de Lindóia, 2006. Diponível em: http://séc.sbq.org.br-cd29ra-resumos-T0861-1.pdf. Acesso em: 22 mai. 2008. OLIVEIRA, A.G., SCARPA, M.V., CORREA, M.A., CERA, L.F.R., FORMARIZ, T.P. Microemulsões: estrutura e aplicações como sistema de liberação de fármacos. Química Nova, v. 27, n. 1, p. 131-138, 2004. OYAMA, K., KONDO, T. Total synthesis of flavocommelin, a component of the blue supramolecular pigment from Commelina communis, on the basis of direct 6-C-glycosylation of flavan. Journal of Organic Chemistry, v. 69, p. 5240-5246, 2004. PATITUCCI, M.L., VEIGA JR., V.F., PINTO, A.C., ZOGHBI, M.G.B., ROCHA, J. Use of high-resolution gas chromatography for detection of terpenes in crude plat extracts. Química Nova, v. 18, p. 262-266, 1995. PATOCKA, J. Biologically active pentaciclic triterpenes and their current medicine signification. Journal of Applies Biomedicine, v. 1, p. 7-12, 2003. PAX, F., HOFFMAN, H. Die natürlichen Pflanzenfamilien . Ed. Engler, A., Prantil, K., Leipzig: Engelmann, 2ed., v. 19C, p. 208, 1931. PELOTTO, J.P., MARTINAZ, M.A.D.P. Flavonoids aglycones from argentian Caparis species (Capparaceae). Biochemical Systematics and Ecology, v. 26, p. 577-580, 1998.

Page 152: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

150

PERAZZO, F.F., CARVALHO, J.C.T., RODRIGUES, M., MORAIS, E.K.L., MACIEL, M.A.M. Comparative anti-inflammatory and antinociceptive effects of terpenoids and an aqueous extract obtained from Croton cajucara Benth. Revista Brasileira de Farmacognosia. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, n. 4, p. 521-528, 2007. PEREIRA, D.A., BRITO, A.C., AMARAL C.L.F. Biologia floral e mecanismos reprodutivos do mussambé (Cleome spinosa Jacq.) com vistas ao melhoramento genético. Biotemas, v. 20, n. 4, p. 27-34, 2007. PIERS, E., BREAN, M.L., HAN, Y., PLOURDE, G.L., YEH, W.L. Total synthesis of cis-clerodane diterpenoids, (-)-agelasine A and (+)-(3R,4S,5R,8S,9R,10S)-3,4-epoxiclerod-13-en-15,16-olide. Journal of Chemistry Society, Perkin Transactions, v. 1, n. 8, p. 963-966, 1995. PINTO, A.C., ANTUNES, O.A.C., REZENDE, C.M., CORREIA, C.R.D. Separation of acidic components of Vellozia flavicans by silica gel-potassium hydroxide chromatography. Phytochemistry Analalises, v. 8, p. 14-17, 1997. PINTO, A.C., BRAGA, W.F., REZENDE, C.M., GARRIDO, F.M.S., VEIGA JR., V.F., BERGTER, L., PATITUCCI, M.L., ANTUNES, O.A.C. Separation of acid diterpenes of Copaifera cearensis Huber ex Ducke by flash chromatography using potassium hydroxide impregnated Silica Gel. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 11, p. 355-360, 2000. PINTO, A.C., GARCEZ, W.S., QUEIROZ, P.P.S., FIORANI, N.G. Clerodanes and tetranorclerodane from Vellozia bicolor. Phytochemistry, v. 37, p. 1115-1117, 1994. PINTO, A.C., SILVA, D.H.S., BOLZANI, V.S., LOPES, N.P., EPIFANIO, R.A. Current status, challenges and trends on natural products in Brazil. Química Nova, v. 25, supl.1, p. 45-61, 2002. POERSCH, A., SANTOS, F.V., MACIEL, M.A.M., CÂMARA, J.K.P.C., DANTAS, T.N.C., CÓLUS, I.M.S. Protective effect of DCTN (trans-dehydrocrotonin) against induction of micronuclei and apoptosis by different mutagenic agents in vitro. Mutation Research, v. 629, p. 14-23, 2007. POOLE, S.K., DEAN, T.A., OUDSEMA, J.W., POOLE, C.F. Sample preparation for chromatographic separations: an overview. Analytica Chimica Acta, v. 236, p. 3-42, 1990. PORTER, D.G. Ethical Scores for Animal Experiments. Nature, v. 356, n. 6365, p. 101-102, 1992.

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

151

PRAKASH, A., VARMA, R.K., GHOSAL, S. Alkaloid constituents of Sida acuta, S. humilis, S. rhombifolia and S. spinosa. Planta Medica, v. 43, p. 384-388, 1981. PUCKHABER, L.S., STIPANOVIC, R.D., BOST, G.A. Analyses for flavonoid aglycones in fresh and preserved Hibiscus flowers. Reprinted from: trends in new crop and uses, Alexandria: Eds. J. JANICK and A.WHIPKEY, ASHS Press, p. 556-563, 2002. QUEIROZ, E.F., ATINDEHOU, K.K., TERREAUX, C., ANTUS, S., HOSTETTMANN, K. Prenylated isoflavonoids from the root bark of Erythrina vogelii. Journal of Natural Product, v. 65, p. 403-406, 2002b. QUEIROZ, E.F., HOSTETTMANN, K. A importância das técnicas acopladas (CL-UV, CL-EM, CL-RMN) para procura de princípios ativos. Revista Fitos, v. 2, p. 39-53, 2006. QUEIROZ, E.F., WOLFENDER, J.L., ATINDEHOU, K.K., HOSTETTMANN, K. On-line identification of the antifungal constituents of Erythrina vogelii by liquid chromatography with tanden mass spectrometry, ultraviolet absorbance detection and nuclear magnetic resonance spectrometry combined with liquid chromatograpy micro-fractionation. Journal of Chromatography A, v. 974, p. 123-134, 2002a. RAMACHANDRAN, N.A.G. Cleosandrin, a novel 7-phenoxycoumarin from the seeds of Cleome isosandra. Indian Journal of Chemistry, v. 17B, n. 5, p. 438-440, 1979. RAY, A.B., CHATTOPADHYAY, S.K., KUMAR, K. Structures of cleomiscosins, coumarino lignoids of Cleome viscose seeds. Tetrahedron, v. 41, n. 1, p. 209-214, 1985. REANMONGKOT, W., ITHARAT, A. Antipyretic activity of the extracts of Hibiscus sabdariffa calyces L. in experimental animals Songklana Karin. Journal Science Technology, v. 29, n. 1, p. 29-38, 2007. REDDY, L.H., SHARMA, R.K., MURTHY, R.R. Enhanced delivery of etoposide to dalton´s lymphoma in mice through polysorbate 20 micelles. Acta Pharmaceutica, v. 56, p. 143-155, 2006. REICHELT, M., BROWN, P.D., SCHNEIDER, B., OLDHAN, N.J., SATUBER, E., TOKUHISA, J., KLIEBENSTEIN, D.J., MITCHELL-OLOS, T., GERSHENSON, J. Benzoic acid glucosinolate esters and other glucosinolates from Arabidopsis thaliana. Phytochemistry, v. 59, n. 6, p. 663-671, 2002.

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

152

RODRÍGUEZ, J.A., HIRUMA-LIMA, C.A., SOUZA BRITO, A.R.M. Antiulcer activity and subacute toxicity of trans-dehydrocrotonin from Croton cajucara. Human and Experimental Toxicology, v. 23, n. 9, p. 455-461, 2004. ROSA, M.S.S., MENDONÇA-FILHO, R.R., BIZZO, H.R., RODRIGUES, I.A., SOARES, R.M.A., SOUTO-PADRÓN, T., ALVIANO, C.S., LOPES, A.H.C.S. Antileishmanial activity of a linalool-rich essential oil from Croton cajucara. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 47, n. 6, p. 1895-1901, 2003. SALATINO, M.L.F., NEGRI, G. Traditional uses, Chemistry and Pharmacology of Croton species (Euphorbiaceae). Journal Brasilian Chemical Society, v. 18, n. 1, p. 11-13, 2007. SANTOS, F.V., MESQUITA, S.F.P., FARIA, M.J.S.S., POERSH, A., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., MORIMOTO, H.K., CÓLUS, I.M.S. Absence of mutagenicity in somatic and germ cells of mice submitted to subchronic treatment with an extract of Croton cajucara Benth. (Euphorbiacae). Genetic and Molecular Biology, v. 29, n. 1, p. 159-165, 2006. SANTOS, M.A.C., COELHO-FERREIRA, M. Inventário de espécies medicinais empregadas pelo IEPA, Macapá-AP. Amazônia: ciência e desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 159-180, 2005. SARDI, E., TORDI, E. Determination of fully N-methylated compound in different cabbage and bee troot varieties. Acta Biologica Szegediensis, v. 49, n. 1-2, p. 43-45, 2005. SARMA, A.S., CHATTOPADHYAY, P. Synthetic studies of trans-clerodabe dipertpenoids and congeners: stereocontrolled total synthesis of (±)-avarol. Journal Organic Chemistry, v. 47, n. 9, p. 1727-1731, 1982. SARRAGIOTTO, M.H., NAZARI, A.S., OLIVEIRA, M.L., COSTA, W.F., SOUZA, M.C. Prolinebetaine, N-metilproline, 3-carbomethoxy-N-metilpyridinium and kaemferol 3,7-dirhamnoside from Capparis humilis. Biochemical Systematics and Ecology, v. 32, p. 505-507, 2004. SELVAN, V.T., KAKOTI, B.B., GOMATHI, P., KUMAR, D.A., ISLAM, A., GUPTA, M. MAZUMDER, U.K. Citotoxic and antitumor, activities of Pavonia adorata against Erlich’s ascites carcinoma cells bearing mice. Pharmacologyonline, v. 2, p. 453-477, 2007. SHARAF, M., EL-ANSARI, M.A., SALEH, N.A.M. Quercetin triglicoside from Capparis spinosa. Fitoterapia, v. 71, n. 1, p. 46-49. 2000.

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

153

SHARAF, M, EL-ALSARI, M. SALEH, N.A.M. Flavonoids of four Cleome and Capparis species. Biochemical Systematics and Ecology, v. 25, n. 2, p. 161-166, 1997. SHEN, Y.C., WANG, C.H., CHENG, Y.B., WANG, L.T., GUH, J.H., CHIEN, C.T., KHALIT, A.T. New cytotoxic clerodane diterpenoids from the leaves and twigs of Casearia membranacea. Journal Natural Products, v. 67, n. 3, p. 316-321, 2004. SHUI, G., PENG, L.L. Na improved method for the analysis of major antioxidants of Hibiscus esculentus Linn. Journal Cromatografy A., v. 1048, n. 1, p. 17-24, 2004. SILVA, D.A., NOGUEIRA, T.B.S.S., MATIAS, W.N., CAVALCANTE, J.M.S., COSTA, D.A., SOUZA, M.F.V. Estudo químico de Sidastrum s.p. (Malvaceae). In: 29ª REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, Águas de Lindóia, 2006a. Diponível em: http://séc.sbq.org.br-cd29ra-resumos-T0861-2.pdf. Acesso em: 22 mai. 2008. SILVA, D.A., SILVA, T.M.S., LINS, A.C.S., MATIAS, W.N., SOUZA, M.F.W., BRAZ FILHO, R. Constituintes químicos e atividade antioxidante de Sida galheirensis ULBR. (Malvaceae). Química Nova, v. 29, n. 6, p. 1250-1254, 2006b. SILVA, R.L., MELO, G.B., MELO, V.A., ANTONIOLLI, A.R., MICHELLONE, P.R.T., ZUCOLOTO, S., PICINATO, M.A.N.S., FRANCO, C.F.F., MOTA, G.A., SILVA, O.C. Effect of the aqueous extract of Sida cordifolia on liver regeneration after partial hepatectomy. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 21, n. 1, p. 37-39, 2006. SILVA, R.M., OLIVEIRA, F.M., CUNHA, K.M.A, MAIA, J.L., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., NASCIMENTO, N.R.F., SANTOS, F.A., RAO, V.S.N. Cardiovascular effects of trans-dehydrocrotonin, a diterpene from Croton cajucara in rats. Vascular Pharmacology, v. 43, n. 1, p. 11-18, 2005. SILVA, R.M., SANTO, F.A., RAO, V.S.N., MACIEL, M.A.M, PINTO, A.C. The lipid-lowering effect of trans-dehydrocrotonin, a clerodane diterpene from Croton cajucara Benth. in mice fed on high-fat diet. Journal Pharmacy and Pharmacology, v. 53, n. 4, p. 535-539, 2001c. SILVA, R.M., SANTOS, F.A., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C., RAO, V.S.N. Effect of trans-dehydrocrotonin, a 19-nor-clerodane diterpene from Croton cajucara on experimental hypertriglyceridaemia and hypercholesterolaemia induced by triton WR1339 (tyloxapol) in mice. Planta Medica, v. 67, n. 8, p. 763-765, 2001b. SILVA, R.M., SANTOS, F.A., RAO, V.S.N., MACIEL, M.A.M., PINTO, A.C. Blood glucose- and triglyceride-lowering effect of trans-dehydrocrotonin, a diterpene from Croton cajucara Benth., in rats. Diabetes, Obesity and Metabolism, v. 3, n. 6, p. 452-456, 2001a.

Page 156: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

154

SILVEIRA, E.R. Biological Evaluation and Chemical Constitution of “Marmeleiro Preto” (Croton sonderianus Muell. Arg.), Dissertação de Mestrado. The University of Mississippi, M.S., EUA, 1985. SIMÕES, C.M.O., SCHENKEL, E.P. GOSMANN, G., MELLO, J.C.P., MENTZ, L.A., PETROVICK, P.R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: Editora da UFSC-UFRGS, 2007. SIMÕES, J. C., SILVA, A. J. R., SERRUYA, H., BENTES, M. H. S. Desidrocrotonina, um norditerpeno de Croton cajucara Benth (Euphorbiaceae). Ciência e Cultura, v. 31, p. 1140-1141, 1979. SINGH, P.D.A., WEST, M.E. Pharmacological investigations of sticky viscome extract (Cleome viscosa L.) in rats, mice and guinea-pigs. Phytotherapy Research, v. 5, n. 2, p. 82–84, 1991. SINGH, P.A. Bala (Sida cordifolia L.)- Is It Safe Herbal Drug?. Ethnobotanical Leaflets, v. 10, p. 324-329, 2006. SMITH, R.M. Before the injection: modern methods of sample preparation for separation techniques. Journal of Chromatography, v. A1000, p. 3-27, 2003. SOARES, M.P. Would sacaca, Croton cajucara Benth. (Euphorbiaceae) be an hepatotoxic plant like Germander, Teucrium chamaedrys L. (Labiatae)? Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 37, n. 2, p. 96-97, 2004. SONGSAK , T., LOCKWOOD, G.B. Glicosinolates of seven medicinal plants from Thailand. Fitoterapia, v. 73, p. 209-216, 2002. SOUSA, V.C. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação de famílias de angiospermas da flora brasileira baseado no A.P.G. II. Nova Odessa, S.P.: Instituto Plantarum, p. 404, 2005. SOUZA, C.D.E., FELFILI, J.M. Uso de plantas medicinais na região de Alto Paraíso de Goiás, GO, BRASIL. Acta Botânica Brasileira, v. 20, n. 1, p. 135-142, 2006. SOUZA, M.A.A., BRATTI, A., STARK, E.M.L.M., SOUZA, S.R. Atividade biológica de óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus (d.c.) stapf.) avaliada através da inibição miscelial de fungos fitopatogênicos. Anais do XXXVI Congresso Brasileiro de Fitopatologia. Uberlândia, MG, Brasil, 2003.

Page 157: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

155

SOUZA-BRITO, A.R., SOUZA-BRITO, A.A. Forty years of Brazilian medicinal plant research. Journal of Ethnopharmacology, v. 39, n. 1, p. 53-67, 1993. SOUZA-BRITO, A.R.M., RODRÍGUEZ, J.A., HIRUMA-LIMA, C.A., HAUN, M., NUNES, D.C. Antiulcerogenic activity of trans-dehydrocrotonin from Croton cajucara. Planta Medica, v. 64, n. 2, p. 126-129, 1998. SRIVASTAVA, S.D. Chemical constituents of Cleome viscose. Indian Journal of Chemistry, v. 21B, n. 2, p. 165-167, 1982. SUGA, T., SHISHIBORI, T. Structure and biosynthesis of cleomeprenols from the leaves of Cleome spinosa. Journal of the Chemical Society, v. 1, p. 2098-2104, 1980. SUTRADHAR, R.K., RAHMAN, A.K.M.M., AHMAD, M.U. Tree new flavonol C-glycosides from Sida cordifolia LINN. Journal of the Iranian Chemical Society, v. 4, n. 2, p. 175-181, 2007. TAPPIN, M.R.R., LUCHETTI, L. Sobre a legislação de registro de fitoterápicos. Revista Fitos, v. 3, n. 1, p. 17-30, 2007. TIWARY, K.P., MINOCHA, P.K. Pavophylline, a new saponin from the stem of Pavonia zeylanica. Phytochemistry, v. 19, n. 4, p. 701-704, 1980. TSICHRITZIS, F., ABEL-MOGIB, M., JAKUPOVIC, J. Dammarante triterpenes from Cleome Africana. Phytochemistry, v.33, n.2, p23-425, 1993. URONES, J.G., MARCOS, I. S., CUBILLO, L., MONJE, V.A., HERNÁNDEZ, J. M., BASABE, P.Derivatives of malonic acid in Parentucellia latifólia. Phytrochemistry, v. 28, p. 651-653, 1989. URZÚA, A., JARA, F., TOJO, E., WILKENS, M., MENDOZA, L., REZENDE, M.C. A new antibacterial clerodane diteroenoid from the resinous exudate of Haploppus un cinatus. Journal of Ethnophamacology, v. 103, n. 2, p. 297-301, 2006. VACHER, P.J., DUCHÉNE-MARULLAZ, P., BARBOT, P. A propos de quelques produits usuels-comparaison de deux méthodes d’étude des analgésiques. Medicina Experimentalis. v. 11, p. 51-58, 1964.

Page 158: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

156

VAHITAHA, R., VENKATACHALAM, M.R., MURUGAN, K., JEBANESAN, A. Larvicidal efficacy of Pavonia zeylanica L. and Acacia ferruginea D.C. against Culex quinquefasciatus Say. Bioresoude Technology, v. 82, p. 203-204, 2002. VEIGA JR. VF. O Gênero Copaífera: estudos fitoquímicos de 8 espécies classificadas e 127 óleos de copaíba. Rio de Janeiro, Tese de Doutorado, Universidade Fedral do Rio de Janeiro, 2004. VEIGA Jr., V.F., PINTO, A.C., MACIEL, M.A.M. Plantas Medicinais: Cura segura? Química Nova, v. 28, n. 3, p. 519-528, 2005. VEIGA, JR., V.F., PATITUCCI ML, PINTO AC Authenticity control of commercial copaiba oils by high resolution gas chromatography. Química Nova, v. 20, p. 612-615, 1997. VESHKUROVA, O., GOLUBENKO, Z., PSHENICHNOV, E., ARZANOVA, I., UZBEKOV, V., SULTANOVA, E., SALIKHOV, S., WILLIAMS, H.J. Malvone A, a phytoalexin found in Malva silvestris (family Malvaceae). Phytochemistry, v. 67, n. 21, p. 2376-2379, 2006. VIEGAS JR., C., BOLZANI, V.S., BARREIRO, E.J. Natural products and modern medicinal chemistry. Química Nova, v. 29, n. 2, p. 326-337, 2006. WANG, S., ZHANG, F., FENG, Q., YULIN, L., Synthesis, characterization, and antibacterial activity of transmition metal complexes with 5-hydroxy-7-4’-dimethoxyflavone. Journal of Inorganic Biochemistry, v. 46, n. 4, p. 251-257, 1992. WEBSTER, G.L. Systematics of the Euphorbiaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 81, n. 1, p. 1-144, 1994. WEBSTER, G.L. The genera of the Euphorbiaceae in the South-Eastern United States. Journal Arnold Arbor, v. 48, p. 303, 1967. WEIMANN, C., GORANSSON, U., PONGPRAYOON-CLAESON, U., CLAESON, P. BOHLIN, L., RIMPLER, H., HEINRICH, M. Spasmolytic effects of Baccharis conferta and some of its constituents. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 54, n. 1, p. 99-104, 2002. WILLIAMS, C.M., MANDER, L.N. Chromatography with silver nitrate. Tetrahedron, v. 57, p. 425-447, 2001.

Page 159: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

157

WILSON, S.R., NEUBERT, L.A., HUFFMAN, J.C. The Chemistry of the Euphorbiaceae. A new diterpene from Croton californicus. Journal of the American Chemical Society, v. 98, n. 12, p. 3669-3674, 1976. YU, S.N., MABRY, T. J., ABBOUD, K. A., SIMONSEN, S. H. Terpenoids from Ageratina

saltillensis. Phytochemistry, v. 27, p. 3187-3196, 1988. YUN, B.S., RYOO, I.J., PARK, K.H., CHOUNG, D.H., HAN, K.H, YOO, I.D. Two bioactive pentaciclic triterpene esters the root back of Hibiscus syriacus. Journal Natural Products, v. 62, n. 5, p. 764-766, 1999. ZACCHI, P., PIETSCH, A., VOGES, S., AMBROGI, A., EGGERS, R., JAEGER, P. Concepts of phase separation in supercritical processing. Chemical Engineering Process, v. 45, p. 728-733, 2006. ZIMMERMANN, M. Ethical considerations in relation to pain in animal experimentation. Acta Physiol. Scand. Suppl., v. 554, p. 221-233, 1986.

Page 160: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

ANEXOS

Page 161: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

159

ANEXO A- ESPECTROS DE (2S)-hidroxi-7,4’-dimetoxi-flavanona (CS-EM-3b)

Page 162: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

160

Page 163: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

161

Page 164: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

162

Page 165: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

163

Page 166: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

164

Page 167: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

165

Page 168: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

166

Page 169: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

167

Page 170: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

168

Page 171: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

169

Page 172: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

170

Page 173: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Róselia Sousa Leal

171

Page 174: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

172

ANEXO B - ESPECTROS DE 7,4’-diidroxi-3,5,3’-trimetoxi-flavanona (CS-EM-4a)

Page 175: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

173

Page 176: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

174

Page 177: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

175

Page 178: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

176

Page 179: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

177

Page 180: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

178

Page 181: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

179

Page 182: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

180

Page 183: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

181

Page 184: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

182

Page 185: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

183

Page 186: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

184

Page 187: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

185

Page 188: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

186

Page 189: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

187

Page 190: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

188

Page 191: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

189

Page 192: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … 12 - Compostos nitrogenados isolados de espécies da família Malvaceae..... 49 Figura 13 - Compostos fenólicos isolados da espécie Sida

TESE DE DOUTORADO

Rosélia Sousa Leal

190