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i Pró-Reitoria de Graduação Curso de Engenharia Civil Trabalho de Conclusão de Curso IMPLICAÇÕES DAS ALTERAÇÕES NA NR 35 (TRABALHO EM ALTURA) NA ROTINA DE UM CANTEIRO DE OBRAS SITUADO NO DISTRITO FEDERAL ESTUDO DE CASO Autor: Claudia de Oliveira Silveira Orientador: Prof. Ph. D. Rodrigo Studart Corrêa Brasília - DF 2013

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Pró-Reitoria de Graduação Curso de Engenharia Civil

Trabalho de Conclusão de Curso

IMPLICAÇÕES DAS ALTERAÇÕES NA NR 35 (TRABALHO EM ALTURA) NA ROTINA DE UM CANTEIRO DE OBRAS

SITUADO NO DISTRITO FEDERAL – ESTUDO DE CASO

Autor: Claudia de Oliveira Silveira

Orientador: Prof. Ph. D. Rodrigo Studart Corrêa

Brasília - DF

2013

i

CLAUDIA DE OLIVEIRA SILVEIRA

IMPLICAÇÕES DAS ALTERAÇÕES NA NR 35 (TRABALHO EM ALTURA) NA

ROTINA DE UM CANTEIRO DE OBRAS SITUADO NO DISTRITO FEDERAL –

ESTUDO DE CASO

Artigo apresentado ao curso de

graduação em Engenharia Civil da

Universidade Católica de Brasília, como

requisito parcial para a obtenção de Título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Rodrigo Studart Corrêa

Brasília

2013

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Artigo de autoria de Claudia de Oliveira Silveira, intitulado “IMPLICAÇÕES DAS ALTERAÇÕES NA NR 35 (TRABALHO EM ALTURA) NA ROTINA DE UM CANTEIRO DE OBRAS SITUADO NO DISTRITO FEDERAL – ESTUDO DE CASO”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade Católica de Brasília, em (Data de aprovação), defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:

__________________________________________________

Prof. Ph. D. Rodrigo Studart Corrêa

Orientador

Curso de Engenharia Civil – UCB

__________________________________________________

Prof. Msc. Renata Conciani

Examinador

Curso de Engenharia Civil – UCB

Brasília

2013

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Doraci Inacia de Oliveira Silveira e Paulo Cesar

Lemos Silveira, que sempre me incentivaram, apoiaram e me conduziram pelos caminhos

percorridos, sem nunca medir esforços para que meus objetivos fossem alcançados e, com

toda certeza, sem eles nada disso seria possível.

Aos meus irmãos e amigos; obrigado pelo incentivo e paciência. A meu namorado que

em todo o momento me incentivou cada dia mais, me proporcionando confiança e segurança.

iv

AGRADECIMENTOS

Esse estudo resultou de um somatório de contribuições, todas úteis e bem vindas, as

quais ajudaram a superar obstáculos de uma jornada que se mostrava difícil. Diante o exposto,

presto aqui, a minha homenagem aos colaboradores e incentivadores desta dissertação.

A toda a minha família, Pais, irmãos, ao meu namorado e aos meus amigos que

participaram e deram tudo que precisei, contribuindo, principalmente com a paciência que

sempre tiveram, ao longo dessa jornada.

Aos meus colegas de turma e amigos, pelo companheirismo e por tudo aquilo que

passamos juntos.

Aos professores que tanto contribuíram para minha formação, em especial ao

Professor Rodrigo Studart Corrêa, pela orientação e auxílio na composição deste Trabalho.

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1. RESUMO

O artigo analisa em forma de estudo de caso, como foi organizada, planejada e

executada a implantação da NR – 35 Trabalho em Altura em um canteiro de obras no Distrito

Federal. O problema do estudo de caso a ser investigado é: se depois da criação da norma, os

profissionais responsáveis por difundi-la no canteiro de obras fizeram de maneira adequada e

facilitaram o entendimento dos trabalhadores que desenvolvem alguma atividade em altura.

Isso tudo porque, o motivo da criação dessa norma foi diminuição dos altos índices de

acidentes de trabalho envolvendo a queda de trabalhadores em altura.

Palavras-chave: trabalho em altura, canteiro de obras, implantação, segurança.

2. INTRODUÇÃO

O trabalho em altura é uma das frentes de serviço mais executadas entre os diversos

campos de trabalho existentes.

Entende-se que trabalho em altura é qualquer atividade executada acima de 2 m de

distância do nível do piso de referência (NR 35 – 35.1.2). Devido ao risco de queda de objetos

ou trabalhadores, e por ser uma das atividades que mais contribui para o número de acidentes

de trabalho com mortos e feridos, houve uma grande necessidade de se criar uma norma que

abrangesse todos os campos de trabalho em altura com respaldo suficiente, mesmo que de

forma genérica. Assim surgiu a Norma Regulamentadora n° 35 – Trabalho em Altura.

O presente trabalho tem o objetivo de realizar um estudo de caso para mostrar como foi

aplicada e interpretada a NR – 35 Trabalho em Altura em de um canteiro de obras no Distrito

Federal.

Além disso, pretende-se discutir e analisar os parâmetros que a NR impõe, tendo como

foco fundamental os preceitos de antecipação de risco para o desenvolvimento de medidas

apropriadas pra execução de qualquer atividade em altura que garanta a segurança, a saúde do

trabalhador e das pessoas envolvidas; e o treinamento, que se torna obrigatório para qualquer

operário que execute o trabalho em altura.

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3. HISTORICO DE CRIAÇÃO DA NR 35 – TRABALHO EM ALTURA

Antes da criação da NR – 35 Trabalho em Altura, os parâmetros para o uso de

Equipamentos de Proteção Individual - EPI’S, Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC’S,

execução e procedimentos de atividades desenvolvidas em altura, estavam espalhados por

diversas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo algumas

delas as NR’s 6, 10, 12, 18, 33, 34. Isso dificultava a realização dos trabalhos em altura, por

não garantir que o trabalhador estaria livre do risco de queda e protegido de forma adequada.

Ainda antecedendo a criação da NR 35, dados do Ministério do Trabalho e Emprego

revelam que 40% dos acidentes de trabalho registrados são referentes ao trabalho em altura,

sendo que esse número só aumentava a cada ano.

As principais causas de acidentes em altura se davam por:

Falta de Equipamentos de Proteção Individual - EPI’S e Equipamentos de

Proteção Coletiva - EPC’S;

Falta nas instalações das EPC’S – Equipamentos de Proteção Coletiva;

Perda de equilíbrio do trabalhador;

Métodos de execução de trabalho impróprios (imprudência);

Trabalhador sem capacidade para o trabalho em altura (imperícia);

Descuido no contato com redes elétricas de alta tensão que venham a passar

por cima do local de trabalho do operário.

De acordo com uma entrevista concedida por José Manoel Teixeira, diretor do SEESP

– Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, em Maio de 2013,

(http://www.seesp.org.br/site/imprensa/noticias),

Em 2010, a Federação Nacional dos Engenheiros - FNE promoveu, juntamente com

o SEESP, o “1º Seminário Internacional de Trabalho em Altura”. Foi nesse encontro

que surgiu a proposta de se criar uma Norma Regulamentadora - NR específica para

esse tipo de atividade que, no Brasil, ainda é o responsável por grande parte dos

acidentes de trabalho, inclusive com vítimas fatais. Na sequência, a FNE levou a

reivindicação para o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, que aceitou, sem

resistências, criar um grupo tripartite para elaboração da norma.

Esta proposta de texto foi encaminhada para consulta pública, pela Portaria MTE nº

232 de 09/06/2011, com prazo de encaminhamento de sugestões até 09/08/2011,

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submetendo à sociedade o texto base da nova norma, intitulada “Trabalhos em

Altura”. Em agosto de 2011 foram analisadas e sistematizadas as sugestões

recebidas da sociedade para inclusão ou alteração da norma.

Sendo assim, a NR – 35 Trabalho em Altura entrou definitivamente em vigor no dia

27/09/2012, exceto o capítulo 35.3 (Capacitação e Treinamento) e o subitem 35.6.4 que

entrou em vigor somente em 27/03/2013, conforme PORTARIA - SIT 313/2012.

Ainda de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, a NR – 35 Trabalho em

Altura instituiu formas para o planejamento, execução, organização e medidas de segurança e

saúde para o trabalhador que desenvolve qualquer atividade em altura de maneira direta e

indireta.

4. MATERIAL

O material utilizado para o desenvolvimento deste artigo foi uma situação real

existente em um canteiro de obras no Distrito Federal.

5. MÉTODOS

O presente estudo de caso visa mostrar como foi a implantação e aplicação da NR – 35

(Trabalho em Altura) na edificação de um conjunto residencial denominado Residencial

Gamaggiore, uma obra da Construtora Villela e Carvalho, localizada na SIL Qi 01 - Lotes:

1700, 1720, 1740, 1760 e 1780 - Setor de Indústrias Leste - Gama/DF.

O empreendimento possui sete torres divididas em três etapas de entrega. A primeira

etapa é constituída das torres 1, 2 e 3 com 20 pavimentos cada, fachada totalmente em

cerâmica e apartamentos de dois e três quartos. A segunda etapa é constituída das torres 4 e 5

com 22 pavimentos cada uma, fachada em cerâmica e apartamentos de dois e três quartos. Por

fim, a terceira e última etapa é constituída das torres 6 e 7 com 20 pavimentos cada, fachada

em cerâmica e apartamentos de dois e três quartos.

A obra teve início em novembro de 2010, sendo que a primeira etapa foi entregue dia

08 de outubro de 2013. Por sua vez, a segunda etapa será entregue em julho de 2014 e a

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terceira etapa, concluindo o empreendimento, está prevista para ser entregue em novembro de

2015.

Algumas frentes de serviço que estão sendo executadas são: montagem de formas de

lajes, vigas e pilares; armação de lajes, vigas e pilares; concretagem; marcação de alvenaria;

contrapiso; alvenaria; instalações hidráulicas; instalações elétricas; instalações incêndio;

instalações sanitárias; instalações de gás; instalações de sprinklers; reboco interno e externo;

pintura interna; forro; assentamento de cerâmica interna e externa. A edificação possui o pé

direto de 2,74 m entre cada pavimento.

No canteiro de obras trabalhavam na época deste estudo 322 funcionários registrados

na Construtora Villela e Carvalho e mais 250 funcionários de empresas terceirizadas,

totalizando 572 funcionários. Entretanto, o empreendimento contou com até 680 operários. O

corpo administrativo da obra é composto de dois engenheiros civis, três técnicos de segurança

do trabalho, cinco técnicos de edificações, um gestor de contratos, três apontadores, dois

mestres, um contra – mestre, um encarregado de elétrica, um encarregado de hidráulica, dez

encarregados de pedreiro, três encarregados de servente, um encarregado de carpinteiro, um

almoxarife, um auxiliar de almoxarife e três estagiários de engenharia civil. O relatório abaixo

mostra de que forma ocorreram esses acidentes e em qual período de tempo.

No histórico de acidentes desse empreendimento constam vinte e sete lesões de nível

1, que são acidentes de trabalho com lesões superficiais, e dois acidentes de trabalho de nível

2, que são acidentes de trabalho com lesões graves. Sendo que dezessete lesões de nível 1 e

um acidente de nível 2 ocorreram durante o trabalho em altura, que consiste em qualquer

atividade executada a partir de dois metros de altura do nível do chão, como anteriormente

definido. Um dos registros de acidentes de nível 2, foi a queda de um operário do andaime

fachadeiro de uma altura de 9 m. Esse acidente ocorreu porque o operário, mesmo portando

todos os EPI’S de segurança obrigatória, estava com o cinto de segurança destravado da corda

auxiliar de apoio.

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Figura 1 - Registro de lesão de nível 2.

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Figura 2 - Registro de lesão de nível 1.

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5.1. MEDIDAS INICIAIS DE CONTRATAÇÃO, AVALIAÇÃO FÍSICA E MENTAL,

TREINAMENTO.

A partir do acidente em questão, foi implantada uma política de treinamento para

melhor inclusão da NR 35 no canteiro de obra. Nesses termos, ao contratar uma empresa para

terceirizar a mão de obra de um determinado serviço ou contratar um trabalhador que venha a

exercer o trabalho em altura, a construtora deverá primeiramente:

5.1.1. Avaliar o estado de saúde físico e mental dos trabalhadores que irão

desenvolver atividades em altura no canteiro de obras.

Essa avaliação é dada conforme a NR - 35 Trabalho em Altura, “os exames e a

sistemática de avaliação sejam partes integrantes do Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional - PCMSO, devendo estar nele consignados.” (2012, p. 02, tópico 35.4.1.2, letra

a)

Esses exames são pedidos e encaminhados para realização no Serviço Social da

Indústria da Construção Civil – SECONCI ou em clinicas conveniadas com o canteiro de

obras estudado. São exigidos os seguintes exames:

Atestado de Saúde Ocupacional – ASO;

Eletroencefalograma – EEG;

Eletrocardiograma – ECG;

Hemograma;

Acuidade visual – AV;

Raios-X do Tórax, e necessário se o trabalhador for desenvolver o cargo de

pedreiro ou carpinteiro;

Audiometria.

O resultado desses exames revelará se o trabalhador possui alguma doença que o

impedirá de realizar o trabalho em altura, como por exemplo:

Hipertensão arterial não controlada;

Epilepsia;

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Labirintite crônica;

Diabetes não controlada;

Doenças da coluna vertebral;

Doenças psiquiátricas (tranquilizantes ou antidepressivos);

Deficiências visuais e auditivas acentuadas;

Qualquer doença que possibilite a perda de consciência repentina ou

desequilíbrio.

5.1.2. Cobrar ao setor responsável que seja feita uma avaliação periódica em todos os

trabalhadores que exerçam o trabalho em altura.

A NR - 35 Trabalho em Altura diz que, “[...] considerando os riscos envolvidos em

cada situação; sejam realizados exames médicos voltados às patologias que poderão originar

mal súbito e queda de altura, considerando também os fatores psicossociais.” (2012, p. 02,

tópico 35.4.1.2, letra b & c)

Desse modo, é feita também uma avaliação de forma verbal com o trabalhador pelo

técnico de segurança do trabalho, pois existem algumas doenças e condições físicas que

inabilitam o trabalho em altura, sendo elas:

Gripes e resfriados fortes;

Febre de qualquer natureza;

Indisposições gástricas (diarreias, vômitos.);

Tonturas;

Dores de cabeça;

Falta de alimentação adequada;

Indisposições físicas;

Stress.

5.1.3. Verificar no registro do trabalhador qual é a sua capacitação para o trabalho em altura e

treinar os profissionais que não forem capacitados ou que precisem de treinamento por

qualquer outro motivo estabelecido em norma.

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Essa verificação consiste em ver se há algum registro de treinamento na carteira de

trabalho, pois a NR - 35 Trabalho em Altura, “a capacitação deve ser consignada no registro do

empregado.” (2012, p. 02, tópico 35.3.8)

O treinamento da NR 35 é ministrado no canteiro de obras estudado em horário

habitual de trabalho, de forma gratuita para os trabalhadores contratados com o seu Cadastro

Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ ou com desconto em fatura por cada trabalhador treinado

para as empresas terceirizadas que foram contratadas.

A carga horária do treinamento ministrado é de no mínimo 8 horas, como recomenda a

NR - 35 Trabalho em Altura. O setor de segurança do trabalho no canteiro de obras estudado

também faz uma verificação e controle do tempo de treinamento de cada trabalhador ativo no

cadastro da obra. Pelo fato do treinamento da NR 35 ter validade de dois anos, é também é

realizada uma análise da necessidade de aplicação de um novo treinamento, pois de acordo

com a NR - 35 Trabalho em Altura (2012, p. 02, tópico 35.3.3),

O empregador deve realizar treinamento periódico bienal e sempre que ocorrer

quaisquer das seguintes situações:

a) mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;

b) evento que indique a necessidade de novo treinamento;

c) retorno de afastamento ao trabalho por período superior a noventa dias;

d) mudança de empresa.

O conteúdo programático abordado no treinamento realizado pelos Técnicos de

Segurança do Trabalho é o mesmo exigido pela NR - 35 Trabalho em Altura (2012, p. 02,

tópico 35.3.2),

[...]

a) normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura;

b) análise de Risco e condições impeditivas;

c) riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e medidas de prevenção e

controle;

d) sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção coletiva;

e) equipamentos de Proteção Individual para trabalho em altura: seleção, inspeção,

conservação e limitação de uso;

f) acidentes típicos em trabalhos em altura;

g) condutas em situações de emergência, incluindo noções de técnicas de resgate e

de primeiros socorros.

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Dentro dos tópicos de sistemas, equipamentos de proteção coletiva e individual no

canteiro de obras estudado, são utilizados os seguintes Equipamentos de Proteção Individual -

EPI’S, que são fornecidas gratuitamente aos trabalhadores:

Talabarte de proteção contra quedas;

Talabarte de posicionamento;

Trava-quedas;

Capacete com fita jugular;

Luva de vaqueta;

Óculos de segurança;

Calçado de segurança;

Protetor Auricular;

Cinto de segurança tipo paraquedista;

Mascara descartável;

Ponto de ancoragem (pode ser de uso individual que significa trabalho

temporário ou de uso coletivo que significa trabalho permanente, como no caso

de serviços rotineiros de inspeções, revisão, etc.);

Luva látex;

Absorvedor de energia.

Figura 3 - Funcionário com todos os EPI'S - Equipamentos de Proteção Individual para o Trabalho em Altura.

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O uso da luva de vaqueta, luva látex, protetor auricular e mascara descartável varia de

acordo com o tipo de serviço que o trabalhador vai executar, já o talabarte a NR - 35 Trabalho

em Altura (2012, p. 04, tópico 35.5.3.4) diz que,

É obrigatório o uso de absorvedor de energia nas seguintes situações:

a) fator de queda for maior que 1;

b) comprimento do talabarte for maior que 0,9m.

Já o capacete com fita jugular, óculos de segurança, calçado de segurança, cinto de

segurança tipo paraquedista, ponto de ancoragem e absorvedor de energia são de uso

obrigatório para o trabalho em altura.

No treinamento é ensinado a forma de uso correto de cada um dos EPI’S citados acima

e também os cuidados que o trabalhador deve ter com os usos dos EPI’S para evitar qualquer

deformação ou defeito nas mesmas.

Os Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC’S, encontrados no canteiro de obras

estudado são:

Bandejas de proteção;

Rede de segurança vertical de fachada;

Guarda corpos;

Andaimes móveis e fixos;

Cabo guia (pode ser feito com cabo de aço ou corda com alma.);

Ponto de ancoragem (pode ser de uso individual que significa trabalho

temporário ou de uso coletivo que significa trabalho permanente, como no caso

de serviços rotineiros de inspeções, revisão e etc.);

Cadeiras Suspensas;

Balancins.

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Figura 4 - Guarda Corpos.

Figura 6 - Cabo Guia.

Figura 8 - Guarda Corpo.

Figura 5 – Balancin.

Figura 7 - Bandeja Primaria.

Figura 9- Montagem da Bandeja Primaria.

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Figura 10 - Ponto de Ancoragem (Corda da Vida).

Figura 11 - Andaines com Rede de Proteção.

Um dos Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC’S mais utilizados na obra é o ponto

de ancoragem, pois sempre que o trabalhador estiver exposto ao risco de queda, ele deve se

manter preso ao sistema de ancoragem (NR – 35 Trabalho em Altura, 2012).

Quando os técnicos de segurança do trabalho definem onde serão os pontos de

ancoragem na obra são tomadas algumas medidas de prevenções, impostas pela NR - 35

Trabalho em Altura (2012, p. 04, tópico 35.5.4),

a) ser selecionado por profissional legalmente habilitado;

b) ter resistência para suportar a carga máxima aplicável;

c) ser inspecionado quanto à integridade antes da sua utilização.

Nos quesitos da letra “b” e “c”, quando se fala em carga máxima aplicável, é

recomendado que o ponto de ancoragem suporte uma carga cinco vezes maior que sua carga

de definição de uso. As inspeções podem ser feitas de forma informal pelo profissional

responsável ou através de testes e ensaios que confirmem a eficiência do sistema de

ancoragem.

Outra parte importante do treinamento de trabalho em altura são as “condutas em

situações de emergência, incluindo noções de técnicas de resgate e de primeiros socorros”.

Este item só foi dado no treinamento depois da criação da NR – 35 Trabalho em Altura, pois

os representantes técnicos da comissão designada pela criação da norma, observaram a

necessidade do trabalhador ter noções para auxiliar no resgate e primeiros socorros das

vítimas de acidentes de trabalho, em situações de perigo ou emergência até a chegada dos

responsáveis legais por esse salvamento. Algumas vezes os acessos aos locais dos acidentes

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se tornam muito difíceis pelo fato de serem realizados em altura. Por esse motivo, os próprios

trabalhadores são os responsáveis por dar os primeiros socorros às vítimas.

Esse fato reforça a importância desse tópico no treinamento de trabalho em altura, pois

as maiores partes dos locais de trabalho não possuem uma equipe definida para o salvamento

e resgate das vítimas de acidentes. No caso do canteiro de obras estudado, há dois técnicos de

segurança do trabalho que trabalham de forma a evitar e prevenir o risco de acidentes de

acordo com o plano de emergência da empresa, imposto pela NR – 35 Trabalho em Altura.

Mesmo assim, caso algum acidente aconteça, eles são os responsáveis por auxiliarem e

prestarem os primeiros socorros.

5.2. MEDIDAS E PROCEDIMENTOS PARA EXECUÇÃO DO INÍCIO DAS

ATIVIDADES EM ALTURA APLICADOS PELO EMPREGADOR.

Depois de tomadas as três primeiras medidas iniciais para contratar, treinar e qualificar

o profissional para trabalho em altura, ele é designado pelo seu responsável para executar

alguma tarefa.

O canteiro de obras estudado tem várias frentes de serviço que envolve o trabalho em

altura, porém existem algumas dessas atividades que são executadas com uma maior

frequência, como no caso de qualquer atividade envolvendo a fachada, que tem andaimes e

balancins montados até a 64 m de altura em relação ao nível do chão. Outra atividade perigosa

e bastante executada na obra é o uso de cadeirinhas para regularização e arremate dos poços

de pressurização e poços dos elevadores, chegando à altura máxima de até 70 metros em

relação ao nível do chão.

Nesse sentido, os técnicos de segurança do trabalho ou responsáveis legais tomam

algumas precauções antes e durante de qualquer atividade em altura, que são:

5.2.1. De acordo com a NR - 35 Trabalho em Altura, “garantir a implementação das medidas

de proteção estabelecidas nesta Norma”; (2012, p. 03, tópico 35.4.6.1)

5.2.2. Desenvolver e garantir a aplicação, quando necessária, da AR – Análise de Risco;

Toda atividade em altura requer que seja feita a análise de risco pelos técnicos de

segurança do trabalho ou responsáveis legais (NR – 35 Trabalho em Altura, 2012), pois evitar

a exposição do trabalhador ao trabalho em altura é sempre a melhor forma de prevenção de

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acidentes. Quando não for possível evitá-lo a análise de risco traz informações

imprescindíveis para que o trabalho em altura seja executado de maneira cautelosa e segura,

garantido, assim, a integridade física do trabalhador e das demais pessoas que podem ser

afetadas.

O canteiro de obras estudado considera os mesmo itens abordados na NR - 35

Trabalho em Altura (2012, p. 03, tópico 35.4.5.1),

[...]

a) o local em que os serviços serão executados e seu entorno;

b) o isolamento e a sinalização no entorno da área de trabalho;

c) o estabelecimento dos sistemas e pontos de ancoragem;

d) as condições meteorológicas adversas;

e) a seleção, inspeção, forma de utilização e limitação de uso dos sistemas de

proteção coletiva e individual, atendendo às normas técnicas vigentes, às orientações

dos fabricantes e aos princípios da redução do impacto e dos fatores de queda;

f) o risco de queda de materiais e ferramentas;

g) os trabalhos simultâneos que apresentem riscos específicos;

h) o atendimento aos requisitos de segurança e saúde contidos nas demais normas

regulamentadoras;

i) os riscos adicionais;

j) as condições impeditivas;

k) as situações de emergência e o planejamento do resgate e primeiros socorros, de

forma a reduzir o tempo da suspensão inerte do trabalhador;

l) a necessidade de sistema de comunicação;

m) a forma de supervisão.

Nenhuma análise de risco - AR feita no trabalho em altura é igual a outra, pois cada

local de serviço tem sua particularidade.

5.2.3. Verificar se há Permissão de Trabalho - PT;

A Permissão de Trabalho - PT é concedida quando a atividade executada no trabalho

em altura não é rotineira do canteiro de obras. Desse modo, é necessário que seja autorizada

pelo responsável da atividade e nela deve constar o local de serviço, o tempo de duração,

pessoas ou equipe envolvidas, descrição do serviço a ser desenvolvido, relatório da análise de

risco e horário de início e término da atividade; por fim a Permissão de Trabalho - PT e

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arquivada pelo técnico de segurança do trabalho de forma a controlar e rastrear todas as

atividades em altura (NR – 35 Trabalho em Altura, 2012).

Figura 12 - Modelo de PT - Permissão para Trabalho usada na obra.

5.2.4. Quando a atividade é rotineira os procedimentos implantados pela obra são os mesmos

impostos pela NR - 35 Trabalho em Altura (2012, p. 03, tópico 35.4.6.1);

[...]

a) as diretrizes e requisitos da tarefa;

b) as orientações administrativas;

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c) o detalhamento da tarefa;

d) as medidas de controle dos riscos características à rotina;

e) as condições impeditivas;

f) os sistemas de proteção coletiva e individual necessários;

g) as competências e responsabilidades.

No caso do uso de andaimes fixos e balancins foram desenvolvidos um check-list para

avaliar as condições de uso antes que qualquer operário realize alguma atividade em altura

nos mesmo.

Figura 13 - Modelo de check-list usados em Andaimes.

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Figura 14 - Modelo de check-list usados em Balancins.

Na letra f, “os sistemas de proteção coletiva e individual necessários”, a obra toma o

mesmo cuidado imposto pela NR - 35 Trabalho em Altura (2012, p. 04, tópicos 35.5.2.1 e

35.5.2.2),

35.5.2.1 Antes do início dos trabalhos deve ser efetuada inspeção rotineira de todos

os EPI - Equipamento de Proteção Individual, acessórios e sistemas de ancoragem.

35.5.2.2 Deve ser registrado o resultado das inspeções:

a) na aquisição;

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b) periódicas e rotineiras quando os EPI - Equipamento de Proteção Individual,

acessórios e sistemas de ancoragem forem recusados.

5.2.5. Fazer a verificação in loco do local de execução do trabalho;

Essa verificação deve ser feita antes do início de qualquer atividade em altura, pelo

fato, de que alguns serviços realizados serem específico daquele momento, serem passiveis de

não estarem presente na Análise de Risco – AR. Por isso, deve-se planejar e implantar ações e

medidas que complemente a segurança do trabalhador, revisando também todos os métodos

desenvolvimentos, ferramentas e trabalhador ou equipe, envolvidos na execução dos serviços

(NR – 35 Trabalho em Altura, 2012).

Na obra essa verificação é feita pelos técnicos de segurança do trabalho, o responsável

pelo serviço e o trabalhador.

5.2.6. Garantir que durante a execução da atividade em altura haja um técnico de segurança

do trabalho ou o responsável pelo serviço, acompanhando o início e termino da atividade;

O acompanhamento é importante, pois caso possua o risco à segurança do trabalhador

ou pessoas ao redor, o responsável pelo acompanhamento tem total autonomia e autoridade

para suspender o serviço e tomar as demais medidas de segurança necessárias para a

continuidade do mesmo. Não expondo o trabalhador e as pessoas ao seu redor em perigo.

5.2.7. Assegurar que as empresas terceirizadas que foram contratadas e que todo o serviço

desenvolvido em altura irá cumprir as exigências e procedimentos de segurança, baseados na

NR – 35 Trabalho em Altura, impostos pelo canteiro de obras estudado;

5.2.8. Informar ao trabalhador todos os riscos que ele correr e medidas de controle para

realização da atividade em altura. (NR – 35 Trabalho em Altura, 2012);

Essas informações são transmitidas aos trabalhadores através de cartazes informativos,

placas de advertências e DDS - Diálogo Diário de Segurança, que e realizado toda segunda-

feira as 07:00 horas da manhã antes dos trabalhadores irem para o campo de trabalho.

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5.2.9. Quando terminado o serviço em altura, é feito o arquivamento da PT – Permissão de

Trabalho, AR – Analise de Risco e de qualquer outra documentação que se tenha feito para o

seu efetivo controle e rastreabilidade no canteiro de obras.

5.3. OBRIGAÇÃO DO TRABALHADOR

A NR 35 impõe que o trabalhador deve cumprir as seguintes determinações: NR - 35

Trabalho em Altura (2012, p. 01, tópicos 35.2.2.),

a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre trabalho em altura, inclusive

os procedimentos expedidos pelo empregador;

b) colaborar com o empregador na implementação das disposições contidas nesta

Norma;

c) interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, sempre que

constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a

de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico,

que diligenciará as medidas cabíveis;

d) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas

por suas ações ou omissões no trabalho.

Foi observado no canteiro de obra objeto deste estudo que há resistência de vários

trabalhadores em utilizar de forma correta os Equipamentos de Proteção Individual - EPI’S,

mesmo havendo fiscalização e cobrança constante dos técnicos de segurança do trabalho ou

supervisores para que as mesmas sejam usadas corretamente.

Alguns trabalhadores chegam ate mesmo a se recusarem a usar Equipamentos de

Proteção Individual - EPI’S, pois acham que, como possuem larga experiência, não correrem

o risco de queda ou qualquer outro acidente que venha a acontecer.

No caso desse trabalhador que se recusa a usar os Equipamentos de Proteção

Individual - EPI’S, o técnico de segurança do trabalho paralisa o serviço que está sendo

executado até que o trabalhador concorde em usar os Equipamentos de Proteção Individual -

EPI’S. No entanto, se o mesmo trabalhador ainda assim se negar a usar os Equipamentos de

Proteção Individual - EPI’S ele ganha uma advertência, sendo que uma cópia é enviada para o

seu superior e é dispensado por um dia de trabalho.

A falta de atenção durante o desenvolvimento do serviço em altura, mesmo quando os

trabalhadores usam os EPI’S, foi outro ponto visto na obra. Essa falta de atenção gera diversas

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vezes a queda de materiais ou ferramentas, expondo as pessoas próximas do local de trabalho

ao perigo de acidentes.

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

No desenvolvimento do estudo de caso realizado no canteiro de obras GamaGGiore,

da construtora Villela e Carvalho, observou-se que os técnicos de segurança do trabalho, bem

como os superiores responsáveis pela obra, fazem o possível para que seja implantada a NR –

35 Trabalho em Altura da forma mais direta e correta no canteiro de obras.

Todos os itens da norma regulamentadora foram aplicados no canteiro de obras, sendo

que alguns dos itens se difundiram de maneira mais individual e especifica - como no caso do

tópico “6.3. OBRIGAÇÃO DO TRABALHADOR”. Por sua vez, alguns outros itens da

norma foram discutidos em conjunto com outros tópicos, como foi o caso do tema

relacionado a treinamentos que foi exposto logo no início no tópico “6.1. Medidas iniciais

[...]”.

Ainda foi visto no estudo de caso que o canteiro de obras desenvolveu métodos

complementares que auxiliam no planejamento, organização e execução do trabalho em

altura, sendo os check-list realizados nos andaimes fixos e balancins de pessoal.

Hoje, dos 572 funcionários, cerca de 80% deles exercem ou exerceram alguma

atividade em altura e todos foram devidamente treinados, qualificados e certificados para

execução de qualquer trabalho em altura.

No entanto, apesar de todos os dos trabalhadores que desenvolvem o trabalho em

altura terem recebido treinamento adequado, existe um pequeno grupo que ainda se recusa a

utilizar os Equipamentos de Proteção Individual - EPI’S de maneira correta e executam de

forma imprudente os serviços em altura. Essa resistência é combatida no DDS - Diálogo

Diário de Segurança pelos técnicos de segurança do trabalho, que tenta mostrar, através de

depoimentos, vídeos e fotos de trabalhadores que sofreram acidentes em altura, a importância

dos mesmos realizarem os serviços em altura com segurança, tendo em vista que o canteiro de

obras oferece todas as condições de trabalho determinadas pela NR- 35 Trabalho em Altura

ao trabalhador.

Antes da implantação da norma, o canteiro de obras estudado apresentava um histórico

alto de acidentes de trabalho envolvendo atividades em altura, como foi mostrado no início do

estudo de caso. Depois da implantação da norma e de todos os treinamentos dados aos

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operários o número de acidentes diminuiu bastante, as lesões de nível 1 que antigamente

foram registradas dezessete, até a data desse estudo de caso foram encontradas nos registro

somente cinco e as lesões de nível 2 que tinham um registro de acidente, até a data desse

estudo de caso não ocorreu mais nenhuma. O relatório abaixo mostra de que forma ocorreram

esses acidentes e em qual período de tempo.

Concluindo essas deliberações fica exposta a ideia de um novo estudo de caso, agora

comparativo, entre dois canteiros de obras sobre a forma de implantar, executar e organizar as

atividades em altura dentro da NR- 35 Trabalho em Altura.

Figura 15 - Registro de lesão de nível 1.

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7. ABSTRACT

The monograph analyzes in the form of a case study, how it was organized, planned

and executed the implementation of NR - 35 Working at height on a construction site in the

Federal District. The problem of the case study to be investigated is if after the creation of

standard professionals responsible for spreading it on the construction site did it properly thus

facilitating the understanding of workers who develop some activity in height. This is all

because the higher order with the creation of this standard was decreased numbers of cases of

accidents involving workers falling from height.

Keywords: work at height, construction site, deployment, safety.

8. REFERÊNCIAS

ARRUDA, Diana. Implicações das alterações na NR 35 (trabalho em altura) na rotina

de um canteiro de obras situado no distrito federal – estudo de caso, GamaGGiore, 16

setembro.2013. Entrevista por Claudia de Oliveira Silveira.

MARCOS AMAZONAS. O EPI – Equipamento de Proteção Individual e seus

sistemas dentro da nova NR – 35 Trabalho em Altura. Disponível em:

<http://gravasom.com.br/noticias/o-epi-e-seus-sistemas-dentro-da-nova-nr-35-trabalho-em-

altura/>. Acesso em: 25 setembro 2013.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Manual de auxílio na interpretação e

aplicação da norma regulamentadora 35 trabalhos em altura – NR 35 Comentada. Disponível

em: <http://www.sfiec.org.br/palestras/saude/sst-4jornada/1NR35comentada.pdf>. Acesso

em: 09 setembro 2013.

ROSÂNGELA RIBEIRO GIL. NR - 35 para reduzir acidentes do trabalho em altura.

Disponível em: <http://www.seesp.org.br/site/imprensa/noticias>. Acesso em: 15 novembro

2013.

TRABALHO EM ALTURA. Resumos : NR-35. Brasília, 2012.