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Solidarity trial – WHO COVID-19
Princípios das Boas Práticas Clínicas (BPC) e
Principais responsabilidades dos investigadores no contexto do Ensaio de Solidariedade da OMS
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Objectivo da aprendizagem
O principal objectivo da aprendizagem deste curso de formação é que, no final do curso, os participantes possam:
Compreender o modo como devem cumprir os principais
requisitos das BPC, ao conduzirem o Ensaio de
Solidariedade da OMS contra a Covid-19
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Índice
▪ Princípios das BPC
▪ Papel e responsabilidades no local do ensaioQualificação
Protecção dos doentes
Conformidade
Documentação
▪ Conclusão
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Boas Práticas Clínicas (BPC)
Boas Práticas
Clínicas (BPC)
≠Boas Práticas
Médicas
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
BPC
2 princípios básicos das BPC :
Esta apresentação explica o que a equipe do
local do ensaio terá de fazer para cumprir estes 2
princípios do Ensaio de Solidariedade.
Proteção dos direitos, segurança e bem-estar dos
participantes no ensaio
Dados do ensaio clínico credíveis
1
2
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Papéis e responsabilidades da equipe do local do ensaio
4 principais
componentes
Qualificação
Proteção dos doentes
Conformidade
Documentação
Solidarity trial – WHO COVID-19
Qualificação
Solidarity trial – WHO COVID-19
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Qualificação do local do ensaio (recursos adequados)
Os requisitos do ensaio para os hospitais envolviam:
▪ Potencial para recrutar doentes▪ Ter profissionais suficientes e assegurar-se de que
todos eles têm formação adequada para o estudo▪ Ter disponibilidade de medicamentos para o
estudo▪ Ter os serviços adequados para
• Recrutamento (confirmação definitiva de COVID-19 e consentimento informado),
• Distribuição aleatória, • Cuidados médicos, • Gestão dos medicamentos do estudo, • Inserção dos dados do estudo na base de
dados electrónica, • Arquivo da documentação do estudo
▪ Todos os passos para estruturar o estudo e garantir os recursos adequados para conduzir o Ensaio de Solidariedade estão descritos no POP-1 e são da responsabilidade do médico-chefe de cada local
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Qualificação dos membros da equipe do local do ensaio
O médico-chefe de cada hospital terá de
▪ Selecionar uma equipe para o local do ensaio que tenha os necessários:
▪ Conhecimentos médicos/científicos
▪ Conhecimentos técnicos
▪ Garantir a formação da equipe do local do ensaio sobre o protocolo,
procedimentos e BPC
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Proteção dos doentes
Solidarity trial – WHO COVID-19
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Proteção dos doentes
Com base nos seguintes princípios fundamentais :
1. Aprovação do protocolo por uma comissão de ética independente
2. Consentimento informado do doente, antes de qualquer procedimento do estudo
3. Cuidados médicos
4. Notificação da segurança
5. Respeito pela confidencialidade dos dados do doente
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1. Aprovação do protocolo do Ensaio de Solidariedade por uma comissão de ética independente
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• Procedimento POP-1
Para o Ensaio de Solidariedade, dois
Representantes Nacionais têm a
responsabilidade de garantir a
aprovação pelas autoridades nacionais
relevantes e por comissões de ética (se
apropriado, CE nacionais e locais)
Solidarity trial – WHO COVID-19
2. I
Consentimento informado do doente
O doente tem de concordar (consentir) em participar no estudo
▪ Estando perfeitamente ciente dos principais aspectos do ensaio
▪ Tendo compreendido a informação que lhe foi dada
▪ Sem que o consentimento tenha sido coagido (através de influência indevida ou intimidação)
▪ Se o doente momentaneamente não tiver capacidade para concordar, o consentimento pode ser dado pelo familiar mais próximo, um parente ou um representante legal
Solidarity trial – WHO COVID-19
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Consentimento informado do doente - Processo
Como?
▪ O texto de informação aprovado pela CE deve ser lido pelo doente ou ao doente
▪ Deve haver um profissional de saúde disponível para responder a quaisquer perguntas que o doente possa ter sobre o ensaio
▪ É preciso dar tempo suficiente ao doente para que pense se quer participar ou não
▪ Ao responder às perguntas do doente, é importante lembrar:
▪ Nesta fase, não existem medicamentos de qualidade comprovada contra a Covid-19
▪ O doente não pode escolher o seu tratamento devido à distribuição aleatória dos medicamentos em investigação
▪ Em qualquer caso, todos os doentes receberão os cuidados padrão para a infecção pelo COVID-19 oferecidos no hospital, mas, dependendo da distribuição aleatória, poderá ou não ser adicionado um tratamento complementar
Procedimento POP-3
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Consentimento informado do doente - Processo
Procedimento POP-3
Quem é responsável por obter o consentimento informado?
▪ Profissional de saúde do local do ensaio com formação para o fazer
Quando ?
Antes de se executar qualquer procedimento do estudo (i.e., um procedimento que não seria executado, se o doente não estivesse a participar no estudo)
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Consentimento informado do doente - Documentação
▪ Assinatura da pessoa que informou o doente (“obteve o consentimento”)
▪ A cópia original do formulário assinado é entregue ao doente, sendo tirada uma fotografia pelo investigador, para documentar o processo
Procedimento POP-3
O consentimento informado é documentado por :
▪Assinatura do doente
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Consentimento informado do doente - Documentação
Se o doente não souber ler (indivíduo iletrado)
• Deve estar presente uma testemunha imparcial durante a leitura e discussão da informação
• A testemunha terá de assinar e datar o formulário de consentimento para atestar que
• a informação foi lida
• rigorosamente explicada
• compreendida pelo doente
• o consentimento foi livremente dado
• O doente deve colocar a sua impressão digital no formulário
Procedimento POP-3
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3. Cuidados médicos e relatório de segurança
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• Os membros da equipa do ensaio responsáveis terão de
• Assegurar cuidados médicos adequados para os doentes
• Assegurar a gestão adequada dos eventos adversos
• Documentar, tanto quanto possível, a razão para a suspensão
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Relatório de segurança – notificação de EAS
• Requisito das BPC
• Objetivo secundário do Ensaio de Solidariedade: identificar quaisquer
reações adversas sérias
Cada evento adverso deve ser caracterizado como
• Evento Adverso Sério ou não
• Causalmente relacionado com o tratamento ou não
A equipe do local do ensaio terá de determinar de quem é a
responsabilidade final dessa caracterização
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Relatório de segurança – SÉRIO vs GRAVE
Sério ≠ Grave
- Gravidade ou toxicidade refere-se à
intensidade de um evento (e.g. ligeiro,
moderado ou grave)
- A seriedade de um evento refere-se à
definição reguladora de Eventos Adversos
Sérios (EAS) e impõe procedimentos
especiais de notificação
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Relatório de segurança – Definição das BPC para EA e EAS
Um Evento Adverso (EA) é uma “ocorrência clínica negativa” (sinal, sintoma, resultado
laboratorial, doença desfavorável) num doente a quem foi administrado um produto
farmacêutico, quer haja relação com o produto ou não.
Um Evento Adverso Sério (EAS) é uma ocorrência médica negativa que, em qualquer
dose:
▪ Resulte em morte
▪ Constitua uma ameaça à vida
▪ Requeira a hospitalização do doente ou o prolongamento da hospitalização já em
curso
▪ Resulte em deficiência/incapacidade persistente ou significativa
▪ Seja uma anomalia/deficiência congénita
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Relatório de segurança – Avaliação da causalidade
A relação de causalidade entre o EAS e o medicamento do estudo tem de ser avaliada
As categorias variam conforme os protocolos (e.g., relacionado ou não relacionado, e.g.,
provavelmente relacionado/ possivelmente relacionado/ relação improvável/ não relacionado)
Os protocolos do Ensaio de Solidariedade requerem categorização entre os EAS relacionados e não
relacionados.
Os fatores a considerar para determinar a relação de causalidade são:
▪ Relação temporal entre o medicamento do estudo e o EA
▪ Suspensão e readministração
▪ Plausibilidade biológica da relação
▪ Estado clínico subjacente do doente
▪ Efeitos secundários conhecidos dos agentes/tratamentos concomitantes que o doente esteja a
receber
Um EAS relacionado com o medicamento é designado de Reacção Adversa Séria ao Medicamento
(RASM)
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Relatório de segurança - Procedimento
Procedimento POP-9
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Relatório de segurança – RASM suspeitas inesperadas
Com base nos EAS notificados pela equipa do local do ensaio como causados pelos medicamentos do
estudo, i.e., RASM, o PATROCINADOR DO PAÍS decidirá se a RASM é uma RASSI
Uma Reacção Adversa Séria Suspeita Inesperada (RASSI) é uma RASM considerada “inesperada
porque a sua natureza ou gravidade não é consistente com a informação aplicável sobre o produto“
Todas as RASSI serão notificadas pelo patrocinador do país a:
- Conselho Mundial de Monitorização da Segurança dos Dados,
- Agência Reguladora Nacional apropriada e
- Comissão de Revisão Ética local
dentro de 24 horas
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4. Confidencialidade
▪A confidencialidade da participação e dos dados do doente terá de ser garantida:
▪Na base de dados Castor da OMS, os doentes são identificados por um ID do doente, não pelo seu nome, e o acesso à base de dados Castor da OMS está protegido por uma palavra-passe
▪Deverá ser gerado um “registo de rastreio e inscrição”, que deverá ser guardado para relacionar um doente com a respectiva ID
▪Os documentos do estudo terão de ser guardados num local protegido e seguro
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Conformidade
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Conformidade
1. Seleção e recrutamento dos participantes no estudo
2. Consentimento informado
3. Conformidade com todos os procedimentos do
protocolo
4. Procedimentos de distribuição aleatória
5. Prestação de cuidados médicos aos participantes no
ensaio
6. Relatório de segurança
7. Introdução de dados no website da base de dados
Castor da OMS
8. Armazenamento, dispensa, administração e
responsabilidade pelos medicamentos do estudo
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Documentação
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Documentação: Website da base de dados Castor da OMS (e-CRF)
A equipe do local do ensaio
terá de guardar todos os
registos padrão do hospital
sobre os doentes e outros
registos do ensaio num local
seguro
No Ensaio de Solidariedade, é usado um CRF acessível no website COVIDcore para recolher dados em:
- Inscrição do doente- Alta do doente
Os dados introduzidos terão de ser consistentes com os constantes nos registos do hospital (fontes documentais)O médico-chefe deve determinar quem está autorizado aintroduzir dados no website
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Documentação: controlo da qualidade
De acordo com as BPC, devem ser feitas visitas de monitorização ao local para verificar se o e estudo está a ser conduzido em conformidade com o protocolo e os requisitos das BPC.
No Ensaio de Solidariedade, a monitorização externa terá de ser evitada, em parte para limitar a propagação do vírus
No entanto, o médico-chefe da equipa do local do ensaio pode implementar um determinado grau de monitorização interna, para verificar alguns elementos importantes, como :
1. A conformidade com o processo de consentimento informado2. A exatidão da principal informação introduzida na base de dados Castor da OMS, i.e.,o
tipo de tratamento e a situação na alta
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Documentação: retenção dos registos requerida pelas BPC
1. Selecção dos participantes e registo da inscrição
2. Identificação dos participantes inscritos
(“registo de selecção e inscrição”)
3. Consentimento informado assinado e respectivos documentos
4. Comunicações e aprovações da CE
5. Gestão e responsabilidade pelos produtos
6. Registos sobre a formação da equipa do ensaio e
responsabilidades atribuídas
Para o Ensaio de Solidariedade estes elementos devem ser guardados
durante, pelo menos, 5 anos depois da conclusão do estudo ou, pelo
menos, 5 anos depois da aprovação ou rejeição da candidatura de
introdução no mercado do medicamento para a COVID-19
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Conclusão
Os membros da equipa do local do
ensaio são os principais responsáveis
por garantir:
▪ O bem-estar, segurança e
protecção dos direitos dos
indivíduos envolvidos no RCT
▪ A credibilidade dos dados
Estes são os 2 princípios das BPC
Solidarity trial – WHO COVID-19 Solidarity trial – WHO COVID-19
Para saber mais e consultar referências
▪ Formação sobre BPC online em https://globalhealthtrainingcentre.tghn.org/elearning/education/elearning-
courses/introduction-to-investigators-responsibilities-with-good-clinical-practice/3923/
▪ Conferência Internacional sobre Harmonização (ICH) (www.ich.org)
• E2A: Gestão clínica dos dados de segurança
• E6: Orientações para as Boas Práticas Clínicas
▪ Declaração de Helsínquia da AMM – princípios de ética para a investigação clínica envolvendo seres humanos
https://www.wma.net/policies-post/wma-declaration-of-helsinki-ethical-principles-for-medical-research-involving-
human-subjects/
▪ Ensaio de solidariedade em emergências de saúde pública (OMS)
• Protocolo central para a COVID-19 “ensaio aleatório internacional de tratamentos adicionais para a COVID-
19 em doentes hospitalizados submetidos ao padrão de cuidados local” (Versão 10.0, 22 de Março de 2020)
• Procedimentos Operacionais Padrão e Apêndices (Versão 10.0, 22 de Março de 2020)