princípio da força obrigatória e outros assuntos - 3

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parte 3 sobre direitos na venda e compra de imóveis

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    Algumas restries ao princpio da fora obrigatria dos contratos no compromisso de compra e venda de imvelAlgumas restries ao princpio da fora obrigatria dos contratos no compromisso de compra e venda de imvel

    Sidney Campos Gomes (http://jus.com.br/952457-sidney-campos-gomes/publicacoes)

    Publicado em 12/2000. Elaborado em 11/1999.

    Assuntos: Direito das Obrigaes e Contratos (http://jus.com.br/artigos/direito-das-obrigacoes-e-contratos) Compra e venda (http://jus.com.br/artigos/compra-e-venda) Promessa (http://jus.com.br/artigos/promessa)

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  • 3 ALGUMAS RESTRIES AO PRINCPIO DA FORA OBRIGATRIA DOS CONTRATOS NA PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMVEL.O princpio da fora obrigatria dos contratos, como j foi visto, aquele que o contrato uma vez celebrado preenchendo todos os pressupostos de validade e eficcia, faz lei entre as partes, devendo ser fielmente cumprido. Desse modo, as clusulas contratuais estipuladas no podem ser modificadas unilateralmente e nem mesmo judicialmente.

    Porm, no Direito atual esse princpio, embora tido como regra no absoluto, pois possui algumas atenuaes tornando-o relativo. Destarte, o contrato pode ser modificado em virtude de deciso recproca das partes, por caso fortuito e fora maior, e por reviso judicial, hoje com aceitao crescente pela doutrina e pelos tribunais.

    3.1 Caso fortuito e fora maior.

    Conforme ensinamentos de Antnio Jos de Souza Levenhagen (Cdigo civil: comentrios didticos: direito das obrigaes, arts. 863 a 1.187. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1995. p. 171), a responsabilidade baseada na culpa oriunda da inexecuo total ou parcial das obrigaes, poder deixar de existir na ocorrncia de um fato poderoso e cujo acontecimento seja alheio vontade do devedor, que, destarte, lhe exclua qualquer culpa. Este fato o que em direito vem a chamar-se de caso fortuito ou fora maior.

    O Cdigo Civil Brasileiro conceitua caso fortuito e fora maior no art. 1.058, "in verbis": "Art. 1.058, Pargrafo nico, CC. O caso fortuito, ou de fora maior, verifica-se no fato necessrio, cujos efeitos no era possvel evitar, ou impedir".

    H grande confuso doutrinria quanto a distino do caso fortuito e fora maior. Alguns entendem que o caso fortuito se baseia na imprevisibilidade, sendo um fato humano, enquanto que a fora maior se assenta na irresistibilidade, sendo um fato natural.

    A prpria legislao no artigo 1.058 d o mesmo efeito e conseqncia para ambas as situaes, o que levou Arnoldo Wald (op. cit. p. 141), a obter a seguinte concluso : "Assim a doutrina brasileira dominante considera como sinnimos perfeitos o caso fortuito e a fora maior, equiparados pela lei".

    O que se deve levar em considerao que a definio trazida pelo Cdigo abrange, conforme orientaes do supracitado autor (op. cit. p. 140), "tanto os fatos naturais (incndio, inundao), como os fatos de terceiros ou do poder pblico (guerra, ato do governo), desde que caracterizados pela inevitabilidade e irresistibilidade".

    No campo da responsabilidade as conseqncias oriundas desses acontecimentos so as mesmas, de acordo com disposio do art. 1058, caput, do mesmo diploma, "in verbis":

    "Art. 1.058. O devedor no responde pelos prejuzos resultantes de caso fortuito, ou fora maior, se expressamente no se houver por eles responsabilizado, exceto nos casos dos arts. 955, 956 e 957".

    A realidade mostra-se no sentido de que, no campo terico, existem diferenas entre ambos, mas, no campo prtico, nenhuma utilidade teria visto que o prprio Cdigo as toma como sinnimos. Ambos levam excluso da responsabilidade do devedor que, para ocorrer, conforme ensinamentos de Antnio Jos de Souza Levenhagen (op. cit. p. 172), reclama os seguintes elementos indispensveis :

    "1.) Fato necessrio, ou seja, um fato estranho ao devedor e que no lhe pode ser imputado. Se o devedor teve participao na realizao desse fato, o acontecimento em nada lhe aproveitar, continuando, portanto, responsvel pela obrigao. 2.) Impossibilidade de evitar ou impedir os efeitos do fato, do que redundou tornar-se impossvel o cumprimento da obrigao".

    O dispositivo legal acima mencionado no admite a irresponsabilidade do devedor se este expressamente responsabilizou-se por atos/fatos decorrentes de caso fortuito ou fora maior. Destarte, na hiptese de vir a acontecer algum desses excludentes de responsabilidade, nenhuma iseno ter o devedor, salvo se tais fatos atingirem interesses de ordem pblica. Traz ainda ressalva na parte final referindo-se aos artigos 955, 956 e 957, CC, em que no se admite a excluso da responsabilidade do devedor na ocorrncia de caso fortuito e fora maior, havendo ou no clusula expressa, se tais fatos acontecerem estando ele em mora, exceto se provar que no concorreu para o atraso da prestao, ou que o dano ocorreria mesmo com o adimplemento.

    Deste modo, ocorrendo durante o perodo contratual caso fortuito ou fora maior tornando as obrigaes (prestaes) impossveis de serem cumpridas, a parte lesada poder pleitear a resoluo do contrato baseada na inexecuo involuntria, o que recolocar as partes, em regra, na mesma situao que antes do negcio jurdico se encontravam ("statu quo ante"), isentas do pagamento da indenizao por perdas e danos. Entretanto, conforme assegura Orlando Gomes (op. cit. p. 177), para que esta resoluo ocorra dever ser a impossibilidade superveniente, objetiva, total e definitiva. Superveniente, porque deve ocorrer aps o contrato firmado. Objetiva ou absoluta porque tem que dar-se para todos os homens, pois se disser respeito s prpria pessoa do devedor, ou seja , de forma relativa, no pode ser considerada como involuntria. Total, pois se ocorrer de maneira parcial presume-se que o credor ainda tem interesse em prosseguir com a avena. Enfim, a impossibilidade deve ser definitiva, com um lapso de tempo to grande que acarrete desinteresse ao credor em continuar com a execuo do contrato.

    Para que ocorra a extino do contrato pela resoluo, assim leciona Orlando Gomes (op. cit. p. 179):

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  • "A resoluo opera-se, nesse caso, de pleno direito, como na hiptese da clusula resolutiva expressa. Desnecessrio, portanto, requer-la ao juiz. Cabe a interveno judicial para compelir o contratante a restituir o que recebeu, ou mesmo, para lhe ser reconhecido o direito de recusar a contraprestao. Sustenta-se, entretanto, que ainda nesse caso a resoluo deve ser judicialmente decretada".

    3.2 Reviso judicial dos contratos.

    A reviso judicial dos contratos a termo ou de trato sucessivo, advinda da clusula rebus sic stantibus, hoje denominada teoria da impreviso, de acordo com o pensamento do mestre Antnio Campos Ribeiro (Teoria da Impreviso, Cursos Jurdicos em Vdeo, (fita de vdeo). TELE-JUR. Rio de Janeiro, 1 fita, 117:00 min, col, sonorizado, 8 mm, VHS), teve sua origem histrica por volta dos sculos XII e XIII, sendo uma criao do Direito Natural, introduzida no Direito Cannico por doutores da igreja, dentre os quais podemos citar, Graciano, Bartolomeu e Santo Toms de Aquino (para que as partes continuem obrigadas ao que prometeram, necessrio se faz que as circunstncia continuem as mesmas). Com ampla divulgao entre os sculos XIV e XVI, atingiu seu apogeu no sc. XVIII.

    Os princpios dominantes naquela poca que, uma vez presentes, permitiriam a reviso dos referidos contratos podiam ser enumerados da seguinte forma:

    1) Que tivesse ocorrido alterao grave no contedo do contrato, que no se fazia presente a quando da estipulao;

    2) Que esses fatos fossem imprevisveis na hora da celebrao do contrato;

    3) A no aceitao pelo devedor ou por outra pessoa, se este pudesse prever que aquela circunstncia aconteceria posteriormente, e que viria a tornar-se excessivamente onerosa a prestao, impossibilitando-o de adimpl-la.

    Almejava-se o justo exteriorizado pelo equilbrio que deve deter as pessoas que contratam. Destarte, as vantagens, lucros, prerrogativas, direitos, no podem ultrapassar o limite do razovel, seno levaria injustia. Combatia-se, deste modo, o enriquecimento ilcito de uma parte e o conseqente empobrecimento desmotivado, injustificado da outra.

    Mas a doutrina da clusula rebus sic stantibus perdeu sua prevalncia nos fins do sc. XVIII e incio do sc. XIX, mais precisamente com o Cdigo de Napoleo que silenciou-se a respeito, adotando, expressamente, a irretratabilidade dos contratos como regra. Fundamentou-se esta em decorrncia da transformao econmica e poltica que sofreu a Europa com a Revoluo Francesa, devido aos seus princpios de liberdade, fraternidade e igualdade. Este ltimo, alis, deu origem autonomia da vontade, dando impulso ao liberalismo econmico do no intervencionismo estatal.

    Pelo princpio da igualdade as partes so iguais perante a lei e no momento da celebrao do contrato podiam discutir as clusulas, exceto as que tratassem de alteraes unilaterais posteriores. Esta igualdade considerada pelo mesmo autor como "utpica", pois d ensejo ao princpio da autonomia da vontade em que as partes contratam livremente, e por isso tm o dever de cumprir o que estipularam, sob pena de execuo patrimonial forada.

    Conforme ensinamentos de Cludia Lima Marques (op. cit. p. 54-55), antigamente, diante as concepes do Estado liberal, mantinha-se uma separao quase que absoluta entre o Estado e a sociedade. No era permitido a interveno estatal nas estipulaes obrigacionais entre particulares, exercendo-se ao mximo a autonomia da vontade. Deste modo, o juiz no tinha o poder de controlar o contedo do contrato, a justeza e o equilbrio das obrigaes assumidas. Da se teve a explorao dos menos favorecidos economicamente, pois mesmo ocorrendo fatos posteriores ao contrato que pudessem alterar-lhe a sua essncia, de maneira a acarretar enriquecimento indevido para um e a excessiva misria para o outro, jamais, pelo princpio da autonomia da vontade, se admitia a alterao do contrato, ainda que esses fatos fossem imprevisveis, inevitveis e irresistveis.

    Com a ecloso da 1. Guerra Mundial, o princpio da autonomia da vontade teve sua decadncia, pois todas as obrigaes contratadas no incio ou durante este episdio tornaram-se impossveis de ser cumpridas em face das alteraes advindas.

    Da lembrou-se dos princpios dos doutores da igreja, pois pensou-se naqueles que, alm de muito atingidos pela guerra, em face de nova execuo do contrato, poderiam perder o resto que tinham.

    Ento comearam a surgir leis que significam o retorno da clusula rebus sic stantibus, mas agora chamada de teoria da impreviso, que tratou da imprevisibilidade dessas circunstncias que levariam reviso judicial do contrato pela autoridade competente, tendo no Brasil seu efeito a partir do ano de 1932.

    Assim, uma nova concepo foi dada ao contrato pela supremacia de sua funo social, e ento, a partir da, o Estado comea a intervir neste instrumento, pelos motivos que leciona lvaro Henrique Teixeira de Almeida (COAD. Selees Jurdicas. Outubro 1999. p. 11):

    "Com efeito, o culto pela liberdade desenfreada estava levando a conseqncias desastrosas, eis que outros valores humanos, to fundamentais quanto a prpria liberdade que se cultuava, estavam sendo subestimados".

    No direito atual, embora o princpio da fora obrigatria dos contratos seja a regra em virtude da segurana que as partes possuem e buscam no contrato, existem atenuaes defendidas pela doutrina e tribunais, em face do dirigismo contratual, convertendo-se em restries promovidas atravs da teoria da impreviso, cuja expresso mais conhecida no mundo jurdico a clusula rebus sic stantibus ("estando as coisas assim" ou "enquanto as coisas esto assim"), derivada da frmula contractus qui habent tractum sucessivum et dependentium de futuro rebus sic stantibus intelliguntur. ("os contratos que tm trato sucessivo e dependem do futuro devem permanecer na mesma situao em que foram celebrados").

    Esta teoria impondo restries ao princpio da fora obrigatria dos contratos d ao juiz o poder de reviso de tais avenas, na ocorrncia de fatos supervenientes, excepcionais e extraordinrios, que acarretem onerosidade excessiva para um dos contratantes e o conseqente enriquecimento ilcito do outro, causando assim insuportvel desigualdade entre as partes.

    Com relao a ocorrncia de tais fatos influindo nos efeitos dos contratos, assim assevera Lus Alberto de Carvalho Fernandes (apud lvaro Henrique Teixeira de Almeida. op. cit. p. 13):

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  • "(...) freqentemente, na vida do direito, celebram-se contratos que no se destinam a produzir efeitos desde o momento da sua perfeio, ou que se traduzem numa srie de prestaes que se prolongam no tempo. Ora, pode suceder que fatos posteriores celebrao de contratos desse tipo, e imprevisveis nesta data, venham alterar profundamente as circunstncias em que as partes basearam a regulamentao dos seus interesses, de tal modo que se subverta completamente a economia do contrato, e tornando as prestaes de uma das partes muito mais difceis ou onerosas de cumprir do que se poderia deduzir da vontade consubstanciada no contrato".

    Para que ocorra a possibilidade de reviso contratual pela autoridade judicial, nessas circunstncias, introjetando-se alterao do contedo da avena com a finalidade de restabelecer o equilbrio entre as partes contratantes, necessrio a presena de certos requisitos que assim so enumerados por Arnoldo Medeiros da Fonseca (apud Rogrio Ferraz Donnini. A Reviso dos Contratos no Cdigo Civil e no Cdigo de Defesa do Consumidor. So Paulo: Saraiva, 1999. p. 61):

    "a) alterao radical no ambiente objetivo existente ao tempo da formao do contrato, decorrente de circunstncias imprevistas e imprevisveis; b) onerosidade excessiva para o devedor e no compensada por outras vantagens auferidas anteriormente, ou ainda esperveis, diante dos termos do ajuste; c) enriquecimento inesperado e injusto para o credor, como conseqncia direta da supervenincia imprevista".

    Alm desses requisitos, outros so considerados pela doutrina como indispensveis caracterizao da teoria da impreviso, quais sejam:

    1) a no execuo integral do contrato, ou seja, necessrio que pelo menos uma prestao deva estar pendente;

    2) a inexistncia de mora antes do acontecimento, pois entende-se que o credor no pode ter prejuzo em decorrncia da mora do devedor.

    importante ressaltar que o objetivo combater o excesso causador do desequilbrio, conforme pronuncia Antnio Campos Ribeiro (op. cit.):

    "No se condena o ganho, mas se condena o ganho excessivo;

    No se condena o lucro, mas se condena o lucro excessivo;

    No se condena que uma das partes tenha o poder de exigir, mas que esse poder de exigir no se transforme em arbtrio;

    No se est condenando que uma das partes tenha vantagem, mas que essa vantagem seja onerosa demais para o outro;

    No se admite que uma das partes no tenha o nus, mas que esse nus no seja excessivo que leve a miserabilidade".

    Havendo grave desequilbrio, surge a possibilidade ao Poder Judicirio de readequar o vnculo contratual, restabelecendo o equilbrio inicial.

    Apesar do Cdigo Civil Brasileiro no ter consagrado de modo expresso que as partes possam recusar-se ao cumprimento da prestao/obrigao na supervenincia dos fatos e das condies aludidas, muito se discutiu sobre a possibilidade de aplicao ou no da teoria da impreviso, surgindo assim posicionamentos divergentes.

    A corrente que no adota a teoria da impreviso baseia-se na ausncia de norma expressa criada pelo legislador; enquanto a outra corrente que a admite, hoje possui prevalncia, fundando-se na nova concepo do contrato, na sua funo social e na adoo pela melhor doutrina e jurisprudncia da clausula rebus sic stantibus, desde que presentes as condies indicadas.

    Muitos autores reconhecem que o Cdigo Civil Brasileiro contm resqucios da teoria da impreviso, demonstrando assim, a recepo da exceo pelo direito brasileiro. Os suportes invocados e freqentemente considerados como consagradores da recepo da referida teoria pela doutrina so os arts. 82, 762 I e II, 1.058, 1.091, 1.131, 1.205, 1.250 e 1.499 do Cdigo Civil.

    Adotando a teoria que impede e exclui a onerosidade excessiva, o Cdigo de defesa do Consumidor admitiu expressamente a reviso judicial dos contratos nos arts. 6., V e 51. Estabeleceu este diploma legal como direito bsico do consumidor a modificao das clusulas contratuais que estabeleam prestaes desproporcionais ou sua reviso em face de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas, afastando assim qualquer dvida quanto a sua aplicao no direito brasileiro, pelo menos no mbito do mencionado Cdigo.

    Por derradeiro, acompanhando a evoluo da legislao mais avanada, o direito brasileiro est prximo a aumentar a quantidade de pases que adotam o sistema revisionista, visto que hoje tramita no Congresso Nacional o Anteprojeto do novo Cdigo Civil, revisado por Miguel Reale, que prev a possibilidade de modificao ou resoluo do contrato por onerosidade excessiva das prestaes assumidas, conforme disposio dos arts. 478 a 480, "in verbis":

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  • "Art. 478. Nos contratos de execuo continuada ou diferida, se a prestao de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para outra, em virtude de acontecimentos extraordinrios e imprevisveis, poder o devedor pedir a resoluo do contrato. Os efeitos da sentena que a decretar retroagiro data da citao".

    "Art. 479. A resoluo poder ser evitada, oferecendo-se o ru a modificar eqitativamente as condies do contrato".

    "Art. 480. Se no contrato as obrigaes couberem a apenas uma das partes, poder ela pleitear que sua prestao seja reduzida, ou alterado o modo de execut-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva".

    Deste modo, com a reviso judicial advinda da teoria da impreviso (clusula rebus sic stantibus), se estar protegendo mais amplamente a paz nas relaes sociais promovendo o bem comum por meio do equilbrio contratual, mantendo a igualdade entre as partes com a percepo e convico de que o interesse particular no predominar sobre o social.

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