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Principais modelos Principais modelos interpretativos interpretativos para a Bioética para a Bioética L-19 L-19 Facoltà di Scienze della Formação Facoltà di Scienze della Formação Università degli Studi di Macerata Università degli Studi di Macerata a.a. 2010-11 a.a. 2010-11 Prof. Maurizio Calipari

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Page 1: Principais modelos interpretativos para a Bioética L-19 Facoltà di Scienze della Formação Università degli Studi di Macerata a.a. 2010-11 Prof. Maurizio

Principais modelos Principais modelos interpretativos interpretativos para a Bioéticapara a Bioética

Principais modelos Principais modelos interpretativos interpretativos para a Bioéticapara a Bioética

L-19L-19Facoltà di Scienze della FormaçãoFacoltà di Scienze della FormaçãoUniversità degli Studi di MacerataUniversità degli Studi di Macerata

a.a. 2010-11a.a. 2010-11

Prof. Maurizio Calipari

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Modelos bioéticos Modelos bioéticos (1)(1)Modelos bioéticos Modelos bioéticos (1)(1)

unânime reconhecimento da unânime reconhecimento da necessidade de pôr a questão necessidade de pôr a questão ética em relação às ciências da ética em relação às ciências da vidavida

panorama diversificado de panorama diversificado de modelos éticos de referência e de modelos éticos de referência e de teorias sobre a fundação do juízo teorias sobre a fundação do juízo ético (“politeísmo ético”)ético (“politeísmo ético”)

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O “PLURALISMO” EM BIOÉTICA: O “PLURALISMO” EM BIOÉTICA: reconhecimento ou ponto de reconhecimento ou ponto de partida?partida?

O “PLURALISMO” EM BIOÉTICA: O “PLURALISMO” EM BIOÉTICA: reconhecimento ou ponto de reconhecimento ou ponto de partida?partida?

Em bioética se Em bioética se deveria estabelecer deveria estabelecer somente regras somente regras formais baseadas formais baseadas sobre o sobre o princípio de princípio de tolerânciatolerância de de qualquer que seja a qualquer que seja a ética e em união ética e em união com o com o princípio de princípio de “ausência de dano “ausência de dano relevante”relevante”

((U. ScarpelliU. Scarpelli))

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O “PLURALISMO” em bioética: O “PLURALISMO” em bioética: reconhecimento ou ponto de reconhecimento ou ponto de partida?partida?

O “PLURALISMO” em bioética: O “PLURALISMO” em bioética: reconhecimento ou ponto de reconhecimento ou ponto de partida?partida?

((E. Sgreccia, L. Palazzani)E. Sgreccia, L. Palazzani)

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11aa DEFINIÇÃO DE bioética DEFINIÇÃO DE bioética

(Encyclopedia of Bioethics, 1978)

«ESTUDO SISTEMÁTICO DA CONDUTA «ESTUDO SISTEMÁTICO DA CONDUTA

HUMANA NO ÂMBITO DAS CIÊNCIAS HUMANA NO ÂMBITO DAS CIÊNCIAS

DA VIDA E DA SAÚDE EXAMINADA À DA VIDA E DA SAÚDE EXAMINADA À

LUZ DE LUZ DE VALORESVALORES E E DE DE PRINCÍPIOS PRINCÍPIOS

MORAISMORAIS » »

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The Belmont ReportThe Belmont ReportPrincípios éticos e linhas Princípios éticos e linhas

mestres para a proteção do mestres para a proteção do sujeitos humanos da pesquisasujeitos humanos da pesquisa

The Belmont ReportThe Belmont ReportPrincípios éticos e linhas Princípios éticos e linhas

mestres para a proteção do mestres para a proteção do sujeitos humanos da pesquisasujeitos humanos da pesquisa

Comissão Nacional para a proteção dos sujeitos humanos da pesquisa biomédica e comportamental

2 Julho 1974 - 18 abril 19792 Julho 1974 - 18 abril 1979

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Tarefas da Comissão Tarefas da Comissão “Belmont”“Belmont”

1)1) Identificar alguns princípios éticos Identificar alguns princípios éticos fundamentais na base da fundamentais na base da condução de experiências sobre o condução de experiências sobre o homemhomem

2)2) Desenvolver as linhas para Desenvolver as linhas para assegurar que a experiência seja assegurar que a experiência seja conduzida em acordo com tais conduzida em acordo com tais princípiosprincípios

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Puntos considerados pela Comissão Puntos considerados pela Comissão BelmontBelmont

i)i) Limites entre a experiência e a prática Limites entre a experiência e a prática médica rotineiramédica rotineira

ii)ii) Valoração dos riscos/benefícios para a Valoração dos riscos/benefícios para a ética da experiênciaética da experiência

iii)iii) As linhas guias para selecionar os As linhas guias para selecionar os sujeitos humanos participantes da sujeitos humanos participantes da experiênciaexperiência

iv)iv) Natureza e definição do consenso Natureza e definição do consenso informado nos vários contestos da informado nos vários contestos da experiênciaexperiência

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A Gênese do PrincipialismoA Gênese do PrincipialismoA Gênese do PrincipialismoA Gênese do Principialismo

A proposta da Comissão Belmont em A proposta da Comissão Belmont em relação ao problema da experiência relação ao problema da experiência sobre o homem (1974-1978)sobre o homem (1974-1978)

Três princípios fundamentais:Três princípios fundamentais:

Respect for personRespect for person

BeneficenceBeneficence

JusticeJustice

Sem qualquer pretensão fundante, mas apenas para pôr em acordo os Sem qualquer pretensão fundante, mas apenas para pôr em acordo os Comitês ÉticosComitês Éticos

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A Gênese do PrincipialismoA Gênese do PrincipialismoA Gênese do PrincipialismoA Gênese do Principialismo

A obra de A obra de T.L. Beauchamp T.L. Beauchamp ee J.F. Childress J.F. Childress: :

- da experiência à toda a área da biomedicina; - da experiência à toda a área da biomedicina;

- justificação dos princípios ainda que partindo - justificação dos princípios ainda que partindo das teorias éticas que contrastam entre si:das teorias éticas que contrastam entre si:

– Ausência de normas intrínsecas na prática médica Ausência de normas intrínsecas na prática médica que guiem à melhor escolhaque guiem à melhor escolha

– Princípios aceitos pela diversidade de teorias Princípios aceitos pela diversidade de teorias ((overlapping consensusoverlapping consensus))

– bastava aplicar às situações concretas tais princípiosbastava aplicar às situações concretas tais princípios

O aspecto da simplicidade se tornará o motivo O aspecto da simplicidade se tornará o motivo principal do sucessoprincipal do sucesso

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O PRINCÍPIO DE O PRINCÍPIO DE AUTONOMIA. IAUTONOMIA. IO PRINCÍPIO DE O PRINCÍPIO DE AUTONOMIA. IAUTONOMIA. I

Contraposto ao "paternalismo"Contraposto ao "paternalismo" Respeito às opções pessoais, preferências, Respeito às opções pessoais, preferências,

liberdade de escolhaliberdade de escolha Requisitos: Requisitos: intençãointenção

conhecimento/informaçãoconhecimento/informação ação coerenteação coerente

Aplicação: Aplicação: segredosegredoconsentimento informadoconsentimento informadoverdadeverdaderefutação das curasrefutação das curasabortoabortoliving will etc.living will etc.

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O PRINCÍPIO DE AUTONOMIA. O PRINCÍPIO DE AUTONOMIA. IIIIO PRINCÍPIO DE AUTONOMIA. O PRINCÍPIO DE AUTONOMIA. IIII

Conflito: Conflito:

peso moral dos critérios médicos vs. peso moral dos critérios médicos vs. peso real subjetivo do paciente a peso real subjetivo do paciente a respeito do ônus/benefícios para sirespeito do ônus/benefícios para si

Limitação: Limitação:

– saúde públicasaúde pública– Custos elevadosCustos elevados– Incapacidade legal/física/mentalIncapacidade legal/física/mental– autonomia do médico/outrosautonomia do médico/outros

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O PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/O PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/NÃO MALEFICENCIA. INÃO MALEFICENCIA. IO PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/O PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/NÃO MALEFICENCIA. INÃO MALEFICENCIA. I

O médico teria como objetivo "essencial“ O médico teria como objetivo "essencial“ o melhor interesse do paciente. Portanto, o melhor interesse do paciente. Portanto, é autorizado a tratar o paciente:é autorizado a tratar o paciente:– Ainda que sem a informação/consentimentoAinda que sem a informação/consentimento– Ainda que escondendo ou manipulando a verdadeAinda que escondendo ou manipulando a verdade

Elementos implícitos no princípio:Elementos implícitos no princípio:– não inflingir algum mal ou dano (não inflingir algum mal ou dano (primum não primum não

nocerenocere))– prevenir o mal ou o danoprevenir o mal ou o dano– Remover o mal ou danoRemover o mal ou dano– Promover o bem do pacientePromover o bem do paciente

Justificado da realidade da doença e da Justificado da realidade da doença e da incapacidade de autonomia do enfermoincapacidade de autonomia do enfermo

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O PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/O PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/NÃO MALEFICENCIA. IINÃO MALEFICENCIA. IIO PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/O PRINCÍPIO DE BENEFICÊNCIA/NÃO MALEFICENCIA. IINÃO MALEFICENCIA. II

Risco de degenerar no Risco de degenerar no "paternalismo""paternalismo"

Conflitos:Conflitos:– Remoção de órgãos de alguém ainda Remoção de órgãos de alguém ainda

vivovivo– Experimentação não terapêuticaExperimentação não terapêutica– Intervenções em mulheres grávidas Intervenções em mulheres grávidas

para o bem do fetopara o bem do feto– richiesta di eutanasia, suicidio assistitorichiesta di eutanasia, suicidio assistito

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O PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. IO PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. IO PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. IO PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. I

Identidade dúbia: derivação ora da Identidade dúbia: derivação ora da beneficência, ora da autonomiabeneficência, ora da autonomia

Equidade social e solidariedade inter-humana Equidade social e solidariedade inter-humana na distribuição dos na distribuição dos oneraonera..

Casos semelhantes devem ser tratados de Casos semelhantes devem ser tratados de modo semelhantemodo semelhante

Valor social da ação singular: equidade no Valor social da ação singular: equidade no distribuir benefícios e desvantagens distribuir benefícios e desvantagens provenientes de uma ação individualprovenientes de uma ação individual

Igual possibilidade de acesso aos bens (curas)Igual possibilidade de acesso aos bens (curas)

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O PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. IIO PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. IIO PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. IIO PRINCÍPIO DE JUSTIÇA. II

Limites/conflitos:Limites/conflitos:

– Direito a quantas/quais curas?Direito a quantas/quais curas?

– Qual seria o mínimo decente?Qual seria o mínimo decente?

– Quais prioridades para recursos limitados?Quais prioridades para recursos limitados?

– seleção dos recebedores nos transplantesseleção dos recebedores nos transplantes

– única incubadora para dois neonatos única incubadora para dois neonatos prematuros, um respirador para duas urgênciasprematuros, um respirador para duas urgências

– Doenças determinadas a partidas da própria Doenças determinadas a partidas da própria escolha de vidaescolha de vida

– Fármacos/remédios ou terapias salva-vidas Fármacos/remédios ou terapias salva-vidas para poucas pessoaspara poucas pessoas

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PRINCÍPIOS E DEVERESPRINCÍPIOS E DEVERESPRINCÍPIOS E DEVERESPRINCÍPIOS E DEVERES

Todos estes princípios recordam:Todos estes princípios recordam:

DEVERES DEVERES PRIMA FACIE,PRIMA FACIE, isto é, deveres vinculantes isto é, deveres vinculantes em todas as ocasiões, a menos que estes não em todas as ocasiões, a menos que estes não estejam em conflitos com deveres iguais ou estejam em conflitos com deveres iguais ou mais fortes (mas com base em que coisa se mais fortes (mas com base em que coisa se chamam “mais fortes”?!)chamam “mais fortes”?!)

Enquanto que osEnquanto que os

DEVERES ATUAIS são os deveres a serem DEVERES ATUAIS são os deveres a serem cumpridos na situação concreta, os quais vem cumpridos na situação concreta, os quais vem determinados a partir do exame do peso diverso determinados a partir do exame do peso diverso que, na situação concreta, têm os deveres que, na situação concreta, têm os deveres prima facieprima facie implicados implicados

Portanto, NÃO DEVERES ABSOLUTOS!Portanto, NÃO DEVERES ABSOLUTOS!

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A “PESAGEM” DOS PRINCÍPIOSA “PESAGEM” DOS PRINCÍPIOSA “PESAGEM” DOS PRINCÍPIOSA “PESAGEM” DOS PRINCÍPIOS

Qual princípio terá a preminência dependerá do contexto que possui sempre características únicas (intuicionismo-pesagem)

DECISION-MAKING

autonomia beneficência

justiça

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JUSTIFICATIVA PARA AGIRJUSTIFICATIVA PARA AGIR CONTRA UM DEVER CONTRA UM DEVER PRIMA FACIEPRIMA FACIEJUSTIFICATIVA PARA AGIRJUSTIFICATIVA PARA AGIR CONTRA UM DEVER CONTRA UM DEVER PRIMA FACIEPRIMA FACIE

1.1. O objetivo moral que justifica a infração deve O objetivo moral que justifica a infração deve ter uma real possibilidade de resultadoter uma real possibilidade de resultado

2.2. A infração deve ser relativa à uma A infração deve ser relativa à uma circunstância precisa, para a qual não circunstância precisa, para a qual não existem outras alternativas a serem existem outras alternativas a serem preferidaspreferidas

3.3. A infração deve ser a mínima possível, A infração deve ser a mínima possível, proporcional à realização do objetivoproporcional à realização do objetivo

4.4. O agente deve minimizar os efeitos O agente deve minimizar os efeitos negativos da infraçãonegativos da infração

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OS LIMITES DOS PRINCÍPIOS OS LIMITES DOS PRINCÍPIOS DADAbioética NORTE-AMERICANAbioética NORTE-AMERICANA

OS LIMITES DOS PRINCÍPIOS OS LIMITES DOS PRINCÍPIOS DADAbioética NORTE-AMERICANAbioética NORTE-AMERICANA

Enganam-se seja do ponto de vista teórico seja Enganam-se seja do ponto de vista teórico seja do ponto de vista práticodo ponto de vista prático

Não guiam a ação, mas são simples nomes para Não guiam a ação, mas são simples nomes para ajuntar argumentos ou situações moraisajuntar argumentos ou situações morais

São faltos de correlação sistemática entre eles São faltos de correlação sistemática entre eles e muitas vezes estão em conflitoe muitas vezes estão em conflito

Os conflitos são irresolvíveis (pelo menos do Os conflitos são irresolvíveis (pelo menos do ponto de vista da “pesagem”) porque os ponto de vista da “pesagem”) porque os princípios não são unificados por uma teoria princípios não são unificados por uma teoria moralmoral

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A CRÍTICA AO A CRÍTICA AO "PRINCIPIALISMO""PRINCIPIALISMO"A CRÍTICA AO A CRÍTICA AO "PRINCIPIALISMO""PRINCIPIALISMO"

(Clouser&Gert, J. Med. Phil. 1990, 15:219)

Excessiva simplificação:Excessiva simplificação:«De uma ponto à outra da terra, proveniente «De uma ponto à outra da terra, proveniente da multidão dos convertidos à bioética se da multidão dos convertidos à bioética se pode escutar a fórmula mágica "autonomia - pode escutar a fórmula mágica "autonomia - beneficência - justiça" pronunciada diante dso beneficência - justiça" pronunciada diante dso problemas da bioética» (problemas da bioética» (Georgetown mantraGeorgetown mantra) )

Regras e princípios não inscritos emRegras e princípios não inscritos em uma uma teoria ética mas formados em uma teoria teoria ética mas formados em uma teoria ética composta que permite a cada princípio ética composta que permite a cada princípio basilar ter um certo peso sem que tenha uma basilar ter um certo peso sem que tenha uma prioridade ou uma hierarquia «O peso dos prioridade ou uma hierarquia «O peso dos princípios sobe e desce em uma escada» (D. princípios sobe e desce em uma escada» (D. Ross)Ross)

Page 22: Principais modelos interpretativos para a Bioética L-19 Facoltà di Scienze della Formação Università degli Studi di Macerata a.a. 2010-11 Prof. Maurizio

AS RESPOSTAS AO AS RESPOSTAS AO "PRINCIPIALISMO""PRINCIPIALISMO"AS RESPOSTAS AO AS RESPOSTAS AO "PRINCIPIALISMO""PRINCIPIALISMO"

1.1. ManterManter oo sistema sistema dosdos princípiprincípios os definindo-os, no entanto, dentro de um definindo-os, no entanto, dentro de um quadro teórico unitário (quadro teórico unitário (embora com embora com diferentes objetivos e metodologiasdiferentes objetivos e metodologias: : Pellegrino, Gracia, Sgreccia, ...Pellegrino, Gracia, Sgreccia, ...))

2.2.PôrPôr totalmente totalmente em discussãoem discussão o o modelo baseado sobre princípios, modelo baseado sobre princípios, sublinhando a "tirania" dos princípios sublinhando a "tirania" dos princípios (Toulmin)(Toulmin)

3.3.Substituir os princípiosSubstituir os princípios (Singer) (Singer)

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Modelos bioéticos Modelos bioéticos (2)(2)Modelos bioéticos Modelos bioéticos (2)(2)

O tradicional “principialismo” O tradicional “principialismo” ((BeauchampBeauchamp, , ChildressChildress), presente por ), presente por longo tempo na literatura anglossaxãlongo tempo na literatura anglossaxã– p. de beneficência e não maleficênciap. de beneficência e não maleficência– p. de autonomiap. de autonomia– p. de justiçap. de justiça

Recentemente surgiram novos Recentemente surgiram novos modelosmodelos– ética das virtudes, ética casuística, a ética ética das virtudes, ética casuística, a ética

da narrativa, a bioética hermenêutica, a da narrativa, a bioética hermenêutica, a ética do "cuidar", a bioética feminista, etc.ética do "cuidar", a bioética feminista, etc.

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Modelos bioéticos Modelos bioéticos (3)(3)Modelos bioéticos Modelos bioéticos (3)(3)

a necessidade de superar o enfoque a necessidade de superar o enfoque "pragmático-processual" para uma "pragmático-processual" para uma verdadeira fondação meta-ética da verdadeira fondação meta-ética da bioéticabioética

““Tolerância ética"Tolerância ética" não é equivalente a não é equivalente a "indiferença ética""indiferença ética"

É necessário promover uma discussão É necessário promover uma discussão sobre as motivações racionais de cada sobre as motivações racionais de cada posição ética, na busca de bases posição ética, na busca de bases comuns.comuns.

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Modelos Bioéticos Modelos Bioéticos (4)(4)Modelos Bioéticos Modelos Bioéticos (4)(4)

cognitivismocognitivismo e e não-cognitivismonão-cognitivismo– Uma espécie de encruzilhada para todas as Uma espécie de encruzilhada para todas as

disussões éticas atuaisdisussões éticas atuais– A assim dita “lei de A assim dita “lei de Hume” Hume” ((Treatise of Human Treatise of Human

NatureNature)) (derivada da “falácia naturalística” de (derivada da “falácia naturalística” de G. MooreG. Moore)) Não é possível deduzir diretamente da descrição dos Não é possível deduzir diretamente da descrição dos

fatos empíricos as normas morais (passagem indevida fatos empíricos as normas morais (passagem indevida do “IS” ao “OUGHT”, do ”ser” ao “dever ser”)do “IS” ao “OUGHT”, do ”ser” ao “dever ser”)

não-cognitivistas: não-cognitivistas: os valores não podem ser objeto os valores não podem ser objeto de conhecimento, verdadeiros ou falsosde conhecimento, verdadeiros ou falsos

cognitivistas:cognitivistas: Há uma fundação racional e objetiva Há uma fundação racional e objetiva aos valores e às normas moraisaos valores e às normas morais

Page 26: Principais modelos interpretativos para a Bioética L-19 Facoltà di Scienze della Formação Università degli Studi di Macerata a.a. 2010-11 Prof. Maurizio

CognitivistasCognitivistas fundamento racional e fundamento racional e

“objetiva” aos valores “objetiva” aos valores a às normasa às normas

Não-cognitivistasNão-cognitivistas Os valores não podem ser Os valores não podem ser

objeto de conhecimento e objeto de conhecimento e de afirmação como de afirmação como “verdadeiro” ou “falso”“verdadeiro” ou “falso”

Pode-se superar a falácia naturalística, a “grande divisão”?

Depende do significado da palavra “ser” que indica “factualidade” cognoscível:

• Ser como factualidade empírica

• Ser como “natureza”, em sentido metafísico

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FUNDAMENTAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO E MODELOS DA bioéticaMODELOS DA bioética

Fundamentação DESCRITIVA-NATURALÍSTICAFundamentação DESCRITIVA-NATURALÍSTICA“é, portanto deve"“é, portanto deve" ----> ----> o modelo socio-biologista o modelo socio-biologista

Fundamentação SUBJETIVISTA-IRRACIONALISTAFundamentação SUBJETIVISTA-IRRACIONALISTA"is # ought""is # ought" (a falácia naturalística) ----> (a falácia naturalística) ----> o modelo liberal- o modelo liberal-radicalradical

Fundamentação INTERSUBJETIVA-RACIONALISTAFundamentação INTERSUBJETIVA-RACIONALISTA"a racionalidade prática” "a racionalidade prática” ----> ----> o modelo pragmático-o modelo pragmático-utilitaristautilitarista

Fundamentação OBJETIVISTA-RACIONALISTAFundamentação OBJETIVISTA-RACIONALISTA"a razão aberta à metafísica” ----> "a razão aberta à metafísica” ----> o modelo personalistao modelo personalista

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Modelos bioéticos Modelos bioéticos (5)(5)Modelos bioéticos Modelos bioéticos (5)(5)

modelo sócio-biologistamodelo sócio-biologista (cognitivista)(cognitivista)– autores: E.O. Wilson, H.J. Heinsenkautores: E.O. Wilson, H.J. Heinsenk– ética puramente ética puramente descritivadescritiva

a sociedade evolui produzindo valores e normas, que a sociedade evolui produzindo valores e normas, que são mutáveis e funcionais ao seu desenvolvimentosão mutáveis e funcionais ao seu desenvolvimento

analogia com a evolução dos seres vivosanalogia com a evolução dos seres vivos Evolucionismo de Evolucionismo de C. DarwinC. Darwin + sociologismo de M. + sociologismo de M.

Weber + sócio-biologismo de Weber + sócio-biologismo de HeinsenkHeinsenk e e WilsonWilson O homem não seria substancialmente diferente das O homem não seria substancialmente diferente das

outras formas de vidaoutras formas de vida Direito e moral sao expressões culurais da adaptação Direito e moral sao expressões culurais da adaptação

do impulso evolutivodo impulso evolutivo A ética teria o papel de manter o equilíbrio evolutivoA ética teria o papel de manter o equilíbrio evolutivo

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Modelos bioéticosModelos bioéticos(6)(6)Modelos bioéticosModelos bioéticos(6)(6)

– críticacrítica:: Evolucionismo e “reducionismo” Evolucionismo e “reducionismo”

antropológico tidos como certosantropológico tidos como certos Nã é possível qualquer unidade estável ou Nã é possível qualquer unidade estável ou

universal de valores (eles são provisórios)universal de valores (eles são provisórios) 2 mecanismos tidos como necessários: 2 mecanismos tidos como necessários:

adaptaçãoadaptação e e seleçãoseleção– O eugenismo é justificado, seja ativo ou passivoO eugenismo é justificado, seja ativo ou passivo

Interpretação errada da relação natureza-Interpretação errada da relação natureza-culturacultura

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Modelos bioéticos Modelos bioéticos (7)(7)Modelos bioéticos Modelos bioéticos (7)(7)

modelo liberal-radicalmodelo liberal-radical (não cognitivista)(não cognitivista)– subjetivismo moralsubjetivismo moral: neo-iluminismo, liberalismo ético, : neo-iluminismo, liberalismo ético,

existencialismo nihilista, cientificismo neo-positivista, existencialismo nihilista, cientificismo neo-positivista, emotivismo, decisionismoemotivismo, decisionismo

– a moral não pode se fundar nem sobre fatos, nem a moral não pode se fundar nem sobre fatos, nem sobre valores objetivos e transcendetes, mas sobre valores objetivos e transcendetes, mas somente sobre a escolha “autônoma” do sujeitosomente sobre a escolha “autônoma” do sujeito

– princ. de autonomia entendido no seu sentido princ. de autonomia entendido no seu sentido forteforte– a liberdade como ponto de referência supremo e a liberdade como ponto de referência supremo e

decisivodecisivo H. Marcuse (Eros e civilização,1968) e as suas “3 H. Marcuse (Eros e civilização,1968) e as suas “3

liberdades”: do ttrabalho dependente, da família, da liberdades”: do ttrabalho dependente, da família, da éticaética

É lícito tudo aquilo que é liberamente desejado, aceito e É lícito tudo aquilo que é liberamente desejado, aceito e que não lesa a liberdade dos outros (quando é obtível)que não lesa a liberdade dos outros (quando é obtível)

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Modelos bioéticosModelos bioéticos(8)(8)Modelos bioéticosModelos bioéticos(8)(8)

– críticacrítica:: Elementos de verdade parcial, mas não toda Elementos de verdade parcial, mas não toda

a verdade sobre o homema verdade sobre o homem Liberdade somente para alguns: aquele que Liberdade somente para alguns: aquele que

a pode fazer valer e expressara pode fazer valer e expressar liberdade “dos” vínculos e constrições, mas liberdade “dos” vínculos e constrições, mas

não liberdade “por/para” um projeto de vida não liberdade “por/para” um projeto de vida e de sociedadee de sociedade

– Liberdade sem responsabilidadeLiberdade sem responsabilidade

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Modelos bioéticos Modelos bioéticos (9)(9)Modelos bioéticos Modelos bioéticos (9)(9)

modelo pragmático-utilitaristamodelo pragmático-utilitarista (não cognitivista)(não cognitivista)– Difundido sobretudo nos países anglosaxões Difundido sobretudo nos países anglosaxões

deriva do empirismo de deriva do empirismo de D. HumeD. Hume (agradável/desagradável)(agradável/desagradável)

J. BenthamJ. Bentham e e S. MillS. Mill: maximizar o prazer; minimizar a dor; : maximizar o prazer; minimizar a dor; ampliar a esfera das liberdades pessoais para o maior ampliar a esfera das liberdades pessoais para o maior número de pessoasnúmero de pessoas

– Várias propostas de “ética pública”, sobre a base de Várias propostas de “ética pública”, sobre a base de uma fundamentação individualística das normas moraisuma fundamentação individualística das normas morais

– Refutação da metafísicaRefutação da metafísica– É impossível chegar à verdade universal e às normas É impossível chegar à verdade universal e às normas

éticas válidas para todoséticas válidas para todos– princípio base: avaliar as conseqüências de uma ação princípio base: avaliar as conseqüências de uma ação

com base na relação custos/benefícioscom base na relação custos/benefícios

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Modelos bioéticosModelos bioéticos(10)(10)Modelos bioéticosModelos bioéticos(10)(10)

– críticacrítica A relação custos/benefícios é válida A relação custos/benefícios é válida

quando é referida a um mesmo valor e quando é referida a um mesmo valor e a bens homogênos e “hierarquizávela bens homogênos e “hierarquizável

a pessoa humana e os seus valores não a pessoa humana e os seus valores não são nunca “negociáveis” com base em são nunca “negociáveis” com base em calculos quantitativoscalculos quantitativos

É difícil (impossível) prever todas as É difícil (impossível) prever todas as conseqüências de um ato, para depois conseqüências de um ato, para depois fazer um balançofazer um balanço

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Modelos bioéticosModelos bioéticos(11)(11)Modelos bioéticosModelos bioéticos(11)(11)

– O conceito de “qualidade de vida”O conceito de “qualidade de vida” É contraposto ao de “sacralidade da vida”É contraposto ao de “sacralidade da vida” Baseado solente sobre fatores biológicos e Baseado solente sobre fatores biológicos e

econômicoseconômicos Várias fórmulas de análiseVárias fórmulas de análise

– ACB (análise custos/benefícios)ACB (análise custos/benefícios)– ACE (análise custos/eficácia)ACE (análise custos/eficácia)– QUALY (quality-adjusted life years)QUALY (quality-adjusted life years)

Refutação das terapias em nome da não Refutação das terapias em nome da não produção de gastos/custos?produção de gastos/custos?

É pessoa somente quem é capaz de “sentir” É pessoa somente quem é capaz de “sentir” prazer/dor (prazer/dor (P. SingerP. Singer))

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Modelos bioéticos Modelos bioéticos (12)(12)Modelos bioéticos Modelos bioéticos (12)(12)

a forma do “a forma do “contratualismocontratualismo” ” ((H.T. EngelhardtH.T. Engelhardt))

– critério base:critério base: acordo intersubjetivo acordo intersubjetivo estipulado pela comunidade ética estipulado pela comunidade ética (aqueles que possuem a (aqueles que possuem a capacidade de decidir, também capacidade de decidir, também por aqueles que não são capazes)por aqueles que não são capazes) É pessoa somente quem é capaz de É pessoa somente quem é capaz de

“acordos morais”“acordos morais”