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    PRIMRDIOS DA MOTORIZAO NOEXRCITO BRASILEIRO

    1919 a 1940 (II)

    A primeira tentativa de padronizao

    O fato mais importante viria a ocorrer com a necessidade de se tentar padronizar, noExrcito, as marcas dos caminhes militares a serem incorporados, conforme aviso 658 de27.09.1937, ficando estipuladas para os transportes normais de carga ou pessoal as marcasFord, Chevrolet, Dodge, Commer, ficando proibida a compra de outras.(fotos 25, 26 e 31)

    Foto 25 Da direita para a esquerda: Tempo GL 1200, e dois modelos de Caminho Dodge com canhoOerlikon de 20mm e metralhadora Madsen 7mm antiareas.

    Foto via Cel. Hugo Borges Fortes

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    Foto 26 Caminho Chevrolet GIGANTE. Foto 27 Caminhes Ford transportando canhes deNotar que possui duas cores comum aos modelos montanha Schneider de 75mm, da Escola Militar docivis. Apenas nas portas esto identificaes militares. Realengo em desfile militar de 7 de setembro 1940.

    Fotos via Cel. Hugo Borges Fortes

    Os veculos foram assim classificados:

    Marca Modelo Toneladas Hp Cilindradas Rodagem

    Commer 100 1 1 1/4 33 4 Simples

    Commer 129 2 2 70 6 Duplas

    Commer 129 3 3 70 6 Duplas

    Dodge 126 M.E.30 2 1/2 73 6 Simples

    Dodge 159 M.E.32 3 73 6 Simples

    Chevrolet 112 Comercial 937 1 78 6 Simples

    Chevrolet 131 1/2 Tigre 937 1 1/3 78 6 Simples

    Chevrolet 157 Gigante 937 1 1/2 78 6 Simples

    Ford 131 V 8 1 1/2 85 8 Simples

    Ford 131 V 8 2 85 8 Duplas

    Ford 131 V 8 2 1/2 85 8 Simples

    Ford 131 V 8 3 85 8 Duplas

    Ford 157 V 8 1 1/2 85 8 Simples

    Ford 157 V 8 2 85 8 Duplas

    Ford 157 V 8 2 1/2 85 8 Simples

    Ford 157 V 8 3 85 8 Duplas

    O prprio Exrcito no mantm esta padronizao, pois logo em seguida soadquiridos na Inglaterra 12 caminhes Thornycroft com carroceria para motorizao domaterial francs Saint-Chamond e simultaneamente so adquiridos na Alemanha 5caminhes Henschel para motorizao da bateria Schneider 155, tambm francesa. (fotos28 e 29) Existiam ainda veculo Tempo modelo GL 1200 (ver foto 25) de dois motores, um

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    traseiro e um dianteiro, de origem alem e meia-largata Citron-Kegresse francesatracionando aparelho de localizao pelo som BBT (Barbier, Bernard & Turenne). (foto 30)

    Foto 28 Caminhes THORNYCROFT com canho Foto 29 Caminhes HENSCHEL rebocandode 75mm do 1 Grupo de Artilharia Automvel em obuseiro Schneider de 155mm com roda de madeira,desfile no Rio de Janeiro em setembro 1940. no Rio de Janeiro, em 1940.

    Fotos via Cel. Hugo Borges Fortes

    Foto 30 Caminhes meia-lagartas Citron rebocando Foto 31 Caminhes Chevrolet Comercial 1937projetores BBT da Escola de Aviao Militar, desfilando rebocando os recm chegados canhes antiareosno Rio de Janeiro em setembro de 1940. Krupp C-56 de 88mm.

    Foto via Cel. Hugo Borges Fortes

    Outra mudana importante se d atravs do aviso 553 de 22.06.939 onde foiestabelecida uma padronizao para as carrocerias dos caminhes em uso no Exrcito,proposta pelo chefe do S.C.T, conforme desenho abaixo: (O desenho um modelo FORD)

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    O grande contrato com a Alemanha

    Outra tentativa de padronizao ser tentada em 1939: antes de iniciar a SegundaGuerra Mundial, o Exrcito fecha um grande contrato de compra de armamentos com aAlemanha, e pela primeira vez so adquiridos veculos motorizados de rodas e lagartasnuma tentativa de padronizar e modernizar o Exrcito, em larga escala. Para se ter umaidia do volume de material comprado, s peas de artilharia foram 1.080. Na tabela abaixopodemos ter uma viso do material motorizado adquirido, mas que na sua maior parte nofoi entregue em virtude dos rumos daquele conflito.

    Fabricante Modelo Quantidade Recebidos Finalidade

    Krauss-Maffei Sdkfz 7 32 5 Rebocar canho AAe 88mm

    Krauss-Maffei Sdkfz 7 8 0 Apoio Bateria de 88mm

    Krupp 3 1/2 L3H163 8 0 Diretora de Tiro canho AAe

    Krupp 3 1/2 L3H163 8 0 Telmetros canho AAe

    Krupp 3 1/2 L3H163 16 0 Aparelhos de Escuta AAe

    Krupp 3 1/2 L3H163 24 0 Holofotes AAe

    Krupp 3 1/2 L3H163 16 0 Transporte de munio

    Krupp 3 1/2 L3H163 8 0 Cisterna - Combustvel

    Krupp 1 1/4 L2H143 24 0 Serventes dos Holofotes

    Krupp 1 1/4 L2H143 132 0 Comando e Comunicaes

    Daimler-Benz Sdkfz 8 24 0 Para reparos canhes 150mm

    Daimler-Benz Sdkfz 8 24 0 Tubos de canhes de 150mm

    Daimler-Benz Sdkfz 8 12 0 Plataformas canhes 150mm

    Daimler-Benz Sdkfz 8 6 0 Com guincho canho 150mm

    Henschel & Sohn 33 D1 12 0 Transporte de munio

    Henschel & Sohn 33 D1 6 0 Transporte de combustvel*

    Henschel & Sohn 33 D1 72 6 Transporte em geral

    Henschel & Sohn 33 D1 36 0 Transporte de combustvel*

    Bussing-NAG Sdkfz 6 108 0 Rebocar canhes 105 e 150mm

    Bussing-NAG Sdkfz 6 36 0 Com guincho auxiliar

    * Para unidades que operariam canhes de 105 e 150mm.

    Este contrato foi cumprido em parte, pois embora o Brasil tenha tido problemas coma Marinha Inglesa, em razo do bloqueio naval imposto Alemanha, as ltimas entregas dematerial alemo se do no final de 1941, com mediao dos Estados Unidos. A partir da aSegunda Guerra se torna mundial, com a entrada dos Estados Unidos. O material que seencontrava nos depsitos para serem enviados ao Brasil, foram incorporados ao ExrcitoAlemo, ficando para quando a guerra terminasse sua reposio, o que nunca aconteceu,muito embora este material no tenha sido pago. (fotos 32, 33, 34 e 35)

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    Foto 32 Caminho Krupp L 3 H163 que fazia Foto 33 Krupp-Protze L 2 H143 na verso departe do contrato de 1939, mas que nunca chegou. de transporte de munio similar aos compradosFoto Krupp AG em 1939 e que foram incorporados ao Exrcito

    Alemo em 1941. Foto Krupp AG

    Foto 34 Trator SdKfz 7 para rebocar canho Foto 35 Trator SdKfz 8 DB 9 para rebocar canhoKrupp C-56 de 88mm similar aos cinco recebidos de 150mm. Nenhum foi recebido.pelo Exrcito Brasileiro em 1941.

    Foto Krauss Maffei AG

    Concluso

    Na realidade estas tentativas em adquirir o melhor equipamento motorizado para oExrcito teve seu lado positivo aps o contrato de Lend-Lease Bill com os Estados Unidosem 1941, quando o Brasil passa a receber veculos militares modernos, em grandequantidade e que se tornaram a espinha dorsal do Exrcito at meados dos anos 70, quandoforam sendo substitudos por veculos militares e militarizados pela Indstria BlicaBrasileira, voltando a partir dos anos 90 a importar novamente alguns tipos de veculos,tanto da Europa como dos Estados Unidos.

    A nossa Indstria de Material de Defesa merece ser vista com mais competncia:capacidade tivemos, mas como escreveu o Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra em1942, num de seus relatrios: ...A nossa situao , pois, ainda, de extrema precariedade.Mas, justamente, essa situao precria e as enormes responsabilidades decorrentes denossa posio de pas beligerante face ao conflito internacional so as circunstnciasque nos levam a duas concluses insofismveis, as quais no posso eximir-me deproclamar bem alto perante os homens de responsabilidade do pas:

    1) todos os sacrifcios financeiros que ainda venham a ser impostos Nao soplenamente justificveis e inseparveis da atuao de quem, por dever funcional, no

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    quer enxergar obstculos para o reaparelhamento do Exrcito e, por dever cvico, querver esse Exrcito em condies de poder honrar os compromissos assumidos pela Nao;

    2) somente a industrializao completa do pas constituir o penhor seguro denossa independncia econmica, premissa da independncia poltica e, portanto, dasoberania nacional.

    O segundo item no possui o mesmo valor neste mundo globalizado de hoje, comoo tinha em 1942, mas se tivssemos dado mais chances e compreendido melhor, hojeseramos fornecedores de material de defesa e poderamos nos atender com muito maiseficcia, bem como as misses de paz, to em voga atualmente, tendo uma postura maispermanente junto aos demais pases, no s da regio, mas inclusive com os maispoderosos, alm de manter um parque fabril gerando empregos e exportando produtosconcebidos e desenvolvidos no pas.

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    ANEXO FOTOGRFICO_________________________________________________

    Foto 1 do anexo 4 Esquadro do Trem da 4 RM/DI de passagem por Santos Dumont, MG em 1938. Amaioria dos veculos so da marca FORD. Notar no fundo direita vrias viaturas hipomveis queacompanhavam esta unidade. Eles tambm possuam motocicletas e ao fundo esquerda um caminhocisterna e um oficina prximo ao prdio ao fundo.

    Foto via Ten-Cel. Perini 4 Esq.Cav.Mec.

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    Foto 2 anexo - Diversos caminhes Chevrolet em manobras por volta de 1940 ou 1941. Notar no meio dafoto que dois caminhes modelo comercial rebocam os novssimos canhes Krupp C-56 de 88mm.

    Foto General Motors do Brasil

    Foto 3 anexo Caminho Chevrolet transportando ponto para montagem de ponte flutuante embarcandoem um vago ferrovirio nas manobras de 1940. Acredito que este caminho uma adaptao realizada noBrasil.

    Foto via Cel. Hugo Borges Fortes

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    Foto 4 anexo - Caminho International do Exrcito Brasileiro, transportando componentes de pontes paramontagem de pontes flutuantes em manobras nos anos 40.

    Foto coleo do autor

    Foto 5 anexo Veculos do 5 Regimento de Aviao prontos para o desfile em 1939. Alguns caminhes soFord modelo 1937.

    Foto Exrcito Brasileiro

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    Foto 6 anexo Caminhes Chevrolet 1935 do 1 Grupo de Artilharia de Dorso, no Rio de Janeiro, no finaldos anos 30, transportando canhes de montanha Schneider de 75mm .

    Foto Exrcito Brasileiro

    Foto 7 anexo Carro de bombeiro Ford, usado na Escola de Aviao Militar, no Rio de Janeiro na dcada de30.

    Foto Seo de peridicos coleo do autor

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    BIBLIOGRAFIA:

    A Histria da Indstria de Autopeas no Brasil, Tempo & Memria Comercial Ltda, SoPaulo, 2000;

    Dutra, Eurico Gaspar .O Problema do Rearmamento do Exrcito, Imprensa Militar, Rio deJaneiro, 1936;

    Anotaes pessoais Arquivo Eurico Dutra. Documentos existentes no CPDOC/FGV, Riode Janeiro.

    Refutao s crticas feitas aos contratos Krupp pelo Dr. Virglio de Melo Franco, nocarter de Interventor Federal junto ao Banco Alemo Transatlntico, Imprensa Militar,Rio de Janeiro, 1943;

    Fortes, Hugo Guimares Borges. O Rearmamento do Exrcito Brasileiro no final dadcada de 1930, in Revista A Defesa Nacional, ano LXXXVI, n 87, Rio de Janeiro,maio/junho/julho/agosto 2000;

    Boletim do Exrcito. Diversos nmeros dos anos de 1937 e 1939.Gunnell, John. Standart Catalog of American Light Trucks Pickups, Panels, Vans, all

    models 1896 1986. Krause Publications, USA, 1987;lbum A Campanha do Paran 1924 25. Impressos nas Officinas de ESPERIA, Milo,

    sem data;A Revoluo de 1930 e seus antecedentes. Coletnea de fotografias organizada peloCPDOC/FGV. Editora Nova Fronteira S/A, Rio de Janeiro, 1980;General Motors do Brasil 70 anos de histria. So Paulo, Prmio, 1985;A Revoluo Nacional Documentos para a Histria. Edio de O Cruzeiro, 1930;Revista A Cigarra nmero especial revoluo de 1930;Marcigaglia, L. Frias de Julho Aspectos da Revoluo de 1924. Livraria Salesiana

    Editora, So Paulo, 1927;Contratos firmados com autorizao do Presidente da Repblica dos Estados Unidos do

    Brasil, entre o Ministrio da Guerra e as seguintes firmas:Locomotivfabrik Krauss & Comp. I.A..Maffei AG - 28.07.1939;Daimler-Benz AG 28.07.1939;Bussing-Nag Vereeinigte Nutekraftwagen AG, 28.07.1939;Henschel & Sohn G.M.B.H.,28.07.1939;Fried Krupp AG, 28.09.1939; Arquivo Histrico do Exrcito, Rio de Janeiro;

    Brussolo, Armando. Tudo Pelo Brasil Dirio de um reprter sobre o movimentoconstitucionalista. Editora Paulista, So Paulo, 1932;

    Oliveira, Clvis. A Indstria e o Movimento Constitucionalista de 1932. Servio dePublicaes da FIESP, So Paulo, 1956;

    Vida Domstica Ao Exrcito Nacional. Nmero Extraordinrio, novembro 1940, Rio deJaneiro;

    Vanderveen, Bart. Historic Military Vehicles Directory. After The Battle Publication,England, 1989;

    Ellis, C. e Bishop, D. Military Transport of World War I. Blandford Press, England, 1976;Pelegrino, Umberto. A Moto-Mecanizao e a Cavalaria. Biblioteca A Defesa Nacional,

    separata n 52, Rio de Janeiro, 1941;Klinger, Bertholdo (General). Parada e Desfile duma vida de voluntrio do Brazil na

    primeira metade do sculo. Empresa Grfica O Cruzeiro, Rio de Janeiro, DF, 1958.

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