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Rotary Youth Exchange Student 1 PRIMEIRO RELATÓRIO DE INTERCÂMBIO DE LONGA DURAÇÃO Monique Corrêa M. Gonçalves - Petrópolis, RJ Portales, New Mexico Eu sempre quis, desde pequena, conhecer os Estados Unidos. Eu sempre via a minha irmã e o meu cunhado viajarem e eu ficava fascinada com as histórias que eles conta- vam quando voltavam de viagem e cada vez mais a minha curiosidade sobre esse país ia aumentando. Fui crescendo e através da minha irmã Marilyn, conheci o programa Rotary. Foi aquela correria de assinar e preencher papelada que deixava qualquer um de cabelo em pé. O penúltimo dia em Petrópolis foi excelente, fiz as malas(confesso que foi com uma pontada de dor no coração), procurei ver todas as pessoas que eu queria antes de via- jar, tive um jantar sensacional com o Rotary e conheci uma intercâmbista da Suíça. Não sabia falar direito Inglês(apesar dos 4 anos de curso), eu sempre fui muito tímida e nunca falava com medo de falar algo errado. No dia do meu embarque, eu acordei e foi aquela correria de rever tudo e eu estava com uma mistura de sentimentos como, felicidade, excitação e tristeza mas não me- do. Eu queria ir mas ao mesmo tempo eu queria ficar … essas incertezas e dúvidas de todos os adolescentes né?!

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Page 1: PRIMEIRO RELATÓRIO DE INTERCÂMBIO DE LONGA DURAÇÃO · Eu fiz aulas de Espanhol no colégio em Petrópolis, então eu sei algumas coisas, e quando eles estão conversando em Espanhol

Rotary Youth Exchange Student 1

PRIMEIRO RELATÓRIO DE INTERCÂMBIO

DE LONGA DURAÇÃO Monique Corrêa M. Gonçalves - Petrópolis, RJ

Portales, New Mexico

Eu sempre quis, desde pequena, conhecer os Estados Unidos. Eu sempre via a minha

irmã e o meu cunhado viajarem e eu ficava fascinada com as histórias que eles conta-

vam quando voltavam de viagem e cada vez mais a minha curiosidade sobre esse país

ia aumentando. Fui crescendo e através da minha irmã Marilyn, conheci o programa

Rotary. Foi aquela correria de assinar e preencher papelada que deixava qualquer um

de cabelo em pé.

O penúltimo dia em Petrópolis foi excelente, fiz as malas(confesso que foi com uma

pontada de dor no coração), procurei ver todas as pessoas que eu queria antes de via-

jar, tive um jantar sensacional com o Rotary e conheci uma intercâmbista da Suíça.

Não sabia falar direito Inglês(apesar dos 4 anos de curso), eu sempre fui muito tímida

e nunca falava com medo de falar algo errado.

No dia do meu embarque, eu acordei e foi aquela correria de rever tudo e eu estava

com uma mistura de sentimentos como, felicidade, excitação e tristeza mas não me-

do. Eu queria ir mas ao mesmo tempo eu queria ficar … essas incertezas e dúvidas de

todos os adolescentes né?!

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No caminho, quando eu já estava no carro indo para o aeroporto do Rio de Janeiro eu

estava tentando olhar tudo, "gravar" pra eu não me esquecer de como o meu país é

lindo e da pessoa que eu sou.o aeroporto a parte da despedida claro que foi a mais di-

fícil, eu já estava com uma vontade de chorar muito antes de sair de casa, quando

chegou na hora da despedida eu abracei minha família e desabei. A pior parte foi pas-

sar por aquela porta de vidro e não conseguir mais ver a minha família.

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No avião foi sensacional, parecia que eu estava dentro de um filme. Foi um vôo tran-

quilo e muito legal apesar das turbulências.

Minha conexão foi em Dallas, eu cheguei por volta de 6:30 da manhã. Sentei do lado

de um brasileiro no avião que mora em Natal e que por coincidência foi um inter-

câmbista pelo Rotary a uns 10 anos atrás se eu não me engano. Ele disse que se per-

deu no aeroporto e ele me ajudou

muito com a bagagem e me deixou

na porta da onde eu tinha que pegar

um trenzinho pra ir para o meu pró-

ximo gate. O aeroporto é enorme e

muito lindo. Fiquei encantada.

Cheguei em Amarillo e fui em dire-

ção a minha família americana. Eles

estavam me esperando logo na entra-

da. Mesmo cansada, eu abracei todos

eles e sorri bastante, tentando causar

uma boa primeira impressão. Foi um

momento estranho mas ao mesmo

tempo de emoção.

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Eu cheguei mais ou menos na hora do

almoço então fomos ao Subway e de-

pois seguimos em direção a Portales.

Meu quarto e minha casa aqui são ó-

timos. Aos poucos fui pegando intimi-

dade com a minha família e agora eu

posso dizer que eu já me sinto em ca-

sa. Eles são uma família muito unida e

gostam de fazer várias coisas juntos.

No início eu estranhei muito a comida

e o gosto. O que eles co-

mem são completamente

diferente do que eu comia

no Brasil. Tem coisas que

no início eu não gostava

mas agora eu gosto. Parti-

cularmente eu acho que a

comida daqui é muito sem

gosto, mas eu já acostumei

a comer. Comemos no ca-

fé da manhã cereal(que eu

adoro), e no almoço eu

como pão com manteiga

de amendoim(sinto muita

falta daquele arroz com

feijão, farofa e carne) e o

jantar tem muitas frutas e

legumes e outras coisas gostosas.

Uma das coisas que eu achei diferente aqui foram:

• Que o chuveiro é dentro da banheira. Achei que fosse só na minha casa mas

com o tempo eu fui visitando a casa de outras pessoas, inclusive Rotarianos e é

normal aqui.

• Eles costumam jantar cedo, umas 17:00.

• Os americanos são muito pontuais. Se você marcar tal hora em tal lugar, eles

sempre chegam em ponto.

• No colégio eles valorizam muito o esporte. Os mais populares aqui são: foo-

tball, soccer e volleyball. Os jogadores sempre estão viajando para um monte

de lugar diferente para competir nos torneios. Eu assisti pela primeira vez foo-

tball. Tinha muita gente no estádio e foi emocionante. Achei um esporte legal

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mas muito violento também. Infelizmente eu não consegui ver o final do jogo

porque a chuva não deixou.

RAM’S

• As ruas aqui são muito limpas e não tem muitas curvas.

• No colégio eu sempre ficava perdida quando o sinal tocava para a próxima au-

la, pois nos Estados Unidos ao invés dos professores mudarem para a sala que

irá dar aula, quem muda são os alunos e o colégio é enorme e eu sempre che-

gava meio atrasada na aula. Mas agora já estou esperta.

• Eles adoram comida com pimenta e costumam comer muita coisa enlatada.

Portales é uma cidade pequena, interior. Uma população de 17.000 pessoas. Aqui não

tem muita coisa pra fazer, então se você quiser ir a algum shopping, cinema entre ou-

tras coisas, você tem que ir pra uma cidade próxima chamada Clovis. Por ser uma ci-

dade pequena, no colégio todos já tinham os seus amigos e o seu 'grupinho' o que tor-

na mais difícil a socialização. Eu me sentia muito sozinha, eu tentava puxar assunto

com os alunos mesmo não sabendo falar Inglês direito, mas eles apenas me respondi-

am, parecia mais um monólogo aonde só eu falava. Eu tinha muita dor de cabeça to-

dos os dias, acho que foi por não entender o Inglês. Passei uns dois meses sem con-

versar com ninguém no colégio até que eu mudei pra uma outra classe de Inglês e foi

Meu pai, Tom

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o meu professor que começou a conversar comigo, me perguntando sobre o Brasil e

como temos internet em todas as salas, fomos pesquisando sobre o Rio de Janeiro e o

Brasil inteiro em si. Os outros alunos ficaram muito curiosos sobre e começaram a

me fazer um monte de perguntas e disseram que o Brasil é lindo e que eles querem

um dia visitar e então eu fui começando a fazer amizades. Eles são mexicanos, mas

falam Inglês também. Eu fiz aulas de Espanhol no colégio em Petrópolis, então eu sei

algumas coisas, e quando eles estão conversando em Espanhol eu entendo e até con-

sigo falar um pouco.

O meu Inglês melhorou muito, eu tive que deixar a vergonha de lado e botar a cara.

Eu sei que eu falava e ainda falo algumas coisas erradas, mas eles não riem e me con-

sertam para que eu possa aprender o que é ótimo.

Mr. Lopez, professor de Inglês.

Final de semana eu não costumo fazer muita coisa. Ficamos mais em casa. Mas já fiz

algumas viagens. Já fui para Durango, Albuquerque, Clovis, Lubbock, Roswell, Rui-

doso, Texas e Farmington para conhecer os outros intercâmbistas. Passei três dias lá.

Foi bem legal, fizemos trabalho comunitário, conhecemos mais o programa Rotary.

Fomos ao shopping, fomos conhecer as Ruínas, caminhamos por horas nas monta-

nhas, tiramos fotos, e ficamos na casa de Rotarianos que foram uns amores comigo.

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Trabalho Comunitário

Foto tirada em Durango, Colorado

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Em Farmington com Mariano Maia, Michelle Frechette.

Às vezes costumamos passar o final de semana em Ruidoso. Uma cidade linda, com

muitas árvores, muito verde e um clima muito parecido com o de Petrópolis. Eu amo

quando viajamos pra lá, porém são três horas de viagem então não é sempre que nós

vamos.

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Família

JP e Bianca Cheney, Rotarianos

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Meu conselheiro é o Mr. Fowler. Ele é um senhor super educado, gentil e atencioso.

Na minha primeira reunião com o Rotary em Portales, ele me ajudou e me introduziu

para o presidente do Rotary Eric Dixon, e também para os outros membros do Ro-

tary. Toda semana eles se reúnem as Quartas-Feiras para discutir assuntos para a me-

lhoria da cidade, ajudar as pessoas. Sempre vai uma pessoa que eles chamam de

speakers e apresentam o assunto abordado.

Mr. Fowler me avisou que eu teria que frequentar pelo menos uma vez por mês o

clube e por conta daquele primeiro dia que eu fui, eu hoje desde que cheguei aqui

frequento todas as quartas juntamente com eles. Achei o programa fantástico, eles

sempre discutem assuntos importantes, todos são muito atenciosos comigo e eu ado-

ro, estou sempre por dentro de tudo o que está acontecendo.

Quando eu cheguei aqui eu estranhei muito e me perguntei o que é que eu tinha na

cabeça quando quis vir pra cá. Foram momentos muito ruins de solidão e tristeza,

mas é nesses momentos que você para e começa a analisar a vida de uma forma dife-

rente. Você começa a olhar para o seu próprio eu, começa a pensar nas coisas que vo-

cê poderia ter dado mais valor, mais importância. Você amadurece muito quando está

sozinha. Aprende a se virar, aprende a lidar com o próximo, aprende uma cultura di-

ferente, jeitos diferentes de lidar com as coisas ... é uma mudança e tanto.

Eu queria ir embora já no meu terceiro dia aqui mas conforme foram passando os

meses eu comecei a colocar o meu pé no chão e olhar as coisas mais a frente. Como

diz a minha irmã, “sair desse meu mundinho e começar a pensar fora da caixola”, e

foi o que eu fiz. Apesar de ter os seus altos e baixos, é uma experiência maravilhosa

que vamos levar na bagagem para o resto de nossas vidas. Eu ao invés de ficar pen-

sando em voltar, eu dou graças a Deus todos os dias quando acordo por ter a oportu-

nidade de levantar e fazer um dia diferente, um dia valer a pena e está dando super

certo. Estou tirando o máximo de proveito dessa viagem. Aprendendo e me virando,

matando um leão a cada dia, superando a saudade, a angústia, as diferenças e os mo-

mentos de tristeza e solidão. Eu sei que todo esse esforço vai valer muito a pena no

final, e não só vai servir de aprendizado pra mim, mas como pra toda a minha famí-

lia.

Gostaria de agradecer essa oportunidade que o Rotary está me proporcionando de po-

der vivenciar tudo isso e aproveito para dizer que está sendo um honra divulgar o

programa Rotary, a minha cidade e o meu país BRASIL !

Obrigada pelo carinho e atenção de todos.

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ORGULHO DE SER BRASILEIRA !!!