prévia edição 13 vírus planetário
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Edição 13 da revista Vírus Planetário reduzidaTRANSCRIPT
O escritor e ativista além das lentes da mídia grande
EntrEvista INclusiva com
Cesare Battisti
R$3,00VírusPlanetárioPorque neutro nem sabonete, nem a Suíça
edição nº 13 fevereiro/março
2012
Reservas indígenas sofrem com constantes ataques do
latifúndio no estado
Nosso repórter conta como vai o país 20 anos após o fim da URSS
Mato Grosso do SulA questão indígena
Viagem à Rússia
de guernica a são josé dos campos
A Barbárie de Pinheirinho
Expressões do Hip-Hop e Poesia ganham cada vez mais espaço através da mídia alternativa e internet
Periferia ganha a cena cultural
Edição Digital reduzida.
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Além de editar a Vírus, a Malungo também realiza atividades de comunicação (edição, reportagens, diagramação, construção de sites, artes gráficas, entre outros) para organizações, sindicatos e outros movimentos sociais.
SignificAdo de MAlungo:
companheiro, camarada.nome que se davam mutuamente
os escravizados vindos da África no mesmo navio.
Pelo simbolismo da força que este nome carrega, trazendo ao
mesmo tempo o espírito de luta e de companheirismo presentes em
nossas raízes negras e africanas, é que escolhemos este nome para
batizar nossa editora.
Que seja mais uma etapa na árdua, mas recompensadora, caminhada pela comunicação construtora de
um mundo em que haja felicidade para todas e todos.
em agosto do ano passado, o coletivo da revista vírus planetário abriu sua própria editora:
Comunicação e Editora
caso deseje contratar os serviços da Malungo, entre em contato pelo email:
Por laíssa gamaro - www.estudiocosmonauta.com.br
Por Pedro Machado
traço livre
sumário da edição completa
>envie colaborações (textos,
desenhos, fotos), críticas,
dúvidas, sugestões e opiniões
para
A partir da próxima edição,
inauguraremos uma seção de
cartas de leitores.
Queremos sua participação!
EditorialEnquanto o mundo explodeEntramos em 2012! E não é que o mundo não acabou?! Quer dizer,
temos sinais apocalípticos de destruição da humanidade, como Pinhei-rinho, mas este e tantos outros episódios não reduzirão nosso ânimo, em nome da crença que carregamos. Sim, um outro olhar é possível...
Pelo viés da Arte, traçamos a mescla entre rap, poesia e uma ideia de outra periferia, a partir do atual cenário na capital paulistana, com os artistas Criolo, Emicida e Sérgio Vaz.
A Entrevista Inclusiva é com Cesare Battisti. Acuado por todos os lados, o ex-guerrilheiro italiano encontrou respaldo no Fórum Social Te-mático deste ano. Além desta entrevista especial, esta edição também conta com matéria de estreia da nossa redação de Campo Grande (MS). Além deles, contamos com participantes do Rio, Brasília e São Paulo.
Voltando ao Pinheirinho, foi reaberta a safra de remoções. E o fato coube ao governador de São Paulo Geraldo Alckmin e seu fiel prefeito de São José dos Campos Eduardo Cury. Ambos têm feito de tudo para tirar as lentes de cima dos crimes iniciados em 22 de janeiro, mas par-tilhamos o título do poema abixo. No final das contas, interessa que a utopia está entranhada nas almas de todos nós.
“A utopia está entranhada na minha alma”“Entre mortos e feridos, não se salvaram todosReerguidos, ainda marcham fúnebres os tolos
Criaram o mundo como sua imagem e semelhançaRasgaram todos os véus, esmagaram a esperança
Quando veem um pobre, dizem bate! Bate!Lambe minha botas pois é só isso que você sabe.
E Não me venha dizer que é cidadãoIdiota, você já nasceu imerso dentro de uma prisão
Isso é realidade, não ironiaA depressão corrói todo o meu dia
Mas encarando a barbárie, resolvi me rebelarSe rebelo, me revelo belo ao revelar
Que os sonhos quem me cativam não são do cativeiroSe um dia fui cativo, hoje sou desordeiro
Só que eles continuam a comer o bolo inteiroE me chamam de ladrão, bicha, maconheiro
Mas pode ter certeza, meu parceiroNão tenho mais tempo para o desesperoSou fé, minha luta nem sempre recebe palmaA utopia está entranhada na minha almaAté a vitória, companheiro!” (Rodrigo Dias Teixeira)
4 Passatempos Virais
6 Miguel Baldez_Barbárie
7 Internacional_Viagem à Rússia
10 Bula Cultural_Nova cena cultural da
periferia
12 Bula Cultural
13 Sórdidos detalhes
14 Oswaldo Munteal_Universidade
formando cidadãos: PROCURa-Se
15 Traço livre
16 Pinheirinho_Terra arrasada
18 O Sensacional Repórter Sensacionalista
19 Meio ambiente_”Fora TKCSa”
22 Mônica Lima_Isso é desenvolvimento?_
Privatização do SUS
24 entrevista esther Vivas
26 Rio de Janeiro_Metrô Caminhando pelo
desrespeito
28 entrevista Inclusiva_Cesare Battisti
32 Conheça Mato Grosso do Sul
34 Colaborações
eQuiPe:coordenação editorial: artur Romeu, Caio amorim, Júlia Bertolini, Mariana Gomes e Seiji Nomura Redação:
Rio de Janeiro: Daniel Israel, Felipe Salek, Fernanda Freire, Maira Moreira, Maria Luiza Baldez e Rodrigo Teixeira | campo grande (MS): Marina Duarte, Rafael de abreu e Tainá Jara | Brasília: Thiago Vilela
diagramação: Caio amorim e Mariana Gomes ilustrações: Rio de Janeiro: Carlos D Medeiros - aRTe S.a.- www.umbigogroup.com(guernica capa), Carlos Latuff, Diego Novaes, Davi Baltar e Francis Carnaúba; franca-SP: Pedro Machado; Vila Velha-eS: Laíssa Gamaro e
Leonardo almenara (estudiocosmonauta.com.br); Santa Maria - RS: Rafael Balbueno (revistaovies.com)
Revisão: Bruna Baldez e Diego Gouvea colunista: Oswaldo Munteal colaborações: Miguel Baldez, Mônica Lima, Vitor Rodrigues, Ramón Chaves e Vanessa Marcondes
conselho editorial: adriana Facina, ana enne, andré Guimarães, Carlos Latuff, Dênis de Moraes, eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, João Tancredo, Larissa Dahmer, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos alvito, Michael
Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Tarcisio Carvalho, e Virginia Fontes
A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e
Editora com sede no Rio de Janeiro
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nestes brasis: em Belo Horizonte, a heróica resistência de Dandara, no Rio de Janeiro, a permanente prática predatória do Prefeito e de seu fide-líssimo Secretário de Habitação, der-rubando com frenético ritmo casas e mais casas da população pobre da cidade... E são todos religiosos e fiéis a seus respectivos credos... Como se dizia, aliás, de vários torturadores du-rante a ditadura militar.
Como resistir? Só o povo pode tra-var esta luta, que, sendo estratégica, é libertária, e pressupõe ética e igual-dade substantiva. Mas esta é uma luta que não se trava sozinho. Daí ser fundamental o apoio de todos à gente do Pinheirinho, apoio do povo e das instâncias democráticas do cam-po institucional.
Enfim, em conclusão, um apelo à Exª. Srª. Presidenta da República. Diga, Exª., a esta gente do poder, que a sua prédica pela erradicação da pobreza, além do discurso, é um princípio cons-titucional (artigo 3º da Constituição Federal), e diga também, com forte ênfase, que erradicar a pobreza não
significa acabar fisicamen-te com os pobres desta
sofrida nação.
trabalho e capital, pela regulação do direito do trabalho, fica reduzida ao conflito entre empregado e emprega-dor, é assim também que a contra-dição entre o latifúndio ou o agrone-gócio e a posse da terra configura-se como conflito pessoal entre o latifun-diário e o posseiro.
Foi, portanto, com poder político que o poder econômico construiu em torno da terra no Brasil uma quase intransponível cerca jurí-dica, aliás, duas cercas jurídicas, uma cerca morta, tecida com normas constitucionais e leis, pro-duzida por artesãos de variados poderes institucionais, outra viva, representada por juízes, promoto-res e, principalmente, por ferozes policiais bem amestrados que se
revezam com a imprensa como cães de guarda da propriedade privada.
A violenta investida armada contra Pinheirinho não chega a ser uma no-vidade no trato do povo sem terra e sem moradia. Se o espanto e a re-percussão foram maiores isso se de-veu à brutalidade da ação das auto-ridades do governo de São Paulo ao mostrarem, sem o menor pudor, a cara horrenda do fascismo.
O repú-dio ao mas-sacre do Pinheirinho vem refor-çar o repú-dio a todas as situa-ções idên-ticas cada hora mais f requentes
Algumas questões sobre Pinheirinho e a barbárie contra a população pobre do Brasil
Miguel Baldez é professor do IBMEC, ex-procurador do estado, um dos funda-dores do Núcleo de Terras e Habitação da Defensoria Pública do Rio de Janeiro e coordenador do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular
– NAJUP
Miguel Baldez
As aspas são uma referência à pre-sidenta Dilma Rousseff que, segundo dizem os jornais, usou esta mesma expressão para classificar a violência do Estado de São Paulo contra a co-munidade do Pinheirinho em São José dos Campos. Barbárie sim, mas e ago-ra? Como vai comportar-se o governo
federal? Acomodar-se e reduzir o fato em si a mero caso isolado, ou admi-tir, enfim, que não se trata de uma simples exceção política, como pode-ria, até com argumentos conceituais, manter na história do Brasil o atual fingimento democrático que esconde esta sociedade de privilégios e misé-ria cuja origem se perde na gestação colonial de estrutura escravista para projetar-se tempo afora sob o signo fortemente colorido da pobreza de seu povo, de parca alimentação e se-questrada moradia.
A este povo nunca se reconheceu, concretamente, qualquer direito, ape-nas formulações jurídicas, uma bem urdida igualdade na lei.
Pois está na imposição e eficácia da lei abstrata o principal meio de controle da sociedade. É através das leis que se reduzem a conflitos indivi-duais as grandes contradições sócio-econômicas, é assim, como exemplo definitivo, que a contradição entre
“Barbárie”
ilustração: carlos latuff
“ A este povo nunca se reconheceu,
concretamente, qualquer direito”
4 Vírus Planetário - feVereiro/mArço 2012
sonhos escondidos dentro de sonhos
viagem à rússia
Políticos corruptos, empresários pode-rosos controlando vários setores da so-ciedade, idosos nostálgicos de um passa-do tão distante quanto imaginário e uma juventude que não conhece sua própria história.
Não, não estou falando do Brasil. É da Rússia mesmo.
Estive em Moscou durante uma sema-na no gelado começo de novembro (2011). Tudo começa na casa de Ignat Solovey, moscovita, que me hospeda por dois dias.
Dez anos vivendo sob o antigo regime socialista e vinte anos sob o novo siste-ma, o russo analisa criticamente o atual estado do seu país. Como fui até o outro lado do planeta só para aprender mais sobre o antigo regime, convido-o a tirar algumas dúvidas sobre o sistema sovié-tico.
internacional
Nosso repórter conta um pouco do que viu numa Moscou depois de 20 anos do fim da União Soviética fo
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Por Thiago Vilela
Confira toda a matéria na edição completa - impressa ou digital
5Vírus Planetário - feVereiro/mArço 2012
Bula cultural algumas recomendações médico-artísticas
Por Rodrigo Teixeira e caio Amorim
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Tornou-se comum no interior das revistas de crítica musical, em páginas e veículos de comu-nicação diversos a avaliação de que estaríamos em um novo momento do Rap no Brasil. Foi-se o domínio de uma “velha escola”, a qual teria como seus principais representantes o Racionais MC´s, Facção Central, Sabotage, GOG, Rappin Hood, dentre outros. Agora seria o momento de uma “nova escola”, com novas letras, nova sonorida-de, e também, novos expoentes.
Periferia ganha novamente cena cultural:Modismo ou revolução?
Novamente sob o brilho dos holofotes, músicos como Criolo, Emicida e poetas como Sérgio Vaz se equilibram entre o mainstream
e a mídia alternativa.
Confira toda a matéria na
edição completa - impressa ou
digital
6 Vírus Planetário - feVereiro/mArço 2012
Um dos maiores desafios do nosso país para o século XXI é o de encon-trar uma forma de atuação para o en-sino superior, que propicie um alcance para os problemas dos pobres. Pode parecer simplista para alguns sim-plórios. E é simples mesmo. Porque quem precisa, necessita para ontem. O acesso é um passo importante. Mas e a pesquisa? E a extensão? E o ensino para a graduação? Além do papel da pós-graduação, que é dra-mático hoje.
universidade formando cidadãos:
PrOcura-sE
Oswaldo Munteal é professor de história na UERJ, Facha e PUC-Rio. Pesquisador da FGV,
coordenador do grupo de pesquisa Núcleo de Identidade Brasileira e
História Contemporânea (NIBRAHC)
OswaldO Munteal
O desafio de construir a universidade para as classes populares
charge: laíssa gamaro
Não estamos em busca de fór-mulas, é obvio, mas sim de ação. A formação para as elites está relativa-mente assegurada, o problema agora é que essas elites produzam, e ofere-çam retorno aos milhões de brasileiros que jamais freqüentarão os bancos das universidades públicas. Há uma sensibilização para o problema em alguns setores da nossa sociedade, mas precisamos acelerar o processo de uma reforma do ensino universitá-rio que ficou nos anos sessenta. É no-
tório que houve um afastamento do ensino superior diante das demandas sociais crescentes.
Confira toda o artigo na edição
completa - impressa ou
digital
“Somos todos Pinheirinho”. Esta foi a frase usada para demonstrar apoio à comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, que, no dia 22 de janeiro, foi vítima de um massacre des-proporcionalmente violento. Desde 2004, cerca de 9 mil pessoas ocupavam uma área de mais de um milhão de metros quadrados até que, este ano, foram surpreendidas por uma decisão de reinte-gração de posse. A desocupação do terreno foi requerida pela empresa Selecta e atestada pela juíza Márcia Faria Mathey Loureiro, ignorando a ordem do Tribunal Regional Federal da 3ª região de deter o processo. O investidor libanês Naji Nahas, dono da massa falida da Selecta, deve milhões em impostos para os cofres públicos e se utiliza da área para especulação imobiliária, di-minuindo a sua dívida – o que custou ao povo a sua moradia.
Sob as ordens do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a ação covarde e ilegal da Polícia Militar ocorreu por volta das 6 horas da manhã de um domingo e sem aviso prévio aos moradores. Aproximadamente dois mil oficiais, incluindo a Rota e a Tropa de Choque, enfren-taram os moradores do Pinheirinho. Os policiais
contavam com helicópteros, balas de borracha, gás lacrimogêneo, armas de efeito moral e, até mesmo, letais – e todas foram usadas contra a população. A diferença de forças resultou em uma repressão cruel: nem mesmo as crianças escaparam de sofrer os abusos de violência. Os tratores que haviam sido acionados já destruíam as casas, enquanto os moradores tentavam afastá-los com pedras, em vão. A Guarda Muni-cipal, que coordenou a operação, atirava na resistência e dava tiros ao alto para dispersar o povo. O despejo involuntário e desumano obrigou as famílias a deixarem suas casas e irem a abrigos.
Após ação da Polícia, os moradores e apoiadores de Pinheirinho, denunciavam pelos sites da imprensa alternativa sete mortes. Essas pessoas, segundo testemunhas, simplesmente desapareceram. Não há registro de entrada em nenhum hospital local ou mesmo no Instituto Médico Legal (IML). A suspeita é de que os cadáveres foram ocultados. Quando divulgamos essas notícias pelas redes sociais, algumas pessoas nos questionaram sobre a confirmação das mortes. Respondemos que elas não foram confirmadas pelas “autoridades”. Mas nós, da imprensa alternativa, estamos ao lado dos movimentos sociais. Principalmente quando as informações só são consideradas verdadeiras se vierem de fontes institucionais. A população viu as pessoas baleadas e levadas por policiais. Elas estavam lá e testemunharam os crimes. Além disso, fotos e vídeos mostram policiais utilizando armas de fogo na ação.
direitos humanos
terra arrasadaPinheirinho com todas as moradias destruídas | foto: coletivo grupo
Risco
Por Maria luiza Baldez e caio Amorim
O Massacre praticado pela PM de São Paulo, removendo com truculência mais de 9 mil
pessoas de suas moradias, mostra que tipo de “democracia” está em vigor no Brasil
8 Vírus Planetário - feVereiro/mArço 2012
Por mais cruel que pareça o despe-jo, este não foi o fim do massacre. Os moradores realocados para os abrigos continuaram a serem molestados pelos policiais com gás de pimenta e lacrimo-gêneo; a situação só mudou quando as famílias foram acolhidas no pátio da Igreja da cidade.
Driblando a censura da mí-dia comercial, ativistas e defensores de direitos humanos utilizaram as redes sociais Twitter e Facebook e blogs para veicular as informações apuradas junto aos ex-moradores de Pinheiri-nho, já que só se tem acesso à versão dos governos e polícia pe-las mídias tradicionais. Fotos e documentá-
rios foram compartilhados por usuários do Facebook, levando a situ-ação a conhecimento internacional. Brasileiros que estavam fora do país organizaram manifestações em apoio à comunidade na França, na Espanha e na Alemanha. Os atos de apoio ao Pinheirinho tam-bém tomaram as ruas de diversas cidades do Brasil, desde São José dos Campos, até São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
No dia 28 de janeiro, a Anistia Internacional lançou uma nota em defesa aos moradores de Pinheirinho. “O que está acon-tecendo no Pinheirinho, lamentavelmente, faz parte de um esquema recorrente de despejos forçados no Brasil, sem que recebam proteção adequada e moradias alternativas”, afirmou Atila Roque, diretor da Anistia Internacional Brasil. “As autoridades brasileiras devem atender imediatamente as necessidades de milhares de pessoas que agora estão sem teto (...) para encontrar uma solução de longo prazo que satisfaça suas necessidades, mais do que vagas tem-porárias em abrigos que desagregam famílias”, acrescentou. O caso foi denunciado pela Justiça Global, que em conjunto com outras organizações de direitos humanos, organizou um relatório de violações entregue à ONU e à OEA. O sena-dor Eduardo Suplicy (PT-SP) leu no plenário do Senado de-núncias levantadas pelo Ministério Público de São Paulo de abusos sexuais e estupro praticados por policiais durante
a invasão. Ainda existem cinco pessoas desaparecidas desde o des-pejo, sendo procuradas por seus familiares: Josefa Jerônimo, Gilmara Costa, Beto (esposo), Lucas Costa e Mateus da Silva. Milhares de pessoas despejadas permanecem sem moradia, até o fechamento desta edição.
na tarde de domingo, dia 29 de janeiro de 2011, Pedro não conseguia mais ficar em casa
sem fazer nada, depois de ver, e documentar (assista aqui - www.verd.in/l8ij ao curta “eu que-
ria matar a presidenta”) o massacre aos direitos humanos dos moradores de Pinheirinho, ex-
pulsos pela PM de São Paulo e guarda Municipal de São José dos campos.Resolveu fazer a única coisa que achou que poderia fazer. indignado com a cobertura da
mídia hegemônica, especialmente a globo – que tratou os moradores de Pinheirinho como
criminosos – se algemou a um canteiro em frente à Rede globo, na esquina da Rua Von Mar-
tius com Pacheco leão, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro e iniciou uma greve
de fome, que durou onze dias, sendo dez deles acorrentados em frente à central de jornalismo
da globo. Pedro saiu depois de a guarda municipal retirar à força as barracas que o protegiam
do relento. de 29 de janeiro a 9 de fevereiro, ele perdeu 12kg, mas ganhou respeito de muitos
internautas e defensores de direitos humanos que apoiaram a atitude. Pedro avalia que valeu
a pena o esforço que fez para não deixar morrer a discussão de Pinheirinho, segundo ele, a
repercussão foi positiva. Terminada a greve de fome, Pedro ganha mais gás para “lutar contra uma ditadura crimi-
nosa”. o movimento de greve dos bombeiros e servidores da segurança pública é uma dessas
lutas que trava. no início da greve no Rio, Pedro divulgou uma carta em seu perfil do facebook,
confira um trecho: “Por que o governo premia os assassinos de São José, e pune barbaramente
os rebeldes da Bahia? o governo pratica essas ações porque muitos dos
senhores viram que o crime não compensa, ninguém quer mais
morrer à toa. ninguém quer mais ser cão de guarda de bandido
engravatado. essa ideia de guerra, veiculada pela grande mídia,
serve para fazer a população escolher um lado dos oprimidos para odiar e culpar enquanto os bandidos perigosos mesmo riem da nossa cara. o mínimo que vocês tem que fazer é de-por armas, se recusar a morrer por eles (governantes). A po-
lícia não pode mais ser militar!
11 dias em greve de fome
“ As autoridades brasileiras devem atender
imediatamente as necessidades de milhares de pessoas que
agora estão sem teto.”
Pedro Rios luta para não deixar naji nahas e geraldo Alckmin saírem impunes ilustração: francis carnaúba
*Veja a cobertura sobre Pinheirinho em nosso site: virusplanetario.net/tag/pinheirinho/
9Vírus Planetário - feVereiro/mArço 2012
Conforme se aproximam as discussões da ‘Rio +20’, a próxima
conferência das Nações Unidas sobre o Clima e Desenvolvimen-
to Sustentável, aumenta a preparação dos movimentos sociais e
de outros setores da sociedade para evitar que o debate seja li-
mitado como o dos outros eventos. Dentre as mesas do Fórum
Social “Crise Capitalista e Justiça Social e ambiental”, discussões
principais compartilhavam este objetivo, como a da Cúpula dos
Povos. a Cúpula é um evento paralelo à Rio +20 organizado por
uma articulação de movimentos sociais em torno da visão de que
a crise ambiental é causada pelo modelo de produção e lógica
consumistas do capitalismo.
a ativista e pesquisadora de movimentos sociais esther Vivas
foi uma das debatedoras mais ativas do Fórum. Cabeça de lis-
ta nas eleições de 2009 ao Parlamento europeu pela Izquierda
anticapitalista, Vivas estudou e participou dos movimentos dos
indignad@s e de lutas como a da soberania alimentar e contra a
crise ambiental.
Durante o Fórum, esther Vivas participou de diversas mesas nas
quais defendeu que simples modificações tecnológicas não bas-
tariam para mudar o panorama da crise ambiental se não forem
acompanhadas de mudanças na organização social e na cultura.
“É necessário lutar contra a lógica da produção a qualquer custo
a curto prazo e a competição de todos contra todos. Precisamos
construir um outro mundo possível, baseado nos bens comuns e
que respeite os limites do planeta”, defendeu a ativista, na mesa
“ecossocialismo, a armadilha do capitalismo verde ou uma saída
fora do capital”, organizada pela Fundação Rosa Luxemburgo.
EntrEvista
Esther vivas
fórum social temático
Por Seiji nomura
Rep
rod
uçã
o in
ternet
Confira a entrevista na
edição completa - impressa ou
digital
10 Vírus Planetário - feVereiro/mArço 2012
No Fórum Social Temático de 2012, o escritor italiano Cesare Battisti lançou seu livro mais recente, “Ao pé do muro”, no qual se baseia em histórias de detentos do sistema carcerário. O evento teve presença enorme dos veículos da imprensa grande, mesmo comparável com mesas onde estiveram presentes ministros brasileiros. Não é difícil se supor, porém, que a razão principal não era o interesse pelo livro.
Entre 2009 e 2010, o passado de Battisti foi alvo de uma disputa entre setores políticos divergentes brasi-leiros, bem como causa de um conflito diplomático entre Brasil e Itália. Ex-membro da Brigada Vermelha — um grupo armado que lutou contra governos italia-
EntrEvista INclusiva:
foto
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io A
mo
rim
cesare BattistiPor caio Amorim, Mariana gomes, Seiji nomura e Rodrigo Teixeira
“ O sistema penal e
carcerário é uma das indústrias
mais produtivas do mundo.”
nos de tendências autoritárias no fim da década de 60, assim como durante os anos 70 — Battisti foi acusa-do de assassinatos criminosos, que não seriam justi-ficados por sua militância. O governo italiano pedia a extradição do escritor, que foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas que foi negada pelo então presidente Lula, através do ministro da justiça à época, Tarso Genro. Cesare ficou preso em Brasília de 2007 (quando veio se refugiar no Brasil) até 8 de junho de 2011, quando o STF decidiu por sua libertação.
Optando por não falar explicitamente sobre política, Battisti fala sobre sua literatura, seu passado e expres-sa o que sente sobre sua situação atual.
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Mato Grosso do Sul ganhou visibilidade internacional com a denún-cia do assassinato do Cacique Nísio Gomes, líder guarani-kaiowá. Ainda não existem conclusões sobre o que aconteceu na manhã do dia 18 de novembro de 2011, no acampamento Tekoha Guaiviry, na BR-386, entre Amambai e Ponta Porã (MS).
Os guarani-kaiowá acampavam entre as fazendas Chimarrão, Ouro Verde e Querência desde o dia 1º de novembro. Há dois dias do assas-sinato o cacique começou a receber ameaças. Relatos indicam que cerca que 40 homens armados invadiram o local com suas Hilux e S-10 procurando por Nísio e atirando. Três jovens teriam morrido durante a correria, além do cacique, que teria sido atingido com tiros de calibre 12.
A questão indígena no estado é extremamente complexa. O gover-no brasileiro tem dificuldade em construir políticas pautadas no diálogo com estes povos, somada aos conflitos fundiários com grandes proprie-tários de terras. A mídia agrava estes conflitos na medida em que influ-ência o inquérito policial por meio de acusações que buscam acobertar casos de barbárie cometidos contra os povos indígenas
A mídia corporativa sul-matogrossense, baseada em relatos da Po-lícia Federal, passou a divulgar notícias que levantavam a possibilidade de Nísio estar vivo. O saque de seu auxílio benefício teria sido feito em Brasília (DF) no dia 14 de dezembro. A partir da divulgação desta informa-ção o caso, até então tratado como “desaparecimento”, teve as buscas suspensas e o filho do Cacique, que teria visto o ataque , foi indiciado por falso testemunho.
conheça Mato Grosso do sul...
...O estado com o maior número de morte de indígenas no Brasil
O estado esconde atrás de belos cenários como o Pantanal, diversas histórias de desrespeito aos direitos indígenas
Por Marina duarte, Rafael de Abreu e Tainá Jara
““a terra está sendo revirada! Chamávamos esse lugar de Mata Grande. ele sempre foi nosso, e os brancos tomaram tudo. Derrubaram toda a mata e,
por ironia, passaram a chamá-lo de Mato Grosso do Sul.”Atanásio Teixeira, grande nhanderu (líder religioso) – Aldeia limão Verde – Amambaí/MS.
mato grosso do sul
Confira toda a reportagem na
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12 Vírus Planetário - feVereiro/mArço 2012
Mais informações:
Realização:
www.apn.org.br
No dia 6/2, o governo federal
privatizaou três dos maiores
aeroportos do Brasil: Os terminais de
Cumbica, em Guarulhos, de Viracopos,
em Campinas, e Juscelino Kubitschek, em
Brasília, passam à iniciativa privada.
Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.
os empresários brasileiros e estrangeiros gastaram uma merreca em relação ao que vão lucrar, vão ter apoio do bndes pra administrar os aeroportos, e se tudo der errado, quem assume a bomba é o governo federal. Assim é mole né??
E aí?! Já privatizaram os aeroportos... Você ainda vai continuar parado?! Junte-se à campanha
Como
esse
povo b
rasile
iro
é tro
uxa...
Sem investimento, não há Educação
pública de qualidade. Por isso, exigimos:
www.adufrj.org.brMais informações em nosso site:
Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro
A charge de Diego Novaes acima ilustra quais são as prioridades do governo federal em relação aos investimentos do Orçamento da União. Setor tão fundamental para o desenvolvimento de um país, a Educação Pública não pode ser negligenciada!
10% do PIB para a
Educação Pública, já!