prevenção da gravidez na adolescência no bairro esplanada ... · curso de especializaÇÃo...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016 Marina Barreto Correa Prevenção da gravidez na adolescência no bairro Esplanada, município de Içara- SC. Florianópolis, Abril de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016

Marina Barreto Correa

Prevenção da gravidez na adolescência no bairroEsplanada, município de Içara- SC.

Florianópolis, Abril de 2017

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Marina Barreto Correa

Prevenção da gravidez na adolescência no bairro Esplanada,município de Içara- SC.

Monografia apresentada ao Curso de Especi-alização Multiprofissional na Atenção Básicada Universidade Federal de Santa Catarina,como requisito para obtenção do título de Es-pecialista na Atenção Básica.

Orientador: Deise WarmlingCoordenadora do Curso: Profa. Dra. Fátima Büchele

Florianópolis, Abril de 2017

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Marina Barreto Correa

Prevenção da gravidez na adolescência no bairro Esplanada,município de Içara- SC.

Essa monografia foi julgada adequada paraobtenção do título de “Especialista na aten-ção básica”, e aprovada em sua forma finalpelo Departamento de Saúde Pública da Uni-versidade Federal de Santa Catarina.

Profa. Dra. Fátima BücheleCoordenadora do Curso

Deise WarmlingOrientador do trabalho

Florianópolis, Abril de 2017

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ResumoIntrodução: A gestação na adolescência é um problema de saúde pública muito presente

no bairro Esplanada, município de Içara em Santa Catarina. A gestação na adolescênciaem grande escala foi o problema selecionado para a confecção desse projeto de interven-ção. Essa situação de risco psicossocial pode ser reconhecida como um problema paraos jovens que iniciam uma família acidentalmente. O problema afeta, principalmente, abiografia da juventude e sua possibilidade de elaborar um projeto de vida estável. Obje-tivo: Desenvolver ações para prevenção da gravidez da adolescência no âmbito do bairroEsplanada, no município de Içara - SC. Metodologia: Serão desenvolvidas ações paraa diminuição dos casos de gestação na adolescência, sendo elas: reuniões frequentes coma equipe, palestras em escolas e outras instituições presentes no bairro, orientação depaciente em consultas de enfermagem e médicas, busca ativa de adolescentes através dasagentes comunitárias de saúde para um posterior aconselhamento e introdução de mé-todo anticoncepcional. Resultados esperados: Espera-se que após as atividades deprevenção, esses adolescentes estejam mais informados e preparados para a vida sexual,sabendo das consequências que uma gestação precoce pode trazer, assim como orientá-losa prevenção das doenças sexualmente transmissiveis.

Palavras-chave: Gravidez na Adolescência, Prevenção, Atenção Primária à Saúde

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Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

5 RESULTADOS ESPERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

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1 Introdução

Este projeto de intervenção será desenvolvido no bairro Esplanada, do município deIçara – SC. A população do bairro, teve início a partir do colonizadores italianos, quevieram em busca de emprego. Em meados de 1930 estes colonizadores começaram a tra-balhar com minas de carvão, em torno da estrada de ferro que era na época o único meiode transporte da população. Posteriormente o mercado se abriu também para o setor deagricultura e mais tarde para as olarias, que no momento é a maior fonte de renda dapopulação da região.

A saúde é liderada pela Secretaria de Saúde do município de Içara. O bairro contao Centro de Referência em Assistência Social, porém não há Unidade de Pronto Atendi-mento (UPA) ou hospital. Entre os movimentos sociais que ajudam na organização socialdo bairro estão presentes: Clubes de Idosas, Clube de Mães, Associação de Moradores eAssociação para Pais e Professores.

No bairro Esplanada há muitas áreas de risco, tanto ambientais quanto sociais. Asolarias e as áreas de agricultura/granjas apresentam grande risco ambiental, pela fumaçatóxica e pelos agrotóxicos que são colocados através do ar, respectivamente. O saneamentobásico é extremamente precário, sendo que grande parte da população não dispõe dele.O risco social é muito grande, havendo na região muitas áreas de prostituição e drogas,gerando grande vulnerabilidade social.

A população acompanhada pela equipe da Estratégia de Saúde da Família é de 2680pessoas, contando com 1995 pessoas com 15 anos ou mais, 1050 mulheres de 10 a 59 anos,86 crianças menores de 2 anos, 65 crianças menores de 1 ano, 6 crianças menores 4 meses,15 crianças menores de 6 meses, lembrando que esses dados são daquelas atendidas pormim, e que há atendimento de uma médica pediatra também na unidade (SIAB, 2016).

A prevalência de hipertensão arterial é de 323 pessoas (12,05%) e de Diabetes Mellitusé de 87 pessoas (3,2%). Os pacientes hipertensos em acompanhamento na unidade noúltimo mês somam 96, e de diabéticos somam 24 (SIAB, 2016). Estes são acompanhadosatravés de consultas semestrais para reavaliação das medicações utilizadas e solicitaçãode novos exames laboratoriais quando necessário, facilitando o controle da doença e a nãoevolução para formas mais graves ou complicações. O índice CPO-D é de 0,79.

Dos 319 atendimentos no mês de abril de 2015, as cinco grandes causas de procura poratendimento em saúde são: hipertensão, saúde mental, pré-natal, diabetes, puericultura.No ano de 2015 houve apenas uma morte em criança menor de 1 ano de idade, sem acausa conhecida. A proporção de crianças ate um ano de vida com calendário vacinal emdia é de 36 crianças, então das 65 crianças com essa idade acompanhadas, 55% delas estácom o calendário vacinal em dia (SINASC, 2015). As cinco principais causas de mortee internação vão ao encontro do que ocorre com a da população em geral, sendo infarto

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10 Capítulo 1. Introdução

agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, acidentes de trânsito, pneumonia e câncer(SIM, 2015).

Os problemas para a atuação médica adequada nesta comunidade são inúmeros. Háfalta de medicamentos oferecidos pela farmácia básica na unidade de saúde, falta e/oudemora para realização de exames solicitados, sendo que alguns com urgência. Um grandeproblema é também o grande tempo para o agendamento de consultas com especialistas,dificultando muitas vezes a elucidação de diagnósticos mais precisos. Ainda há o riscode agressão física/psicológica que o profissional sofre dentro da unidade de saúde, Alémdesses problemas, um problema relevante na população a qual atuo é a grande quantidadede gestações na adolescência, sendo grande parte das gestantes abaixo de 18 anos.

A gestação na adolescência em grande escala foi o problema selecionado para a con-fecção desse projeto. Essa situação de risco psicossocial que pode ser reconhecida comoum problema para os jovens que iniciam uma família acidentalmente. O problema afeta,principalmente, a biografia da juventude e sua possibilidade de elaborar um projeto devida estável. É muito traumático quando ocorre nas classes socioeconomicamente desfavo-ráveis. Os desafios e mudanças próprias da adolescência são inúmeros, podendo os jovensadentrarem num comportamento de risco . Esse segmento populacional encontra-se maisexposto à gravidez na adolescência, às doenças sexualmente transmissíveis - DST/AIDS,ao uso de drogas, acidentes e diferentes formas de violência, explicando, então, a impor-tância desse estudo (GURGEL et al., 2008).

Na população estudada, são causas relevantes a baixa escolaridade da maioria da po-pulação, o baixo nível socioeconômico e a falta de informação por meio dos familiares e atémesmo das escolas em conjunto com a unidade de saúde, fazendo-se importante uma in-tervenção nessa população de risco, para a diminuição desses índices e consequentemente,uma melhora na qualidade de vida.

A atuação de toda a equipe de saúde, tem as ações centradas na tríade promoção,prevenção e assistência, sendo as duas primeiras de maior relevância no processo de tra-balho que vai ao encontro dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. As açõesde promoção da saúde são consideradas de grande relevância, para co-responsabilidadee fortalecimento do vínculo na relação com o adolescente. A promoção da saúde per-meia transversalmente todas as políticas, programas e ações da saúde, com o desafio deconstituir a integralidade e equidade (GURGEL et al., 2008).

A ausência de programas de planejamento familiar adequados à demanda dos adoles-centes nos serviços públicos de saúde é fator importante na etiologia da gestação adoles-cente. Além disso, sabe-se que a criação de programas e projetos em saúde pública quesejam específicos para os adolescentes tem tomado cada vez mais importância, dadas asconsequências sociais e econômicas da gravidez na adolescência e a maior intensidade dosprejuízos de uma atenção precária à gestação nessa fase da vida (PARIZ; MENGARDA;FRIZZO, 2012a).

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Este projeto é oportuno nesse momento devido ao fato da gravidez na adolescênciaainda estar em ascensão no nosso país, mesmo com toda a informação vinculada e todos osmétodos contraceptivos disponíveis nas unidades de saúde, além de servir para ajudar essesadolescentes a ter uma melhor perspectiva de vida, uma maior liberdade para estudareme evitar que permaneçam com nível social inferior. Considerando-se ainda a importânciadessa intervenção na vida das crianças que serem concebidas em ambientes com diversasvulnerabilidades sociais e familiares.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo geralDesenvolver ações para prevenção da gravidez da adolescência no âmbito do bairro

Esplanada, no município de Içara - SC.

2.2 Objetivos específicos- Realizar atividades de educação e orientação sexual para adolescentes em parceria

com as escolas no território adscrito.- Implementar um conjunto de ações de prevenção da gravidez na adolescência, com

apoio da equipe multidisciplinar, na Unidade Básica de Saúde.

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3 Revisão da Literatura

A gestação na adolescência é aquela que ocorre no período da vida entre os 10 e 19 anos,no qual acontecem inúmeras mudanças, sendo elas: crescimento acelerado, aparecimentodas características sexuais secundárias, conscientização da sexualidade, estruturação dapersonalidade, adaptação ambiental e integração social (GURGEL et al., 2008). Devidoa essas modificações no padrão de comportamento dos adolescentes e no exercício desua sexualidade, exige-se atenção cuidadosa por parte dos profissionais, devido a suasrepercussões, entre elas a gravidez precoce (SILVA; TONETE, 2006).

No Brasil, estima-se que um milhão de adolescentes dão à luz a cada ano, corres-pondendo a 20% do total de nascidos vivos. As estatísticas também provam que, a cadadez anos, cresce o número de partos de meninas cada vez mais jovens em todo o mundo(SILVA; TONETE, 2006).

Com as mudanças da adolescência, podemos reconhecer padrões de heterogeneicidadee comportamentais que envolvem a afirmação da personalidade, o desenvolvimento sexuale espiritual, a busca e realização dos projetos de vida e da auto-estima e a capacidadede pensamento abstrato. Com esses acontecimentos de vida, normalmente, iniciam-se ascrises, que não ocorrendo sua evolução natural, podem levar o adolescente à transgressões,como por exemplo o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas; as práticas sexuais sem o usode medidas de proteção tanto para as doenças sexualmente transmissíveis (DST) , quantopara a paternidade e a maternidade; o estabelecimento de conflitos de personalidade, quepodem incidir desde a dificuldade de relacionamento com os pais e demais pessoas de suaconvivência, como a tentativa e/ou realização do suicídio ou ainda, o envolvimento nosgrupos de tráfico e criminaliade (NETO et al., 2007).

Desde 1970, a maternidade na adolescência é identificada como um problema de saúdepública. Complicações obstétricas com repercussões para a mãe e o recém-nascido, assimcomo problemas psicológicos, sociais e econômicos têm reforçado essa afirmação (PARIZ;MENGARDA; FRIZZO, 2012b). Algumas complicações como tentativas de abortamento,anemia, desnutrição, sobrepeso, hipertensão, (pré)eclampsia, desproporção céfalo-pélvica,hipertensão e depressão pósparto estão associadas à gravidez na adolescência. Além disso,a gestação em adolescentes pode estar relacionada a comportamentos de risco como, porexemplo, a utilização de álcool e drogas ou mesmo a precária realização de acompanha-mento pré-natal durante a gravidez (DIAS; TEIXEIRA, 2010).

No que atinge à saúde do bebê, a gestação na adolescência encontra-se associada asituações de prematuridade, baixo peso ao nascer, morte perinatal, epilepsia, deficiênciamental, transtornos do desenvolvimento, baixo quociente intelectual, cegueira, surdez,aborto natural, além de morte na infância. O recém-nascido prematuro pode apresentarmaiores riscos na adaptação à vida fora do útero devido à imaturidade dos órgãos e

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16 Capítulo 3. Revisão da Literatura

sistemas; além de uma maior susceptibilidade ao desenvolvimento de doenças. Os riscosda gestação na adolescência ainda estão associados à baixa adesão ao atendimento pré-natal demonstrado pelas adolescentes. Deve notar que o acompanhamento pré-natal temefeito protetor sobre a saúde da gestante e do bebe, sendo que contribui para uma menorincidência de mortalidade materna, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal (DIAS;TEIXEIRA, 2010).

Considera-se que a ocorrência de problemas de saúde tanto na mãe adolescente comona criança pode estar mais relacionada ao estado de pobreza do que à idade da jovempropriamente. Os autores observam que uma boa parcela da população de gestantes ado-lescentes encontra-se em condições sócio-econômicas precárias, o que por sua vez estáassociado a uma maior ausência de condições adequadas de higiene, habitação, alimen-tação e saúde. A gravidez na adolescência pode ter relação com pobreza, evasão escolar,desemprego, ingresso precoce em um mercado de trabalho não-qualificado, separação con-jugal, situações de violência e negligência, diminuição das oportunidades de mobilidadesocial, além de maus tratos infantis (DIAS; TEIXEIRA, 2010).

Nos dias atuais, os estudos mostram uma contínua relação entre a gestação e o aban-dono escolar, o apoio da família e o apoio do pai do bebê. Além disso, a ausência deprogramas de planejamento familiar adequados à demanda dos adolescentes nos serviçospúblicos de saúde também tem sido discutida como fator importante na etiologia da ges-tação adolescente. Entretanto, sabe-se que a criação de programas e projetos em saúdepública que sejam específicos para os adolescentes tem sua importância cada vez maisdestacada, dadas as consequências sociais e econômicas da gravidez na adolescência e amaior intensidade dos prejuízos de uma atenção precária à gestação nessa fase da vida.6 (PARIZ; MENGARDA; FRIZZO, 2012a). Em alguns casos, pesquisas mostram quea gravidez nesse período pode representar a busca por reconhecimento e concretizaçãode um projeto de vida viável para algumas adolescentes, especialmente aquelas de nívelsócio-economico menos favorecido (FERRARI; THOMSON; MELCHIOR, 2008).

Ao se descobrir grávida, a adolescente enfrenta inúmeras dificuldades dependendo, so-bretudo, de sua classe social; e são estas dificuldades, aliadas ao entendimento da realidadede cada comunidade, bem como o conhecimento a respeito das mudanças e particularida-des implicadas na adolescência que poderá dar aos familiares, à sociedade e aos programase projetos políticos os subsídios necessários para a adoção de medidas mais assertivas naatenção à adolescência e à gestação na adolescência (PARIZ; MENGARDA; FRIZZO,2012a).

As intervenções têm sido feitas nos seguintes âmbitos: familiar (orientação e preparodos pais e mães e companheiros das adolescentes); político (Programas governamentaisoperacionalizados sob a forma de programas de saú- de e de inserção nas escolas); nasociedade (projetos não governamentais e intervenções de pessoas com algum vínculocom a temática) (PARIZ; MENGARDA; FRIZZO, 2012b).

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No âmbito familiar, de forma geral a gestação da adolescente vem para a famíliacarregada com um grande impacto emocional. É possível evidenciar, em alguns casos,uma frustração devido à interrupção/mudança no projeto de vida familiar em relação àadolescente, especialmente quando não houver um relacionamento estável com o pai dacriança. A ausência do companheiro tem sido apontada como um complicador social eobstétrico decorrente da gravidez, pois a recusa da paternidade pode ser fonte de estressepara a adolescente, tornando-a vulnerável a complicações perinatais, no parto e na saúdeda criança (PARIZ; MENGARDA; FRIZZO, 2012a).

No âmbito das políticas públicas, algumas tentativas de atender aos adolescentes, es-pecialmente os de baixa renda, tem surgido pelo Brasil. No ano de 1989, foi implantadoo Programa de Saúde do Adolescente (PROSAD) para meninos e meninas de 10 a 19anos de idade. O objetivo do programa era a atender a sexualidade e a saúde reprodutiva,além de estabelecer os direitos dos adolescentes por intermédio do Estatuto da Criançae do Adolescente (ECA). Porém, PROSAD não se mostrou suficiente, pois os dados de-monstrando índices alarmantes ano após ano. Outras intervenções que têm surgido sãopostos de saúde em que as agentes comunitárias fazem visitas domiciliares para orientaradolescentes e familiares sobre contracepção e doenças sexualmente transmissíveis. Essetrabalho tem demonstrado resultados positivos, mas ainda se faz necessário ultrapassardeterminados obstáculos tais como o já citado preparo dos profissionais de saúde paratratar da temática e o planejamento adequado das ações, pois na ausência de programasespecíficos para adolescentes na unidade de saúde, os estudos têm demonstrado que osprofissionais procuram atender essa população da melhor maneira possível com os progra-mas já existentes, mas isso tem gerado sobrecarga de trabalho e necessidade de revisãodas intervenções que encontram a predisposição das equipes para implantar programasespecíficos de atenção à saúde do adolescente (PARIZ; MENGARDA; FRIZZO, 2012a).

Vale ressaltar que estudos indicam que boa parte dos adolescentes recebe informaçõessobre contracepção, sendo a pílula e o preservativo os mais conhecidos e utilizados. Porém,registram-se elevada inadequação na utilização dos métodos contraceptivos, evidenciandoa falta de serviços devidamente aptos para transmitir orientações atendimento adequadoaos adolescentes(PARIZ; MENGARDA; FRIZZO, 2012a).

Em relação às ações programáticas (planejamento familiar, pré-natal e câncer gineco-lógico) e preventivas (DST/Aids, gravidez e uso do preservativo), tanto os médicos comoos enfermeiros têm competência e habilidade para desenvolvê-las, tanto por intermédiode consultas na unidade, como em reuniões com grupos e em visitas domiciliares. Indife-rentemente do local para desenvolver estas atividades, deve-se levar em consideração que,em meio à demanda da unidade, este constitui-se num espaço educativo muito rico e, aomesmo tempo, muito curto. O profissional tem de estar preparado para bem aproveitá-lo.Pode-se ressaltar que a baixa eficácia de muitas ações preventivas nos serviços de saúdese deve a erros já globalmente identificados em muitos países de terceiro mundo, refe-

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18 Capítulo 3. Revisão da Literatura

rentes às decisões sobre políticas públicas de prevenção que não têm levado em conta acultura sexual, especialmente o contexto social e cultural em que as decisões sobre sexosão tomadas, não indo muito além das informações genéricas sobre gravidez, DST e Aids(FERRARI; THOMSON; MELCHIOR, 2008).

Para a adesão do adolescente ao espaço que lhe é oferecido, é necessário permitir queele seja ouvido, possa expor suas idéias, sentimentos e experiências e, que, também sejarespeitado e valorizado. O adolescente não quer nada pronto e, talvez, ele ainda não tenhaencontrado este espaço no serviço de saúde. Na realidade, quando os profissionais ganhama confiança dos adolescentes, eles se tornam ouvintes e interlocutores, mas, antes mesmoque aconteça esta interação, é necessário que se efetive uma política pública para ampliaro acesso do adolescente aos serviços de saúde, para criar espaços de discussão e aprofunda-mento de questões formuladas pelos próprios adolescentes, que sintam prazer em discutirtemas dificilmente abordados no cotidiano.(FERRARI; THOMSON; MELCHIOR, 2008).

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4 Metodologia

Neste projeto de intervenção, serão desenvolvidas ações para a diminuição dos casosde gestação na adolescência, sendo elas: reuniões frequentes com a equipe, palestras emescolas e outras instituições presentes no bairro, orientação de paciente em consultas deenfermagem e médicas, busca ativa de adolescentes através das agentes comunitárias desaúde para um posterior aconselhamento e introdução de método anticoncepcional.

As reuniões com a equipe, que acontecerão na unidade básica de saúde, contarão comaconselhamento da mesma em relação as formas de anticoncepção e as formas de trazeresses adolescentes até a unidade básica de saúde. Deverão ser orientadas também quantoao impacto e as consequências que essa gestação adiantada pode trazer as famílias e apopulação em geral.

As palestras em escolas e em outras instituições deverão abordar os riscos da gestaçãona adolescência, tanto a mãe, quanto a criança e a todos os familiares envolvidos. Alertare-mos principalmente quando ao grande número de abandono aos estudos e as consequênciasque esse ato pode trazer ao futuro da família. As adolescentes serão orientadas aos tipos deanticoncepcionais e preventivos existentes, e como fazer o uso. Não esquecendo tambémque aproveitaremos para falar de um assunto muito importante e diretamente ligado aoinício precoce das relações sexuais, que são as doenças sexualmente transmissíveis, falandode cada uma delas detalhadamente e seus sintomas. As palestras contarão com a presençada médica, enfermeira, técnicas de enfermagem, agentes comunitárias de saúde, e umapsicóloga capacitada para fazer esse tipo de evento. Serão esclarecidas todas as dúvidase questionamentos dos adolescentes, e incentivados a procurar a unidade básica de saúdepara consultas, se necessário.

Nas consultas com a enfermeira ou com a médica, a paciente será orientada quantoao melhor método anticoncepcional para a mesma, e sobre o uso do preservativo emtodas as relações sexuais. Serão esclarecidas todas as dúvidas dos pacientes, assim comoincentivado a prevenção da gestação e das DSTs. Os familiares desses adolescentes serãoigualmente orientados e pediremos que tragam seus filhos/parentes para consultas.

Desta forma, as ações serão feitas desde a unidade básica de saúde, até as escolas eresidências dos pacientes, contando com o apoio de toda a equipe de saúde, das escolasdevido a autorização para as palestras, e dos familiares para trazer esses adolescentes atéa unidade onde serão melhor orientados.

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5 Resultados Esperados

Diante das propostas de metodologia, as quais são: intervenção de toda a equipe paradiminuição dos índices de gestação na adolescência, palestras nas escolas para orientaçãoe incentivo ao uso de preservativos e anticoncepcionais e consultas para esclarecimentos einício da anticoncepção; espera-se alcançar redução importante desses índices; fato este,que será de grande importância para toda a população do bairro.

Com o intuito de diminuir os casos de gestação na adolescência no Bairro Esplanada,município de Içara, uma grande quantidade de menina não abandonaria os estudos tãoprecocemente como acontece nos dias atuais, tendo maiores possibilidades de continuarseus estudos e ter uma profissão, bem como as mães adolescentes, assim como os recém-nascidos, passariam por menos riscos em relação à saúde.

Deve-se notar que a gestação na adolescência é um problema de saúde pública, quepode desestabilizar vários aspectos de uma sociedade, como saúde, educação e social.Diminuindo esses índices, teremos um grande impacto positivo no desenvolvimento dessapopulação.

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Referências

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FERRARI, R. A. P.; THOMSON, Z.; MELCHIOR, R. Adolescência: ações e percepçãodos médicos e enfermeiros do programa saúde da família. Interface -COMUNICAÇÃOSAÚDE EDUCAÇÃO vol 12, p. 387–400, 2008. Citado 3 vezes nas páginas 16, 17 e 18.

GURGEL, M. G. I. et al. Gravidez na adolescência: tendência na produção científica deenfermagem. Esc. Anna Nery, v. 12, n. 4, p. 800–806, 2008. Citado 2 vezes nas páginas10 e 15.

NETO, F. R. G. X. et al. Gravidez na adolescência: motivos e percepções de adolescentes.Revista Brasileira de Enfermagem, p. 279–285, 2007. Citado na página 15.

PARIZ, J.; MENGARDA, C. F.; FRIZZO, G. B. A atenção e o cuidado à gravidez naadolescência nos âmbitos familiar, político e na sociedade: uma revisão da literatura.Saude soc., v. 21, n. 3, p. 623–636, 2012. Citado 3 vezes nas páginas 10, 16 e 17.

PARIZ, J.; MENGARDA, C. F.; FRIZZO, G. B. A atenção e o cuidado à gravidez naadolescência nos Âmbitos familiar, político e na sociedade: uma revisão da literatura.Saúde Soc. São Paulo, v.21, p. 623–636, 2012. Citado 2 vezes nas páginas 15 e 16.

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