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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO ANA LÍVIA SANTOS ARNAUD PREVENÇÃO E RESTAURAÇÃO À JUSTIÇA RESTAURATIVA COMO MÉTODO ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS CABEDELO - PB 2017

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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

ANA LÍVIA SANTOS ARNAUD

PREVENÇÃO E RESTAURAÇÃO À JUSTIÇA RESTAURATIVA COMO MÉTODO

ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

CABEDELO - PB

2017

ANA LÍVIA SANTOS ARNAUD

PREVENÇÃO E RESTAURAÇÃO À JUSTIÇA RESTAURATIVA COMO MÉTODO

ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo

científico apresentado à Coordenação do Curso de

Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino

Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para

a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Área: Direito Penal, Sociologia do Direito.

Orientador: Prof. Dr. Bruno César Azevedo Isidro

CABEDELO - PB

2017

A744p Arnaud, Ana Lívia Santos. Prevenção e restauração à justiça restaurativa como método

alternativo de resolução de conflitos / Ana Lívia Santos Arnaud. – Cabedelo, 2017.

22f Orientador: Profº Dr. Bruno César Azevedo Isidro. Artigo Científico (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino

Superior da Paraiba. 1. Justiça Restaurativa. 2. Justiça Restaurativa no Sistema

Penal Brasileiro. 3. Círculos de Diálogo. 4. Justiça Convencional da Justiça Restaurativa. I. Título.

BC/Fesp CDU: 341.5

A reprodução total ou parcial deste documento só será permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos desde que seja referenciado, autor, titulo instituição, e ano de sua

publicação.

ANA LÍVIA SANTOS ARNAUD

PREVENÇÃO E RESTAURAÇÃO À JUSTIÇA RESTAURATIVA COMO MÉTODO

ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de

Artigos Científicos da Faculdadede Ensino Superior da

Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do

grau de Bacharel em Direito.

APROVADO EM _____/_______2017

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Bruno César Azevedo Isidro

ORIENTADOR - FESP

___________________________________________

Prof. Esp. Pablo Juan Nóbrega da Silveira

MEMBRO - FESP

___________________________________________

Prof. Esp. Ricardo Sérvulo Fonsêca da Costa

MEMBRO - FESP

Agradeço еm primeiro lugar а Deus que iluminou о mеu

caminho durante esta caminhada.

Dedico.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela aprendizagem diária, é Ele quem me dar forças e me sustenta a

cada amanhecer, sem sua presença em minha vida nada seria possível.

Aos meus pais e familiares pelo apoio e pelo exemplo de vida, principalmente a

minha mãe Raimunda Santos e a minha avó Maria do Carmo por todo amor, carinho,

educação e por terem sido minha mãe e pai.

Ao meu amado esposo Jânio, pelo carinho, dedicação, paciência e incentivo.

A meu orientador, Bruno César Azevedo Isidro, pela dedicação e conhecimentos

compartilhados.

Aos meus colegas de curso, por tornarem esta jornada um caminho mais leve de se

trilhar.

Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade,

então falha em tudo.

Albert Camus.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10

2 CONTEXTUALIZAÇÃO: A JUSTIÇA RESTAURATIVA NO SISTEMA

PENAL BRASILEIRO ............................................................................................. 12

2.1 A CRISE DE LEGITIMAÇÃO DO SISTEMA PENAL.............................................. 12

2.2 UMA CULTURA DE LITIGÂNCIA VERSUS UMA CULTURA DE PAZ ............... 13

2.3 DIREITO PENAL E POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA ............................... 13

3 A JUSTIÇA RESTAURATIVA ............................................................................... 17

3.1 CÍRCULOS DE DIÁLOGO ........................................................................................ 19

4 UMA ALTERNATIVA À JUSTIÇA CONVENCIONAL NA JUSTIÇA

RESTAURATIVA .................................................................................................... 24

4.1 O ATUAL SISTEMA PENAL BRASILEIRO......................................................... 25

4.2 JUSTIÇA RESTAURATIVA EM JOÃO PESSOA - PB ............................................. 26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 29

10

PREVENÇÃO E RESTAURAÇÃO À JUSTIÇA RESTAURATIVA COMO MÉTODO

ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

ANA LÍVIA SANTOS ARNAUD 1

BRUNO CÉSAR AZEVEDO ISIDRO **

RESUMO

Com a crise do sistema judiciário, a propagação da violência e a cultura do conflito, questões

que o processo judicial não suporta nem pacifica, urge a adoção de medidas alternativas. O

falho sistema carcerário, por sua vez, representa injustiça social, em meio às contradições da

justiça criminal. Contraditório é o sistema, ainda, diante do princípio penal da ultima ratio.

Tão evidente é a incapacidade e a falência do sistema que se verifica o surgimento de diversos

movimentos, seja de reforma ou extinção do próprio sistema, movimentos minimalistas ou

abolicionistas. As alternativas ao judiciário se fundamentam no fato de que a crise que se

instala não decorre de questões processualísticas, mas estruturais. Sustentando-se na

intervenção mínima, encontram-se os métodos alternativos de resolução de conflitos. Neste

caso, a justiça restaurativa é originária da justiça comunitária, surge de princípios que

orientam a efetiva resolução do conflito, a pacificação da situação conflituosa, com a

restauração dos danos decorrentes de uma conduta humana. Substituindo-se à função

retributiva e punitiva do sistema atual, a pacificação da sociedade passa pela função

restauradora e preventiva, enxergando o crime dentro de um sistema social, cujos efeitos,

portanto, ecoam de forma sistêmica. Portanto, se o processo judicial integra uma cultura de

conflito, a justiça restaurativa é instrumento de uma cultura de paz, o que determina a

consideração de diversos fatores para explicar o desequilíbrio do sistema, inclusive elementos

psicossociais. As políticas criminais brasileiras agem contra os objetivos declarados do direito

penal e seus princípios. Assim, uma alternativa preventiva e restaurativa pretende alcançar a

justiça social, algo que a justiça criminal jamais tangenciou, muito embora, por questões

eminentemente políticas, o novo paradigma da justiça restaurativa encontre sérias dificuldades

de inserção na sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Justiça Restaurativa. Justiça Restaurativa no Sistema Penal Brasileiro.

Justiça Convencional na Justiça Restaurativa. Círculos de Diálogo.

1 INTRODUÇÃO

Pode-se dizer que o sistema judiciário brasileiro, notadamente a justiça criminal, não

apenas passa por uma situação de crise como parece estar prestes a ruir. Não apenas

1 Bacharelanda em Direito pela FESP Faculdades no semestre 2017.2. E-mail: [email protected].

** Orientador deste TCC. Doutor pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, em Transformações do

Direito Privado, Cidade e Sociedade. Possui mestrado em Direito Constitucional pela Universidade Federal do

Ceará e Especialização em Processo Civil. Atualmente é professor da Universidade Estadual da Paraíba. Tem

experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Constitucional e Processual. Juiz de Direito, autor do

Projeto sobre o Monitoramento Eletrônico de Presos, que criou no Brasil as Tornozeleiras Eletrônicas para

presos e de um novo instituto em Direito Processual Penal, a Progressão Virtual da Pena. Coordenador do Centro de Conciliação e Mediação em João Pessoa. Criador do Projeto Selo Amigo da Conciliação. Autor do livro O

Monitoramento Eletrônico de Presos e a Paz Social no Contexto Urbano - nova política de contenção da

modernidade a partir da visão da microfísica do poder e da sociedade de controle. Dentre outros projetos de

repercussão nacional.

11

descumprindo suas funções básicas de composição das disputas para a pacificação com

justiça, o sistema multiplica a violência e as situações de conflito devido a morosidade

judicial e à falta de garantia de um julgamento justo, tudo adicionado a um sistema carcerário

que encerra em si mesmo uma injustiça.

Um paradoxo permeia a justiça criminal, atualmente, na medida em que a busca pelo

eficientismo, diante de uma evidente falta de estrutura para processar o colossal volume de

causas que são levadas ao poder judiciário, esbarra na inegável ineficiência dos resultados,

quando da aplicação das medidas impostas pela justiça, sendo que isso tudo se dá dentro de

um direito penal que não se pode dizer mínimo. É nesse contexto, inserida em um movimento

político criminal minimalista, que a justiça restaurativa surge, como a possibilidade de

evolução do sistema atual, em benefício de um sistema preventivo e restaurativo.

Surgida de origens tribais, na tradição indígena australiana, canadense e norte-

americana, a justiça restaurativa não consiste em uma instituição ou um instituto, mas em um

conjunto de princípios que orientam a prática da resolução de conflitos, com a reunião, a

participação ativa das partes envolvidas no conflito, dos indivíduos afetados e da comunidade

em geral.

Esses princípios mencionados são basicamente quatro. Primeiro, o oferecimento de

condições para participação pessoal de vítima, ofensor, suas famílias e comunidades.

Posteriormente, a visão do crime enquanto parte de um contexto social, não um fato isolado

de qualquer causa externa. Em seguida, a visão de que o crime se dá através de um ângulo

prático, orientado para a prevenção e a solução do problema. Por último, tem-se a criatividade

e a flexibilidade.

No caso da justiça criminal brasileira, trata-se de um contexto que impõe reformas, por

certo havendo sérios problemas de estrutura. A proposta deste trabalho é analisar os

problemas da justiça criminal brasileira, com a pretensão de realizar uma crítica ao sistema,

demonstrando que a hipertrofia do poder judiciário e a visão processualística da questão são

insuficientes enquanto explicação para o problema.

Dando enfoque à fase pré-processual, com a origem do conflito dentro de um contexto

de cultura de litigância, que acaba sendo levado ao acionamento da justiça, os instrumentos da

justiça restaurativa serão estudados como alternativa e possível solução aos problemas da

justiça criminal, isto por meio de uma pesquisa com revisão de bibliografia, usando o método

qualitativo e descritivo, estruturando-se a pesquisa em uma forma qualitativa.

Na análise dos princípios da justiça restaurativa, pretendem-se verificar, como

objetivos deste estudo, as origens e conceitos das práticas restaurativas, e como têm esses

12

mecanismos sido aplicados no Brasil. Partindo daí, busca-se averiguar o seguinte

questionamento: em que medida essa alternativa contribui para a prevenção de conflitos e a

redução da reincidência penal?

2 CONTEXTUALIZAÇÃO: A JUSTIÇA RESTAURATIVA NO SISTEMA PENAL

BRASILEIRO

A confrontação dos sistemas penais com a sua incapacidade de subsistir e de se

conservar, ao longo de toda a história, gera uma crise de legitimação que abala as suas

estruturas. Isto resulta no aparecimento de diversos movimentos, inclusive movimentos e

teorias minimalistas, de reforma e contração penal, e também abolicionistas, que defendem a

liquidação do próprio sistema carcerário, as quais podem se aliar e se suceder.

2.1 A CRISE DE LEGITIMAÇÃO DO SISTEMA PENAL

No entanto, esses movimentos, sobretudo o abolicionismo, encontram-se diante de um

contexto de hegemonia do eficientismo penal e da busca pela expansão do sistema penal. O

abolicionismo defende a substituição do sistema por métodos alternativos de resolução de

conflitos. Greco (2017, p. 57) afirma que “o abolicionismo, da mesma forma que o

minimalismo, corresponde a um movimento de política criminal advindo de uma criminologia

crítica, ou seja, que rompem com a tradicional política, buscando deslegitimar o sistema

penal”.

O minimalismo, por sua vez, se baseia no princípio do direito penal mínimo, da prisão

como ultima ratio e na introdução de penas alternativas. Essas teorias minimalistas já vêm

influenciando o sistema penal brasileiro, muito embora com resultado inverso do desejado.

Percebe-se que a introdução dos juizados especiais, por exemplo, aparentemente fazem

expandir o sistema penal e aumentar o número de conflitos levados ao judiciário, numa

tentativa de relegitimação do sistema.

A redução do controle social é alvo do minimalismo, com a pretensão de contração

dos sistemas penais. No fim das contas, o sistema não atinge o objetivo de proteger e pacificar

a sociedade, punir e promover a redução da criminalidade e garantir a segurança pública, pois

é gerador de criminalidade. Produz extensos danos, apesar da sua reduzida atuação,

constatada estatisticamente, não abranger mais que pequena parcela dos casos que se propõe a

solucionar.

13

A justiça restaurativa busca trazer todos – vítimas, agressores, famílias e comunidades

– para o centro das discussões em torno do ato delituoso, ao invés de isolá-los, para, a partir

daí, solucionar os conflitos. No uso de práticas restaurativas como método alternativo de

resolução de disputas, a paz e o conflito são pensados de forma sistêmic,a conforme a cultura

de paz e a comunicação não violenta, tendo em conta que o conflito nasce na sociedade da

necessidade de autoafirmação, do instinto de sobrevivência.

2.2 UMA CULTURA DE LITIGÂNCIA VERSUS UMA CULTURA DE PAZ

Uma visão de justiça, baseada na justiça restaurativa, incluindo a ética da alteridade, a

comunicação não violenta e a cultura de paz, está em confrontação com a justiça objeto do

sistema criminal convencional, com base punitiva e vingativa, de tal forma que a alteridade se

refere à impossibilidade de se definir ou de qualificar o outro, conforme a minha própria

representação deste, concluindo-se, portanto, que há uma diferença absoluta entre o eu e o

outro. (PELIZZOLI, 2012).

Ademais podemos aduzir que “esse vínculo e o recebimento do outro em sua diferença

estão acima da ideia que temos sobre o outro, quando procedemos a sua tematização”

(PELIZZOLI, 2012, p. 13), e dessa forma é necessário não ser indiferente ao outro,

estabelecendo-se um vínculo, com o consequente nascimento de responsabilidade quanto ao

outro.

Diante da ausência de sucesso do sistema legal, observa-se o aumento da

criminalidade e da reincidência, além da não realização da justiça e a presença da insegurança

pública, sem falar da impunidade por todos notada. Isso leva a se acreditar, muitas vezes, na

necessidade de se tornar mais rígidas as leis mais, cogitando-se a redução da maioridade

penal, o aumento da repressão dos crimes, com mais intensidade, e medidas afins, como

possíveis soluções para o problema.

A justiça restaurativa se insere num contexto de aversão à violência, fomentando uma

cultura de paz em que justiça tem um sentido diferente do pensado, com a finalidade principal

de se alcançar a pacificação efetiva dos conflitos instaurados na sociedade. Busca-se na

justiça restaurativa o equilíbrio da sociedade com práticas preventivas e restaurativas, e não

meramente punitivas e repressivas.

2.3 DIREITO PENAL E POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA

14

O poder punitivo do estado está limitado pelos princípios do direito penal, o que se

determina considerando o impacto da sua atuação. Neste sentido, destacam-se os princípios

seguintes: intervenção mínima, exclusiva proteção de bens jurídicos, exteriorização do fato,

legalidade, ofensividade do fato, responsabilidade pessoal, responsabilidade subjetiva,

culpabilidade, igualdade, proibição de penas indignas, humanização das penas e

proporcionalidade.

Em oposição ao direito penal mínimo, informado pelos acima referidos princípios

limitadores do ius puniendi, o direito penal máximo é exclusivamente punitivista. Nesse

sentido, “Por sua vez, o garantismo se associa com o minimalismo, em complementação, para

a máxima garantia da liberdade do indivíduo contra o arbítrio punitivo com o mínimo de

intervenção do direito penal” (GOMES, 2011, p. 7).

O garantismo é um termo recente, surgido no século XIX e associado à segurança

social, à tutela constitucional de liberdades fundamentais e também à limitação do ius

puniendi. Enquanto neologismo, o termo estava relacionado, em princípio, a um estado social

tendente à perfeita harmonia de uma sociedade comunitária, a partir da garantia de segurança

social dos indivíduos mais fracos. Então, o garantismo se consolida enquanto elemento

essencial ao constitucionalismo moderno, pertinente às garantias constitucionais de liberdades

fundamentais.

Sobre o tema, escrevem Bobbio e Matteucci no seu Dicionário de Política:

O garantismo, que tem o seu principal teórico em Benjamin Constant, acentua ao

máximo, em polêmica, com Rousseau e com a interpretação jacobina da vontade

geral, a exigência de tutelar, no plano constitucional, os direitos fundamentais do

indivíduo, quer dizer, a liberdade pessoal, a liberdade de estampa, a liberdade

religiosa, enfim, a inviolabilidade da propriedade privada (MATTEUCCI; BOBBIO, 2004, p. 205, apud IPPOLITO, 2011, p. 36).

O fato é que o garantismo penal possui caráter determinante de uma maior segurança e

mais ampla eficiência dos instrumentos jurídicos, medida do constitucionalismo rígido,

confinando o poder político, enquanto liberdade do indivíduo do Estado e em face do próprio

Estado.

A partir dos anos setenta, diante de políticas voltadas ao trato com o terrorismo na

Itália, o garantismo passou a denotar comumente preceitos legitimadores da jurisdição

criminal, com a reafirmação da proteção dos direitos individuais em face do poder punitivo

estatal, por parte da cultura jurídica progressista. A teoria liberal do direito penal, referência

do direito penal mínimo, se encontra no garantismo.

15

Trata-se de instrumento apto a reduzir a violência social, seja na violência individual

representada pelo crime quanto na violência institucional das penas arbitrárias. Com o

iluminismo, diante da concepção tradicional de Estado, de dever dos súditos para com o

soberano, observou-se que ao limitar o exercício de poder, tutelavam-se os indivíduos,

passando-se de um Estado absoluto a um Estado de direito.

Desta maneira, podemos dizer que o inevitável poder punitivo estatal, extremamente

necessário ao controle da violência privada, pelo estabelecimento de normas de convivência

social e sanções penais, elimina a vigência da lei do mais forte, fundando-se na isonomia

(IPPOLITO, 2011).

No entanto, para a garantia das liberdades fundamentais, faz-se necessária a

subordinação à lei, no norte do princípio da legalidade estrita. Não cabe, nesse contexto, um

sistema baseado na prisão preventiva, no sigilo dos procedimentos, na arbitrariedade das

decisões, na disparidade de armas entre acusação e defesa. A liberdade do indivíduo e a

presunção de inocência são fundamentais.

As limitações impostas ao Estado estão no plano legislativo e jurisdicional, definindo-

se a redução da atividade legislativa à defesa de direitos e da atividade jurisdicional à

cognição. A legislação penal está enquadrada, limitada substancialmente pelos princípios da

taxatividade, da materialidade, da ofensividade e da culpabilidade. São garantias penais

consideradas como substanciais.

A jurisdição penal, baseada nos fatos e na norma jurídica, determina-se pela a

submissão à lei, estabelecendo garantias processuais. Independentemente de qualquer

interesse, a atividade jurisdicional se fundamenta na taxatividade (legalidade estrita, reserva

de lei; nullum crimen, nulla poena sine lege). Quanto ao legislador, devido à taxatividade,

impõe-se a formulação dos tipos penais em termos determinados na sua extensão, evitando-se

a equivocidade.

Para justificar a tipificação penal, deve-se basear nos princípios da ofensividade, da

materialidade e da responsabilidade pessoal, de forma que apenas as condutas que tenham por

consequência algum dano a um bem jurídico sejam contempladas, não proibindo

comportamentos não lesivos, estranhos à finalidade do direito criminal. A materialidade

garante que apenas condutas exteriorizadas que são relevantes e ofensivas. A pessoalidade é

ligada ao elemento subjetivo, de modo que apenas a conduta culpável pode ser caracterizada

como delito, excluída a responsabilização objetiva.

Tratam-se de princípios normativos que limitam o ius puniendi e garantem a liberdade

individual. O garantismo penal também estabelece determinadas garantias processuais de

16

verificação da correspondência da hipótese acusatória através de raciocínio indutivo. Em

suma, essas garantias pretendem proteger o indivíduo contra a aplicação de penas injustas,

orientando a busca da verdade, na função legitimadora da justiça de declarar violações à lei

penal.

O garantismo, nesta linha, é teoria do Estado Democrático e Constitucional e filosofia

da justiça criminal. Orienta-se o governo das leis, em momento anterior também objetivado

com o Estado Legislativo de Direito, com limitação dos poderes públicos em benefício dos

indivíduos. Teoriza-se o sistema de garantias fundamentais, através de instrumentos jurídicos

necessários à defesa de direitos individuais, imprescindíveis à democracia (IPPOLITO, 2011,

[s./p.]).

O garantismo trabalha com a lógica de que não há pena sem crime, não há crime sem

lei, não há lei sem necessidade, não há necessidade sem dano a um bem jurídico, não há dano

sem conduta, não há conduta penalmente relevante sem culpa, não há culpabilidade sem o

devido processo legal, não há processo sem acusação, não há acusação sem provas e não há

provas sem o exercício do contraditório e da ampla defesa (GOMES, 2011, [s./p.]).

Sabe-se que, se o princípio da legalidade protege o indivíduo contra o arbítrio das

decisões judiciais, é o princípio da intervenção mínima o responsável por limitar o arbítrio do

legislador, impedindo a ocorrência de um impacto desnecessário através de tipificação penal

vã e um impacto demasiadamente intenso através de cominação de penas exageradas,

imoderadas.

Observa-se, porém, que o sistema e as políticas criminais presentes no Brasil não são

exatamente um elogio à intervenção mínima, ultima ratio, uma vez que a criminalização das

condutas humanas não é efetivamente parcimoniosa. Não só questões que poderiam ser

suficientemente tratadas civil ou administrativamente para o restabelecimento da ordem são

afetadas ao direito penal, como há preferência de penas mais drásticas às penas alternativas.

Apesar de se terem depositado esperanças sobre a função preventiva da pena, pela

ameaça que representa a cominação de penalidades para o cometimento de delitos, ideia

surgida com o Iluminismo, além da tentativa de justificar uma função retributiva da pena,

muitas críticas são pertinentes à imposição de sanções. Além de uma conscientização sobre o

próprio princípio da humanidade, direitos humanos e dignidade da pessoa humana, colocando

em xeque as penas privativas de liberdade, hoje, tem-se consciência da impossibilidade de

reforma do indivíduo pela pena de prisão.

A crise do sistema penal e da pena em si, inclusive a privativa de liberdade, trata de

questão pertinente a políticas públicas, o que se ilustra pela afirmação do penalista argentino

17

Eugenio Raúl Zaffaroni de que o número de presos depende de decisão política tomada por

um país (ZAFFARONI, 2013, [s./p.]).

Afirma-se que o controle social e a repressão vêm aumentando, em decorrência de

políticas criminais, o que leva, por exemplo, à demanda da redução da maioridade penal, que

representaria medida de criminalização da pobreza, especialmente se considerado que a maior

parte das condutas praticadas por menores de idade têm pouca relevância, enquanto é rara a

pratica de crimes graves nesse contexto (ZAFFARONI, 2013, [s./p.]).

Apesar da coerência do direito penal minimalista-garantista com o ordenamento

jurídico vigente, a realidade prática das políticas criminais de segurança pública está

completamente dissociada destes princípios e desta lógica, o que implica a dificuldade de

aplicação de métodos alternativos de resolução de disputas neste âmbito. Um sistema penal

verdadeiramente minimalista e garantista, por outro lado, abriria espaço para a aplicação de

práticas restaurativas, na medida em que punir deixaria de compor o cerne da questão.

3 A JUSTIÇA RESTAURATIVA

A justiça restaurativa, inovação no âmbito da justiça criminal, baseia-se

principalmente na restauração e na reparação da situação criada pelo crime, em confrontação

com a base punitiva da justiça tradicional, esta que é contraproducente, tanto em termos de

reabilitação do ofensor quanto na satisfação das necessidades das vítimas, tentando-se, assim,

transcender, superar as limitações dos métodos da justiça tradicional.

Introduziu-se uma nova abordagem para o problema, com inovações fundadas em

experiências práticas, para influenciar positivamente a vida da vítima, do ofensor e da

comunidade em que se inserem, isto conjuntamente e de maneira interligada, a partir do

momento em que se percebeu que esses elementos são interdependentes.

As justiças restaurativas, enquanto um conjunto de práticas variadas, não tratam de

uma teoria única. Pretendem tanto restaurar quanto melhorar a sociedade, incluindo a vítima e

o agressor, através de um processo de mediação entre estes, aplicando determinados

princípios que lhe são peculiares.

Envolvimento pessoal, envolvimento da comunidade, visão do crime no contexto

social, orientação para a prevenção e resolução do problema e flexibilidade (criatividade) são

as práticas reiteradamente aplicadas que culminaram com o conceito de justiça restaurativa.

Inspirando-se em exemplos de justiça comunitária e de justiça tribal (indígena), assim

18

desenvolveu-se a prática de reunião da família e da comunidade em lugar da mediação isolada

entre as partes diretamente envolvidas (vítima e agressor).

A integração da justiça restaurativa ao sistema da justiça criminal é aceita e tida como

benéfica à melhoria do próprio sistema (inserida, então, em um contexto minimalista). Por

esta mesma razão, eventualmente, a justiça restaurativa é muitas vezes rejeitada pelos

defensores do abolicionismo. “No entanto, um sistema integrado é possível, garante melhorias

recíprocas e responde ao problema de controle de legalidade, proporcionalidade e igualdade

na operação da justiça restaurativa” (MARSHALL, 2014, p. 8).

É difícil conceber tanto a substituição completa do sistema de justiça criminal pelas

práticas de justiça restaurativa quanto a coexistência de dois sistemas isolados e

completamente independentes. Aliás, a aceitabilidade das práticas restaurativas, entre as

vítimas que têm essa oportunidade, é bastante alta. Além disso, após a realização da

experiência, as partes consideram, majoritariamente, ter esta valida a pena. Deve haver muito

cuidado, no entanto, para não se pressionar as vítimas para participarem dessas práticas,

tampouco forçar as suas emoções para causar um impacto sobre o ofensor.

Neste contexto, a dependência da prática restaurativa de uma cooperação voluntária é

relevante, no sentido de que, caso nenhuma das partes esteja disposta a participar do processo

de mediação, restará apenas deixar que o sistema de justiça criminal se ocupe da questão,

sendo impossível substituí-lo por completo. Também não haverá opção se as práticas

restaurativas falharem ou não forem aplicáveis, muito embora se perceba que a sua taxa de

sucesso é alta, em razão de sua acessibilidade e flexibilidade.

A aplicação da justiça restaurativa aos casos de crimes graves não só é possível como

traz grandes benefícios, em termos de prevenção e de restauração, sendo neste caso

necessariamente combinada com a justiça criminal. Ainda que o crime não tenha causado

grande impacto sobre a vítima, pode ela ter interesse em participar de um processo de

mediação com o ofensor, com vistas a ser ouvida, e também influenciá-lo e impactá-lo no que

diz respeito às possíveis novas vítimas.

No caso de vítimas mais afetadas pelo ocorrido, como nos casos de crimes mais

graves, o encontro pode ocorrer segundo uma programação que se adeque às suas

possibilidades de participar na mediação, independentemente dos prazos judiciais, podendo

até ocorrer após o julgamento do caso pelo judiciário. A realização de uma mediação

restaurativa representará, então, um ganho, tanto para a vítima quanto para o agressor, bem

como para família e comunidade em geral, sobretudo no que diz respeito à prevenção do

conflito.

19

Práticas restaurativas incluem a reunião de vítima e de agressor, visando possibilitar o

diálogo, a reparação do dano (financeira e emocionalmente), o pedido de desculpas e a

explicação das circunstâncias do crime pelo agressor. Há a possibilidade do pronunciamento

da própria vítima diante do agressor, assim como a implementação de medidas, tais quais a

compensação financeira, a prestação de serviços à vítima ou entidade indicada por ela, a

obrigação de cumprir determinada tarefa ou atividade, como acompanhamento psicológico,

tudo de forma negociada e flexível, com a mediação de agentes muito bem preparados.

Essa reunião culmina em benefícios relativos à atenção à vítima, à individualização de

vítima e agressor, que podem se ver como seres humanos particularizados, e ao alcance e à

influência do processo restaurativo sobre o agressor, ao qual é dada maior motivação para

dialogar. Essa reunião pode incluir a comunidade, em forma de conferência, trazendo a

questão social e familiar para dentro da resolução do problema, ao mesmo tempo que

responderá à restauração da vítima e reinserção do ofensor, em uma prática restaurativa por

excelência.

A interação do ofensor com a comunidade também é importante, na forma de suporte

na sua reinserção social, na busca por emprego, no acompanhamento e aconselhamento social,

pessoal ou psicológico. A participação da comunidade é fundamental, na medida da sua

responsabilidade pela reinserção do ofensor, enquanto questão cara para todos, para além do

apoio exclusivo aos indivíduos diretamente envolvidos, no intuito de construir uma sociedade

mais harmônica e menos sujeita à incidência da criminalidade.

3.1 CÍRCULOS DE DIÁLOGO

Círculos de diálogos, concebidos por diversos autores em variados países, se adaptam

conforme o contexto, de acordo com determinadas regras. Com o nome de círculos

restaurativos ou, com conotação mais abrangente, de “práticas circulares”, não são

exclusivamente aplicáveis no contexto do crime, na justiça restaurativa criminal, com

inspiração na tradição indígena de comunidades australianas, tal qual será referido e tratado

neste trabalho. Aplicam-se a diversos outros contextos em que cabem práticas restaurativas.

Assim,

Círculos de diálogo ou círculos restaurativos são uma filosofia e um instrumento

necessário às práticas restaurativas. Esse instrumento considera os conceitos de

círculo, encontro, abertura, diálogo, sistema, interdependência, pertença (inclusão),

alteridade, valores, suporte, justiça e restauração (PELIZZOLI, 2012, p.1).

20

Práticas circulares ou sistêmicas, círculos de diálogos, têm amplas possibilidades,

alcançadas através da soma de método e experiência prática na sua utilização (experimentação

da restauração e dos sentimentos envolvidos). A prática não é algo objetivamente definível. A

justiça restaurativa não é um ramo da justiça convencional, segundo o modelo da última. É

um novo paradigma, uma nova possibilidade de excelência da justiça, de realização da justiça,

já que o sistema legal perdeu seu escopo e seu sentido, não realizando efetiva justiça, além de

ter muitos obstáculos e limitações, se comparada com a justiça restaurativa, como veremos.

A justiça restaurativa é vista segundo a metáfora de uma roda, que tem ao centro o seu

escopo, que, neste caso, é a procura pela reparação dos erros e danos, e nos raios, seguindo a

metáfora, os outros quatro elementos essenciais.

A aplicação da justiça restaurativa procura deixar as decisões mais importantes a cargo

daqueles mais afetados pela ofensa, conferindo poder curativo à justiça e reduzindo a

reincidência, o que dependerá de certos fatores: primeiro, depende da possibilidade de se

ouvir e satisfazer as vítimas; segundo, depende da assunção de responsabilidade pelos

ofensores através da compreensão da medida do impacto de sua conduta sobre os outros,

depois da reparação dos danos e consideração das causas do ocorrido; por fim, está

condicionada à inclusão e reintegração à sociedade de ambas as partes.

Portanto, quando se dá uma ofensa, um crime, questiona-se quem foi afetado, quais as

suas necessidades, que obrigações decorreram desse fato, quem teve alguma participação na

situação e qual o processo adequado para envolver todos os participantes, no sentido de

reparar e restaurar a situação. O objetivo das práticas restaurativas, ou do que se pode chamar

de “justiça real”, é a reparação do dano, o que o sistema de justiça criminal, a “justiça”, não

tem focalizado, nem está no caminho de atingir. A reparação do dano corresponde a

solucionar um conflito, pacificar uma situação conflituosa, objetivo que a justiça criminal

deveria buscar.

É evidente que o sistema penal possui muitas limitações, não considerando fatores e

instrumentos psicossociais para alcançar as ideias de justiça e dos direitos humanos, tampouco

valores fundamentais são levados em conta. A meta dos operadores do direito é ver julgados

os crimes conforme um modelo retributivo, punitivo e vingativo, condenando os ofensores. O

sistema carcerário pretende proteger e corrigir na medida em que o crime atenta contra a lei e

o Estado.

O sistema de justiça penal atual é comparável ao antigo sistema de execução civil do

direito romano, em que a execução da dívida se fazia sobre o corpo do próprio devedor, sendo

21

este morto e dividido entre os seus credores, em uma execução propriamente da pessoa do

devedor. Assim, considerava-se satisfeita a dívida pelo simples fato de se ter punido o

devedor insolvente e se apropriado do seu corpo. No entanto, o direito do devedor de receber

o valor devido, satisfazendo a dívida, de fato, não se efetivava.

Com sua devida importância, o sistema legal, além de suas limitações intrínsecas, está

sujeito a se corromper diante do dinheiro e do poder, comprometendo a realização do ideal de

justiça, que é dar a cada um o que lhe cabe. Isso é recorrente em nosso país, e indica a

necessidade de mudanças estruturais no sistema penal e na sociedade, dentro do sistema

econômico em que se inserem, o que inclui fortemente a necessidade de ações psicossociais,

utilização do diálogo, humanização, resgate da intersubjetividade, mudanças interpessoais e

afins.

Estas são ações e mudanças que focalizam o sujeito, o que pode se somar a mudanças

nas estruturas sócio-político-econômicas. Devem se dar mudanças subjetivas (a começar pelo

sujeito) ou estruturais, podendo haver reformas e revoluções estruturais juntamente com a

adoção de práticas voltadas para uma mudança de consciência das pessoas, como é o caso dos

círculos da justiça restaurativa, focalizando o real sentido de justiça, com objetivos

pedagógicos, curativos e socialmente inclusivos.

Mudanças estruturais não terão êxito se não envolverem valores fundamentais de

solidariedade, fundando-se apenas em razões individualistas e negativas, ou buscando apenas

suprir necessidades materiais, com base em um modelo de sustentabilidade insustentável.

Proporcionar condições econômicas que se consideram ideais às classes baixas não é a

solução para a crise, mesmo porque a universalização dessas condições materiais é inviável,

face à escassez de recursos no planeta, junto com a existência de valores destrutivos de

competitividade, exploração, egoísmo, individualismo e materialismo. É necessário adotar

outros valores mais elevados.

Inclusive, aqueles que pregam que o crescimento econômico e a repartição de riquezas

(com o aumento da produtividade, do poder aquisitivo e do consumo) é a solução para os

problemas sociais não consideram os desequilíbrios ambientais e a guerra pelos recursos

naturais que demonstram a insustentabilidade, nos limites da biosfera, do modelo dessa

sociedade de crescimento, justificado-se através do “desenvolvimento sustentável”.

A compreensão dos círculos de diálogo passa pelo funcionamento da sociedade. No

sistema de inclusão e exclusão no âmbito social, a exclusão, simplesmente, de um membro da

sociedade, traz desequilíbrio, sendo necessário reequilibrar, responsabilizar e curar, restaurar

o injusto, para que a causa dos danos não se mantenha, diante de um “rompimento” social.

22

Deve haver resposta à ocorrência de uma deformidade dentro da sociedade; a exclusão de um

indivíduo não repara os danos nem realiza a justiça, não mantém o equilíbrio quebrado.

A justiça restaurativa, numa visão sistêmica, para a manutenção do equilíbrio e da

justiça, determina que o indivíduo é responsável perante a coletividade de que faz parte pela

lesão causada a outrem, sendo importante o sentimento de pertencer a um todo (pertença).

Isso depende de um compromisso e de um sentimento social. Uma visão sistêmica significa

ter consciência quanto às causalidades e ao fato de que uma injustiça pode reverberar por

muito tempo, pois fatos se interligam sistematicamente, como causa e efeito dentro de uma

sociedade.

Efeitos sistêmicos são tratados por meio de círculos de diálogo, modelo por excelência

das práticas restaurativas, pois envolve a comunidade, um sistema como um todo, para

proporcionar inclusão, como uma forma de restaurar o equilíbrio perturbado pela ofensa, pelo

injusto. Nos círculos, há trocas sociais que permitem a abertura, a participação, a pertença e a

responsabilização enquanto formas de inclusão. Através desse diálogo há a inclusão, a partir

da atribuição de direitos e deveres, de identidade e de existência ao indivíduo no sistema

social.

Diálogo requer troca e escuta, de fato, do outro, sem isolar, o que não é simples ou

corrente. São requisitos do diálogo a escuta (presença, atenção e silêncio) e a pergunta. O

diálogo ocorre com a escuta, para a qual são necessários o silêncio e a atenção, a qual

qualifica o ato de estar presente, e com a pergunta, pela interdependência e incompletude dos

indivíduos, seres abertos.

Incluindo o outro, já que o indivíduo é incompleto e desconhecedor, é possível saber o

que há no outro pelo diálogo, que envolve palavras e motivação de encontro e abertura para

receber algo, o sentimento daquela experiência, tudo isso dependendo da disposição existente

em cada um. Não há diálogo quanto a um indivíduo egoísta, ensimesmado, pois diálogo

pressupõe interligação dos indivíduos dentro de um sistema maior que os precede.

O diálogo restaurativo inclui e responsabiliza: há para o ofensor uma obrigação ligada

à possibilidade de voltar à sociedade. Se não há diálogo, mas indiferença e indisposição em

relação ao outro, conduz-se à exclusão. Um sistema punitivo prioriza a responsabilização do

ofensor, sem possibilitar a inclusão e a socialização que vêm junto com a responsabilidade.

Há a rotulação do ofensor, uma vez que as medidas impostas pela justiça não resultam na

expiação da pena para possibilitar a reabilitação, mas implicam em estigmatização, o que é

questionável na ótica do diálogo.

Os círculos de diálogo proporcionam uma mediação diferente do convencionalmente

23

realizado, por suas características peculiares de envolvimento coletivo, que pretendem gerar a

paz com a resolução de conflitos, ao inseri-la num contexto sistêmico. Enquanto instrumento

de práticas restaurativas, deve haver, de fato, diálogo, não mera negociação de contrapartidas

pelo dano.

O envolvimento ativo das partes é fundamental, são elas as protagonistas do processo

e as titulares do poder de decisão, enquanto o papel do mediador é reduzido. Apesar disso, há

regras específicas para o desenvolvimento do processo no sentido da restauração do conflito,

o que é possível apenas com a consideração dos valores fundamentais e princípios próprios da

prática, que se adotarão com a condução do mediador.

Os círculos têm na reparação da situação o seu escopo final, o que pode se concretizar

em um acordo formal, garantido inclusive pelo Judiciário, compatibilizando tais práticas com

a instituição da Justiça e até mesmo com o encarceramento, em última instância. Os círculos

restaurativos podem culminar em um compromisso formal, um acordo legal garantido pela

Justiça, que não é incompatível com a realização de práticas restaurativas.

Porém, pode não ser firmado acordo algum, o que não invalida a realização dos

encontros. Esses encontros se realizam de forma circular, onde há o uso da palavra com

respeito e diálogo e onde há abertura para proporcionar um sentimento de pertença e a

responsabilidade dos envolvidos.

O círculo restaurativo é uma prática representativa de uma metáfora da dinâmica

social em que é preciso se inserir, podendo-se dispor em seu centro objetos que simbolizem

valores. O objeto símbolo da fala é um elemento que permite melhor organizar o encontro,

permitindo que alguém se expresse ao mesmo tempo em que os outros focam sua atenção na

fala e exercitam a paciência e o silêncio.

A fala não pode ser monopolizada e aqueles que necessitam poderão expressar dores e

emoções, permitindo que se criem laços e se dê apoio ao outro. As práticas e círculos

restaurativos concentram-se nos casos de injustos penais, mas não lhes são exclusivos.

Pretendem ajudar os participantes a revelarem o melhor de si, quem são de acordo com seus

valores, e estimular que se conduzam conforme estes valores como hábitos para serem

transferidos para além dos limites dos círculos.

Quando as pessoas desejam encontrar solução para uma disputa advinda de um injusto,

solucionando um conflito para reparar o dano e a dor causados, há disposição para o diálogo e

a necessidade e a importância dos círculos restaurativos se revelam. A prática restaurativa se

fará havendo disposição dos envolvidos, caso em que se desbloqueiam as dificuldades de

realização do encontro por medo ou raiva ou outros fatores, com o intermédio de um

24

facilitador que organizará o conjunto.

A necessidade de se dar voz aos envolvidos para solucionar os conflitos permite que se

destrave o tradicional engessamento do Judiciário, oferecendo tempo e espaço para tanto com

os círculos de diálogo. Há os pré-círculos, que introduzem o encontro, preparam o espaço e

estabelecem confiança entre os participantes.

É importante a vocação pedagógica dos círculos de diálogo para oferecer uma

perspectiva nova sobre resolução de conflitos aos envolvidos, ainda que todos os danos não

sejam reparados, mesmo porque nem sempre todos os participantes estarão preparados para

tanto. No entanto, o potencial das práticas restaurativas, incluindo instrumentos psicossociais

em atenção a um modelo sistêmico e a uma abertura de espaços de autogestão de conflitos, é

extenso.

O círculo de diálogo, ponto máximo da justiça restaurativa, é ferramenta psicossocial

fundamental de mediação de conflitos para proporcionar a vida em sociedade e a agregação

social com a realização da justiça e dos direitos humanos pela inclusão, restauração e

responsabilização. Os círculos restaurativos são um local de encontro que revelam as

diferenças, a alteridade, permitindo a abertura para o diálogo, remetendo a um sistema em que

há interdependência de fatores, pertença, para restaurar os valores humanos baseados no

suporte social, realizando, assim, a justiça.

4 UMA ALTERNATIVA À JUSTIÇA CONVENCIONAL NA JUSTIÇA

RESTAURATIVA

A autogestão de conflitos representa uma evolução em relação à submissão dos

conflitos ao Judiciário. No entanto, sua aplicação encontra diversos empecilhos. “A aplicação

da justiça restaurativa não requer necessariamente a extinção da instituição da Justiça e pode

integrar programas oficiais na busca pela promoção de uma cultura de paz através da

mediação” (BRASIL, 2008, online).

No Brasil há um caso de aplicação de práticas restaurativas, pelos círculos de diálogo,

dentro da instituição da justiça, com elevado grau de êxito, em Porto Alegre. O uso da justiça

restaurativa se dá na Central de Práticas Restaurativas do Juizado Regional da Infância e da

Juventude, com o escopo de “implantar as práticas da justiça restaurativa na pacificação de

conflitos e violências envolvendo crianças e adolescentes”. “As práticas são aplicadas entre

adolescentes autores de atos infracionais e vítimas” (ARAÚJO, 2016, online).

Nota-se, no entanto, que a disseminação de medidas alternativas ao judiciário,

25

inclusive através do incentivo à autogestão de conflitos, é bastante reduzida.

4.1 O ATUAL SISTEMA PENAL BRASILEIRO

Há muitos anos que o sistema penal atual brasileiro vem sendo considerado um

sistema violador dos direitos humanos, pois muitas dificuldades são mantidas como barreiras,

dentre elas: penas injustas, penas cruéis, a demora na decisão do problema penal, superlotação

carcerária, más condições dos presos, omissão da vítima na solução do conflito penal,

controle social, falta de infraestrutura e higiene, problemas graves de saúde nos presídios,

condições desumanas entre outros. “É um sistema excludente, tendo em vista que exclui a

vítima e a sociedade da resolução do problema” (MACEDO, 2017, p. 3).

E evidencia-se também como é um sistema falido, pois boa parte das leis está

ultrapassada, não ultrapassada, não correspondendo com a atual situação, como exemplo,

pode-se citar o caso do Código Penal de 1940, do Código de Processo Penal de 1941, etc. O

país vivencia um grande problema, que é o elevado número de encarcerados (e consequentes

violações aos direitos humanos). Situações que vão de encontro drasticamente com a Carta

Magna de 1988 em seu art. 5º, XLIX, da CF/1988, prevê que “é assegurado aos presos o

respeito à integridade física e moral” (BRASIL, 1988), em absoluto, não se passa nem por

perto da aplicabilidade do artigo nos estados brasileiros.

O Conselho Nacional de Justiça – CNJ – verificou que a população carcerária no

Brasil é de 711.463 presos e, na Paraíba, a população carcerária era de 9278 no ano de 2014.

Enquanto há países que estão fechando presídios por ausência de presos e de crimes como é o

caso da Holanda e da Suécia. Por exemplo, em João Pessoa-PB, no ano de 2016, o Conselho

Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (G1, 2016, online), constatou violações aos direitos

humanos em razão da superlotação no presídio do Roger, entre outros problemas.

Diante do contexto pode-se verificar que o poder judiciário, por meio da jurisdição que

é o poder que o estado possui de dizer o direito, não vem efetivando o acesso à justiça, pois há

um grande número de processo “engavetado”. No ano de 2014, por exemplo, o CNJ constatou

uma taxa de congestionamento de 80% no primeiro grau e de 46% no segundo grau na justiça

estadual. (CNJ, 2015).

Em relação à violência no Brasil, é possível visualizar um medo/temor da população

brasileira com a violência generalizada, pois as pessoas não se sentem seguras até mesmo para

sair de casa para ir ao trabalhar, estudar e etc. Um exemplo disso é a cidade de João Pessoa-

PB que está entre as 5 mais violentas do Brasil e entre as 21 mais violentas do Mundo (G1,

26

2016, online).

4.2 JUSTIÇA RESTAURATIVA EM JOÃO PESSOA – PB

Na de cidade João Pessoa/PB, vem sendo realizado uma pesquisa teórica sobre a

justiça restaurativa: em 2015, houve seminário municipal sobre justiça restaurativa em João

Pessoa; no final de 2015, o TJ/PB divulgou a informação de que a justiça restaurativa deve ser

implantada no TJ/PB em 2016, mas até agora não houve implantação (agosto de 2016); no

ano de 2016 houve um evento na UFPB, na UEPB e na Unipê sobre a justiça restaurativa;

entre outros eventos (MACEDO, 2017, p. 18).

Há, em João Pessoa, dois interessantes projetos sobre a justiçar restaurativa: MEDIAC

na UFPB coordenador pela professora Juliana Toledo Rocha; e o projeto vinculado ao CNJ

acadêmico intitulado por “Alternativas Penais na perspectiva da vítima: justiça restaurativa

como um novo paradigma da justiça criminal para a eficácia das políticas públicas de

reinserção”, coordenado pelo professor Rômulo Rhemo Palitot Braga.

No plano bibliográfico, já há uma pesquisa qualitativa em João Pessoa-PB como é o

caso do livro Silva (2008), do livro de Silva e Palitot (2015), entre outros. (MACEDO, 2017,

p. 18). Esses livros são interessantes, pois tratam de temas da justiça restaurativa com o

exercício da cidadania no Estado Democrático de Direito.

Na área da educação, já é possível visualizar eventos em João Pessoa tratando sobre a

justiça restaurativa: Seminário Municipal sobre Justiça Restaurativa, em 2015 e em 2016. O

Professor Paulo Moratelli ministrou dois cursos aqui em João Pessoa no mês de julho de 2016

e ainda participou de 5 Seminários no respectivo mês. (UFPB, 2016, online).

Existe uma iniciativa da aplicabilidade da justiça restaurativa em escolas públicas

como, por exemplo, o da prática do Círculo de Paz propagado pela liderança do Professor

Paulo Kuhlmann no projeto PUA da UE/PB. Há uma iniciativa de um projeto policial

comunitário realizado pela Policia Militar do Estado da Paraíba. (UFPB, 2016).

No plano legal, ainda não há uma lei municipal de João Pessoa que trate da Justiça

Restaurativa no âmbito municipal. Na área prático-estrutural, ainda não há um núcleo de

prática restaurativa em João Pessoa-PB. Há dois mestrandos na UF/PB que vem estudando

sobre a justiça restaurativa: a aluna Tâmisa Rúbia Silva do CCJ e o aluno Wendel Alves Sales

Macêdo do PPGDH (MACEDO, 2017, p. 18).

Em João Pessoa-PB, há o Fórum Metropolitano de Discussão e Diálogo de Prevenção

e Monitoramento das Violências, que tem como objetivo, dentre outros, a mediação

27

comunitária e a prática restaurativa como instrumentos de construção da cultura de paz

(MACEDO, 2017, p. 18), e o GT 4 desse Fórum trata sobre a justiça restaurativa. No sistema

carcerário do estado da Paraíba já foi realizada reunião de planejamento estratégico com

profissionais da área educacional e já houve a aplicação da justiça restaurativa na

penitenciária Geraldo Beltrão coordenado por João Rosas.

Diante do contexto verificou-se que no âmbito do poder judiciário ainda não é possível

verificar a aplicação da justiça restaurativa, conforme dispõe a (Resolução 225, de 2016, do

CNJ). Porém, é capaz de se imaginar a busca pela aplicabilidade da justiça restaurativa em

João Pessoa-PB por várias pessoas como é o caso do membro do MPF José Godoy, Promotor

de Justiça José Farias, Defensora Pública Federal Diana Andrade, Analista do MPF Carla

Daniele, advogada Joseane Azevedo, advogado Pablo Juan Nóbrega, Professor Doutor

Gustavo Batista, Professor Doutor Gustavo Rabay, Professor Doutor Romulo Palitot,

Professor Doutor Paulo Kuhlmann, Professor Tássio Túlio Braz, Professora Juliana Toledo,

Tenente Dayana Chemis, Hallyne Saldanha, Marcela Morais, Cynthia Cândido, Adele Nobre,

Elzenir Campos, Ineide Targino, Wellinghton Honorato, João Moura, João Rosas, Socorro

Diniz, Valeria Silva, Rui Bezerra, Lúcia Pessoa, Rose Mary Beserra, Maria Welma, Rawênio

Fernandes, Tatiene Valentim, Djamere Braga, Sandra Moraes, José Kellyton, Rossana

professor da UFCG, entre outros (MACEDO, 2017, p. 19).

5 CONSIDERAÇÕESFINAIS

A incapacidade do sistema judiciário e do processo judicial no cumprimento do seu

objetivo de pacificação com justiça acarreta a busca por soluções diversas ao problema do

conflito, da violência e da reincidência. Através do princípio da intervenção mínima,

legitimam-se medidas alternativas ao direito penal e à aplicação de penas aos indivíduos, na

tentativa de reduzir o efeito maléfico do direito penal e sobretudo da pena privativa de

liberdade na sociedade.

A justiça restaurativa representa alternativa que pretende superar as limitações da

justiça convencional, reparando os danos decorrentes do crime e prevenindo a reincidência

pela mudança da consciência da sociedade e da cultura de conflito. No entanto, apesar de o

poder punitivo estatal estar limitado por determinados princípios como a ultima ratio,

verifica-se que retirar da esfera de ação do sistema judiciário determinadas questões não é de

todo evidente, inclusive em hipóteses em que os conflitos poderiam ser resolvidos sem a

intervenção do direito penal.

28

Assim, a evolução do sistema na direção de uma justiça que repare os danos e previna

a violência encontra entraves nas políticas criminais, de forma que o direito penal se

maximiza na criminalização de toda espécie de conduta. Portanto, a tentativa de introduzir e

aplicar práticas restaurativas na sociedade brasileira esbarra no engessamento e formalismo do

sistema e em políticas públicas.

Os problemas do sistema judiciário, criminal e carcerário são evidentes. A violência no

Brasil vem se elevando de forma generalizada, como exemplo disso, é João Pessoa capital da

Paraíba considerada uma das cidades mais violentas do país e do mundo. O sistema carcerário

brasileiro não é um sistema que combata o crime, mas é um meio que produz crime. O que

acontece, atualmente, é uma “carcerização massiva”, “arbitrariedade” e seletiva das pessoas,

formando um controle social e, no entanto, pouco se faz para mudar. Causa estranhamento o

fato de os poucos programas, medidas e iniciativas com o objetivo de trazer soluções e

alternativas, apesar do positivo impacto, ganharem tão pouca expressividade.

É evidente que dificilmente alguma mudança se operará de forma instantânea. No

entanto, diante da existência de movimentos minimalistas e da compatibilidade do sistema

com um direito penal mínimo, a oportunidade que métodos alternativos de resolução de

conflitos encontram no contexto atual se dá na contração penal e na possibilidade de

coexistência com o sistema penal tal qual se apresenta.

O trato de conflitos através de práticas restaurativas para suprir as necessidades de

restauração da situação conflituosa pode se dar de forma paralela aos procedimentos judiciais,

em um sistema integrado, de forma a trazer mudanças gradativas no modo da sociedade de

lidar com suas próprias disputas. Oportunizando- se a adjudicação dos conflitos pelas partes e

comunidade, dá-se uma evolução sistemática.

PREVENTION AND RESTORATION OF RESTORATIVE JUSTICE AS AN

ALTERNATIVE METHOD OF CONFLICT RESOLUTION

ABSTRACT

With the crisis of the Judiciary System, the spread of violence and the culture of conflict,

issues that the judicial process neither supports nor pacifies, urges the adoption of alternative

measures. The flawed prison system, in turn, represents social injustice, amid the

contradictions of the Criminal Justice. Contradictory is the system, still, in front of the penal

principle of ultima ratio. So evident is the incapacity and bankruptcy of the system that the

emergence of various movements, whether of reform or extinction of the system itself,

minimalist or abolitionist movements, occurs. The alternatives to the Judiciary are based on

the fact that the crisis that is installed does not stem from procedural, structural issues. Based

on the minimal intervention, there are alternative methods of conflict resolution. In this case,

the Restorative Justice: originating from the community justice, arises from principles that

29

guide the effective resolution of the conflict, the pacification of the conflictive situation with

the restoration of the damages resulting from a human conduct. Replacing itself with the

retributive and punitive function of the present system, the pacification of society passes

through the restorative and preventive function, seeing crime within a social system, whose

effects, therefore, echo in a systemic way. Therefore, if the judicial process integrates a

culture of conflict, Restorative Justice is the instrument of a culture of peace, which

determines the consideration of several factors to explain the imbalance of the system,

including psychosocial elements. Brazilian criminal policies act against the declared

objectives of Criminal Law and its principles. Thus, a preventive and restorative alternative

seeks to achieve social justice, something that the Criminal Justice never tangled, although,

due to imminently political issues, the new paradigm of Restorative Justice found serious

difficulties of insertion in society.

Keywords: Restorative Justice. Restorative Justice in the Brazilian Penal system.

Conventional Justice in Restorative Justice. Circles of Dialogue.

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