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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO NILDEVAL CHIANCA RODRIGUES ÉTICA ADVOCATÍCIA JOÃO PESSOA 2011

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

NILDEVAL CHIANCA RODRIGUES

ÉTICA ADVOCATÍCIA

JOÃO PESSOA

2011

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NILDEVAL CHIANCA RORIGUES

ÉTICA ADVOCATÍCIA

Artigo apresentada à Banca Examinadora do

Departamento de Ciências Jurídicas da FESP -

Faculdade de Ensino Superior da Paraíba,

como exigência parcial para obtenção do grau

de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Ms. Fernando José da Silva

Monteiro.

Área: Direito, Ética e Moral.

JOÃO PESSOA

2011

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R696e Rodrigues, Nildeval Chianca

Ética Advocatícia. / Nildeval Chianca Rodrigues. – João Pessoa,

2011.

19f.

Artigo (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da

Paraíba – FESP.

1. Advogado 2. Ética 3. Código de Ética e Disciplina 4. Moral I.

Título.

BC/FESP CDU: 34(043)

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NILDEVAL CHIANCA RODRIGUES

ÉTICA ADVOCATÍCIA

Aprovado em __/__/___

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Ms. Fernando José da Silva Monteiro

Orientador

_____________________________________

Membro da Banca Examinadora

_____________________________________

Membro da Banca Examinadora

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3

ÉTICA ADVOCATÍCIA

Nildeval Chianca Rodrigues1

RESUMO

Este artigo científico busca elucidar a importância da temática da ética advocatícia em nosso

dia-dia, dispondo de motivos para sua observância, para promover uma reflexão acerca de

algumas práticas permitidas ou proibidas quando do exercício diário desta carreira. A

advocacia, dentre todas as atividades profissionais existentes, possui valor diferenciado por se

constituir numa função essencial à justiça, sendo indispensável à administração desta,

caracterizando-se por ser de cunho eminentemente social. Desta forma, necessita estar

compactuada com os ditames éticos, padronizando a sua atuação de modo a regulamentar sua

atividade. Com esse objetivo é que foi editado o Código de Ética e Disciplina da OAB que

dispõe sobre os deveres e direitos dos advogados, bem como os padrões mínimos de atuação

ética, rechaçando a ideia de mercantilização desta profissão, em que o seu descumprimento

acarreta imposição de respectiva sanção. Irá ser abordado de forma sucinta os conceitos de

moral, ética e direito no intuito de esclarecer suas diferenças e abordagens no meio

advocatício.

Palavras-chave: Advogado. Ética. Código de Ética e Disciplina. Moral. Direito.

INTRODUÇÃO

Este artigo científico tem por escopo a delimitação dos padrões éticos mínimos pré-

estabelecidos na atividade advocatícia. Para isso, inicialmente, busca-se o estabelecimento de

conceitos, características, e as semelhanças entre a moral, a ética e direito, institutos estes que

divergem entre si e que necessitam ser analisados para uma maior compreensão da temática.

Deste modo, percebe-se que estes três conceitos caminham lado lado, estando um

interligado ao outro. Enquanto a moral é o conjunto dos valores adquiridos conforme os

costumes e tradições de um dado povo, valores estes internos, que cada pessoa possui, a ética

será a ciência que busca e estuda a moral. A seu turno, o direito é a normatização da conduta

1 [email protected]

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humana, aquilo que é justo e que está em conformidade com as leis, é uma ciência humana

social aplicada.

Seria impossível a vida em sociedade sem a presença de normas éticas que regulassem

o cotidiano das pessoas. É desta maneira que se torna imprescindível a imposição ao ser

humano de condutas éticas e morais a fim de estabelecerem valores como o respeito,

solidariedade e bom-senso às relações diárias.

Portanto, a ética proporciona a condução de atividades estabelecidas dentro da

legalidade, da moralidade e da igualdade, princípios estes encontradas em nossa Constituição

Federal da República.

A advocacia é uma das profissões que mais devem prezar com seu lado ético por conta

do papel que representa perante a sociedade brasileira. O advogado é figura indispensável á

administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício das suas

atividades.

Assim, a classe advocatícia lida diretamente com a sociedade, sendo razoável que de

forma objetiva aja conforme a moralidade e a ética. Padrões estes normatizados pelo Código

de ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, e que por isso, obrigatoriamente

devem ser observados pelos membros da classe advocatícia.

Este Código disciplina alguns deveres éticos dos advogados, as relações com os

clientes, a publicidade, o sigilo profissional, o dever de urbanidade, os honorários

advocatícios, dentre outros assuntos.

Na realização deste artigo científico foi utilizado o método de abordagem

dedutivo, partimos do geral, no momento em que discutimos a conceituação da ética, suas

nuances e delimitações, para em seguida tratarmos das demais características ligadas ao tema.

Em relação à classificação da pesquisa quanto ao procedimento técnico, temos uma

pesquisa documental e bibliográfica, baseada em documentos jurídicos e obras literárias

relacionadas com o assunto em estudo.

Utilizamos da técnica classificada como documentação indireta, fundamentada a

partir de diversos autores, artigos jurídicos, documentos e visitas a páginas de busca da

internet. Fez-se uso também de jurisprudências, com o propósito de fundamentar as

explicações dadas, uma vez que foi elaborada uma pesquisa explicativa.

I Evolução Conceitual de Ética

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A ética deriva da palavra ethos, que significa o caráter, o modo de ser de uma pessoa.

Éthos, em grego e mos, em latim, querem dizer costume. A ética está intimamente ligada com

a sociedade, pois por ser um conjunto de valores e princípios morais norteia a conduta

humana e equilibra o bom funcionamento social.

Ética que vem do grego ethos significa originalmente morada, tanto na concepção do

habitat dos animais, quanto da morada do homem, canto onde este tem acolhimento e abrigo.

Surgiu na Antiguidade grega com Aristóteles e seus ideais sobre ética e suas virtudes.

É a área da filosofia dedicada aos assuntos morais.

Todo grupo possui seu Código de ética, por isso que a matéria é sempre atual, já que

sempre presente na vida da humanidade.

A atualidade da ética deve-se ao fato de que a humanidade faz-se por seus erros

e acertos, por sua história de conquistas e derrotas, por seu pluralismo cultural,

por suas diferenças e semelhanças intestinas, de modo que as diversas éticas

estejam em perene revolução, aprendizado, abertura, florescência e mutação. Não há

termo para as conquistas morais, para as mudanças ético-comportamentais, para as

revoluções de sentido e de padrões normativos de conduta2. Grifo nosso.

A ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade é o conjunto de

normas de comportamento e formas de vida através do qual o homem tende a realizar o valor

do bem.

Em termos práticos a ética busca a integração dos homens, o bom convívio entre eles,

ignorá-la seria pensar em uma sociedade barbárie. A ética está em nosso dia-dia, a todo

instante:

Nas relações cotidianas entre os indivíduos, surgem continuamente problemas como

estes: devo cumprir a promessa x que fiz ontem ao meu amigo y, embora hoje

perceba que cumprimento me causará certos prejuízos? Se alguém se aproxima, à

noite, de maneira suspeita e receio que possa me agredir, devo atirar nele,

aproveitando que ninguém pode ver, afim de não correr o risco de ser agredido?

Com respeito aos crimes cometidos pelos nazistas durante a segunda guerra

mundial, os soldados que os executaram, cumprindo ordens militares, podem ser

moralmente condenados? Devo dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo

mentir? Quem, numa guerra de invasão, sabe que seu amigo z está colaborando com

o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou deve denuncia-lo como traidor?

Podemos considerar bom o homem que se mostra caridoso com o mendigo que bate

à sua porta e, durante o dia – como patrão – explora impiedosamente os operários e

os empregados de sua empresa? Se um indivíduo procura fazer o bem e as

conseqüências de suas ações são prejudiciais àqueles a que pretendia favorecer,

porque lhes causa mais prejuízo do que benefício, devemos julgar que age

corretamente de um ponto de vista moral, quaisquer que tenham sido os efeitos de

sua ação?3

2 ALMEIDA, Guilherme de Assis de; CHRISTMANN, Martha Ochsenhofer. Ética e Direito: uma perspectiva

integrada. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, p.8. 3 VÁZQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. Trad. João Dell’Anna. 23.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

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Mas ética também pode significar um conjunto de princípios e valores que um grupo

estabelece para o exercício profissional, exemplo: Códigos de éticas dos médicos, dos

advogados... Ou seja, ética pode ser enfocada sob viés de qualquer âmbito, pois onde há

sociedade há ética, esta está presente na família, no grupo, nas organizações profissionais, nas

instituições públicas e privadas e até no campo do Direito.

Desta forma, a ética se encontra em diversos grupos, dentre eles a ética profissional,

como ocorre com a ética que deve existir do advogado, tema deste artigo científico.

A ética é um verdadeiro refletir e pensar, pois é construída sobre bases abstratas, tendo

em vista que os valores e princípios de uma sociedade estão em constante mutação e

evolução.

Desta forma, a ética seja por caminhos formais (baseado em Códigos de ética) ou

informais, são referências ideais de comportamentos e procedimentos que servem de

verdadeiro guia, modelo e exemplo de ações ou atitudes tidas como aceitas ou recomendadas

pela sociedade.

Definir o que é um agir ético, moral, correto ou virtuoso é se inscrever numa disputa

social pela definição legítima da boa conduta. Da conduta verdadeira e necessária.

Avaliar a melhor maneira de agir pode ser visto de pontos de vista totalmente

diversos. Marxistas, liberais, mulçumanos, psicanalistas, jornalistas e políticos agem

e valoram as ações de maneira diferente. Porém todos eles lutam pela definição mais

legitima de uma “boa ação” ou da “ação correta4.

A ação ética é a mais correta e seria justamente aquela que se coaduna com os

interesses do coletivo, sejam eles mulçumanos, asiáticos, marxistas ou liberais. Agir desta

forma é agir com ética.

Ética é uma ciência, pois tem leis, métodos e objeto próprio. O objeto da ética é a

moral daí a aparente sinonímia entre os dois termos, mas como será visto adiante há

diferenças5.

A ética influencia a conduta humana, norteando a sua existência e mostrando às

pessoas valores e princípios que devem ser adotados em seu dia-dia. Para isso existe as

normas éticas que “se alicerça em valores, normalmente designados valores do bom”6.

II Ética, Moral e Direito

4 MEUCCI, Arthur. Conceito de Ética. Disponível em: <http://www.meucci.com.br/?page_id=98>. Acesso em:

28 set. 2011. 5 NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 6ª. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 28.

6 Ibidem, página 30.

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Há diferenças entre ética, moral e direito, essas três áreas se distinguem ao mesmo

tempo em que possuem grandes vínculos.

A confusão entre as palavras moral, ética e direito vem de muito tempo, até a

etimologia das palavras moral e ética encontra certa celeuma, pois Ética vem do grego Ethos

que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de (mores),

significando costumes. Entretanto, há de saber que esta é um conjunto de normas que regulam

o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela

tradição e pelo cotidiano e a ética é definida como o conjunto de valores que orientam o

comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive,

garantindo, assim, o bem-estar social, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se

comportar no seu meio social.

Ser ético é estar voltado à busca dos valores morais e isso é muito difícil nos dias de

hoje, em que muitos se preocupam apenas com si mesmo sem se preocupar com o bem-estar

do próximo.

O que está acontecendo é que os comportamentos, as normas e o sentido global da

vida individual e comunitária, não se inspiram em padrões éticos de valores,

preferindo aluir ao sabor de critérios imediatistas, consumistas, hedonistas e

pragmáticos, ou seja, preferindo-se o que se pode ter agora, consumir

vertiginosamente, o prazer sem consequências e tudo o que for mais fácil7.

Todo conteúdo ético é moral, quando falamos de ética falamos necessariamente de

moral.

A ética se confunde muitas vezes com a moral, todavia, deve-se deixar claro que são

duas coisas diferentes, considerando-se que ética significa a teoria ou ciência do

comportamento moral dos homens em sociedade, enquanto que moral, quer dizer,

costume, ou conjunto de normas ou regras adquiridas com o passar do tempo. A

ética é o aspecto científico da moral, pois tanto a ética como a moral, envolve a

filosofia, a história, a psicologia, a religião, a política, o direito, e toda uma estrutura

que cerca o ser humano. Isto faz com que o termo ética necessita ter, em verdade,

uma maneira correta para ser empregado, quer dizer, ser imparcial, a tal ponto a ser

um conjunto de princípios que norteia uma maneira de viver bem, consigo próprio, e

com os outros8.

Logo, a ética é a ciência que estuda a moral, enquanto a moral é o conjunto de valores

adquiridos conforme os costumes e tradições de um dado povo, ou seja, os valores internos

7COUTO, Leandro. Ética, Moral e Direito. Disponível em:

<http://leandrocoutocn.wordpress.com/2010/11/16/etica-moral-e-direito/>. Acesso em: 04 out. 2011. 8SOUSA, Luiz Gonzaga de. Ética e Sociedade. Disponível em: <http://www.eumed.net/libros/2006a/lgs-

etic/1t.htm>. Acesso em: 04 out. 2011.

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que uma pessoa possui, a ética será a ciência que a busca e a estuda. Mas há de se ter em

mente que as duas caminham lado a lado, pois uma está interligada a outra.

A seu turno o direito é aquilo que é justo e que está em conformidade com as leis, é

uma ciência humana, ou como alguns preferem, uma ciência social aplicada. O direito é a

normatização da conduta humana, é legislado por poder soberano legítimo e competente e

edita normas de caráter imperativo que pautam a conduta social humana, mas com um

diferencial, prevendo uma determinada sanção em caso de ser violada, fazendo assim de sua

observância uma obrigatoriedade.

Hans Kelsen afirma muito coerentemente que a lei não obriga o indivíduo,

facultando a ele cumpri-la ou não, mas, uma vez optado por violá-la, deve estar ele

preparado às sanções previstas pela mesma. Essa afirmação também vale para o

campo normativo moral, que mesmo não prevendo sanções coercitivas às suas

violação, tem conseqüências sociais ao individuo de acordo com sua conduta9.

A sanção à violação jurídica é prevista na lei, a sanção à violação moral é gerada no

meio social. Desta forma, podemos concluir que a moral e o direito envolvem a formação

normativa da conduta social, é norma criada pelo homem, enquanto a ética se atém ao estudo

dos valores dessas normas jurídicas e morais.

A norma moral é interior enquanto que a norma jurídica é exterior, esta independe da

consciência, pois mesmo sem se convencer do seu conteúdo deverá ser cumprida sob pena de

sanção10

. A moral acaba estabelecendo regras que são assumidas pela própria pessoa, o direito

é um regramento imposto por um determinado poder competente, delimitado pelo território e,

por fim, a ética não estabelece regras apenas realiza uma reflexão sobre a ação humana.

Pode ser dito ainda que a moral precedeu o direito já que o direito é um modo

aprimorado de vida, de organização da convivência humana, assim direito e moral advém do

mesmo ramo: a sociedade11

.

III A Ética Profissional: ética advocatícia

A reflexão sobre a ética que se deve ter no meio profissional, ou seja, sobre as ações

realizadas no exercício de uma profissão que deve estar presente em toda e qualquer situação

do dia-dia é o que chamamos de ética profissional.

9 RAMOS, Luiz Felipe Gondim. Direito, Moral e Ética: uma breve análise conceitual. Disponível em:

<http://www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/filosofia-do-direito/822-direito-moral-e-etica--uma-

breve-analise-conceitual.html>. Acesso em: 04 out. 2011. 10

NALINI, op. cit, p. 124. Nota 4. 11

Ibidem, p.125.

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9

A profissão, segundo lição de Nalini12

, nada mais é do que uma atividade pessoal,

desenvolvida honradamente, pressupondo um conjunto organizado de pessoas, com racional

divisão do trabalho tendo como consecução final o bem comum.

Desta forma, percebe-se que uma das características da profissão é o exercício em

benefício próprio, bem como do próximo. É deste enfoque que surge a ética profissional que

encontra-se fincado na ideia de função social da profissão.

Todas as profissões requerem um proceder ético, muitas categorias profissionais,

inclusive, já são adeptas a códigos que reúnem as normas, regras e princípios que deve ser

observada no seu exercício.

Na atividade profissional jurídica existe um Código de Ética e Disciplina da OAB.

Neste está contido o que chamam de deontologia forense que designa “conjunto de normas

éticas e comportamentais a serem observadas pelo profissional jurídico”13

.

Deste modo há de se entender que as normas deontológicas diferem dos nossos

costumes, tendo em vista que estes são de cumprimento espontâneo, que dependem da

educação de cada um.

Portanto, fica difícil ensinar a ética a um indivíduo, já que esta deve existir da

consciência de cada pessoa, mas o que pode e é feito, especificamente na seara do Direito, é a

difusão dos valores éticos em códigos a fim de que as pessoas possam resguardar e preservar

tais valores. E isso é de suma importância para o desenvolvimento das relações jurídicas na

medida em que a organiza e proporciona a justiça.

A ética profissional representa um conjunto de normas que direciona a conduta dos

integrantes de determinada profissão. Um código de ética profissional tem finalidade

fundamental de regulamentar o exercício da profissão, pois proporciona uma visão

de justiça e um bom desempenho de suas funções por parte dos profissionais,

evitando muitas vezes que estes se venham a incorrer na prática de atos ilícitos que,

não fosse pelos Códigos de Ética poderiam vir a ser considerados normais dada sua

prática já costumeira14

.

Assim, a ética regula as profissões, proporcionando de certa forma a justiça e o melhor

desempenho dessas atividades, já que em muitas situações alguns preferem agir por seus

interesses próprios em detrimento da realização do bem estar social.

12

Ibidem, p. 288. 13

Ibidem, p. 291. 14

RAMOS, Paulo. A Importância da Ética. Disponível em:

<www.faad.icsa.ufpa.br/admead/.../etica_profissional_import.doc>. Acesso em: 14 out. 2011.

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10

III A Atual Crise Ética no Campo Jurídico

Este assunto é atual e relevante tendo em vista que os desvios éticos no campo jurídico

são inúmeros, ferindo e gerando descrédito às instituições estatais, à exemplo do Poder

Judiciário.

A advocacia, especificamente, veio perdendo o seu enorme prestígio que tanto

ostentava, após alguns desmandos éticos ocorridos e noticiados de uns tempos pra cá. Essa

frouxidão ética e moral deram motivos para a OAB selecionar melhor seus membros,

elaborando uma prova para o ingresso nesta instituição. Dentre as matérias que são exigidas

está justamente a ética advocatícia, demandando um estudo do bacharel em direito acerca

deste.

Logo, a deontologia jurídica é fundamental para aplicação de ditames éticos, em que

no caso da advocacia a atuação deve pautar-se tanto no Estatuto da Advocacia (Lei Federal nº

8.906/94) quanto no Código de Ética que rege a citada atividade jurídica.

A obediência ao Estatuto da Advocacia faz com que o advogado haja conforme os

ditames da ciência jurídica, enquanto a preocupação moral pautada no código de

ética (manifesta pela adoção do melhor padrão de conduta moral na tomada de

decisões no dia-a-dia, no trato com os clientes, com os pares e com os demais

operadores do direito) faz com que o advogado, atue em cumprimento da ética

profissional15

.

A atuação da advocacia, conforme os princípios éticos é de suma relevância

ocasionando tão-só uma cooperação para a produção do bem comum. Quem ganha é o

profissional, bem como aqueles que necessitam do Poder Judiciário.

A conduta antiética de alguns advogados levam ao descrédito da classe, sendo

imprescindível que retomemos a exercer esta profissão, que possui status de função essencial

à justiça garantida por nossa Constituição Federal da República, com muita dignidade e

honradez para benefício da classe e principalmente da população.

IV Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil

A advocacia, preocupada com sua ética foi uma das primeiras profissões em nosso

país que a regularizou16

. Desta maneira, foi editado o Código de ética e Disciplina da OAB

pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em 04 de julho de 1994, e

15

FILIPE, Pedro. Reflexões sobre Moral, Ética e Direito. Disponível em: <www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista...>. Acesso em 13 Out 2011. 16

NALINI, op. cit, p. 354. Nota 4.

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11

promulgado em 13 de fevereiro de 1995, data em que começou a valer em todo o território

nacional, facilitando assim a realização da conduta ética do seu profissional.

Esta preocupação de edição de normas de condutas éticas provém pelo fato de ser o

advogado “indispensável à administração da Justiça, defensor do Estado democrático de

direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a

atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce”17

.

Ademais, como bem é proposto no artigo 3º, o advogado deve ter em mente que o

exercício do Direito é forma de mitigar as desigualdades existentes, buscando o encontro das

soluções mais justas, em observância constante da lei, sendo esta o caminho de realização da

igualdade para todos. Daí ser visualizado de certa forma a aplicação da justiça.

Os advogados brasileiros devem fiel exercício aos princípios e valores básicos ali

estipulados, devendo observá-los em sua atuação jurídica diária de modo que:

[...] a ética profissional do advogado consiste, portanto, na persistente aspiração de

amoldar sua conduta, sua vida, aos princípios básicos dos valores culturais de sua

missão e seus fins, em todas as esferas de suas atividades18

[...].

Assim, o Código de ética e Disciplina da OAB é o instrumento normativo dos deveres

éticos mais essenciais atribuídos ao advogado, legitimando os interesses de ambas as partes da

relação jurídica, inclusive do cliente, engrandecendo esta classe jurídica bem como e

principalmente da realização da justiça.

Alguns dos princípios que podemos aí encontrar são: “lutar sem receio pelo primado

da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei”, e principalmente:

[...] proceder com lealdade e boa fé em suas relações profissionais e em todos os

atos do seu ofício; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio,

dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização prática

de seus legítimos interesses; comportar-se, nesse mister, com independência e

altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos; exercer a

advocacia com o indispensável senso profissional, mas também com

desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve à

finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no

domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente

e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade

pessoal19

. [...]

Além do mais este Código irá disciplinar ainda as regras eriças fundamentais que

devem ser observadas quando dos deveres profissionais; das relações com seu cliente; sobre o

17

Código de Ética e Disciplina da OAB. Artigo 1º. Disponível em:

<http://www.oab.org.br/comissoes/cnaai/users/sc1/1206985196182271.pdf>. Acesso em: 10 out. de 2011. 18

Ibidem. 19

Ibidem.

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12

sigilo profissional e o dever de urbanidade e do processo disciplinar.

Mas, há de se verificar que esta codificação ética não abrange de forma exaustiva

todos os princípios de ordem moral, social e profissional, abrindo oportunidade para que o

advogado com ética mesmo nos casos não previstos pelo legislador.

IV.I Deveres Éticos do Advogado

O advogado ao exercer a sua profissão tem o dever de respeito aos tribunais, aos seus

clientes, e aos seus colegas, todos estes estipulados no Código de Ética da OAB.

Conforme artigo 2º, o advogado ainda deve agir com destemor e independência,

velando pela sua reputação e honra, empenhando-se sempre em seu aperfeiçoamento

profissional, contribuindo, assim, para o aprimoramento das instituições, do Direito e da Lei.

Deve estimular a conciliação entre as partes e aconselhar seu cliente a não ingressar

em aventuras jurídicas, abstendo-se de vincular seu nome a empreendimentos de cunho

manifestamente duvidoso e de emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a

honestidade e a dignidade da pessoa humana.

IV.II Das Relações com o Cliente

No Capítulo II do Código de ética da OAB é previsto as regras relacionadas entre o

advogado e seu cliente. Primordialmente sabe-se que o primeiro está a serviço deste último,

devendo assim prezar por uma relação justa e igualitária.

Em busca disso é preciso que inicialmente o advogado não aceite procuração de quem

já tenha defensor constituído aos autos, sem o conhecimento deste a não ser em casos de justo

motivo ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis, agindo com conduta ética

ao seu colega de profissão.

Ao defender a causa o advogado deve informar claramente ao seu cliente sobre as

reais possibilidades que poderão ocorrer em determinada causa, com os eventuais riscos da

sua pretensão, e das conseqüências que poderão advir da demanda, tentando usar da verdade

para aconselhar o cliente a não entrar em “aventuras judiciais” ou de procurar o caminho da

conciliação com a parte adversa.

O membro da classe advocatícia deve, sem qualquer liberdade de escolha, abster-se de

patrocinar qualquer causa que seja contrária à ética, à moral ou à validade de ato jurídico em

que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta. Nesta seara, deve declinar seu

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impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado

segredos ou obtido seu parecer, evidencia-se aqui uma norma aberta dependente de

discricionariedade, analisada caso a caso.

O advogado deve ainda fazer propaganda de seus serviços com discrição, zelando o

quanto mais ela moderação, vedando-se a divulgação da advocacia com qualquer outra

atividade. O Provimento 94/2000 do Conselho Federal da OAB disciplina a publicidade

informativa:

Art. 1º. É permitida a publicidade informativa do advogado e da sociedade de

advogados, contanto que se limite a levar ao conhecimento do público em geral, ou

da clientela, em particular, dados objetivos e verdadeiros a respeito dos serviços de

advocacia que se propõe a prestar, observadas as normas do Código de Ética e

Disciplina e as deste Provimento20

.

A transcrição abaixo de um julgamento proferido mensura de forma clara qual o atual

entendimento da OAB sobre este tema:

Processo: Ementa 06/2004/OEP. TRANSGRESSÃO ÉTICA. Transgride a ética

profissional o advogado que credencia seu nome em sistemas instituídos por

associações, cooperativas médicas e seguradoras, para prestação de serviços de

advocacia aos seus respectivos filiados. Empresa de natureza mercantil não pode ser

registrada na OAB (art. 16, § 3º da Lei 8.906/94). A publicidade pelos meios de

comunicação e mediante informativos, panfletos enviados aos conveniados e como

atrativo a novos, contraria os princípios éticos da conduta profissional,

caracterizando evidente conotação mercantil, captação de clientela e concorrência

desleal, vedadas pelos artigos 5º, 7º, 28, 39 do Código de Ética e Disciplina.

(Consulta nº 0025/2002/OEP-SP. Relatora: Conselheira Federal Ana Maria de

Farias (RN). Revisor: Conselheiro Federal Sebastião Cristovam Fortes Magalhães

(AP), julgamento: 10.11.2003, por unanimidade, DJ 15.04.2004, p. 596, S1.

É importante que quando há conclusão ou desistência da causa, com ou sem a extinção

do mandato, tal fato obrigará o advogado à devolução de bens, valores e documentos

recebidos no exercício do mandato, e à pormenorizada prestação de contas.

A relação que o cliente possui com seu advogado é de total confiança, de modo que

este não pode repassar para algum colega seu os poderes em mandato que lhes foram

conferidos sem a concordância daquele. Desta forma, verifica-se que a relação cliente-

advogado é personalíssima.

Entretanto, convém observar que o advogado não é obrigado a aceitar imposições de

seu cliente, como a de ter de trabalhar com outros colegas de profissão em determinada causa,

pois “representa dever ético do advogado recusar-se a atuar com outros colegas, quando isso

20

Provimento No. 94/2000. Dispõe sobre publicidade, propaganda e a informação da advocacia. Disponível em:

<http://www.oabsp.org.br/noticias/2000/09/13/689/>. Acesso em: 08 out. 2011.

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não resulte de sua própria vontade21

É importante lembrar que na maioria dos casos é o cliente quem procura substabelecer

seu advogado, todavia há ocorrências em que o juiz é quem nomeia um advogado para

defender o réu pobre, e nessas hipóteses toda esta normativa ética deve ser observada e

cumprida, tendo em vista que essa relação se funda no direito de defesa a todos assegurado

por nossa Constituição Federal.

Em síntese cliente e advogado devem estabelecer alguns princípios durante o decorrer

da causa: lealdade, dever ético, obrigação de meios e não especificamente de resultado, sigilo

profissional, verdade, dentre outros.

IV.III Do Sigilo Profissional

O Código de Ética e Disciplina da OAB, em seu capítulo III, do art. 25 ao 27, regula o

sigilo profissional do Advogado. Como observado alhures a relação entre cliente e advogado

é de total confiança, motivo este em que deve haver o sigilo profissional em tudo aquilo que

for revelado.

Quem substabelece não guarda segredo com seu procurador, podendo este, inclusive,

se negar a depor sobre fatos conhecidos profissionalmente. Assim, o sigilo profissional é

inerente à profissão, devendo ser respeitada, entretanto, em casos de grave ameaça ao direito à

vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa

própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da causa22

.

Essas exceções são justificadas pelas necessidades de defesa pessoal do advogado,

devendo ocorrer em casos excepcionalíssimos.

O sigilo profissional proporciona uma liberdade ao cliente em dizer absolutamente

todas as nuances sobre a causa, permitindo que o advogado possa advogar livremente,

mantendo o sigilo profissional daquele. Ademais, o direito do advogado é tanto de sigilo

quanto aquilo que lhe foi dito, como quanto aos documentos revelados. O procurador deve

proteger contra terceiros as cartas, documentações, telegramas, emails...

IV.IV Da Publicidade

Aqui deve ser observada pelo advogado a forma de divulgação de seu trabalho,

21

NALINI, op. cit, p. 362. Nota 4. 22

CÓDIGO, op. cit. Nota 16.

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conjugando a informação com a discrição e moderação, pois “(...) não se procura advogado

como se busca um bem de consumo em um supermercado23

”.

Atualmente o mercado desses profissionais é muito alto e cada vez mais crescente,

necessitando a criação de um adequado meio para impedir a captação de clientela. Com esse

objetivo, o Código de Ética claramente restringe a atividade publicitária no ramo da

advocacia, nos arts. 28 à 34 do diploma legal em tela, proibindo advogados de usar de meios

mercantilistas, marketing, propagandas agressivas.

Toda e qualquer publicidade circunda em dois princípios: discrição e moderação.

Vejamos:

Art. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou

coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente

informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra atividade24

. Grifei.

É vedado a informação de seu serviço com outra atividade, tendo a finalidade caráter

meramente informativo. Essa postura ética restringe a utilização de fotos, cores, figuras,

marcas, logotipos, não devendo fazer referência a valores dos serviços, formas de

pagamentos, promoções...

A divulgação por meio de rádio, televisão e outros meios de comunicação também

devem ser restringidos, devendo o anúncio mencionar o nome completo do advogado e o

número da inscrição na OAB, podendo fazer referência a títulos ou qualificações

profissionais, especialização técnico-científica e associações culturais e científicas, endereços,

horário do expediente e meio de comunicação, vedadas a denominação de fantasia25

.

23

NALINI, op. cit, p. 364. Nota 4. 24

CÓDIGO, op. cit. Nota 16. 25

Ibidem.

SESSÃO DE 21 DE MAIO DE 1998. PUBLICIDADE OU PROPAGANDA –

DISTINÇÃO – MODERAÇÃO E DISCRIÇÃO – INTERNET E PLACAS

INDICATIVAS – A propaganda está mais vinculada à idéia de comércio ou

mercantilização de produtos, e visa alcançar público maior, incentivando a demanda

para maior lucro do empresário ou comerciante. A publicidade é a informação mais

discreta, sem alardes, para público menor e direto, pressupondo a existência de

interesse anterior, por menor que seja. O advogado não vende produto, mas presta

serviço especializado. Eventual anúncio de advogado, na Internet ou em placas

indicativas, deve ser discreto, observando a mesma moderação do veiculado em

jornais e revistas especializadas que, em qualquer hipótese, não poderá ser em

conjunto com outra atividade. As regras sobre a publicidade do advogado estão

contidas no Código de Ética e Disciplina e na Resolução n. 02/92 deste Tribunal. –

Proc. 1.684/98 – v.u. e 21/05098 do parecer e ementa do Rel. Dr. JOÃO TEIXEIRA

GRANDE – Rev. Dr. CLODOALDO RIBEIRO MACHADO – Presidente Dr.

ROBISON BARONI.

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Evita-se qualquer forma de mercantilismos, até mesmo o advogado que eventualmente

participe de programa de televisão ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem

televisionada ou de qualquer outro meio, para manifestação profissional, deve visar a

objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem propósito de promoção

pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus

colegas de profissão26

.

Dos honorários advocatícios

A prestação do serviço profissional deve ser equilibrada entre ambas as partes,

proporcionando o rendimento econômico necessário ao advogado, bem como a adequada e

justa cobrança à sociedade.

Os honorários advocatícios devem estar expressos e previstos em contrato escrito

pactuado pelas partes contendo todas as especificações e forma de pagamento, inclusive no

caso de acordo. Outrossim, os sucumbenciais não excluem os contratados, porém devem ser

levados em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo sempre presente o que

foi ajustado na aceitação da causa27

.

Para sua fixação levam-se em conta aspectos tais como: o trabalho e o tempo

necessários, valor da causa, condição econômica do cliente, competência e renome do

profissional dentre outros...

O Código de Processo Civil também disciplina a matéria estabelecendo que a sentença

condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários

advocatícios. E que esta fixação deverá ser feita sobre o mínimo de 10% (dez por cento) o

máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo

do profissional; b) o lugar da prestação de serviços; c) a natureza e importância da causa, o

trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço28

.

Da mesma forma que não deve haver cobrança abusiva ao cliente, também o advogado

deve evitar o aviltamento de valores dos serviços profissionais, não os fixando de forma

irrisória ou inferior ao mínimo fixado pela Tabela de Honorários, salvo motivo plenamente

justificável.

26

Ibidem. 27

Ibidem. 28

Lei nº 5.869/1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm>. Acesso em: 15 Out 2011.

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Por fim, a cobrança judicial dos honorários deverá ser feita pelo advogado desde que

ele renuncie ao mandato.

Do dever de urbanidade

O dever de urbanidade circunda no tratamento com o público, com as autoridades e os

funcionários do Poder Judiciário, com respeito, educação, igual tratamento entre todos, sem

qualquer distinção entre eles.

Portanto, todos os que fazem parte da Justiça devem ser tratados com respeito e

igualdade, a fim de manter elevada a dignidade de sua própria categoria profissional, bem

como de todas outras que com ela mantém certo contato.

De outro modo, o advogado também tem o direito de exigir igual tratamento por parte

de todos aqueles com quem têm contato profissional. E, como não podia ser diferente, o

advogado deve ser zeloso com as suas atividades decorrentes da condição de defensor

nomeado, comportando-se com zelo, e empenhando-se para que o seu cliente se sinta

amparado.

Considerações Finais

Da abordagem da temática acima explorada surge a certeza da atualidade e da

importância da ética para as relações sociais, dentre elas as que envolvem o âmbito

profissional. A vida em sociedade, por ser complexa, exige a imposição de condutas éticas e

morais que a pautem.

A ética profissional faz parte de um todo que chamamos de ética profissional, ponto

este discutido neste trabalho.

Com relação à seara jurídica profissional é exigida um maior emprego de padrões

éticos no intuito de amenizar as exigentes relações entre advogado e cliente. Ademais são

inúmeros os escândalos envolvendo tais partes, motivo pelo qual se tem empregado

fortemente o Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil, aplicando-se sanção

quando desobedecido.

Desta forma, o código de conduta ética é meio pelo qual se tenta frear os desvaneios

encontrados durante o exercício da advocacia, manchando esta específica classe profissional e

lesionando os interesses da coletividade.

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Estes deveres éticos, a serem observados, que estão consignados neste respectivo

Código não são recomendações de bom comportamento, mas normas jurídicas dotadas de

obrigatoriedade que devem ser cumpridas com rigor.

Como é sabido a advocacia não é simplesmente uma profissão como outra qualquer,

mas, por estar prevista constitucionalmente, torna-se um verdadeiro encargo público, por ser

função essencial da justiça, compondo um dos elementos do Poder Judiciário. Além do que,

conforme artigo 133 da nossa Constituição Federal, o advogado é indispensável à

administração da justiça, retratando o fundamental papel desta profissão.

Enfim, a atuação com dignidade, pautada na moral, na ética e nas normas jurídicas

edifica a advocacia e atribui decência e justiça a quem necessita desta.

Portanto, os advogados estão sujeitos ao Código de Ética e disciplina, editado pela

Ordem dos Advogados do Brasil, que trata sobre dever de urbanidade, sobre honorários

advocatícios, relações com seus clientes, publicidade e deveres éticos em geral, acarretando

quando de seu descumprimento sanções disciplinares.

Durante este artigo foi analisado sucintamente o dever ético da classe advocatícia,

relacionando o grau ideal de observância destes preceitos.

ETHICAL ADVOCACY

Abstract

This research paper aims to elucidate the importance of the theme of ethicsadvocacy in

our daily lives, offering reasons for their observance, promoting areflection on some

practices that are permitted or prohibited when the daily exerciseof this

career. The law, among all the existing professional activities, has a different value to

constitute an essential function to justice, this being indispensable to the administration,

characterized by being eminently social. Thus, there needs to becondoning the ethical

principles, standardizing its operations in order to regulate its activity. With this objective is

that it was published the Code of Ethics and Disciplineof the Bar Association which sets forth

the rights and duties of lawyers as well asminimum standards of ethical conduct, rejecting

the idea of commercializing the profession, in which the noncompliance results in the

imposition of sanction. Is discussed briefly the concepts of morality, ethics and law in order to

clarify their differences and focus in the legal profession.

Keywords: Lawyer. Ethics. Code of Ethics and Discipline. Moral. Right.

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