prestige abril - joão ribeiro

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WWW.CAISDOSOSSOS.COM Galeria Prestige – Abril 2010 ____________________________________________________________________________________________________ [JOÃO RIBEIRO - artista plástico, cenógrafo e professor] Lisboa, 1955. Licenciatura em Pintura FBAUL. - PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 2009- OKLAHOMA/ TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA 2007- DEUSES DE JARDIM/ BIBLIOTECA UNL/ CAPARICA/ PORTUGAL 2005- O PARAÍSO PROVÁVEL/ GALERIA CUBIC/ LX/ PORTUGAL 2003- O PARAÍSO IMPROVÁVEL/ GALERIA ENES/ LX/ PORTUGAL 1999- VIVA PORTUGAL/ CASA DA CULTURA/ V.N.FAMALICÃO/ PORTUGAL 1998- VIAGEM/ GALERIA ALMADA NEGREIROS/ TORONTO/ CANADÁ A LUA COM A MÃO ESCONDIDA/ GALERIA ENES/LX/PORTUGAL 1993- O PARAÍSO DE ALFREDO/ GALERIA S. BENTO/ LISBOA/ PORTUGAL 1991- CONTES FANTASTIQUES/ GALERIE FAYLA/ BRUXELAS/ BÉLGICA BAPAUMESTRAAT/GALERIA S. BENTO/LX/PORTUGAL 1987- NIRVANA URBANA/ GALERIA DE S. BENTO/ LX/ PORTUGAL PRÉMIO ESPÍRITO SANTO ESTEVES I BIENAL DE CHAVES/ PORTUGAL/ 1985

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Durante o mês de Abril João Ribeiro expõe Oklahoma na galeria Prestige, em www.caisdosossos.com. Visite-nos.

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Page 1: Prestige Abril - João Ribeiro

WWW.CAISDOSOSSOS.COM

Galeria Prestige – Abril 2010

____________________________________________________________________________________________________

[JOÃO RIBEIRO - artista plástico, cenógrafo e professor]

Lisboa, 1955. Licenciatura em Pintura FBAUL.

- PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS:

2009- OKLAHOMA/ TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA

2007- DEUSES DE JARDIM/ BIBLIOTECA UNL/ CAPARICA/ PORTUGAL

2005- O PARAÍSO PROVÁVEL/ GALERIA CUBIC/ LX/ PORTUGAL

2003- O PARAÍSO IMPROVÁVEL/ GALERIA ENES/ LX/ PORTUGAL

1999- VIVA PORTUGAL/ CASA DA CULTURA/ V.N.FAMALICÃO/ PORTUGAL

1998- VIAGEM/ GALERIA ALMADA NEGREIROS/ TORONTO/ CANADÁ

A LUA COM A MÃO ESCONDIDA/ GALERIA ENES/LX/PORTUGAL

1993- O PARAÍSO DE ALFREDO/ GALERIA S. BENTO/ LISBOA/ PORTUGAL

1991- CONTES FANTASTIQUES/ GALERIE FAYLA/ BRUXELAS/ BÉLGICA

BAPAUMESTRAAT/GALERIA S. BENTO/LX/PORTUGAL

1987- NIRVANA URBANA/ GALERIA DE S. BENTO/ LX/ PORTUGAL

PRÉMIO ESPÍRITO SANTO ESTEVES I BIENAL DE CHAVES/ PORTUGAL/ 1985

Page 2: Prestige Abril - João Ribeiro

- COLECÇÕES INSTITUCIONAIS:

COLECÇÃO DA CGD/ COLECÇÃO DO BCP/ COLECÇÃO DOS CTT/ MUSEU DE ARTE E

PINTURA DIOGO GONÇALVES, PORTIMÃO/ MUSEU DA CIDADE DE VILA FRANCA DE

XIRA/ CM SEIXAL/ CM VILA NOVA DE FAMALICÃO/ CM MATOSINHOS/ CM PORTALE-

GRE/ CM REGUENGOS MONSARAZ/ MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/ TRIBUNAL DA RELA-

ÇÃO DE SEIA/ /BIBLIOTECA SANTA MARIA DA FEIRA/ BIBLIOTECA UNL DA FCT-UNL.

- AUTORES DOS TEXTOS EM CATÁLOGOS:

Batista-Bastos/ Cristina de Azevedo Tavares/ Amadeu Lopes Sabino/ Joaquim Saial/ Ana

Isabel Ribeiro/ José Manuel Anes/ Mário Caeiro/ Nuno Crespo/ Nuno Rebocho.

____________________________________________________________________________________________________

2003- Colabora com o Arq. Cândido Chuva Gomes no Museu da Cidade de Vila Franca de

Xira, onde realiza um Biombo monumental.

2008- É seleccionado com duas instalações em pedra da calçada com luz para a LUZBOA

08 e para a LUCI D´ARTISTA/TURIM.

2009- Inicia ciclo de três exposições individuais com curadoria de Mário Caeiro (Oklahoma,

Mapas Alquímicos e Painéis de Lazarim).

A convite de Joaquim Benite, realiza o espaço cénico da peça Dois Homens, de José

Maria Vieira Mendes, coincidindo a estreia da peça com a inauguração da exposição

OKLAHOMA no Teatro Municipal de Almada. Promove actualmente uma série de parcerias

artísticas: com Pedro Sena Nunes e Gonçalo M. Tavares e João Gil (Ladrões de Deus,

projecto de vídeo-instalação no Mercado de Santa Maria da Feira, a convite do Festival

Imaginarius) com João Monge, Manuel Paulo e Nancy Vieira (Projecto o Pássaro Cego) e

com a VOÁRTE no projecto multidisciplinar «O Aqui». Em 2009, participa em Tórun/

Polónia no SKYWAY 09, com uma instalação/projecção «Lágrimas de São Lourenço».

____________________________________________________________________________________________________

- SITE: http://www.joaoribeiro.paginas.sapo.pt

- VÍDEO: http://www.youtube.com/watch?v=8cJs1-jof34

Page 3: Prestige Abril - João Ribeiro

«OKLAHOMA, UMA PINTURA DE JOÃO RIBEIRO

No romance inacabado Amerika, de Franz Kafka, o herói – Karl Roßmann – depara-se com

um espaço de hipotética redenção humana diante de um cartaz que diz: Quem quiser ser

artista, dirija-se-nos! Somos o teatro que pode dar emprego a toda a gente, a cada qual o

seu lugar! O Grande Teatro ao Ar Livre de Oklahoma é assim uma espécie de não-lugar

utópico, disfuncional, mas onde «Todos são bem-vindos!».

Aos 25 anos de carreira, João Ribeiro apresenta-se pela primeira vez em Almada com um

projecto que abre um novo ciclo de trabalhos políticos, o primeiro de um conjunto de três

exposições individuais. O universo de Kafka, mas sobretudo a seu amargo filosofar do

risível, motivaram a realização de uma única pintura de grandes dimensões que por sua

vez se apresenta como hipótese de discurso autocrítico sobre o próprio género pictórico –

que em João Ribeiro é de matriz figurativa e narrativa – e sua função na

contemporaneidade.

N’O Grande Teatro ao Livre de Oklahoma de João Ribeiro, a figura tutelar de Andy Warhol

– supremo artista, supremo charlatão, supremo negociante e supremo ‘ídolo’ que depois

de Duchamp e com Leo Castelli reconfigurou a geografia e a topologia da arte actual –

destaca-se num fundo desértico em que pontualmente surgem representadas, num registo

simultaneamente aurático e fantasmático, perturbadoramente desmaterializado como é

característico acontecer no universo kafkiano – as figuras compósitas de um imaginário

que é o de todos nós, imersos na sociedade de consumo cultural em que se transformou o

Ocidente e, tudo indica, se transformará o Planeta.

Como no universo de outro autor marcado com a diabólica letra ‘K’ – Philip K. Dick –, algo

está errado – e não é apenas a efígie apatetada do autor imiscuindo-se celebridade junto

de Marilyn e Michael Jackson, ao som do America do musical West Side Story. O que há

de particularmente incongruente é a compósita e fluida reverberação de signos visuais que

desconcerta, num mise-en-abîme p’ra rir, as imagens feitas – e assim refeitas, tal como

nos textos de Kafka – da paisagem cultural que nos conforma os sonhos, a utopia, o

desejo.

A páginas tantas do romance inacabado do autor checo, um detalhe costuma escapar aos

leitores menos atentos. Na descrição da Estátua da Liberdade, que o autor checo conhecia

de postais que mandara vir por conhecidos, a imponente figura da Justiça segura na mão

não um facho, mas uma espada. Um índice do destino que perseguirá o jovem Karl na sua

Page 4: Prestige Abril - João Ribeiro

demanda dickensiana pela felicidade? Ora João Ribeiro propõe-se, como Kafka, a operar

sobre este tipo de gestos, situações, retratos míticos, e o seu imaginário, a sua pintura, a

sua arte, responde à mesma desconcertante estratégia de desconjuntação de referências,

como que num derradeiro acto – ligeiramente tresloucado diria o nosso amigo Freddie

Mercury – de superação da sua própria condição quotidiana, contingente, enquanto Poeta,

Pintor, Artista.

O resultado não será sua pintura mais dócil – ainda que, como quase sempre em João

Ribeiro, as texturas remetam aqui para uma dimensão decorativa, que decorre do

paralelismo com a apertada tecitura específica da tapeçaria. Mas é certamente uma

primeira pintura – e uma pintura de primeira – num processo de combate – o termo é

definitivamente kafkiano – contra o que no dispositivo histórico da arte moderna por vezes

vai contra o indestrutível – ainda Kafka – que a plasticidade do Pós-modernismo, ou seja a

mal-dita Arte Contemporânea apesar de tudo procura tornar presente.

Esta é assim (literalmente) uma pintura de presentificação de um momento na carreira de

João Ribeiro em que finalmente os fantasmas da mão e do gesto são varridos por uma

névoa que, apesar de ácida, gelada, desértica, devolve à sua pintura um sabor a realidade

e urgência, nomeadamente política, um travo a identidade e autonomia.

Com a série que se segue, os Mapas Alquímicos, com apresentação prevista no quadro

das celebrações do centenário da nossa República, está definitivamente lançada um nova

demanda do autor, em que poesia e política se entrelaçam de uma forma que faria Franz,

se não sorrir, pelo menos deixar-se enlaçar num atento olhar intrigado. É a forma da

colagem, da montagem, do fragmento e do superficial, mas afinal a forma como, na nossa

mente, a vida-écran da nossa temporalidade se arrisca a ficar eternamente fixada. Em

Pintura.

Mário Caeiro

Palhais, 2009

Nota: Este texto resulta de um trabalho de proximidade com o João, que tem aberto as portas da

sua garagem e da sua pintura ao autor. Corresponde a um tentativa, rara para ambos, de partilhar o

processo criativo como cartografia sensível do quotidiano e é nestes termos a celebração possível

de uma afinidade electiva que passou pelo profundo respeito e interesse pelas ideias, motivações e

universo cultural de ambos.»