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Presidência da República Brasília, abril de 2017 ATUAÇÃO DO PODER EXECUTIVO • RELATÓRIO DO CONTROLE INTERNO • BALANÇO GERAL DA UNIÃO PRESTAÇÃO DE CONTAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 2016

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Presidncia da Repblica

Braslia, abril de 2017

ATUAO DO PODER EXECUTIVO RELATRIO DO CONTROLE INTERNO BALANO GERAL DA UNIO

PRESTAO DE CONTASDO PRESIDENTE DA REPBLICA 2016

Presidncia da Repblica

Prestao de Contas doPresidente da Repblica

2016Braslia, abril de 2017

Copyright 2017

Ministrio da Transparncia, Fiscalizao e Controladoria-Geral da Unio

Permitida a reproduo desta obra, de forma parcial ou total, sem fins lucrativos, desde que citada a fonte ou

endereo da internet no qual pode ser acessado em sua verso digital

(www.cgu.gov.br).

Tiragem: 35 exemplares

Impresso no Brasil

Autoridades Responsveis pelas Contas do Exerccio de 2016

Presidente da Repblica

Michel Temer

Ministro de Estado da Transparncia, Fiscalizao e Controladoria-Geral da Unio

Torquato Jardim

Ministro de Estado da Fazenda

Henrique Meirelles

Ministro de Estado do Planejamento, Desenvolvimento e Gesto

Dyogo Henrique de Oliveira

MINISTRO DE ESTADO DA TRANSPARNCIA, FISCALIZAO E CONTROLADORIA-GERAL DA UNIOTorquato Jardim

SECRETRIO-EXECUTIVOWagner de Campos Rosrio

SECRETRIO FEDERAL DE CONTROLE INTERNOAntnio Carlos Bezerra Leonel

DIRETOR DE AUDITORIA DE POLTICAS ECONMICAS E DE PRODUOGuilherme Mascarenhas Gonalves

COORDENADOR-GERAL DE AUDITORIA DA REA FAZENDRIAAlexandre de Sales Lima

COORDENADOR DE AUDITORIA DA REA FAZENDRIAItamar Jos Padilha

EQUIPE TCNICAPaterson da Rocha SeveroLcia Maria Gaspar Barros KilsonLeandro Santos GonalvesAdalberto Carvalho Pinto

COLABORAO TCNICADiretoria de Auditoria de Polticas Econmicas e de ProduoDiretoria de Auditoria de Polticas Sociais I Diretoria de Auditoria de Polticas Sociais II Diretoria de Auditoria de Polticas de Infraestrutura Diretoria de Auditoria de Governana e GestoDiretoria de Auditoria de EstataisDiretoria de Planejamento e Coordenao das Aes de Controle

Informaes: (61) 2020-7223/ 2020-7190Endereo Eletrnico: www.cgu.gov.brCorreio Eletrnico: [email protected] / [email protected]

COORDENAO EDITORIAL: Secretaria Federal de Controle InternoREVISO DE TEXTO: Coordenao-Geral de Auditoria da rea FazendriaDIAGRAMAO: Assessoria de Comunicao SocialFOTO DA CAPA: Adalberto Carvalho Pinto

APRESENTAO

APRESENTAO

De acordo com a Constituio Federal, compete privativamente ao Presidente da Repblica prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias aps a abertura da sesso legislativa, as contas referentes ao exerccio anterior.

De forma complementar, a Lei n 10.180, de 06 de fevereiro de 2001 e o Decreto n 3.591, de 06 de setembro de 2000 conferiram ento Controladoria-Geral da Unio, atual Ministrio da Transparncia, Fiscalizao e Controladoria-Geral da Unio, a tarefa de elaborar as contas presidenciais prestadas anualmente, bem como mant-las disponveis para consulta da sociedade, de forma permanente, nos termos da Lei Complementar n 101, de 04 de maio de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal. Essa atribuio foi ratificada pelo recente Decreto n 8.910, de 22 de novembro de 2016.

Para esta misso, foi atribudo Secretaria Federal de Controle Interno deste Ministrio o papel de organizar as contas do Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica, para seu encaminhamento ao Congresso Nacional, no citado prazo constitucional contado da abertura da Sesso Legislativa Ordinria, ocorrida em 02 de fevereiro de 2016.

Inobstante o dever legal conferido ao rgo Central de Controle Interno do Poder Executivo, ressalto que as informaes que integram esta obra so provenientes de diversos rgos e entidades do Poder Executivo Federal, responsveis pela sua consistncia e veracidade, e contemplam os mais variados aspectos da atuao governamental no exerccio de 2016, sendo estruturadas em sete partes, assim compreendidas:

I Poltica Econmico-Financeira

II Oramento Fiscal e da Seguridade Social

III Oramento de Investimento Empresas Estatais

IV Atuao por rea Temtica

V Relatrio do Controle Interno

VI Balano Geral da Unio

VII Providncias sobre as Recomendaes do TCU, exerccio de 2015

A Parte I evidencia o desempenho da economia brasileira, que estabelece as condies para o desenvolvimento das atividades da Administrao Pblica.

A Parte II contempla uma viso consolidada do Oramento Fiscal e da Seguridade Social, evidenciando a autorizao legislativa para a previso e fixao das receitas e despesas pblicas, bem como a sua execuo no exerccio de 2016.

As informaes referentes s Empresas Estatais no dependentes do Poder Executivo Federal, vinculadas ao Oramento de Investimento, produzidas pela Secretaria de Coordenao e Governana das Empresas Estatais (Sest), rgo do Ministrio do Planejamento, Desenvolvimento e Gesto, esto contempladas na Parte III.

A Parte IV Atuao por rea Temtica contempla a ao governamental segregada em reas de atuao do Poder Executivo, (Social e Segurana Pblica, Infraestrutura, Desenvolvimento Produtivo e Ambiental e Temas Especiais) mantendo alinhamento com o Plano Plurianual - PPA - 2016-2019, privilegiando a informao por programa temtico e objetivos considerados mais relevantes e, subsidiariamente, outros sugeridos pelo Tribunal de Contas da Unio, com vistas a apresentar sociedade prestao de contas com foco no desempenho da Administrao Pblica, expondo uma anlise temporal da execuo oramentria e, principalmente, os resultados alcanados no exerccio de 2016.

A Parte V - Relatrio do Controle Interno contempla as aes do Ministrio da Transparncia, Fiscalizao e Controladoria-Geral da Unio nas reas de Preveno e Combate Corrupo, Auditorias e Fiscalizaes, Ouvidoria e Correio no Poder Executivo Federal, alm de anlise da equipe de Auditoria da rea Fazendria da SFC sobre a execuo dos Oramentos da Unio. um captulo essencial para a transparncia pblica, ao apresentar em detalhes, por exemplo, as aes de controle e de combate corrupo, incluindo demonstrativos regionais com as punies imputadas a agentes pblicos decorrentes de atos de m gesto dos recursos federais sob suas responsabilidades.

O Balano Geral da Unio, integrante da Parte VI, foi elaborado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), rgo

do Ministrio da Fazenda, e contempla a execuo e a anlise dos Oramentos Fiscal e da Seguridade Social, materializada nos demonstrativos e nos balanos oramentrio, financeiro, patrimonial e demonstrao das variaes patrimoniais, extrados do Sistema Integrado de Administrao Financeira do Governo Federal (Siafi). Complementam os balanos as notas explicativas, que buscam evidenciar aspectos relevantes que afetam a elaborao e contedo das informaes contbeis.

A Parte VII retrata as providncias adotadas pelos rgos e entidades no mbito do Poder Executivo Federal, quanto s recomendaes expedidas pelo Tribunal de Contas da Unio no parecer prvio emitido por ocasio da apreciao da Prestao de Contas do exerccio de 2015.

Encontra-se encartado nesta Prestao de Contas um CD-ROM contendo informaes adicionais referentes execuo oramentria e balanos, e outras que possam subsidiar a compreenso dos dados constantes do texto impresso.

A responsabilidade pelo processo de elaborao da Prestao de Contas do Presidente da Repblica (PCPR) atribuda majoritariamente a trs rgos, com as respectivas responsabilidades a seguir descritas:

RGO RESPONSABILIDADE

MINISTRIO DA TRANSPARNCIA, FISCALIZAO E CONTROLADORIA-GERAL DA UNIO

Secretaria Federal de Controle Interno - SFC

Coordenao do processo de elaborao da PCPR, conforme determina a Lei n. 10.180/2001 e o Decreto n. 3.591/2000 e elaborao do Relatrio do Controle Interno.

MINISTRIO DA FAZENDASecretaria do Tesouro Nacional - STN

Elaborao e anlise dos Balanos Gerais da Unio e dos demonstrativos da execuo do oramento fiscal e da seguridade social.

MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTOSecretaria de Coordenao e Governana das Empresas Estatais - Sest

Secretaria de Planejamento e Assuntos Econmicos - Seplan

Elaborao das informaes sobre as empresas estatais e respectivo oramento de investimento, bem como dados sobre os indicadores dos programas e execuo fsica das aes governamentais.

As informaes que compem a PCPR referente ao exerccio de 2016 foram elaboradas seguindo diretrizes do contnuo aperfeioamento em relao aos anos anteriores, objetivando conceder maior transparncia e qualidade Prestao de Contas Presidencial.

Todo o contedo da PCPR encontra-se organizado neste nico volume, contemplando: Relatrio, abrangendo informaes da atuao de vrios rgos e entidades do Poder Executivo, tais como ministrios, secretarias e bancos oficiais, e o Balano Geral da Unio, que rene todos os balanos contbeis dos trs Poderes da Repblica, exigidos pela Lei n 4.320/64.

Em observncia ao Princpio da Transparncia na Gesto Fiscal, contido na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n 101, de 04 de maio de 2000), esta Prestao de Contas encontra-se disponvel, na ntegra, no endereo eletrnico www.cgu.gov.br e em meio impresso no Ministrio da Transparncia, Fiscalizao e Controladoria-Geral da Unio, na Secretaria do Tesouro Nacional, na Secretaria de Coordenao e Governana das Empresas Estatais e em outras instituies pblicas, de forma que a sociedade brasileira possa exercer seus direitos, no que concerne ao processo de fiscalizao das receitas e despesas pblicas, realizando o controle social sobre as Contas do Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica.

importante salientar que esta Prestao de Contas dirigida no apenas ao Congresso Nacional ou ao Tribunal de Contas da Unio, mas, sobretudo ao cidado, como instrumento de transparncia e prestao de contas sociedade brasileira pela confiana e recursos depositados junto ao Governo.

SUMRIO

PARTE I POLTICA ECONMICO-FINANCEIRA 171.1. DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA E DA POLTICA ECONMICO-FINANCEIRA NO EXERCCIO 2016 17

1.1.1. Poltica Monetria, Creditcia e Cambial 17

1.1.2. Polticas de Investimento e Infraestrutura 18

1.1.3. Polticas Fiscal e Tributria 18

1.1.4. Dvida Pblica Consolidada e Resultado Nominal 19

1.1.5. Dvida Consolidada Lquida sob a tica do Banco Central 22

1.1.6 Metas Fiscais e Resultados Primrio e Nominal Alcanados no Exerccio 22

1.2. MOEDA E CRDITO 23

1.2.1. Aspectos Gerais 23

1.2.2. Agregados Monetrios 23

1.2.3. Ttulos Pblicos Federais 24

1.2.4. Operaes de Crdito 24

1.2.5. Sistema Financeiro Nacional 25

1.3. DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO 26

1.3.1. Poltica de Comrcio Exterior 26

1.3.2. Poltica Cambial 27

1.3.3. Movimento de Cmbio 28

1.3.4. Balano de Pagamentos 29

1.3.5. Reservas internacionais 42

1.3.6. Servio da Dvida Externa do Tesouro Nacional 43

1.3.7. Dvida Externa 43

1.3.8. Indicadores de endividamento 53

1.3.9. Captaes externas 54

1.3.10. Posio de Investimento Internacional (PII) 54

1.4. ANLISE DOS HAVERES DA UNIO DE NATUREZA FINANCEIRA JUNTO A ESTADOS E MUNICPIOS 57

1.4.1. Retorno de Haveres originados de Operaes de Financiamento e de Refinanciamento de Dvidas implementados no mbito de Programas de Saneamento do Setor Pblico 57

1.4.2. Retorno de Haveres originados da Renegociao da Dvida Externa do Setor Pblico 57

1.4.3. Retorno de Haveres originados de Repasses de Recursos Externos 57

1.4.4. Retorno de Haveres originados do Programa de Fortalecimento das Instituies Financeiras Federais (Medida Provisria n 2.196-3/2001) 58

1.4.5. Retorno de Haveres originados da aquisio de Participaes Governamentais 58

1.4.6. Outros Haveres 58

1.5. OUTROS HAVERES DO TESOURO NACIONAL 59

1.5.1. Haveres da Unio no Relacionados a Estados e Municpios 59

1.5.2. Recebimento de Crditos 61

1.5.3. Fundos Garantidores para os quais foram Consignados Crditos Oramentrios no OGU em 2016 62

1.5.4. Haveres Mobilirios 62

1.6. Gesto da Dvida Pblica 67

1.6.1. Necessidades de Financiamento 67

1.6.2. Resultados Alcanados e Avanos na Administrao da Dvida 71

1.6.3. Avanos e Inovaes no Gerenciamento da Dvida 72

1.7. Ajuste Fiscal de Estados e Municpios: Resumo das principais atividades e projetos desenvolvidos 74

1.7.1. Verificao de Limites e Condies para Realizao de Operaes de Crditos dos Entes da Federao 74

1.7.2. Programas de Reestruturao e de Ajuste Fiscal dos Estados e do Distrito Federal 75

1.7.3. Verificao dos Indicadores Fiscais dos Municpios cujas Dvidas foram refinanciadas (MP 2.185-35/2001) 78

1.7.4. Clculo da Receita Lquida Real (RLR) 78

1.7.5. Verificao do Adimplemento com a Unio para efeito do disposto no inciso IV do art. 21 da Resoluo do Senado Federal n 43, de 2001 79

1.7.6. Clculo da Capacidade de Pagamento 79

1.8. OPERAES DE CRDITO 81

1.8.1. Aspectos Gerais 81

1.8.2. Financiamento 81

1.8.3. Subvenes Econmicas 82

1.8.4. Outras Atividades Desenvolvidas 85

1.9. RESPONSABILIDADES FINANCEIRAS 86

1.9.1. Contratao Direta - Financiamento de Projetos e Aquisio de Bens 86

1.9.2. Concesso de Garantias Externas 86

1.9.3. Concesso de Garantias Internas 87

1.9.4. Saldo das Garantias Concedidas pela Unio e Respectivas Contragarantias 87

1.9.5. Garantias Honradas pela Unio em Operaes de Crdito 90

1.10. AGNCIAS OFICIAIS DE FOMENTO 91

1.10.1. Banco da Amaznia S. A. 91

1.10.2. Banco do Brasil S.A. 95

1.10.3. Banco do Nordeste do Brasil S.A. 108

1.10.4. Banco Nacional de Desenvolvimento Social 117

1.10.5. Caixa Econmica Federal 124

1.10.6. Financiadora de Estudos e Projetos 128

PARTE II ORAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL 1322.1. PROGRAMAO FINANCEIRA DO EXERCCIO DE 2016 132

2.1.1. O Ordenamento Jurdico do Sistema de Administrao Financeira 132

2.1.2. Poltica Adotada para a Programao Financeira do Exerccio 132

2.1.3. Execuo Financeira 138

2.2. EXECUO DOS ORAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL 141

2.2.1. Anlise da Execuo da Despesa Oramentria 141

2.2.2. Poltica de Restos a Pagar 149

2.2.3. Arrecadao Tributria, Parcelamento de Crditos e Renncia de Receitas 150

2.3. ANLISE DOS LIMITES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS 168

2.3.1. Manuteno e Desenvolvimento do Ensino (MDE) 168

2.3.2. Aes e Servios Pblicos de Sade 172

2.3.3. Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb) 172

2.4. DVIDA ATIVA DA FAZENDA E PREVIDENCIRIA 175

2.4.1. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) 175

2.4.2. Procuradoria-Geral Federal (PGF) 182

2.4.3. Dvida Ativa Sob a Responsabilidade da Procuradoria-Geral do Banco Central do Brasil 192

2.4.4. Demonstrativos da Dvida Ativa da Unio - Exerccio de 2016 195

PARTE III ORAMENTO DE INVESTIMENTO EMPRESAS ESTATAIS 1993.1. ASPECTOS GERAIS 199

3.2. ANLISE DOS INVESTIMENTOS 202

3.3. POLTICA DE APLICAO DAS AGNCIAS FINANCEIRAS OFICIAIS DE FOMENTO 217

3.4. FUNDOS DO SETOR ELTRICO ADMINISTRADOS PELA ELETROBRAS 221

3.4.1. Reserva Global de Reverso (RGR) 221

3.4.2. Conta de Desenvolvimento Energtico (CDE) 223

3.4.3. Conta de Consumo de Combustveis (CCC) 225

PARTE IV ATUAO POR REA TEMTICA 2274.1. CONTEXTUALIZAO DO PLANO PLURIANUAL - PPA 2016-2019 227

4.2. REA TEMTICA: SOCIAL E SEGURANA PBLICA 228

4.2.1. Programa 2015 - Fortalecimento do Sistema nico de Sade (SUS) 228

4.2.2. Programa 2019 - Incluso Social Por Meio do Bolsa Famlia, do Cadastro nico e da Articulao de Polticas Sociais 234

4.2.3. Programa 2037 - Consolidao do Sistema nico de Assistncia Social (SUAS) 240

4.2.4. Programa 2061 - Previdncia Social 244

4.2.5. Programa 2071 - Promoo do Trabalho Decente e Economia Solidria 252

4.2.6. Programa 2080 - Educao de Qualidade Para Todos 255

4.2.7. Programa 2081 - Justia, Cidadania e Segurana Pblica 266

4.3. REA TEMTICA: INFRAESTRUTURA 270

4.3.1. Programa 2022 - Combustveis 270

4.3.2. Programa 2033 - Energia Eltrica 273

4.3.3. Programa 2053 - Petrleo e Gs 278

4.3.4. Programa 2087 - Transporte Terrestre 280

4.3.5. Programa 2025 - Comunicaes Para o Desenvolvimento, a Incluso e a Democracia 288

4.3.6. Programa 2068 - Saneamento Bsico 292

4.4. REA TEMTICA: DESENVOLVIMENTO PRODUTIVO E AMBIENTAL 296

4.4.1. Programa 2077 - Agropecuria Sustentvel 296

4.4.2. Programa 2078 - Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade 300

4.4.3. Programa 2083 - Qualidade Ambiental 303

4.4.4. Programa 2084 - Recursos Hdricos 306

4.4.5. Programa 2021 - Cincia, Tecnologia e Inovao 310

4.5. REA TEMTICA: TEMAS ESPECIAIS 315

4.5.1. Programa 2058 - Defesa Nacional 315

PARTE V RELATRIO DO CONTROLE INTERNO EXERCCIO DE 2016 321INTRODUO 321

5.1. AUDITANDO E FISCALIZANDO 322

5.1.1. Controles Preventivos 322

5.1.2. Controles Detectivos 323

5.1.3. Controles Corretivos 328

5.1.4. Benefcios Decorrentes das Aes do Controle Interno 329

5.1.5. Parcerias 330

5.2. ENFRENTANDO A CORRUPO E FORTALECENDO O CONTROLE SOCIAL 332

5.3. OUVINDO O CIDADO 334

5.4. PUNINDO IRREGULARIDADES 337

5.5. ATUAO DA CGU NA REGIO NORTE 339

5.5.1. Auditando e Fiscalizando 339

5.5.2. Enfrentando a Corrupo e Fortalecendo o Controle Social 339

5.5.3. Ouvindo o cidado 339

5.5.4. Punindo irregularidades 339

5.6. ATUAO DA CGU NA REGIO NORDESTE 340

5.6.1. Auditando e Fiscalizando 340

5.6.2. Enfrentando a Corrupo e Fortalecendo o Controle Social 340

5.6.3. Ouvindo o cidado 340

5.6.4. Punindo irregularidades 340

5.7. ATUAO DA CGU NA REGIO CENTRO-OESTE 341

5.7.1. Auditando e Fiscalizando 341

5.7.2. Enfrentando a Corrupo e Fortalecendo o Controle Social 341

5.7.3. Ouvindo o cidado 341

5.7.4. Punindo irregularidades 341

5.8. ATUAO DA CGU NA REGIO SUDESTE 342

5.8.1. Auditando e Fiscalizando 342

5.8.2. Enfrentando a Corrupo e Fortalecendo o Controle Social 342

5.8.3. Ouvindo o cidado 342

5.8.4. Punindo irregularidades 342

5.9. ATUAO DA CGU NA REGIO SUL 343

5.9.1. Auditando e Fiscalizando 343

5.9.2. Enfrentando a Corrupo e Fortalecendo o Controle Social 343

5.9.3. Ouvindo o cidado 343

5.9.4. Punindo irregularidades 343

5.10. AVALIAO DA EXECUO DOS PROGRAMAS DE GOVERNO 344

5.10.1. Social e Segurana Pblica 346

5.10.2. Infraestrutura 347

5.10.3. Desenvolvimento Produtivo e Ambiental 348

5.10.4. Temas Especiais 349

5.11. ANLISE CONSOLIDADA DA EXECUO DO ORAMENTO FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL 350

5.12. ANLISE DOS LIMITES DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF) 357

5.12.1. Despesas com Pessoal da Unio 357

5.12.2. Dvida Consolidada Lquida (DCL) 358

5.12.3. Garantias e Contragarantias de Valores 360

5.12.4. Operaes de Crdito 360

5.12.5. Disponibilidades e Restos a Pagar 362

PARTE VI - BALANO GERAL DA UNIO 3646.1. DEMONSTRAES CONTBEIS CONSOLIDADAS DA UNIO 364

6.1.1. Balano Patrimonial 365

6.1.2. Demonstrao das Variaes Patrimoniais 367

6.1.3. Balano Oramentrio 369

6.1.4. Balano Financeiro 372

6.1.5. Demonstrao dos Fluxos de Caixa 374

6.1.6. Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido 377

6.2. Notas Explicativas 379

6.2.1. Base de Preparao das Demonstraes e das Prticas Contbeis 379

6.2.2. Composio dos principais itens das demonstraes contbeis consolidadas 391

6.2.3. Tpicos Especiais 488

PARTE VII - PROVIDNCIAS ADOTADAS SOBRE RECOMENDAES DO TCU CONTAS DE 2015 5037.1. PROVIDNCIAS ADOTADAS SOBRE AS RECOMENDAES DO TCU 503

PART

E I -

PO

LTI

CA E

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M

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-FIN

AN

CEIR

A

PRESTAO DE CONTAS DO PRESIDENTE DA REPBLICA - EXERCCIO DE 201617

PARTE I POLTICA ECONMICO-FINANCEIRA

As informaes apresentadas nesta Parte I da Prestao de Contas do Presidente da Repblica (PCPR 2016) foram elaboradas pela Secretaria de Poltica Econmica (SPE/MF), Banco Central do Brasil (BCB), Secretaria do Tesouro Nacional (STN/MF) e Agncias Oficiais de Fomento, se limitando a responsabilidade do Ministrio da Transparncia, Fiscalizao e Controladoria-Geral da Unio (CGU) consolidao e diagramao deste contedo.

1.1. DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA E DA POLTICA ECONMICO-FINANCEIRA NO EXERCCIO 2016

O Pas tem enfrentado a recesso mais intensa j registrada em nossa histria. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve mostrar decrescimento real pelo segundo ano consecutivo.

Nos ltimos quatro trimestres encerrados em setembro, a economia registrou contrao de 4,4% em relao aos quatro trimestres anteriores. Pelo lado da oferta agregada, a retrao foi verificada em todos os setores da economia: agropecuria (-5,6%), indstria (-5,4%) e servios (-3,2%).

Pela tica da demanda agregada, o desempenho negativo de consumo das famlias (-5,2%), consumo da administrao pblica (-0,9%), formao bruta de capital fixo (-13,5%) e importaes de bens e servios (-14,8%) mais do que superou a contribuio positiva das exportaes (6,8%).

A pesquisa Focus de 27/01/2017, do Banco Central, indicou estimativa de retrao de 3,5% da economia em 2016, com posterior recuperao de 0,5% em 2017.

A crise da economia brasileira foi resultado de vrios fatores, principalmente do desequilbrio fiscal e de uma poltica econmica inadequada, trazendo novamente ao Pas uma realidade que combinou retrao econmica com inflao alta. Esse quadro gerou incertezas quanto sustentabilidade das contas pblicas e da dinmica da dvida. O aumento da interveno estatal sobre o setor produtivo reduziu a eficincia e gerou distores na economia.

O enfoque excessivo no estmulo ao consumo agravou o quadro de poupana insuficiente da economia brasileira.

A inflao elevada trouxe o receio de um processo inflacionrio descontrolado e de suas implicaes adversas sobre a eficincia e o crescimento econmico. As tentativas de conter a inflao com controle de preos administrados geraram desincentivos ao investimento e descapitalizao de empresas.

A incerteza poltica veio se somar incerteza sobre os rumos da economia, afetando significativamente as decises de consumo e investimento dos agentes econmicos.

Desde maio de 2016, houve uma mudana de poltica econmica. O Governo est, desde ento, fortemente comprometido com uma agenda de consolidao fiscal e com reformas estruturais que garantam um caminho sustentvel para a dvida pblica. A nova agenda de poltica baseia-se em disciplina oramentria, orientao favorvel ao mercado, aumento da produtividade e da competitividade, na diminuio do papel do Estado na economia, no reforo do papel das agncias reguladoras, e no aumento da poupana interna.

A Emenda Constitucional n 95, aprovada em dezembro pelo Congresso Nacional, imps limites ao crescimento da despesa pblica primria do governo central, que ficar limitada taxa de inflao do perodo imediatamente anterior (a partir de 2018, o perodo de apurao ser o de 12 meses encerrado em junho do ano anterior. Em 2017, excepcionalmente, o limite ser dado pela inflao em 12 meses encerrada em dezembro de 2016).

A estabilidade da despesa primria, em termos reais, e o gradualismo do ajuste, assegura que essa reforma seja economicamente benfica e socialmente vivel.

Alm disso, a implementao dessa medida permitir a queda das despesas primrias em relao ao PIB. A reforma disciplinar as

decises fiscais: qualquer despesa adicional dever necessariamente ser compensada por uma reduo de outras despesas, estabelecendo, de forma clara, os custos e benefcios das decises sobre despesas pblicas.

Outra reforma crucial para o Brasil ser a reforma da Previdncia, apresentada ao Congresso Nacional. Essa reforma permitir frear o aumento do peso relativo dos benefcios da Seguridade Social e da Assistncia Social nos gastos primrios do Governo.

O Projeto Crescer, por sua vez, busca aumentar o investimento privado e estimular o financiamento de longo prazo na economia. Foi anunciada a concesso ou venda de 34 projetos nas reas de energia, aeroportos, rodovias, portos, ferrovias e minerao, assim como condies mais atrativas ao investimento privado (como aumento das taxas de retorno e eliminao compulsria de empresas pblicas nos leiles). No mbito do projeto, foi oficializado o uso de debntures no financiamento dos projetos includos no Programa de Parcerias de Investimento.

O Governo ofereceu, em 2016, a possibilidade de regularizao de remessas para o exterior que foram feitas sem o pagamento apropriado de impostos. O programa foi bem-sucedido, representando um aumento de receita de R$ 47 bilhes (parte desse valor foi revertida a receitas primrias em 2016, enquanto o restante foi destinado aos Estados e Municpios e cobertura de restos a pagar).

Por fim, o Governo introduziu uma agenda de medidas microeconmicas visando a aumentar a produtividade e reduzir a burocracia, abordando questes como o crdito imobilirio, regularizao de passivos por pessoas fsicas e jurdicas, reduo do spread bancrio, microcrdito produtivo, Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS), simplificao de procedimentos para o comrcio exterior, dentre outras.

Do ponto de vista da economia internacional, foi mais um ano de frustrao das expectativas sobre o crescimento da economia mundial. Ao longo de 2016, as expectativas de crescimento para o ano foram reduzidas de 3,4% para 3,1% e, para 2017, de 3,6% para 3,4%, segundo o Fundo Monetrio Internacional (FMI).

1.1.1. Poltica Monetria, Creditcia e Cambial

O combate ao processo inflacionrio, por meio de uma poltica econmica consistente e crvel, foi uma das conquistas do novo Governo. A inflao elevada gera distores econmicas e efeitos adversos sobre o bem estar da populao, contribuindo para ampliar a desigualdade social.

Por isso, a reduo do ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) de 10,7% em 2015 para 6,3% em 2016, abaixo do teto da meta de inflao estipulada para o ano, deve ser vista no contexto de um compromisso com a estabilidade econmica, com o desenvolvimento do Pas, e com a busca da recuperao do emprego e da renda.

A melhora no IPCA foi generalizada, com queda na inflao em oito dos nove grupos observados. Apesar do regime irregular de chuvas durante o ano, com a seca afetando algumas regies do Pas, o grupo alimentao e bebidas, o de maior peso no IPCA, foi um dos que apresentaram reduo, passando de 12,01% para 8,61%.

De forma mais ampla, boa parte da melhora no IPCA pode ser atribuda aos preos administrados, que encerraram 2016 com alta de 5,50%, ante 18,07% de 2015.

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Outro destaque foram os preos de servios, que passaram de 8,12% para 6,47%, ficando abaixo de 6,50% pela primeira vez desde 2009.

Com o processo de convergncia da inflao meta, o Banco Central do Brasil (BCB) reduziu a taxa bsica do Sistema Especial de Liquidao e de Custdia (Selic) pela primeira vez desde outubro de 2012. A trajetria de reduo dos juros, e, portanto, do custo do crdito, trar efeitos positivos sobre as finanas das famlias e das empresas, permitindo recuperao mais clere do consumo, da produo e do investimento.

Com efeito, a recesso impactou o mercado de crdito brasileiro, que contraiu em 2016 com empresas e famlias buscando reduzir suas dvidas. No ano, o saldo total das carteiras de crdito do Sistema Financeiro Nacional recuou 3,5%, reduzindo-se tambm como proporo do PIB, passando de 53,7% em dezembro de 2015 para 49,3% em dezembro de 2016.

Os saldos de crdito livre e direcionado registraram quedas de 4,9% e 2,0%, respectivamente. A participao dos bancos pblicos teve pequeno recuo, ficando em 55,7% do crdito total em dezembro de 2016, ante 55,8% em dezembro de 2015. Destaca-se ainda, nesse perodo, a continuidade do crescimento anual, porm em ritmo menos acentuado que o perodo anterior, do saldo de financiamento habitacional que, em dezembro de 2016 alcanou 19,5% do crdito total.

A taxa mdia de juros das operaes de crdito do sistema financeiro atingiu 32,0% a.a. em dezembro de 2016, apresentando um aumento de 2,3 p.p. em comparao a dezembro de 2015. A taxa alcanou 52,0% a.a. no segmento de crdito livre e 10,7% a.a. no crdito direcionado. O spread bancrio mdio, por sua vez, situou-se em 22,6% a.a. (40,1% a.a. para as operaes com recursos livres e 3,8% a.a. para as operaes com recursos direcionados).

J as concesses de crdito apresentaram queda de 8,2% no acumulado do ano. Considerando a mesma base de comparao, as concesses para crditos livres recuaram 6,3%, e aquelas para o crdito direcionado, 22,3%. O prazo mdio das concesses de crdito chegou a 115,1 meses, alcanando 42,0 meses para as operaes com recursos livres e 174,7 meses para as operaes com recursos direcionados.

Dentre as medidas de crdito implementadas, importante destacar a Lei n 13.313, de 14 de julho de 2016, que passou a permitir o uso de parte dos recursos das contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS) e da multa rescisria como garantia de emprstimos consignados em folha por trabalhadores do setor privado. A garantia prevista na referida Lei alcana at 10% do saldo individual das contas vinculadas, sob bases individuais, e at 100% da multa paga pelo empregador em caso de demisso sem justa causa.

A expectativa que referida medida produza efeitos na reduo da inadimplncia, bem como na convergncia das taxas mdias praticadas para o segmento - setor privado - para aquelas praticadas para os trabalhadores do setor pblico, aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Como incentivo ao crdito imobilirio, destacaram-se a autorizao da faixa 1,5 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e a resoluo n 4.526 do Conselho Monetrio Nacional (CMN). A primeira medida beneficiou as famlias com renda mensal bruta de at R$ 2.350, que passaram a contar com subsdios de at R$ 45.000, alm de juros reduzidos, de 5% a.a. J a segunda estendeu por mais um ano, at setembro de 2017, a ampliao do limite do valor de avaliao de imveis residenciais novos no mbito do Sistema Financeiro de Habitao. Assim, imveis avaliados em at R$ 1,5 milho continuaro contando com recursos direcionados da poupana, que permitem taxas de juros menores em seus financiamentos.

O cmbio refletiu, em parte, a melhora da confiana por parte de investidores nacionais e internacionais. Com a troca de Governo e a mudana na conduo da poltica econmica, as incertezas sobre o Pas foram gradualmente se dissipando, com o real registrando valorizao no decorrer do ano. Assim, o dlar norte-americano, que chegou a ser cotado a R$ 4,16 em janeiro de 2016, encerrou o ano em R$ 3,26.

Outro resultado da poltica econmica em 2016 foi a consolidao do ajuste nas contas externas, com destaque para o saldo comercial, que passou de US$ 19,7 bilhes em 2015 para US$ 47,7 bilhes em 2016.

Embora o cenrio externo continue permeado de incertezas, com fraca expanso das principais economias e do comrcio internacional, o volume das exportaes brasileiras aumentou em 3,3% no ano.

A melhora na balana comercial contribuiu para acelerar a reduo do dficit em transaes correntes, que passou de US$ 58,9 bilhes em 2015 para US$ 23,5 bilhes em 2016. Como proporo do PIB, o dficit reduziu-se em dois pontos percentuais em 2016, passando de 3,3% para 1,3%. Assim, o financiamento do dficit em transaes correntes ficou ainda mais confortvel em 2016, uma vez que os Investimentos diretos no Pas totalizaram US$ 78,9 bilhes, o equivalente a 4,4% do PIB. Adicionalmente, as reservas internacionais continuaram elevadas, encerrando o ano em US$ 372,2 bilhes, sendo mais uma fonte de segurana sobre a capacidade da economia brasileira de enfrentar choques externos.

1.1.2. Polticas de Investimento e Infraestrutura

Dando sequncia ao conjunto de medidas voltadas para impulsionar as concesses pblicas, provendo maior segurana jurdica e estabilidade regulatria, alm de viabilizar ambiente propcio concretizao dos investimentos privados, o Governo Federal, por meio do Decreto n 8.874, de 11 de outubro de 2016, regulamentou novas condies para a aprovao de projetos de investimentos na rea de infraestrutura considerados prioritrios, para os fins dos benefcios fiscais dispostos no art. 2 da Lei n 12.431, de 24 de junho de 2011.

O art. 2 da Lei n 12.431/2011, determina que os investidores de Debntures, Certificados de Recebveis Imobilirios e cotas de emisso de Fundo de Investimento em Direitos Creditrios - Instrumentos Incentivados - emitidos com o objetivo de captar recursos para investimentos na rea de infraestrutura ou de produo econmica intensiva em pesquisa e que sejam considerados como prioritrios na forma regulamentada pelo Poder Executivo Federal, estaro sujeitos a Imposto de Renda com alquotas reduzidas, de 0% a 15%, respeitadas as demais condies da Lei. Com a criao do referido benefcio, o Governo buscou incentivar, via mercado de capitais, uma alternativa privada de financiamento dos projetos estruturantes.

A principal inovao trazida pelo Decreto n 8.874, de 11 de outubro de 2016, foi a incluso dos projetos que sejam objeto de processo de concesso, permisso, arrendamento, autorizao ou parceria pblico-privada, nos termos da Lei n. 11.079, de 30 de dezembro de 2004, e que integrem o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), de que trata a Lei n 13.334, de 13 de setembro de 2016, dentre aqueles que possam ser considerados como investimentos prioritrios e, portanto, possam ser financiados por Debntures de Infraestrutura. At a emisso do Decreto, somente Sociedades de Propsito Especfico (SPE) podiam pleitear o benefcio da Lei n 12.431/2011.

A nova regulamentao foi alm, considerando automaticamente prioritrios referidos projetos includos no PPI, no necessitando, portanto, de aprovao do ministrio setorial responsvel. Ademais, o Decreto n 8.874/2016, esclarece a utilizao dos recursos captados por meio da emisso de debntures de infraestrutura para o pagamento de outorgas.

neste contexto que o Governo Federal oficializa o uso das debntures de infraestrutura no financiamento de projetos includos no PPI e, ainda, prov as condies para o fortalecimento do mercado privado de financiamento de longo prazo. Ademais, refora a inteno de reduzir a participao do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) no financiamento de projetos de investimento nas reas de infraestrutura, com consequente reduo do custo fiscal associado a tais financiamentos.

1.1.3. Polticas Fiscal e Tributria

O ano de 2016 foi marcado pelo agravamento da crise fiscal e pela aprovao da Emenda Constitucional n 95 de 15 de dezembro de 2016, que instituiu o Novo Regime Fiscal, visando a atacar a principal fora motriz da crise nas finanas pblicas: o crescimento insustentvel da despesa pblica primria.

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Assim, o Governo comeou a implementar medidas estruturais importantes para combater a crise de confiana sobre as contas pblicas e a trajetria da dvida.

Para entender a crise fiscal, cabe notar que, de 1997 a 2016, a despesa primria do Governo Central aumentou de 14% do PIB para 19,7%. A elevao em 5,7 p.p. se deveu principalmente ao aumento das despesas previdencirias em 3,1 p.p. e elevao de outras despesas obrigatrias, que cresceram 2,1 p.p., com menor crescimento das discricionrias (0,6 p.p.).

Por outro lado, as receitas primrias lquidas de transferncias cresceram de 14,2% do PIB para 17,3% no mesmo perodo, uma variao de 3,1 p.p..

Alm disso, de 2010 para 2016, a receita apresentou uma tendncia declinante. Aliando o fraco desempenho na arrecadao a uma dinmica resiliente nas despesas, atingiu-se um dficit de 2,4% do PIB para o Governo Central e de 2,5% para o setor pblico, o terceiro ano consecutivo de dficits primrios. Dessa forma, a Dvida Lquida do Setor Pblico atingiu 45,9% do PIB em 2016 e a Dvida Bruta do Governo Geral terminou o ano em 69,5% do PIB.

Nesse contexto, instituiu-se o Novo Regime Fiscal, um novo quadro de poltica fiscal capaz de controlar o crescimento contnuo da despesa primria, buscando retomar a confiana dos agentes econmicos a respeito da trajetria da dvida pblica.

O Novo Regime Fiscal estabelece que, a partir de 2017, as despesas primrias da Unio fiquem limitadas ao que foi gasto no ano anterior corrigido pela inflao, mantendo as despesas reais constantes.

O fator de correo estabelecido para o ano de 2017 foi fixado em 7,2% e a despesa primria sujeita ao teto1 apurada pelo critrio de valor pago totalizou R$ 1.214,4 bilhes em 2016.

Desta forma, a despesa primria sujeita ao teto no poder passar de R$ 1.301,8 bilhes em 2017. Para 2018 em diante, esse valor ser corrigido pelo IPCA acumulado em 12 meses findos em junho de cada ano anterior ao ano de referncia da lei oramentria correspondente.

Limitando o crescimento real da despesa primria por 20 anos, o Novo Regime Fiscal aumentar a previsibilidade da poltica macroeconmica e a confiana dos agentes, induzir uma queda gradual no gasto pblico como proporo do PIB, e reduzir o risco-pas, abrindo espao para uma reduo estrutural das taxas de juros. Contudo, a reviso da regra de correo dos limites aps o dcimo ano de sua vigncia.

Cabe ressaltar que a Emenda Constitucional n 95 estabeleceu pisos para Sade e Educao igualmente atrelados inflao. Em particular, para 2017, o mnimo para Manuteno e Desenvolvimento do Ensino permanecer na regra atual de 18% da Renda Lquida de Impostos, ao passo que o gasto mnimo com Aes e Servios Pblicos de Sade foi majorado de 13,5% da Receita Corrente Lquida para 15%, por volta de R$ 10 bilhes a mais.

1 Algumas despesas so desconsideradas para fins de apurao do teto. So elas: transferncias constitucionais, crditos extraordinrios, despesas com eleies e despesas com aumento de capital de empresas estatais.

A partir de 2018, os pisos passaro a seguir a mesma correo que a despesa total, nada impedindo, entretanto, que os gastos em Educao e Sade ultrapassem seus respectivos mnimos, bastando que demais despesas cresam abaixo da inflao para compensar.

1.1.4. Dvida Pblica Consolidada e Resultado Nominal

O endividamento pblico mostrou tendncia de elevao em 2016, influenciada pelo crescimento do deficit primrio. A dvida lquida do Governo Geral (Governo Federal, governos estaduais, Distrito Federal e governos municipais) alcanou R$ 2.995 bilhes, 47,5% do PIB em 2016, elevando-se 9,7 p.p. em relao ao ano anterior.

Com isso, manteve-se a trajetria de aumento da relao entre o endividamento lquido do Governo Geral e o PIB, iniciada em 2014.

DVIDA LQUIDA DO GOVERNO GERAL

Trajetria semelhante foi descrita pela Dvida Lquida do Setor Pblico (DLSP), que alcanou R$ 2.892,3 bilhes em 2016, 45,9% do PIB, crescimento de 10,3 p.p. em relao ao ano anterior, e a terceira elevao consecutiva em bases anuais.

O aumento da relao DLSP/PIB no ano decorreu do impacto da incorporao de juros nominais (aumento de 6,5 p.p.), da valorizao cambial de 16,5% registrada no perodo (aumento de 3,2 p.p.), que contribuiu para reduzir o estoque credor lquido indexado ao cmbio, e do deficit primrio (aumento de 2,5 p.p.). Por outro lado, o efeito do crescimento do PIB nominal contribuiu para reduzir a relao em 1,7 p.p.

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DVIDA LQUIDA DO SETOR PBLICO

EVOLUO DA DVIDA LQUIDA FATORES CONDICIONANTES

DISCRIMINAO

2014 2015 2016

R$ % R$ % R$ %

MILHES PIB MILHES PIB MILHES PIB

DVIDA LQUIDA TOTAL SALDO 1 883 147 32,6 2 136 888 35,6 2 892 913 45,9

FLUXOS ACUMULADOS NO ANO

VAR. DLSP 256 812 2,1 253 741 3,0 756 025 10,3

FATORES 256 812 4,4 253 741 4,2 756 025 12,0

NFSP 343 916 6,0 613 035 10,2 562 815 8,9

PRIMRIO 32 536 0,6 111 249 1,9 155 791 2,5

JUROS NOMINAIS 311 380 5,4 501 786 8,4 407 024 6,5

AJUSTE CAMBIAL -96 075 -1,7 -385 743 -6,4 198 558 3,2

DVIDA INTERNA1/ -2 835 -0,0 -16 568 -0,3 4 306 0,1

DVIDA EXTERNA -93 239 -1,6 -369 175 -6,2 194 252 3,1

OUTROS2/ 12 481 0,2 21 830 0,4 -2 024 -0,0

RECONHECIMENTO DE DVIDAS -3 511 -0,1 4 619 0,1 -2 441 -0,0

PRIVATIZAES 0 0 0 0 -882 -0,0

EFEITO CRESCIMENTO PIB -2,4 -1,2 -1,7 Fonte: Banco Central do Brasil. 1/ Dvida mobiliria interna indexada ao dlar.2/ Paridade da cesta de moedas que compem a dvida externa lquida.

Analisando-se a composio da DLSP por indexador em 2016, destaca-se a reduo de 21,8 p.p. na parcela credora vinculada ao cmbio, que alcanou 33,9% do total, tendo contribudo para isso a j mencionada valorizao cambial ocorrida no ano. Assinale-se tambm a reduo de 12,9 p.p. na parcela devedora pr-fixada, que passou para 37,9% do total do endividamento lquido do setor pblico.

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DLSP PARTICIPAO PERCENTUAL POR INDEXADORES

A Dvida Bruta do Governo Geral (DBGG) atingiu R$ 4.378,5 bilhes em 2016, 69,5% do PIB, elevando-se 4 p.p. do PIB no ano. Contriburam para essa elevao, os juros nominais apropriados sobre o endividamento bruto (aumento de 8,1 p.p.) e o reconhecimento de dvidas (aumento de 0,1 p.p.), contrabalanados, parcialmente, pelo resgate lquido de dvida (reduo de 0,3 p.p.), pelo efeito da valorizao cambial sobre os passivos indexados ao cmbio (reduo de 0,8 p.p.), e pelo crescimento do PIB nominal (reduo de 3,1 p.p.).

A dvida lquida do Governo Federal alcanou R$ 2.247,5 bilhes, 35,7% do PIB em 2016, elevando-se 10,7 p.p do PIB em relao ao ano anterior.

A dvida mobiliria federal, principal componente do endividamento lquido, totalizou R$ 2.986,4 bilhes, 47,4% do PIB, registrando elevao de 3,2 p.p. em relao ao perodo anterior.

O prazo mdio dos ttulos federais encerrou 2016 mantendo-se praticamente estvel quando comparado ao final do ano anterior (53,24 meses em 2016, comparativamente a 53,25 meses em 2015). A estrutura de vencimento da dvida mobiliria federal em mercado no final de 2016 era a seguinte: 14,1% do total com vencimento em 2017; 14,5% com vencimento em 2018; e 71,4% do total, vencendo a partir de 2019.

DVIDA LQUIDA DO GOVERNO FEDERAL

O deficit nominal do setor pblico reduziu-se 1,3 p.p., alcanando 8,93% do PIB em 2016. Considerando especificamente o Governo Federal (incluindo a Previdncia Social), o deficit nominal passou de R$ 544,2 bilhes, 9,07% do PIB em 2015, para R$ 481,7 bilhes, 7,65% do PIB em 2016. Houve redues tambm nos deficits dos governos regionais (reduo de 0,24 p.p., para 1,24% do PIB) e das empresas estatais (reduo de 0,06 p.p., para 0,10% do PIB).

NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO DO GOVERNO FEDERAL

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1.1.5. Dvida Consolidada Lquida sob a tica do Banco Central

Inicialmente, deve-se registrar que o Banco Central no calcula a Dvida Consolidada Lquida da Unio, conforme definida no art. 29, inciso I, da Lei Complementar n 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), tendo em vista que a Autarquia segue metodologia distinta da prevista naquela Lei.

O principal indicador de endividamento lquido divulgado pelo Banco Central a Dvida Lquida do Setor Pblico (DLSP), que engloba passivos e ativos financeiros do setor pblico (no financeiro) brasileiro, incluindo a Unio, os governos regionais e as empresas estatais das trs esferas de governo.

Como foi apontado, a DLSP alcanou R$ 2.892,3 bilhes em 2016, 45,9% do PIB, crescimento de 10,3 p.p. em relao ao ano anterior.

No caso do Governo Federal, o endividamento lquido, tambm como antes informado, alcanou R$ 2.247,5 bilhes, 35,7% do PIB em 2016, elevando-se 10,7 p.p do PIB em relao ao ano anterior.

1.1.6 Metas Fiscais e Resultados Primrio e Nominal Alcanados no Exerccio

O setor pblico consolidado registrou deficit primrio de R$ 155,8 bilhes (2,47% do PIB) em 2016, comparativamente a deficit de R$ 111,2 bilhes (1,85% do PIB) em 2015.

Com esse resultado, cumpriu-se a meta de resultado primrio para o setor pblico consolidado estabelecida para o ano, definida na Lei n 12.242/2015, com redao dada pela Lei n 13.291/2016 (deficit de R$ 163,9 bilhes).

O Governo Central e as empresas estatais registraram deficits respectivos de R$ 159,5 bilhes (2,53% do PIB) e R$ 983 milhes (0,02% do PIB), enquanto os governos regionais registraram superavit de R$ 4,7 bilhes

(0,07% do PIB). Ressalte-se a elevao no deficit do Governo Central na comparao anual, equivalente a 0,59 p.p. do PIB.

NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO DO SETOR PBLICORESULTADO PRIMRIO

SEGMENTO

2014 2015 2016

R$ % R$ % R$ %

BILHES PIB BILHES PIB BILHES PIB

GOVERNO CENTRAL 20,5 0,4 116,7 1,9 159,5 2,5

GOVERNOS REGIONAIS 7,8 0,1 -9,7 -0,2 -4,7 -0,1

EMPR. ESTATAIS 4,3 0,1 4,3 0,1 1,0 0,0

TOTAL 32,5 0,6 111,2 1,9 155,8 2,5

Fonte: Banco Central do Brasil. (-) Deficit; (+) Superavit.

O impacto da retrao no nvel de atividade nas contas pblicas influenciou, em grande medida, o resultado fiscal em 2016. Em termos reais, considerando valores corrigidos pelo IPCA, a receita lquida do Governo Central reduziu-se 4,1% no ano, e as despesas, 1,2%.

O decrscimo nas receitas ocorreu a despeito da arrecadao extraordinria de R$ 46,8 bilhes, relativa repatriao prevista na Lei n 13.254/2016 (RERCT), sem contrapartida no ano anterior.

Destacaram-se as redues, em termos reais, de 78,1% na arrecadao de dividendos e participaes e de 25,9% na cota parte de compensaes financeiras, influenciada, nesse ltimo caso, pela queda no preo internacional do petrleo.

No caso das despesas, destacou-se a reduo de 58,3% nos gastos com subsdios e subvenes, decorrente, principalmente, da regularizao do pagamento de passivos em dezembro de 2015 (no mbito dos Acrdos do TCU n 825/2015 e n 3.297/2015).

CRESCIMENTO REAL (IPCA) DE DESPESAS E RECEITAS DO GOVERNO CENTRALVARIAO ACUMULADA AT O MS EM REFERNCIA (%)

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional.

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O deficit da Previdncia Social atingiu R$ 149,7 bilhes (2,38% do PIB) em 2016, elevando-se 0,95 p.p. do PIB na comparao com o ano anterior. Essa trajetria decorreu da queda real de 5,9% na arrecadao lquida da Previdncia Social e do incremento de 7,2% nos benefcios previdencirios, refletindo, esse ltimo, a elevao de 3% no valor mdio real dos pagamentos e o aumento de 2,7% no nmero mdio de benefcios emitidos.

Os juros nominais do setor pblico, apropriados por competncia, apresentaram reduo de 1,9 p.p do PIB em relao ao ano anterior, alcanando R$ 407 bilhes (6,46% do PIB) em 2016.

Contriburam para a reduo dos juros apropriados no ano o resultado favorvel das operaes de swap cambial (ganho de R$ 75,6 bilhes), relativamente ao resultado desfavorvel no ano anterior (perda de R$ 89,7 bilhes), e a reduo dos ndices de preos, que servem como base para correo de parcela significativa do endividamento lquido.

No caso do Governo Central, os juros nominais alcanaram R$ 318,7 bilhes (5,05% do PIB) em 2016, ante R$ 397,2 bilhes (6,62% do PIB) em 2015, evoluo influenciada tambm pelo resultado favorvel das operaes de swap cambial e pela reduo nos ndices de preos. No caso dos governos regionais, cuja maior parte dos passivos decorrem de

refinanciamentos de dvidas com a Unio, sendo corrigidos pelo IGP-DI, a reduo desse ndice de preos em 2016, relativamente ao ano anterior (7,15% em 2016 ante 10,68% em 2015), contribuiu para que os juros nominais dessa esfera de governo registrassem diminuio equivalente a 0,33 p.p. do PIB, alcanando R$ 83,1 bilhes (1,32% do PIB).

As necessidades de financiamento do setor pblico no conceito nominal, que incluem o resultado primrio e os juros nominais apropriados por competncia, registraram deficit de R$ 562,8 bilhes (8,93% do PIB) em 2016, comparativamente a R$ 613 bilhes (10,22% do PIB) no ano anterior.

No Governo Central, houve reduo do deficit nominal equivalente a 0,98 p.p., para 7,58% do PIB. No mbito dos governos regionais, o deficit nominal reduziu-se de 1,48% do PIB em 2015 para 1,24% em 2016. No segmento das empresas estatais, o resultado deficitrio reduziu-se 0,06 p.p. no perodo, passando para 0,10% do PIB.

O deficit nominal do setor pblico no ano foi financiado com expanses de R$ 469,2 bilhes na dvida mobiliria, de R$ 79,3 bilhes na dvida bancria lquida e de R$ 18,5 bilhes nas demais fontes de financiamento interno, que incluem a base monetria, compensadas, parcialmente, pela reduo de R$ 4,1 bilhes no financiamento externo lquido.

1.2. MOEDA E CRDITO

1.2.1. Aspectos Gerais

A evoluo dos agregados monetrios esteve alinhada retrao da atividade econmica, conteno do consumo das famlias e manuteno de poltica monetria restritiva at o terceiro trimestre de 2016.

Observou-se a reduo dos meios de pagamento M1, considerando-se dados deflacionados e dessazonalizados, assim como a preferncia pelos componentes dos agregados monetrios mais amplos (M3 e M4), em consonncia com a demanda por ativos indexados taxa bsica de juros.

O saldo das operaes de crdito do sistema financeiro registrou declnio, em cenrio de reduo da atividade econmica, com impactos significativos na demanda de recursos para consumo e investimento, assim como na oferta, em razo do aumento da percepo de risco pelo sistema financeiro.

Destacou-se a reduo do crdito s empresas, cuja inadimplncia aumentou no perodo. No crdito s famlias, a retrao foi menos pronunciada, com nveis de atrasos estveis ao longo do ano.

1.2.2. Agregados Monetrios

A base monetria ampliada, indicador do passivo monetrio e em ttulos da dvida mobiliria federal de alta liquidez, que agrega base monetria restrita os depsitos compulsrios em espcie e os ttulos pblicos federais fora do Banco Central do Brasil registrados no Sistema Especial de Liquidao e de Custdia (Selic), alcanou R$ 4,6 trilhes ao final de dezembro, registrando crescimento de 10,9% em 2016. Esse desempenho esteve associado, principalmente, atualizao da dvida mobiliria federal em poder do mercado.

Os multiplicadores da base monetria restrita e da base monetria ampliada mantiveram-se estveis ao longo do ano de 2016, situando-se ambos em 1,3 ao final do perodo.

A mdia dos saldos dirios dos meios de pagamento restritos (M1) atingiu R$ 340,8 bilhes no final de dezembro, com avano anual de 2,6%, traduzindo os acrscimos de 3,5% no papel-moeda em poder do pblico e de 1,3% nos depsitos vista. Utilizando dados dessazonalizados e deflacionados pelo IPCA, o M1 retrocedeu 3,5% em relao a dezembro de 2015.

O conceito M2 cresceu 3,7% em 2016, ante 6,3% no ano anterior, atingindo R$ 2,4 trilhes. O saldo de ttulos emitidos pelas instituies financeiras aumentou 5,1% em 2016 (13,9% em 2015), refletindo captaes lquidas de R$ 11,8 bilhes em depsitos a prazo, ante resgates lquidos de R$ 55,9 bilhes em 2015.

Da mesma forma, o saldo dos depsitos de poupana expandiu-se 0,9% em 2016, porm registrando resgates lquidos de R$ 40,7 bilhes.

O M3 elevou-se 11% no ano (10,2% em 2015), alcanando R$ 5,3 trilhes em dezembro. Entre seus componentes, as quotas de fundos de investimento cresceram 20,2% (15,3% em 2015), com captaes lquidas de R$ 144,7 bilhes. O M4, que corresponde ao M3 acrescido dos ttulos pblicos de detentores no financeiros, apresentou elevao de 10,8% no ano (11,2% em 2015), totalizando R$ 6,2 trilhes. As projees estabelecidas pela programao monetria foram cumpridas, conforme o quadro a seguir:

RESULTADOS PREVISTOS PELA PROGRAMAO MONETRIA E OCORRIDOS EM 20161/

DISCRIMINAO

PREVISTO OCORRIDO

R$ BILHES

VARIAO PERCENTUAL R$ BILHES

VARIAO PERCENTUAL

EM 12 MESES2/ EM 12 MESES

M13/ 316.0-370,9 3,3 340,8 2,6

BASE RESTRITA3/ 228,3-308,8 4,8 265,4 3,5

BASE AMPLIADA4/ 4342,5-5097,7 12,9 4636,4 10,9

M44/ 5307,4-7180,6 12,4 6154,3 10,8

Fonte: Banco Central do Brasil.1/ Refere-se ao ltimo ms do perodo.2/Para o clculo das variaes percentuais, considera-se o ponto mdio das previses.3/ Mdia dos saldos nos dias teis do ltimo ms do perodo.4/ Saldos em fim de perodo.

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1.2.3. Ttulos Pblicos Federais

Em 2016, as operaes primrias do Tesouro Nacional com ttulos pblicos federais registraram resgates lquidos de R$ 31,3 bilhes, correspondentes a resgates de R$ 709,6 bilhes e colocaes de R$ 678,2 bilhes.

As operaes de troca realizadas em 2016 totalizaram R$ 6,3 bilhes, com resgates antecipados de R$ 1,4 bilho.

Com o objetivo de manter a taxa Selic prximo meta determinada pelo Comit de Poltica Monetria (Copom), o Banco Central realizou operaes compromissadas com saldo mdio dirio de R$ 1.082,1 bilhes em dezembro de 2016, superando em 17,5% o montante verificado em dezembro de 2015.

As operaes compromissadas tiveram seus prazos alterados ao longo do ano. As operaes de duas semanas a trs meses recuaram de 50% em 2015 para 66% em 2016, ao passo que aquelas com prazo de trs a sete meses passaram de 22% para 17%. J as operaes de curtssimo prazo encerraram o ano com participao de 17%, ante 28% em 2015.

1.2.4. Operaes de Crdito

O saldo total do crdito do sistema financeiro alcanou R$ 3.107 bilhes em dezembro de 2016, com reduo de 3,5% no ano, ante expanses de 6,7% em 2015 e 11,3% em 2014. A razo crdito/PIB atingiu 49,3%, aps recuo de 4,4 p.p. As carteiras destinadas s pessoas jurdicas e fsicas totalizaram, na ordem, R$ 1.546 bilhes e R$ 1.561 bilhes, variaes de -9,5% e +3,2% no ano (+6,3% e +7,1%, respectivamente, no ano anterior).

O saldo das operaes de crdito dos bancos pblicos alcanou R$ 1.730 bilhes (-3,7% no ano), enquanto o das instituies privadas totalizou R$ 1.377 bilhes, com retrao de 3,2% no ano.

EVOLUO DO CRDITOR$ BILHES

DISCRIMINAO 2014 2015 2016VARIAO %

2015 2016

TOTAL 3.017,5 3.219,4 3.106,5 6,7 -3,5

RECURSOS LIVRES 1.576,2 1.637,3 1.556,5 3,9 -4,9

RECURSOS DIRECIONADOS 1.441,3 1.582,2 1.550,0 9,8 -2,0

PARTICIPAO %:

TOTAL/PIB 52,2 53,7 49,3

RECURSOS LIVRES/PIB 27,3 27,3 24,7

RECURSOS DIRECIONADOS/PIB 24,9 26,4 24,6

Fonte: Banco Central do Brasil.

Os financiamentos com recursos direcionados somaram R$ 1.550 bilhes (recuo de 2,0% no ano), prosseguindo em desacelerao, em funo, principalmente, da conteno da demanda por investimentos. Nos crditos destinados ao setor produtivo destacou-se a reduo de 12,8% no saldo das operaes com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES).

No crdito com recursos direcionados para as famlias, os financiamentos imobilirios cresceram 7%, ante expanso de 15,7% em 2015. O crdito rural somou R$ 242,2 bilhes, aumento anual de 4,8%.

CRDITO COM RECURSOS DIRECIONADOSR$ BILHES

DISCRIMINAO 2014 2015 2016VARIAO %

2015 2016

TOTAL 1.441,3 1.582,2 1.550,0 9,8 -2,0

PESSOAS JURDICAS 812,0 875,3 798,3 7,8 -8,8

BNDES 595,2 633,4 552,3 6,4 -12,8

IMOBILIRIO 66,2 72,7 71,3 9,8 -2,0

RURAL 74,3 77,4 79,7 4,2 3,0

DEMAIS 76,3 91,8 95,1 20,4 3,5

PESSOAS FSICAS 629,3 706,9 751,7 12,3 6,3

BNDES 43,2 46,0 48,7 6,6 5,7

IMOBILIRIO 431,6 499,6 534,4 15,7 7,0

RURAL 146,1 153,7 162,5 5,2 5,7

DEMAIS 8,4 7,5 6,1 -10,4 -17,5

Fonte: Banco Central do Brasil.

O crdito com recursos livres (50,1% da carteira total do sistema financeiro) atingiu R$ 1.557 bilhes em dezembro, declinando 4,9% no ano (ante expanses de 3,8% em 2015 e de 4,6% em 2104).

A retrao anual foi determinada pelo recuo de 10,2% na carteira de pessoas jurdicas (saldo de R$747 bilhes), sobressaindo a reduo de 12,3% no saldo dos emprstimos de capital de giro (que correspondem a 44,5% do segmento).

Outros destaques foram as redues em conta garantida e nas modalidades vinculadas ao comrcio exterior, como adiantamentos sobre contratos de cmbio e financiamentos a exportaes.

O crdito livre para pessoas fsicas somou R$ 809 bilhes (+0,5% no ano), destacando-se as retraes nas carteiras de crdito pessoal no consignado e aquisio de veculos.

CRDITO COM RECURSOS LIVRES R$ BILHES

DISCRIMINAO 2014 2015 2016VARIAO %

2015 2016

TOTAL 1.576,2 1.637,3 1.556,5 3,9 -4,9

PESSOAS JURDICAS 793,4 832,0 747,4 4,9 -10,2

CAPITAL DE GIRO 392,4 378,7 332,2 -3,5 -12,3

CONTA GARANTIDA 45,5 39,9 32,6 -12,2 -18,4

ACC 52,5 67,3 58,4 28,0 -13,2

FINANC. A EXPORTAES 57,5 68,4 64,5 19,0 -5,8

DEMAIS 245,5 277,9 259,7 13,2 -6,5

PESSOAS FSICAS 782,8 805,3 809,1 2,9 0,5

CRDITO PESSOAL 353,1 380,0 389,3 7,6 2,4

DO QUAL: CONSIGNADO 252,2 273,9 288,7 8,6 5,4

AQUISIO DE VECULOS 184,1 161,1 143,6 -12,5 -10,9

CARTO DE CRDITO 160,8 172,7 184,0 7,3 6,6

CHEQUE ESPECIAL 24,5 24,6 23,2 0,2 -5,7

DEMAIS 60,3 67,0 69,0 11,4 3,0

Fonte: Banco Central do Brasil.

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O saldo das operaes contratadas pela indstria decresceu 10,3% no ano, somando R$ 747 bilhes, com declnios de 13% no crdito para a indstria de transformao e de 10,2% nos financiamentos para a construo. Os servios industriais de utilidade pblica cresceram 0,7%, mas com menor dinamismo nas contrataes em infraestrutura. Os crditos ao setor de servios totalizaram R$ 741 bilhes, recuando 8,1%, com redues no crdito ao comrcio e para transportes.

Os financiamentos ao setor pblico totalizaram R$ 236 bilhes ao final de dezembro, com queda anual de 9,5%. O crdito ao setor privado recuou 3%. A dvida bancria do Governo Federal apresentou contrao de 22,6%, enquanto a dos Estados e Municpios cresceu 2,2%.

A taxa mdia de juros das operaes de crdito do sistema financeiro - computadas as operaes com recursos livres e direcionados - registrou elevao de 2,2 p.p. no ano (+6,1 p.p. em 2015), atingindo 32% a.a. em dezembro. No crdito com recursos livres, a taxa mdia situou-se em 52% a.a., avanando 4,7 p.p., enquanto no crdito direcionado, subiu 0,9 p.p., alcanando 10,7% a.a.

Nas operaes para pessoas fsicas, a taxa mdia de juros alcanou 41,5% a.a. em dezembro, aps elevao anual de 3,6 p.p. (+7,2 p.p. em 2015).

Nas contrataes com recursos livres, o custo mdio aumentou 7,8 p.p., atingindo 71,5% a.a. Sobressaram as elevaes em carto de crdito rotativo (+53,2 p.p.), cheque especial (+41,6 p.p.) e crdito pessoal no consignado (+21,7 p.p.). No crdito direcionado, a taxa aumentou 0,7 p.p., para 10,4% a.a.

Nos emprstimos s empresas, a taxa mdia de juros recuou 0,6 p.p. (+4,2 p.p. em 2015), situando-se em 20,1% a.a. Nas operaes com recursos livres, a taxa atingiu 28,2% a.a. (declnio de 1,6 p.p.), com destaque para a reduo de 3,6 p.p. nas operaes de capital de giro. Nas concesses com recursos direcionados, a taxa mdia alcanou 11% a.a. (+1 p.p. no ano).

O spread bancrio situou-se em 22,5 p.p. em dezembro de 2016 (+3,9 p.p. no ano). Os indicadores relativos a pessoas fsicas e jurdicas aumentaram respectivamente 5,3 p.p. e 1,2 p.p., para 31,9 p.p. e 10,9 p.p. A taxa de inadimplncia, referente a operaes com atrasos superiores a noventa dias, aumentou 0,3 p.p. em 2016, situando-se em 3,7% em dezembro, com aumento de 0,9 p.p. no crdito a pessoas jurdicas e reduo de 0,3 p.p. nos crditos a pessoas fsicas.

1.2.5. Sistema Financeiro Nacional

Visando adequao s recomendaes internacionais sobre bancos sistematicamente importantes, o Conselho Monetrio Nacional (CMN) editou em junho de 2016 a Resoluo n 4.502, tornando obrigatria a definio do escopo do plano de recuperao a bancos mltiplos, comerciais, de investimento e caixas econmicas, cuja razo Exposio Total/PIB seja superior a 10%.

A elaborao do plano de recuperao deve incluir todas as entidades do conglomerado prudencial e grupo econmico neste ltimo, se as entidades desempenharem atividades que possam comprometer a estabilidade das instituies financeiras a elas associadas. Os planos de recuperao devero ser elaborados anualmente pelas instituies financeiras, com reviso a cada trs anos.

Seguindo as recomendaes de Basilia, o Banco Central do Brasil aprovou a Circular n 3.809 em junho, com a finalidade de ampliar e aperfeioar os procedimentos para a mitigao do risco de crdito no clculo do requerimento de capital mediante abordagem padronizada. A Circular passou a exigir que os colaterais financeiros, para serem

admitidos como instrumento mitigador de risco de crdito, devero ser objeto de registro ou depsito centralizado em entidade especfica autorizada pelo Banco Central ou pela Comisso de Valores Mobilirios (CVM) e, se custodiado no exterior, manter informaes em rgo regulado e supervisionado por autoridade competente.

No sentido de convergir s normas contbeis, aplicveis ao conglomerado prudencial, ao padro internacional, o CMN aprovou a Resoluo n 4.417, regulamentando o uso do Mtodo de Equivalncia Patrimonial do investimento da controladora nas controladas. medida

que o patrimnio lquido da investida se altera, o valor do investimento na controladora sofre variao proporcional sua participao, aproximando-se, portanto, dos valores relativos aos riscos e benefcios esperados do investimento, proporcionando uma viso econmica mais adequada do grupo.

Ainda em relao convergncia, o CMN aprovou as Resolues 4.534 e 4.535, que dispem sobre o reconhecimento contbil e mensurao dos componentes do ativo intangvel, sobre o ativo diferido e sobre os critrios de reconhecimento e registro contbil dos componentes do ativo imobilizado de uso.

No caso do ativo diferido, veda novos registros dessa natureza e estabelece a reclassificao dos valores j contabilizados, quando aplicvel, para outras categorias.

A extenso progressiva do crdito aos segmentos da populao com renda mais baixa imps novos desafios avaliao de risco e manuteno da estabilidade financeira. Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o mercado de crdito, em particular sobre as operaes de menor volume, foi editada, em maro, a Circular n 3.786, que reduziu o piso de R$ 1.000,00 para R$ 200,00 das operaes de crdito a serem detalhadas separadamente no Sistema de Informaes de Crditos (SCR) do BCB.

Adicionalmente, essa medida tende a contribuir para a reduo do custo do crdito, ao possibilitar identificao mais precisa do nvel de risco dessas operaes.

Com o objetivo de reforar a solidez das instituies financeiras em momentos de aumento de inadimplncia, o CMN emitiu a Resoluo n 4.512, estabelecendo a constituio da proviso para as garantias financeiras concedidas sob a forma de aval, fiana e coobrigao.

No mercado de crdito, foram adotadas medidas para incentivar a diversificao de fontes de captao para as instituies em segmentos com alto grau de dependncia de recursos direcionados, como o caso do crdito imobilirio e rural.

A Resoluo n 4.478, publicada em abril, aprimorou as normas vigentes, permitindo que as instituies adquiram certificados de recebveis imobilirios (CRI) e certificados de recebveis do agronegcio (CRA) integrantes de classe subordinada ou adquiridos em virtude do exerccio de garantia firme de distribuio pela instituio regulada, emitidos por companhias securitizadoras a elas ligadas, desde que os direitos creditrios que lastreiam tais ttulos estejam submetidos ao regime fiducirio.

O mercado de crdito imobilirio tem como principal funding os depsitos de poupana. Como a atratividade dessa modalidade de aplicao apresentou significativo nvel de volatilidade, editou-se a Resoluo 4.464, em fevereiro, estabelecendo que as operaes de cesso de crdito imobilirio para securitizadoras, realizadas entre maro de 2016 e final de 2017, podem permanecer computadas para efeito de cumprimento de exigibilidade da seguinte forma: pela sua totalidade, at o 1 ms subsequente data de formalizao dos contratos de cesso de crditos e a partir do 2 ms deduzido, cumulativamente, razo de 1/12 a cada posio mensal.

Ainda no mbito do Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo (SBPE), a Resoluo n 4.537, publicada em novembro, elevou o limite mximo do valor de avaliao do imvel financiado de R$ 750 mil para R$ 950 mil para os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, So Paulo e no Distrito Federal, e de R$ 650 mil para R$ 800 mil para os demais Estados.

Adicionalmente, estabeleceu que as condies contratuais devem prever a utilizao de sistemas de amortizao que assegurem a liquidao integral, em cada pagamento das prestaes devidas, dos valores relativos aos juros contratuais e atualizao incidentes sobre o saldo devedor no perodo, no permitindo, portanto, aumento do saldo devedor.

O CMN aprovou, pela Resoluo n 4.536, a emisso dos Certificados de Operaes Estruturadas (COE). Esse instrumento contribuir para diversificar e flexibilizar a captao de recursos.

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O valor nominal de cada certificado deve ser maior ou igual a R$ 200 mil e a distribuio, por meio de oferta privada, a seja realizada exclusivamente para investidores qualificados.

Visando a ampliar a oferta de recursos para a safra agrcola de 2016/2017, o CMN aprovou a Resoluo n 4.497, que alterou o direcionamento de recursos captados pelas instituies financeiras por meio de Letras de Crdito do Agronegcio (LCA). Foi estabelecido que 35% do saldo mdio das LCAs emitidas devem ser direcionados para operaes de crdito rural, independentemente do lastro.

A norma anterior fixava que 50% das captaes feitas por meio de LCAs tinham que ser destinadas para crdito rural, mas restritas quelas cujo lastro estivesse representado por operaes de crdito rural contratadas com juros controlados.

Ainda de acordo com a resoluo, a criao do Depsito Interfinanceiro vinculado ao Crdito Rural destinado s movimentaes com recursos da LCA (DIR-LCA) permitiu s instituies financeiras, que no operam ou no tenham interesse em operar com crdito rural, o repasse

dos recursos do direcionamento para outras instituies do Sistema Nacional de Crdito Rural.

Nos ltimos anos, o CMN aprovou diversas medidas pertinentes ao relacionamento entre clientes e instituies financeiras, objetivando reduzir a assimetria de informao, aumentar a transparncia, auxiliar o processo de tomada de deciso por parte dos clientes, entre outros.

Nesse sentido, a Resoluo n 4.539, publicada em novembro, determinou s instituies financeiras a implementao de uma poltica que aprimora a prestao de informaes a clientes e usurios de forma clara e precisa a respeito dos produtos e servios, de forma tambm a no criar barreiras para extino da relao contratual e para a transferncia de relacionamento para outra instituio.

Adicionalmente, a Resoluo n 4.480, publicada em abril, permitiu s instituies financeiras abrir e encerrar contas de depsitos por meio eletrnico, desde que adotem procedimentos adequados e estabeleam salvaguardas e controles suficientes. A medida aplicvel s conta de depsitos vista e de poupana.

1.3. DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO

1.3.1. Poltica de Comrcio Exterior

Em 2016, a gesto da poltica de comrcio foi limitada pela restrio fiscal, em ambiente de retrao da atividade econmica. No cenrio externo, a possibilidade de ascenso de polticas comerciais protecionistas por parte dos Estados Unidos e a deciso do Reino Unido de abandonar a Unio Europeia moldaram ambiente complexo para o desenvolvimento do sistema multilateral de comrcio.

Nesse contexto de elevao de riscos, no mbito da poltica de comrcio exterior do Brasil, o Governo buscou adotar mecanismos de simplificao burocrtica, aes de promoo comercial, apoiar inovao e programas de aumento de produtividade e aprimorar as linhas de financiamento exportao.

Em fevereiro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) anunciou nova linha de financiamento exportao, o BNDES Exim Pr-embarque Empresa Inovadora, orientada para os setores de bens de capital e bens de consumo nacionais classificados como inovadores e exportao de servios de tecnologia da informao desenvolvidos no Brasil, como softwares. Com a nova linha, o Banco pode financiar at 80% do total de compromisso de venda da exportadora. Em abril, foi anunciada linha de financiamento voltada para exportaes de manufaturados com prazos mais longos.

Em maio, foi convertida na Lei n 13.291, de 31 de maio de 2016, a Medida Provisria n 701, de 8 de dezembro de 2015, que autorizou o uso de recursos do Fundo de Garantia Exportao (FGE) para a concesso de seguro nas exportaes de produtos agrcolas sujeitos a cotas de importao de outros pases. A nova regra permitiu que produtores de acar, algodo e carne possam utilizar as garantias, ampliando o nmero de instituies financeiras que prestam o servio, atualmente concentrado no BNDES.

Em setembro, o BNDES aprovou alteraes na linha Exim Pr-embarque, priorizando as empresas exportadoras de pequeno e mdio portes e s empresas com faturamento bruto anual de at R$ 300 milhes, as mdias-grandes. As empresas desses portes passaram a contar com financiamentos do BNDES integralmente atrelados Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). As participaes mximas do Banco tambm foram ajustadas para 70% em todos os casos.

Para empresas de grande porte (faturamento anual acima de R$ 300 milhes), a taxa de juros do financiamento exportao de bens de capital composta por 70% da taxa Selic e 30% da TJLP; a exportao de bens de consumo financiada ao custo da taxa Selic.

Com relao organizao e articulao dos rgos envolvidos com o comrcio exterior, foram realizadas algumas alteraes pelo atual Governo: o BNDES saiu da alada do ento Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), passando

para o do Ministrio do Planejamento; a Cmara de Comrcio Exterior (Camex) retornou para a esfera da Presidncia da Repblica, como do incio de sua da instituio, passando sua Secretaria Executiva para o Ministrio das Relaes Exteriores; e a Agncia de Promoo de Exportao e Investimento (Apex) foi transferida para o Ministrio das Relaes Exteriores.

Na esfera do Mercosul, a Venezuela foi suspensa do bloco por no cumprir exigncias constitutivas. A deciso abre espao para a construo de acordos comerciais com outros pases e grupos, como a Aliana do Pacfico (Chile, Colmbia, Peru e Mxico) e o Japo, ou mesmo antecipar a concluso do acordo com a Unio Europeia, meta j definida para, no mais tardar, 2018.

Apesar das questes domsticas de Brasil e Argentina, observa-se interesse em retomar agenda comum do Mercosul, voltada ao fomento do comrcio dentro e fora do bloco.

Em junho, foi renegociado o Acordo Automotivo entre Brasil e Argentina, que estabeleceu agenda de trabalho com foco na integrao produtiva e comercial equilibrada, que possibilite alcanar o livre comrcio em 2020. A relao entre o valor das importaes e exportaes entre as partes dos produtos sob o regime dever observar o coeficiente de desvio sobre as exportaes (flex) no superior a 1,5, o mesmo nvel do acordo anterior.

O acordo cobre perodo de cinco anos, entre 1 de junho de 2015 a 30 de junho de 2020. A partir de 1 de julho de 2019, se alcanadas as condies para o aprofundamento da integrao produtiva, o flex do comrcio bilateral do setor automotivo ser de 1,7. O setor automotivo de grande importncia na estrutura industrial de ambas as economias e responde por aproximadamente metade do fluxo comercial entre os dois pases.

Quanto s negociaes comerciais, no mbito do contencioso entre o Brasil e os Estados Unidos sobre a aplicao de direitos compensatrios nas exportaes brasileiras de produtos siderrgicos, em 11 de novembro, o Governo brasileiro solicitou formalmente consultas aos EUA na esfera dos procedimentos de soluo de controvrsias da Organizao Mundial do Comrcio (OMC).

O Brasil questionou a concesso de subsdios alegada pelo EUA e os danos decorrentes. A medida compensatria aplicada afetou principalmente as exportaes das empresas Companhia Siderrgica Nacional (CSN) e Usinas Siderrgicas de Minas Gerais S.A. (Usiminas). Contra o Canad, por sua vez, em 04 de outubro, o Brasil questionou vrios programas de apoio produo de aeronaves da Bombadier junto OMC, o que poder implicar a retomada do contencioso com aquele Pas.

A exemplo de anos anteriores, foi mantida a poltica de ex-tarifrios, que tem como um dos objetivos incentivar o investimento domstico,

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por meio da reduo temporria e excepcional da alquota do Imposto de Importao para bens de capital e bens de informtica e de telecomunicaes, sem produo nacional equivalente.

Alm disso, foram alteradas tarifas de importao de produtos como milho e feijo, em funo de escassez no mercado domstico ocorrida em perodos especficos ao longo do ano.

Quanto s alteraes da Lista de Exceo tarifa Externa Comum (Letec), ressalte-se a reduo, de 35% para 0%, da alquota do imposto de importao para automveis eltricos para transporte de mercadorias, inciativa relacionada poltica de fomento de novas tecnologias de propulso.

Dada a desvalorizao da moeda brasileira em relao ao dlar norte-americano na comparao entre 2016 e 2015, e a ausncia de dinamismo da atividade domstica, observou-se reduo do nmero de abertura de investigao antidumping, acompanhada pela queda no nmero de medidas antidumping aplicadas.

Em abril, foi lanado o programa Brasil Mais Produtivo, com objetivo de aumentar em pelo menos 20% a produtividade das pequenas e mdias indstrias, a partir da reduo de sete tipos de desperdcios: superproduo, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventrio, movimento e defeitos. So aptas a participar do programa indstrias manufatureiras de pequeno e mdio porte, que tenham entre 11 e 200 empregados e, preferencialmente, estejam inseridas em Arranjos Produtivos Locais (APLs).

O programa prev intervenes rpidas, de baixo custo, para impactar a produtividade da indstria e destina-se a atender 3 mil empresas em todos os Estados at 2017. Alinhado a essa estratgia, foi tambm lanado o Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE), que tem por objetivo aumentar o nmero de empresas que operam no comrcio exterior, alm de promover o crescimento das exportaes de produtos e servios, com nfase em bens manufaturados, com maior fator agregado. A meta do MDIC foi a instalao de comits gestores do PNCE em todos os Estados brasileiros at o fim de 2016.

Em setembro, foi criado pelo MDIC o Grupo de Trabalho de Simplificao Administrativa (GTSA), com o objetivo de propor alteraes normativas e de procedimentos para aperfeioar e simplificar normas, aes e processos internos da pasta e de suas entidades vinculadas e supervisionada.

No mesmo sentido, em novembro, foi institudo pela Camex o Comit Nacional de Facilitao do Comrcio (Confac), rgo que ser coordenado pelo Ministrio da Indstria, Comrcio Exterior e Servios (MDIC) em parceria com o Ministrio da Fazenda.

Com essa medida, o Confac, criado por meio do Decreto n 8.807, de 12 de julho de 2016, poder dar incio s suas atividades. O Brasil o primeiro Pas da Amrica do Sul a colocar em funcionamento um comit no formato previsto no Acordo de Facilitao de Comrcio da OMC.

Oportuno salientar o inovador Projeto Piloto do Certificado de Origem Digital (COD) desenvolvido por Brasil e Argentina. O certificado de origem digital o documento eletrnico que atesta a origem da mercadoria, assinado digitalmente pelo exportador e pelo funcionrio habilitado da entidade emissora autorizada pelo MDIC.

Outra ao nessa rea foi o Acordo de Cooperao em Facilitao de Comrcio entre Brasil, Argentina e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O acordo prev a troca de informaes tcnicas e de experincias no desenvolvimento das janelas nicas de comrcio exterior, na harmonizao e simplificao de processos e exigncias de dados, na coordenao das aes de agentes intervenientes no comrcio exterior e na promoo da transparncia nas relaes comerciais bilaterais.

No sentido de facilitar o trmite administrativo do comrcio exterior, foram desenvolvidas novas funcionalidades no Portal nico de Comrcio Exterior, em um grande esforo de reforma e simplificao dos fluxos de importao e de exportao.

O teste antecede a efetiva entrada em operao do novo sistema, prevista para fevereiro de 2017. Outra ferramenta lanada em 2016

foi a Comex Vis, que permite a visualizao interativa online, possibilitando navegar e interagir com grficos e informaes das exportaes e importaes brasileiras desde 1997 a 2016, inclusive por unidade da Federao.

1.3.2. Poltica Cambial

A diretriz bsica da poltica cambial no foi alterada em 2016 e as intervenes do Banco Central do Brasil (BCB) no mercado do cmbio objetivaram apenas reduzir a volatilidade das cotaes e garantir fluidez do mercado. Foram utilizados leiles de swap cambial tradicionais e reversos e vendas de dlares com compromisso de recompra. A exemplo de 2015, no foram realizadas intervenes no mercado de cmbio vista. Importante salientar que o swap cambial liquidado em moeda domstica e, portanto, no afeta o estoque de reservas internacionais.

At fevereiro, as cotaes da moeda norte-americana situaram-se acima de R$ 4,00 por dlar, em ambiente de maior averso a risco nos mercados financeiros internacionais e instabilidade poltica no mbito domstico. Nesse cenrio, a renovao integral dos contratos de swaps com vencimento nos meses seguintes, mostrou-se relevante.

Em maro, o BCB avaliou que o ambiente internacional e as condies de demanda por hedge permitiam reduzir as posies em swaps cambiais, e o Banco Central retomou, pela primeira vez desde 2013, as ofertas de swaps cambiais reversos, equivalentes a compra de dlar no mercado futuro.

Em junho, o BCB reafirmou o cmbio flutuante como componente do trip macroeconmico: responsabilidade fiscal, meta de inflao e livre flutuao cambial, bem como a atuao com parcimnia no mercado cambial, sem interferir no normal funcionamento do mercado, mas no abrindo mo do uso eventual de qualquer instrumento.

Alm disso, salientou-se a importncia de identificar janelas de oportunidade para continuar reduzindo o estoque de swap cambial sempre que possvel, no tendo sido definido nenhum compromisso especfico de atuao diria.

No segundo semestre, at o fim de outubro, a oferta diria de swaps reversos variou na faixa de US$ 500 a US$ 750 milhes. Ao trmino de 2016, o estoque de swaps atingiu US$2 6,6 bilhes, com reduo de US$ 81,5 bilhes comparativamente ao final do ano anterior.

O estoque de linhas de moeda estrangeira com compromisso de recompra atingiu US$ 7,2 bilhes em dezembro de 2016, correspondendo a reduo de 41,5% em relao ao ano anterior. Ao longo de 2016, a autoridade monetria recebeu de volta US$ 33,9 bilhes decorrentes de operaes anteriores, concedeu US$ 28,8 bilhes em novas linhas, reduzindo o estoque, liquidamente, em US$ 5,1 bilhes.

A manuteno do regime de cmbio flutuante contribuiu efetivamente para o ajuste do setor externo da economia brasileira no ano, conforme evidencia a reduo do dficit em transaes correntes em relao ao PIB, de 3,28% em 2015, para 1,30% em 2016.

Com relao s normas cambiais, a Lei n 13.254, de 13 de janeiro de 2016, regulamentada pela Instruo Normativa RFB n 1.627, de 11 de maro de 2016 instituiu o Regime Especial de Regularizao Cambial e Tributria (RERCT).

A Lei permitiu a regularizao voluntria dos recursos, bens ou direitos, desde que de origem lcita, no declarados ou declarados incorretamente, que foram remetidos ou mantidos no exterior ou repatriados por residentes e domiciliados no Brasil.

A adeso ao RERCT compreendeu o preenchimento da Declarao de Regularizao Cambial e Tributria (Dercat) em formato eletrnico, acompanhada do pagamento do imposto sobre a renda alquota de 15% incidente sobre o valor total em reais dos recursos objeto de regularizao, alm de 15% de multa, totalizando 30%.

O Banco Central, pela Circular n 3.812, de 20 de outubro de 2016, estendeu o prazo para entrega da retificao de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) para 31 de dezembro de 2016. Do total de capitais regularizados, os proprietrios dos recursos optaram por repatriar US$ 10 bilhes, distribudos em 10,2 mil contratos de cmbio. O Banco

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Central recebeu 21.259 declaraes retificadoras do CBE no mbito do RERCT e o valor dos ativos no exterior somou US$ 56,4 bilhes

A Medida Provisria n 713, de 1 de maro de 2016, convertida na Lei n 13.315, de 20 de julho de 2016, reduziu at 31 de dezembro de 2019, de 25% para 6%, o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre remessas de dinheiro ao exterior.

A norma se aplica s despesas com gastos pessoais em viagens de turismo e negcios, a servio e para treinamento ou misses oficiais at o limite de R$ 20 mil por ms.

Para operadoras e agncias de viagens, o limite de R$1 0 mil por passageiro. A Lei tambm isentou do IRRF o envio de recursos ao exterior destinados a cobrir gastos com tratamento de sade e educao.

Pelo Decreto n 8.731, de 30 de abril de 2016, a alquota do IOF sobre transaes com moeda estrangeira em espcie foi elevada de 0,38% para 1,10%, a partir de 03 de maio.

Em 1 de setembro de 2016, foi aprovada a converso da Medida Provisria n 725, de 11 de maio de 2016, na Lei n 13.331, de 1 de setembro de 2016, que estabeleceu a emisso de certificados de recebveis do agronegcio (CRA) e de certificados de depsito agropecurio (CDCA) em moeda estrangeira com correo cambial. Foi mantida a verso original aprovada na Cmara Federal, que permitiu a emisso de CRA e CDCA com correo cambial to somente a estrangeiros.

Pela circular n 3.813, de 23 de novembro de 216, o Banco Central aperfeioou normas cambiais relacionadas compra de bens e servios

no exterior. Foi alterada a regulamentao cambial quanto converso em reais dos gastos realizados em moeda estrangeira por meio de cartes de crdito de uso internacional e forma de pagamento de operaes com o exterior.

Com a mudana, os emissores de carto de crdito internacional podero oferecer ao cliente a opo de pagamento da fatura pelo valor equivalente em reais da data de cada gasto em moeda estrangeira. A adoo dessa sistemtica est condicionada oferta pelo emissor do carto e aceitao do cliente.

A opo de pagamento pelo valor equivalente em reais na data do pagamento da fatura ser mantida. Alm disso, foram ampliadas as formas de pagamento para aquisio de bens e servios no exterior por meio de empresas que prestam servio de pagamento internacional de comrcio eletrnico.

As transferncias bancrias e o carto de crdito de uso domstico ou internacional passaram a ser permitidos para tais pagamentos, que antes s podiam ser feitos com carto de uso internacional.

1.3.3. Movimento de Cmbio

O mercado de cmbio contratado foi deficitrio em US$ 4,3 bilhes em 2016, em comparao ao superavit de US$ 9,4 bilhes no ano anterior. A balana comercial cambial contratada apresentou superavit de US$ 47,3 bilhes, ante US$ 25,5 bilhes em 2015, resultado decorrente de recuos, na ordem, de 4,4% e 19,1% nas contrataes de exportaes e importaes de bens.

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MOVIMENTO DE CMBIO CONTRATADOUS$ MILHES

PERODO

COMERCIAL FINANCEIRO SALDO GLOBAL

EXPORTAES IMPORTAES SALDO (A) COMPRAS VENDASSALDO

(B) (C) = (A) + (B)

2012 Ano 224 612 216 238 8 373 391 550 383 170 8 380 16 753

2013 Ano 232 920 221 785 11 136 451 740 475 136 - 23 396 - 12 261

2014 Ano 222 270 218 133 4 137 513 193 526 617 - 13 424 - 9 287

2015

Jan 15 389 15 604 - 215 51 459 47 341 4 118 3 903

Fev 12 380 11 812 567 36 500 38 210 - 1 710 - 1 142

Mar 14 611 14 682 - 71 62 219 60 145 2 074 2 003

Abr 17 713 14 601 3 112 49 828 39 833 9 995 13 107

Mai 17 051 13 568 3 483 37 867 43 427 - 5 560 - 2 077

Jun 17 042 14 107 2 935 45 191 52 820 - 7 629 - 4 694

Jul 17 689 13 248 4 441 36 258 44 634 - 8 376 - 3 935

Ago 13 494 11 504 1 989 39 798 37 676 2 122 4 111

Set 13 771 12 604 1 167 41 367 42 644 - 1 277 - 111

Out 12 039 12 276 - 237 34 871 38 134 - 3 263 - 3 500

Nov 11 751 10 560 1 190 37 871 35 166 2 705 3 895

Dez 18 731 11 607 7 124 49 501 58 772 - 9 270 - 2 146

Ano 181 660 156 174 25 486 522 731 538 802 - 16 071 9 414

2016

Jan 13 000 9 646 3 354 27 985 29 864 - 1 879 1 475

Fev 11 092 9 155 1 936 28 566 39 797 - 11 231 - 9 294

Mar 13 149 11 412 1 737 50 946 55 226 - 4 280 - 2 543

Abr 15 658 9 641 6 017 39 685 39 187 498 6 515

Mai 18 225 9 792 8 433 28 898 40 333 - 11 434 - 3 001

Jun 15 412 11 480 3 932 40 339 47 832 - 7 492 - 3 560

Jul 13 929 9 837 4 092 30 317 33 111 - 2 794 1 297

Ago 13 565 10 890 2 676 35 872 39 658 - 3 785 - 1 110

Set 12 180 11 390 791 39 934 46 264 - 6 330 - 5 539

Out 13 741 11 084 2 657 44 041 37 913 6 128 8 784

Nov 13 962 10 196 3 766 38 248 38 203 45 3 811

Dez 19 675 11 757 7 918 43 555 52 561 - 9 005 - 1 087

Ano 173 590 126 281 47 309 448 386 499 948 - 51 562 - 4 252 Fonte: Banco Central do Brasil.

O segmento financeiro apresentou deficit de US$51,6 bilhes, ante US$ 16,1 bilhes em 2015, refletindo redues respectivas de 14,2% e 7,2% nas compras e nas vendas de moeda estrangeira.

Em 2016, as compras lquidas da autoridade monetria somaram US$ 5,1 bilhes em operaes de linhas de venda de moeda estrangeira com compromisso de recompra, comparativamente s vendas lquidas de US$ 1,8 bilho ocorridas em 2015.

A posio dos bancos, que reflete as operaes com clientes no mercado primrio, passou de vendida em US$ 20,1 bilhes, no encerramento de 2015, para vendida em US$ 24,5 bilhes, ao fim de 2016.

1.3.4. Balano de Pagamentos

Os indicadores do setor externo em 2016 corroboraram efeitos relevantes do processo de ajuste macroeconmico iniciado no ano anterior. Nesse contexto, o deficit em transaes correntes somou US$ 23,5 bilhes em 2016, recuando 60,1% em relao a 2015, quando havia atingido US$ 58,9 bilhes.

A necessidade de financiamento externo, definida como a soma do resultado em transaes correntes e dos fluxos lquidos de investimentos diretos no Pas (IDP), registrou excedentes de financiamento externo de US$ 55,4 bilhes no ano, equivalentes a 3,1% do PIB, ante resultado de US$ 15,6 bilhes, 0,9% do PIB, em 2015.

Em 2016, o deficit em conta corrente representou 1,30% do PIB, comparativamente a 3,28% do PIB no ano anterior, comportamento associado, fundamentalmente, ao superavit recorde de US$ 45,0 bilhes na balana comercial e s redues nos deficits das contas de servios, de US$ 6,5 bilhes, e de renda primria, de US$ 1,3 bilho, em relao a 2015.

A receita lquida relativa renda secundria expandiu 8,7%, situando-se em US$ 3,0 bilhes. A conta financeira registrou captaes superiores s concesses em US$ 16,2 bilhes.

A conta de servios apresento