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IJ
Tenho
na família mais chega-da um proprietário, e adeptoferrenho, do Fiat 500. Assim
que soube que teríamos um
500 Lpara teste da semana, decidi
que a primeira paragem seria em casa
dele para avaliar a reação. Confesso
que não foi das melhores... Sem
grandes necessidades de espaço ou
preocupações familiares, olhou para o
5001. com o distanciamento de quemestá na flor da vida e acha o pequenomonovolume da Fiat uma derivação
sem qualquer sentido. Pior, que o
500 Lveio deturpar o conceito ori-
ginal ou que é demasiado grande e
inestético. Curiosamente, a sua cara
metade não concordou, de todo, com
esta avaliação. Vendo sentido práticoonde ele via exagero nas dimensões
e conforto e versatilidade onde ele
via falta de inspiração no desenho
interior. Este é o espelho de quemolha para o 500 Lcom diferentes pers-
pectivas. Para o solteirão inveterado,
os 60 cm a mais de comprimentoe os 32 cm na distância entre eixos
significam menos sex-appeal. Para
quem sempre olhou para o 500 com
emoção, mas era travado pela falta de
racionalidade do icónico citadino vê,
finalmente, a possibilidade de juntaro útil ao agradável. E, embora poucos
se recordem, esta proposta também
tem herança histórica. Senão acredita
faça uma pesquisa na internet sobre o
Fiat 500 Giardiniera de 1960...
"L" DE... GRANDEDe facto, goste-se ou não do desenho,
é inegável a inspiração da dianteira no
500 e o bom trabalho desenvolvido pela
Fiat no sentido de melhor aproveitar
o espaço interior. Faz sentido que a
marca transalpina traduza o "I." por
large (grande), já que o 500 Lé, de
facto, enorme. Não nas dimensões
exteriores, que não ultrapassam os
4,14 metros de comprimento, mas
no espaço habitável. Para se ter uma
ideia da grandeza dos valores por nós
medidos, com os bancos traseiros na
sua posição mais recuada, o 500
L
oferece 750 mm de espaço para as
pernas atrás, mais 5 mm do que num
VW Passat... E isto mantendo 343
litros de capacidade na bagageira.Se optar por puxar o banco traseiro
longitudinalmente na sua totalidade,
vê a capacidade da bagageira subir
para os 400 litros e o espaço atrás cair
para os 640 mm, um valor que, ainda
assim, não inviabiliza o transportede passageiros. Mas a modularidade
interior do 500 Lnão se esgota aqui. Se
abdicar de levar pessoas atrás, pode
rebater na totalidade os bancos tra-
seiros (dobrando-os como é habitual
num monovolume) e ficar com mais
de 1 300 litros para levar bagagem. O
próprio espaço de carga é um exemplode capacidade de adaptação, com umfundo amovível que pode ser colocado
em três níveis distintos e um alçapãodissimulado.
O interior também resulta muito
versátil, abundando os espaços para
arrumação (abertos e fechados) e as
soluções que visam responder a dife-
rentes utilizações. É um bom exemplodisso a possibilidade de rebater o banco
do passageiro da frente, permitindo
transportar objetos compridos como
uma prancha de surf ou a cama do
bebé.
Infelizmente, nem tudo são rosas.
O interior do 5001. é uma autêntica
mescla de influências, elementos -?
de outros carros do grupo e mate-
riais de melhor e pior qualidade. Uma
coisa é certa, o único elemento que é
facilmente identificável como sendo
"500" é o painel da cor da carroçaria
que adorna boa parte do tablier.
Como referimos, a qualidade também
não é consistente, oscilando entre o
bom, o razoável e o mau. Nota-se
algum cuidado extra com a monta-
gem, mas o plástico preto colocado
no topo do tablier, por exemplo, era
de evitar.
"L" DE LEVE?A Fiat acha que "L" também significa
leve, mas uma leitura mais atenta revela
que esta leveza advém de simplificação
de processos colocados ao serviço dos
utilizadores. Nem podia ser de outra
forma, já que leve é coisa que o Fiat
não é... Aliás, com 1320 kg de peso
podemos mesmo dizer que o 500 Lé
muito anafado. É o preço a pagar pelos
acréscimo na segurança, no equipa-mento de conforto e até na solidez
que o Fiat evidencia, mas também se
reflete nas prestações e nos consumos.
0 1.3 Multijet de 2 a geração debita 85
cv, o que deixa a relação peso/potência
nuns pouco saudáveis 15,5 kg/cv. Para
(não) ajudar à festa, a Fiat dotou este
500 LOpening Edition de jantes de 17"
com pneus 225/45, uma solução que
resulta na perfeição do ponto de vista
estético, mas que, dinamicamente, não
acrescenta mais valias. Com tanto
"arrasto", é fácil perceber porque é
que as prestações são decepcionantes
(quase 15 segundos nos 0 a 100 Km/h).O 1.3 turbodiesel até foi trabalhado
de forma a melhorar a resposta em
baixos regimes, bastante mais prontado que na variante de 95 cv, mas não
há milagres e os 85 cv declarados sa-
bem a pouco. Os consumos também
não ganham nada com esta escolha
de pneus e o acréscimo de peso, com
os valores em estrada a subirem paravalores muito próximos dos regis-tados em cidade, especialmente -»
0 1 .3 Multijet de 85 cv é mais voluntarioso em baixos regimes do que o de 95 cv, mas são
evidentes as dificuldades em puxar com destreza pelos mais de 1300 Kg de peso do 500
L
A região dianteira é a que mais se aproxima do conceito original. 0 500 Lpode não ser tão apaixonante corno o seu irmão mais pequeno,mas é muito mais prático
jtòmSròs^|14,8s0a100km/h;• 0s tempos nas acelerações •
; são o reflexo de uma má :: relação peso/potência. :
! 5,8 l/100Km j•A média ponderada é atrativa,:
; mas os consumos em :
: estrada tendem a ser altos, j
; 21 000 euros j• A versão Opening Edition •
• custa o mesmo que a Pop :
: Star eé melhor equipada. :
se circular acima dos 120 Km/h. Acaixa de cinco velocidades também
não ajuda grande coisa. A Fiat diz
que é longa, para baixar consumos e
os níveis sonoros. Mas circular a 120
Km/h com o taquímetro nas 3000
rpm parece desmentir esta afirmação.
Felizmente, na parte da insonorização
estão certos, já que mesmo a esta ve-
locidade (e regime de motor) o 500
L
mantém a serenidade a bordo.
Serenidade essa que também advém
da resposta da suspensão. Como re-
ferido, o 500 Ldenota uma invulgar
sensação de solidez, mas o grandecontributo para o conforto que se
regista a bordo vem do bom com-
portamento da suspensão. Mesmo
com os desproporcionados pneusescolhidos...
Aliás, os pneus são tão exagerados face
às potencialidades do 1.3 JTD que,
em piso seco, nem sequer damos pela
presença do controlo de estabilidade,
e menos ainda do controlo de traçâo,
tal é a dificuldade em vencer o atrito
de tanta borracha em contato com o
asfalto. Obviamente que as passagens
em curva podem ser impressionantes,
mas não há motor suficiente para isso
e, honestamente, não nos parece ser
este o grande argumento de venda
do Fiat 500L...
"L" DE LOW PRICE?
Já sabemos que o 500 Lé muito maior
do que o 500. A todos os níveis... Mas
também será muito mais caro? Face a
um 500 "normal" com o 1.3 Multijetde 95 cv e um nível de equipamento
equiparado, a diferença de preço ronda
os 3500 euros. Mas é complicado tirar
algum tipo de conclusão desta análise
porque os dois carros são radicalmente
distintos. Até a plataforma é diferente,
já que o 500 partilha a base com o
Panda e o 500 Lcom o Punto.
Se compararmos o 500 Lcom os seus
verdadeiros rivais, o Fiat sai bem posi-
cionado da contenda, estando alinhado
em termos de preço com o C 3Picasso
1.6 HDi de 92 cv, mas sendo consi-
deravelmente mais barato do que um
Mini Countryman, por exemplo.
Rui REIS