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Texto ANA SOFIA SANTOS Foto JOSÉ VENTURA Acima de tudo, uma grande vontade de fazer a diferença. De preferência atra- vés de um trabalho pelo qual se tenha paixão. O sentimen- to é comum a 24 alu- nos de topo de esco- las portuguesas (a nível de licenciaturas e mestrados) no ano letivo de 2012/2013 com quem o Expresso falou sobre ambi- ções pessoais, profissionais e a austeri- dade. Por enquanto estão todos a traba- lhar ou a estudar em Portugal, com a exceção de Amélia Nunes, 23 anos, que está a estagiar na Alemanha, e da dina- marquesa Arme Hjortsholm, 26 anos, que depois do curso no ISCTE regres- sou ao seu país. A crise não abala as expectativas ele- vadas destes jovens oriundos do Institu- to Superior de Economia e Gestão (I- SEG), ISCTE, Universidade Nova de Lisboa, Católica Lisboa, Universidade do Porto (Economia e Engenharia) e Universidade de Aveiro, às quais o Ex- presso pediu para indicarem os seus melhores alunos (nem todos os alunos puderam participar). Mesmo os mais críticos da situação de descontrolo em que o país caiu mostram otimismo. "Hoje, perante as dificuldades que o país eo mundo atravessam, e a alta ta- xa de desemprego, acabar um curso e conseguir logo emprego não se pode di- zer que seja tarefa fácil. Felizmente consegui", diz Margarida Cruz, 26 anos, consultora na Accenture, depois de ter feito com distinção a licenciatura em Economia, no ISEG, eo mestrado em Gestão, na ISCTE Business School, acrescentando que gostaria "de alcan- çar o máximo sucesso possível" traba-

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Page 1: Press Review page - ULisboa · lhando numa área que a atraia. Já Tel-ma Gonçalves, 23 anos, finalista de mes- trado em Economia e a fazer o doutora- mento na mesma área, também

Texto ANA SOFIA SANTOSFoto JOSÉ VENTURA

Acima

de tudo, háuma grande vontadede fazer a diferença.De preferência atra-vés de um trabalhopelo qual se tenhapaixão. O sentimen-to é comum a 24 alu-nos de topo de esco-

las portuguesas (a nível de licenciaturase mestrados) no ano letivo de 2012/2013com quem o Expresso falou sobre ambi-

ções pessoais, profissionais e a austeri-dade. Por enquanto estão todos a traba-

lhar ou a estudar em Portugal, com a

exceção de Amélia Nunes, 23 anos, queestá a estagiar na Alemanha, e da dina-

marquesa Arme Hjortsholm, 26 anos,que depois do curso no ISCTE regres-sou ao seu país.

A crise não abala as expectativas ele-vadas destes jovens oriundos do Institu-to Superior de Economia e Gestão (I-SEG), ISCTE, Universidade Nova de

Lisboa, Católica Lisboa, Universidadedo Porto (Economia e Engenharia) eUniversidade de Aveiro, às quais o Ex-

presso pediu para indicarem os seusmelhores alunos (nem todos os alunos

puderam participar). Mesmo os mais

críticos da situação de descontrolo em

que o país caiu mostram otimismo.

"Hoje, perante as dificuldades que o

país e o mundo atravessam, e a alta ta-xa de desemprego, acabar um curso e

conseguir logo emprego não se pode di-zer que seja tarefa fácil. Felizmenteconsegui", diz Margarida Cruz, 26

anos, consultora na Accenture, depoisde ter feito com distinção a licenciaturaem Economia, no ISEG, e o mestradoem Gestão, na ISCTE Business School,acrescentando que gostaria "de alcan-

çar o máximo sucesso possível" traba-

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lhando numa área que a atraia. Já Tel-ma Gonçalves, 23 anos, finalista de mes-trado em Economia e a fazer o doutora-mento na mesma área, também no ISC-TE, revela que a sua "maior ambiçãoprofissional seria contribuir para a teo-ria económica através da investiga-ção". No futuro imagina-se a conciliar avida académica com "um emprego noDepartamento de Estudos Económicosdo Banco de Portugal". Mãe de uma me-nina com 7 anos, Telma acumula pré-mios de melhor aluna, o que foi possí-vel com "o grande apoio" da família.

Como não tem dúvidas de que a "cu-nha e o dinheiro são fatores de grande

influência na hora de encontrar empre-go" em Portugal, o algarvio David Oli-veira, 21 anos, quer "trabalhar numa or-

ganização internacional no contexto eu-ropeu", em algo relacionado com a di-

plomacia, cooperação e desenvolvimen-to ou estratégia empresarial. É licencia-do em Economia pelo ISEG, onde está

a fazer o mestrado em Economia Inter-nacional e Estudos Europeus e a sua

grande motivação é a família: "Não têmmais do que o ensino básico o que difi-cultou encontrar emprego nestes últi-mos anos. Não quero passar por essasdificuldades e quero poder ajudá-los".

"Não baixar os braços" é o conselho

de Bernardo Cotrim Talina, 23 anos, li-cenciado em Gestão pelo ISCTE e a es-

tagiar no BCP. A que se soma "não termedo de arriscar", reforça Bernardo,mesmo reconhecendo que "Portugalnão tem as mesmas oportunidades queoutros países". Porém, mesmo com a"franca recessão" no sector financeiro,quer trabalhar na banca de investimen-

to, de preferência "em Portugal para es-tar perto da família e dos amigos".

Geração Erasmus

A maioria destes 24 alunos ficou forte-mente marcada pelo programa de inter-

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câmbio de estudantes Erasmus mas,mesmo reconhecendo a importância deter uma experiência internacional, nãotêm vontade de abandonar Portugal. Es-tão 'presos' à família e aos amigos e o

currículo vai abrir-lhes portas na docên-

cia, em consultoras, na banca ou emmultinacionais. À espera dos resultadosda candidatura à bolsa de doutoramen-to da Fundação para a Ciência e a Tecno-

logia para ingressar no programa douto-ral em Engenharia Mecânica na Univer-sidade do Porto, Igor Lopes, 23 anos,gostava de trabalhar "maioritariamenteem Portugal" porque é aqui que tem "afamília e a maior parte dos amigos".Quase todos, sem exceção, frisam a im-portância destes dois pilares para a bri-lhante carreira académica.

Por sua vez, Mariana dos Santos, 21

anos, recém-licenciada em Gestão pelaCatólica equaciona ir para fora. "Inte-

gro a esfera dos profissionais em terri-tório nacional, enraizada pela família e

amigos, mas sem nunca pôr de lado o

sonho de um dia poder fazer a diferen-

ça no nosso país, com um conhecimen-to internacional", afirma.

A importância das raízes também é va-lorizada por Miguel Castel-Branco, 24anos, mestrado e licenciatura em Eco-nomia também na Católica. "Tive a sor-te de ter pais e avós que me incentiva-ram sempre a querer saber mais e tam-bém tive a sorte de ter tido professoresfantásticos", menciona. Não gosta dotermo "ambições", diz quando questio-nado sobre o que pretende fazer a nível

profissional. Prefere chamar-lhes "aspi-rações" e tem três: "Uma profissão queme dê gozo e me dê vontade de acordar

todos os dias; tornar-me cada vez me-lhor nessa profissão; e manter-me fielaos meus valores, sem me deixar cor-

romper por apetites profissionais".Ter um emprego que o deixe "feliz" é

o que almeja Pedro Monteiro, 23 anos,mestrado em Economia pela Universi-dade de Aveiro. "Desejo um empregoque me permita ser feliz", porque a feli-cidade não resulta de se atingir "o topode uma carreira ou porque se consegueser CEO de uma grande empresa".

Portugal visto do estrangeiro

Trocou a Ucrânia por Portugal. Aqui,Alia Kolyban, 30 anos, trabalhou comobolseira de investigação na Universida-de de Aveiro, onde fez o mestrado emEconomia, e casou com um português— que conheceu num navio de cruzei-

ros, onde ambos trabalharam. Quercontinuar a viver e a fazer carreira emterras lusas "porque, neste momento, o

país está a encorajar o investimento eminvestigação e inovação a fim de promo-ver o crescimento e o emprego".

Mais do que dinamarquesa, ArmeHjortsholm sempre se sentiu europeia.Nasceu numa família que tem no ADNas relações internacionais e os negó-cios. Acabou por vir para o ISCTE, on-de fez o mestrado em Gestão. Adorouviver em Lisboa e até poderia vir a tra-balhar na capital portuguesa caso sur-gisse uma boa proposta. "Mais do quea localização, interessam-me as oportu-nidades e perspetivas de futuro queum emprego possa oferecer", sinteti-

za, acrescentando que acredita que"Portugal tem perspetivas de futuro po-sitivas, sobretudo nos sectores da ex-

portação e inovação, que podem sermais desenvolvidos".

A engenheira Amélia Nunes sempreolhou para a Alemanha como um desti-no possível. Depois do mestrado emGestão Internacional na Nova Schoolof Business & Economics, concorreu aum estágio na Henkel. "Duas semanase uma entrevista telefónica depois esta-va em Dusseldorf ', relata. Porém, cadavez gosta mais de Portugal e espera"um dia poder voltar".

[email protected]

A EXPERIÊNCIAINTERNACIONALÉ VALORIZADA,MAS A AMBIÇÃOÉ ESTAR EMPORTUGAL E TERUM EMPREGODE QUE SE GOSTE

A FAMÍLIA E

OS AMIGOS SÃOCONSIDERADOSPILARESFUNDAMENTAISPARA O SUCESSONA VIDAACADÉMICA

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GuilhermeNevesG 21 anos© Licenciadoem Economiapela CatólicaG Quer ficar

ligado aomeioacadémico"O Governoafastou-se das

pessoas e, comisso, falhouo consensoem algumasmedidasdifíceis masnecessárias"

Nuno Clara© 23 anos© Mestradoem Finançasna CatólicaG Trabalhaem privateequity e

ajudaempresas emdificuldades"A crise geraoportunidadescomo nuncaexistiram nosúltimos anos"

BernardoCotrim Talina© 23 anos© Licenciadoem Gestãopelo ISCTE© Estagiáriono MillenniumBCP

"Importaresolver odéfice

orçamental,mas segundoos valores quesustentam ademocracia e o

pensamentosocial europeu"

TelmaGonçalves© 23 anos© Mestradoem Economiano ISCTE© Está emdoutoramentoe dá aulas"Tenho aambição decontribuir

para a teoriaeconómicaatravés da

investigação"

Ricardo Silva© 38 anosG Mestradoem Gestão

pelo ISEG© É oficialde Marinha"Obter boas

classificaçõesacadémicasnãoépré-condição

para o sucessono mundodo trabalho,embora

possaempolarexpectativas"

Susana NevesG 39 anosG Mestradoem Economiae PolíticasPúblicas peloISEGG TrabalhanoINE"Estava aprecisarde um novodesafio

académico,de me pôrà prova"

Carmen SilvaG 22 anosG Licenciadaem Gestãopelo ISEGG Está a fazero mestradoem Finanças"O sucessoresultado esforço e

empenho, porisso acredito

que há

oportunidadesparaas pessoasque lutam

por elas"

Alia KolybanG 30 anosG Fez omestrado emEconomia naUniversidadede AveiroG Candidata auma bolsa de

investigação"Ambicionotrabalharem Portugalporque estáa apostar nainvestigação"

Marianados SantosG 21 anosG Licenciadaem Gestãopela CatólicaGFazauditoriafinanceira"Falta dediversidadede escolha.Somosa geração do

'gosto do quefaço, mas nãoestou a fazeraquilo quegostaria"

Bruno Gomesda SilvaG 21 anosG Licenciadoem Gestãopela FEPG Está a fazero Master in

Managementda FEP

"Desejo umarápidaprogressão nacarreira numamultinacio-nal"

Arme

HjortsholmG 26 anosG Mestradoem Gestãopelo ISCTEG Quer fazercarreira naárea da gestãode projetos"As relaçõesinternacionaise os negóciosfazem partedo dia a dia daminha família,

por isso nuncafiquei limitadaà Dinamarca"

MargaridaCruzG 26 anosG Mestradoem Gestãono ISCTEG Consultorana Accenture"Preocupam--measconsequênciasda crisenas franjasmaiscarenciadasda população"

Vasco FerreiraG 25 anosG Mestradoem Finançasna FEPG Trabalha no

planeamentoe controlode gestãoda SonaeSGPS

"Quem querentrar navida ativatemde alargarhorizontesao conceitode emprego"

PedroMonteiroG 23 anosG Mestradoem Economia

pelaUniversidadede AveiroG Está na

PeugeotCitroen em

Mangualde"Portugal nãoé um país com

oportunidadespara todos"

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João RamosG 21 anosG Licenciadoem Economiapelo ISCTEG Inscrito noMasters in

Finance doISCTE

"Portugal temum nível deconhecimentoedecapacidadede evoluçãomuito grandecomparadocom outros

países"

Amélia Nunes© 23 anos© Mestradoem GestãoInternacionalna Nova SBE

G Engenheira,está a estagiarna Alemanha"Quero umdia podervoltar, masno estrangeirohá melhores

oportunida-des"

Maria BeatrizOliveira© 23 anosG Fez omestrado emEngenhariapelaUPG Trabalhanumaconsultora"Tenho tidosorte, mastenho muitos

amigos quenão podemficar em

Portugal efazer aquilo de

que gostam"

Hugo Vilares© 23 anos© Mestradoem Economia

pela Nova SBE

G Trabalha noBanco de

Portugal"Quero poderdizer que fiz

algoimportante,que contribuí

para umasociedademelhor"

Igor LopesG 23 anosG MestradoemEngenhariapela UPG Candidato adoutoramento"Muita gentesai do país

porque otrabalhonãoé devidamentevalorizado,oqueénotório naforma como éremunerado"

David OliveiraG 21 anos© Licenciadoem Economiapelo ISEGG A fazer o

mestrado no

ISEG"A cunhae o dinheiro

parecem serfatoresde grandeinfluência

para arranjaremprego"

MiguelCastel-BrancoG 24 anos© Mestradoem Economiapela Católica© Trabalhana BCG

"Querotrabalharnum sítio

que seja bom

para a minha(futura)família.A carreiranunca seráo único critériode decisão"

Ana SilvaCostaG 22 anos© MestradoemBioengenha-ria pela UPG Quer fazer

investigaçãocientífica"Depois detodos os

sacrifícios,ainda não háluz ao fundodo túnel"

David PinheiroG 21 anosG Licenciadoem Economiapela Nova SBE

G Quer serCFO de umaempresa"Não basta

equilibraras contas,é necessário

que o

equilíbrio sejasustentadoe duradouro. E

isso exige umamudança dementalidade"

Tiago DevesaG 21 anosG Licenciadoem Economiapela FEPGFazconsultoria

estratégica"Algumasdas reformas

impostaspela terapiade choque queexperiencia-mos têmmérito"

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