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Presidente da Repblica Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso

Ministro da Educao Paulo Renato Souza

Secretrio de Educao a Distncia Pedro Paulo Poppovic

Secretria-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao - FNDE Monica Messenberg Guimares

CURSO DE EXTENSO TV NA ESCOLA E OS DESAFIOS DE HOJE

Coordenao Nacional

Diretora do Departamento de Poltica de Educao a Distncia - Seed/MEC Carmen Moreira de Castro Neves

Presidente do Comit Gestor da UniRede e Decana de Extenso da UnB Dris Santos de Faria

TV na Escola e os Desafios de Hoje Curso de Extenso

MODULO 1

TECNOLOGIAS E EDUCAO: DESAFIOS E A TV ESCOLA

Dee d/MEC e UniRede Braslia, 2001 Segunda edio

Os textos que compem o presente curso no podem ser reproduzidos sem autorizao dos editores Copyright 2001 by - UniRede - Seed/MEC Universidade Virtual Pblica do Brasil-UniRede Prdio Multiuso II - Sala BSS-09 - Campus Universitario "Darcy Ribeiro" - Caixa Postal 04.351 - Cep: 70.919-970 Braslia-DF Telefone/Fax: (0XX61) 349-7379 E-mail: [email protected] Internet: www.unirede.br e/ou www.mec.gov.brCurso de Extenso "TV NA ESCOLA E OS DESAFIOS DE HOJE" -2 edio

Coordenao Nacional Carmen Moreira de Castro Neves - Diretora do Departamento de Polticas de Educao a Distncia / Seed/MEC Doris Santos de Faria - Decana de Extenso da UnB

Coordenao Gerai UniRede Dris Santos de Faria - UnB - Presidente Ymiracy Polak - UFPR - Secretria em exerccio Selma Leite - UFPA Angela Zanon - UFMS Elizabeth Rondelli - UFRJ Mareio Bunte - UFMG Jnio Costa - UEMS

Realizao dos Vdeos Centro de Produo Cultural Educativa - CPCE/UnB

Gesto do Curso Universidades integranges da UniRede Coordenaes Estaduais da TV Escola

Equipe de Apoio Tcnico Seed/MEC Alan Luiz da Rocha Arraes Anke Cordeiro Moraes Luiz Roberto Rodrigues Martins Marilda Ferreira Cabral Simone Medeiros

Coordenao Geral Seed/MEC Aloylson Gregorio de Toledo Pinto Tania Maria Maia Magalhes Castro

Coordenao Pedaggica Leda Maria Rangearo Fiorentini - Faculdade de Educao - UnB

Coordenao de Contedo Vnia Lcia Quinto Carneiro - Faculdade de Educao - UnB

Coordenao de Vdeos Antonio Augusto Gomes dos Santos Silva - Diretor do Departamento de Produo e Divulgao de Programas Educativos - Seed/MEC Vnia Lcia Quinto Carneiro - Faculdade de Educao - UnB

Coordenao Administrativa do Curso Paulo Roberto Menezes Lima - Seed/Mec

Coordenao Financeira Sylvio Quezado - Dex/UnB-UniRede Carlos Randolfo Campos - Dex/UnB-UniRede Jane Maria Fantinel - Seed/MEC

Produo Editorial Preparao de Originais e Reviso Rejane de Meneses e Yana Palankof

Criao de cones Chico Rgis

Editorao Eletrnica Raimunda Dias

Capa Andr Ricardo da Costa Alencar

Impresso Quick Print Impressos Rpidos Ltda.

Fotolitagem Screen Fotolito Digital

TV na escola e os desafios de hoje: Curso de Extenso para Professores do Ensino Funda- T968 mental e Mdio da Rede Pblica. UniRede e Seed/MEC/Coordenao de Leda Maria

Rangearo Fiorentini e Vnia Lcia Quinto Carneiro. - Braslia : Editora Universidade de Braslia, 2a. ed., 2001. 3v. : il.

Contedo : v. 1 Tecnologias e educao : desafios e a TV escola. - v. 2 Usos da Televiso e do vdeo na escola. - v. 3 Experimentao: planejando, produzindo, analisando.

1. Meios audiovisuais na educao. 2. Aperfeioamento de professores. I. Fiorentini, Leda Maria Rangearo. II. Carneiro, Vnia Lcia Quinto.

CDU 371.333 371.14

mailto:[email protected]://www.unirede.br/http://www.mec.gov.br/

Autores deste mdulo

-Aloylson Gregorio de Toledo Pinto Licenciado em Pedagogia. Mestre em Educao Brasileira (Universidade de Braslia). Doutorem Psicologia Educacional (Universidade de Campinas). Especialista em educao a distncia (Universidad Nacional de Educacin a Distancia-Uned - Espanha). Atua como Coordenador-Geral de Projetos Especiais de Educao a Distncia do Depead/Seed-MEC.

- Jos Manuel Moran Doutor em Comunicao pela Universidade de So Paulo (USP), professor da disciplina Novas Tecnologias, na Escola de Comunicaes e Artes da USP e professor do programa de Ps-Graduao em Educao na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Autor de vrios livros.

- Leda Maria Rangearo Fiorentini Pedagoga (USP), mestre em Educao (UFRJ), especialista em Educao a Distncia e doutoranda em Cincias da Educao (Universidad Nacional de Educacin a Distancia - Uned - Espanha). Linhas de pesquisa: concepo de cursos e materiais escritos para o ensino a distncia e formao de professores. Professora do Departamento de Mtodos e Tcnicas da Faculdade de Educao da UnB.

- Maria Helena Silveira Professora do Programa Interdisciplinar da Escola de Engenharia (UFRJ). Pesquisa principal - Imagem e Conhecimento. Pesquisa correlata - Metodologias e Novos Meios Educativos. Membro da Comisso de Ps-Graduao em Educao para Engenharia - Programa Cooperativo UFRJ-UFJF. Coordenadora do Labeme.

- Paulo Pavarini Raj Engenheiro mecnico formado pelo ITA em 1972, mestrado em Engenharia de Sistemas pela Coppe/UFRJ em 1976 e doutorado em Engenharia de Produo pela University of Birmingham - Inglaterra em 1982. Trabalhou na rea de telecomunicaes (ex Telerj 1973-1977) e Embratel (1982-1999). Membro da Comisso Nacional de Especialistas em Educao a Distncia da Seed/MEC. Professor visitante do Nead/UFPR e docente da Faculdade de Medicina da UERJ.

- Simone Medeiros Licenciada em Letras (UFRN). Especialista em educao e desenvolvimento (UnB). Experincia de validao do mate-rial impresso do Programa Nacional de Capacitao a Distncia para Gestores Escolares - Consed. Assessora tcnica do Proformao/MEC na concepo, elaborao e validao dos materiais impressos e no treinamento e suporte s equipes estaduais das regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Coordenadora de suporte tcnico-pedaggico do Depar-tamento de Poltica de EAD da Seed/MEC.

- Vani Moreira Kenski Professora, com mestrado (UnB) e doutorado em Educao (Unicamp). Coordenadora do Grupo de Trabalho Educao e Comunicao da Anped (Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Educao). Pesquisadora do CNPq. Atualmente pesquisadora-docente da USP e da Umesp. Coordenadora do grupo de estudos e pesquisas Ment (Memria, Ensino e Novas Tecnologias). Orienta pesquisas de mestrado e doutorado e autora de artigos e livros sobre esses temas.

- Vnia Lcia Quinto Carneiro Professora e pesquisadora da Faculdade de Educao da UnB. Doutora em Educao (USP). Mestre em Tecnologia Educacional (UFRN). Licenciada em Matemtica (UFMG). Produtora e roteirista de programas educativos. Coordenadora da rea de Tecnologias na Educao do Mestrado em Educao da Faculdade de Educao da UnB. Linha de pesquisa: TV/vdeo e mediaes pedaggicas.

- Tania Maria Maia Magalhes Castro Pedagoga (UFGO). Especialista em Administrao e Superviso Escolar (UFGO). Especialista em Educao Brasileira (UnB). Coordenadora-Geral de Planejamento de Educao a Distncia da Seed/MEC.

SUMRIO

Mensagem da Coordenao do Curso ......................................................7

Apresentao do Mdulo 1 ........................................................................9

Unidade 1 Tecnologias no cotidiano: desafios para o educador ..................................11

Unidade 2 Linguagem da TV e novos modos de compreender...................................25

Unidade 3 Formao do professor e educao a distncia: do impresso s redes eletrnicas .............................................................................................. 39

Unidade 4 O projeto TV Escola .................................................................................69

Glossrio ...............................................................................................101

Comentrios referentes s atividades.....................................................107

Caro(a) Cursista,

Com este Mdulo 1 : Tecnologias e educao: desafios e a TV Escola, a Se-cretaria de Educao a Distncia-Seed/MEC e a Universidade Virtual Pbli-ca do Brasil-UniRede iniciam o Curso de Extenso "TV na Escola e os Desa-fios de Hoje", para professores do ensino fundamental e mdio de todo o pas.

O mdulo constitudo por este material impresso e quatro vdeos especial-mente produzidos para suas unidades de contedo, bem como por vdeos do acervo da TV Escola, escolhidos para ampliar sua aprendizagem sobre as tecnologias da informao e da comunicao e as possibilidades de utiliz-las na escola.

Acompanhe a veiculao dos vdeos pelo canal da TV Escola de acordo com a grade que segue anexa. Organize-se para assistir aos programas, grav-los e estud-los segundo a orientao contida no Guia do Curso.

importante que voc preencha a Ficha de Avaliao do Material Impresso e a Ficha de Avaliao dos Vdeos deste mdulo e as envie aos tutores, pois assim estar contribuindo para o aperfeioamento do mdulo para turmas futuras.

Desejamos sucesso no estudo e na sua prtica pedaggica.

Coordenao Pedaggica Coordenao do Curso nas Universidades da UniRede Coordenaes Estaduais da TV Escola

Apresentao do Mdulo 1

Tecnologias e educao: desafios e a TV Escola

Introduo geral

Neste mdulo procuramos proporcionar-lhe uma viso geral do curso TV na Escola e os Desafios de Hoje, fornecendo-lhe a base que fundamen-tar e motivar suas prticas pedaggicas de utilizao da televiso e de vdeos, ao mesmo tempo procurando responder ao porqu das tecnologi-as na escola e ao porqu deste curso.

Sabemos que as tecnologias esto presentes em nosso cotidiano no ape-nas em forma de suportes, mas de cultura. De fato, as tecnologias ampliam nossa viso de mundo, modificam as linguagens e propem novos padres ticos e novas maneiras de apreender a realidade. Conseqentemente, a escola - seus dirigentes e professores - deve discutir e compreender seu papel nos processos de ensino e aprendizagem.

Um desafio educativo da televiso est na oferta de educao pela TV, a exemplo da TV Escola, que atende a demandas culturais e educativas de aperfeioamento do professor. O projeto TV na Escola e os Desafios de Hoje busca atender aos desafios do educar com televiso e vdeo na sala de aula. Neste mdulo voc conhecer a evoluo da televiso educativa entre ns e, em particular, a proposta e a organizao da TV Escola.

Tambm trabalhamos as questes da tecnologia para explorar o uso do vdeo como motivador, informador e desencadeador de polmicas. Parti-mos do pressuposto de que voc um telespectador: j tem contato com a linguagem audiovisual, tem expectativas sobre essas tecnologias e possui certo nvel de exigncia em relao aos diversos programas, inclu-sive os educativos.

Nessa discusso estamos interessados em sua valorizao profissi-onal e em incentiv-lo(a) a aplicar o aprendido em sua prtica imedi-ata, alm de utilizar vdeos e TV para sua formao continuada.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Objetivo geral do mdulo

Refletir com educadores sobre seu novo papel no processo de ensino-aprendizagem, respondendo ao porqu das tecnologias na escola e pro-porcionando a base que fundamenta as prticas pedaggicas de utilizao dos audiovisuais (TV/vdeos).

Objetivos especficos

1. Compreender conceitos bsicos das tecnologias da informao e da co-municao.

2. Reconhecer o potencial pedaggico das tecnologias e suas implicaes.

3. Refletir sobre o uso da televiso e de outras configuraes tecnolgicas na educao.

4. Relacionar linguagens audiovisuais e capacidades perceptivas, emocio-nais, cognitivas e comunicacionais.

5. Situar a TV Escola e este curso entre outras experincias de educao a distncia.

Unidades de contedo:

1. Tecnologias no cotidiano: desafios para o educador. 2. Linguagem da TV e novos modos de compreender. 3. Formao do professor e educao a distncia: do impresso s

redes eletrnicas. 4. O projeto TV Escola.

Unidade 1

Tecnologias no cotidiano: desafios para o educador

Introduo

Nesta unidade voc encontrar noes bsicas sobre tecnologias e sua presena em nosso cotidiano, no apenas em forma de suportes mas de cultura. Elas ultrapassam a funo de suporte e colocam desafios para o educador. As tecnologias exercem influncia sobre nossos comportamen-tos individuais e sociais, modificando as concepes e o papel dos pro-fessores no processo de ensino-aprendizagem.

Objetivos especficos

1. Identificar as tecnologias da comunicao e da informao no cotidiano. 2. Refletir sobre suas manifestaes e problemas. 3. Reconhecer a sua interferncia nos modos de ser e de comportar-se

dos cidados. 4. Avaliar a prpria experincia de uso das tecnologias para o aperfeioa-

mento profissional.

Contedo:

1.1. O que uma tecnologia? 1.2. Tecnologias no se limitam a suportes 1.3. Desafios para o educador 1.4. Democratizao do acesso

' Esta unidade foi construda a partir do original de Vani Moreira Kenski. Tecnologias no cotidiano: desafios para o educador. Braslia, Seed/MEC-UniRede, 2000 (mimeo.).

TV na Escola e os Desafios de Hoje

1.1.0 que uma tecnologia?

Para iniciar seus estudos, sugerimos que reflita sobre sua prpria posi-o diante das tecnologias. Responda por escrito, usando seu caderno de notas. Ao trmino do mdulo procure responder novamente s mes-mas perguntas e comparar os resultados.

Olhe ao seu redor. Que tecnologias voc reconhece na sua casa e em outros ambientes? Voc

nota diferenas na forma como usa a televiso em casa e na escola?

Voc j ouviu a expresso sociedade tecnolgica? O que entende por ela?

Media [do latim media, plural de medium] o meio, o espao intermedirio.

Mdia [do ingls media] designa os meios ou o conjunto dos meios de comunicao: jornais,

revistas, TV, rdio, cinema, etc.

"As tecnologias invadem o nosso cotidiano". Essa uma das frases mais utilizadas hoje em dia para se referir aos equipamentos com os quais lidamos em nossas atividades rotineiras. Pensadores contempo-rneos e a mdia em geral falam que estamos em plena "sociedade tecnolgica".

Essas referncias encaminham-nos para um pensamento de oposio entre a nossa natureza humana e a "mquina", forma concreta com que a tecnologia reconhecida. Os romances e os filmes de fico cientfi-ca exploram esse antagonismo e assustam-nos com ameaas de do-mnio do homem e da Terra por robs e outros equipamentos sofistica-dos, dotados de um alto grau de inteligncia, em muito superior do "homem comum".

Atividade 1 : Assim acontece em filmes como Robocop e Exterminador do futuro, por exemplo. O homem comum torna-se uma espcie frgil. Surgem humanides - mistura de homem e mquina que, com superpoderes, conseguem ir alm das possibilidades humanas de sobrevivncia em um mundo hostil, dominado pelas mquinas. 1. H que temer tal perspectiva? 2. Que notcias divulgadas pela mdia fazem temer pelo futuro da

humanidade? 3. Qual a sua opinio?

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Se olharmos nossa volta, boa parte daquilo que utilizamos em nossa vida diria, pessoal e profissional - utenslios, livros, giz e apagador, papel, canetas, lpis, sabonetes, escovas de dente, talheres, televisor, telefone, mquina fotogrfica, videocassete, computador - so formas diferenciadas de ferramentas.

Quando falamos da maneira como utilizamos cada ferramenta para realizar determinada ao, referimo-nos tcnica.

A tecnologia o conjunto de tudo isso: a ferramenta e os usos que destinamos a ela, em cada poca.

A utilizao dos recursos naturais para atingir fins especficos ligados sobrevivncia da espcie foi a maneira inteligente que o homem encon-trou para no desaparecer.

Na perspectiva de Gilbert de Simondon2, filsofo francs, o homem ini-ciou seu processo de humanizao, ou seja, a diferenciao de seus comportamentos em relao aos dos demais animais, a partir do mo-mento em que utilizou os recursos existentes na natureza em benefcio prprio. Pedras, ossos, galhos e troncos de rvores foram transforma-dos em ferramentas pelos nossos ancestrais pr-histricos. Com esses materiais procuravam superar suas fragilidades fsicas em relao s demais espcies. Contava o homem primitivo com duas grandes ferra-mentas naturais e distintas das demais espcies: o crebro e a mo criadora3.

Frgil em relao aos outros animais, sem condies para suportar os fenmenos da natureza - a chuva, o frio, a neve -, o homem precisava de equipamentos que ampliassem as suas competncias. No podia garantir sua sobrevivncia e superioridade apenas pela conjugao das possibilidades do seu raciocnio com a sua habilidade manual.

2 SIMONDON, G. Du mode d'existence des objects techniques. Paris: Aubier-Montaigne, 1969.

3 CHAUCHARD, P. El cerebro y la mano creadora. Madrid: Narcea, 1972.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

O homem primitivo contava tambm com o seu carter natural de agre-gao social para superar as dificuldades e os desafios climticos, de alimentao e de ataque de outros animais. Atravs do tempo esses grupos foram evoluindo socialmente e aperfeioando suas ferramentas e utenslios.

Criaram culturas, ou seja, conjunto de conhecimentos, formas e tcnicas de fazer as coisas, costumes e

hbitos sociais, sistemas de comunicao e crenas, transmitidas de gerao em gerao.

A prpria evoluo social do homem confunde-se com as tecnologias desenvolvidas e empregadas em cada poca. Essa relao apresenta-se at na forma como as diferentes pocas da histria da humanidade so reconhecidas pelo avano tecnolgico correspondente. Idades da pedra, do bronze, do ferro, correspondem, na verdade, a momentos em que esses recursos foram transformados e utilizados como tecnologias pelos homens. O avano cientfico da humanidade amplia o conheci-mento sobre esses recursos e cria tecnologias cada vez mais sofisticadas.

A evoluo tecnolgica impe-se e transforma o comportamento indivi-dual e social. A economia, a poltica, a diviso social do trabalho, em diferentes pocas, refletem os usos que os homens fazem das tecnologias que esto na base do sistema produtivo.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Desde o perodo inicial da Revoluo Industrial - baseada na mecanizao da indstria txtil e no uso industrial da mquina a vapor, at o momento atual, em que predominam as tecnologias eletrnicas de comunicao e informa-o e a utilizao da informao como matria-prima - que o homem transita culturalmente por intermdio das tecnologias. Elas transformam suas maneiras de pensar, sentir, agir. Mudam tambm suas formas de se comunicar e de adquirir conhecimentos.

As Novas Tecnologias da Informao e da Comunicao - NTIC -articulam vrias formas eletrnicas de armazenamento, tratamento e difuso da informao. Tornam-se mediticas aps a unio da informtica com as telecomunicaes e os audiovisuais. Geram produtos informacionais que tm, como algumas de suas caractersticas, a possibilidade de interao comunicacional e a linguagem digital.

Meditica: qualidade da mdia que combina recursos audiovisuais, telecomunicaes e informatizao.

As tecnologias da comunicao evoluem sem cessar e com muita rapidez. Geram produtos diferenciados e sofisticados - telefones celulares, fax, softwares, vdeos, computador multimdia, Internet, televiso interativa, realidade virtual, videogames - que nem sempre so acessveis a todas as pessoas, pelos seus altos preos e pela necessidade de conhecimentos especficos para sua utilizao.

Digital [do latim digitale], informao que utiliza os nmeros 1 e 0, que permitem inmeras combinaes. Nos computadores so usados para compor o cdigo binario, que usa esses dois dgitos.

Atividade 2: 1. Monte um glossrio ilustrado das palavras destacadas em

negrito no pargrafo anterior. 2. Procure selecionar figuras e desenhos em folhetos, catlogos,

revistas, jornais, livros. 3. Se voc tem acesso Internet, utilize um programa de busca

para localizar suas definies ou use um dicionrio. 4. Visite lojas de eletrodomsticos e informe-se sobre as

caractersticas desses equipamentos, procurando manuse-los.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

1.2. Tecnologias no se limitam a suportes

As novas tecnologias, caracterizadas como mediticas, so mais do que simples suportes. Elas interferem nos modos de pensar, sentir, agir, relacionar-se socialmente e adquirir conhecimentos. Criam uma nova cultura e um novo modelo de sociedade. Essa nova sociedade - essen-cialmente diferente da sociedade industrial que a antecedeu, baseada na produo e no consumo de produtos iguais, em massa - caracteri-za-se pela velocidade das alteraes no universo informacional e na necessidade de permanente atualizao do homem para acompanhar essas mudanas. Neste novo momento social, "o elemento comum subjacente aos diversos aspectos de funcionamento das sociedades emergentes o tecnolgico"4.

Sociedade tecnologica e do conhecimento A sociedade tecnolgica, baseada nas possibilidades de informao e comunicao da mdia, caracteriza-se por uma articulao global do mercado econmico mundial e por mudanas significativas na natureza do trabalho e sua organizao, na produo e no consumo de bens. Mas sobretudo no papel atribudo ao conhecimento cientfico e s NTIC e nas formas de acesso, aquisio e utilizao dessas informaes que possvel observar os novos fatores de mudana e de dinamismo econmico e social.

A televiso, como tecnologia, um desses fatores de mudana que h muito tempo abandonou suas caractersticas de mero suporte e criou sua prpria lgica, sua linguagem e maneiras particulares de comuni-car-se com o homem por meio de suas capacidades perceptivas, emo-cionais, cognitivas e comunicativas.

Quando estamos envolvidos com o enredo de um filme de terror, custa-mos a nos lembrar que apenas um filme. Nossa primeira forma de compreender emocional5. Primeiro assustamo-nos e s depois anali-samos o que vemos na mdia, utilizando nosso raciocnio.

4 TORTAJADA, J. y PELAEZ (eds.) Ciencia, tecnologa y sociedad. Madrid: Sistema, 1997. 5 REEVES, B. e NASS, C. The media equation. How people treat computers, television and new media

like real people and places. Stanford, Ca: CSLI, 1996.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

A compreenso da televiso corno um dos principais meios de aquisi-o de informaes orienta a nossa observao para a forma especial como essa aquisio acontece. Ao contrrio da leitura de livros, orienta-da no sentido do alfabeto (horizontalmente, da esquerda para a direita), a "leitura" televisiva ocorre por meio de "olhadelas rpidas", diz-nos Kerckhove6. A imagem percebida pelo telespectador por meio da jun-o de pontos dispersos na tela.

Atividade 3: 1. Voc j assistiu a um filme ou vdeo cuja histria/enredo j tivesse

lido em livro ou vice-versa? 2. Que diferenas voc aponta entre essas formas distintas de

linguagem?

As crianas, que esto muito acostumadas com a percepo das ima-gens televisivas, tentam utilizar o mesmo processo para a leitura dos textos impressos. No d certo. A leitura requer prtica repetitiva e ca-pacidade interpretativa.

Para ver televiso, aparentemente, no precisamos de instrues ou trei-namento. As imagens so construdas em nossa mente a partir dos est-mulos visuais oferecidos na tela, em um processo dinmico e veloz. Ver televiso interagir permanentemente com as imagens apresentadas na tela. Como diz Kerckhove7, a imagem formada no precisa necessa-riamente fazer sentido para ns. O que se forma a imagem, que ir ficar gravada em nossa lembrana, mesmo sem a compreendermos to-talmente.

Atividade 4: 1. Agora reflita sobre as implicaes desse estudo de Kerckhove.

Se a TV fala mais emoo, pode, sozinha, responder pela educao do homem?

2. A TV dispensa uma leitura interpretativa? 3. Qual o seu papel como educador ao trabalhar TV e vdeo na

sala de aula?

6 KERCKHOVE, D. A pele da cultura. Lisboa: Relgio D'gua, 1997. 7 Idem, p. 48.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

1.3. Desafios para o educador

As tecnologias de comunicao e informao que utilizamos diariamente, como a televiso, por exemplo, oferecem formas novas de aprendizagem: novas lgicas, competncias e sensibilidades. Esses comportamentos so bem diferentes do processo linear, sistemtico e previsvel das aprendizagens em que predominam os aspectos supostamente racionais, privilegiados pelas formas regulares de ensino.

A distncia existente entre as especificidades das aprendizagens reali-zadas a partir das mediaes televisivas e as metodologias de ensino tradicionais de sala de aula constitui um grande desafio para o educador. Esse desafio pode ser encarado como um obstculo intransponvel. Diante dele a pessoa pode passar a ignor-lo ou pode v-lo como oportunidade para a realizao de parcerias, integrando as prticas e os saberes escolares s possibilidades de aprendizagem oferecidas pela televiso.

Atividade 5: Procure refletir sobre essas questes, lembrando tambm os estudos de Kerckhove. Use at doze linhas. 1. Voc usa a televiso para aprender e ensinar? 2. E seus alunos, como usam a televiso? 3. Palavra e imagem excluem-se, complementam-se ou justapem-

se? 4. Observe as relaes entre palavra e imagem num programa

de TV. 5. Experimente ver apenas as imagens e desligar o som. 6. Agora experimente o contrrio. Procure colocar-se no lugar

de pessoas portadoras de necessidades especiais, como os cegos e os surdos. Registre suas observaes.

As tecnologias da informao e da comunicao so intermedirias entre quem aprende e os contedos por elas veiculados. Recordaes e posicionamentos pessoais do um sentido peculiar informao. Os acervos de lembranas e de conhecimentos vivenciados, ao serem re-cuperados, trazem conscincia as emoes e as circunstncias do momento em que ocorreram, tomando a mensagem original e individuali-zada.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Assim, um mesmo som pode ser para uns entendido como "barulho" e para outros como "msica". Diante de uma mesma histria algumas pes-soas sorriem e outras choram. So respostas afetivas individualizadas s provocaes comunicacionais proporcionadas pela mdia de manei-ra geral. Nessas respostas emocionais h tambm um lado coletivo. A emoo pode provocar uma aproximao maior entre a informao e a pessoa. Um clima de identidade em que a pessoa funde suas prprias experincias e anseios na histria contada e vivida por outrem, mesmo que essa histria seja pura fico.

Esse clima de identidade e empatia vivenciado com as imagens televisivas pode facilitar a adoo de "modelos de comportamentos", transferidos da narrativa do vdeo para a vida real. Modelos que preci-sam ser vistos com cuidado para no se afastar demais da realidade prxima das pessoas a quem o programa se dirige.

Empatia: tendncia para sentir o que sentiria caso estivesse na situao e nas circunstncias experimentadas por outra pessoa.

Atividade 6: 1. H diferena entre ler uma notcia no jornal, ouvi-la no rdio e

v-la na televiso? 2. Qual a importncia de saber unir imagem, comunicao oral e

escrita? 3. Estamos preparados para pensar com imagens e palavras? 4. Pense em algumas imagens que falam sem palavras. 5. Pense em algumas imagens que falam com palavras.

1.4. Democratizao do acesso

A democratizao do acesso a esses produtos tecnolgicos um gran-de desafio para a sociedade atual e demanda esforos e mudanas nas esferas econmica e educacional. Para que todos possam ter informa-es e utilizar de modo confortvel as novas tecnologias, preciso um grande esforo educacional. Como as tecnologias esto permanente-mente em mudana, a aprendizagem contnua conseqncia natural do momento social e tecnolgico que vivemos, a ponto de podermos chamar nossa sociedade de "sociedade de aprendizagem".

Diante dessa realidade, o papel do professor tambm se altera. Muitos professores j sentiram que precisam mudar a sua maneira de ensinar.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Uma outra iniciativa em educao a distncia no pas ocorreu com a formalizao do consrcio da Universidade Virtual Pblica do Brasil -UniRede, que juntamente com a Seed/MEC realiza este curso em que voc est matriculado(a).

A integrao destas duas iniciativas (TV Escola e UniRede) no projeto TV na Escola e os Desafios de Hoje visa ao oferecimento de cursos e atividades com qualidade, procurando atender demanda de qualifica-o por meio da TV, vdeo e outras tecnologias no cotidiano escolar. Em breve poder-se- integrar vdeo e Internet para a educao a distncia, abrindo o caminho da TV Escola em direo a um esquema mais interativo.

Atividade 8: 1. Voc pensou na TV Escola como processo de democratizao da

tecnologia? 2. Voc usa a TV Escola? 3. Seus alunos esto includos ou permanecem excludos desse

patrimnio de imagens, livros e revistas?

"O mais grave da situao que os desafios da comunicao colocam para a educao que, enquanto os filhos da burguesia entram em interao com o ecossistema informacional e comunicativo a partir do seu prprio lar, os filhos dos pobres - cujas escolas no tm a menor interao com o meio informtico (sendo que para eles a escola um espao decisivo para o acesso s novas formas de conhecimento) -esto ficando excludos do novo espao de trabalho profissional que a cultura tecnolgica configura. Da a importncia estratgica que hoje assume uma escola capaz de um uso criativo e crtico dos meios de comunicao de massa e das tecnologias da informtica13."

13 MARTN-BARBERO, J. obra citada. 1999, p. 40.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Atividade 9:

O hbito de ver televiso caracterstica cultural da nossa poca. O espao televisivo fez-se o centro de informaes e referncias sociais e culturais, tornou-se parceiro de interlocues e interaes afetivas em uma sociedade mltipla, dispersa e fragmentada.

No texto a seguir voc encontrar uma cena do cotidiano.

"A rotina e os hbitos vespertinos de minha av se alteraram quando o seu cotidiano foi invadido pelas imagens da televiso. Velhinha, minha av deixou as leituras e os bordados e passou a se arrumar para receber as visitas dirias que vinham atravs daquele estranho aparelho. Na sua maneira de perceber, era impossvel que a "janela tecnolgica" fosse unidirecional. Se ns vamos os que estavam "do outro lado", eles tambm nos percebiam. Arrumada e perfumada, ela sentava-se na sala para ver e ser vista. E, em alguns momentos, arriscava um aceno ou sorriso para os seus artistas preferidos...."

Comente a cena considerando os questionamentos a seguir, dentre outros que lhe ocorram.

1. Voc j vivenciou alguma situao desse tipo, relacionada s tecnologi-as? Procure recuperar experincias, conhecimentos, sentimentos, emoes, dificuldades.

2. Como voc reagiu chegada da televiso na escola? E hoje, o que pensa a respeito dessa experincia?

Atividade 10:

Com suas prprias palavras, comente trs idias que considerou fundamentais no estudo desta unidade. Use de dez a quinze linhas.

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Bibliografia

CHAUCHARD, P. El cerebro y la mano creadora. Madrid: Narcea, 1972. KENSKI, VANI MOREIRA, O papel do professor na sociedade digital n

Didtica. So Paulo: FEUSP, 2000 (no prelo). ---------------------"Educao para a sociedade da informao". In Livro

Verde, Braslia: MCT, verso preliminar. 2000. Cap. 5. KERCKHOVE, D. A pele da cultura, Lisboa: Relgio D'gua, 1997. MARTN-BARBERO, J. Novos Regimes de Visualidade e

Descentralizaes Culturais. In Mediatamente! Televiso, cultura e educao. Braslia: Secretaria de Educao a Distncia/Ministrio da Educao, 1999. Srie Estudos de Educao a Distncia (p. 17-40).

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TORTAJADA, J. y Pelaez (eds.) Ciencia, tecnologa y sociedad. Madrid: Sistema, 1997.

tempo de concluir essa fase do Memorial!

Unidade 2

Linguagem da TV e novos modos de compreender1

Introduo

Nesta unidade voc vai refletir sobre as caractersticas da comunicao desenvolvida pela televiso e outros meios. A imagem televisiva superpe linguagens e mensagens, somando-as, sem entretanto separ-las. Isso fa-cilita a interao com a audincia e aumenta seu poder de influncia. So-mos tocados pela comunicao televisiva sensorial, emocional e racional-mente. Sua linguagem poderosa, dinmica, responde tanto sensibilidade das crianas e dos jovens quanto dos adultos, dirigindo-se antes afetividade que razo, interferindo nas atividades perceptivas, imaginati-vas e comportamentais.

Somos todos "educados" pela mdia, embora no somente por ela. Na es-cola podemos compreender e incorporar mais e melhor as novas lingua-gens, desvendando seus cdigos, suas possibilidades expressivas e pos-sveis manipulaes. A partir de seu estudo podemos desenvolver habilidades e atitudes para compreender seus processos, resistir a eles quando for o caso e utiliz-los colaborativamente. Assim, mexeremos no essencial em vez de dar apenas um verniz de modernidade ao nosso tra-balho.

Objetivos especficos

1. Identificar as caractersticas da comunicao pela televiso e pelo vdeo. 2. Compreender a influncia desses veculos sobre os modos de ser e

comportar-se dos cidados.

Esta unidade foi construda a partir do original de Jos Manuel Moran. Linguagens da TV e do vdeo Braslia, Seed/MEC-UniRede, 2000 (mimeo.)-

TV na Escola e os Desafios de Hoje

3. Analisar as contribuies especficas da televiso e do vdeo. 4. Apreciar o uso didtico da televiso e do vdeo no ensino bsico e na

formao de professores.

Contedo:

2.1. Linguagens da TV e do vdeo 2.2. Televiso e modos de aprender

2.1. Linguagens da TV e do vdeo

A TV fala primeiro aos sentimentos, s emoes - "o que voc sentiu", no o que voc conheceu. Essa frase procura explicar a maneira como a televiso nos aborda. Mostra que as idias esto embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva. A televiso mexe com o emocional, com as nossas fantasias, desejos, instintos. Observe que imagem, palavra e msica integram-se dentro de um contexto comunicacional afetivo, de forte impacto emocional, que facilita e predispe a aceitar mais facilmente as mensagens.

Para aprofundar essa reflexo conveniente que voc dedique parte de seu tempo a assistir a programas de TV e adote a postura de observador diante da tela.

Atividade 11: 1. Faa uma lista dos programas de TV a que voc assiste.

2. Localize-os na programao da televiso que aparece em jornais ou revistas.

3. Marque os programas que mais gosta de ver. Caso voc no possa v-los no horrio programado, se tiver acesso a um videocassete poder programar sua gravao e v-los num horrio mais conveniente para voc.

4. O que o(a) atrai mais nesses programas? Qual a sua opinio sobre eles?

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Voc j deve ter escutado na televiso alguns comentrios sobre a con-corrncia das emissoras pela preferncia do pblico aos seus progra-mas. E o chamado ndice de audincia. Procure lembrar de pelo menos dois programas que tm alcanado melhor ndice de audincia.

Note que, na procura desesperada pela audincia imediata e fiel, a TV desenvolve estratgias e frmulas de seduo mais e mais aperfeioa-das: o ritmo alucinante das transmisses ao vivo, a linguagem concreta, plstica, visvel. A televiso combina imagens estticas e dinmicas, ima-gens ao vivo e gravadas, imagens de captao imediata, imagens referenciais (registradas diretamente com a camera) com imagens cria-das por um artista no computador. Junta imagens sem ligao referencial (no relacionadas com o real) com imagens "reais" do passado (arqui-vo, documentrios) e mistura-as com imagens "reais" do presente e ima-gens do passado "no-reais". Passa com incrvel facilidade do real para o imaginrio, aproximando-os em frmulas integradoras, como nas tele-novelas.

Identifique em um programa de televiso uma situao em que a emoo muito enfatizada e o(a) emocionou muito.

A eficcia de comunicao dos meios eletrnicos, em particular da tele-viso, deve-se capacidade de articulao, de superposio e de com-binao de linguagens totalmente diferentes - imagens, falas, msica, escrita - com uma narrativa fluida, uma lgica pouco delimitada, gne-ros, contedos e limites ticos pouco precisos, o que lhe permite alto grau de ambigidade, de interferncias por parte de concessionrios, produtores e consumidores.

A imagem na televiso, no cinema e no vdeo sensorial, sensacional e tem um grande componente subliminar, isto , passa muitas informa-es que no captamos conscientemente. Como voc j deve ter obser-vado, nosso olho nunca consegue captar toda a informao. Ento es-colhe um nvel que capte o essencial, o suficiente para dar um sentido ao caos e organizar a multiplicidade de sensaes e dados. Foca a aten-o em alguns aspectos analgicos, nas figuras destacadas, nas que se movem, e com isso conseguimos acompanhar uma estria. Mas, dessa maneira, deixamos de lado inmeras informaes visuais e sen-soriais que no so percebidas conscientemente.

Analgico: que passvel de comparao porque tem semelhana.

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Arqutipo: modelo ancestral de seres

criados; imagens psquicas do inconsciente

coletivo que so patrimnio comum de diversas civilizaes;

padro, exemplar, prottipo.

Close: fotografia de um objeto ou sujeito muito

prximos da cmera.

E de onde vem a fora da linguagem audiovisual? Ela est em conse-guir dizer muito mais do que captamos, chegar simultaneamente por mais caminhos do que conscientemente percebemos. Encontra dentro de ns uma repercusso em imagens bsicas, centrais, simblicas, arquetpicas, com as quais nos identificamos ou que se relacionam conosco de alguma forma.

Voc j parou para observar como televiso e vdeo partem do concre-to, do visvel, do imediato, prximo, que toca todos os nossos sentidos? Podemos mesmo afirmar que eles mexem com o corpo, com a pele -tocam-nos como 'locamos" os outros, esto ao nosso alcance por meio dos recortes visuais, do close, do som estreo envolvente. Pelo vdeo sen-timos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, a ns mesmos.

Atividade 12: 1. Sublinhe, no mnimo, cinco expresses lidas nos pargrafos

anteriores (por exemplo: ritmo alucinante, impacto emocional, imagens referenciais, etc).

2. Com a lista resultante mo, assista ao seu programa favorito de TV.

3. Procure encontrar nele e nos comerciais que se intercalam cenas relacionadas com as expresses que voc destacou no texto.

4. Anote outros aspectos que voc no registrou antes, mas percebeu ao acompanhar o programa escolhido.

Televiso e vdeo exploram tambm e basicamente o ver, o visualizar, o ter diante de ns as situaes, as pessoas, os cenrios, as cores, as relaes espaciais (prximo-distante, alto-baixo, direita-esquerda, grande-pequeo, equilibrio-desequilibrio). Desenvolvem um ver entrecortado - com mltiplos recortes da realidade - por meio dos pla-nos - e muitos ritmos visuais: imagens estticas e dinmicas, cmera fixa ou em movimento, uma ou vrias cameras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao vivo, gravadas ou criadas no computador. Um ver que est situado no presente, mas que o interliga no linearmente com o passado e com o futuro.

Narrador em affi pessoa no visvel na cena

apresentada, cuja voz ouvimos.

O ver est, na maior parte das vezes, apoiando o falar, o narrar, o contar estrias. A fala aproxima o vdeo do cotidiano, de como as pessoas se comunicam habitualmente. Os dilogos expressam a fala coloquial, en-quanto o narrador (normalmente em off) "costura" as cenas, as outras

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falas, dentro da norma culta, orientando a significao do conjunto. A narrao falada ancora todo o processo de significao.

A msica e os efeitos sonoros servem como evocao, lembrana (de situaes passadas), ilustrao - associados a personagens do pre-sente, como nas telenovelas - e criao de expectativas, antecipando reaes e informaes.

O vdeo tambm escrita. Os textos, as legendas, as citaes apare-cem cada vez mais na tela, principalmente nas tradues (legendas de filmes) e nas entrevistas com estrangeiros. Escrever na tela hoje fcil em funo do gerador de caracteres, que permite colocar na tela tex-tos coloridos, de vrios tamanhos e com rapidez, fixando ainda mais a significao atribuda narrativa falada.

TV e vdeo so sensoriais, visuais, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, soma-das, no separadas. Da a sua fora. Atingem-nos por todos os sentidos e de todas as maneiras. Televiso e vdeo seduzem-nos, informam-nos, entretm-nos, projetam-nos em outras realidades (no imaginrio) e em outros tempos e espaos.

Televiso e vdeo combinam a comunicao sensrio-cinestsica com a audiovisual, a intuio com a lgica, a emoo com a razo. Integrao que comea pelo sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para atingir posteriormente o racional.

Note que uma comunicao poderosa. As novas tecnologias de multimdia e realidade virtual esto tornando o processo de simulao exagerado ao ponto de confundir-se com a experincia, explorando-o at limites antes inimaginveis.

Gerador de caracteres: dispositivo utilizado em TV para colocao de textos sobre as imagens (legendas, ttulos, crditos).

Comunicao sensrio-cinestsica: mensagem que nos

alcana por meio dos sentidos e inclui a percepo do prprio corpo.

Atividade 13: 1. Faa um exerccio semelhante ao anterior, agora sublinhando

aspectos ligados ao ver, ao visualizar e s relaes espaciais (cenrios,cores, cmera fixa ou em movimento, etc).

2. Tire o som de um telejornal: perceba como a narrao falada ancora o processo de significao. Procure descobrir a diferena entre ncora e locutor.

3. Identifique propagandas que falem aos seus sentidos (olfato, I paladar, tato, audio e viso), com suas emoes ou que

combinem diferentes intenes.

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Contigidade: estado de proximidade, de

vizinhana.

TV e vdeo encontraram a frmula de comunicar-se com a maioria das pessoas, tanto crianas como adultas. O ritmo torna-se cada vez mais alucinante (por exemplo nos videoclips). A lgica da narrativa no se baseia necessariamente na causalidade, mas na contigidade, em colocar um pedao de imagem ou estria ao lado da outra. A sua ret-rica conseguiu encontrar frmulas que se adaptam perfeitamente nos-sa sensibilidade. Na TV e no vdeo usa-se uma linguagem concreta, plstica, de cenas curtas, com pouca informao de cada vez, com rit-mo acelerado e contrastado, multiplicando os pontos de vista, os cen-rios, os personagens, os sons, as imagens, os ngulos, os efeitos.

Se voc prestar ateno, vai notar que os temas so pouco aprofun-dados, explorando os ngulos emocionais, contraditrios, inesperados. Passam a informao em pequenas doses (compacto), organizadas em forma de mosaico (rpidas snteses de cada assunto) e com apre-sentao variada (cada tema dura pouco e ilustrado). A ligao frgil entre esses segmentos permite inmeras concluses, que variam con-forme as diferenas individuais, aumentando a imprevisibilidade das respostas e a autonomia da compreenso. Quando a conexo entre as partes da mensagem no trabalhada satisfatoriamente, corre-se o ris-co de uma apreenso dogmtica da mesma.

Navegar: deslocar-se metodicamente em meio

ao oceano de informaes e imagens, por intermdio

da leitura de sinalizao orientadora.

As mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforo e envol-vimento do receptor. Este tem cada vez mais opes, mais possibilida-des de escolha (controle remoto, canais por satlite, por cabo, escolha de filmes em vdeo). Comeamos a ter maior possibilidade de interao: televiso bidirecional; jogos interativos; navegar pelas imagens e por bancos de dados da Internet; acessar a Internet pela televiso e realizar inmeros servios virtuais na tela: compras, comunicao, aulas. A pos-sibilidade de escolha e participao e a liberdade de canal e acesso facilitam a relao entre voc (espectador) e os meios.

As linguagens da TV e do vdeo respondem sensibilidade dos jovens e da maioria da populao adulta. So dinmicas, dirigem-se antes afetividade do que razo. O jovem l o que pode visualizar, precisa ver para compreender. Tda a sua fala mais sensrio-visual do que racio-nal e abstrata. L, vendo.

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Atividade 14: 1. Assista e compare programas de auditrio para crianas, jovens

e adultos. 2. Analise a diferena entre os trs, observando msicas; cores;

movimentaes de cmera; relao entre apresentador e platia; filmes; documentrios ou desenhos inseridos durante o programa e outros aspectos que lhe chamaram a ateno.

3. Escreva em trs colunas e reflita sobre o que descobriu. Volte a ler este mdulo sempre que necessrio.

A linguagem audiovisual desenvolve mltiplas atitudes perceptivas: soli-cita constantemente a imaginao e atribui afetividade um papel de mediadora primordial, enquanto a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organizao, a abstrao e a anlise lgica.

Observe que a organizao da narrativa televisiva, principalmente a vi-sual, no se baseia somente na lgica convencional, na coerncia inter-na, na relao causa-efeito, no princpio de no-contradio, mas sim numa lgica mais intuitiva, mais conectiva. Imagens, palavras e msica vo se agrupando segundo critrios menos rgidos, mais livres e subjeti-vos dos produtores. Em contrapartida, a lgica da recepo tambm menos racional, mais intuitiva.

Um dos critrios principais a contigidade, a justaposio por algum tipo de analogia, de associao por semelhana ou por oposio, por contraste. Ao colocar pedaos de imagens ou cenas juntas, em seqn-cia, criam-se novas relaes, novos significados, que antes no existi-am e que passam a ser considerados aceitveis, "naturais", "normais".

Quando juntamos dois fatos, dois objetos, podemos produzir um novo significado. A justaposio no uma soma, mas um novo produto. O que se conclui? Ao associar um osso lanado ao espao a uma nave, o que podemos concluir, o que a justaposio dessas duas imagens faz significar? Qual o novo significado, a nova idia que surge?

Essa combinao que se faz entre duas imagens de modo a produzir uma nova idia que no estava presente em nenhuma das anteriores chamada de montagem.

Justaposio: colocar partes em proximidade espacial, formando um novo todo.

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A televiso estabelece uma conexo aparentemente lgica entre mos-trar e demonstrar. Mostrar igual a demonstrar, a provar, a comprovar. A fora da imagem to evidente que difcil para voc, para ns, no fazer essa associao comprobatoria ("se uma imagem me impressio-na, verdadeira"). Tambm muito comum a lgica de generalizar a partir de uma situao concreta. Do individual, tendemos ao geral. uma situao isolada converte-se em situao padro. A televiso, princi-palmente, transita continuamente entre as situaes concretas e a ge-neralizao. Mostra dois ou trs escndalos na famlia real inglesa e tira concluses sobre o valor e a tica da realeza como um todo.

Ao mesmo tempo, o que a televiso no mostra parece-nos que no existe, no acontece. O que no se v, perde existncia ("o que os olhos no vem o corao no sente"). Um fato mostrado com imagem e pa-lavra tem mais fora do que se somente mostrado com a palavra. Mui-tas situaes importantes do cotidiano perdem fora, por no terem sido valorizadas pela imagem-palavra televisiva.

Em nossa cabea, o vdeo est umbilicalmente ligado televiso e a um contexto de lazer, de entretenimento, que passa imperceptivelmen- te para a sala de aula. Vdeo, na cabea dos alunos, significa descanso e no "aula", o que modifica a postura, as expectativas em relao ao seu uso. Precisamos aproveitar essa expectativa positiva para atra-los para os assuntos do nosso planejamento pedaggico. Mas, ao mesmo tempo, voc sabe que necessitamos prestar ateno para estabelecer novas pontes entre o vdeo e as outras dinmicas da aula.

O vdeo e a TV comeam a interagir e a integrar-se com outras mdias digitais como a Internet, principalmente com banda larga, que permite a disponibilizao de muitos materiais audiovisuais em tempo real e off line, a transmisso de aulas e eventos, o download de sons e imagens.

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medida que avanarmos para a TV digital, a integrao com a Internet ser maior. A Internet est caminhando para ser audiovisual, para trans-misso em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou comentrios).

Cada vez ser mais fcil fazer integraes mais profundas entre TV e Web (a parte da Internet que nos permite navegar, fazer pesquisas...). Enquanto assiste a determinado programa, o telespectador pode tam-bm acessar simultaneamente as informaes que achar interessantes sobre o programa, acessando o site da programadora na Internet ou outros bancos de dados. Diante de imagens que nos interessam, pode-remos clicar nelas e entrar em um banco de dados que nos amplie as informaes desejadas. Se nos mostram um anncio de um produto que nos chama a ateno, podemos encomend-lo instantaneamente.

O vdeo ser lentamente substitudo pelo DVD e pela Internet de banda larga, mas as funes fundamentais de registro, entretenimento e produ-o continuaro de forma ainda mais interativa e integrada.

com o aumento da velocidade e de largura de banda, ver-se e ouvir-se a distncia ser corriqueiro. O professor poder dar uma parte das aulas da sua sala e ser visto pelos alunos onde eles estiverem. Em uma parte da tela do aluno aparecer a imagem do professor, e ao lado um resumo do que est falando. O aluno poder fazer perguntas no modo chat ou sendo visto, com autorizao do professor, por este e pelos colegas. Essas aulas ficaro gravadas e os alunos podero acess-las off line, quando acharem conveniente.

2.2. Televiso e modos de aprender

Antes de chegar escola, a criana j passou por processos de educa-o importantes: o familiar e o da mdia eletrnica. No ambiente famili-ar, mais ou menos rico cultural e emocionalmente, ela vai desenvolvendo suas conexes cerebrais, seus roteiros mentais e emocionais e suas linguagens. Os pais, principalmente a me, facilitam ou complicam, com suas atitudes e formas de comunicao mais ou menos maduras, o pro-cesso de aprender a aprender dos seus filhos.

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A criana educada tambm pela mdia, principalmente pela televi-so. Aprende a informar-se, a conhecer - os outros, o mundo, a si mes-ma -, a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo, ouvindo, 'locando" as pesso-as na tela, que lhe mostram como viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. A relao com a mdia eletrnica prazerosa - ningum obriga -, feita por meio da seduo, da emoo, da explorao sensorial, da narrativa - aprendemos vendo as estrias dos outros e as estrias que os outros nos contam. Mesmo durante o perodo escolar, a mdia mostra o mundo de outra forma - mais fcil, agradvel, compacta - sem precisar de muito esforo. Ela fala do cotidiano, dos sentimentos, das novidades. A mdia continua "educando" como contraponto educao convencio-nal. "Educa" enquanto nos entretm.

Atividade 15: 1. Quanto tempo seus alunos passam diante de uma

televiso? 2. Quais os programas mais assistidos pelos seus alunos? 3. Qual seria o seu papel como educador diante disso?

A educao escolar pode compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus cdigos, dominar as possibilidades de expresso e as possveis manipulaes. importante educar para usos democrticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que facilitem a evoluo dos indivduos. O poder pblico pode propiciar o acesso de todos os alunos s tecnologias de comunicao como uma forma paliativa, mas necessria, de oferecer melhores oportunidades aos pobres, e tambm para contrabalanar o poder dos grupos empre-sariais e neutralizar tentativas ou projetos autoritrios.

Se a educao fundamental feita pelos pais e pela mdia, urgem aes de apoio aos pais para que incentivem a aprendizagem dos filhos des-de o comeo da vida deles, por meio do estmulo, das interaes, do afeto. Quando a criana chega escola, os processos fundamentais de aprendizagem j esto desenvolvidos de forma significativa. Urge tam-bm a educao para as mdias, para compreend-las, critic-las e utiliz-las da forma mais abrangente possvel.

A educao para os meios comea com a sua incorporao na fase de alfabetizao. Alfabetizar-se no consiste s em conscientizar os cdi-

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gos da lngua falada e escrita, mas os cdigos de tdas as linguagens do homem atual e de sua interao. A criana, ao chegar escola, j sabe ler histrias complexas, como uma telenovela, com mais de trinta personagens e cenrios diferentes. Essas habilidades so praticamen-te ignoradas pela escola, que, no mximo, utiliza a imagem e a msica como suportes para facilitar a compreenso da linguagem falada e es-crita, mas no pelo seu valor intrnseco. As crianas precisam desenvol-ver mais conscientemente o conhecimento e a prtica da imagem fixa, da imagem em movimento, da imagem sonora e fazer isso como parte do aprendizado central e no marginal. Aprender a ver mais completa-mente o que j esto acostumadas a ver, mas que no costumam perce-ber com maior profundidade (como os programas de televiso).

O desenvolvimento do conhecimento um dos aspectos fundamentais da escola e deve ser acompanhado do desenvolvimento de habilidades e de atitudes. Habilidades que levem o indivduo a caminhar sozinho, a interpretar os fenmenos, a saber expressar-se melhor, a comunicar-se com facilidade, a dominar atitudes que o ajudem a ter auto-estima, im-pulso para avanar, para querer aprender sempre, evitando isolar-se, e colaborando para chegar a uma sociedade mais justa.

A utilizao que faremos das tecnologias mais avanadas conseqn-cia do que somos, de como nos relacionamos com os outros e com a vida. Se somos pessoas abertas, iremos utiliz-las para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Se somos pessoas fechadas, desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial, como um substitutivo das relaes com outras pessoas. Se somos autoritrios, manipularemos as tecnologias para controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interao no est fundamentalmente nas tecnolo-gias, mas nas nossas mentes.

Educar com a nova mdia ser uma revoluo, se mudarmos simultane-amente os paradigmas convencionais do ensino, que mantm distan-tes professores e alunos. Caso contrrio, conseguiremos apenas um verniz de modernidade, sem mexer no essencial.

Paradigma: forma padronizada ou modelo orientador da pesquisa e da organizao de seus resultados, em um campo delimitado de conhecimento.

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Atividade 16: 1. Voc pode estar pensando: j que vem tanta coisa nova por a,

vale a pena estar discutindo como trabalhar com televiso e vdeo?

2. Observe que computador, Internet, WEB e TV continuam utilizando texto e imagem. H outras possibilidades, outros desenhos, mas continuamos precisando saber ler, escrever, interpretar, raciocinar logicamente.

3. Precisamos saber trabalhar com o conjunto das tecnologias para educar com qualidade.

4. como a tecnologia que voc conhece pode ajud-lo a preparar-se para o futuro que se anuncia?

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MEC/Seed, 1998.

Sugesto de filmes sem fala: O Baile A guerra do fogo Baraka Tempos modernos - de Charles Chaplin e Buster Keaton (e outros filmes do cinema mudo)

tempo de concluir essa fase do Memorial!

Unidade 3

Formao do professor e educao a distncia: do impresso s redes eletrnicas1

Introduo

Voc est satisfeito com os meios e os modos do seu trabalho escolar dirio? Pense no comportamento dos alunos, no modo como eles se rela-cionam entre si e com voc ou com nossos colegas de profisso. Voc diria que sua comunidade escolar est interessada e participa esponta-neamente da busca de conhecimento? Olhe para os seus rostos. Mire nos seus olhos. Sinta a energia que a postura e a conduta de cada um deles expressa. Existem ferramentas e procedimentos que poderiam ajud-los a querer ir mais longe, modificar o sistema de ensino, obter mais e melhor aprendizagem? Todo educador quer isso. Esse , pelo menos, um dos motivos que o levou a inscrever-se neste curso e o trouxe ao tema desta unidade. O mais interessante que voc e os demais cursistas esto vivenciando um processo de formao realizado a distncia. Estudam o que esto vivendo e vice-versa. Fique atento para esse fato. Nem sempre se tem uma oportunidade como esta: experimentar simultaneamente teo-ria e prtica e observar a coerncia de ambas ou eventuais inconsistn-cias entre elas. Vamos juntos...

Objetivos especficos

Estimar o potencial das tecnologias da informao e da comunicao no sistema escolar didtico e administrativo.

Avaliar a importncia de recorrer a essas tecnologias. Considerar as implicaes da utilizao dessas tecnologias em nossas

escolas. Apreciar critrios para uso educativo dessas tecnologias.

Esta unidade foi construda a partir dos seguintes originais: Maria Helena Silveira. Concepes e funes de TV e vdeo na comunicao educativa. Braslia, Seed/MEC-UniRede. 2000 (mimeo) e Paulo Pavarini Raj. Formao do professor e a EAD: do papel Internet. Braslia, Seed/MEC-UniRede. 2000 (mimeo).

TV na Escola e os Desafios de Hoje

Distinguir recursos tecnolgicos. o Identificar relaes que articulam os diferentes recursos

tecnolgicos em beneficio da EAD.

Contedo:

3.1. Contexto atual da educao e suas demandas 3.2. Educao, para qu? 3.3. Apropriao educativa das tecnologias

3.1. Contexto atual da educao e suas demandas

No sculo que se inicia observamos uma demanda sem precedentes por educao em todos os nveis. Um exemplo atual que pode ilustrar essa demanda a procura de matrcula neste mesmo curso: cerca de 254 mil inscritos de todas as partes do pas. Generalizou-se a conscin-cia do direito educao e a convico de que, sem o acesso escola e aos estudos que nela se realizam, j no possvel viver bem e pro-gredir ou contribuir para que o sentido da histria seja mais justo e har-monioso. Samos do sculo da produo. Adentramos o sculo do co-nhecimento. Sculo que exige uma reviso de posicionamentos, a abertura dos espaos educacionais de forma a agregar um nmero muito maior de pessoas: todo o contingente humano participando da socie-dade da informao.

Procure retomar a discusso sobre democratizao, acesso e incluso que foi desenvolvida na unidade 1, revendo as

atividades que voc realizou sobre esse temas

Que tipo de escola poderia atender a tanta gente, com necessidades to diferentes, dispersa por esse mundo que o nosso pas? E se nem todos puderem chegar at a escola ou freqent-la nos horrios em que ela funciona? Se puderem, onde vai caber todo esse pessoal? como essa escola poderia superar as limitaes de tempo, de espao e de falta de profissionais qualificados? Quantos professores seriam necessrios e quantas geraes mais continuariam margem do "de-

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senvolvimento", at que tantos mestres fossem preparados e pudessem chegar onde seria preciso que chegassem? Que qualidade teriam os pro-cessos educativos dessa escola? Que administrao poderia suportar a flexibilizao do tempo da escolaridade e a disperso geogrfica dos alunos?

Responda, por favor, se essa escola j pode existir ou apenas um sonho. Em que ela seria diferente das escolas que voc

conhece? Faa uma lista com as caractersticas distintivas que essa escola teria.

As tecnologias da informao e da comunicao oferecem possibilida-des extraordinrias educao, presencial ou a distncia. A educao presencial, que tanto mais adequada quanto menor a idade dos alu-nos, beneficia-se da qualidade que aquelas tecnologias podem adicio-nar relao professor/aluno. A educao a distncia, alm de absorver essas qualidades para reduzir o isolamento de professores e alunos, amplia o alcance e a eficcia do processo educativo.

O livro, cada vez melhor ilustrado, o telefone e o fax, o rdio e o gravador, o cinema, a televiso e o videoteipe, o computador pessoal e o disquete ou o CD-ROM, as redes locais de computao e as redes de longa dis-tncia, das quais a Internet a mais falada, todos esses recursos, mais ou menos conhecidos, esto a para tornar possvel a escola que quere-mos construir. Voc os incluiu na sua lista de caracteres distintivos? Nossa lista tambm no foi exaustiva. Novos inventos nessa rea continuam produzindo outras ferramentas que podem servir aos nossos propsitos educativos, no ensino presencial ou na EAD. Mas s nos serviro se os conhecermos e se dominarmos os procedimentos ou tcnicas para utiliz-los. Mais do que isso, sero eficientes se forem usados de acordo com uma prtica pedaggica libertadora. Vamos nos deter um pouco sobre esse ponto?

3.2. Educao, para qu?

Note que uma tecnologia, da mais simples mais sofisticada, pode ser usada de modo a perpetuar sistemas didticos totalmente superados. A aula expositiva um procedimento de ensino que, usado oportunamen-te, pode apresentar excelentes resultados. Mas se abusamos dela e a

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tornamos permanente, nossos alunos aprendero muito menos do que poderiam. Pior ainda, aprendero a repetir informaes, como elas esto nos manuais.

Atividade 17: 1. como voc usa os recursos audiovisuais disponveis em sua

escola? 2. Considere desde o livro ou outros impressos, como recortes

de revistas ou artigos de jornal, passando pelos vdeos da TV Escola e chegando aos programas educativos informatizados. Voc os utiliza para obter o interesse dos alunos como espectadores e manter a ateno deles sobre a sua atividade docente?

Seria melhor que aprendessem a resolver problemas, no lhe parece? Se a educao para a vida, de pouco serve saber repetir de memria uma informao qualquer. Mas proceder de modo a resolver as dificul-dades do dia-a-dia uma capacidade valiosssima. Ora, a predomi-nncia da aula expositiva apenas um dos traos mais visveis de um sistema de ensino cujo sentido manter tudo como est.

Nesse sistema, o objetivo transmitir informaes para serem repeti-das. J comea com o contedo, que um meio, posto no lugar dos objetivos que so fins. A atividade do professor, no horrio escolar, exclusiva ou predominante. A atividade do aluno quase nenhuma ou, quando acontece, orientada para a memorizao de textos. Os recur-sos tecnolgicos, quando existem, so utilizados pelo professor para chamar a ateno sobre o que ele faz. As questes de avaliao costumeiramente cobram do aluno a reproduo da informao que lhe foi apresentada pelo professor e est contida no material impresso.

como voc pode ver, o sistema didtico, composto de objetivos, con-tedo e mtodo, e o sistema de avaliao, articulados entre si, condicionam o aluno a repetir o que j se sabe. No h nada mais con-servador do que isso. Os seres humanos, os nicos capazes de produ-zir cultura e fazer histria, podem ser sistematicamente adestrados para manter tudo como est, em benefcio de minorias privilegiadas.

Agora, veja voc que problemo se est criando. Vivemos um mundo em que tudo se est modificando e cada vez mais rapidamente: institui-es, costumes, modos de trabalhar. At mesmo os valores se alteram

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com a concentrao das populaes nas cidades, com os contatos in-ternacionais e com os intercmbios entre culturas; os meios de comuni-cao e transporte enriquecem a experincia quotidiana dos cidados; as cincias atualizam o conhecimento, e a produo de tecnologias mul-tiplica-o em novas aplicaes. E as geraes, uma aps a outra, esto sendo preparadas, na escola, para repetir respostas conhecidas, que antes funcionavam, porque havia menos mudanas, mas agora j no se ajustam s situaes da vida diria, constantemente modificadas. Ensinar respostas conhecidas j no basta. Os estudantes precisam aprender a produzir respostas novas para as condies inesperadas de vida que vo enfrentar.

uma educao para ser libertadora deve tomar como objetivo os modos de pensar, fazer e sentir dos alunos. Esses modos podem ser aperfeio-ados indefinidamente, qualificando os sujeitos do processo educativo. Todos os recursos didticos so meios para a realizao desses objetivos.

Modos de pensar so atividades abstratas que se utilizam de imagens ou de cdigos lingsticos para representar o mundo e preparar res-postas aos acontecimentos. Essas atividades tm recebido muitos nomes: habilidades, capacidades, competncias, operaes, compor-tamentos. O nome menos importante, desde que o aluno aprenda a pensar.

Modos de fazer so as aes que realizamos com o nosso corpo e com as ferramentas que podem ser consideradas prolongamentos dele. So tambm, como o pensamento, atividades. Diferem do pensamen-to porque so concretas, enquanto o pensar abstrato e se utiliza de imagens e signos. como atividades que so, as aes e o pensamento podem fazer-se metodicamente. Esse o sentido da educao libertadora: orientar o estudante para pensar e agir com mtodo, ou seja, proceder com autonomia, por si prprio, para resolver os proble-mas com os quais depare e, quando forem desconhecidos e no te-nham soluo j pronta, para responder a eles com originalidade ou criatividade.

Modos de sentir so, segundo Jean Piaget, uma energia que acompa-nha o que cada um de ns faz ou pensa. Pensamos ou fazemos com interesse, gosto ou raiva, por exemplo. A no ser por doena, h sem-pre alguma emoo, afeto ou valor nos nossos atos ou nas nossas

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reflexes, sobretudo quando fazem parte do convvio social. Sem essa energia, voc e eu estaramos to indiferentes vida ou morte quan-to um mineral.

Voc sabe que a distino entre pensar, fazer e sentir muito mais fcil de fazer na teoria do que na prtica. Na vida real, as fronteiras entre esses modos de ser so mveis e muito pouco ntidas. O fundamental, porm, para quem lida com o desenvolvimento humano, ter esses modos de ser como objetivos, para que o contedo ou as informaes codificadas em linguagens seja disposto como um meio para desenvol-ver os alunos e no um fim em si mesmo; para que a motivao dos estudantes no seja negligenciada, uma vez que, sem motivos, o estu-dante no participa ativamente do processo de aprender; para que a atividade do aluno predomine, pois s se pode aprender a pensar, pen-sando, a fazer, fazendo, e a sentir, sentindo; para que a avaliao seja usada no sentido de promover esses objetivos e no para obrigar o aluno a estudar, querendo ou no.

Atividade 18: 1. Reexamine os objetivos do seu trabalho educativo. Objetivos

sao resultados antecipados. Comente os resultados que sua escola tem conseguido.

2. Todos, em sua escola, esto juntos na inteno de ajudar os alunos a desenvolver seus modos de sentir, fazer e pensar?

3.3. Apropriao educativa das tecnologias

As modernas formas de comunicao eletrnica esto provocando mu-danas radicais no paradigma educacional do mundo inteiro.

A sala de aula, cujo modelo de ensino de massa remonta era industri-al, comea a conviver de forma contundente, com novas maneiras de estabelecer a relao professor-aluno. A escola vai ao aluno, seja utili-zando o meio mais tradicional - o material impresso, via correio Ou encartado em jornais - ou de gerao mais avanada, como rdio, audiocassete, TV, videocassete. Vai tambm aos que se valem das tec-nologias da informao e da comunicao como ferramenta de inter-

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cmbio. Estamos ingressando na era da escola virtual, na qual o conhe-cimento chega ao aluno interessado a qualquer hora e em qualquer lugar.

A confluncia dos meios de comunicao de massa e da informtica, consolidada na educao a distncia, ser a base desse novo paradigma, que mudar, drasticamente, o espao da sala de aula tal como hoje o conhecemos.

No se pode mais admitir a excluso, no ambiente da escola, do uso de tecnologias to corriqueiras nos ambientes de trabalho e domiciliares, que hoje so conhecidas, mesmo nos municpios mais distantes.

Um ambiente interativo, cujos contornos ainda no esto completamen-te definidos, poder modificar, em muito, as relaes entre pessoas e entre instituies, demandando que a educao se adapte a essa reali-dade emergente, sob pena de no preparar os alunos para o futuro em que vivero ao conclurem seus estudos, no os preparando sequer para o presente, mas para uma poca passada e deslocada das novas reali-dades. Modificar ou no, se considerarmos que os atuais padres de EAD, particularmente os que esto em uso nos EUA, so muito questionveis, pois baseiam-se excessivamente nos modelos de trans-ferncia de informao. por isso que voc deve articular sempre o recurso tecnolgico concepo de educao e vice-versa. Vejamos essa articulao mais de perto.

Atividade 19: 1. Converse com seus colegas sobre a histria da chegada de novos

recursos tecnolgicos na escola em que trabalha. 2. Houve necessidade de modificar os modos de trabalhar que

adotavam? 3. como vivenciaram essas transformaes? 4. Voc participou de algumas dessas etapas? 5. Elas produziram algum efeito em sua prtica pedaggica?

3.3.1.0 livro

H vrias dcadas vm sendo formulados projetos que incluem a imagem como meio educativo. Muitos anos de prtica de ensino refletida e

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de observao e anlise do processo de aprendizagem levam-nos a corroborar a proposta feita por Comenius, no sculo XVII, de estimular vrios dos nossos sentidos, simultaneamente, para que o estudante aprendesse melhor, recomendando muitas imagens. Sua primeira obra, que propunha incluir imagem e palavra para o ensino, merece neste sculo, o "sculo da imagem", nova reflexo quanto prtica pedaggica.

Os livros didticos datam do fim do sculo XIX, quando os educadores se decidiram a deixar de "ditar pontos" ou de faz-los copiar do quadro de giz e os adotaram como meio de ensino, associando-os a todo tra-balho pedaggico, apesar de suas evidentes inadequaes, imperfei-es ou erros. Um livro, tanto quanto um filme ou um vdeo, pode conter o melhor e o pior. Todos so veculos que podem ser utilizados no ensi-no, e uns no so necessariamente melhores que os outros, o que im-porta a poltica cultural e a ao docente. Mesmo tendo de usar um material pobre, como professor voc pode ensinar criticamente, se sou-ber faz-lo, no mesmo?

Hoje, os livros so veculos de informao al-tamente evoludos que ilustram, desde a inveno da impresso grfica por Gutenberg, os benefcios de quinhentos anos de engenhosi-dade humana e de desenvolvimento cultural. So feitos de contedo ilustrado, podendo ser usados desde a mais fina tipografia at os mais bem elaborados elementos grficos e fo-tografias. Contm ainda auxlios para navegao e localizao, tais como sumrios, ndices, glossrios e notas de rodap. Os livros so portadores durveis e compactos de in-formaes impressas.

Muitos cursos a distncia esto baseados principalmente em material impresso. Entre eles, o Programa de Formao de Professores em Exer-ccio - Proformao -, realizado pelo Ministrio da Educao, em par-ceria com estados e municpios das regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que oferece, atualmente, curso de nvel mdio para habilitao de professores leigos, com apoio de programas de vdeo.

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High Tech! Millor Fernandes

"Na deixa da virada do milnio, anuncia-se um revolucionrio conceito de tecnologia de informao, chamado de Local de Informaes Variadas, Reutilizveis e Ordenadas - LI. V.R.O. - que representa um avano fantstico na tecnologia. Nao tem fios, circuitos eltricos, pilhas. No necessita ser conectado a nada e nem ligado. to fcil de usar que at uma criana pode oper-lo. Basta abri-lo! Cada LI.V.R.O. formado por uma seqncia de pginas numeradas, feitas de papel reciclvel e capazes de conter milhares de informaes. As pginas so unidas por um sistema chamado lombada, que as mantm automaticamente em sua seqncia correta. Por meio do uso intensivo do recurso T.P.O. - Tecnologia do Papel Opaco -, permite que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade! Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expanso da insero de dados em cada unidade. que, para se fazer LI.V.R.O.s com mais informaes basta se usar mais pginas. Isso porm os torna mais grossos e mais difceis de ser transportados, atraindo crticas dos adeptos da portabilidade do sistema. Cada pgina do LI.V.R.O. deve ser escaneada pticamente, e as informaes transferidas diretamente para a CPU do usurio, em seu crebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informao a ser transmitida, maior dever ser a capacidade de processamento do usurio. Outra vantagem do sistema que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantneo prxima pgina. O L.l. V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizvel caso caia no mar, por exemplo. O comando browser permite acessar qualquer pgina instantaneamente e avanar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos venda j vem com o equipamento "ndice" instalado, o qual indica a localizao exata de grupos de dados selecionados. Um acessrio opcional, o marca-pginas, permite que voc acesse o L.l.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na ltima utilizao, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de pgina total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.l.V.R.O. sem necessidade de configurao. Alm disso, qualquer L.l.V.R.O. suporta o uso simultneo de vrios marcadores de pgina, caso seu usurio deseje manter selecionados vrios trechos ao mesmo tempo. A capacidade mxima para uso de marcadores coincide com o nmero de pginas. Pode-se ainda personalizar o contedo do L.l.V.R.O. por meio de anotaes em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um perifrico de Linguagem Apagvel Porttil de Intercomunicaes Simplificada - L.A.P.I.S. Porttil, durvel e barato, o L.l.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de

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entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema j disponibilizaram vrios ttulos e upgrades utilizando a plataforma LI V.R.O.2"

Atividade 20: A informao, hoje, est por tda parte: nos livros, no; audiovisuais, nos computadores, nos contedos programticos dos currculos e dos planos de ensino. As informaes, claro, so importantes, mas so meios didticos. 1. Meios para qu? 2. O que pode ser mais importante que a informao e sem o que

esta permaneceria inerte e intil nos livros e bibliotecas que a contm?

3.3.2. O cinema, a TV e o vdeo

Iconografia: arte de representar por meio de

imagens (fotografia, diagrama, mapa) que

apresentam relao de semelhana com o

referente.

Desde o fim do sculo XIX, as conquistas cientficas e tecnolgicas per-mitiram a reproduo de imagens, possibilitando a sua transmisso a distncia acoplada ao som. Vivemos hoje imersos em imagens. um imperativo da modernizao desenvolver, nas instncias educacionais, setores de criao e de ensino capazes de difundir criticamente sabe-res e tecnologias que permitam examinar o mundo por meio das repre-sentaes iconogrficas.

A produo intelectual e as pesquisas de novas tecnologias mantm-se, ainda, restritas a pequenos grupos de estudiosos e de executivos, enquanto a maioria do pblico recebe da mdia as informaes selecionadas pelas redes comerciais. Dessa situao resulta, para a sociedade, a percepo difusa de uma vasta mquina de produo de imagens sem importncia ou de valor discutvel. Sem meios para com-preender melhor, a sociedade tem se mantido marginalizada da partici-pao na cultura e na arte.

Voc pode usar a televiso para fazer iniciao artstica e cultural, edu-cando o olhar, a audio, a voz, o corpo.

2 Pode tambm ser encontrada com o ttulo: O supra-sumo da tecnologia no livro de Tnia Pellegrini e Marina Ferreira. Redao, palavra e arte. So Paulo, Atual, 1999, p. 40;

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Estabelecendo uma comparao entre o percurso humano na distino e identificao da imagem e na aquisio da fala, fica evidente nossa capacidade de reconhecer e decodificar imagens e sons, muito antes do poder de produzi-los e combin-los como linguagens. O homem em grupo apropria-se dos cdigos para recombin-los, buscando sua prpria expresso. E essas combinaes podem ser infinitas quando se tem o conhecimento dos elementos e das possibilidades de operar com eles.

educao cabe tambm se ocupar do desenvolvimento de um reper-trio de imagens que demarcam pocas, lugares, sociedades e concei-tos bsicos, at chegar auto-expresso e ao conhecimento.

Conhecendo os materiais e seu potencial, a histria de seus usos e o que deles se extraiu, voc poder retomar as linhas antigas ou romper com elas, sem risco de tornar a "inventar a roda" nas cincias, nas artes visuais ou literrias - este ser um novo momento de codificao ou de ruptura. Por exemplo, a imagem fotogrfica tem sido apresentada como documentao objetiva da realidade, e por isso seria capaz de valer por mais de mil palavras. No entanto, uma fotografia permite interpretaes muito diversas, dependendo de como foi tomada. A objetividade da foto-grafia, portanto, extremamente discutvel e pode ser altamente doutrin-ria. No se pode esquecer dessa ambigidade e de suas possibilidades.

Tda imagem produo, tda imagem um dado de cultura, contribu-indo para a significao ligada ideologia da poca, mesmo quando a contesta. Antes e atrs de cada imagem h, pelo menos, um homem, um olhar e a mo que cria. Esse homem, que vive entre homens, num tem-po-lugar, entre natureza e mquinas, com lembranas familiares, dese-jos, crenas e inquietaes, no pode despir-se totalmente desses vn-culos. Dessa forma, por trs das grandes cadeias de produo - jornal, publicidade, propaganda, computao, revista, cinema, televiso e sa-tlites - esto sempre os interesses pessoais, polticos e econmicos.

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Atividade 21 : A propsito, "a tecnologia jamais se fez to presente no esporte. Da divulgao de resultados ao vesturio, Sydney vai transpirar cincia aplicada".3

"Os Jogos Olmpicos de Sydney no entraro para a historia apenas por revelar uma preocupao ambientalista jamais observada no esporte - tambm sero marcados por uma sofisticao tecnolgica impensvel em um evento esportivo at bem pouco tempo atrs. E nao s em informtica e telecomunicaes. De roupas e acessrios a ganhos de preciso nos exames antidoping, tudo transpirar cincia no evento deste ano. O site oficial dos Jogos Olmpicos est fazendo at comrcio eletrnico. E registrar bilhes de page views. Mas nao ser dessa vez que se poder ver as competies pela Internet - para preservar os direitos de exibio das redes de TV, o Comit Olmpico Internacional (COI) vetou a publicao de imagens de vdeo na Web".

1. Voc acredita que, na corrida tecnolgica, televiso e Internet entraro em rota de coliso? Por qu? como voc v isso do ponto de vista da educao?

Para analisar, interpretar e produzir a imagem massiva, do ponto de vista tcnico, fundamental uma iniciao ao exame do claro-escuro, da linha, do ponto, da cor, da textura, da composio, do ritmo, dos materiais e depois dos planos, das seqncias, dos pontos de vista do cinema e da televiso, alm dos sons e das trilhas sonoras que com eles se articulam. Compreendida a construo da imagem, ela vai ser-

3 Jogos high tech, Superinteressante, So Paulo: Editora Abril, n 8, agosto de 2000.

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vir reflexo, ao conhecimento, ao prazer esttico ou ao consumo e manipulao. Cabe a voc, que vai utiliz-la para educar, fazer a escolha.

As imagens, abolindo fronteiras rgidas, levando pesquisa de materi-ais e a formas de expresso, usando as possibilidades de reproduo pelas novas tecnologias, auxiliam a superar a fragmentao dos conhe-cimentos, facilitam o uso da metodologia interdisciplinar, favorecem o acesso a novas e poderosas generalizaes.

Para aproveitar essas tecnologias - cinema, televiso, vdeo, computa-dor - preciso conhec-las, e no h melhor forma de conhec-las do que comear a usar as que j esto ao nosso alcance. Uma coisa puxa a outra...

Atividade 22: Um clique, uma rvore. "Ecologia. Plantar rvores um hbito pouco cultivado no Brasil, apesar de o pas viver em uma febre permanente de desmatamento desde que o portugus Pedro lvares Cabral aportou por aqui h quinhentos anos. Mas a situao est mudando. Este ms, o grupo SOS Mata Atlntica, o Instituto Ambiental Vidgua e a Editora Abril esto lanando uma pgina na Internet com o objetivo de replantar milhes de rvores nativas nas reas mais devastadas da Mata Atlntica. Depende apenas de voc: basta clicar no site www.clickarvore.com.br. Para cada clique uma rvore ser plantada."4

como voc e seus alunos trabalham relaes de sua disciplina com outras disciplinas afins, a partir dessa notcia, nas seguintes situaes:

1. Dispondo apenas do material didtico tradicional (lpis e caneta, lpis de cor, papel, livros didticos, tinta, etc.)?

2. Dispondo tambm de fotografias, revistas, jornais, enciclopdias? 3. Dispondo de fitas de vdeo ou tendo acesso aos programas da TV

Escola? 4. Dispondo de um computador operando offline? 5. Podendo navegar na Internet?

Escolha dentre as alternativas acima, a mais completa ao seu alcance.

* Revista Superinteressante, So Paulo: Editora Abril, n 8, agosto de 2000.

http://www.clickarvore.com.br/http://www.clickarvore.com.br/

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Os avanos cientficos a partir da segunda metade do sculo XIX e a simultnea produo de tecnologias permitiram a industrializao de textos e de imagens e o desenvolvimento de equipamentos utilizveis nos negcios, na cincia e na cultura.

Tornaram tambm possvel, aos profissionais da educao, romper com a prtica docente tradicional, adequando objetos concebidos para um uso social amplo ao uso pedaggico escolar em larga escala. O livro didtico foi lentamente substituindo a aula de quadro-negro, giz e fala. As fotografias, os desenhos de esquemas de biologia, de mapas e de fatos histricos tambm passaram a fazer parte do cotidiano da sala de aula, como proposto por Comenius, o fundador da didtica no sculo XVII.

Jean Rouch, cineasta francs, conta que no fim do sculo XIX, aos seis ou sete anos, foi levado por sua professora primria para ver cinema -um deslumbramento que lhe marcou a vida.

Ns, ainda hoje, dependemos da superao de preconceitos quanto imagem, ao cinema e ao vdeo na sala de aula. Isso evidencia que os meios tcnicos podem contribuir para a concepo, a produo e o emprego dos meios educativos. Mas no os determinam.

No foi a comunicao que permitiu o desenvolvimento dos homens, foram as necessidades humanas que desenvolveram os meios de co-municao.

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Atividade 23: Reflita sobre a resposta do cientista e, se possvel, discuta com algum colega. Leia, abaixo, parte da entrevista do fsico cien-tista David Deutsch revista SuperInteressante (n9 8, agosto de 2000):

Super - Voc tem dito que as crianas aprendem com os games. Que tipo de coisa eles ensinam? D. D. - Se eu estivesse a na sua redao e lhe jogasse uma bola de tnis, voc a pegaria exatamente na posio prevista pelas leis da Fsica, mesmo sem pensar na velocidade inicial ou na parbola descrita. esse tipo de conhecimento, que nem percebemos que temos, que se aprende com um videogame. Quando voc descobre um novo jogo, quase impossvel passar de fase. Ento voc resolve os problemas at chegar ao nvel 2. Da o nvel 1 parece uma total trivialidade. Essa melhora a prova irrefutvel de que se est aprendendo. uma hora o aprendizado termina e voc perde o interesse pelo jogo.

Voc concorda ou discorda que a experincia pode dispensar anlise e clculos e revelar-se instantaneamente como apre-enso intuitiva (sem uso de reflexo) de procedimentos? E no isso o que ocorre quando crianas e jovens participam de jogos populares?

Game: [do ingls jogos] refere-se sobretudo a programas eletrnicos ldicos.

No podemos deixar que o uso de facilidades comunicativas sem crit-rio empobrea a escolaridade nem diminua as exigncias de ensino e pesquisa. Muito pelo contrrio, podemos aproveit-las para informar, difundir fontes originais, estabelecer relaes interdisciplinares.

A experimentao consolidar mtodos e metodologias. Assim, na pro-duo e na sala de aula no se pode ser terico sem ser um praticante.

Observe que, ao incluir a TV no espao de sala de aula, mudam-se rela-es de hierarquia, cria-se um espao possvel para o trabalho de gru-po, para a discusso do processo educativo e dos objetivos do ensino. Voc ter mais tempo para observar os processos de aprendizagem e o desenvolvimento dos seus alunos, e isso poder lev-lo(a) compreen-so de que o conhecimento pode ser aprendido, mas dificilmente pode ser transmitido. Transmisso no se completa sem recepo e esta uma atividade do outro que inclui outra experincia, original e nica. Voc

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poder descobrir que o conhecimento o resultado da habilidade de estabelecer mltiplas relaes, incluindo o novo no preexistente.

Atividade 24: A palavra conhecimento, quando usada no singular, inclui simultaneamente o ato de pensar e a informao utilizada nesse ato ou por ele produzida. Essa nica palavra designa o processo (pensamento) e o objeto (informao) por ele utilizado.

Nem por isso pensamento e informao podem ser confundidos, embora participem ambos do conhecimento. 1. Retome a frase que diz "o conhecimento pode ser aprendido,

mas dificilmente pode ser transmitido". 2. Que alteraes voc precisa fazer no modo como ensina para

atualizar o processo