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Comemoração do Dia Mundialdo Meio Ambiente

Comemora-se hoje o Dia Mundial do Meio Ambiente, con-forme declaração das Nações Unidas em 1972. O Brasil une-seàs manifestações que lêm por ânimo aprofundar a consciênciaglobal sobre a importância da proteção e conservação dos re-cursos naturais.

Quis falar hoje, a todos os brasileiros, daqui do PantanalMato-grossense, pedaço do território nacional onde a paisagem,em seu harmonioso esplendor, convida-nos a pensar sobre as re-lações do homem com a natureza.

O mundo está ameaçado pelo ataque da civilização à at-mosfera, aos rios, oceanos e florestas. O homem construiu seubem-estar na presunção de que os recursos naturais teriam dis-ponibilidade permanente. As sociedades modernas confundemprogresso com padrões de consumo e desperdício que vêm ge-rando pressão insustentável para a natureza. Esse modelo per-verso de crescimento foi, no passado, a mola propulsora do co-lonialismo, e no presente é a causa principal dos desequilíbriosnas relações econômicas entre os povos.

O subdesenvolvimento constitui, em si mesmo, uma fontede degradação ambiental. A pobreza e a miséria, que reduzempopulações inteiras a níveis de existência incompatíveis com adignidade humana, são a expressão mais cruel e desumana do

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nosso tempo. Por isso, a proteção do meio ambiente não podeser alcançada sern a melhoria das condições econômicas e so-ciais que afligem as populações menos favorecidas.

«A questão do meio ambiente não podeser tratada entre governos por acusaçõesmútuas, como se os países se dividissem

entre inocentes e culpados.»

As questões ecológicas surgem com notável impulso nos úl-timos anos, em virtude do preocupante agravamento das pertur-bações ambientais. A humanidade se vê, subitamente, confron-tada pela ameaça de alterações climáticas, pela destruição da ca-mada de ozônio, por chuvas ácidas, níveis crescentes de polui-ção dos rios e oceanos, degradação dos solos, avanço da deser-tificação, acúmulo de resíduos tóxicos e radioativos, redução dacobertura vegetal da Terra e perda da diversidade biológica. Aconjugação desses fatores revela a precariedade da própria saú-de do planeta e exigiu um grito de alerta.

A emergência dessa temática, no entanto, carregou-se deforte emocionalismo. Incorporada no discurso político, derra-pou ela, seguidamente, em posturas internacionais maniqueístase recriminatórias. O sensacionalismo e alarme com que os pro-blemas ambientais tenderam a ser tratados estimularam a con-frontação retórica e inibiram a cooperação internacional.

A preocupação da comunidade internacional com os pro-blemas ecológicos passou a eleger, nos últimos anos, como umdos focos prioritários de atenção, a preservação das florestastropicais. Pretendeu-se, em conseqüência, expor os países deten-tores de florestas tropicais, perante a opinião pública mundial,como responsáveis pela degradação das condições físicas do pla-neta.

É tarefa urgente corrigir essas distorções de enfoque. Naminha viagem ao exterior, já como Presidente eleito, ressalteique esta questão não pode ser tratada entre governos por acusa-ções mútuas, como se os países se dividissem entre inocentes e

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culpados. É preciso dialogar com racionalidade, espírito cons-trutivo e de maneira imune a simplismos paternalistas.

É com esse espírito que o Brasil sediará em 1992 a Confe-rência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-mento. Tenho certeza de que a legítima preocupação da comu-nidade mundial se traduzirá num esforço efetivo de cooperaçãoem todos os níveis, em busca da correção dos desequilíbrios queameaçam a Terra. Nos países em desenvolvimento, a soluçãodos problemas ambientais deve também voltar-se para a erradi-cação das situações crônicas de pobreza, miséria, fome e desem-prego. A tarefa inadiável consiste em harmonizar o respeito e apreservação da natureza com uma dinâmica racional de desen-volvimento.

O conceito de «desenvolvimento sustentável» é a contribui-ção valiosa para o tratamento da questão do desenvolvimentoeconômico aliado à imperiosa conservação do meio físico. O de-senvolvimento será sustentável se o desperdício for eliminado ea pobreza for superada. Não aceito que a aplicação do conceitose reduza a uma formulação simplista, servindo de pretexto pa-ra ingerências na administração soberana dos recursos naturais,para a imposição de novas condicionalidades na alocação de re-cursos para o desenvolvimento, e muito menos para fundamen-tar o congelamento das desigualdades que se refletem nos níveismundiais de produção e consumo. Desenvolvimento sustentávelsignifica, em última análise, que os que possuem pouco devemascender a patamares mais elevados de qualidade de vida, e osque possuem muito devem controlar a voracidade do seu consu-mo.

«A proteção dos espaços naturaisrequer a definição de formas inovadoras

de cooperação nas áreas econômicae financeira.»

Devemos combater as práticas protecionistas que no merca-do internacional deprimem os preços das matérias-primas expor-tadas pelos países em desenvolvimento, gerando pressões adicio-

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nais sobre suas economias, e acelerando a exploração irracionaldos recursos naturais. Devemos encontrar uma solução urgentepara o angustiante problema da dívida externa, que converte ospaíses em desenvolvimento em exportadores líquidos de capital,subtraindo recursos necessários ao atendimento das carênciassociais das populações desfavorecidas.

Em que pese o vigor retórico a ela dispensado, a questãoecológica vem sendo tratada pela comunidade internacional comrecursos que ficam muito aquém das necessidades. Essa situaçãocontrasta com o volume dos gastos militares em todo o mundo,e especialmente com a manutenção de arsenais nucleares e deoutras armas de destruição em massa, suficientes para aniquilarnão apenas uma, mas ironicamente milhares de vezes toda a vi-da existente sobre o planeta.

A proteção dos espaços naturais requer a definição de for-mas inovadoras de cooperação nas áreas econômica e financei-ra. É necessário prover recursos adicionais, em bases concessio-nais e livres de condicionalidades, que possibilitem aos paísesem desenvolvimento arcar com o considerável ônus financeiroque representa a adaptação prudente e gradativa de suas ativi-dades econômicas e padrões mais elevados de proteção ecológi-ca. Será necessário promover o fluxo de tecnologias ambientaissadias, especialmente daquelas voltadas para o uso eficiente deenergia e a redução dos níveis de poluição. O acesso dos paísesem desenvolvimento a essas tecnologias não pode ficar sujeitoaos ditames de interesses puramente comerciais que apenasagravam a sua crítica situação de dependência tecnológica. Nãose justifica a existência de monopólios de conhecimento, impe-dindo o acesso aos instrumentos necessários à tarefa comum deproteção da natureza.

A dimensão dos problemas em escala global e o custo quea proteção do ambiente natural representa justificam a criaçãode um Fundo Internacional. Tenho reiterado a proposta de cria-ção de um imposto internacional sobre as emissões de carbonodecorrentes da queima de combustíveis fósseis. A tributação dasemissões de poluentes, que na sua maior parte provém dospaíses industrializados, poderia alimentar um fundo a ser cons-tituído sob a égide das Nações Unidas, cujos recursos seriam

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destinados ao financiamento de programas de desenvolvimentoe proteção ambiental e à transferência de tecnologia. A tributa-ção das emissões de carbono deveria situar-se necessariamenteno contexto da implementação, pelos países industrializados, decompromissos específicos de estabilização e redução dos seuselevadíssimos índices de emissão per capita de poluentes na at-mosfera. Caso contrário, estaríamos apenas escamoteando,através do tributo, a legitimação de um suposto «direito de po-luir», econômica e moralmente inaceitável.

Essas questões terão importância fundamental na agendada Conferência de 1992, que deverá centrar suas atenções napromoção do desenvolvimento racional, com o categórico deverde proteção ecológica. Evento sem precedentes, com a participa-ção não apenas de Chefes de Estado e Governo, delegações ofi-ciais de alto nível, mas também de representantes de organismosinternacionais, entidades não-governamentais e de representan-tes das comunidades científica, acadêmica e industrial, caberá àConferência de 1992 propor estratégias e medidas para conter ereverter o processo de degradação da natureza, de forma con-sentânea com a promoção do desenvolvimento. A Conferêncianão haverá de frustrar nossas esperanças.

Anuncio a criação da Comissão Interministerial para a pre-paração da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Am-biente e Desenvolvimento, que se instala nesta semana. Presidi-da pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, a Comissãodeverá assessorar diretamente o Presidente da República nas de-cisões relativas ao tratamento internacional das questões am-bientais, especialmente no que se refere a alterações climáticas,proteção da camada de ozônio, conservação da diversidade bio-lógica e coordenação substantiva da participação brasileira nostrabalhos preparatórios da Conferência.

«O Brasil saberá conduzir sem complexosa defesa de sua soberania, com uma

atitude positiva e conseqüente.»

O debate interno sobre a questão ecológica constitui umadas manifestações mais saudáveis da consolidação democrática

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neste País. Existe, felizmente, no Brasil uma consciência cadavez mais acentuada da necessidade de promover o respeito pelanatureza. Poucas questões foram objeto de tão amplo consensonacional como a importância de empregar todos os meios aonosso alcance para proteger o imenso patrimônio físico do Bra-sil. Esta consciência, que está refletida nos dispositivos de nossaConstituição, é visível na inclusão do tema como item progra-mático dos partidos políticos e de disciplina pertinente nocurrículo escolar do País, na formação do movimento de açãoecológica no Congresso Nacional e na salutar proliferação deorganizações civis dedicadas à investigação, à educação e à pro-teção do ambiente físico, sem falar na iniciativa do novo Gover-no de criar a Secretaria do Meio Ambiente e a ela entregar parachefiar o Professor José Lutzemberger.

Meu propósito é o de que a definição e consolidação dasdiretrizes de ação governamental traduzam o alto grau de cons-cientização alcançado pela sociedade brasileira nesse terreno.Não prescindiremos da contribuição de todos nessa tarefa.

Tenho afirmado que o Brasil saberá conduzir sem comple-xos a defesa de sua soberania, com uma atitude positiva e con-seqüente, e não defensiva, face a um problema cuja dimensãoafeta o destino do planeta, bem como o do gênero humano.

A credibilidade de nossa postura externa se reforçará namedida em que as ações internas assim nos credenciem. Seguire-mos aqui a mesma trilha que tomamos na inadiável decisão desaneamento moral, econômico e administrativo, sem esperarque um pretenso paternalismo venha tutelar o exercício de nos-sas responsabilidades. Os canais de cooperação internacional se-rão muito mais eficazes e produtivos na medida em que nóspróprios indiquemos o caminho.

A questão do meio ambiente tem disfarces notórios com apromoção dos direitos humanos. O respeito à dignidade do ho-mem somente se completa na medida em que se realizem os seus di-reitos civis, políticos, econômicos e sociais. Esses direitos têmcaráter indivisível e interdependente e só adquirem plenitudequando as sociedades se desenvolvem em bases democráticas easseguram a todos condições dignas de qualidade de vida, nutri-ção, emprego, saúde e educação. O compromisso com o meio

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ambiente é, portanto, ao mesmo tempo, um compromisso com avida e com o respeito aos direitos humanos. A consolidação dademocracia política representa um passo decisivo nesse sentido.Resta-nos agora a superação da crise econômica e o encontrodos caminhos que nos levem à condição de País desenvolvido.

«Estou determinado a liderar um esforçocoletivo no sentido de fazer respeitar os

direitos das populações indígenas.»

A defesa dos povos indígenas está na confluência das ques-tões dos direitos humanos e da proteção ambiental. Meu Gover-no se empenhará no sentido de que sejam respeitadas sua cultu-ra, suas tradições e sua maneira de viver. Para tanto será neces-sário reformular atitudes e superar distorções no tratamento dotema. Estou determinado a liderar um esforço coletivo no senti-do de fazer respeitar os direitos das populações indígenas. Emexemplo desse propósito, na visita que fiz à área Yanomami,determinei a destruição de pistas clandestinas que há pouco ser-viam de apoio a atividades irregulares de garimpo na região. Aterra para os nossos indígenas significa muito mais do que ri-queza: é a condição vital de sua sobrevivência e o embasamentode sua cultura. Tratarei de envidar todos os esforços no sentidode cumprir a determinação constitucional de concluir, até 1993,o processo de demarcação daquelas terras, que são também de-positárias de um imenso patrimônio natural, arqueológico e cul-tural.

A atenção prioritária no tratamento da natureza já se sentenas ações cotidianas do Governo. Com esse propósito, dentre asprimeiras medidas adotadas, promovi reestruturação do SistemaNacional do Meio Ambiente. O Conselho de Governo, integra-do pelos Ministros de Estado, é o órgão superior do Sistema,com a função de assessorar o Presidente da República na for-mulação da política nacional e das diretrizes governamentais.Representa, com as atribuições de órgão consultivo e deliberati-vo do Sistema, o elo de ligação entre a sociedade civil e os ór-gãos governamentais. Sua atuação deve ser reforçada e presti-

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giada. Criei a Secretaria do Meio Ambiente, órgão de assistên-cia direta do Presidente da República, responsável pelo planeja-mento, coordenação, supervisão e controle da política e das di-retrizes governamentais. O Instituto Brasileiro do Meio Ambien-te e dos Recursos Naturais Renováveis, vinculado à Secretariado Meio Ambiente, é o órgão federal de execução daquelaspolíticas e diretrizes.

Ainda dentre as primeiras ações de Governo, em visita àAmazônia, determinei associar-se aos objetivos do Projeto Ca-lha Norte a defesa do ecossistema na região. Determinei igual-mente a constituição de um grupo de trabalho para apressar asprovidências de ordenamento territorial da região amazônica. Oordenamento territorial será, durante o meu Governo, instru-mento essencial de implementação da política de proteção àsflorestas e aos rios do País. Na fiscalização das atividades pre-datórias, a política do Governo é de fazer cumprir a lei. Agire-mos com rigor na aplicação das penalidades previstas aos que searrisquem a confiar na impunidade. Essa disposição já se temfeito sentir sobre a pesca predatória, o contrabando de peles, aextração irregular de madeira, a atuação de usinas que insisti-ram em desobedecer às exigências legais relativas à utilização decarvão vegetal. Lembro o dever que a Constituição impõe a to-dos, de defender e preservar o nosso patrimônio comum para aspresentes e futuras gerações.

Ainda hoje assinarei decreto que consolida as normas apli-cáveis ao Sistema Nacional do Meio Ambiente adaptando-as ànova estrutura administrativa. Assinarei também decreto quedeclara de utilidade pública, para efeito de desapropriação, todaa área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Outroato criará a Reserva Biológica de Uatumã, para proteção deuma região de grande valor ecológico, contígua à Hidrelétricade Balbina. Visa-se com a criação da reserva, garantir a pereni-dade de inúmeros cursos d'água, a preservação da diversidadebotânica e a redução dos impactos ambientais negativos na re-gião. Serão também criadas as áreas de relevante interesse eco-lógico de cerrado Pé-de-Gigante e Buriti-de-Vassununga, ambasno estado de São Paulo. Criarei a área de proteção ambientalSerra de Tabatinga, entre os estados do Maranhão e Tocantins,

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com o objetivo de proteger as nascentes do rio Parnaíba, asse-gurar a qualidade das águas e a vazão dos mananciais da regiãoe garantir a preservação da flora, da fauna e do solo.

«O Brasil está disposto a dar suacontribuição em favor do equilíbrio do

meio ambiente global.»

Tenho a especial satisfação de assinar no «Dia Mundial doMeio Ambiente» o ato de promulgação da «Convenção de Vie-na» sobre a proteção da camada de ozônio, e o protocolo deMontreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio,cujos instrumentos de adesão pelo Brasil fiz depositar junto aoSecretário-Geral das Nações Unidas já nos primeiros dias demeu Governo. Assenta-se assim o compromisso brasileiro departicipar dos esforços internacionais para impedir a diminuiçãoda camada de ozônio. Somos favoráveis a um controle mais es-trito dos clorofluorcarbonos, e nesse sentido apoiamos a acele-ração dos objetivos de redução da produção e consumo daque-las substâncias. Todos os países devem assumir responsabilida-des nesse esforço comum. O Brasil está também disposto a darsua contribuição em favor do equilíbrio do meio ambiente glo-bal. Deve-se, contudo, diferenciar claramente as obrigações aserem assumidas pelos países industrializados, que no seu con-junto respondem pela quase totalidade da produção mundialdas substâncias que atacam a camada de ozônio. É necessárioassegurar o acesso livre e desimpedido de todos os países àssubstâncias e tecnologias alternativas. A velocidade com que ospaíses em desenvolvimento poderão implementar programas dereconversão industrial com vistas à redução do uso de CFC de-penderá de uma efetiva transferência de tecnologia e da criaçãode mecanismos financeiros adequados.

Determinei a todos os Ministros de Estado e Secretáriosvinculados à Presidência a realização, em caráter de urgência,

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de estudo das ações que, no âmbito de cada pasta, deverão sertomadas com vistas à promoção harmônica do desenvolvimentoe proteção do meio ambiente.

Cada Ministério e Secretaria tornará público o elenco demedidas a serem desencadeadas. Convoco toda a cidadania acontribuir ativamente na discussão e condução das ações anun-ciadas.

Sabemos que os grandes sistemas naturais brasileiros apre-sentam todos os graves problemas ligados à ocupação predató-ria do espaço, na maioria das vezes estimulada por políticas deincentivos que carecem de urgente revisão. A Amazônia, o Pan-tanal, a Mata Atlântica, os cerrados e caatingas são partes pre-ciosas do patrimônio nacional, e como tal devem ser protegidosda exploração irracional. A ocupação dos espaços e a utilizaçãodos recursos naturais devem ser feitas com absoluto respeito à vo-cação natural dos ecossistemas. A tarefa diante de nós é enormee não devemos subestimá-la. É preciso conter as queimadas naAmazônia, é preciso proteger nossos rios da contaminação pelomercúrio, é preciso impedir a destruição de florestas nativas,proteger a vida selvagem, combater o contrabando de peles,promover adequadamente condições de saneamento urbano, ele-var as condições sanitárias das populações rurais e urbanas,combater as endemias, controlar o emprego abusivo de agrotó-xicos, promover o uso eficiente de energia, controlar a poluiçãoindustrial, tratar adequadamente o lixo urbano e os resíduos in-dustriais, desenvolver e absorver tecnologias apropriadas à ges-tão ambiental, promover educação ambiental.

Também temos pela frente o desafio de incorporar anual-mente dois milhões de jovens ao mercado de trabalho, resgatarmilhares de famílias da pobreza, da miséria, da fome e do de-semprego, melhorar os padrões de atendimento sanitário, pro-mover a universalidade do ensino. Eis um desafio imenso queexige a mobilização de recursos que vão, quase sempre, muitoalém das nossas possibilidades imediatas.

A grandeza do desafio exige a busca de soluções mediantea boa cumplicidade, cotidiana e permanente, entre o Governo etodos os segmentos da sociedade.

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Haveremos de vencer. Nossa determinação não esmorecerá!

Que Deus nos ajude!

Discurso pronunciado porSua Excelência o Senhor Fernando Collor,

Presidente da República Federativa do Brasil,por ocasião das comemorações doDia Nacional do Meio Ambiente

na Fazenda Santana, Mato Grosso do Sul,no dia 5 de junho de 1990.

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