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VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração PRESERVAÇÃO DO AQUÍFERO KARST E CRESCIMENTO POPULACIONAL: UMA EQUAÇÃO INVERSAMENTE PROPORCIONAL NO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANARÉ - PR Amauri Domakoski, Mestre em Gestão Urbana (PUCPR/PPGTU) Coordenador do Curso de Ciências Contábeis das Faculdades FAPAR e FAC de Curitiba, e Professor. Professor do Curso de Pós Graduação das Faculdades FACINTER no Curso de Responsabilidade Fiscal e Finanças Públicas, Diretor de Compras e Licitações da Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré Pr. [email protected] Denis Alcides Rezende (PUCPR/PPGTU e UniFAE) Professor do Mestrado em Gestão Urbana e da Graduação em Administração. [email protected] RESUMO A crise de água no mundo é real. Não dá mais simplesmente para dizer que está tudo bem. Um grande esforço mundial deve ser feito o mais rápido possível a fim de políticas e práticas internacionais serem criadas, com objetivo de se vislumbrar um futuro com garantias reais de que a água é segura. Em Almirante Tamandaré, Pr, aproximadamente 80% do território do município está sobre a influência do Aqüífero Karst, cerca de que 27% da área total do Aqüífero. Este artigo tem por objetivo abrir discussão para a necessidade e importância da preservação de forma sustentável do Aqüífero Karst em Almirante Tamandaré. Os resultados sugerem a criação de mecanismos de proteção para o desenvolvimento sustentável do Aqüífero Karst, já que inexistem estudos convincentes de que a exploração de água dele é correta. Conclui-se que o município enfrenta limitações ambientais para o seu desenvolvimento econômico, dentre eles os fortes indícios de exploração inadequada do Aqüífero Karst, resultando em prejuízos econômicos à população, como a perda do patrimônio particular. Discute-se também sobre o benefício de royalties ecológicos, os quais poderiam contribuir para o desenvolvimento, econômico e social da cidade. Palavras-chave: sustentabilidade; desenvolvimento econômico; aqüífero kart. ABSTRACT The water crisis in the world is real. It’s not possible to say that everything is all right. A great world effort must be made as soon as possible in order to create international policies and practices, with the objective of previewing the future with real guarantees that the water is safe. In Almirante Tamandaré, Pr, about 80% of the territory of the municipal district is on the Karst Aquifer's influence, about 27% of the total area of the aquifer. This article is an attempt to open a discussion for the need and importance of the sustainable preservation of the Karst Aquifer in the municipal district of Almirante Tamandaré. The results suggest the creation of protection mechanisms for the sustainable development of the Karst Aquifer, since there aren’t convincing studies that its water exploration is correct. It is concluded that the municipal district faces environmental limitations for its economical development, among them the strong evidence of inadequate exploration of the Karst Aquifer, resulting in economic damages for the population as the private patrimony loss. The benefit of ecological royalties that could contribute to the economical and social development of the city is also discussed. Key words: sustainability; economic; develpment; karst aquifer

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VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração

PRESERVAÇÃO DO AQUÍFERO KARST E CRESCIMENTO POPULACIONAL: UMA EQUAÇÃO INVERSAMENTE

PROPORCIONAL NO MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANARÉ - PR

Amauri Domakoski, Mestre em Gestão Urbana (PUCPR/PPGTU)

Coordenador do Curso de Ciências Contábeis das Faculdades

FAPAR e FAC de Curitiba, e Professor. Professor

do Curso de Pós Graduação das Faculdades FACINTER no Curso de

Responsabilidade Fiscal e Finanças Públicas, Diretor de Compras e

Licitações da Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré Pr.

[email protected]

Denis Alcides Rezende (PUCPR/PPGTU e UniFAE)

Professor do Mestrado em Gestão Urbana e da Graduação em Administração.

[email protected]

RESUMO A crise de água no mundo é real. Não dá mais simplesmente para dizer que está tudo bem. Um grande esforço mundial deve ser feito o mais rápido possível a fim de políticas e práticas internacionais serem criadas, com objetivo de se vislumbrar um futuro com garantias reais de que a água é segura. Em Almirante Tamandaré, Pr, aproximadamente 80% do território do município está sobre a influência do Aqüífero Karst, cerca de que 27% da área total do Aqüífero. Este artigo tem por objetivo abrir discussão para a necessidade e importância da preservação de forma sustentável do Aqüífero Karst em Almirante Tamandaré. Os resultados sugerem a criação de mecanismos de proteção para o desenvolvimento sustentável do Aqüífero Karst, já que inexistem estudos convincentes de que a exploração de água dele é correta. Conclui-se que o município enfrenta limitações ambientais para o seu desenvolvimento econômico, dentre eles os fortes indícios de exploração inadequada do Aqüífero Karst, resultando em prejuízos econômicos à população, como a perda do patrimônio particular. Discute-se também sobre o benefício de royalties ecológicos, os quais poderiam contribuir para o desenvolvimento, econômico e social da cidade. Palavras-chave: sustentabilidade; desenvolvimento econômico; aqüífero kart. ABSTRACT The water crisis in the world is real. It’s not possible to say that everything is all right. A great world effort must be made as soon as possible in order to create international policies and practices, with the objective of previewing the future with real guarantees that the water is safe. In Almirante Tamandaré, Pr, about 80% of the territory of the municipal district is on the Karst Aquifer's influence, about 27% of the total area of the aquifer. This article is an attempt to open a discussion for the need and importance of the sustainable preservation of the Karst Aquifer in the municipal district of Almirante Tamandaré. The results suggest the creation of protection mechanisms for the sustainable development of the Karst Aquifer, since there aren’t convincing studies that its water exploration is correct. It is concluded that the municipal district faces environmental limitations for its economical development, among them the strong evidence of inadequate exploration of the Karst Aquifer, resulting in economic damages for the population as the private patrimony loss. The benefit of ecological royalties that could contribute to the economical and social development of the city is also discussed. Key words: sustainability; economic; develpment; karst aquifer

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1 Introdução A crise de água no mundo é real, não dá mais simplesmente para dizer que está tudo bem, um grande esforço, mundial, deve emplacar o mais rápido possível a fim de criar políticas e práticas internacionais, com objetivo de programar um futuro com garantias reais de que a água é seguro, e todos terão acesso, sem restrição. Nos Estados Unidos, desde 1994, todos os novos banheiros residências precisam ter, por lei, instalações de alta-eficiência e pouco consumo. Isto reduziu em até 70% a quantidade de água necessária em milhões de banheiros nas cidades americanas. (BARLOW e CLARKE, 2003, p. 277). As populações estão ficando cada vez maiores e mais sedentas, cerca de quinhentos milhões de pessoas vivem em países com escassez crônica de água, e outras 2,4 bilhões moram em países onde o sistema hídrico está ameaçado. É possível que a situação piore, na medida em que se projeta o crescimento populacional em diversos países que já tem pouca água (CLARKE, 2007, p. 22). No início do século XX, tínhamos dois bilhões de habitantes, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1999, passa de 6,55 bilhões, e que no ano de 2050, a população mundial passara para nove bilhões de habitantes. Este crescimento vem oferecendo uma modificação ambiental, e conseqüentemente alteração na vida das pessoas, no que diz respeito às questões de ordem econômica, política e mundial. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000). No ano de 2000, revelou que a grande massa da população brasileira vive nas cidades (81,23%). Ou seja, à medida que o tempo passa, aumenta o desejo do homem em viver nos grandes centros, para do desenvolver suas atividades profissionais, e residência familiar. No Brasil na década de 60, essa migração tornou-se acentuada. Muito embora as cidades não ocupem uma área muito grande da superfície terrestre, ou seja; certa de 1% a 1,5% do Planeta Terra, no entanto, esta concentração de pessoas altera a natureza e o curso dos rios, como por exemplo, rios tubulados, ou com leitos modificados, ou ainda sem a preservação da mata ciliar. Se não bastasse, florestas que se tornam campos, desertos, etc., a atmosfera poluída, resultando em registros de baixa umidade do ar causando sérios danos à saúde da população, gerando custos elevados aos cofres públicos na área da saúde no mundo como um todo. Desta forma, esse trabalho tem por objetivo fazer uma abordagem sobre as questões relativas ao Aqüífero Karst, ao crescimento populacional em especial na área urbana do município de Almirante Tamandaré. 2. Fundamentação Teórica

A fundamentação teórica versa sobre a importância da preservação e manutenção da qualidade das águas subterrâneas para a preservação da raça humana, em especial o Aqüífero Karst.

Esta pesquisa se caracterizou por um estudo de caso. A amostra está direcionada para o Município de Almirante Tamandaré, localizada na Região Metropolitana, porção norte de Curitiba, Paraná.

2.1 As cidades nos dias de hoje No início da vida humana na terra, o ser humano preocupava-se exclusivamente com a sua sobrevivência no sentido de se manter vivo, buscava sua alimentação e abrigo na floresta, criando ambientes favoráveis para se defender dos riscos constates de animais selvagens. À medida que o tempo foi passando, o ser humano não só evoluiu como continua evoluindo, vivendo em grandes cidades, no entanto o foco principal parece ser o de possuir riquezas, a qualquer custo, sacrificando verdadeiras riquezas ambientais em nome do progresso. Talvez seja por isso que Puppi (1981, p. 12) já dizia

Antes de chegarem a se individualizar as cidades tiveram o seu período germinativo e o do seu primeiro crescimento. Por muitos anos, os seres humanos desfrutavam de um estilo de vida bastante diferente da qual se conhece hoje. Eram exclusivamente nômades, abrigavam-se

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em refúgios naturais precários e improvisados por eles, se alimentando da caça e da pesca. Com o domínio da técnica da agricultura e da pecuária, o homem passa à moradia estável, vivendo de forma muito rústica por longos milênios; até que começaram a conhecer as vantagens da vida coletiva, em agrupamentos cada vez mais crescentes, formando as primeiras cidades, passando a aumentar cada vez mais em número e proporções.

Não dá para imaginar o ser humano vivendo isoladamente, questões de ordem econômica, social, administrativa, contribui diretamente para um convívio em sociedade. Desta forma, as águas subterrâneas, se bem gerenciada, garante o consumo humano da sociedade que vive nas cidades, sem se quer comprometer sua capacidade de recarga. O consumo desordenado pode contribuir para a escassez, ou impossibilidade de consumo e até mesmo sua subtração total. Em especial quando temos o registro de grandes cidades em ambientes de aqüífero, estas contribuem diretamente para a possibilidade de infiltração de poluentes, ou até mesmo a sua condenação total. No ano de 2000, aproximadamente meio bilhão de pessoas já viviam em países com escassez crônica de água. Em 2050, talvez quatro bilhões de pessoas vivam em países com escassez crônica de água (CLARKE, 2007, p. 23). A garantia da manutenção da raça humana na terra está diretamente ligada à preservação dos recursos naturais em especial a água, até o presente momento o meio ambiente vem oferecendo ao ser humano recursos naturais para sua sobrevivência. Mota (1999, p. 27) ao diferenciar o ambiente natural do antrópico faz a seguinte observação: O solo, vegetais, animais e água, etc. pode ser considerado como um ambiente natural. Já o ambiente antrópico, é aquele formado pelo homem, somados as suas atividades. No entanto o meio ambiente fornece todos os subsídios necessários, tais como matéria prima em grande escala, como, por exemplo, minerais, água, etc., estes garantem a sobrevivência e a manutenção da espécie humana na terra. Resta saber, até quando o meio ambiente oferecerá os recursos naturais necessários para a manutenção da raça humana no planeta Terra e a que custo, se consideramos que à medida que os estoques vão diminuindo, naturalmente o custo final aumentando modificando inclusive o cenário econômico dos pais mais desenvolvidos, e aumentando ainda mais a pobreza nos menos desenvolvidos. 2.2 Política social, cidades, e preservação do meio ambiente De nada adiante a implantação de políticas sociais, que visa à preservação do meio ambiente, como foco principal, se a desigualdade social reina no Plante Terra. Onde a miséria domina a massa da população mundial, população essa excluída dos ambientais educacionais, de comunicação como, por exemplo, jornal, revista, televisão, internet, etc. Miséria, fome, doenças, alta taxa de mortalidade, doenças transmitidas pela ausência de saneamento básico entre outros, caminham de forma inversa as políticas de preservação dos recursos naturais, tido como bens naturais esgotáveis, já que se trata de uma questão muito mais cultural. Segundo Ruscheinsky (2002, p. 11)

Para uma perspectiva de educação ambiental eficiente torna-se, também, necessário transformar os trabalhadores infantis e os jovens infratores em alunos exemplares, em aprendizes da condição cidadã; erradicar os “sem, tornar os sem-terras agricultores familiares produtivos, os sem-teto moradores dignos e integrados à comunidade urbana, os sem-emprego e empobrecidos qualificados e consumidores; conjugar a parceria entre consumidores e empresariado par AA promoção do desenvolvimento sustentável; promover a economia popular e solidária no rumo inverso às desigualdades sociais. Enfim, a proposta de educação em destaque rima democracia social com a ênfase de proporcionar à população mundial a condição de viver em profundidade sua cidadania.

A concentração de pessoas, e o aumento da população nos grandes centros, em busca de novas expectativas e de novas experiências profissionais de sucesso, e de planejamento familiar que busca melhores escolas, acessibilidade facilitada entre outros, oferecem graves

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conseqüências ao meio ambiente, e principalmente aos reservatórios de águas subterrâneas, se estas cidades estiverem localizadas em áreas de influência de aqüíferos, sendo inevitável o desequilíbrio e prejuízo ao meio ambiente, muitas vezes irreversível. No subsolo onde se encontra o registro de rochas porosas, que guardam imensos reservatórios de água, conhecidos como Aqüíferos. Estudos indicam que águas subterrâneas no futuro representaram a única fonte de água potável para quase um quarto da população mundial. Mas em muitos lugares, o ritmo de consumo é maior do que o de reposição (CLARKE, 2007, p. 26). Logo as cidades nunca foram e jamais serão concebidas por ecossistema natural, sendo evidente o passivo descoberto ao ambiente natural com a criação e desenvolvimento dos grandes centros urbanos, como por exemplo; rios tubulados, extração de água subterrânea acima da capacidade de recarga, florestas dizimadas, animais silvestres extintos etc. E ainda, subtração de camadas naturais, (desmatamento), reduzem drasticamente os nutrientes naturais que contribuem para a manutenção da vegetação tornando o solo ineficaz, passando a ser estéreo, quando não, cobertos por calçamento, pavimentação, isolando os grandes centros da possibilidade da infiltração das águas das chuvas, impossibilitando em grande escala a manutenção e recarga dos reservatórios subterrâneos de águas, dos aqüíferos. Em linhas gerais as cidades representam uma profunda modificação no cenário ambiental, alterando cursos dos rios, quando não extingüindo-os, e ainda contaminando os aqüíferos, entre outros, rios e lagos. Prejuízos desta magnitude podem ser minimizados se, as cidades forem planejadas de acordo com a sua localização, e recursos ambientais oferecidos pelo eco-sistema local. A elaboração de projetos de forma criteriosa que considerem a importância e a preservação não só do habitat humano, aliado à conservação e preservação do meio ambiente natural, definindo-se limites de ocupação, áreas de expansão territorial, dimensões e localização das áreas de preservação, visando sempre aperfeiçoar o contato do homem urbano com a natureza (ANDREOLI, 2003, p. 136). Ou seja, é possível sim o ser humano viver em harmonia com o meio ambiente, só assim ele garante a manutenção da raça humana. Mota é feliz (1999, p. 99) ao dizer que, no passado o planejamento urbano primava os aspectos sociais e culturais e econômico, onde o ambiente físico teria que se adequar às necessidades do ser humano. E ainda, que os recursos naturais podiam ser utilizados de forma ilimitada, em atendimento as necessidades tais como habitação, moradia, lazer entre outros. Percebe-se claramente, por parte de muitos empresários a pratica dessa visão equivocada nos dias de hoje, que Mota relata acima, basta olharmos para o desmatamento ilegal da Amazônia. A luz da Constituição Federal Brasil (1988, art. 23ª e 30ª).

É de competência dos Municípios promover o adequado ordenamento territorial, tendo como preferência a preservação do meio ambiente, com base em planejamento, controle, o uso e ocupação do solo, com criações de Leis adequadas, como por exemplo, Plano Diretor, entre outros. É de responsabilidade comum da União, estados e dos municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

Planejar o meio urbano não pode, e não é suficiente para garantir a qualidade de vida das pessoas, a preservação o meio ambiente significa garantir a qualidade e longevidade dos recursos naturais. Ao desenvolver instrumentos de ordem Legislativa, deve-se ter em mente, o meio rural, as cidades, e de outros ambientes, com visão futurista. A visão da Administração Pública, não pode limitar-se apenas em parcelar o solo a fim de implementar sua receitas, mais sim de garantir a qualidade de vida atual e futura.

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Atualmente se tem registro de diversos movimentos que buscam a preservação do meio ambiente e o consumo dos recursos naturais de forma racional e sustentada, porém insuficientes, haja visto a complexidade da matéria em questão é bem maior, uma vez que estão relacionados questões tais como desenvolvimento econômico, social e cultural. A administração pública seja ela Municipal Estadual ou Federal, tem papel importante no que diz respeito às atribuições em prol do meio ambiente, com a criação de mecanismos e leis, bem como a sua efetiva aplicação, (ex. Plano Diretor Municipal, Lei de Responsabilidade Fiscal Estatuto das Cidades, etc.). 2.3 O futuro e os caminhos das águas subterrâneas A aplicabilidade de ferramentas eficaz por parte dos administradores públicos, de fiscalização das atividades das iniciativas privadas, com certeza muito contribuiria para a preservação dos reservatórios das águas subterrâneas. De acordo com Clarke (2007, p. 83)

Boa parte disso depende de se encarar a água como um direito humano ou só como uma necessidade que, como o alimento e o abrigo, pode ter um fornecimento melhor se for regida pelas leis de mercado. O Segundo Fórum Mundial da Água, em março de 2000, em Haia pouco ajudou ao definir a água como mercadoria. Nisso, ele precipitou, pois, como assinala Peter Gleitz; As leis internacionais as declarações de governos e organizações internacionais e práticas dos estados dão respaldo à conclusão de que o acesso a uma provisão básica de água deve ser considerado um direito fundamental do ser humano.

A água doce é subsidio indispensável para que o desenvolvimento sustentável aconteça, bem como à criação de Leis adequadas, e tratados internacionais, que busquem o fomento da economia, a diminuição da pobreza no sentido da redução cada vez mais, até a sua extinção, bem como a inclusão social, tendo como resultado a manutenção da raça humana na Terra, e das reservas naturais, garantem a preservação das águas subterrâneas com qualidade. 3. Metodologia da pesquisa Segundo Rezende (2002) esse capítulo tem por objetivo relatar o procedimento metodológico que foi utilizado para a realização dos objetivos da pesquisa. A metodologia da pesquisa enfatiza a pesquisa bibliográfica e descritiva. Esta pesquisa classifica-se primeiramente como descritiva (TRIVIÑOS, 1995. p. 175). É descritiva porque pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade visando levantar questões e hipóteses para futuros estudos, por meio de dados qualitativos (GODOY, 1995; GIL, 1994, LAKATOS, 1986). A pesquisa bibliográfica pode ser considerada o primeiro passo de toda pesquisa científica, consiste no levantamento da bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A parte empírica da pesquisa, consistirá na investigação do modo como vem sendo tratado o tema da pesquisa numa realidade prática, a fim de validar os resultados obtidos a partir da pesquisa bibliográfica. Para a realização desta modalidade do estudo, adotou-se uma abordagem qualitativa (LAKATOS; MARCONI, 1986).

Após, a pesquisa caracteriza-se como pesquisa comparativa, ou seja, buscar comparar o Plano Diretor, e demais leis municipais, do município de Almirante Tamandaré, estado do Paraná.

E ainda para os dados utilizados nessa pesquisa, foi utilizado o método de entrevista estruturada, baseada em questionário, e pesquisa de campo.

Esta pesquisa de certa forma é um combinado, de levantamento de informações já existente, bibliográfica, que comparadas com procedimentos de campo, pode oferecer informações relevantes para a formatação de novos conhecimentos, desta forma, pode-se afirmar que, a pesquisa segue uma trajetória pré definida, onde logra concluir o que pretende.

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4. Preservação do aqüífero karst e crescimento populacional: uma equação inversamente proporcional em Almirante Tamandaré 4.1. Aqüífero Kart O termo “Karst” significa campo de pedras calcárias subterrâneas com grandes reservatórios de água. A área aproximada do aqüífero Karst é de 5.700 km2. Abrangendo, diversos municípios da Região Metropolitana ao norte da capital Paranaense, Curitiba, sendo eles: Campo Magro, Campo Largo, Almirante Tamandaré, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, Colombo, Bocaiúva do Sul, Cerro Azul, Tunas do Paraná, Doutor Ulisses e Adrianópolis, conforme demonstrado na figura abaixo 01 abaixo:

Figura 1: Área de Influência do Aqüífero Karst, Município

FONTE: Sudersa, 2004

Dos municípios que estão sob a influencia do Aqüífero Karst, o município de Almirante Tamandaré, contempla maior área de incidência, aproximadamente 27%, conforme demonstrado no quadro abaixo:

Figura 02

Fonte Mineroprar 2005

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4.2. Município de Almirante Tamandaré O município de Almirante Tamandaré, está sitiado no estado do Paraná, mais precisamente a sudeste do estado do Paraná do lado norte da capital, pertence à Região Metropolitana de Curitiba, com distância aproximada da capital de 15 km. Limita-se com os municípios de Campo Magro, Colombo, Curitiba, Itaperuçú e Rio Branco do Sul, conforme demonstrado abaixo:

Figura 3. Localização do Município de Almirante Tamandaré

FONTE: FAVETTI (2006, p. 23)

Entre seus potenciais, encontra-se a atividade extrativa mineradora, com cerca de 37 indústrias extrativas de cal e calcário e três fontes produtoras de água mineral, e quatrocentos e vinte e duas indústria de transformação (IBGE, 2005). Almirante Tamandaré abriga cerca de 93.055 habitantes em uma extensão territorial de 188 km². (IBGE, 2006). Basicamente o município destaca-se pela prática da atividade agrícola, no entanto, a partir dos anos 50, atividades indústrias vem garantindo um desenvolvimento econômico melhorado para o município, em especial na exploração mineral de metais não preciosos, o calcário. Por fim a pecuária desataca-se no município a exemplo da agricultura de bata inglesa, feijão e milho. Com renda per capita de 456,214, (IBGE, 2006). A taxa de alfabetização em torno de 90%. Registra uma densidade demográfica de 510, 29 habitantes por km2 (IPARDES, 2009). 4.2.1 Processo de crescimento populacional Nas últimas décadas em Almirante Tamandaré os setores com maior densidade populacional, vem oferecendo diversos problemas ambientais. É, que o município, vem se desenvolvendo em uma área de influência do aqüífero karst de alta fragilidade, já que aproximadamente 85% do território municipal encontra-se sobre a influência do aqüífero karst.

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Figura 4. Área de Influência do Aqüífero Karst, Município de Almirante Tamandaré

FONTE: Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré (2006)

Se não bastasse, há um grande índice de invasões, ou de loteamentos aprovados de forma irregular em anos anteriores que vem comprometendo a manutenção da qualidade das águas subterrâneas, haja visto, o município não registra, coleta e tratamento de esgoto nas áreas de invasão. A população do município de Almirante Tamandaré, cresceu de forma rápida até na década de oitenta e noventa vejamos quadro abaixo:

Ano Habitantes 1980 34.168 1985 48.968 1991 66.159 1996 89.410 2000 88.139 2005 93.055

2015* 102.887 Quadro 01: Fonte- Dados levantados, tendo como base os dados do IBGE

(Censo Demográfico 1991, 2000, 2005 e Contagem Populacional 1996) e, IPARDES * Projeção

Se considerarmos, que em 2015 a população do município de Almirante Tamandaré

passará para 102.887 habitantes, seria de grande relevância que o crescimento populacional fosse direcionado para as áreas onde não oferecem riscos ao grande reservatório subterrâneo de água, denominado Aqüífero Karst. Chama-se a atenção ao fato de que nos últimos tempos a empresa Sistema de Saneamento do Paraná - SANEPAR vem subtraindo água do Aqüífero, por meio de diversos poços artesianos, aproximadamente 37 poços, sendo que no município de Almirante Tamandaré, totalizam 11 (onze) poços, no entanto, não sendo possível quantificar exatamente quantos desses 11 poços estão ativos. Bem como ter acesso a documentos, que apresentassem o volume extraído de água por dia ou por período do Aqüífero Karst, ou seja, se a extração de água é igual ou inferior a capacidade natural de recarga do Aqüífero, e quais os tipos de estudos que podem ou já foram realizados para justificar o volume de extração de água, levando em consideração os períodos de estiagem ou de chuvas.

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No Município de Almirante Tamandaré, vem ocorrendo diversos registros, do que se chama de assentamento do sub-solo, muito provavelmente devido ao excesso de extração de água do aqüífero, conforme demonstrado na figura abaixo:

Figura 04

Fonte: Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré Profundidade aproximada de 35 metros

Diâmetro aproximado 150 metros

O assentamento do solo ou acomodação, pode contribuir para a contaminação dos reservatórios de água subterrâneas, oferecendo prejuízos ao particular quando da condenação de residências, bem como do terreno, além de causar um prejuízo ao particular, obriga-o a debandar de sua propriedade, por determinação da defesa civil por se tratar de área de risco, vejamos:

Figura 05

Fonte: Mineropar, 2005

4.2.2 Contaminação do Aqüífero Karst. Outro grande problema do município sem dúvida, são as fontes de poluição das águas subterrâneas em um meio urbano, dentre elas pode-se destacar o Rio Barigui que corta o município passando por regiões de fragilidade karstica e que infelizmente suas águas estão poluídas, conforme demonstra a figura abaixo, misturando-se com a rua piorando ainda mais a qualidade da água oferecendo maior risco de contaminação das águas subterrâneas.

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Fonte: Amauri

Figura 05 Em Almirante Tamandaré, tem-se o agravante de um cemitério de longa data instalado na localidade de Tranqueira exatamente em áreas de grande fragilidade kárstica e que se encontra ativo. Apesar de algumas medidas que foram tomadas no passado como por exemplo, os sepultamentos acontecem apenas em carneiras, não se tem o registro de que elas garantem a não contaminação do solo.

Figura 06

Fonte Mineroprar 2005

A criação de mecanismos que garantam a manutenção e proteção do Aqüífero Karst, sem dúvidas, garante a qualidade de vida não só da população local, bem como de outras cidades da circunferência onde a Sanepar (Sistema de Saneamento de Água do Paraná), já exporta água do Aqüífero Karst para atender os anseios da cidades vizinhas, infelizmente não foi possível identificar quais as cidades. Por fim estaria, garantindo o desenvolvimento sustentável do Aqüífero Karst, e o bem estar em especial das futuras gerações. Mota (1999, p. 260) sugere que a melhor forma de garantir e proteger as áreas de recarga, locais por onde é feita a infiltração da água de superfície, é garantir a manutenção total, deve registrar baixa ocupação, com manutenção de composição paisagística, entre outros. Ou seja, proteger e preservar a vegetação nativa, criar mecanismos de controle e de acessibilidade, remover famílias que residem em locais de alta fragilidade karstica, muito contribui para a preservação e exploração racional do Aqüífero Karst. 4.3 Plano Diretor do Município de Almirante Tamandaré

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O Plano Diretor do Município de Almirante Tamandaré, é bastante recente, está regulamentado pela Lei Complementar Municipal nº 001/2006, tem por função estabelecer objetivos, instrumentos e diretrizes para as ações de planejamento no município. Está fundamentado na Constituição Federal, mais especificamente nos artigos 30º e 182º , bem como na Lei Federal 10.257/01, Estatuto das Cidades, na Constituição do Estado do Paraná, e na Lei Orgânica do Município. Trata-se de um instrumento indispensável no que diz respeito à política de desenvolvimento do município. No seu artigo 4º, define as seguintes Leis: Lei do Perímetro Urbano; Código de Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo; Código de Parcelamento do Solo Urbano; Lei do Sistema Viário; Código de Posturas; Código de Obras e Edificações. De acordo com o artigo 5º tem por finalidade entre outras, “promover o aperfeiçoamento da legislação de uso e da ocupação dos solos, urbanos e rural, visando ordenar à plena realizações das funções sociais do município. A preservação e a manutenção do Aqüífero Karst, está previsto no art. 45ª da referida Lei. O art. 63ª denomina as áreas de influência do aqüífero karst como sendo “Macrozona de Urbanização Controlada – MUC”, Busca ainda a referida lei incentivar as atividades econômicas compatíveis com a preservação e conservação do Aqüífero Karst, principalmente na área do turismo. No capítulo IV da referida lei, mais especificamente no art. 143º, temos a definição de Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS. São regiões tidas como urbanas delimitadas pelo Poder Público, onde é permitido o estabelecimento de padrões de uso e ocupação do solo, que entre outras, pretende garantir a qualidade de vida e equidade social. No entanto de acordo com o mesmo artigo, quando as ZEIS, estiverem localizadas na área de influência do Aqüífero Karst serão denominadas ZEIS-K, terão tratamento diferenciado, ou seja, de forma especial quanto a sua ocupação, devendo ser atendidas, antes de sua regularização ou urbanização, as exigências mínimas para a elaboração de projetos, estabelecidos pela Lei de Uso e Ocupação do solo conforme as restrições nelas incidentes. 4.4 Áreas consideradas de grande fragilidade karstica Em Almirante Tamandaré, contempla no mapa de zoneamento em especial na região central do município, ou seja, exatamente na avenida principal denominada Avenida Emilio Jonhsnon. A Zona Central – ZC. Estudos indicam uma grande fragilidade karstica neste setor, onde o Plano Diretor prevê uma série de restrições como, por exemplo, Taxa de permanência mínima de 25%; taxa de ocupação máxima de 50%; com limitação de dois pavimentos; testada mínima de 15 mts, e 20 mts quando esquina. De fato, medidas como estas entre outras, são de fundamental importância para garantir a preservação do Aqüífero Karst, pois sua preservação e a extração adequada da água garante a sua sustentabilidade, bem como a preservação dos seres humanos. O fato é que se observa nas áreas denominadas Zona Central, a existência de novas edificações com mais de dois pavimentos sem qualquer restrição. No entanto, fica a pergunta; Como pode o município fomentar a economia, se o centro do município apresenta uma série de restrições ambientais em nome da preservação do Aqüífero Karst? Ou, que instrumentos devem ser implementados para garantir o desenvolvimento, social, cultual e econômico da população central? A criação de instrumentos como, por exemplo, um “Plano de Desenvolvimento” que envolva todos os municípios que integram o Aqüífero Karst, tendo como foco a garantia da manutenção e exploração adequada da água de forma sustentável.

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A implantação e manutenção de ambientes de acesso ao público, em muito ajudaria para a formação de opinião da população, como por exemplo, trabalhos educativos nas escolares de rede pública e particular de ensino, nas bibliotecas, ou ainda, a criação de Museus, com conteúdo do Aqüífero, tudo isso buscando um maior comprometimento da população em especial os alunos das escolares das redes públicas e particular de ensino. A aplicabilidade de forma correta da Lei Federal 9.433/97, que traz no seu bojo o Plano de Recursos Hídricos, tem por função orientar e aplicar a Política Nacional de Recursos Hídricos, bem como o gerenciamento, em muito contribuiria para a manutenção e preservação, bem como o desenvolvimento sustentado do Aqüífero Karst.

Aplicação de sansões, pelas autoridades competentes, tendo como base a Legislação vigente, em especial a local, de forma continuada, em muito ajudaria a preservação do Aqüífero Karst, haja visto, a existência de Leis específicas que garantem e proíbem a degradação do meio ambiente, resultado na preservação da qualidade de água do Aqüífero Karst. 4.5. Desenvolvimento econômico do município de Almirante Tamandaré O município de Almirante Tamandaré, se destaca pela extração de minérios do tipo não metálico, significando aproximadamente 50% da produção e fonte de renda de natureza industrial, de relevante importância econômica no que diz respeito à geração de emprego e moradia entre outros. O grande problema na maioria das vezes está nas indústrias de médio e pequeno porte, onde normalmente não obedecem a as leis de proteção ambiental, com procedimentos nocivos ao meio ambiente (agricultura local), e conseqüentemente ao Aqüífero Karst; como poluição aos mananciais que tem ligação direta com o Aqüífero Karst, alteração do curso das águas, ou então, destruição das grutas, com a exploração do minério denominado calcário, ou uso de cargas explosivas sem um critério que comprove não estar destruindo o Aqüífero Karst.

Em Almirante Tamandaré segundo o IBGE, existem 30, minas de exploração de minério, com a extração do minério, em média vinte por cento do produto denomina-se rejeite, que são as sobras, mais conhecido na região como pedrisco, muito utilizado pela Administração Publica Municipal como matéria prima para a conservação das ruas secundárias, (estradas de chão).

A administração pública local vem realizando constantes trabalhos de manutenção as vias secundárias, motivado pela erosão. Ou seja, a aplicação do pedrisco é constante, motivado pelas chuvas torrenciais muito freqüente na região, como conseqüência observa-se que o referido material é levado para os rios e córregos da região, podendo contaminar ou obstruir a passagens subterrâneas de água do Aqüífero Karst. Atualmente o município possui aproximadamente 500 km de estrada secundárias também conhecidas pela cultura local como “estrada de chão”, que recebem constantemente serviços de manutenção, e reposição do pedrisco. O município de Almirante Tamandaré, também tem característica agrícola,; o cultivo do morango, da batata do milho e do feijão, e verduras em geral, o uso descriminado de agrotóxicos nas lavouras em busca de melhores resultados, vem oferecendo sérios riscos de contaminação do Aqüífero Karst. O uso de defensivos agrícolas orgânicos, em larga escala, garante a preservação do Aqüífero Karst, bem como melhores resultados financeiros aos agricultores, no entanto em Almirante Tamandaré, esta prática ainda é muito reduzida. Em 2005, o IBGE, realizou o censo no Município de Almirante Tamandaré, concluindo que a população do município é de 93.055, habitantes.

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O censo realizado em 2000 em Almirante Tamandaré apresenta uma população de 88.139 habitantes, logo o IPARDES, vinha projetando para o ano de 2005 aproximadamente 119.556 habitantes. Com diminuição da população estimada, houve uma redução de repasses orçamentários (Fundo de Participação dos Municípios –FPM), na casa de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) por ano, valor relevante para o município, já que este valor representa aproximadamente 10% dos repasses, comprometendo ainda mais a preservação do Aquifiero Karst, uma vez que o município não é beneficiário de compensações financeiras, em detrimento a manutenção e preservação do Aqüífero Karst. 4.6 Compensação Financeira O art. 132º da Constituição do Estado do Paraná, ao tratar da divisão e repasse das receitas tributárias, dita, que o Estado assegurará, na forma da lei, aos Municípios que tenham parte de seu território integrando unidades de conservação ambiental, ou que sejam diretamente influenciados por elas, ou àquelas com mananciais de abastecimento público, tratamento especial quanto ao crédito da receita. A Lei Complementar nº 59/91, disciplina a repartição de 5% do ICMS aos municípios que abriguem em seu território unidades de conservação ambiental, ou que sejam diretamente influenciados por elas, ou aqueles com mananciais de abastecimento público. Os recursos diferenciados distribuídos não representam um tributo novo, o ICMS é um imposto já existente. O que ocorre, é um redirecionamento da sua distribuição, a partir de um critério ambiental. A alocação dos recursos manifesta o reconhecimento político-institucional da necessidade de minimizar e compensar os impactos ambientais nesse caso o Aqüífero Karst. Os municípios contemplados pelo critério de mananciais, são aqueles que abrigam em seu território parte ou o todo de bacias hidrográficas de mananciais de abastecimento público para municípios vizinhos. Referidas unidades de conservação ambiental são as áreas de preservação ambiental, estações ecológicas, parques, reservas florestais, florestas, hortos florestais, áreas de reservas indígenas e áreas de relevante interesse de leis ou decretos federais, estaduais ou municipais, de propriedade pública ou privada (Cf. redação dada ao art. 2º da LC nº 59/91 pela LC nº 67/93) O Decreto nº 2.791/96, define critérios técnicos de alocação de recursos a que alude o art. 5º da Lei Complementar nº 59/91, relativos a mananciais destinados a abastecimento público, pelos quais são contemplados os municípios que abrigam em seu território parte ou o todo de bacias de mananciais superficiais para atendimento das sedes urbanas de municípios vizinhos, com áreas de seção de captação de até 1.500 Km2, em utilização até a data da aprovação da Lei Complementar nº 59/91, bem como mananciais subterrâneos para atendimento das sedes urbanas de Municípios vizinhos, em regime de aproveitamento normal. Para usufruírem o benefício, os municípios deverão cadastrar as unidades de conservação no Instituto Ambiental do Paraná – IAP, cuja inclusão depende de vistoria técnica. A repartição é feita da seguinte maneira: cinqüenta por cento para municípios com mananciais de abastecimento; cinqüenta por cento para municípios com unidades de conservação ambiental. De acordo com a Lei, no caso com sobreposição de áreas com mananciais de abastecimento e unidades de conservação ambiental, será considerado o critério de maior compensação financeira. Dita ainda a Lei, que os percentuais relativos a cada município serão anualmente calculados pela entidade responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos e do meio ambiente, e divulgados em portarias devidamente publicados em Diário(s) Oficial(s). Além de fazer justiça aos municípios com restrição de uso de solo, o benefício despertou o interesse em preservar e/ou recuperar as áreas de mananciais e unidades de conservação, revertendo o modelo econômico vigente, potencialmente degradados, redirecionando recursos a partir de critérios ambientais.

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Atualmente o município de Almirante Tamandaré, não é beneficiário do tratamento diferenciando em função de sua limitação ambiental. Percebe-se claramente a necessidade de oferecer maior elasticidade orçamentário para o município, com objetivo de garantir a preservação dos recursos naturais, como por exemplo, florestas, lagos, entre outros, que garantam a qualidade e a sobrevivência do Aqüífero Karst. 5. Conclusão

A busca incansável pelo ser humano da criação de instrumentos garantidores à preservação dos recursos naturais bem como a exploração adequada, proporciona à oferta de menor impacto ao meio ambiente, em especial ao Aqüífero Karst, é fundamental para garantir os anseios da sociedade que se beneficiam das águas subterrâneas do Município de Almirante Tamandaré.

A criação de instrumentos como por exemplo, um “Plano de Desenvolvimento do Aqüífero Karst” que envolva todos os municípios que integram envolvidos pelo Aqüífero Karst, tendo como foco a garantia da manutenção e exploração adequada das águas subterrâneas, inclusive estudar profundamente a possibilidade de exportar água para outras cidades, tendo como contra partida benefícios financeira, não só aqueles repassados pelo estado em forma “royalties”, mais sim valores financeiros repassados diretamente pelas cidades receptoras de água, em muito ajudaria para fomentar o desenvolvimento econômico do município, com garantias reais da manutenção do Aqüífero Karst.

A implantação e manutenção de ambientes de acesso ao público, em muito ajudaria para a formação de opinião da população, como por exemplo, trabalhos educativos nas escolares de rede pública e particular de ensino, nas bibliotecas, a criação do museu da água com conteúdo do Aqüífero Karst, buscando um maior comprometimento da população em muito ajudaria. O uso de defensivos agrícolas orgânicos, em larga escala, garantiria contribuiria para a preservação do Aqüífero Karst, bem como melhores resultados financeiros aos agricultores se fosse explorado no comércio a bandeira de produtos orgânicos, no entanto em Almirante Tamandaré, esta prática ainda é muito reduzida. O incentivo a transferências de residências, ou implementação do crescimento populacional em áreas de baixa influência do Aqüífero, muito ajudaria a preservação do mesmo, bem como o remanejamento de indústrias poluentes que estão instalados em locais alta incidência, também garante a contribuição da manutenção do Aqüífero Karst e da qualidade da água por longa data.

Providenciar em caráter de urgência cadastro do Município junto ao Instituto Ambiental do Paraná – IAP, para buscar usufruir de benefício de incentivos fiscais de ordem financeira, poderiam incrementar a preservação do Aqüífero Karst, que teria como resultante o complementação orçamentária municipal por meio de “Royalties Ecológicos”, infelizmente o município de Almirante Tamandaré, não é contemplado pelo Royalties Ecológicos até o presente momento.

Fomentar rigorosamente a aplicação de leis vigentes muito contribuiria para conservação do Aqüífero Karst, bem como a qualidade de vida da população Tamandareense atual e futura.

Conclui-se que até o presente momento o Município de Almirante Tamandaré, esta em constante limitações de crescimento econômico, indo na contra mão do progresso, bem como do atendimento as necessidades bacias dos munícipes, desta forma a busca pelo desenvolvimento de uma situação ideal de equilíbrio ambiental e econômico, e bem estar social, entre outros, deve, cada vez mais, ser intensificado por parte dos Gestores Municipais atuais e futuros, como também dos Atores Sociais, para garantir ao município de Almirante Tamandaré os benefícios de um ambiente ideal, que zela pela manutenção do Aqüífero karst, da estabilidade econômica e social do município por longos anos.

As áreas kársticas em especial as áreas de grande incidência ou fragilidade kastica, devem ser monitoradas com grande efetividade, até mesmo se for o caso desativar indústrias, moradias, ou cemitérios, estes áreas certamente são naturalmente vulneráveis aos impactos de ordem ambiental.

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Com relação às limitações da pesquisa, a amostra pesquisa foi baseada em apenas um município, entende-se que as conclusões levantadas, possivelmente não sejam semelhantes aos demais municípios de influência do Aqüífero karst. Para o futuro é fundamental a instauração de novas pesquisas científicas, abrangendo os demais municípios de influência Aqüífero karst, buscando entender a particularidade de cada um, bem como as suas limitações, tais como, econômicas, sociais, culturais, territoriais e desenvolvimento industrial entre outros, como conseqüência traria novos resultados e serem avaliados, podendo inclusive ser comparados, como por exemplo, que prejuízos recebe o Aqüífero Karst com a extração de minérios para ser beneficiado em indústrias de cal e calcário em relação aos demais municípios. E ainda, desenvolver estudos direcionados ao processo do uso de corretivos do solo, de forma adequada, em garantia da manutenção do Aqüífero Karst.

A pesquisa realizada neste artigo foi baseada apenas no município de Almirante Tamandaré. Outros Municípios podem ser objetos de análises; aplicação do modelo proposto em outras municipalidades, com o objetivo de testar sua aplicabilidade em outros ambientes; do município pesquisado, onde poderá usufruir a pesquisa como um mecanismo de analogia e comparação; para a academia contribuindo para o desenvolvimento ou para referência em trabalhos futuros. Referências ANDREOLI, C. V. et al. A crise da água e os mananciais de abastecimento. In: ANDREOLI, C. V. (Ed.). Mananciais de abastecimento: planejamento e gestão. Estudo de caso do altíssimo Iguaçu. Curitiba: Sanepar, Finep, 2003. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 1988. Atualizada até a emenda

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