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Preocupação Nacional publica Informativo da Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - APEMINAS - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009 res Diretoria da APEMINAS comparece ao XXXIV Con- gresso de Procuradores do Estado, em Goiás, relata si- tuação dos advogados públicos em Minas Gerais, o que causa preocupação nos colegas de outras unidades da Federação. O Res Publica ouviu repre- sentantes de Procuradorias em outros Estados, como os presidentes das Associações de Goiás e do Rio de Janeiro, que se mostraram alarmados com a situação dos integran- tes dos quadros da AGE. Questões relativas à remune- ração e desrespeitos às prer- rogativas foram debatidas e provaram que Minas está bem atrás de outros Estados. Advogado-geral admite peso da questão remuneratória. Páginas 3 e 4 Entrevista Eduardo Maciel, procurador federal e ex-procurador em Minas fala sobre sua saída da AGE. Página 6 Eficiência? Milhares de ações são ajuizadas con- tra o Estado para regularização do pagamento de honorários aos dati- vos. A falta de defensores públicos e o não pagamento da dívida oneram os cofres públicos, trazem morosi- dade à Justiça e sobrecarregam pro- curadores. Página 9 Desmotivação Baixo vencimento inicial e remu- neração inconstante levam procu- radores a desistir da carreira. Página12 Congresso Nacional de Procuradores em Goiás Carlos Viana entrevista Gustavo Chaves Imprensa Imprensa mineira repercute denúncia feita pela APEMINAS contra concurso público aberto pela Secretaria do Estado de Meio Ambiente para função de “parecerista”. Página 5 Apeminas Jan08:Alfenas 27/1/2009 17:41 Página 1

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Preocupação Nacional

publicaInformativo da Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - APEMINAS - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

res

Diretoria da APEMINAScomparece ao XXXIV Con-gresso de Procuradores doEstado, em Goiás, relata si-tuação dos advogados públicosem Minas Gerais, o que causapreocupação nos colegas deoutras unidades da Federação.

O Res Publica ouviu repre-

sentantes de Procuradorias

em outros Estados, como os

presidentes das Associações

de Goiás e do Rio de Janeiro,

que se mostraram alarmados

com a situação dos integran-

tes dos quadros da AGE.

Questões relativas à remune-

ração e desrespeitos às prer-

rogativas foram debatidas e

provaram que Minas está

bem atrás de outros Estados.

Advogado-geral admite peso

da questão remuneratória.

Páginas 3 e 4

EntrevistaEduardo Maciel, procurador federal eex-procurador em Minas fala sobresua saída da AGE. Página 6

Eficiência?Milhares de ações são ajuizadas con-tra o Estado para regularização dopagamento de honorários aos dati-vos. A falta de defensores públicos eo não pagamento da dívida oneramos cofres públicos, trazem morosi-dade à Justiça e sobrecarregam pro-curadores. Página 9

DesmotivaçãoBaixo vencimento inicial e remu-neração inconstante levam procu-radores a desistir da carreira.Página12

Congresso Nacionalde Procuradores em

Goiás

Carlos Viana entrevistaGustavo Chaves

ImprensaImprensa mineira repercute denúncia feita pela APEMINAS contra concursopúblico aberto pela Secretaria do Estado de Meio Ambiente para função de“parecerista”. Página 5

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2 Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Expediente

PresidenteGustavo Chaves Carreira MachadoVice-presidenteJoão Lúcio Martins PintoTesoureiroGeraldo Ildebrando de Andrade

SecretáriaRochelle Cardoso AmericanoDiretor SocialMarco Túlio de Carvalho RochaDiretor de Relações InstitucionaisGustavo Albuquerque MagalhãesDiretor de Comunicação,Jaime Nápoles Villela

Diretor representante dos AposentadosErasmo Cesarino de VilhenaDiretora de ConvêniosEvânia Beatriz de Souza CabralColaboradorCarlos Frederico PereiraJornalistas responsáveisJúlio Anunciação - Mtb 10.341 JP

Renato Pena - Mtb 10.118 JPProjeto Gráfico e DiagramaçãoMarcelo RamosTiragem: 4 mil exemplares

Palavra da Diretoria

Dispõe a Carta da República de 1988, emseu artigo 132, que “os Procuradores dos Es-tados e do Distrito Federal, organizados emcarreira, na qual o ingresso dependerá deconcurso público de provas e títulos, com aparticipação da Ordem dos Advogados do Bra-sil em todas as suas fases, exercerão a repre-sentação judicial e a consultoria jurídica dasrespectivas unidades federadas.”

Fica clara a opção do legislador consti-tuinte no sentido de que o controle internodos atos da Administração Pública se dê pormeio de Procuradores detentores de cargoefetivo, providos mediante concurso público,justamente para evitar que o controlador fiquesubordinado ao controlado, como, via deregra, se dá quando as assessorias jurídicassão ocupadas e exercidas apenas por servido-res comissionados, exoneráveis ad nutum.

Recentemente, o Supremo Tribunal Fede-ral ao analisar a natureza do parecer jurídico(julgamento de relatoria da lavra do Min. Joa-quim Barbosa - STF – Informativo 475/2007– MS 24.631/DF), explicitou ser obrigatórioao administrador público praticar o ato se-gundo a orientação nele expressa quando o or-denamento jurídico exija a manifestação doórgão incumbido da consultoria jurídica.

Alinhado a esse pensamento é que se temcomo indispensável a presença de Procurado-res do Estado nos órgãos de consultoria daAdministração Pública como mecanismo ins-titucional de concretização e de controle doprincípio constitucional da legalidade. Deve-se inadmitir o exercício desse mister a tercei-ros que não se submeteram ao respectivoconcurso público e não comprovaram, pelo

modo constitucionalmente prescrito, possuira capacidade técnica para o desempenhodessa atividade junto aos Estados-Membros e,de outro lado, que não possuam vínculo pro-fissional permanente com o Estado e liber-dade para atuar com a independêncianecessária ao exercício pleno do controle in-terno da Administração Pública.

Daí que não é mais admissível que órgãosda Administração Pública estadual, notada-mente da administração direta, tenham a con-sultoria jurídica exercida apenas porassessores comissionados ou “pareceristas”estranhos aos quadros da Advocacia-Geral doEstado, pois nestes casos o controle internonão é exercido da forma independente e isentapreceituada pela Constituição Federal, sendodigno de registro o esforço da Advocacia-Geralem dotar todos os órgãos e entidades do Es-tado de Minas Gerais do devido assessora-mento jurídico por meio de Procuradores doEstado.

No entanto, recentes episódios nos trazempreocupação. Trata-se do Edital de Creden-ciamento de Pareceristas n.01/2008 (que se-

leciona advogados na iniciativa privada paraemitir pareceres jurídicos em processos de li-cenciamento e regularização ambiental!) e oDecreto Estadual n.º 44.915, de 6 de outubrode 2008, que atribui a Assessoria JurídicaCentral Metropolitana e Assessorias JurídicasRegionais a competência para prestar asses-soria ao Plenário do COPAM, iniciativas quena visão da APEMINAS ferem os artigos 132da Constituição Federal e 128 da ConstituiçãoMineira, bem como a Lei Complementar n.º81/2004.

Além de inconstitucional, se mostra aten-tatório à eficiência administrativa o dispêndiode dinheiro público com advogados ‘creden-ciados’ para exercer uma função para a qual oEstado de Minas Gerais já está devidamenteatendido por sua Advocacia-Geral, cujo qua-dro mais do que dobrou nos últimos anos.

Não se compreende como a SEMAD, órgãoresponsável pela coordenação do Sistema Es-tadual do Meio Ambiente, abre mão dos Pro-curadores que até pouco tempo lá seencontravam lotados, enquanto os demais ór-gãos do Estado de Minas Gerais demandamcada vez mais Procuradores.

Apenas o administrador não zeloso pelares publica e descumpridor do mandamentoconstitucional hesitaria em entregar a asses-soria jurídica do órgão que administra transi-toriamente ao membro da instituiçãoconstitucionalmente incumbida desse mister,ou, por via oblíqua, subtrairia ao Procuradordo Estado competência para opinar juridica-mente nas ações públicas de maior relevância.

Certa de que este não é o caso do governomineiro é que APEMINAS já está adotando asmedidas necessárias em relação ao Edital deCredenciamento 01/2008 e Decreto Estadualn.º 44.915/2008, conclamando a classe amanter-se vigilante a qualquer iniciativa,ainda que isolada, que nos retire ou atinjanossas funções e prerrogativas, reforçando ocompromisso de que não hesitaremos emfazê-las prevalecer, não por mero espírito decorpo, mas acima de tudo pelo espírito pú-blico que sempre norteia a nossa atuação.

Se mostra atentatório à eficiência administrativa o

dispêndio de dinheiro público comadvogados ‘credenciados’ paraexercer uma função para a qual

Minas Gerais já está devidamenteatendido por sua Advocacia-Geral

Não é mais admissível que órgãos da Administração Pública

estadual, notadamente da administração direta, tenham a

consultoria jurídica exercidaapenas por assessores

comissionados ou “pareceristas”

www.anunciatto.com

JAIME NÁPOLESVILLELA, DIRETOR DE COMUNICAÇÃODA APEMINAS

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3Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Situação em Minas preocupa o Brasil e advogado-geral admite peso da questão remuneratória

LamentávelDurante o último Congresso

Nacional de Procuradores, reali-zado em Caldas Novas, em Goiás,no qual a diretoria da APEMINASesteve presente, repercutiu mal asituação de Minas Gerais. Fatorescomo o tratamento remunerató-rio dado à classe e o desrespeitoàs prerrogativas causaram preo-cupação em colegas de outrasunidades da Federação. O presi-dente da Associação dos Procura-dores do Estado do Rio deJaneiro (APERJ), Leonardo Spín-dola, disse que o enfraqueci-mento da advocacia pública emMinas representa um problemapara as carreiras em todo o Bra-sil. “É inconcebível que estejamcom tratamento remuneratório eprerrogativas legais abaixo dosoutros”. Para ele, o problema geraum descompasso perverso nainstituição, provocando um êxodode excelentes profissionais paracarreiras com política remunera-tória melhor. “O Estado, ao tratarde forma anti-isonômica a funçãode justiça, privilegiando uma car-reira em detrimento de outras,acaba por enfraquecer o EstadoDemocrático de Direito”.

O vencimento inicial de umprocurador do Estado, em MinasGerais, sem os honorários, é deR$ 3.700,00, enquanto o de umadvogado público da União é, ini-cialmente, de R$ 14.049,00. Parao advogado geral do Estado deMinas Gerais, José Bonifácio Bor-ges Andrada um integrante daAGU que tomou posse no iníciode 2008 não ganhou mais, aofinal do ano, do que um procura-dor dos quadros da AGE. “Tive-mos aumentos significativosacima da inflação. Se, comparati-vamente com outros Estados, émuito ou pouco, deixe que os ou-tros façam os comentários. Estouafirmando que a remuneração foimaior que a AGU”, salientou. Ovice-presidente da APEMINAS,

João Lúcio Martins Pinto, afirmaque, devido à anistia concedidapelo Executivo aos devedores em2008, os valores finais forammaiores, mas isto é uma ocasiãoque dificilmente voltará a aconte-cer.

Para o presidente da Associa-ção dos Procuradores de Goiás,Marcello Terto, anfitrião do Con-gresso Nacional, Minas Geraisnão deve servir de exemplo paradesvios disfarçados de modis-mos, como o discurso do “choquede gestão”. “Os fundamentos doprocesso de desburocratizaçãonão se divorciam da necessidadede apego à lei. A desburocratiza-ção não autoriza a atuação levianae dissociada do interesse públicoou a abolição dos mecanismos decontrole. Ao contrário, quer dizerapenas que os resultados e a efi-caz e qualitativa satisfação dos va-lores constitucionais passamtambém a caracterizar o inte-resse público extraído da lei e,portanto, a ser objeto das funçõespúblicas de controle”. Para ele, odescaso do Governo de Minas Ge-

rais com a Procuradoria-Geral doEstado, que, segundo Terto, seresolveu equivocadamente cha-mar de Advocacia-Geral, fugindoàs raízes históricas e institucio-nais da carreira de Procurador doEstado, não condiz com o EstadoDemocrático de Direito, nemcom os interesses dos cidadãos.“O tratamento dispensado aoscolegas mineiros está longe doadequado a sua relevância cons-titucional de promotores de se-gurança e estabilidade jurídicas”,considerou.

“Acho que não, mas pode serque sim." Assim respondeu JoséBonifácio Andrada, uma vez in-dagado pela equipe do Res Pu-blica se a carreira comoprocurador é um "trampolim",se profissionais passam pelaAGE e já saem em busca de ou-tras carreiras por causa da re-muneração. Ele disse ainda queas funções de magistrado, pro-motor e procurador não estãovinculadas ao mesmo poder, ouseja, os advogados públicos esta-duais estão submetidos direta-

mente ao Executivo Estadual.“Se alguma inconstitucionali-dade fosse constatada, uma Adinjá teria corrigido essa questão”,falou. Segundo ele, a questão re-muneratória pode ser um motivopara a saída de procuradores dosquadros da AGE, mas, consideranormal que se há vagas em ou-tras carreiras, onde se paga mais,que o profissional da advocaciapública siga outros rumos.

Em entrevista a um canal detelevisão aberta, o governadorAécio Neves se mostrou preocu-pado em relação à rotatividadenos quadros do funcionalismopúblico. Para Andrada, na AGE,isto não é motivo de preocupaçãoe não está ligado obrigatoria-mente à questão remuneratória,já que, segundo ele, não há comosaber os motivos pelos quais aspessoas deixam de entrar ousaem da advocacia pública do Es-tado. “O que temos de concreto éum concurso muito disputado,com um número de inscriçõesimpressionante e um volume decandidatos altíssimo”, afirmou.

Mesa durante abertura do Congresso Nacional de Procuradores

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4 Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Dados da AGE mostram aumento da evasão

Durante o encontro com aequipe do Res Publica, BonifácioAndrada apresentou dados sobreentrada e saída de procuradoresda AGE desde a fusão das Procu-radorias, em 2003, quando 21 en-traram e dois deixaram os quadrosda advocacia pública de Minas.Entretanto, constata-se que, apartir de 2006, a saída de procu-

radores aumentou consideravel-mente. Nesse ano, 36 ingressaramna AGE e 12 saíram. No ano se-guinte, 51 entraram e 21 pediramexoneração ou foram demitidos e,em 2008 houve a saída de 20 pro-curadores. Atualmente, traba-lham da Advocacia Geral doEstado, 405 profissionais.

De acordo com o vice-presi-

dente da APEMINAS, João LúcioMartins Pinto, o que preocupa é aida precoce de integrantes da AGEpara outras carreiras jurídicas,motivada, na maioria das vezes,pela procura por tratamento cons-titucional – o que envolve políticaremuneratória e respeito às prer-rogativas – melhor do que é dadoaos procuradores em Minas Ge-

rais. “Se em 2008, 36 ingressarame 12 saíram, é porque algumacoisa está errada. Isso prova o au-mento da rotatividade, que é ex-tremamente danosa à própriaunidade da Federação. Isto nãoocorre na Magistratura e no MP”,frisou. Dos 405 procuradores daativa, 234 foram nomeados naatual gestão.

Ministra pede efetivação de conquistas passadas

A ministra do SupremoTribunal Federal, CarmenLúcia, que é ex-procuradorado Estado de Minas Gerais, es-teve presente no CongressoNacional, onde palestrou. Elafalou ao Res Publica poucoantes de sua participação. Se-gundo a ministra, as Procura-dorias devem dar passosfirmes e estabelecer definitiva-mente conquistas internas. “Asconquistas passadas ainda nãoforam integralmente implanta-das, como, por exemplo, impe-dir que sejam nomeadosprocuradores gerais que nãosão da carreira”, disse.

Res Publica é lançado durante o CongressoO jornal Res Publica foi oficialmente lan-

çado durante o Congresso Nacional de Procu-radores. A primeira edição trouxe matériassobre a posse da nova diretoria da APEMINAS,evasão da carreira no Estado, entrevista com opresidente da ANAPE, Ronan Alves Bicca, arti-gos de Gustavo Carreira Machado e Roney Oli-veira Júnior, entre outras informaçõesinteressantes à comunidade jurídica e à classedos procuradores estaduais. Segundo o diretorde comunicação da APEMINAS, Jaime Nápo-les, foi boa a repercussão do Res Publica entreos colegas dos outros estados. “Pudemos mos-trar a situação preocupante em Minas no quetange ao tratamento constitucional dado aosprocuradores”. Ele ressaltou ainda outras ati-vidades da comunicação que estão em fase deexecução, como a reformulação do website, porexemplo.

A ministra doSTF, Camen Lúcia

Res Publica foi bem recebido durante o evento

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5Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Em foco

Com o propósito de formular um conheci-mento jurídico prático, crítico e vinculadoao contexto social, político e econômicobrasileiro, o livro “Direito do Estado. Ques-tões Atuais”, dos autores Andréa Karla Fer-raz, Luciano Sotero Santiago, Márcio Luís deOliveira e da procuradora do Estado, RaquelMelo Urbano foi lançado em outubro, para adiscussão de temas correlacionados com oDireito Constitucional, Direito Administra-tivo, Direito Econômico e Direito Tributário.A obra está sendo comercializada nas prin-cipais livrarias e no site da Editora Juspo-divm. (http://www.editorajuspodivm.com.br)

O procurador Marcelo Barroso lançou a segunda edi-ção de seu livro 'Regime Próprio de Previdência So-cial dos Servidores Públicos.' A obra foi ampliadacom a incorporação de novos conteúdos, revista eatualizada de acordo com a doutrina, a legislação ejurisprudência mais recentes sobre a previdênciados servidores públicos. O livro é vendido nas prin-cipais livrarias jurídicas e também pelo sitewww.jurua.com.br, aonde o interessado pode folheá-lo eletronicamente.

A Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais(APEMINAS) protocolou, junto ao Ministério Público Esta-dual, denúncia contra o concurso aberto pela Secretaria deEstado do Meio Ambiente e Desenvolvimento para cre-denciamento de advogados que ocupariam a função de“pareceristas jurídicos” e contra decretos estaduais queatribuem funções de assessoria jurídica, no âmbito daSEMAD, a órgãos estranhos à Advocacia Geral do Estado(AGE). Segundo o presidente da APEMINAS, Gustavo ChavesCarreira Machado, o certame é ilegal, uma vez que a emis-são de pareceres jurídicos em processos de licenciamentoambiental é função restrita aos procuradores do Estado enão pode ser exercida por advogados que não integrem osquadros da Advocacia Geral do Estado. No documento pro-tocolado no MPE, a APEMINAS pede a anulação do edital,no que se refere aos pareceristas jurídicos.

O jornalista Carlos Viana, da Rádio Itatiaia, entrevistou, nasede da APEMINAS, o presidente Gustavo Chaves CarreiraMachado. O assunto foi a denúncia feita pela Associação

dos Procuradores junto ao Ministério Público contra aabertura de concurso público pela Secretaria de Estado doMeio Ambiente e Desenvolvimento (SEMAD) para a contra-

tação de “pareceristas jurídicos”. Durante a entrevista,Chaves afirmou que esta função é privativa dos procurado-res do Estado e somente pode ser exercida por profissio-nais integrantes da Advocacia Geral do Estado. A matériafoi ao ar no Jornal da Itatiaia e ganhou repercussão tam-

bém em outros veículos, como no jornal O Tempo, porexemplo. Ainda durante sua visita, Viana ouviu o diretor decomunicação da APEMINAS, Jaime Nápoles, que esclareceu

o público sobre a função de um procurador do Estado esua importância na defesa do patrimônio público e no con-

trole da legalidade.

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Entrevista:

Atualmente integrante dos quadrosda Advocacia Geral da União, o procura-dor federal, Eduardo Maciel, é outro exem-plo de um profissional que preferiu nãoseguir carreira na Advocacia Geral do Es-tado. Primeiro colocado no concurso daAGE em 2006, ele explica nesta entrevistaconcedida ao Res Publica as razões que olevaram a seguir outra opção. Entre osmotivos, destacam-se a baixa remunera-ção e o desrespeito às prerrogativas dacarreira. Segundo ele, há a noção de quea carreira como procurador em Minas nãoserá uma opção definitiva para o candi-dato, especialmente pela defasagem re-muneratória em relação às demaiscarreiras de Estado. Confira a entrevista.

Res Publica - O que levou o se-nhor a optar por outra carreira esair dos quadros da AdvocaciaGeral do Estado de Minas Gerais?

Eduardo Maciel - Decidi sairpor entender que outras carreirastêm uma maior preocupação emvalorizar seus quadros. Refiro-menão só à remuneração, mas tam-bém à questão das prerrogativasfuncionais e outras, como apoio àqualificação acadêmica dos procu-radores, etc. Foi uma opção difícilde ser tomada, por se tratar de umainstituição respeitável e porque aopção envolvia também abrir mãode trabalhar em Belo Horizonte ouem uma cidade próxima. Senti queMinas encontrava-se um pouco de-fasada quanto à valorização da car-reira, o que é lastimável, já queatravessamos atualmente um mo-mento político e institucional emque surge, cada vez mais, umaconscientização da importantemissão da advocacia pública. Nãohá política pública promovida peloEstado, hoje, que não seja questio-nada e submetida ao crivo judicial.É imprescindível o fortalecimentoda Advocacia Pública, sob pena deo Estado, especialmente o Execu-tivo, renunciar ao seu papel deidealizador e promotor das políti-cas públicas. Vários Estados já se

deram conta disso e têm se esfor-çado para dar o tratamento consti-tucional devido às respectivasProcuradorias. Também a União,na esfera federal. Essa consciência,no entanto, se aportou em MinasGerais, parece não ter surtido osefeitos desejados.

RP - O senhor aconselharia al-guém do seu nível de conhecimentoa prestar concurso para a Advoca-cia Pública em Minas? Por quê?

EM - Sim, mas sempre que sefala em prestar concurso para Ad-vocacia Pública em Minas, temos anoção de que não será uma opçãodefinitiva para o candidato, infeliz-mente, especialmente pela defasa-gem remuneratória em relação àsdemais carreiras de Estado. Perpe-tua-se, assim, a infeliz imagem deque a Advocacia Pública funcionacomo formadora de mão-de-obrapara outras carreiras, notadamenteda Magistratura e do MinistérioPúblico, e que se trata apenas deuma "carreira trampolim". Estaimagem, obviamente, é prejudicialà carreira e à instituição, especial-mente porque a função exercidapela advocacia pública, inclusive amineira, possui grande relevânciasocial e acarreta notáveis vitórias ao

Estado e ao erário.

RP - O que o senhor acha dotratamento constitucional conce-dido aos procuradores em Minas?Você acha justo?

EM - A Advocacia Pública pos-sui status constitucional de FunçãoEssencial à Justiça e deve ser apa-relhada de acordo com esta rele-vância. Atualmente, ao que meparece, este tratamento não é justoe tampouco adequado às gravesresponsabilidades envolvidas naatuação da advocacia pública, emnada diferentes daquelas cometi-das à Magistratura e ao MinistérioPúblico. O essencial é perceber quea questão remuneratória não ésimplesmente um pleito corpora-tivo. Sem dignidade e equivalênciaremuneratória entre os diversosatores que, na dicção constitucio-nal, são essenciais à Justiça, per-mite-se o desequilíbrio das forçase a criação de desigualdades con-trárias à vontade constitucional eao próprio interesse público. Tra-tando-se da advocacia pública, quenão é senão o próprio Estado emjuízo, a desqualificação remunera-tória e de prerrogativas funcionaiscontraria o interesse público, aindamais no horizonte atual, em que se

vislumbra uma crescente "judicia-lização da política".

RP - Sobre a constante evasãode integrantes da carreira para ou-tras, em busca de remunerações emaiores. Qual a solução para isso?

EM - A solução passa pela rea-dequação da remuneração, paraque seja compatibilizada com asresponsabilidades exigidas do ad-vogado público. É preciso, tam-bém, tornar a carreira atraentepara os profissionais qualificados eque optam pela carreira pública. Eisso não depende só da remunera-ção, mas também das prerrogati-vas concedidas aos advogadospúblicos, da estrutura administra-tiva conferida para o desempenhodas funções, de iniciativas de qua-lificação acadêmica e aperfeiçoa-mento dos procuradores, etc.

RP - Você está satisfeito naAGU? Qual a principal diferençaem relação à carreira na AGE?

Sim. Apesar de ser uma insti-tuição relativamente nova e aindaem construção, tem caminhado nosentido de fortalecer a AdvocaciaPública e valorizar seu quadro deadvogados e procuradores. O de-bate sobre a nova Lei Orgânica dacarreira está avançado. Foram sub-sidiadas, por meio da Escola daAGU, apenas em 2008, cerca de500 vagas de pós-graduação aos in-tegrantes da carreira. São vários osincentivos, ainda, para participaçãoem Congressos Jurídicos que ver-sem sobre temas interessantes àInstituição, em todo o país, com asdespesas custeadas pela AGU. Aprodução intelectual dos procura-dores é estimulada e incentivada.Assim, ainda que existam muitasdificuldades a superar, até mesmona questão remuneratória, estesesforços e incentivos somados dãoaos procuradores a segurança deque a carreira, ao menos, está nocaminho certo.

6 Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Ex-integrante da AGE trocou carreiradevido ao desrespeito às prerrogativas

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7Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

O presidente da APEMINAS, Gustavo Chaves Carreira Machado e o advogado geral daUnião, José Antônio Toffoli

A delegação mineira no Congresso Nacional de Procuradores

Gustavo Chaves, a ministra Carmen Lúcia, o diretor social da APEMINAS, Marco Túlio deCarvalho Rocha, que defendeu tese, Adrienne Lage Resende, e João Lúcio Pinto

Vinícius Rodrigues Pimenta foi relator de tese durante o Congresso

Bancada mineira com o presidente da ANAPE, Ronald Alves Bicca Gianmarco Loures, que foi relator de tese, Ricardo Righi e João Lúcio Pinto

O presidente da Associação de Goiás, Marcello Terto recebe o Res Publica das mãos deGustavo Chaves

Adrienne presidiu a mesa de debates sobre Direito Processual Civil

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8 Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

A onda da instrumentalidadedo processo trouxe a noção de que,entre os escopos políticos daquelaconcepção de realização da justiça,existe o de facilitar a permeação dainfluência da sociedade na vida ad-ministrativa do Estado.

No direito brasileiro esta in-fluência já era proporcionada pelaAção Popular (1965), permitindo,até hoje, que o cidadão possa atacaro ato ilegal e lesivo à Administração.

Mas este escopo de participa-ção na administração do Estado ga-nhou ênfase com a Ação CivilPública, criada pela Lei nº7.347/85, de 24 de julho de 1985,que ampliou o leque de legitimadose de interesses tutelados, comoforma de alavancar a participaçãoda sociedade.

A Ação Civil Pública foi ideali-zada por Ada Pellegrini Grinover,Kasuo Watanabe e Cândido RangelDinamarco, que enviaram o pri-meiro anteprojeto ao Deputado Flá-vio Bierrenbach. Porém, acabouprevalecendo um segundo antepro-jeto, redigido por Antônio Augustode Mello Camargo Ferraz, Édis Mi-laré e Nelson Nery Júnior, que o co-locaram nas mãos do então

Ministro da Justiça, o mineiro Ibra-him Abi-Ackel, para que o PoderExecutivo, com prioridade de tra-mitação, pudesse encaminhá-lo aoCongresso Nacional.

Resultou do trabalho legislativouma norma reguladora das açõesde responsabilidade por danos mo-rais e patrimoniais causados aomeio-ambiente, ao consumidor, abens e direitos de valor artístico,estético, histórico, turístico e pai-sagístico, a qualquer outro inte-resse difuso e coletivo, por infraçãoda ordem econômica e da economiapopular e à ordem urbanística.

O Ministério Público assumiudesde logo o papel de titular daAção Civil Pública, mas encontrou,e ainda vem encontrando, de formamais branda, resistências a esta suaatuação bem distinta da atividadetradicional da persecutio criminis.Para tombar digladiadores contra oMinistério Público, o Superior Tri-bunal de Justiça teve, inclusive, quepublicar o Enunciado 329 da suaSúmula, dizendo que “o MinistérioPúblico tem legitimidade para pro-por ação civil pública em defesa dopatrimônio público”. Constitui,contudo, ponto de debates forensesa propositura de ação civil públicapelo Parquet envolvendo tributos econtribuições previdenciárias,pondo em alegado conflito o pará-grafo único do artigo 1º da Lei7.347/85 com o artigo 5º, II, “a”, da

Lei Complementar 75/93. Apesar deste confronto, não há

dúvida de que o Ministério Públicoficou com a hegemonia fática daAção Civil Pública. Ele é o único quetem a faculdade de instaurar inqué-rito civil, além de estar legalmentedesignado para receber as provoca-ções do povo e dos servidores para omanejo da ação que aqui se trata.

Porém, a Administração Diretae Indireta, além das associaçõescom um ano de existência e a De-fensoria Pública (Lei11.448/2007), possuem legitimi-dade concorrente e disjuntiva paraa Ação Civil Pública, não havendoprivilégio legal para que o Ministé-rio Público continue sendo o pro-tagonista isolado e subordinantenesta ação protetora dos interessestransindividuais.

Qual a Administração Direta eIndireta que não toma conheci-mento de danos ao meio-ambiente,a bens e direitos de valor artístico,estético, histórico, turístico e pai-sagístico e à ordem urbanística, enão se sente coagida – e deve sesentir – a buscar de uma tutela ju-risdicional? Falta, na sociedade ju-rídica brasileira, apenas a maiorconscientização desta legitimidadead causam da Administração Pú-blica, para que ela também se po-sicione no pólo ativo na busca deproteger os interesses de que tra-tam a Lei nº 7.347⁄85, instru-

mento processual de alta impor-tância no direito brasileiro, queestá sendo inclusive cobiçado peloAnteprojeto de Código de ProcessoColetivo, que se encontra, por ora,na Secretaria Nacional de Reformado Judiciário.

Pelo inciso III do artigo 5º daLei 7.347/85, incluído pela Lei nº11.448⁄07, o Estado membro temmesmo legitimidade para proporação civil pública quando depararquando situação de violação debens tutelados pela ação aqui tra-tada, que tem matriz na class ac-tion do direito americano. Paratanto, o artigo 12, inciso I, do Có-digo de Processo Civil habilita oProcurado de Estado a ajuizar aação, porque, diferentemente doque ocorre na ação direta de in-constitucionalidade, aqui é o Es-tado que é o titular da ação, não oPresidente da República ou Gover-nador, como ocorre na ação diretade inconstitucionalidade, reguladapela Lei nº 9.868, de 10 de novem-bro de 1999.

Destarte, o Estado tem total le-gitimidade para, por seus procura-dores, empunhar a Ação CivilPública no combate das agressõesao interesses tutelados por aquelalei. Os critérios de avaliação da con-veniência da propositura da AçãoCivil Pública são puramente técni-cos e, por isso, independem de ava-liação política.

Artigo MARCONIBASTOS SALDANHA,PROCURADORDO ESTADO

Ação civil pública e a legitimidade do Estado

Chá de cadeiraDA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVACausa perplexidade o fato de o Projeto de LeiEstadual nº 2.752/08, que reajusta os venci-mentos dos procuradores do Estado no ínfimopercentual de 15%, em três parcelas semes-trais de 5%, apesar de ter sido enviado à As-sembléia Legislativa no início de julho de 2008,ainda não ter sido votado, diferentemente deoutros projetos de reajuste de servidores, quejá foram aprovados, apesar de terem sido en-caminhados posteriormente ao Legislativo Es-tadual, prejudicando ainda mais os

aposentados. Continuamos aguardando, maspaciência tem limite ...

DO GOVERNADORO governador Aécio Neves, apesar de já ter re-cebido reiterados pedidos de audiência for-mulados pela APEMINAS, para tratar deassuntos da carreira, recusa-se a receber osprocuradores do Estado. O encontro de con-fraternização com o governador realizado nodia 11 de dezembro de 2008, tradicional“beija-mão”, além de ter tido um caráter me-

ramente festivo, contou com a presença ape-nas dos procuradores ocupantes de cargos dechefia, que não têm legitimidade, diferente-mente da Associação, para representar aclasse. Continuamos aguardando, mas pa-ciência tem limite...

DO MINISTÉRIO PÚBLICOO Ministério Público do Estado de Minas Gerais,por meio de sua Promotoria de Defesa do Pa-trimônio Público, indeferiu mais uma vez o re-querimento da APEMINAS de vista dos autos do

inquérito civil instaurado para apurar eventuaisirregularidades nos procedimentos licitatóriospara construção do Centro Administrativo doEstado, procedimento investigatório que se ar-rasta há anos sem conclusão. A reiterada re-cusa do Ministério Público reforça a suspeitada Associação, que não ficará omissa quanto àpossível usurpação de atribuições dos procu-radores do estado ou prática de ilegalidades noprocesso para a construção da nova sede doGoverno do Estado. Continuamos aguardando,mas paciência tem limite...

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9Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Estado não paga os dativos e milhares de ações são ajuizadas dando prejuízo aos cofres públicos

Eficiência?Uma administração pública

eficiente. Não é isso o que se vêna gestão das demandas judiciaisenvolvendo o Executivo, no quese refere ao pagamento de hono-rários aos advogados dativos. Asoma de fatores como a falta deestrutura da Defensoria Pública,a constante nomeação de dativospara garantir acesso à justiça aosque comprovam pobreza e o não-pagamento dos devidos honorá-rios por parte do Estado - o queleva ao ajuizamento de milharesde ações contra este ente público-, geram um resultado que con-traria o princípio da eficiência. Ajurisprudência é pacífica e o Es-tado é derrotado em pratica-mente todas as ações destanatureza. Além disso, com a su-cumbência do ente federativo,manda a lei que o magistrado de-termine o pagamento de corre-ção monetária, juros de mora ehonorários advocatícios sucum-benciais, o que aumenta o ônus.

Segundo o presidente da As-sociação dos Procuradores doEstado, APEMINAS, GustavoChaves Carreira Machado, isso épreocupante, já que, além dosfatores financeiramente onero-sos ao Estado, o acúmulo deprocessos para o pagamento dehonorários aos dativos aumentaa sobrecarga de demandas tantono âmbito judicial, quanto noadministrativo, e incrementa aineficiência na administraçãoestatal. “Essa sobrecarga deserviços poderia interessar aagentes públicos eventualmenteinescrupulosos, porque infla asestatísticas de atividades reali-zadas com milhares de proces-sos de fácil resolução intelectual.Entretanto, não interessa aosmagistrados e procuradores mi-neiros, comprometidos com overdadeiro interesse público,porque gera custos financeirosinaceitáveis e graves prejuízos à

eficiência administrativa, to-mando-lhes tempo para se dedi-carem a processosverdadeiramente necessários eimportantes”, afirma.

O presidente da OAB deMinas, Raimundo Cândido Jú-nior, salienta que se não há o pa-gamento devido aos dativos ficaprejudicada a assistência àque-les sem condições de pagar umadvogado. “A Constituição doEstado determina que os advo-gados nomeados como dativosem processos recebam os hono-rários pelos serviços prestados ecomo o governo de Minas nãocumpre, as ações são ajuizadaspara garantir o direito do advo-gado, o que gera ônus de custosprocessuais ao Executivo. Valelembrar que 80% das comarcasem Minas não possuem Defen-soria Pública, o que é fator pre-ponderante neste problema”,disse.

Rolagem da dívidaSegundo o presidente da

APEMINAS, Gustavo ChavesCarreira Machado, não é aceitá-

vel o argumento de que com oajuizamento das ações, o prazopara o pagamento dos honorá-rios aos dativos se torna maiselástico. “Seria imoral utilizar oJudiciário como meio de rola-gem de dívida e, em segundolugar, as ações em tela trami-tam com relativa celeridade,algo em torno de um a doisanos. Essa celeridade decorreda própria simplicidade dosprocessos em questão, bemcomo do pagamento via RPV -Requisição de Pequeno Valor -na esmagadora maioria doscasos”, considera.

O website da Advocacia Geraldo Estado (AGE) divulgou quesomente em novembro de 2008,um único advogado, represen-tante dos dativos em ações, foidestinatário do recebimento de123 RPV`s, o que mostra ogrande volume de ações destanatureza.

Resolução da AGEA Resolução da AGE n.º

176, de 21/09/2006 tem viabi-lizado diversos acordos nos

casos em que o advogado dativocredor concorda em receberseu crédito limitado aR$500,00 por certidão, excluí-dos juros de mora, correçãomonetária e honorários advoca-tícios de sucumbência. Mas se-gundo a direção da APEMINAS,isto não resolve totalmente oproblema, pois as máquinas ju-diciária e administrativa jáforam movimentadas no inícioda avença. “A realização dosacordos não evita que o Estadotenha despesas ínsitas à trami-tação dos processos, tais comoas relativas à distribuição daação, à autuação, à expedição decarta precatória de citação e deRPV à tramitação e controle in-terno na AGE, ao deslocamentode um Procurador até a au-diência de conciliação, entreoutros fatores”, afirmou JaimeNápoles, diretor de comunica-ção da APEMINAS.

A assessoria de imprensa daSecretaria de Planejamento eGestão foi procurada, mas disseque o tema concerne à Defenso-ria Pública. Esta, por sua vez,afirmou por meio da assessoriade imprensa que ela não é oórgão responsável pela autoriza-ção do pagamento dos advoga-dos dativos, mas apenas emitepareceres sobre a conformidadeda nomeação e a regularidade dacertidão judicial. Sobre o paga-mento, a Defensoria considera aquestão como orçamentária e aúnica opção para recebimento éo ajuizamento das ações de co-brança. “Não é plausível, paranão dizer inconstitucional, ad-mitir que a assistência jurídicaseja prestada por outras pessoasou instituições, não com remu-neração, pelo Estado, de taisserviços, como na forma de con-vêncios, por exemplo”, disse anota.

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10 Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Foi aprovado pela ALEMG projeto de lei queestabelece um piso compensável de honorários.Não se trata de aumento. A sistemática adotadaé paliativa e revela o descaso do Governo paracom os Procuradores aposentados, pois sequerainda foi aprovado o projeto de lei que prevê umaumento de apenas 15%, parcelados até janeiro

de 2010, apenas sobre o vencimento. É muitotriste o fato do Governo de Minas abandonaraqueles que por toda uma vida defenderam o Es-tado, justamente no momento em que mais pre-cisam. Por isso, a APEMINAS, dandocontinuidade ao árduo trabalho da gestão ante-rior, não medirá esforços em busca de um venci-

mento compatível com o exercício da função. Sa-bemos que o atual governo herdou a questão dobaixo vencimento. Contudo, conquanto tenhacondição financeira para solução do problema,ainda não teve disposição para a resolução de tãograve questão, assim como já fez a maioria dosdemais Estados da Federação.

Nota da Diretoria

ConfraternizaçãoOs associados da APEMINAS se reuniram paraa festa de confraternização de fim de ano, nodia 13 de dezembro, na churrascaria Porcão,na zona sul de Belo Horizonte. Cerca de 200pessoas, entre procuradores e familiares(foto), estiveram presentes para celebrar apassagem de mais um ano. A oportunidadeserviu também para o reencontro com cole-gas de profissão, principalmente aqueles queatuam no interior do Estado. A festa duroucerca de seis horas com muita animação, des-contração e alegria. Que 2009 seja um anomais feliz para todos os procuradores deMinas Gerais, com grandes conquistas para aclasse.

Frases

"É lamentável que Minasdeixe tanto a desejar no trata-mento concedido aos seus pro-curadores. Estamos bem atrásde outras unidades da Federa-ção, quando, na verdade, de-veríamos estar bem a frente"

Raimundo Cândido Júnior, pre-sidente da OAB/MG

"O equilíbrio remunerató-rio é o ponto de partida paraque esta debandada de procu-radores para outras funçõesda Justiça não se torne irre-versível"

Roney de Oliveira Júnior, ex-presidente da APEMINAS, em seudiscurso na posse da nova direto-ria da APEMINAS

“O Estado de Minas Geraistem a responsabilidade de corri-gir as distorções existentes epassar imediatamente a servir demodelo para as demais unidadesda federação, diante da posiçãopolítica, econômica e geográficaque o torna referência nacional”

Marcello Terto, presidente daAssociação dos Procuradores deGoiás, em entrevista ao Res Pu-blica

“As conquistas passadasainda não foram integralmenteimplantadas, como por exem-plo, impedir que sejam no-meados procuradores geraisque não são da carreira”

Ministra do STF Camen Lúcia

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11Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Aloísio Vilaça Constantino

Cumpria religiosamenteos prazos que se lhe subme-tiam aos cuidados. Advogadozeloso que era, não se dava aoluxo de perdê-los: cumpriacada um com voracidade sempar. Não importava o tama-nho. Fosse ele de horas oudias, seria cumprido. Nãotrabalhava com a hipótese deter que responder pela perdade um deles.

Às voltas com os proces-sos que acautelava, não per-cebia que sua própria vidatambém tinha prazo. Nãoconseguia ver que as páginasdos processos, antes claras,tornavam-se amareladas,com o passar do tempo, e que seus cabelos, antesescuros, eram, agora, grisalhos.

Continuava cumprindo prazos – um após ooutro, numa interminável e monótona rotina co-tidiana. Por anos a fio não teve férias. Quandomuito, sucumbia à tentação de deixar, por alguns

escassos dias, os processos e prazos sob os cui-dados de um ou outro colega que, da mesma ma-neira, envolto com prazos a cumprir, seencarregava de dar vazão ao trabalho que haviade ser feito.

Não atentava para as insistentes intimações

que o próprio corpo, porvezes, lhe fazia. Não obser-vava que, no canto dosolhos, surgia uma ou outraruga; não via que, cansados,mãos, braços e pernas jánão suportavam, com aforça de outrora, o peso dosanos.

Tão atento esteve aosprazos processuais, que aca-bou não percebendo os pra-zos vitais.

Certa feita, enquantocuidava de cumprir mais umprazo, recebeu sentença con-denatória inapelável: morreuentre o monte de papéis eprocessos. Nem recorrer ten-tou. Aceitou passivamente adecisão. Não gemeu. Apenas

abraçou os autos de um processo que as mãosainda alcançavam.

Deu um último suspiro e ascendeu à segundainstância, levando consigo derradeira preocupa-ção: — quem daria cabo dos prazos que ainda ha-viam de ser cumpridos?

Segunda InstânciaProcurador também faz arte

Mural da APEMINAS� A Procuradoria Geral do Estado do Rio deJaneiro, referência em assessoramento jurí-dico e representação judicial de entes públi-cos, realiza, por meio da Fundação CarlosChagas, concurso público para o quadro per-manente de pessoal de apoio. Da mesmaforma, criou a chamada “residência jurídica”,que dura o período de dois anos, pela qualbacharéis em Direito exercem a funções pe-riféricas, o que permite aos procuradores sededicarem exclusivamente ás suas funções.Estas, sim, são medidas que visam à efi-ciência administrativa.

� “No meu trabalho na secretaria, eu desti-nava a maior parte do meu salário para com-plementar salários de pessoas que eu convideipara trabalhar e eu não conseguiria levar parao governo em função dos salários que tinhapara os cargos”, disse Márcio Lacerda, pre-feito de Belo Horizonte, ao jornal Estado de

Minas sobre os vencimentos pagos aos servi-dores públicos na gestão Aécio Neves.

� A diretoria da APEMINAS se reuniu com osdeputados estaduais Sávio Souza Cruz (PMDB),Antônio Júlio (PMDB) e Carlos Mosconi (PSDB)para tratar do fortalecimento da advocaciapública do Estado e de projetos de lei de in-teresse da categoria.

� Os associados da APEMINAS têm condi-ções especiais para aquisição de ingressospara jogos no Mineirão. Mais informaçõespodem ser obtidas na nova sede, na Rua Le-vindo Lopes, 333 – Sala 910.

� A Rádio Itatiaia e o Jornal O Tempo divulga-ram a denúncia de irregularidade em concursoda Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvi-mento, por meio dos jornalistas Carlos Viana eMarina Schettini, respectivamente.

� O vice-presidente da APEMINAS, JoãoLúcio Martins Pinto, o diretor de Rela-ções Institucionais, Gustavo Albuquer-que Magalhães e a secretária RochelleCardoso Americano estiveram presentesna Faculdade Milton Campos, para aposse da ministra do Supremo TribunalFederal, Carmén Lúcia Antunes, e a juízado Trabalho, Mônica Sette Lopes, titularda 12ª Vara do Trabalho de Belo Hori-zonte, como integrantes da AcademiaMineira de Letras Jurídicas. A solenidadefoi realizada no auditório da FaculdadeMilton Campos.

� A APEMINAS, também preocupada com asquestões sociais, participou da Campanha "Me-lhor Natal do Projeto Resgate da Cidadania –Igualdade e Inclusão", organizada pela Comis-são OAB/Cidadã de Minas Gerais, que objetivouo recolhimento de doações destinadas a enti-

dade beneficentes do Norte de Minas Gerais edo Vale Jequitinhonha. O procurador do Estado,Vinícius Rodrigues Pimenta representou a As-sociação na solenidade de entrega oficial dosdonativos, ocorrida no Salão do Júri do Fórumde Montes Claros, no dia 17 de dezembro de2008, ocasião em que foi convidado pelo pre-sidente da OAB/MG, Raimundo Cândido Júnior,a compor a Mesa durante a cerimônia.

�O advogado-geral do Estado, José Bonifá-cio Borges de Andrada, inaugurou, no dia 18de dezembro de 2008, a nova sede do escri-tório Seccional de Sete Lagoas, mais ampla efuncional que a anterior, que antes funcio-nava em duas salas da Administração Fazen-dária. O escritório encontra-se vinculado àAdvocacia-Regional de Contagem. O presi-dente da APEMINAS compareceu ao evento.

� Em breve o novo site da APEMINAS .

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12 Informativo da APEMINAS - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 2 - janeiro/fevereiro/março de 2009

Baixo vencimento inicial e inconstância na remuneração levam procuradores a deixar a AGE

Desmotivação Bianca Duarte Teixeira, Fre-

derico Esteves Duarte Gonçalves,Haroldo Pimenta, Isabela PassosSilva, Ludmila Junqueira DuarteOliveira, Rafael Franklin Campose Souza e Sérgio Brito Ferreirasão alguns dos muitos nomesque passaram pela AGE e nãocontinuaram. Alguns foram paraa magistratura, outros para a ad-vocacia da União ou se tornarampromotores de justiça. Para o ad-vogado geral do Estado, Bonifá-cio Andrada, questões comovocação e proximidade de casadevem ser levados em conta e nãosomente a política remuneratóriapraticada em Minas. “Pode serque alguém tenha uma vocaçãomuito boa para ser juiz, têm certaprática e querem ser sacerdotes.Os motivos pelos quais as pes-soas saem são os mais variados.Teve casos aqui de alguns queforam para o Mato Grosso, achoque saíram porque queriam vol-tar para a terra deles”, afirmouem recente entrevista ao Res Pu-blica.

A diretoria da APEMINAS,como afirma o presidente Gus-tavo Chaves Carreira Machado,não concorda com o argumentode que a saída de procuradoresdos quadros da AGE se deve prio-ritariamente a outras questões,senão a que se refere à políticaremuneratória, segundo ele, in-constante e bem abaixo de outrasfunções essenciais à Justiça. “Umprocurador do Estado em Minasnão pode assumir compromissosfinanceiros de longo prazo, pois,não sabe quanto ganhará no pró-ximo mês, tampouco daqui umano”, afirmou.

O advogado geral do Estado,Bonifácio Andrada disse ao ResPublica que, em 2008, um pro-curador da AGE ganhou mais queum profissional dos quadros daAGU. “Era o caso de fazer compa-rações com outros estados, parasaber quem está ganhando isso.

Eu tenho certeza que o inicialdesse ano foi maior que o da AGU.Muitos brasileiros não recebemesse valor por ano. A magistraturapaga mais? Paga. O MinistérioPúblico paga mais? Paga. Mas,isso não é uma remuneração in-digna e é um erro grave chamarisso de pífia”, afirma.

O presidente da Associaçãodos Procuradores do Estado deGoiás, Marcello Terto, diz que umdos piores vencimentos do mer-cado das carreiras jurídicas é oda AGE em Minas, e isso deses-tabiliza a carreira em prejuízoprincipalmente do povo mineiro,que reconhecidamente possui odireito fundamental à boa Admi-nistração Pública. "O Estado deMinas Gerais tem a responsabili-dade de corrigir as distorçõesexistentes e passar imediata-mente a servir de modelo para asdemais unidades da federação,

diante da posição política, econô-mica e geográfica que o torna re-ferência nacional", enfatizou.

Remuneração inconstanteUm dos principais problemas

da remuneração de um procura-dor em Minas Gerais é a sazonali-dade de valores. O advogado geral,Bonifácio Andrada, afirmou aoRes Publica que 2/3 da remune-ração na AGE se refere aos hono-rários. Ao ser indagado se Minas,por ter o segundo maior ProdutoInterno Bruto (PIB) do Brasil, nãodeveria estar à frente de outros es-tados no tocante ao vencimentopago aos procuradores ele res-pondeu: “Não. Acho que Minasdeve seguir uma política remune-ratória que seja equitativa paratodos os servidores. Boa parte daremuneração dos procuradoresestá com base nos honorários eestes acompanham a Receita Fis-

cal. Não acho que o salário dosprocuradores deve acompanhar oPIB. Não gosto dessa associação.Acho que independentemente doPIB, deveríamos ter uma remu-neração. O que preocupa é a in-constância dos honorários. Oprocurador não sabe quanto vaiganhar no mês que vem. É precisoter uma espécie de colchão, ousistema de compensação, quesuavize algumas quedas momen-tâneas e diminuir a participaçãodos honorários na remuneraçãofixa, que representam 2/3. Nestagestão, concedemos um aumentoimportante na tabela, que tem va-lores baixos, por razões históricas.Com alguns incrementos tópicose paulatinos na tabela e estabili-zando os honorários, fica a ques-tão de querer equiparar a carreiracom a remuneração da magistra-tura, o que é uma reivindicaçãojusta”, concluiu.

José Bonifácio Andrada diz que a política remuneratória não é o único motivo responsável pela saída de procuradores da AGE

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