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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS Secretaria Municipal de Meio Ambiente ______________________________________________________________________ CADERNO DE SUBSÍDIOS: UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO CAMPO GRANDE

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS

Secretaria Municipal de Meio Ambiente

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CADERNO DE SUBSÍDIOS: UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO CAMPO GRANDE

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS - PMC

Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SMMA

Departamento de Desenvolvimento Sustentável – DDS

Coordenadoria de Planejamento e Educação Ambiental - CPEA

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CADERNO DE SUBSÍDIOS: UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA RIBEIRÃO CACHOEIRA

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE - SMMA

Paço Municipal - Av. Anchieta, nº 200 –19º andar - Centro

Campinas-SP/ Brasil - CEP: 13015-904

Telefone: (19) 2116-0380 – Fax (19) 2116-0989

e-mail: [email protected]

www.facebook.com/smmacampinas

COORDENAÇÃO

Hildebrando Herrmann

Secretário Municipal de Meio Ambiente

EQUIPE TÉCNICA SMMA

Alan Borges de Campos - Geólogo

Alethea Borsari Peraro – Ecóloga

Andrea Cristina de Oliveira Struchel – Advogada

Ângela Cruz Guirao – Bióloga

Cezar Augusto Machado Capacle - Arquiteto

Everaldo de Carvalho Conceição Telles – Engº Agrônomo

João Fasina Neto – Tecnólogo em Construção Civil

Phillip de Souza Cardoso – Engº Ambiental

Rafael Oliveira Fonseca – Geógrafo

Ricardo Simão Amon - Engº Agrônomo

AGRADECIMENTOS

ONG APAVIVA Campinas

CAMPINAS - SÃO PAULO JULHO - 2012

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SUMÁRIO

1. Introdução 1

2. Dados históricos da região 3

3. As áreas protegidas no município de Campinas 4

4. Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão Cachoeira 8

4.1. Localização e Abrangência 8

4.2. Clima 12

4.3. Geologia, geomorfologia, tipos de terreno e solos 12

4.4. Recursos Hídricos 17

4.4.1. Recursos Hídricos Subterrâneos 17

4.4.2. Recursos Hídricos Superficiais 18

4.5. Vegetação natural 19

4.5.1. Cobertura vegetal original 19

4.5.2. Floresta Estacional Semidecidual (FES) 22

4.6. Fauna silvestre 28

4.7. Áreas de Preservação Permanente 31

4.8. Memorial Descritivo 33

4.9. Definição da categoria da Unidade de Conservação 36

4.10. Zona de Amortecimento 39

5. Referências bibliográficas 41

6. Anexos 44

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1. INTRODUÇÃO

O Plano Diretor Municipal de Campinas - Lei Complementar nº 15/2006 - divide o

município em nove unidades territoriais de planejamento denominadas macrozonas, essa divisão

tem o objetivo de avaliar as especificidades e as demandas de cada porção territorial da cidade,

além de orientar o planejamento das políticas públicas a partir da compreensão das diferentes

realidades das regiões do extenso município de Campinas.

O Refúgio de Vida Silvestre Ribeirão Cachoeira proposto neste Caderno de Subsídios se

encontra inserido na Macrozona 1, denominada Área de Proteção Ambiental compreendendo a

APA Campinas, a maior unidade de conservação do município.

Essa macrozona compreende integralmente as áreas dos Distritos de Sousas e Joaquim

Egídio, além da porção nordeste do município localizada entre esse Distrito, o rio Atibaia, e os

limites intermunicipais Campinas-Jaguariúna e Campinas-Pedreira, porção onde se encontram

alguns núcleos urbanos como: Bairro Carlos Gomes, Jardim Monte Belo e Chácaras Gargantilha,

correspondendo a aproximadamente 27% da área do município (CAMPINAS, 2006).

Na região da APA Campinas se configura um quadro particular múltiplo no contexto

ambiental e cultural de Campinas, resultado de condicionantes do meio físico e biótico,

contemplando um processo histórico específico de ocupação territorial e dinâmica produtiva. A

região ainda contempla importantes mananciais dos rios Atibaia e Jaguari, se caracterizando por

ser uma importante área de recarga regional do aquífero cristalino devido à riqueza hídrica da APA

que apresenta uma rede de drenagem consideravelmente densa e dendritificada (CAMPINAS,

2006).

Dessa forma além das disposições constantes na Lei nº 10.850/2001, do Plano Local de

Gestão da APA Campinas, se destaca como diretrizes para essa macrozona: garantir a qualidade

dos recursos hídricos através do controle dos impactos ambientais, protegendo as regiões

produtoras de água; manutenção ou criação de condições que possibilitem a recuperação dos

recursos naturais degradados; preservação dos remanescentes de matas nativas, das faixas de

preservação permanente e recuperação das matas ciliares; dentre outros (CAMPINAS, 2006).

A APA é a região campineira onde a cobertura vegetal primitiva está melhor representada e

em melhores condições de preservação, apresenta vários fragmentos florestais descontínuos, dentre

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esses a Mata Ribeirão Cachoeira, segundo maior fragmento do município com 233,7 hectares de

superfície (CAMPINAS, 2006) possui uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, e

considerável importância para a qualidade ambiental de Campinas e dos municípios vizinhos. Por

se localizar as margens do rio Atibaia, é um fragmento em potencial na formação de corredores

ecológicos de interligação das matas remanescentes.

Porém toda essa diversidade está relativamente fragmentada e isolada, sem conexão a

outros remanescentes florestais relevantes. Em um processo de fragmentação, ocorre o isolamento

e a degradação de habitats, acarretando inúmeras anomalias e perturbações ao fragmento como:

alteração da fisionomia da mata, aumento da complexidade ambiental em nível local, efeito de

borda, mudanças nos padrões de dispersão e migração, erosão do solo, limitação de fluxo gênico e,

consequentemente, extinção de espécies.

Dessa forma, visando minimizar os efeitos resultantes do isolamento e da fragmentação

desta área, e consequentemente garantir a manutenção da biodiversidade, a conexão com outros

fragmentos se torna essencial. Logo, os Corredores Ecológicos tem os seguintes objetivos: (1)

conectar os fragmentos florestais, facilitando o deslocamento da fauna entre fragmentos e

permitindo o aumento da taxa de migração; (2) constituir refúgios alternativos contra distúrbios

que possam surgir na paisagem, proporcionado à ocorrência de fluxos gênicos; e (3) induzir o

aumento da população de determinadas espécies de fauna e flora.

Assim, visando consolidar as diretrizes propostas no Plano Diretor sobre as criações de

Unidades de Conservação e estabelecer o previsto na Lei Federal nº 9.985/2000 que instituiu o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a Prefeitura Municipal de Campinas, por

meio de sua Secretaria Municipal de Meio Ambiente, constituiu o GAUCA - Grupo de

Acompanhamento para Criação de Novas Unidades de Conservação Ambiental no Município,

conforme Decreto nº 16.713, de 2009.

O GAUCA, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente é composto por

representantes das Secretarias Municipais de: Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Assuntos

Jurídicos, Urbanismo, Habitação, Serviços Públicos, Infraestrutura, e pela Fundação José Pedro de

Oliveira, e tem como atribuições a elaboração de estudos técnicos para a definição de limites,

objetivos e diretrizes das futuras Unidades de Conservação (UCs).

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Deste modo, o GAUCA e a Coordenadoria de Planejamento e Educação Ambiental da

Secretaria Municipal de Meio Ambiente, baseado em estudos técnicos, apresentam por meio deste

Caderno de Subsídios a proposta de criação da Unidade de Conservação de Proteção Integral

REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA RIBEIRÃO CACHOEIRA (RVS-MRC), que deverá

garantir maior proteção e controle da atual Mata e seu entorno, bem como potencializar as

condições de manutenção da biodiversidade e interconexão das Áreas de Preservação Permanente,

áreas verdes e remanescentes importantes para a região.

2. DADOS HISTÓRICOS DA REGIÃO

Com o avanço das Bandeiras durante a primeira metade do século XVIII, abriram-se pelo

território atual do município de Campinas importantes caminhos em torno dos quais se formaram

as sesmarias e, em suas terras algumas povoações (CAMPINAS, 1996). As informações mais

antigas sobre a presença humana na região da área em estudo são desse período, onde as atividades

antrópicas basicamente se resumiam a prática de agricultura de subsistência e produção de cana-

de-açúcar em pequena escala.

Por volta de 1830, inicia-se efetivamente o desmatamento e a exploração dessas terras para

a produção de café, surgindo assim na região muitas fazendas produtoras, dessa forma, grande

parte da mata nativa da região foi destruída para dar lugar a produção cafeeira, o que provocou

graves impactos ao meio ambiente (FASINA NETO, 2007).

Na década de 1860, a região campineira era a maior produtora de café do Estado de São

Paulo, as estradas de ferro começam a surgir, dessa forma um considerável dinamismo econômico

contribuiu para o crescimento populacional, destacando a imigração italiana que ocorreu rumo aos

distritos de Sousas e Joaquim Egídio, dessa forma, se expande na região um processo de ocupação

que somente sofreu retração no período da Crise de 1929 associado à crise cafeeira que atingiu o

país na época. A partir de 1950, um novo impulso na economia rural e uma intensificação da

industrialização no município promoveu um novo processo de urbanização na região, marcado pela

implantação dos primeiros loteamentos e até mesmo de algumas indústrias em Sousas (FASINA

NETO, 2007).

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A partir de 1970 se inicia a expansão de grandes loteamentos em áreas rurais, marcado pela

presença de famílias de uma classe de renda mais elevada, que resultaram em uma ruptura

significativa no processo de expansão urbana até então caracterizada pela continuidade da mancha

urbana (FASINA NETO, 2007).

Nas décadas seguintes até os dias atuais, a ocupação se expandiu consideravelmente com a

implantação de vários loteamentos fechados que passaram a ocupar milhões de metros quadrados

da atual APA Campinas, demonstrando a urgência de preservar os poucos remanescentes florestais

da região. Mesmo assim, segundo Santin (1999), a Mata Ribeirão Cachoeira possui o melhor

estado de conservação de todos os remanescentes do município, sendo a que melhor representa as

florestas originais da região.

Atualmente a área envoltória a Mata é constituída por chácaras de condomínios rurais e

com a crescente pressão antrópica vários problemas têm sido identificados na área como: captação

ilícita de água do ribeirão, atropelamento de fauna nativa, uso de telas em propriedades no entorno

da Mata que impedem o trânsito da fauna, presença de cachorros domésticos soltos, dentre outros.

Em 2002 a Mata foi tombada pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de

Campinas), dessa forma uma faixa de 300 metros do seu entorno passou a ser uma zona de

amortecimento, onde estão previstas restrições de uso e ocupação do solo, porém, essas restrições

ainda são pouco conhecidas e respeitadas pelos moradores, apesar de sua maioria se mostrarem

interessados pela conservação da mesma (GASPAR, 2005).

3. AS ÁREAS PROTEGIDAS NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS

Conforme apresentado na Figura 1, no município de Campinas há atualmente sete Unidades

de Conservação, são elas:

1. Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra - ARIE-MSG (Federal);

2. Área de Proteção Ambiental - APA - Piracicaba/Juqueri Mirim (Estadual);

3. Floresta Estadual Serra D’Água (Estadual);

4. Área de Proteção Ambiental do Município de Campinas - APA Campinas (Municipal);

5. Área de Proteção Ambiental do Campo Grande – APA Campo Grande (Municipal);

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6. Parque Natural Municipal do Campo Grande – PNM Campo Grande (Municipal), e;

7. Parque Natural Municipal dos Jatobás – PNM Jatobás (Municipal).

Figura 1 - Localização das Unidades de Conservação no Município de Campinas. Fonte: SMMA.

A ARIE-MSG, localizada em Barão Geraldo, foi criada por meio do Decreto Federal nº

91.885/85, sendo a Fundação José Pedro de Oliveira, ente Municipal, responsável por sua

administração, preservação e conservação. É um fragmento de 251,7 hectares de Floresta

Estacional Semidecidual e Floresta Paludosa do bioma Mata Atlântica; o respectivo plano de

manejo foi aprovado em agosto de 2010 através da Portaria nº 64 do Governo Federal.

A APA Piracicaba/Juqueri-Mirim foi criada por meio do Decreto Estadual nº 26.882/87 e

abrange uma área de 280.330 hectares, possuindo inúmeros fragmentos de Floresta Estacional

Semidecidual e relictos de Vegetação Rupestre nos lajedos rochosos, além de Campos de Várzea

nas planícies de inundação e fundos de vale. Sua abrangência perpassa pelos municípios de

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Campinas (Bacia do Rio Jaguari), Nazaré Paulista, Piracaia, Amparo, Bragança Paulista,

Holambra, Jaguariúna, Joanópolis, Monte Alegre do Sul, Morungaba, Pedra Bela, Pedreira,

Pinhalzinho, Serra Negra, Socorro, Santo Antônio de Posse, Tuiuti e Vargem (Regiões das bacias

hidrográficas do rio Piracicaba e do rio Juqueri-Mirim). A APA é gerida pela Secretaria do Meio

Ambiente do Estado de São Paulo e não possui Plano de Manejo.

A Floresta Estadual Serra D’Água foi criada por meio do Decreto nº 56.617, de 28 de

dezembro de 2010, sendo administrada pelo Instituto Florestal vinculado a Secretaria do Meio

Ambiente do Estado de São Paulo, responsável pela elaboração do respectivo plano de manejo.

Esse fragmento corresponde a uma área de 51,19 hectares de Floresta Estacional Semidecidual do

bioma Mata Atlântica. O plano de manejo deverá ser elaborado num prazo de cinco anos a partir

da data do decreto de criação da UC.

A APA Campinas, criada em 2001, por meio da Lei Municipal nº 10.850/01, abrange uma

área de 22.300 hectares, incluindo os Distritos de Sousas e Joaquim Egídio, e os bairros Núcleo

Carlos Gomes, Chácaras Gargantilha e Jd. Monte Belo; abriga inúmeros fragmentos de Floresta

Estacional Semidecidual e de Floresta Paludosa, e relictos de Vegetação Rupestre nos lajedos

rochosos, além de Campos de Várzea nas planícies de inundação e fundos de vale. A gestão desta

Unidade de Conservação é realizada pelo Conselho Gestor da APA (CONGEAPA), sendo que seu

Plano de Manejo encontra-se em fase inicial de elaboração.

A área de Proteção Ambiental do Campo Grande foi criada por meio do Decreto Municipal

17.357/11, sendo gerida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente a qual é o órgão responsável

pela administração e coordenação das medidas necessárias para sua implementação, proteção e

controle. A APA abrange uma área de 959,53 hectares localizada inteiramente dentro dos limites

da macrozona 5. A área contém fragmentos de floresta estacional semidecidual (47,56 ha), Cerrado

(28,30 ha), fragmento de transição entres estes (20,36 ha), mata mista (13,90 ha) e, em áreas de

inundação, fundos de vale e campos de várzea (53,73 ha), totalizando uma área vegetada de 163,85

ha. O plano de manejo deverá ser elaborado num prazo de cinco anos a partir da data do decreto de

criação da UC.

O Parque Natural Municipal do Campo Grande foi criado pelo Decreto Municipal

17.356/11. Ficou estabelecido que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente é o órgão responsável

pela administração e coordenação das medidas necessárias para sua implementação, proteção e

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controle. O Parque protege uma área de 136,36 hectares composta de duas fitofisionomias, a

floresta estacional semidecidual e o campo de várzea. O plano de manejo deverá ser elaborado

num prazo de cinco anos a partir da data do decreto de criação da UC.

O Parque Natural Municipal dos Jatobás foi criado por meio do Decreto Municipal nº

17.355/11. Esta Unidade de Conservação protege um remanescente de Cerrado, com área total de

107,34 hectares, localizado às margens do rio Capivari, na região do Campo Grande em Campinas.

O plano de manejo deverá ser elaborado num prazo de cinco anos a partir da data do decreto de

criação da UC.

Próximo ao RVS-MRC encontram-se as seguintes áreas protegidas:

Corredor Ambiental Estratégico que localiza-se ao longo do Rio Atibaia seguindo a divisão

da Macrozona 01, alcançando os limites de município de Jaguariúna e Valinhos.

Parque Linear Ribeirão das Cabras que liga o centro do Distrito de Sousas à Estação

Ambiental do Distrito de Joaquim Egídio. Tem grande importância para a recuperação da mata

ciliar do Ribeirão das Cabras, além de ser usada pela população como local de passeio e

caminhadas.

Parque Linear Maria da Fumaça que faz parte da diretriz ambiental da Macrozona 02 e sua

localização fica ao longo da ferrovia e dos córregos São Quirino e Tanquinho.

A inclusão destas áreas no Sistema Integrado de Áreas Verdes e Unidades de Conservação

(SAV-UC), diretriz da Secretaria Municipal de Meio Ambiente inserida em todos os Planos Locais

de Gestão das Macrozonas, é uma estratégia de preservação e requalificação socioambiental,

contemplando: a manutenção do patrimônio genético de fauna e flora regionais; a proteção dos

recursos hídricos; a previsão de estruturas ecológicas de macrodrenagem, visando disciplinar os

processos de enchentes; a melhoria da paisagem urbana e da ambiência; a formação de áreas de

lazer, esportes e recreação para usufruto da população; a implantação de ciclovias ao longo das

áreas verdes, visando o estímulo ao uso da bicicleta como meio de transporte; a arborização dos

logradouros públicos; e o envolvimento das comunidades de entorno nos processo de implantação

e gestão destas áreas.

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4. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA RIBEIRÃO

CACHOEIRA

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, Lei Federal nº 9.985/00,

estabelece no artigo 22, parágrafo 2º, que “A criação de uma unidade de conservação deve ser

precedida de estudos técnicos e de consulta que permitam identificar a localização, a dimensão e os

limites mais adequados para a unidade, conforme se disser em regulamento”.

4.1. Localização e Abrangência

A área proposta para criação da Unidade de Conservação localiza-se totalmente no

município de Campinas (SP), e está compreendida entre as coordenadas geográficas UTM 23S

(300900, 7473300) e (303500, 7474900) possuindo uma área de 233,7 hectares. Está inserida

inteiramente na macrozona 01 – Área de Proteção Ambiental de Campinas – dentro do loteamento

Colinas do Atibaia, no distrito de Sousas, na bacia do rio Atibaia, conforme a Figura 2.

Figura 2 - Localização da área proposta para criação da Unidade de Conservação Fonte: SMMA.

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A Macrozona 1 possui uma área de 222.786 km², o que corresponde a aproximadamente

27% da área do município. Constitui-se em sua maior parte de área rural e caracteriza-se por

apresentar baixa densidade demográfica com uma média de 89,97 hab/km² ante uma densidade de

1211,7 hab/km² do município como um todo (CAMPINAS, 2006).

A população desta Macrozona, segundo o Censo Demográfico de 2000, era de 20.153

habitantes, correspondendo a 2,08% da população total do município, sendo que 16.896 habitantes

concentravam-se na zona urbana (83,84%) e 3.257 habitantes na zona rural (16,16%)

(CAMPINAS, 2006).

A área urbana dos Distritos de Sousas e Joaquim Egídio apresenta um sistema viário

principal linear, sendo a rodovia Dr. Heitor Penteado, denominada Av. Cel. Antônio Carlos Couto

de Barros em seu trecho urbano, a via estruturadora. Os acidentes geográficos, principalmente o

Rio Atibaia, o Ribeirão das Cabras e a topografia irregular da região, contribuíram para o traçado

descontínuo e estreito de seu sistema viário, cuja possibilidade de ampliação muitas vezes esbarra

na existência de patrimônio histórico construído ao longo das vias. O Rio Atibaia, que é o

elemento segmentador mais marcante, conta com apenas uma ponte de acesso veicular integrando

essas regiões, reforçando a linearidade do sistema viário local (CAMPINAS, 2006).

Nesta Macrozona também se encontram os mananciais hídricos dos rios Atibaia e Jaguari, é

uma área de recarga regional do aqüífero subterrâneo e apresenta uma rede de drenagem densa e

dendritificada. Apresenta exploração não criteriosa de águas subterrâneas, principalmente em

assentamentos de finalidade urbana na zona rural, através de captação por poços, cacimbas e

nascentes, os quais são passíveis de contaminação por fossas negras existentes e outras fontes de

poluição. Devido aos inúmeros afloramentos de água nas propriedades rurais, vem apresentando

um crescente número de barramentos, para aproveitamento próprio, sem a devida autorização ou

licenciamento dos órgãos competentes, o que tem causado acidentes com rompimentos em épocas

de chuvas intensas, refletindo negativamente nos episódios de cheias e nos danos causados à área

urbana dos distritos localizada à jusante (CAMPINAS, 2006).

Quanto ao que já se conhece da atividade econômica na área rural, além da exploração

mineral verificam-se as atividades agropecuárias, com a presença de gado de leite e do cultivo de

café e da cana. A cultura anual parece ser pouco significativa e a cultura perene é desenvolvida

com mais expressão em Joaquim Egídio. O reflorestamento com eucaliptos e a existência de

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campos limpos ocupam extensões relevantes nos Distritos de Sousas e Joaquim Egídio,

respectivamente (CAMPINAS, 2006).

Quanto às áreas verdes, a Macrozona 1 é a região do município onde a cobertura vegetal

primitiva está mais bem representada, com fragmentos florestais descontínuos, mas em condições

de preservação, o que ainda permite a sua recuperação. Muitos fragmentos se encontram em

processo de tombamento pelo CONDEPACC, estando já tombadas a Mata Ribeirão Cachoeira,

segundo maior remanescente de Campinas conforme mencionado, e a Mata da Fazenda Santana. A

APA de modo geral, configura um quadro particular no contexto do ambiente natural,

apresentando conjuntos de construções remanescentes dos períodos canavieiro e cafeeiro, com

elementos arquitetônicos, históricos ou institucionais, grande parte deles tombados pelo patrimônio

histórico (CAMPINAS, 2006).

Os fragmentos identificados foram classificados da seguinte maneira (Figura 3): FES

(Floresta Estacional Semidecidual, fisionomia do Bioma Mata Atlântica), Mata Mista (engloba

fragmentos que também apresentam alguns indivíduos exóticos, ou originados a partir de

silviculturas ou pomares abandonados), Campos de Várzea (vegetação herbáceo-arbustiva

ocorrente nas planícies de inundação) e Mata Ciliar (associada aos cursos d’água).

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Figura 3 - Distribuição espacial dos remanescentes de vegetação natural na Macrozona 1. Fonte: SMMA

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4.2. Clima

O clima da região possui características de transição, sendo descrito como Subtropical de

Altitude, com verão quente e úmido e inverno seco. Os valores de temperaturas médias anuais

oscilam em torno de 20,5°C, sendo junho e julho, os meses mais frios, quando se observa

temperatura mínima máxima de 0,6°C. Os meses mais quentes são dezembro, janeiro e fevereiro,

quando se observa temperatura média máxima de 35,8°C (CAMPINAS, 1996).

A pluviosidade média é de 1.700mm, concentrando-se no período mais chuvoso, que vai de

outubro a março. Os meses mais secos são junho, julho e agosto, quando podem ter períodos de até

80 dias sem chuva (CAMPINAS, 1996).

4.3. Geologia, geomorfologia, tipos de terreno e solos

De acordo com o Mapa Geológico do Município de Campinas (Instituto Geológico, 2009),

ocorrem, genericamente, três tipos de rochas distintas nos limites do município: na borda leste

ocorrem granitos e gnaisses do embasamento cristalino, enquanto a porção oeste é ocupada pela

Bacia do Paraná, onde dominam os sedimentos do Subgrupo Itararé, os quais são entremeados na

região centro-oeste e noroeste do município pelas rochas efusivas (diabásios) da Formação Serra

Geral.

Sinteticamente, o município sobrepõe a região de contato do embasamento cristalino a

leste, constituído por granitos e gnaisses (rochas “duras”) com a Bacia do Paraná na porção oeste

ocupada por sedimentos (rochas “moles”). Os sedimentos (e parte do embasamento cristalino)

passaram por evento magmático com a intrusão de rochas efusivas (lavas) formando corpos

tabulares de diabásio (“rochas duras”) na porção centro-oeste e noroeste do município.

Os aspectos geomorfológicos estão associados à geologia, dessa forma o território de

Campinas ocupa região de transição entre duas Províncias Geomorfológicas, o Planalto Atlântico à

leste, e a Depressão Periférica, à oeste. O Planalto Atlântico, geograficamente corresponde ao

embasamento cristalino, e é caracterizado por relevos declivosos, representados por morros e

serras com altitudes de até 990 metros. A Depressão Periférica, cuja localização coincide com a

Bacia do Paraná, possui formas de relevos mais suavizadas com colinas e morrotes com altitudes

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médias entre 600 e 700 metros. É nesse último compartimento que se concentra quase todo

adensamento urbano do município.

*UNIDADE LITOLÓGICA

Qa - Aluviões

PS-éOM - Protomilonitos, milonitos e ultramilonitos no geral de composição granitóide e com lineação de estiramento pronunciada

PSYmP - Biotita quartzo-monzonitos e granitos 3b porfiríticos róseos, podendo ocorrer granitos 3a cinzento-esbranquiçado a róseos, maciços,e matriz de granulação média a grossa, leuco a hololeucocrático (Entre 5 a 15% de máficos), com megacristais de feldspato potássico esubordinadamente de plagioclásio

PMiGb - Gnaisses bandados: (Hornblenda) biotita ou biotita-hornblenda gnaisse de composiçáo tonalítica, diorítica ou anfibolítica cinza médio a escuro;biotita gnaisse equigranular cinza-médio; biotita gnaisse granitóide cinza médio ou claro; granada-anfibólio-biotita gnaisse granitóide cinza rosado oulevemente esverdeado; anfibolitos

PMiGg - Granada-biotita gnaisses cinza médios, finos, com intercalações de: biotita gnaisse cinza médio ou escuro de granulação média, equigranular;biotita-gnaisse granitóide médio a grosso

PMiGx - Gnaisses xistosos: (Muscovita)-granada-sillimanita-biotita gnaisses xistosos com bandas de: granada-biotita gnaisse; rochas cálcio-silicáticas;anfibolitos esparsos, granito foliado com muscovita e/ou turmalina; grafita xistos; biotita gnaisse granitóide cinza médio; quartzitos

Figura 4 - Mapa Geológico: Distribuição espacial das unidades litológicas.

Fonte: Instituto Geológico (2009 – modificado)

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A área da APA é constituída por rochas ígneas e metamórficas do Pré-Cambriano

(Embasamento Cristalino) e sedimentos aluvionares de idade quaternária. Na porção leste da

região em estudo, ocorrem rochas granitóides de coloração cinza clara a rósea, de grossa

granulação e megacristais de feldspatos. A borda oeste do polígono de estudo é representada por

gnaisses diversificados, de estruturas e aspectos bem variados (Figura 4).

Esses dois litótipos do Embasamento Cristalino estão delimitados por zona de cisalhamento

na região central da área, onde ocorrem rochas miloníticas, cuja formação está associada à

movimentação estrutural do cisalhamento que impôs pressões de cargas com intensidades, pulsos e

direções variáveis.

Os sedimentos aluvionares, de deposição recente, são constituídos por areia, silte, argila e

cascalho, ocorrendo ao longo dos cursos d’água.

O território da APA está inserido na Província Geomorfológica do Planalto Atlântico,

caracterizada por relevos de colinas e morrotes, morros e morrotes, morros paralelos e escarpas,

ocupando ainda uma faixa de contato com a Província da Depressão Periférica, onde ocorre relevo

mais suavizado, representado por morrotes paralelos.

A área da APA é constituída por rochas ígneas e metamórficas do Pré-Cambriano

(Embasamento Cristalino) e sedimentos aluvionares de idade quaternária.

Verifica-se uma variação nos níveis altímetros de aproximadamente 200 metros, conforme

a Figura 5, apresentando declividades entre 0° e 75%, conforme a Figura 6, com predomínio de

áreas com baixas e médias declividades.

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Figura 5 - Mapas Hipsométrico: Distribuição espacial dos níveis e dos níveis de declividade. Fonte: SMMA

Figura 6 - Mapas Clinográfico: Distribuição espacial dos níveis e dos níveis de declividade. Fonte: SMMA

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Os solos na área da APA são representados pelos Argissolos Vermelho- Amarelo,

Cambissolos substrato sedimentos aluviais, Neossolos Litólicos e solos com características

hidromórficas (Figura 7).

CÓDIGO - CLASSE

CXbd4 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico e Eutrófico típico, textura média e argilosa, ligeiramente rochosa e não rochosa + ARGISSOLOVERMELHO-AMARELO Eutrófico típico, textura média/argilosa, ambos cascalhentas e A moderado

PVAd6 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico e Eutrófico típico e nitossódico, A moderado, textura média/argilosa e argilosa não cascalhento e cascalhento

PVAe3 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO e VERMELHO abrúptico e típico, textura média cascalhenta/argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb típico,textura média cascalhenta, todos Eutróficos e Distróficos, A moderado

PVe4 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico e Distrófico típico e abrúptico, A moderado, textura média/argilosa cascalhenta e não cascalhenta

SOLOS

Figura 7 - Mapa Pedológico: Distribuição espacial das classes de solos. Fonte: COELHO et al. (2008).

Os Argissolos Vermelho-Amarelo, distróficos ou álicos, textura média no horizonte A e

argilosa no horizonte B, geralmente tem boa permeabilidade, sendo medianamente a pouco

profundo. A diferença de textura entre os horizontes A e B dos Argissolos provoca mudanças

importantes na velocidade de infiltração da água, o que afeta o grau de erodibilidade desta classe

de solo, que é bastante suscetível à erosão. Os Cambissolos são solos de pequena espessura,

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apresentando o horizonte A sobre um horizonte B incipiente. Na área, associam-se a solos

hidromórficos que ocorrem ao longo das planícies fluviais. Os Neossolos Litólicos são solos pouco

desenvolvidos, geralmente com 20 a 40 cm de espessura. Apresentam padrão de distribuição

bastante complexo, muitas vezes associados a solos Argissolos e Cambissolos, bem como a

vertente de alta declividade, onde são comuns os afloramentos rochosos (CAMPINAS, 1996).

No Refúgio de Vida Silvestre Ribeirão Cachoeira na escala de 1:50.000 ocorre apenas o

Argissolos Vermelho Amarelo com caráter abrúptico (COELHO et al. 2008), em uma escala de

maior detalhe provavelmente há ocorrência de Neossolos Litólicos, Cambissolos e Neossolos

Flúvicos. Estes solos são altamente susceptíveis a processos erosivos severos e devem ser mantidos

cobertos preferencialmente com vegetação florestal. A atividade antrópica de mais de 200 anos na

região com cultivos de cana de açúcar, café e pastagens podem ter contribuído para a degradação

dos solos da Mata e seu entorno. Os processos de degradação físico, químico e biológico que

conduziram a redução da qualidade do solo influenciam a recuperação do fragmento, dessa forma o

manejo desta área deve detalhar o estado de conservação destes solos e dos cursos hídricos.

Deve haver um cuidado especial na conservação dos solos e da água em todo o entorno do

fragmento, pois através da rede de drenagem é que ocorrerá o fluxo gênico necessário à

conservação da biodiversidade dos fragmentos de vegetação da região.

4.4. Recursos Hídricos

4.4.1. Recursos Hídricos Subterrâneos

Na porção leste do município de Campinas, onde o substrato geológico é cristalino, os

relevos apresentam maior dissecação vertical com inúmeras nascentes, vales encaixados íngremes

e erosivos, e com canais em rocha; ocorrendo, portanto, o sistema Aquífero Cristalino fraturado.

Mas na maior porção do território campineiro, predominam os terrenos sedimentares, marcados

por formas mais suavizadas, onde se verifica a transição para o sistema Aquífero Tubarão; da

mesma forma ocorre na porção nordeste onde a transição se dá com o Aquífero Diabásio da

Formação Serra Geral (YOSHINAGA-PEREIRA e SILVA, 1997).

A região da Mata Ribeirão Cachoeira está sob influencia do Aquífero Fraturado Cristalino.

Esse é o aquífero de maior extensão nas Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), com

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aproximadamente 6.037 Km² (43%), sendo 4.717 Km² na Bacia do Piracicaba. Por ser um aqüífero

classificado em fissural, depende de fraturas e falhas para armazenar e transmitir água. Os seus

horizontes de rocha cristalina alterada, quando suficientemente espessos e imersos na zona

saturada, podem comportar-se como um aquífero granular facilitando o uso da água subterrânea.

Essas regiões alteradas que podem atingir a espessura de 60 m e tem predomínio de rochas do tipo

gnaisse ou granito contribuem significativamente com o escoamento básico nas sub-bacias da

região afetada podendo atingir a vazão de 2,3 m³/s ou 85,8% na sub-bacia do rio Atibaia (PCJ,

2011).

4.4.2. Recursos Hídricos Superficiais

Conforme apresentado na Figura 8, o Ribeirão Cachoeira nasce nas proximidades da

estrada da Serra das Cabras, no interior da Fazenda Serrania. Até chegar ao rio Atibaia, onde é um

afluente da margem direita, ele passa por área predominantemente rural onde é represado várias

vezes além de receber efluentes domésticos e de atividades agropecuárias antes de chegar ao

fragmento de mata nativa que recebe o mesmo nome (THOMAZIELLO, 1999).

O ribeirão passa por áreas onde a mata ciliar (vegetação que ocorre nas margens do corpo

hídrico) é inexistente facilitando o aporte de poluentes ricos em matéria orgânica. A Mata oferece

proteção ao ribeirão já que dificulta a entrada de poluentes permitindo a sua recuperação. Após a

Mata, o nível de oxigênio dissolvido aumenta indicando uma melhora qualitativa do recurso

hídrico (THOMAZIELLO, 1999).

O rio Atibaia, juntamente com o rio Jaguari, abastecem o município de Campinas e são

tributários diretos do rio Piracicaba e indiretos do rio Tietê. O rio Atibaia está enquadrado, de

acordo com a resolução 357/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, na classe

2. Isso significa que, após tratamento convencional, as suas águas servem para o consumo humano.

Atualmente, a maior demanda da sub-bacia do rio Atibaia é urbana (5,26 m³/s), seguida por

industrial (3,46 m³/s) e irrigação (1,05 m³/s). Sendo assim, a conservação da qualidade dos

afluentes do rio Atibaia é de interesse da cidade de Campinas que o utiliza para suprir parte de sua

demanda urbana, estimada em 3,65 m³/s (PCJ, 2011).

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Figura 8 - Mapa Hidrográfico: Distribuição espacial dos corpos d’água. Fonte: SMMA

4.5. Vegetação Natural

4.5.1 Cobertura vegetal original

No início do século XIX, Campinas era constituída por um mosaico vegetal composto por

florestas, cerrados e campos. As florestas eram altas e densas, com grandes árvores de troncos

retilíneos e estavam associadas com solos provenientes de rochas cristalinas ou intrusivas básicas,

como Floresta Latifoliada Perene. O cerrado, vegetação menos densa que a floresta, era composto

de arbustos e árvores de pequeno, médio e grande porte, de troncos retorcidos e suberosos, se

relacionava a solos arenosos, pobres e antigos na região meridional de Campinas. Enquanto os

campos ocupavam áreas pequenas e descontínuas do município, com gramíneas e árvores de

pequeno porte e arbustos esparsos (SAINT-HILAIRE, 1953; CHRISTOFOLETTI & FEDERICI,

1972 apud FUTADA, 2007; CHRISTOFOLETTI, 1968 apud SANTIN, 1999).

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Santin (1999) amplia um pouco esse mosaico ao ressaltar que Campinas era originalmente

coberta pelas formações vegetais: Floresta Estacional Semidecidual (FES), Vegetação Rupestre

dos Lajedos Rochosos, Floresta Higrófila/Paludosa, Cerrado/Savana e Campina. A FES abrangia

uma grande porção da área central de Campinas se estendendo para o extremo leste bem como a

noroeste, atingindo uma porção de Barão Geraldo, onde se encontrava com o Cerrado que estava

presente nessas áreas em manchas pontuais. O Cerrado também estava presente em parte da região

central do município. A região da UNICAMP deveria ser uma zona de transição entre o Cerrado e

a FES. As regiões oeste e sul eram cobertas predominantemente por Cerrado, com algumas

manchas de Floresta Estacional Semidecidual e de campina, sendo que o Cerradão da região sul

cobria a área onde hoje é o Aeroporto de Viracopos (SANTIN, 1999).

No século XX, sobretudo a partir de 1950 a cobertura vegetal foi reduzida drasticamente

em todo país, em Campinas infelizmente não foi diferente. Segundo Serra Filho et al. (1974 apud

Santin, 1999) após 1970 apenas 2,16% da área do município estavam cobertos por vegetação

natural, distribuídas em mata (0,67%), capoeira (0,8%), campo Cerrado (0,27%) e Cerrado

(0,42%).

De acordo com Santin (1999), o processo desordenado de uso e ocupação das terras do

município, associado à degradação da vegetação, culminou em pequenas áreas de mata nativa

isoladas em fragmentos, circundados por área urbana, monoculturas e pastos. Esses remanescentes

estão distribuídos em quatro formações vegetais: Floresta Estacional Semidecidual (94,77%), com

variações - Florestas Ciliares, Florestas de transição, Florestas de Altitudes ou Montanas;

Vegetação Rupestre dos lajedos rochosos; Florestas Paludosas (2,01%); Cerrados ou Savanas

(3,22%), sendo que as campinas que inspiraram o nome do município foram totalmente extintas

(SANTIN, 1999). Necessário ressaltar que a presença de formações vegetais tão diferenciadas

como as FES e o Cerrado, numa mesma região, demonstra a grande importância ecológica desta

área, que inserida em uma zona de transição apresenta uma ampla diversidade de espécies vegetais

e animais.

Segundo o mapeamento realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de

Campinas em 2010, o município possui 11,13% de sua área recoberta por vegetação natural, sendo

que as fitofisionomias predominantes nos remanescentes são: Floresta Estacional Semidecidual

(4.446,87ha – 50,26%), Mata Mista - fragmento com presença de espécies exóticas (1.985,18ha –

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22,44%), Campo de Várzea (1.402,60ha – 15,85%) e Cerrado (616,52ha – 6,97%), sendo

identificados também fragmentos de Mata Ciliar (136,55ha – 1,54%), Mata Brejosa (110,28ha –

1,25%), Recomposição (70,02ha – 0,79%), transição entre Cerrado e FES (59,28ha – 0,67%) e

Bosque (19,92ha – 0,23%) (CAMPINAS, 2010).

Porém, a maioria destas fitofisionomias ainda se encontra em remanescentes fragmentados

e sem conexão por meio de corredores ecológicos, ou seja, isolados. Portanto, é fundamental que

exista a possibilidade da criação de áreas protegidas no município, buscando a preservação destes

ecossistemas de grande relevância ecológica para posteriormente ampliar as possibilidades de

conexão entre os mesmos através, por exemplo, de parques lineares.

Conforme a Figura 9, na área proposta para a criação do Refúgio de Vida Silvestre, a

fitofisionomia encontrada é a Floresta Estacional Semidecidual.

Figura 9 – Mapa de Vegetação Natural: Distribuição espacial dos remanescentes. Fonte: SMMA

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4.5.2. Floresta Estacional Semidecidual (FES)

A Floresta Estacional Semidecidual (FES) é uma fitofisionomia do Bioma Mata Atlântica e

assim denominada em função das transformações de aspecto ou comportamento da comunidade

devido a duas estações climáticas, uma chuvosa (outubro a março) e outra seca (abril a agosto),

quando cerca de 20% a 50% das árvores perdem as folhas total ou parcialmente (MORELLATO,

1991). As variações deste tipo florestal são: Aluvial, Terras Baixas, Submontana e Montana.

Segundo Santin (1999), são as florestas mais altas ocorrentes no município de Campinas,

com estrato superior a 20 metros, e com alguns indivíduos emergentes que atingem mais de 30m e

que se distribuem de forma aleatória e esparsa pela floresta. A estratificação vertical, ocorre a

partir de um estrato inferior ou estrato herbáceo-arbustivo bem desenvolvido, composto por

espécies herbáceas não lenhosas (que podem atingir cerca de 1,2 metros de altura) e por plantas

arbustivas cujos caules podem apresentar consistência lenhosa sem a formação de um fuste,

podendo atingir cerca de 3 metros de altura total. Neste estrato arbustivo, as espécies ocorrem em

reboleiras, dominando completamente determinadas áreas, onde não se verifica o desenvolvimento

de outras espécies. O estrato intermediário corresponde ao sub-bosque constituído por arvoretas

representando muitas vezes troncos perfilhados ou por árvores com tronco lenhoso e ereto, de

pequeno a médio porte, variando de 4 a 7 metros de altura.

A presença de lianas (cipós) é variável e normalmente mais bem notada na época em que

um maior número de espécies floresce ou frutifica, evento natural associado à estratégica oferta de

recursos para fauna local. As trepadeiras herbáceas são encontradas mais no interior da floresta

enquanto as trepadeiras lenhosas ou cipós se desenvolvem aparentemente com mais intensidade

nas bordas da floresta e em clareiras de tamanho variados. Algumas espécies desenvolvem-se de

forma mais agressiva formando emaranhados em locais mais perturbados, nas clareiras naturais ou

antrópicas, na borda da floresta, sobre árvores ou grupo de arvores, ou recobrindo extensões

variáveis sobre o dossel da floresta (SANTIN, 1999).

De acordo com Santos (1998), a área da Mata Ribeirão Cachoeira possui 233,7 ha sendo o

fragmento mais conservado do Município. Foram identificadas 175 espécies de 119 gêneros e 49

famílias, representando uma formação 85,1% arbórea. A Tabela 1 apresenta a relação das espécies

identificadas na Mata. As famílias com maior número de espécies, segundo Santos (1998), foram

pela ordem: Myrtaceae (14), Rutaceae e Fabaceae (13), Caesalpinaceae (11), Solanaceae (9) e

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Rubiaceae (7). Algumas espécies foram encontradas pela primeira vez na região como Tachigali

multijuga e Schoepfia brasiliensis. É comum a ocorrência de lianas (planta de caule flexível. Ex:

cipó), principalmente ao longo das bordas e em pequenas clareiras, assim como das epífitas

(vegetal fixado em outro, mas não parasito. Ex: a maioria das orquídeas). A vegetação herbácea é

formada tanto por ervas como por indivíduos jovens de espécies arbóreas.

A Mata Ribeirão Cachoeira, de acordo com o descrito em Santos (1998), apresenta indícios

de perturbações de origem antrópica na forma de clareiras com variados estágios de regeneração.

Apesar disso, esse fragmento apresenta uma alta similaridade com outras vegetações

remanescentes do Município, devido a sua diversidade de espécies vegetais, sendo de interesse

estratégico a sua conservação. Esse fragmento conta com a presença da espécie Almeidea coerulea,

pertencente à categoria ‘Em Perigo’ de ameaça de extinção, segundo a Instrução Normativa nº

06/08 do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2008). A presença de uma espécie ameaçada de

extinção é indicativo do bom grau de conservação da mata e reforça a importância da preservação

desse fragmento.

Tabela 1 - Lista de espécies encontradas na Mata Ribeirão Cachoeira (SANTOS, 1998).

Arv.: arbórea; Arb.: arbustiva; Avt.: arvoreta.

Família/Espécie Nome Popular Forma de Vida

ANACARDIACEAE

Astronium graveolens Jacq. Guaritá Arv.

Tapirira obtusa (Engl.) Michell Pau-pombo Arv.

ANNONACEAE

Annona cacans Warm. Tarumã Arv.

Rollinia sylvatica (A. St.-Hil.) Mart. Araticum-do-mato Arv.

Xylopia brasiliensis Spreng. Guamirim Arv.

APOCYNACEAE

Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg. Peroba-poca Arv.

A. polyneuron Müll. Arg. Peroba-rosa Arv.

A. ramiflorum Müll. Arg. Guatambu Arv.

Rauvolfia sellowii Müll. Arg. s/n Arv.

ARALIACEAE

Dendropanax cuneatum Decne. & Planch. Maria-mole Arv.

Didymopanax morototonii (Aubl.) Decne & Planch. Morotó Arv.

ARECACEAE

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassm. s/n Arv.

ASTERACEAE

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Família/Espécie Nome Popular Forma de Vida

Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera Vassoura-preta Arv.

Vernonia discolor Less. Cambará-guaçu Arv.

BIGNONIACEAE

Jacaranda micrantha Cham. Perobinha Arv.

Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau Bolsa-de-pastor Arv.

BOMBACACEAE

Chorisia speciosa A. St.-Hil. Paineira Arv.

Eriotheca candolleana (K. Schum.) A. Robins Catuaba Arv.

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robins Ibiruçu Arv.

BORAGINACEAE

Cordia ecalyculata Vell. Café-de-bugre Arv.

C. selowiana Cham. Tarumã Arv.

C. trichotoma (Vell.) Arrabida ex Steud. Louro-pardo Arv.

Patagonula americana L. Gauiuvira Arv.

Tournefortia rubicunda Salzm. ex A.DC. s/n Arb.

BURSERACEAE

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Almecegueira Arv.

CAESALPINIACEAE

Bauhinia forficata Link Unha-de-vaca Arv.

B. longifolia (Bongard) Steud. s/n Arv.

Cassia ferruginea (Schrad) Schrad ex A. DC. Chuva-de-ouro Arv.

Copaifera langsdorffii Desf. Óleo-de-copaíba Arv.

Holocalyx balansae Mich. Alecrim-de-campinas Arv.

Hymenaea courbaril L. Jatobá Arv.

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Curucaia Arv.

Schizolobium parahyba (Vell.) Blake Guapuruvu Arv.

Senna multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby Canafístula Arv.

S. spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby Cássia-do-nordeste Arv.

Tachigali multijuga Benth. s/n Arv.

CARICACEAE

Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC. Jaracatiá Arv.

CECROPIACEAE

Cecropia glaziovii Snethl. Embaúba Arv.

C. hololeuca Miq. Embaúba Arv.

CELASTRACEAE

Maytenus aquifolium Mart. Espinheira-santa Avt.

M. robusta Reiss. Cafezinho-do-mato Arv.

CHRYSOBALANACEAE

Hirtella hebeclada Moric. ex A. DC. Azeitona Arv.

ERYTHROXYLACEAE Arv.

Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. Cabelo-de-negro Arv.

EUPHORBIACEAE Arv.

Actinostemon communis (Müll. Arg.) Pax s/n Arv.

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Família/Espécie Nome Popular Forma de Vida

A. concolor (Spreng.) Müll. Arg. Laranjeira-do-mato Arv.

Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Tapiá Arv.

A. triplinervea (Spreng.) Müll. Arg. Tanheiro Arv.

Croton floribundus Spreng. Capixingui Arv.

C. priscus Croizat s/n Arv.

Savia dictyocarpa Kuhlm Guaraiuva Arv.

FABACEAE

Centrolobium tomentosum Benth. Araribá Arv.

Erythrina falcata Benth. Corticeira-da-serra Arv.

Lonchocarpus campestris Mart ex Benth. Sapuva Arv.

L. guilleminianus (Tul.) Malme Falso-timbó Arv.

L. muehlbergianus Hassl. Embira-de-sapo Arv.

Luetzelburgia auriculata (Fr. All.) Ducke Guaissara Arv.

Machaerium hirtum Raddi Bico-de-pato Arv.

M. nyctitans (Vell.) Benth. Jacarandá-ferro Arv.

M. scleroxylon Tul. Caviúna Arv.

M. villosum Vogel Jacarandá-paulista Arv.

Myroxylon peruiferum L. f. Cabreúva-vermelha Arv.

Ormosia arborea (Vell.) Harms Olho-de-cabra Arv.

Sweetia fruticosa Spreng. Sucupira Arv.

FLACOURTIACEAE

Casearia decandra Jacq. s/n Arv.

C. gossypiosperma Briquet Pau-de-espeto Arv.

C. sylvestris Swartz Pau-de-lagarto Arv.

Prockia crucis P. Browne ex L. s/n Arv.

ICACINACEAE

Citronella megaphyla (Miers) Howard s/n Arv.

LACISTEMATACEAE

Lacistema hasslerianum Chodat s/n Arb.

LAURACEAE

Aniba firmula (Ness & Martius ex Ness) Mez s/n Arv.

Cryptocarya aschersoniana Mez Canela-de-fogo Arv.

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Canela-cheirosa Arv.

Ocotea beulahiae Baitello sem nome Arv.

O. indecora (Schott) Mez sem nome Arv.

O. puberula (Rich.) Nees Guaicá Arv.

LECYTHIDACEAE

Cariniana estrellensis (Raddi) Kunth. Jequitibá-branco Arv.

C. legalis (Mart.) Kunth. Jequitibá-rosa Arv.

LOGANIACEAE

Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. Salta-martim Arb.

MALVACEAE

Abutilon longifolium K. Schum. s/n Arb.

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Família/Espécie Nome Popular Forma de Vida

A. peltatum K. Schum. s/n Arb.

Bastardiopsis densiflora (Hook. & Arn.) Hass. Cuiteleiro Arv.

MELASTOMATACEAE

Miconia discolor A. DC. s/n Arv.

M. petropolitana Cogn. s/n Arv.

M. pusiliflora Triana s/n Arv.

Ossaea sanguinea Cogn. s/n Arb.

MELIACEAE

Cabralea canjerana T.D. Penn. Canjerana Arv.

Cedrela fissilis Vell. Cedro-rosa Arv.

Guarea macrophylla (A. Juss.) T.D. Penn Marinheiro Arv.

Trichilia catigua A. Juss. Catiguá Arv.

T. claussenii A. DC. Catiguá-vermelho Arv.

T. elegans A. Juss. Pau-de-ervilha Arv.

T. pallida Swartz Catiguá-comum Arv.

MIMOSACEAE

Acacia polyphylla DC. Monjoleiro Arv.

A. paniculata Willd. Unha-de-gato Arv.

Calliandra foliolosa Benth. Caliandra Arv.

Inga luschnatiana Benth. Ingá Arv.

I. marginata Willd. Ingá Arv.

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. Pau-jacaré Arv.

MONIMIACEAE

Mollinedia elegans Tul. s/n Avt.

M. widgrenii A. DC. Pimenteira-brava Arv.

MORACEAE Arv.

Brosimum gaudichaudii Trec. s/n Arv.

Ficus arpazuza Casaretto s/n Arv.

F. glabra Vell. s/n Arv.

F. guaranitica Chodat ex Chodat & Vischer Figueira-branca Arv.

F. insipida Willd. Figueira-do-brejo Arv.

F. obtusifolia H.B.K. s/n Arv.

Maclura tinctoria D. Don ex Steud. Taiuveira Arv.

MYRSINACEAE

Rapanea umbellata (Mart.) Mez Capororoca Arv.

MYRTACEAE

Calycorectes acutatus (Miq.) Toledo s/n Arv.

Calyptranthes clusiifolia (Miq.) O. Berg s/n Arv.

Campomanesia guazumaefolia (Cambess.) O. Berg Araça Arv.

C. neriiflora (O. Berg) Nied. s/n Arv.

Eugenia burkartiana (D. Legrand) D. Legrand s/n Arv.

E. excelsa O. Berg s/n Arv.

E. glazioviiana Kiaersk. Guamirim Arv.

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Família/Espécie Nome Popular Forma de Vida

E. leptoclada O. Berg s/n Arv.

E. ligustrina (Sw.) Willd. s/n Arv.

Gomidesia affinis (Cambess.) D. Legrand Rapa-guela Arv.

Myrcia richardiana O. Berg Guaraça-mirim Arv.

M. rostrata DC. Lanceira Arv.

Myrciaria floribunda (West ex Willd.) O. Berg s/n Arv.

Psidium guajava L. Goiabeira Arv.

NYCTAGINACEAE

Guapira opposita (Vell.) Reitz Forquilha Arv.

OLACACEAE

Schoepfia brasiliensis A. DC. Voadeira Arv.

PHYTOLACCACEAE

Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms Pau d'alho Arv.

Seguieria langsdorffii Moq. Limoeiro-do-mato Arv.

PROTEACEAE

Roupala brasiliensis Klotzsch Carne-de-vaca Arv.

RHAMNACEAE

Colubrina glandulosa Perk. Saguaraji-vermelho Arv.

Rhamnidium elaeocarpus Reissek Saguaraji Arv.

ROSACEAE

Prunus myrtifolia (L.) Urb. Pessegueiro-bravo Arv.

RUBIACEAE

Alseis floribunda Schott. s/n Arv.

Ixora gardneriana Benth. Ixora Arv.

I. venulosa Benth. s/n Arb.

Psychotria sessilis (Vell.) Müll. Arg. Orelha-de-gato Arv.

Randia armata (Sw.) DC. s/n Arb.

Guettarda uruguensis Cham. & Schlecht. s/n Avt.

Rudgea apoda Müll. Arg. s/n Avt.

R. jasminoides (Cham.) Müll. Arg. Jangada-falsa Arv.

RUTACEAE

Almeidea coerulea (Nees & Mart) St. Hil. ex DC. s/n Arv.

Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. Pau-marfim Arv.

Conchocarpus pentandrus (A. St.Hil.) Kallumki & Pirani s/n Arb.

Esenbeckia grandiflora Mart. Guaxupita Avt.

E. leiocarpa Engl. Guarantã Arv.

Galipea multiflora Shultz Mamoninha Avt.

Metrodorea nigra A. St.-Hil. Carrapateiro Arv.

M. stipularis Mart. Chupa-ferro Arv.

Zanthoxylum hyemale A. St.-Hil s/n Arv.

Z. minutiflorum Tul. s/n Arv.

Z. monogynum A. St.-Hil. s/n Arv.

Z. petiolare A. St.-Hil. & Tul. s/n Arv.

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Família/Espécie Nome Popular Forma de Vida

Z. rhoifolium Lam. Mamica-de-porca Arv.

SAPINDACEAE

Cupania vernalis Camb. Pau-de-cantil Arv.

Matayba elaeagnoides Radlk. Camboatá-branco Arv.

SAPOTACEAE

Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichl.) Guatambu-de-leite Arv.

C. marginatum (Hook. & Arn.) s/n Avt.

SIMAROUBACEAE

Picramnia ramiflora Planchon s/n Avt.

SOLANACEAE

Cestrum intermedium Sendt. s/n Arb.

Brugmansia suaveolens Ber. & Presl Trombeta Arb.

Solanum argenteum Dunal Capoeira-de-prata Avt.

S. granuloso-leprosum Dunal Fumo-bravo Arv.

S. lycocarpum A.St.-Hil. s/n Arv.

S. pseudoquina A.St.-Hil Capitão-do-campo Arv.

S. robustum Wendl. s/n Arb.

S. sanctae-catharinae Dunal s/n Avt.

Solanum sp. s/n Arv.

STYRACACEAE

Styrax glaber Sw. s/n Arv.

TILIACEAE

Heliocarpus americanus L. Algodoeiro Arv.

Luehea divaricata Mart. Açoita-cavalo Arv.

ULMACEAE

Celtis iguanae (Jacq.) Sargent Grão-de-galo Arb.

Trema micrantha (L.) Blume Crindiúva Arv.

VERBENACEAE

Aegiphila sellowiana Cham. Tamanqueira Arv.

A. lhotzkyana Cham. s/n Arv.

Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) A.Juss. Lixeira Arv.

Citharexylum myrianthum Cham. Pau-de-viola Arv.

VOCHYSIACEAE

Vochysia tucanorum Mart. Pau-de-tucano Arv.

4.6. Fauna silvestre

A fauna silvestre original de Campinas é característica de cerrado e floresta estacional

semidecidual, principais biomas encontrados no município. Com a expansão da ocupação humana

e a conseqüente degradação dos ambientes naturais, a fauna apresentou grande mudança na

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constituição das populações de vertebrados, favorecendo algumas espécies em detrimento de

outras (MIRANDA, 2003).

De acordo com diversos estudos realizados na região da APA de Campinas, a diversidade

faunística do local é bastante significativa, tendo sido observada a presença de 475 espécies

(CONGEAPA, 2011).

Por ser o segundo maior fragmento de remanescente florestal do município, a fauna da

Mata Ribeirão Cachoeira (MRC) tem sido estudada nos últimos anos. Segundo Betini (1997 apud

GASPAR, 2005) a MRC conta com 106 espécies de aves, dentre elas jacús (Penelope jacuguaçu),

tucanos (Ramphastos toco), papagaios (Amazona aestiva), pequenas aves da família

Dendrocolaptidae e corujão mateiro (Pulsathrix koeniswaldiana). Gaspar (2005) identificou mais

de 30 espécies de mamíferos, inclusive a onça-parda, a jaguatirica, o gato-maracajá e o lobo guará,

dentre outros representantes da fauna que constam na lista oficial de fauna ameaça homologada

pela Instrução Normativa 03/03, reforçando a importância da conservação desse fragmento. A

classificação das categorias de ameaça (criticamente em perigo e vulnerável) utilizada para a

elaboração da lista seguiu os critérios adotados pela União Mundial para a Natureza (IUCN). Esses

critérios analisam os dados referentes a tamanho, isolamento, declínio populacional das espécies e

extensão das áreas de distribuição (BIODIVERSITAS, 2012). A lista das espécies pode ser

observada na tabela 2.

Tabela 2 - Lista de mamíferos não voadores da Mata Ribeirão Cachoeira. Modificada de Gaspar (2005).

CR: Criticamente em Perigo; VU: Vulnerável.

Lista de Mamíferos

Ordem Nome científico Nome comum Categoria de ameaça

Xenarthra Dasypus novemcinctus Tatu-galinha

Primates

Alouatta guariba Bugio CR

Alouatta fusca Bugio-ruivo

Callicebus nigrifrons Sauá

Callicebus personatus Sauá VU

Callithrix jacchus Sagüi-tufos-brancos

Callithrix aurita Sagui-da-serra-escuro VU

Cebus nigritus Macaco-prego

Carnivora

Cerdocyon thous Cachorro-do-mato

Canis familiaris Cachorro-doméstico

Chrysocyon brachyurus Lobo-guará VU

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Lista de Mamíferos

Ordem Nome científico Nome comum Categoria de ameaça

Puma concolor Onça-parda VU

Leopardus pardalis Jaguatirica VU

Leopardus wiedii Gato-maracajá VU

Leopardus spp Gato-do-mato

Herpailurus yaguaroundi Jaguarundi

Lontra longicaudis Lontra

Eira barbara Irara

Galictis cuja Furão

Procyon cancrivorous Mão –pelada

Nasua nasua Quati

Artiodactyla Mazama cf. guazoubira Veado

Rodentia

Coendou villosus Ouriço

Agouti paca Paca

Hydrochaeris hydrochaeris Capivara

Oligoryzomys nigripes Rato-do-mato

Akodon montensis Rato-do-chão

Rhipidomys mastacalis Rato-da-árvore

Oecomys cf. concolor Rato-arborícola

Nectomys squamipes Rato-d´água

Sciurus ingrami Esquilo

Sciurus aestuans Caxinguelê

Lagomorpha Silvilagus brasiliensis Tapiti

Didelphimorphia

Gracilinanus microtarsus Cuíca

Caluromys philander Cuíca-lanosa

Didelphis aurita Gambá-de-orelhas-pretas

A fauna da Mata Ribeirão Cachoeira possui maior predominância de espécies generalistas

que são mais tolerantes a perturbações ambientais e influências antrópicas (CASTILHO, 2010).

Todavia, a riqueza de espécies é significativa, contendo representantes carnívoros, frugívoros e

herbívoros (GASPAR, 2005).

Apesar de haver manutenção da riqueza de espécies na MRC, a fauna da mata está exposta

a perigos, como atropelamentos, pois está inserida em um contexto urbano, e presença de animais

domésticos, que entram na mata para caçar mamíferos além de poder transmitir doenças

(GASPAR, 2005).

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A presença de onças e gatos-do-mato é um indicador da boa conservação da mata, pois

essas espécies, assim como outros mamíferos predadores, geralmente precisam de áreas maiores

para sobreviver (GASPAR, 2005). Entretanto, além de a comunidade de médios e grandes

mamíferos estar simplificada, sendo composta por espécies generalistas em detrimento dos grandes

predadores, em pesquisa realizada por Castilho (2010), a ocorrência dos mamíferos carnívoros foi

menos freqüente e abundante. Esse dado mostra que essas espécies utilizam o fragmento como

trampolim ecológico.

Por esse motivo é importante à conservação desse fragmento, pois, apesar de não ser capaz

de manter a viabilidade de populações de grandes mamíferos, é essencial para a manutenção da

biodiversidade da fauna regional. Da mesma forma, para a manutenção da riqueza biológica da

mata, é imprescindível a presença de corredores ecológicos que permitam a passagem de fauna,

assim como mata ciliar ao longo das APPs e presença de outros fragmentos menores (GASPAR,

2005), importantes para aumentar a conectividade entre fragmentos, facilitando o fluxo gênico das

espécies (CASTILHO, 2010). É importante lembrar que o fluxo de fauna entre diferentes

fragmentos é essencial para a diversificação gênica da flora também, pois diferentes espécies da

fauna atuam como polinizadores e dispersores de sementes.

4.7. Áreas de Preservação Permanente

As Áreas de Preservação Permanente foram definidas pelo Código Florestal (Lei Federal n°

12.651/12), e regulamentadas pela Resolução CONAMA n° 302/02 que dispõe sobre os

“parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e

o regime de uso do entorno”, e pela Resolução CONAMA n° 303/02, que revogou a Resolução

CONAMA n° 004/85, a qual dispõe sobre “parâmetros, definições e limites de Áreas de

Preservação Permanente”.

A Área de Preservação Permanente (APP) é a área protegida, coberta ou não por vegetação

nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade

geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o

bem-estar das populações humanas.

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Aplicando-se o disposto no Código Florestal na área proposta para o RVS Ribeirão

Cachoeira, em função de suas condições físico-geográficas, consideram-se de preservação

permanente as áreas situadas ao longo do Ribeirão Cachoeira e seus afluentes desde a borda da

calha do leito regular em faixa marginal cuja largura mínima será de 30 (trinta) metros; nas

nascentes perenes, assim como nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação

topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura.

A Figura 10 apresenta informações referentes à situação da APP da área de estudo, bem

como as áreas que estão em situação de conformidade com a legislação e em conflito, ou seja,

desprovidas de vegetação natural.

Figura 10 - Área de Preservação Permanente - APP: espacialização das áreas providas e desprovidas de vegetação.

Fonte: SMMA

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4.8. Memorial Descritivo

Os limites propostos para implantação da UC Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão

Cachoeira foram planejados pelo Grupo de Acompanhamento para Criação de Novas Unidades de

Conservação Ambiental no Município de Campinas (GAUCA), sob a coordenação da Secretaria

Municipal de Meio Ambiente, conforme apresentado na Figura 11. O memorial descritivo foi

elaborado em coordenadas UTM, Datum SAD 69 – 23 SUL a partir de base cartográfica do IGC

(2003) e da EMPLASA (2008).

Inicia-se no ponto P1, sob as coordenadas (302033 e 7474838) no extremo norte da UC, no

limite da Mata Ribeirão Cachoeira com o Loteamento Colinas do Atibaia I, seguindo

paralelamente ao acesso local existente, no sentido leste passando pelos pontos P2 (302863 e

7474677), P3 (302920 e 7474588) até o ponto P4 (303003 e 7474725), contornando a Mata pelos

pontos P5 (303152 e 7474704) e P6 (303136 e 7474793), defrontando curso d’água seguindo por

este a sul até sua nascente no ponto P7 (303216 e 7474535), seguindo pelos pontos P8 (303300 e

7474537), P9 (303177 e 7474544), P10 (303302 e 7474138), P11 (303384 e 7474133), P12

(303403 e 7474179) até o P13 (303443 e 7474066), quando defronta-se com o Ribeirão Cachoeira,

no extremo leste da UC; segue contornando a Mata pelos pontos P14 (303464 e 7474076), P15

(303456 e 7474056), P16 (303337 e 7474042), P17 (303369 e 7473834) até o ponto P18 (303449 e

7473824), quando deflete a sudoeste, perfazendo o limite entre a Mata e o Loteamento Colinas do

Atibaia III, passando pelos pontos P19 (303068 e 7473629), P20(303042 e 7473596), P21 (303019

e 7473614), P22 (302938 e 7473609), P23 (302914 e 7473555), P24 (302985 e 7473470), P25

(302950 e 7473462), P26 (302936 e 7473426), P27 (302886 e 7473462), P28 (302878 e 7473290),

até o ponto P29 (302823 e 7473287), quando deflete a oeste passando pelos pontos P30 (302720 e

7473448), P31 (302629 e 7473311), P32 (302588 e 7473376), P33 (302557 e 7473360), P34

(302533 e 7473438), P35 (302493 e 7473350), P36 (302488 e 7473383), P37 (302143 e 7473497),

P38 (302084 e 7473468), até o ponto P39 (302047 e 7473532), quando deflete a noroeste passando

perfazer o limite entre a Mata e o Loteamento Colinas do Atibaia II, seguindo pelos pontos P40

(302017 e 7473540), P41 (302023 e 7473572), P42 (301947 e 7473658), P43 (301932 e 7473615),

P44 (301913 e 7473646), P45 (301845 e 7473654), P46 (301719 e 7473998), até o ponto P47

(301647 e 7473993), quando deflete a sudoeste até o ponto P48 (301512 e 7473778), contornando

a nascente de curso d’água afluente do Ribeirão Cachoeira, rumando a norte passando pelos pontos

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P49 (301530 e 7473902) e P50 (301454 e 7473993), quando retoma o rumo noroeste, seguindo

pelos pontos P51(301387 e 7473946), P52 (301280 e 7474014), P53 (301271 e 7473950), P54

(301234 e 7474039), P55 (301172 e 7474025), P56 (301166 e 7474090), até o ponto P57 (300898

e 7474278), atingindo o extremo oeste da UC, próximo à foz do Ribeirão Cachoeira no Rio

Atibaia, quando deflete a nordeste, seguindo pelo acesso local até o ponto inicial P1.

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Figura 11 - Mapa de Proposta de Perímetro. Fonte: SMMA

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4.9. Definição da Categoria da Unidade de Conservação

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, estabelecido pela Lei Federal nº

9.985/2000, que trata da criação e gestão das Unidades de Conservação (UCs) do Brasil, ao definir

a nomenclatura, objetivos e formas de manejo para as áreas protegidas, exterioriza o entendimento

acerca das terminologias inerentes a cada categoria de manejo em consonância com seus diferentes

usos.

Segundo o SNUC, as UCs estão divididas em dois grupos: de Proteção Integral e de Uso

Sustentável. O primeiro grupo tem o objetivo básico de preservar a natureza, sendo admitido

apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na referida Lei.

O segundo grupo tem como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso

sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

Dentre o grupo das Unidades de Conservação de Proteção Integral estão cinco categorias:

Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida

Silvestre. Dentre o grupo das Unidades de Conservação de Uso Sustentável estão sete categorias:

Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva

Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do

Patrimônio Natural.

Ao considerarmos o SNUC como instrumento jurídico que disciplina e normatiza as

referidas UCs, temos que observar que a orientação sobre seus aspectos conceituais, dominiais,

fundiários e de manejo, reportam-se às categorias de manejo passíveis de criação no território

nacional. Além disso, o ato legal de criação por si só não garante a efetividade do manejo dessas

áreas protegidas, sendo necessária a devida conscientização pública e política da sociedade para

com os objetivos de manejo dessas unidades.

A categoria Refúgio de Vida Silvestre (RVS), pertencente ao grupo das Unidades de

Proteção Integral, no âmbito do SNUC, preceitua normas para essa categoria, indicadas conforme

segue:

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CAPÍTULO III

DAS CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se

asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local

e da fauna residente ou migratória.

§ 1o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja

possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais

do local pelos proprietários.

§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não

havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela

administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da

propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 3o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo

da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas

previstas em regulamento.

§ 4o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela

administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem

como àquelas previstas em regulamento.

A área de remanescente florestal do Ribeirão Cachoeira é o fragmento mais bem preservado

de Campinas devido a sua distância da zona urbana e conseqüente baixa pressão antrópica. A

presença da onça-parda (Puma concolor) é indicador do bom grau de conservação da mata, uma

vez que populações de grandes felinos são sensíveis a intervenções antrópicas. A mata conta ainda

com a presença da espécie Almeidea coerulea, representante da flora ameaçada de extinção. Além

disso, a área é rica em recursos hídricos, apresentando nascentes protegidas pela vegetação natural

de floresta estacional semidecidual.

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Nesse contexto é importante que a área seja enquadrada em uma categoria do grupo de

proteção integral, visto que é mais restritivo, garantindo assim maior proteção. Ao analisar as

condições que a categoria Refúgio de Vida Silvestre apresenta em relação à visitação, pesquisas

científicas, domínio das terras, o GAUCA observou que esta categoria mostra-se compatível com

os atributos naturais da área proposta para criação desta UC, bem como às necessidades da

população da região.

O SNUC contém um capítulo onde são preconizadas normas e orientações a serem seguidas

para a criação de unidade de conservação onde o processo internalizado é verdadeiramente

democrático, participativo e socializado, conforme demonstra os principais pontos destacados a

seguir:

CAPÍTULO IV

DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público.

§ 1º (VETADO)

§ 2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de

consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados

para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.

§ 3º No processo de consulta de que trata o § 2º, o Poder Público é obrigado a fornecer

informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.

Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na estabilidade do ecossistema

integram os limites das unidades de conservação.

Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do

Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente,

corredores ecológicos.

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§ 1º O órgão responsável pela administração da unidade estabelecera normas específicas

regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores

ecológicos de uma unidade de conservação.

§ 2º Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas de

que trata o § 1º poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente.

Desta forma, a legislação específica para a categoria Refúgio de Vida Silvestre, deverá

nortear os mecanismos possíveis para o planejamento técnico, político e institucional. No entanto,

a elaboração de programas para a área protegida, deve compatibilizar as políticas e os instrumentos

que permitam a praticidade de sua execução, respeitando as oportunidades, restrições e peculiares

da categoria de manejo.

Dentre as políticas públicas da Prefeitura Municipal de Campinas, propostas por meio de

sua Secretaria de Meio Ambiente, está à instituição de um Sistema Integrado de Áreas Verdes e

Unidades de Conservação (SAV-UC), que prevê a interligação de remanescentes de vegetação

natural, Áreas de Preservação Permanente, planícies de inundação, Unidades de Conservação,

praças e parques públicos. De acordo com o Plano Local de Gestão da macrozona 1 (em

elaboração), este sistema deverá abranger no mínimo 20% da área de cada macrozona, e tem por

objetivos a manutenção do patrimônio genético de fauna e flora regionais; a proteção dos recursos

hídricos; a previsão de estruturas ecológicas de macrodrenagem, visando disciplinar os processos

de enchentes; a melhoria da paisagem urbana e da ambiência; a formação de áreas de lazer,

esportes e recreação para usufruto da população; a implantação de ciclovias ao longo das áreas

verdes, visando o estímulo ao uso da bicicleta como meio de transporte; a arborização dos

logradouros públicos; e o envolvimento das comunidades de entorno nos processo de implantação

e gestão destas áreas.

4.10. Zona de Amortecimento

A Zona de Amortecimento (ZA) é definida pelo SNUC (Lei no 9.985/00 em seu artigo 2º)

como sendo o entorno de uma Unidade de Conservação, como área onde as atividades humanas

estão sujeitas as normas e restrições específicas com o propósito de minimizar os impactos

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negativos sobre toda a UC e seu entorno. O artigo 25 do SNUC determina que todas as Unidades

de Conservação (exceto as Áreas de Proteção Ambiental - APA e as Reservas Particulares de

Patrimônio Natural – RPPN), devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente,

corredores ecológicos.

A Zona de Amortecimento do RVS Mata Ribeirão Cachoeira será, por ora, a área

envoltória disposta no artigo 2º da Resolução nº 38/02 do CONDEPACC (raio envoltório de 300

metros), que dispõe sobre o tombamento da referida mata (Figura 12).

Posteriormente dentro do prazo estimado pelo SNUC o plano de manejo do RVS-MRC será

elaborado, momento o qual a partir de novos estudos técnicos o limite da Zona de Amortecimento

será reavaliado e se necessário alterado.

Figura 12 - Zona de Amortecimento. Fonte: SMMA.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://www.biodiversitas.org.br/f_ameaca/p_fauna.asp> Acesso em 14 de janeiro de 2012.

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Campinas/SP, 1996.

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Subsídios. Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.

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(Doutorado em Ecologia) - Instituto de Biociências, UNICAMP, Campinas. 2005.

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6. ANEXOS

Anexo I – Minuta do Decreto Municipal de criação da Unidade de Conservação

MINUTA DO DECRETO DE CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO REFÚGIO

DE VIDA SILVESTRE MATA RIBEIRÃO CACHOEIRA

DECRETO N°

“DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE MATA RIBEIRÃO

CACHOEIRA NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS”.

O Prefeito do Município de Campinas, no uso de suas atribuições legais e,

CONSIDERANDO a necessidade de ampliar a área verde por habitante do município, visando as

melhorias ambientais e de qualidade de vida da população;

CONSIDERANDO as disposições do artigo 225 da Constituição Federal e dos artigos 181 e 191

da Constituição Estadual, relativas à preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do

meio ambiente;

CONSIDERANDO a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios em proteger e preservar o meio ambiente, nos termos do artigo 23, incisos VI e VII, da

Constituição Federal;

CONSIDERANDO as disposições do artigo 225, parágrafo 1º, III, da Constituição Federal que

determina incumbe ao Poder Público definir em todas as unidades da Federação, espaços

territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão

permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos

atributos que justifiquem sua proteção;

CONSIDERANDO o disposto na Lei Federal 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação, em especial seu artigo 13 que dispõem sobre os objetivos de criação da

unidade de conservação de categoria Refúgio de Vida Silvestre;

CONSIDERANDO o disposto nos artigo 2º, incisos VI e VII, e artigos 35, 36, 37, 38, 39 e 40 da

Lei Complementar no 15/2006, que instituiu o Plano Diretor de Campinas;

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CONSIDERANDO a necessidade do Município de constituir novas unidades de conservação na

categoria de proteção integral, possibilitando a gestão pela captação e aplicação de recursos de

compensação ambiental de empreendimentos a se instalar no município ou região;

CONSIDERANDO o resultado dos trabalhos do Grupo de Acompanhamento das Novas Unidades

de Conservação Ambiental no município de Campinas (GAUCA), de acordo com o Decreto

Municipal nº 16.713, de 22 de julho de 2009.

DECRETA:

Art. 1° Fica criado o Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão Cachoeira, localizado na

Macrozona 1, com área total de 233,7ha, unidade de conservação ambiental municipal de proteção

integral, de acordo com o previsto na Lei Federal nº 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional

de Unidades de Conservação, com os objetivos de preservação e recuperação da diversidade

biológica, proteção dos recursos hídricos e a elevação dos índices de área verde por habitante no

município de Campinas.

Art. 2º O Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão Cachoeira deverá englobar toda a extensão da

Mata Ribeirão Cachoeira, tendo como objetivos e diretrizes:

I – garantir maior proteção e controle da atual Mata e seu entorno;

II – potencializar as condições de manutenção da biodiversidade e interconexão das Áreas de

Preservação Permanente, áreas verdes e remanescentes importantes para a região;

III – preservar e recuperar as matas ciliares de maior relevância para a região, bem como implantar

parques lineares, formando corredores de interligação das matas remanescentes;

IV – criar áreas verdes, de lazer e recreação em contato com a natureza para usufruto das

comunidades instaladas no entorno;

V – acesso ao público monitorado exclusivamente para ações de educação ambiental, trilhas

ecológicas e pesquisa científica;

Art. 3º A área do Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão Cachoeira está definida no memorial

descritivo do Anexo I, parte integrante deste Decreto.

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Art. 4º A transferência da posse e domínio das propriedades privadas para a municipalidade

poderá ser feita por meio dos seguintes instrumentos:

I – processos de parcelamento do solo nos moldes da Lei Federal 6.766/79, na forma de áreas

verdes de loteamentos a serem aprovados, mediante licenciamento ambiental;

II - doação sem ônus para o município;

III – desapropriação nos moldes da legislação vigente.

Art. 5º A Prefeitura Municipal de Campinas fica autorizada a pleitear recursos oriundos de

compensação ambiental durante os processos de licenciamento ambiental de obras no município ou

região, a serem destinados para as seguintes atividades, obedecendo a ordem de prioridade:

I – na elaboração de Planos de Manejo e projetos específicos das Unidades de Conservação;

II – na implantação dos projetos de recuperação e conservação das áreas que já compõe o

patrimônio público, independente da existência de trechos da UC ainda sob o domínio privado;

III – na desapropriação de áreas de domínio privado visando sua integração ao patrimônio público.

Art. 6º A Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SMMA é o órgão gestor da unidade de

conservação ora instituída, sendo a responsável pela administração e coordenação das medidas

necessárias para sua implementação, sua efetiva proteção e controle.

§ 1º Para a implementação da unidade de conservação a SMMA deverá atuar em conjunto com os

demais órgãos da administração pública direta e indireta, no âmbito das suas competências.

§ 2º A SMMA fica autorizada a firmar convênios e outros ajustes, com entidades públicas ou

privadas, visando a viabilização das medidas necessárias para a implantação e conservação das

unidades de conservação municipais.

Art. 7º O Conselho Consultivo do Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão Cachoeira terá

constituição tripartite, com representação de organizações da sociedade civil, dos proprietários e do

Poder Executivo Municipal.

Parágrafo único – O Conselho Consultivo do Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão Cachoeira

será presidido pelo órgão responsável por sua administração, nos termos do art. 15, §5º da Lei

9.985, de 18 de julho de 2000.

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Art. 8º Fica definido que a zona de amortecimento do Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão

Cachoeira é a faixa de 300 metros no entorno do mesmo, onde qualquer empreendimento ou

atividade deverá ser previamente autorizado pela SMMA, sem prejuízo das demais exigências

legais.

Art. 9º Na elaboração dos Planos Locais de Gestão, preconizados pelo artigo 19 do Plano Diretor

de Campinas, deverão ser incorporados nos respectivos Projetos de Lei, os limites e demais

disposições ambientais da Unidade de Conservação instituída por meio deste Decreto.

Art. 10 Ficam declarados de utilidade pública para fins de desapropriação, pela Prefeitura

Municipal, os imóveis urbanos e rurais de legítimo domínio privado e suas benfeitorias que vierem

a ser identificados nos limites descritos no art. 3º deste Decreto, nos termos do art. 5°, alínea “k”, e

6° do Decreto-Lei n° 3.365, de 21 de junho de 1941.

Parágrafo único. A Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos fica autorizada a promover as

medidas administrativas e judiciais pertinentes, visando a declaração de nulidade de eventuais

títulos de propriedade e respectivos registros imobiliários considerados irregulares, incidentes na

unidade de conservação de que trata este Decreto.

Art. 11 O Plano de Manejo do Refúgio de Vida Silvestre Mata Ribeirão Cachoeira deverá ser

elaborado no prazo máximo de cinco anos, contado da publicação do presente Decreto.

Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras

desenvolvidas no Refúgio deverão se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos

recursos naturais que a criação da referida Unidade de Conservação objetiva proteger, ouvido o

Órgão Gestor do Refúgio de Vida Silvestre.

Art. 12 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Campinas,

DR. PEDRO SERAFIM

Prefeito Municipal