prefeitura municial de sÃo josÉ curso de ......supervisores de unidades da empresa michels...

74
PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO MÁRIO MEDEIROS JÚNIOR PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA OS MOTORISTAS E SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011

Upload: others

Post on 26-Apr-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MÁRIO MEDEIROS JÚNIOR

PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA OS MOTO RISTAS E

SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTI CA E

TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS

SÃO JOSÉ

2011

Page 2: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

MÁRIO MEDEIROS JÚNIOR

PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA OS MOTO RISTAS E

SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTI CA E

TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS

Trabalho elaborado para a disciplina de TCC II do Curso de Administração do Centro Universitário Municipal de São José - USJ.

Orientador: Prof. M. Eng. Alcides J. F. Andujar

SÃO JOSÉ

2011

Page 3: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

MÁRIO MEDEIROS JÚNIOR

PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA OS MOTO RISTAS E

SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTI CA E

TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Administração do Centro Universitário Municipal de São José – USJ avaliado pela seguinte banca examinadora:

Orientador: Prof. Alcides José Fernandes Andujar, M. Eng.

Prof. Thiago Souza Araujo, MSc.

Prof. Paulo Sérgio de Moura Bastos, MSc.

São José, 04 de julho de 2011.

Page 4: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

Dedico este trabalho a minha família que

sempre me apoiou e esteve ao meu lado em

todos os momentos.

Page 5: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por mais esta conquista em minha vida.

À minha família que sempre esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis da vida,

dando força e incentivando para o alcance de meus objetivos.

Ao professor orientador Alcides José Fernandes Andujar, pelas suas contribuições e

correções durante o desenvolvimento deste trabalho.

A todos os professores do curso de administração da Universidade Municipal de São

José que de alguma forma puderam contribuir com seus ensinamentos para meu aprendizado e

crescimento tanto profissional como pessoal.

Aos colegas da Michels Logística e Transportes, em especial ao Sérgio Michels e ao

Adelino Constante de Souza, por permitirem a realização desta pesquisa, dando conselhos,

sugestões e revisões durante a elaboração deste trabalho.

Aos amigos e colegas da turma 2007/02 pela convivência, amizade e descontração

durante este período.

A todos que estiveram presente ao longo desta caminhada, MUITO OBRIGADO!

Page 6: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

Quem define um problema, já o resolveu pela

metade.

Julian Huxley

Page 7: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

RESUMO

A realização da pesquisa para elaborar a proposta de um programa de treinamento para os motoristas e supervisores de unidade da empresa Michels Logística e Transportes surgiu da necessidade de otimizar os processos produtivos. O método de delineamento adotado neste trabalho foi o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica. Adotou-se a pesquisa básica e exploratória, utilizando a abordagem qualitativa e quantitativa. A amostra não probabilística foi composta por 83 motoristas e 14 supervisores de unidades, totalizando 97 funcionários. Os dados foram coletados por meio de pesquisa documental, entrevistas e observação. Para análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Com base na análise dos dados levantados, constatou-se que a atividade de conferência, presente nos processos identificados e mapeados, pode ser considerada como crítica. Sendo assim, a partir da fundamentação teórica e da análise dos dados foi possível elaborar como proposta de treinamento um quadro com a programação em relação a conteúdos, instrutor e técnicas de aprendizagem para cada um dos quatros processos produtivos (coleta, recebimento e armazenagem, distribuição e devolução de mercadorias).

Palavras-chave: Treinamento. Processos. Motoristas.

Page 8: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Quantitativo de pessoal da Michels Logística e Transportes.................................15

Quadro 2 – Unidades de distribuição........................................................................................16

Quadro 3 – Principais processos produtivos.............................................................................18

Quadro 4 – Mudanças de comportamento por meio do treinamento........................................29

Quadro 5 – Média de ocorrências por dia de trabalho..............................................................53

Quadro 6 – Modelo de programa de treinamento do processo de coleta..................................54

Quadro 7 – Modelo de programa de treinamento do processo de recebimento e

armazenagem............................................................................................................................55

Quadro 8 – Modelo do programa de treinamento do processo de distribuição........................56

Quadro 9 – Modelo do programa de treinamento do processo de devolução...........................57

Quadro 10 – Método de avaliação 1.........................................................................................59

Quadro 11 – Método de avaliação 2.........................................................................................60

Quadro 12 – Método de avaliação 3.........................................................................................61

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Organograma da Michels Logística e Transportes..................................................17

Figura 2 – Processo administrativo...........................................................................................20

Figura 3 – Estratos de treinamento, desenvolvimento de pessoal e desenvolvimento

organizacional...........................................................................................................................25

Figura 4 - Principais símbolos do mapeamento de processos...................................................35

Figura 5 – Fluxograma do processo de coleta de mercadorias.................................................44

Figura 6 – Fluxograma do processo de recebimento e armazenagem de

mercadorias...............................................................................................................................46

Figura 7 – Fluxograma do processo de distribuição de mercadorias........................................48

Figura 8 – Fluxograma do processo de devolução de mercadorias..........................................50

Figura 9 – Etapas para implementação da proposta de treinamento.........................................63

Page 9: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Serviços e ocorrências no período de 01/06/2010 a 31/12/2010.............................51

Tabela 2 – Levantamento de ocorrências no período de 01/06/2010 a 31/12/2010.................52

Tabela 3 – Percentual de motoristas e supervisores de unidades..............................................53

Page 10: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA.........................................................11

1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................12

1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................................12

1.2.2 Objetivos específicos......................................................................................................12

1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA...............................................................................12

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO........................................................................................13

2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA..............................................................................15

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................19

3.1 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO............................................................................19

3.2 ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS.........................................................................21

3.3 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E GESTÃO DE PESSOAS.............23

3.4 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS NAS

ORGANIZAÇÕES....................................................................................................................24

3.5 HISTÓRICO DO TREINAMENTO...................................................................................28

3.6 ETAPAS PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO......29

3.6.1 Diagnóstico da necessidade de treinamento.................................................................30

3.6.2 Níveis de levantamento de necessidades.......................................................................30

3.6.3 Planejamento e execução...............................................................................................31

3.6.4 Avaliação de treinamento..............................................................................................32

3.7 PROCESSOS ORGANIZACIONAIS................................................................................33

4 METODOLOGIA................................................................................................................37

4.1 DESIGN DA PESQUISA...................................................................................................37

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.............................................................................37

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA.............................................................................................38

4.4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS.............................................................................39

Page 11: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

10

4.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS..............................................................................40

4.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA..........................................................................................40

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS...............................................42

5.1 DESCRIÇÃO DOS DADOS COLETADOS.....................................................................42

5.1.1 Coleta de mercadorias...................................................................................................42

5.1.2 Recebimento e armazenagem de mercadorias............................................................45

5.1.3 Distribuição e entrega de mercadorias.........................................................................47

5.1.4 Devolução de mercadorias.............................................................................................49

5.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS...........................................................................51

6 PROPOSTA DE PROGRAMA DE TREINAMENTO E AVALIAÇÃO.. .....................54

6.1 PROPOSTA DE PROGRAMA DE TREINAMENTO......................................................54

6.2 MÉTODO DE AVALIAÇÃO............................................................................................58

6.3 ETAPAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA DE TREINAMENTO..........62

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................65

REFERÊNCIAS......................................................................................................................68

APÊNDICE..............................................................................................................................72

Page 12: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

11

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro capítulo serão tratados os elementos iniciais deste trabalho, destacando

os seguintes tópicos: apresentação do tema e do problema; definição dos objetivos;

justificativa e importância; e a organização do estudo.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Passamos por grandes mudanças em todas as áreas da sociedade e a competitividade

entre as empresas tem exigido mecanismos que incentivem o aumento da produtividade, a

melhoria da qualidade e a colaboração mútua entre os funcionários, resultando em empresas

mais preparadas para os desafios do mercado.

A informação e o conhecimento são fatores essenciais para que uma organização possa

agregar valor à sua marca e aos seus produtos e serviços, assim como para ajustar seus

processos visando conquistar a fidelidade dos clientes e avançar sobre novos mercados. (EL-

KOUBA, et al, 2009)

Atualmente com o mercado em constantes mudanças, o ambiente dinâmico das

organizações requer o desenvolvimento de ações ligadas a capacitação de pessoas, buscando

torná-las mais eficazes para alcançar os objetivos propostos pela organização. As

organizações estão cada vez mais cientes da importância que tem o treinamento e

desenvolvimento das pessoas, devendo elas estimular e oferecer todo apoio necessário para

que o indivíduo possa efetivamente alcançar os objetivos dentro de seu cargo.

Pode-se perceber que atualmente grandes organizações vêm desenvolvendo programas

de formação, treinamento e desenvolvimento de pessoas, algumas até mesmo investem em

centros educacionais e universidades corporativas. No entanto para as micros e pequena

empresas é comum notarmos a falta de estrutura e programas voltados para o aperfeiçoamento

pessoal de seus funcionários.

O treinamento é um dos recursos do desenvolvimento de pessoal e visa o

aperfeiçoamento de desempenho, o aumento da produtividade e das relações interpessoais. O

treinamento inicia como uma resposta a uma necessidade ou a uma oportunidade em um

ambiente organizacional.

Page 13: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

12

O treinamento é valioso tanto para a empresa como para o próprio funcionário. Pois,

além de otimizar os processos, permite a formação de uma equipe mais coesa, que desenvolva

suas atividades de acordo com as orientações recebidas pela organizações que a prática tenha

demonstrado ser eficiente. Para os funcionários, o treinamento é importante fator

motivacional, uma vez que recebendo orientação adequada eles conseguem melhores

resultados tanto no trabalho, quanto no rendimento.

Diante desse contexto, propõe-se a responder o seguinte problema de pesquisa: Qual é

o programa de treinamento apropriado para os motoristas e supervisores de unidades da

Michels Logística e Transportes, que vise a otimização dos processos produtivos?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Elaborar uma proposta de programa de treinamento para os motoristas e supervisores

de unidades da empresa Michels Logística e Transportes para otimização dos processos

produtivos.

1.2.2 Objetivos específicos

• Levantar a bibliografia relativa ao treinamento, desenvolvimento e processos

organizacionais.

• Identificar e descrever os atuais processos produtivos.

• Elaborar o fluxograma dos processos produtivos.

• Extrair dados de eventos passados para identificar os pontos críticos dos processos

produtivos.

• Identificar as necessidades de treinamento da Michels Logística e Transportes, por

meio da análise dos dados e dos processos produtivos.

1.3 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA

A elaboração de um programa de treinamento para os motoristas e supervisores de

unidades da empresa Michels Logística e Transportes justifica-se pela ausência de

informações do fluxo de trabalho da empresa como um todo. Pois, muitas vezes os

Page 14: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

13

funcionários executam tarefas rotineiras sem conseguir assimilar o motivo e a importância das

mesmas.

É importante ressaltar que este estudo tratará mais especificamente dos processos

produtivos (coleta, recebimento e armazenagem, distribuição e devolução de mercadorias),

uma vez que a não observação dos procedimentos pelos os motoristas e supervisores de

unidades acarretam em transtornos e retrabalho para todos os envolvidos no processo.

Neste sentido, acredita-se que o presente trabalho poderá contribuir para otimizar os

processos produtivos realizados pelos os motoristas e supervisores de unidades da Michels

Logística e Transportes, fornecendo uma visão geral da empresa e compreensão de seu

processo logístico.

O estudo é relevante para o Centro Universitário Municipal de São José, pois permitirá

aplicar na prática algumas das teorias administrativas que poderão estimular e auxiliar novas

produções acadêmicas na área estudada.

Além disso, o assunto desperta o interesse do pesquisador pela possibilidade de

estudar e pesquisar sobre algo atual, de adquirir novos conhecimentos e colaborar com as

discussões sobre o tema, a partir do presente estudo.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Para que se alcancem os objetivos propostos na pesquisa, o trabalho está organizado

em sete capítulos.

Neste primeiro capítulo serão tratadas questões relativas à introdução. Apresenta-se o

tema e o problema, definem-se os objetivos e justifica-se a escolha do tema.

O segundo capítulo refere-se à caracterização da empresa Michels Logística e

Transportes. Apresenta-se o histórico, o contexto da organização pesquisada e os processos

produtivos.

O terceiro capítulo refere-se à fundamentação teórica do tema, apresentando uma

introdução à Administração, um breve histórico da Escola das Relações Humanas,

administração de recursos humanos e gestão de pessoas. Serão abordados conceitos básicos de

treinamento e desenvolvimento de pessoas nas organizações. Será exposto também o

histórico, objetivos, vantagens e avaliação do treinamento dentro de uma organização. Além

disso, será abordado o tema processos organizacionais como uma ferramenta para identificar

os gargalos e as necessidades de treinamento.

Page 15: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

14

O quarto capítulo faz referência à metodologia relativa ao design e caracterização da

pesquisa; a população e amostra; as técnicas de coleta de dados; a técnica de análise dos

dados; assim como as limitações da pesquisa.

No quinto capítulo é realizada a descrição e a análise dos dados para o mapeamento e

identificação a atividade crítica dos processos produtivos.

O capítulo seis apresenta uma proposta de programa de treinamento para os motoristas

e supervisores de unidades da empresa Michels Logística e Transportes para otimização dos

processos produtivos. Apresenta-se, também, o método de avaliação.

O capítulo sete constitui-se das considerações finais e recomendações de novos

estudos sobre o tema abordado.

Finaliza-se com as referências bibliográficas utilizadas para a elaboração deste

trabalho.

Page 16: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

15

2. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A Michels Logística e Transportes, fundada em 01/10/1983 pelo seu atual diretor

Sergio Michels. CNPJ nº. 76.875.491/0001-86, Inscrição Estadual nº 251.773.558, com sede a

Rua Francisco Pedro Machado, nº 333, Barreiros – São José-SC, é uma empresa privada com

fins lucrativos e de pequeno porte.

Iniciou suas atividades como transportadora de produtos em gerais na cidade de Rio

do Sul. Atuou durante 05 anos neste setor entregando móveis, e eletrodomésticos para

algumas lojas em Rio do Sul. Por volta de 1988 mudou seu ramo de atividade, e passou a

transportar cargas congeladas na região. Após esse período, por volta de 1993 passou a atuar

na distribuição de jornais. Porém, foi em 1997 que a Michels Logística e Transportes focou

seu ramo de atividade passando a se especializar exclusivamente no ramo de transporte de

medicamentos e perfumaria.

Atualmente tem uma grande participação no mercado de distribuição deste segmento

no Estado de Santa Catarina e para realizar suas atividades conta com um número de 121

funcionários, distribuídos nos cargos relacionados no quadro 1.

CARGO QUANTIDADE

Gerente Administrativo 01

Gerente Operacional 01

Supervisor de Unidade 14

Supervisor de frota 01

Motorista rodoviário 23

Motorista urbano 60

Farmacêutica 01

Assistente financeiro 01

Assistente administrativo 01

Auxiliar administrativo 13

Auxiliar de expedição 04

Auxiliar de depósito 01

TOTAL 121

Quadro 1: Quantitativo de pessoal da Michels Logística e Transportes

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Page 17: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

16

A Michels Logística e Transportes possui uma frota devidamente inspecionada e

autorizada pela Vigilância Sanitária do Estado de Santa Catarina. Possui 14 unidades de

distribuição espalhadas pelo Estado, que são divididas em 7 regiões, conforme podemos ver

no quadro 2.

REGIÕES CIDADES

Grande Florianópolis São José (Matriz)

Sul Tubarão e Içara

Norte Joinville, Camboriu e Itajaí

Alto Vale Blumenau, Rio do Sul e Jaraguá do Sul

Meio Oeste Curitibanos, Joaçaba e Videira

Oeste Chapecó

Serrana Lages

Quadro 2: Unidades de distribuição

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

A estrutura e a logística, mencionadas acima, permite a Michels Logística e

Transportes atender diariamente as solicitações de coleta nas distribuidoras sediadas em Santa

Catarina e Paraná, e entregar os medicamentos/produtos em um prazo de 24 horas nas

farmácias e drogarias, hospitais, postos de saúde, e outros centros de distribuição.

A empresa ainda conta com a parceria de outras transportadoras de Curitiba e Porto

Alegre, fazendo a intermediação da carga que sai de Santa Catarina para esses outros estados.

A estrutura da Michels pode ser visualizada na figura 1:

Page 18: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

17

Figura 1: Organograma da Michels Logística e Transportes

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

A missão da Michels Logística e Transportes consiste em:

“Prestar um serviço com qualidade, agilidade, segurança, visando a satisfação dos

nossos clientes”.

A visão da Michels Logística e Transportes é definida da seguinte maneira:

“Ser uma empresa referencial na prestação de serviços de transporte de

medicamentos”.

Dentre seus principais processos produtivos relacionados à atividade fim da empresa

podemos citar a coleta, armazenagem, distribuição e a devolução de mercadorias que estão

descritos no quadro 3.

Page 19: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

18

PROCESSO DESCRIÇÃO

Coleta de mercadorias Processo de coleta de mercadorias nas distribuidoras para entrega no cliente final.

Armazenagem e recebimento de carga Processo de recebimento e armazenamento da carga nos pontos de apoio até o momento da entrega no cliente final.

Distribuição de mercadorias Processo de entrega da carga no cliente final.

Devolução de mercadorias Processo de logística reversa da mercadoria, desde o cliente final até a distribuidora.

Quadro 3: Principais processos produtivos

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Para poder atuar de forma legal com suas atividades a Michels Logística e Transportes

possui autorização da ANVISA e da Vigilância Sanitária do Estado de Santa Catarina. A

Vigilância Sanitária (VISA) é responsável por promover e proteger a saúde e prevenir a

doença por meio de estratégias e ações de educação e fiscalização, e tem por objetivo

promover e proteger a saúde da população por meio de ações integradas e articuladas de

coordenação, normatização, capacitação, educação, informação apoio técnico, fiscalização,

supervisão e avaliação em Vigilância Sanitária.

Possui ainda um contrato com a Proactiva onde mensalmente é feito uma coleta de

materiais médico/hospitalares onde a parte interessada se responsabiliza pela correta

destinação de resíduos tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente.

Page 20: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo apresentaremos uma introdução à Administração, um breve histórico da

Escola das Relações Humanas, administração de recursos humanos e gestão de pessoas. Serão

abordados conceitos básicos de treinamento e desenvolvimento de pessoas nas organizações.

Será exposto, também, o histórico, objetivos, vantagens e avaliação do treinamento dentro de

uma organização. Além disso, será abordado o tema processos organizacionais como uma

ferramenta para identificar os gargalos e as necessidades de treinamento.

3.1 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO

A palavra Administração vem do latim “ad” que significa direção, tendência para, e

“minister” que significa subordinação ou obediência, ou seja, quem realiza uma função sob

comando de outro (CHIAVENATO, 2003).

Mary Parker Follet (apud Stoner e Freeman, 1999, p. 5) define Administração como “a

arte de fazer as coisas através das pessoas”, ou seja, os administradores alcançam os objetivos

das organizações fazendo com que outras pessoas realizem as tarefas necessárias.

Segundo Kwasnicka (1987, p. 17), “a administração é definida como aquela que

utiliza métodos da ciência para tomar as decisões e estabelecer um curso de ação.

Stoner e Freeman (1999, p. 5) definem a administração como “o processo de planejar,

organizar, liderar e controlar os esforços realizados pelos membros da organização e o uso de

todos os outros recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos”.

A “Administração é um processo dinâmico de tomar decisões sobre a utilização de

recursos, para possibilitar a realização de objetivos”. (MAXIMIANO, 2004, p.33)

Após a observação por parte de diversos estudiosos chegou-se à conclusão, baseada

nos estudos de Fayol, que a Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e

controlar o uso de recursos a fim de alcançar os objetivos da organização.

O processo administrativo é uma sequência de funções que se sucedem, conforme

pode ser visualizado na figura 2.

Page 21: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

20

Figura 2: Processo administrativo

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 1999.

A função planejar significa que os administradores pensam antecipadamente em seus

objetivos e ações, e que seus atos são baseados em algum método, plano ou lógica, e não em

suposições. Os planos são as linhas-mestras pelas quais a organização obtém e aplica os

recursos necessários ao alcance dos objetivos. (STONER; FREEMAN,1999)

Para Stoner e Freeman (1999), a organização como função administrativa consiste no

processo de alocar recursos (humanos, financeiro, materiais) para alcançar os objetivos

propostos de forma eficiente.

Dirigir ou liderar é o processo de influenciar e motivar os funcionários a realizarem as

atividades necessárias ao atendimento dos objetivos organizacionais. (STONER;

FREEMAN,1999)

A função controle, segundo Stoner e Freeman (1999), está relacionada ao

estabelecimento de padrões de desempenho; medição do desempenho atual; comparação do

Saídas Entradas

Planejar

Organizar

Dirigir

Controlar

Ambiente Interno

Ambiente Externo

Page 22: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

21

desempenho atual com os padrões estabelecidos; e caso sejam identificados desvios, executar

ações corretivas.

Na prática o processo administrativo envolve um grupo de funções interativas para

alcançar os objetivos organizacionais.

3.2 ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS

A abordagem humanística surgiu da necessidade de se humanizar as relações de

trabalho, após uma série revoltas e críticas aos métodos tayloristas que levou à

superespecialização do trabalhador, comparando-o à engrenagem de uma grande máquina.

Outro fator que fomentou o surgimento da Teoria das Relações Humanas foi o

desenvolvimento das chamadas ciências humanas (Sociologia, Psicologia, Antropologia).

(ALPERSTEDT; EVANGELISTA, 2007)

Entretanto, a Escola das Relações Humanas tem sua origem relacionada os estudos

desenvolvidos pelo psicólogo americano Elton Mayo. Em 1927, na fábrica de Western Eletric

Company, Mayo inicia sua experiência que ficou conhecida como “Experiência de

Hawthorne”. O objetivo inicial era estudar as influências da iluminação na produtividade,

número de acidentes e fadiga. Porém, seu desenvolvimento veio demonstrar a influência de

fatores psicológicos e sociais no produto final do trabalho. (GIL, 2007)

De acordo com Kwasnicka (2006), o Estudo de Hawthorne desenvolveu-se em quatros

fases:

1. O experimento da iluminação: esse experimento foi realizado com dois grupos

de operárias e procurou-se estudar a influência da iluminação na produtividade.

Um grupo foi colocado em uma sala onde a intensidade da iluminação era

variável e o outro grupo em uma sala em que a intensidade da iluminação era

constante. Esperava-se que os níveis de produção fossem diferentes, mas isso

não aconteceu, pois a produção de ambos os grupos aumentou. A conclusão foi

de que o complexo de variáveis humanas contribuiu para esse comportamento

e não a intensidade da luz.

2. O experimento das salas de relés: esse experimento foi aplicado em cada grupo

de trabalho de uma só vez em todo o departamento, dando um incentivo em

forma de recompensa financeira. O nível de produção aumentou, atingindo um

dos níveis mais elevados. Os pesquisadores pretendiam controlar o máximo

Page 23: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

22

possível as variáveis do ambiente. Outras variáveis tais como condições

materiais, métodos de trabalho, fadiga, redução de monotonia e incentivo

salarial mostraram ter pouca influência nos resultados de produção.

3. Segunda fase do experimento dos relés: foi elaborado um segundo teste que

tornou-se inconclusivo, levando os pesquisadores a realizarem entrevistas para

obter mais informações sobre as atitudes dos empregados. A partir das

entrevistas, houve uma maior compreensão sobre o rendimento individual e

grupal dos trabalhadores. Outro resultados desse trabalho foi o

aperfeiçoamento da técnica de entrevista sem roteiro.

4. Quarta fase: constituiu-se num estudo realizado na sala de montagem dos

terminais. A sala era composta por 14 trabalhadores, divididos em três cargos:

soldadores, operadores e inspetores. A tese era de que o grupo estaria

interessado em elevar o rendimento total e o trabalhador mais ágil pressionaria

os mais lentos. O método era similar ao adotado anteriormente, uma sala de

teste separada e condições de trabalho inicial em mudança. Os resultados

foram opostos aos obtidos nos estudos anteriores. A produção sofreu alterações

negativas, chegando-se à conclusão de que as normas do grupo exerciam

pressão sobre seus elementos e de que ao buscar aceitação o trabalhador

deveria agir de acordo com essas normas. O incentivo financeiro era o fator

menos importante na determinação dos rendimentos e a aceitação social, o

mais importante.

O efeito Hawthorne é definido por Stoner e Freeman (1999, p.31) como “a

possibilidade de trabalhadores que recebem atenção especial apresentarem um desempenho

melhor simplesmente por terem recebido essa atenção”.

Sendo assim, os estudos de Hawthorne são a fundamentação histórica mais importante

com relação ao conhecimento do comportamento humanos nas organizações. (KWASNICKA,

2006)

Ao salientar as necessidades sociais, a Escola das Relações Humanas avançou além da

abordagem clássica, que tratava a produtividade quase unicamente como um problema de

engenharia. Foi dada mais atenção ao ensino das habilidades da administração humana.

(STONER; FREEMAN,1999)

Page 24: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

23

3.3 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E GESTÃO DE PESSOAS

Começa-se a falar em administração de recursos humanos na década de 60 em

substituição a outras expressões utilizadas no âmbito das organizações: Administração de

Pessoal e Relações Industriais. (GIL, 2007)

O surgimento da administração de recursos humanos deve-se à introdução de

conceitos da Teoria Geral dos Sistemas à gestão de pessoal. De acordo com Gil (2007), o

conceito de sistema já era amplamente utilizado nas ciências físicas e biológicas. A partir da

década de 50, o conceito passou a ser utilizado nas Ciências Sociais. A Teoria Geral dos

Sistemas contribuiu significativamente para a ciência da Administração, a ponto de tornar-se

comum a classificação das atividades administrativas em sistemas: de produção, de

comercialização, de recursos humanos, dentre outros.

A administração de recursos humanos pode ser entendida como a administração de

pessoal baseada numa abordagem sistêmica. O conceito de sistema, que é fundamental para

essa abordagem, pode ser definidos de várias maneiras:

como um conjunto de elementos unidos por alguma forma de interação ou interdependência; uma combinação de partes, formando um todo unitário; um conjunto de elementos materiais ou ideais, entre os quais se possa encontrar uma relação; uma disposição das partes ou elementos de um todo, coordenados entre si e que funcionam como estrutura organizada. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode, portanto, ser considerado um sistema, desde que as relações entre elas e o comportamento do todo sejam o foco da atenção. (GIL, 2007, p. 21)

Oliveira (2007, p.6) conceitua sistema como “um conjunto de partes interagentes e

interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e

efetuam função específica”.

Conforme Milkovich e Boudreau (2008, p.19), por administração de recursos humanos

“entende-se uma série de decisões integradas que formam as relações de trabalho; sua

qualidade influencia diretamente a capacidade da organização e de seus empregados em

atingir seus objetivos”.

A partir de meados da década de 80, as empresas vêm enfrentando sérios desafios,

tanto de natureza ambiental quanto organizacional, tais como: globalização da economia,

evolução das comunicações, desenvolvimento tecnológico, competitividade, dentre outros.

Nem todas conseguiram adaptar-se a esses desafios, e muitas das que sobreviveram passaram

Page 25: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

24

por experiências como a reengenharia, a terceirização e o downsizing, que tiveram

conseqüências dramáticas para seu pessoal. (GIL, 2007)

As críticas a essas experiências, somadas as novas concepções sobre o papel dos

indivíduos nas organizações, determinaram, a partir da década de 90, sérios questionamentos

à maneira como vinha sendo desenvolvida a administração de recursos humanos nas

organizações. Dentre as várias críticas, estava a relacionada à terminologia utilizada para

designá-la.

Se tratadas como recursos, as pessoas precisam ser administradas, para obter-se delas o máximo rendimento possível. Consequentemente, tendem a ser consideradas parte do patrimônio da organização. Propõem, então, os críticos que as pessoas sejam tratadas como parceiros da organização. Como tais, passariam a ser reconhecidas como fornecedoras de conhecimentos, habilidades, capacidades e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações: a inteligência. (GIL, 2007, p. 23)

A área de recursos humanos cumpre seus papel primordial na criação do conhecimento

organizacional por sua atuação direta na busca e retenção de talentos humanos. “A eficiência

nos seus processos e a implementação de programas que promovam o bem-estar, a evolução e

a integração das pessoas no ambiente de trabalho configuram-na como área criadora do

conhecimento”. (GIRARDI; BENETTI; OLIVEIRA, 2008, p. 39)

Assim, a evolução para uma nova forma de gestão de recursos humanos coloca em

pauta uma nova terminologia: gestão de pessoas. A gestão de pessoas vem ganhando adeptos

à medida que muitas empresas anunciam a disposição para tratar os empregados como

parceiros. A gestão de pessoas abrange atividades como: recrutamento de pessoal, descrição

de cargos, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho, dentre outras.

3.4 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES

Diversos são os conceitos que os autores adotam para diferenciar treinamento e

desenvolvimento. Ambos constituem processos de aprendizagem, porém o que os diferenciam

é a perspectiva de tempo que é diferente, o treinamento é orientado para soluções imediatas,

tais como atividades que o profissional irá exercer no seu cargo. Já o desenvolvimento trata-se

de um processo a longo prazo, onde a empresa busca desenvolver habilidades da pessoa para

agregar valor tanto para a organização quanto para o profissional.

Page 26: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

25

De maneira ilustrativa, conforme figura 3, Chiavenato (2003) mostra que o

treinamento está inserido no campo do desenvolvimento de pessoa, que permanece no

conjunto do desenvolvimento organizacional, evidenciando assim que o treinamento é

estabelecido para atender a empresa.

Figura 3: Estratos de treinamento, desenvolvimento de pessoal e desenvolvimento organizacional

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2003.

Conforme define Chiavenato (1999), treinamento é o processo educacional de curto

prazo, aplicado de maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas adquirem

conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos.

Milkovich e Boudreau (2008, p.338) corroboram com Chiavenato (1999) ao afirmar

que “treinamento é um processo sistemático para promover a aquisição de habilidades, regras,

conceitos ou atitudes que resultem em uma melhoria da adequação entre as características dos

empregados e as exigências dos papéis funcionais”.

Para Barreto (1995), treinamento é a educação profissional que visa adaptar o homem

ao trabalho em determinada empresa, preparando-o adequadamente para o exercício de um

cargo, podendo ser aplicado a todos os níveis da empresa.

Page 27: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

26

Portanto, pode-se dizer que treinamento é um processo de curto prazo que se dedica a

transmissão de informações e conhecimento, buscando suprir necessidades da organização no

presente, estando diretamente ligado a execução de tarefas.

Muitas empresas já perceberam que seu diferencial são os recursos humanos que

compõem seu quadro de funcionários. Assim, passam a treinar de maneira intensiva os novos

profissionais e mantêm programas de treinamentos contínuos para os mais antigos, com o

objetivo de aumentar da produtividade, a produtividade do funcionário e a lucratividade.

Segundo Chiavenato (1999), as organizações do século XX foram estruturadas dentro

de padrões da estabilidade, uma característica rígida e mecanicista. Neste modelo, as decisões

são centralizadas, com cargos definidos e departamentos funcionais com objetivos

específicos. Este modelo peca por não se adaptar ao mundo atual, permeado de mudanças,

informatização e globalização, cujo cenário de instabilidade exige maior flexibilidade das

organizações, e das pessoas que nelas trabalham.

O modelo de organização vigente, chamado de modelo orgânico, tem como

características: redução de níveis hierárquicos e descentralização; cargos mutáveis; equipes

multifuncionais; interação das pessoas. Enfim, um modelo de grande dinâmica no qual as

pessoas precisam estar preparadas e em constante desenvolvimento. (CHIAVENATO, 1999)

É nesse sentido que o desenvolvimento de pessoas está mais relacionado com a

educação e com a orientação para o futuro. Está mais focado no crescimento pessoal do

indivíduo e visa a construção da carreira para contribuir com a empresa num futuro próximo.

Todos os funcionários podem e devem se desenvolver, mesmo porque, com a redução dos

níveis hierárquicos e formação de equipes, todos os colaboradores passam a ser mais

participativos e adquirem mais responsabilidades.

Milkovich e Boudreau (2008, p.338) definem desenvolvimento como um “processo de

longo prazo para aperfeiçoar as capacidades e motivações dos empregados a fim de torná-los

futuros membros valiosos da organização. O desenvolvimento inclui não apenas o

treinamento, mas também a carreira e outras experiências”.

Para o desenvolvimento de pessoas, Chiavenato (1999) ressalta que existem métodos e

técnicas que podem ser utilizados dentro da organização: rotação de cargos, posição de

assessoria, aprendizagem prática, atribuição de comissões, centros de desenvolvimento

interno, participação em cursos e seminários, dentre outras.

• A rotação de cargos consiste na movimentação das pessoas nas diferentes

atividades dentro da empresa com o intuito de expandir habilidades e

Page 28: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

27

conhecimentos da totalidade da organização. Esta rotação pode ser vertical

como uma promoção temporária, ou horizontal dentro de um mesmo setor, o

que é mais comum, e traz diversas vantagens principalmente para a

organização que passa a ter funcionários multifuncionais.

• A posição de assessoria deixa uma pessoa com grande potencial sob a

supervisão de um gerente provisoriamente para ganhar experiência e novos

conhecimentos com apoio direto.

• A aprendizagem prática coloca o treinando ou o grupo de treinandos sob tempo

integral na solução ou desenvolvimento de um projeto, exigindo a aplicação de

conhecimentos e cooperação para trabalhar em equipe.

• A atribuição de comissões significa participar das comissões de trabalho, seja

na sua tomada de decisão, observação ou pesquisa. As comissões geralmente

são temporárias e de curta duração. São de natureza desafiadora e trazem

oportunidades de crescimento.

• Os centros de desenvolvimento internos são fatores físicos ou virtuais dentro

das empresas que armazenam conhecimentos aplicáveis a favor dos

funcionários, como as universidades corporativas. Muitas universidades

criadas pelas empresas não têm campus nem instalações físicas, ou seja, são

universidades inteiramente virtuais.

• A participação em cursos e seminários é uma forma tradicional de

desenvolvimento onde as pessoas se sentem motivadas por fazer cursos

formais com consultores, treinadores ou fornecedores de fora da empresa.

Geralmente são investimentos altos da empresa e os cursos são de muita

qualidade.

Já o desenvolvimento para Lobos (1979) trata-se de um amplo e contínuo esforço

educacional planejado pela empresa, para diagnosticar, motivar e facilitar os desempenhos

presente e futuro do gerente, através do aprimoramento de seus conhecimentos e habilidade e

da mudança de suas atitudes.

Sendo assim, o desenvolvimento é um meio eficaz de agregar valor tanto para as

pessoas, quanto para a organização. Em consequência várias empresas vêm implantando

sistemas de desenvolvimento de pessoas, tais como instalação de centros de educação e

universidades corporativas, para o desenvolvimento de seus profissionais.

Page 29: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

28

3.5 HITÓRICO DO TREINAMENTO

A capacitação profissional sempre foi um problema dentro da gestão empresarial.

Aliás, desde os primórdios, o treinamento já se configurou como uma necessidade dentro do

ambiente da fábrica.

Bergamini (1986) refere-se ao surgimento de laboratórios de treinamento como os

precursores do desenvolvimento organizacional. Ela diz também que essas experiências logo

apresentaram uma grande frustração que consistia na dificuldade de transportar, para a

realidade prática do dia-a-dia de trabalho, aquilo que seus participantes haviam aprendido.

Tais dificuldades foram superadas através de consultores externos, que unidos com o pessoal

interno das empresas, abandonaram velhas formas de trabalhar, as tradicionais, para colaborar

com o novo enfoque que estava se desenvolvendo.

Segundo Boog (1994; p. 17), a falta de habilidade dos trabalhadores para operar nas

estruturas de “sistema de fábrica” começou a ocorrer já no século XVII, como um obstáculo

incontestável à eficácia que revelou que desde o início do trabalho industrial, era importante

que se investisse na capacitação profissional.

A partir de 1930, o treinamento ganhou novo status como atividade administrativa ao

se tornar parte integral da estratégia empresarial deixando de ser uma questão operacional. De

acordo com Boog (1999) tal status requeria informações científicas mais seguras sobre

habitação e aprendizagem profissional, que por sua vez demandavam significativa dedicação

por parte das ciências comportamentais. Por força da competitividade e da rápida evolução

tecnológica, a eficiência dos negócios passou a depender mais da contínua atualização e

aprendizagem do que da autoridade gerencial. Isso fez com que a formação profissional e

capacitação do indivíduo se tornasse mais importante ainda.

Por volta da década de 60 com a adoção do enfoque sistêmico pela administração de

recursos humanos o treinamento passou a envolver todas as atividades voltadas para suprir

carências em indivíduos em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes, visando

desempenhar tarefas necessárias para atingir os objetivos da organização (GIL, 2009).

De maneira mais moderna, o treinamento passa a ser uma forma de proporcionar

desenvolvimento para as pessoas, por meio das competências, para que elas se tornem mais

produtivas, criativas e inovadoras, agregando valor para a organização. Portanto o

treinamento passa a ser sinônimo de lucratividade ao permitir que as pessoas contribuam

efetivamente para os resultados da empresa. Desta forma, Chiavenato (1999) diz que para

Page 30: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

29

atingir estes efeitos, deve ser estruturado de maneira que possa atingir tanto os objetivos

organizacionais, quanto os objetivos pessoais.

Quando se treina uma pessoa, pode-se estimular nela um sentimento de prestígio

perante sua empresa, uma vez que a organização demonstra preocupação em capacitar seus

funcionários, oferecendo-lhes oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

A ação de treinamento pode acarretar vantagens a empresa, como: aumento de

produtividade; redução de custos; melhoria da qualidade; redução na rotatividade de pessoal;

flexibilidade dos empregados; entrosamento; aprimoramento de produtos e serviços; equipe

auto-gerenciada; velocidade no ritmo das tarefas; empresa mais competitiva; busca de

aperfeiçoamento contínuo; descoberta de novas aptidões e habilidades; melhores condições de

adaptação aos progressos da tecnologia; maior economia de custos pela eliminação de erros

na execução do trabalho. Com o treinamento as pessoas podem assimilar informações,

desenvolver habilidade, atitudes e conceitos. (CHIAVENATO, 1999)

O quadro 4 mostra os tipos de mudanças de comportamento por meio do treinamento.

OBJETIVOS RESULTADOS ESPERADOS

Transmissão de informações Aumentar o conhecimento das pessoas sobre a cultura da organização, produtos, serviços, políticas, normas e clientes.

Desenvolvimento de habilidades Habilitar para a execução e operação de tarefas, manejo de equipamentos, máquinas e ferramentas.

Desenvolvimento de atitudes Mudança de atitudes negativas para atitudes favoráveis, de conscientização e sensibilidade com as pessoas, com os clientes internos e externos.

Desenvolvimento de conceitos Desenvolver idéias e conceitos para ajudar as pessoas a pensar em termos globais e amplos.

Quadro 4: Mudanças de comportamento por meio do treinamento

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 1999.

3.6 ETAPAS PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO

O treinamento é uma forma de capacitação e desenvolvimento dos indivíduos nas

organizações, também ferramenta para ajudar os funcionários a ampliarem suas habilidades e

superar suas capacidades. Através de treinamentos todas as informações necessárias para o

desenvolvimento organizacional devem ser passadas facilitando a sua integração na

organização. Nos subitens seguintes serão apresentadas noções de como fazer os diagnósticos

Page 31: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

30

de necessidade de treinamento e desenvolvimento, bem como o planejamento e elaboração

dos mesmos.

3.6.1 Diagnóstico da necessidade de treinamento

É importante explicar que para entender todos os processos de treinamento dentro das

organizações existem muitos passos a serem dados antes da aplicação do treinamento que é

proposto neste estudo. Sendo assim, o primeiro passo a ser dado é o levantamento das reais

necessidades e carências organizacionais para então ser planejado o treinamento.

Para Gil (2001), o diagnóstico de necessidades de treinamento pode ser definido como

um processo de identificação de carência de indivíduos e grupos para a execução de tarefas

necessárias para alcançar os objetivos organizacionais.

De acordo com Chiavenato (2002), o levantamento de necessidades envolve um

diagnóstico de problemas a serem sanados em três níveis: de pessoas, operações e tarefas.

O levantamento de necessidades é então o primeiro passo que deve ser dado para

implantação do programa de integração. Sendo assim, seguem as análises a serem feitas,

podendo demonstrar em quais setores existem maior necessidade de treinamento.

3.6.2 Níveis de levantamento de necessidades

De acordo com Gil (2001), os três níveis de pesquisa para levantamento de

necessidades são: análise organizacional, análise de tarefas e análise de recursos humanos.

Para Carvalho e Nascimento (2002), o levantamento de necessidades não é uma tarefa

fácil e se tratando de treinamento deve-se saber quem deve ser treinado, onde há maior

urgência e qual espécie de treinamento deve ser executado. Explica ainda que a análise

organizacional deve envolver todos os setores da empresa para se entender onde há maior

necessidade de treinamento.

“O levantamento das necessidades envolve o exame das metas nos níveis da

organização, da função/tarefa/CHC (conhecimento, habilidade e capacidade) e do indivíduo.

Esse processo serve para identificar as lacunas que se tornam objetivos instrucionais”.

(MILKOVICH; BOUDREAU, 2008, p.338)

Sendo assim, entende-se que o diagnóstico organizacional permite identificar em quais

setores pode haver treinamento, essa análise amplia os conhecimentos do treinador permitindo

fazer o planejamento focado em setores específicos, com as atividades específicas de cada

setor.

Page 32: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

31

3.6.3 Planejamento e execução

Depois de efetuado o levantamento das necessidades de treinamento, a segunda etapa

do processo é o planejamento das atividades de treinamento.

“O planejamento é um processo desenvolvido com base na realidade fornecida pelo

diagnóstico que visa proporcionar com a máxima eficácia possível o desencadeamento das

ações necessárias para o alcance dos objetivos pretendidos”. (GIL, 2009 P. 129)

Para Chiavenato (2002, p.254) “a programação visa a planejar de acordo com as

necessidades diagnosticadas. Deverão ser atendidas as seguintes questões: O que treinar?

Quem treinar? Quando treinar? Como treinar?”.

Percebe-se que se trata de um processo complexo e que exige muito planejamento. As

diferentes técnicas que podem ser utilizadas nas empresas permitem ao gestor que se possa

escolher a melhor modalidade para cada treinamento. Todo planejamento de treinamento gira

em torno de objetivos a serem seguidos, desta forma a elaboração bem feita destes objetivos

colaboram para o êxito do treinamento.

De acordo com Gil (2001), a elaboração de um plano de treinamento requer a

formulação de objetivos, devem estar classificados em gerais e específicos, o objetivo do

treinamento pode referir-se a conhecimentos, habilidades e atitudes.

Com os objetivos formulados parte-se para a execução do programa de treinamento de

acordo com tudo que foi proposto em seus objetivos específicos e geral. Existem várias

estratégias e recursos que podem ser utilizado para a execução do treinamento.

A execução do treinamento está na relação entre instrutor X treinando, a transmissão

de informações necessárias para o desenvolvimento das habilidades requeridas no programa

de treinamento, o instrutor utiliza-se de várias técnicas e estratégias de ensino. Gil (2001)

acrescenta que as estratégias de ensino podem ser:

• Exposição: transmissão de conhecimentos verbalmente;

• Discussão em grupo: consiste em grupos de verbalização;

• Demonstração: explicação de operações através de demonstração de execução

de tarefas;

• Estudo de caso: pede-se aos treinandos para avaliar e analisar por escrito um

caso-problema;

• Dramatização: representação de casos reais de forma simulada;

• Jogos: atividades espontâneas do grupo de treinandos onde se aprende

brincando e o instrutor analisa o desenvolvimento dos treinando.

Page 33: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

32

• Leituras: transmissão de informações através de textos a serem lidos;

• Workshop: reunião de treinandos para gerarem soluções para

situaçõesproblemas práticos do dia-a-dia.

• Brainstorming: tempestade de idéias onde os treinandos são estimulados para

expressarem o que pensam.

A execução do programa é a terceira etapa do treinamento. Após a execução do

treinamento é preciso avaliar os resultados, pois por meio deles pode-se averiguar se o

conteúdo do programa foi assimilado pelos treinandos. A seguir explica-se as formas de

avaliação do treinamento.

3.6.4 Avaliação de treinamento

A etapa final do treinamento é a avaliação, para verificar se os objetivos do programa

foram alcançados, bem como avaliar o desempenho dos funcionários em relação ao que foi

passado no conteúdo do treinamento.

De acordo com Chiavenato (1999), a avaliação do treinamento consiste em verificar a

eficácia, isto é, ver se o treinamento realmente atendeu as necessidades da organização.

Por meio da avaliação do treinamento pode-se averiguar se tudo o que foi proposto no

treinamento foi aplicado de modo satisfatório pelos treinados, assim respondendo em suas

atividades tudo o que aprenderam, tanto em suas atividades realizadas no trabalho como em

relacionamento interpessoal com os demais integrantes da equipe de trabalho.

Para Gil (2009) a avaliação é um dos aspectos mais críticos do treinamento. Porém,

costuma ser relegada a segundo plano ou totalmente rejeitada, pelo fato de ser uma atividade

delicada e complexa. No entanto, é só a partir da avaliação que se pode saber se o objetivo do

treinamento foi atingido.

“A avaliação envolve o uso de critérios e modelos que vão determinar se o programa

atingiu seus objetivos originais. Os resultados dessa avaliação formam a base para o início de

um novo ciclo, e o processo continua”. (MILKOVICH; BOUDREAU, 2008, p.341)

Sendo assim, pode-se entender que a avaliação de resultados de treinamento é de

grande importância uma vez que por meio dela é possível verificar se o que foi ensinado está

sendo aplicado. Há várias formas de avaliação, como mostra o seguinte autor:

De acordo com Milioni (apud Boog, 2001), as avaliações de resultados de treinamento

correspondem a quatro níveis de aplicação:

• Nível de reação: oferece uma panorâmica da opinião dos treinandos;

Page 34: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

33

• Nível aprendizagem: avaliar se as informações foram compreendidas;

• Nível mudança de comportamento: dados e informações que envolvem outros

profissionais em todo o processo de gestão do treinamento por meio de check-

list que contenham o conteúdo programático e destacar os comportamentos que

esperam dos treinandos após o treinamento.

• Nível de Resultados: nesta fase o treinador, realiza pesquisa junto aos

treinandos e seus superiores, o que aconteceu nas áreas de trabalho em reflexo

ao treinamento.

Desta forma, percebe-se o ciclo de treinamento como forma de capacitação em todos

os seus passos. O treinamento possui um papel fundamental na preparação e atualização do

pessoal quando planejado cuidadosamente.

3.7 PROCESSOS ORGANIZACIONAIS

Para elaboração de uma proposta de programa de treinamento adequada à realidade da

empresa é necessário mapear os processos organizacionais e identificar seus gargalos. Após

levantamento dos pontos críticos é possível verificar a forma mais apropriada de preparar o

treinamento para que os resultados sejam eficazes, eliminando ou diminuindo ao máximo os

problemas do processo produtivo.

A melhoria dos processos está atrelada a dois tipos de ações: descobrir o que precisa

ser feito melhor e descobrir o que não deve ser feito. A melhoria dos processos pode ser feita

pelos próprios funcionários, o que justifica o treinamento técnico e a capacitação para

melhoria dos processos. (STADLER, 2006)

Dessa forma, os processos precisam ser muito bem definidos, tornando-se necessária

sua conceituação. Hammer e Champy (1994, p. 24) definem processo organizacional como

um “conjunto de atividades com uma ou mais espécies de entrada e que cria uma saída de

valor para o cliente”.

Segundo Stadler (2006, p. 94), processo é um “conjunto de atividades

interdependentes, logicamente articuladas, com um objetivo determinado”.

Britto (2011, p.44) define processo como “um conjunto definido de atividades ou

comportamentos, realizado por pessoas ou máquinas para atingir um ou mais objetivos”.

Page 35: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

34

Dentro de cada operação, os mecanismos que transformam inputs em outputs são

chamados processos. Processos referem-se ao arranjo de recursos que produzem alguma

mistura de produtos e serviços. (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p. 13)

Qualquer atividade ou conjunto de atividades, que usa recursos para transformar “insumos” em “produtos ou serviços” pode ser considerada um processo. Para que as organizações funcionem de forma eficaz, elas têm de identificar e gerenciar processos inter-relacionados e interativos. Quase sempre, a saída de um processo se constitui na entrada ao processo seguinte. (SENAC, 2001, p.87)

Sendo assim, entende-se como processo a maneira que as coisas são feitas para se

chegar a um determinado fim na forma de produto ou serviços.

Para Stadler (2006), a melhoria de um processo consiste em maior eficácia e eficiência

a esse caminho formado por atividades e interfaces entre aquele que solicita e aquele que

recebe o serviço. A melhoria do processo é obtida utilizando-se ferramentas específicas e que

fazem parte das técnicas de melhoria de qualidade. A utilização de tais ferramentas facilita

entender o funcionamento do processo; determinar os pontos que merecem análise mais

profunda; definir as prioridades; estabelecer o plano de ação; gerar medidas de avaliação do

processo.

Existem várias técnicas para mapeamento de processos. Porém, todas identificam os

tipos diferentes de atividades que ocorrem durante o processo e mostram o fluxo de materiais,

pessoas ou informações que o percorrem. A figura 4 apresenta os principais símbolos

utilizados no mapeamento dos processos.

Page 36: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

35

Figura 4: Principais símbolos de mapeamento de processos

Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston, 2009.

Dentre as várias ferramentas para melhoria dos processos temos o fluxograma.

Desenhar o fluxograma de um processo constitui o primeiro passo para conhecê-lo, e consiste

em encadear um conjunto de atividades onde cada uma delas agrega valor para o cliente dessa

mesma atividade, de tal forma que se assegure uma agregação de valor positivo para o cliente

final do processo. (STADLER, 2006)

O fluxograma representa o mapeamento de um processo. Para Slack, Chambers e

Johnston (2009, p.101), o “mapeamento de processo envolve simplesmente a descrição de

processos em termos de como as atividades relacionam-se umas com as outras dentro do

processo”.

Assim, para Stadler (2006), o fluxograma possibilita compreender melhor as

necessidades dos clientes, pois promove uma cadeia de relações de causa e efeito que não

Início ou final do processo

Direção do fluxo

Decisão

Atividade

Input ou output de um processo

Page 37: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

36

deixa dúvidas, contribuindo também para destacar condições relacionadas as ocorrências de

falhas e as rotinas para saná-las.

O mapeamento dos processos permite conhecer e desenvolver os caminhos percorridos

no desenvolvimento do trabalho até chegar ao resultado pretendido, otimizando o tempo e

minimizando os gargalos. Pois, muitas vezes as pessoas realizam atividades de uma parte do

processo e não conseguem visualizar o processo como um todo do qual seu trabalho faz parte.

É importante ter a visão a todo para que se alcance o padrão desejado para o trabalho.

Sendo assim, é extremamente importante o gerenciamento dos processos que é uma

ferramenta utilizada para definir, analisar e gerenciar as melhorias dos processos críticos da

empresa, visando melhorar a eficiência e atingir as condições ótimas para o cliente.

Page 38: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

37

4 METODOLOGIA

4.1 DESIGN DA PESQUISA

O método de delineamento adotado nesta pesquisa foi o estudo de caso e a pesquisa

bibliográfica. Para Yin (1994) o estudo de caso é uma das diversas maneiras de fazer pesquisa

em ciências sociais e se caracteriza como uma estratégia de pesquisa que tem como foco um

fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real.

Optou-se pelo método de estudo de caso por este ser caracterizado como um estudo

intensivo, levando em consideração, principalmente, a compreensão como um todo do assunto

investigado. O direcionamento desse método é dado na obtenção de uma descrição e

compreensão completas das relações dos fatores em cada caso (FACHIN, 1993).

Segundo Godoy (1995, p.26), “no estudo de caso, o pesquisador geralmente utiliza

uma variedade de dados coletados em diferentes momentos, por meio de variadas fontes de

informação”. Tem como técnicas fundamentais da pesquisa a observação, a entrevista e

análise de documentos.

GIL (1999) explica que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida por meio de um

material já elaborado, como livros, artigos científicos, dentre outros. Cervo e Bervian (1983)

definem a pesquisa bibliográfica como a que explica um problema a partir de referenciais

teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independente ou como parte de

pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as

contribuições culturais ou cientificas do passado existentes sobre um determinado assunto,

tema ou problema.

Dessa forma, utilizou-se a Michels Logística e Transportes como estudo de caso para

analisar e desenvolver uma proposta de um programa de treinamento para a otimização dos

processos produtivos.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Para a realização do presente trabalho, adotou-se a pesquisa básica e exploratória,

adotando a abordagem qualitativa e quantitativa.

Page 39: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

38

Segundo Silva e Menezes (2001, p. 20) “a pesquisa básica objetiva gerar

conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prévia prevista. Envolve

verdades e interesses universais”. Ou seja, a pesquisa básica visa a adquirir conhecimentos

sobre o assunto abordado. Trata-se de um estudo teórico ou experimental que visa contribuir

de forma original ou incremental para a compreensão sobre os fatos e fenômenos observáveis,

teorias, sem ter em vista uso ou aplicação específica imediata. A pesquisa básica analisa

propriedades, estruturas e conexões com vistas a formular e comprovar hipóteses, teorias, etc.

A pesquisa básica é comumente executada por cientistas que estabelecem suas

próprias metas e, em grande parte, organizam o seu próprio trabalho. Contudo, em alguns

casos, a pesquisa básica pode ser fundamentalmente orientada ou dirigida em função de áreas

mais amplas de interesse geral.

A pesquisa em pauta é do tipo exploratória, pelo fato da mesma familiarizar o

pesquisador com o assunto e com a realidade da organização. De acordo com GIL (1999) a

pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral sobre

determinado assunto.

Para Gil (1999), os estudos que utilizam a abordagem qualitativa podem descrever a

complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender

e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais.

Bogdan e Biklen (1994) e Godoy (1995) caracterizam a pesquisa qualitativa como

fonte direta de dados no ambiente natural, sendo o pesquisador o instrumento principal.

A pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo emprego da quantificação por meio de

técnicas estatísticas (RICHARDSON, 1999).

O caráter quantitativo, para Roesch (1996) tem o propósito de obter informações sobre

determinada população, pois busca medir algo de forma objetiva. O quantitativo é o

observável e o mensurável, ou seja, significa quantificar dados na forma de coleta de

informações.

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população estudada nesta pesquisa pertence a Michels Logística e Transportes que

possui atualmente 121 funcionários.

Page 40: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

39

Como amostra e objeto de estudo, selecionou-se os motoristas e supervisores das

unidades, pois a atividade fim da empresa está relacionada a coleta, recebimento e

armazenagem, distribuição e a devolução de mercadorias.

Sendo assim, utilizou-se a amostra não probabilística, composta por 83 motoristas (23

motoristas rodoviários e 60 motoristas urbanos) e 14 supervisores de unidades, totalizando 97

funcionários.

4.4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

Para a realização da pesquisa, os dados foram coletados por meio de pesquisa

documental, entrevistas e observação.

Na perspectiva de Godoy (1995) e Gil (1999), a pesquisa documental ampara-se no

exame de materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou que podem ser

reexaminados, buscando-se novas e/ou interpretações complementares de acordo com os

objetivos da pesquisa, tais como documentos oficiais, reportagens de jornal, contratos,

relatórios, diários, dentre outros.

A entrevista é uma técnica em que o entrevistador se apresenta ao investigado e lhe

formula perguntas, com o intuito de obtenção dos dados que interessam à investigação (GIL,

1999). Segundo Lakatos e Marconi (1992), a entrevista é uma conversa efetuada face-a-face

que proporciona ao entrevistador a informação necessária. Geralmente a entrevista é

combinada com a observação (GODOY, 1995).

De acordo com Cervo e Bervian (1983, p.27), a observação consiste em “aplicar

atentamente os sentidos físicos a um objeto, para dele adquirir um conhecimento claro e

preciso”. A observação tem um papel fundamental no estudo de caso, pois quando

observamos estamos procurando apreender aparências, eventos, comportamentos (GODOY,

1995).

Sendo assim, a pesquisa documental permitiu a compreensão geral do caso em estudo.

Foram analisados os seguintes documentos: livro de ocorrências da empresa, planilhas de

devolução de mercadorias, relação de funcionários e quantitativo de cargos, dentre outros.

Além disso, foram realizadas entrevistas com o proprietário da empresa, gerente

administrativo e assistente administrativo-financeiro para a obtenção de informações não

documentadas e essenciais à pesquisa.

Page 41: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

40

4.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise dos dados coletados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo de

documentos, entrevistas, e observação. De acordo com Vergara (2005), a análise de conteúdo

é uma técnica empregada para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito

a respeito de determinado assunto e serve também para transcrições de entrevistas,

documentos institucionais, entre outros.

“A análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise das

comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo

das mensagens” (BARDIN, 1995, p.38).

Segundo Godoy (1995), a análise de conteúdo é composta por três fases fundamentais:

pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. A pré-análise consiste na fase

de organização, em que se estabelece um esquema de trabalho. Geralmente envolve um

primeiro contato com os documentos submetidos à análise. Na fase de exploração do material

cabe ao pesquisador ler os documentos selecionados, adotando procedimentos de

categorização. Assim, num movimento contínuo da teoria para os dados e vice-versa, as

categorias tornam-se mais claras e apropriadas aos propósitos do estudo. Na fase de

tratamento dos resultados a interpretação envolve uma visão holística dos fenômenos

analisados, demonstrando que os fatos sociais sempre são complexos, históricos, estruturais e

dinâmicos.

A partir da análise do conteúdo dos documentos, entrevistas e observação foi possível

mapear e descrever os processos produtivos da Michels Logística e Transportes, identificar os

principais problemas e propor um programa de treinamento para otimização dos processos

produtivos.

4.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Uma das limitações da pesquisa consiste no fato de se tratar de um estudo de caso,

pois o que foi detectado neste estudo não poderá ser generalizado para outros casos

semelhantes, uma vez que cada organização é única e possui uma realidade própria.

A visão de mundo do pesquisador também é um fator limitante. Para Berger e

Luckmann (2003) a realidade é socialmente construída e a visão de mundo de uma pessoa

depende de vários fatores tais como: a linguagem e os valores passados pela família, pelos

Page 42: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

41

amigos, pela escola e pelas organizações. Sendo assim, a linguagem é o meio pelo qual as

pessoas se relacionam com seus semelhantes, e por isso é essencial para a compreensão da

realidade da vida cotidiana.

Assim, apesar da suposta neutralidade científica que o pesquisador deve ter, os dados

empíricos podem ter sofrido algumas distorções decorrentes do julgamento de valor do

pesquisador e dos entrevistados que lhes são intrínsecos.

Outra limitação deve-se ao fato de se tratar de uma proposta de um programa de

treinamento, pois como se trata de algo inédito possui algumas restrições que poderão ser

superadas ou complementadas em pesquisas futuras.

A pesquisa limitou-se apenas aos motoristas e supervisores de unidades que

constituem 80,17% do quadro funcional da empresa que estão diretamente envolvidos nos

processos produtivos. Tal limitação pode ser superada em pesquisas futuras, abordando 100%

dos funcionários, por meio do mapeamento dos processos de apoio para elaboração de uma

proposta de treinamento específica para a função.

Além disso, há a limitação de ordem teórica pelo fato da pesquisa não esgotar todas as

variáveis relacionadas ao assunto estudado. Porém, almejou-se compreender e discutir os

elementos mais relevantes do assunto investigado.

Page 43: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

42

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

5.1 DESCRIÇÃO DOS DADOS COLETADOS

Dentre os processos produtivos da Michels Logística e Transporte estão a coleta,

recebimento e armazenagem, distribuição e devolução de mercadorias.

Antes de descrever os processos produtivos, torna-se relevante explicar a diferença

entre motoristas urbanos e motoristas rodoviários. Pois, os motoristas são a peça chave nos

processos produtivos.

Os motoristas rodoviários são responsáveis pela coleta de mercadorias junto às

distribuidoras. Geralmente percorrem grandes distâncias e são o elo de ligação entre a

distribuidora e a transportadora, ou seja, eles retiram as mercadorias na distribuidora e levam

até as unidades de apoio da transportadora Michels.

Os motoristas urbanos são responsáveis pela entrega das mercadorias para os clientes

finais. Percorrem pequenas distâncias, possuem roteiros fixos, geralmente dentro da mesma

cidade, e são o elo de ligação da transportadora com os clientes finais.

5.1.1 Coleta de mercadorias

O processo de coleta de mercadorias inicia-se com a emissão de pedidos por parte da

distribuidora, onde são geradas as notas fiscais e os romaneios (resumo dos pedidos) de carga

transportada.

Diariamente o motorista rodoviário da transportadora Michels vai até a distribuidora

para fazer a coleta de mercadorias. Nesta etapa do processo o motorista rodoviário confere

apenas a quantidade de volumes, pelo fato de se tratar de grandes quantidades de pedidos

emitidos pela distribuidora diariamente. A conferência é feita de acordo com o romaneio de

cargas emitido pela distribuidora, onde consta informações do total de volumes carregados, e

as notas fiscais.

Caso ocorra alguma divergência durante a conferência, tais como: avarias, falta de

volumes, volumes excedentes, dentre outras, é feita uma observação pelo motorista rodoviário

no romaneio de carga, e o supervisor da distribuidora é informado de imediato sobre as

divergências.

Page 44: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

43

Após a ciência do supervisor da distribuidora sobre as divergências é feito o

carregamento do veículo. O motorista rodoviário assina no romaneio a retirada da carga, a

distribuidora fica com uma via do romaneio de carga assinado pelo motorista, e o motorista

leva uma via junto com a carga.

Em seguida o motorista rodoviário leva a carga até os pontos de apoio, juntamente

com as notas fiscais e uma via do romaneio de carga. Entrega todos os documentos e a carga

para o supervisor responsável pela unidade e encerra o processo de coleta.

Para uma melhor compreensão, o fluxo de trabalho do processo de coleta de

mercadorias pode ser visualizado na figura 5.

Page 45: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

Figura 5: Fluxograma do processo de coleta de mercadorias

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Page 46: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

45

5.1.2 Recebimento e armazenagem de mercadorias

O processo de recebimento e armazenagem de mercadorias tem início com a chegada

da carga nas unidades de apoio. Inicialmente é feito uma conferência de acordo com o

romaneio de carga emitido pela distribuidora, onde consta informações do total de volumes

carregados e as notas fiscais.

Caso ocorra alguma divergência durante a conferência, tais como: avarias, falta de

volumes, volumes excedentes, dentre outras, o supervisor responsável pela unidade faz uma

observação no romaneio de carga e informa ao escritório central da transportadora Michels.

Imediatamente é gerado uma ocorrência detalhando o fato sucedido, e logo em seguida a

transportadora Michels informa a distribuidora sobre tais divergências.

Após a conferência, se estiver tudo de acordo com os documentos, o supervisor

responsável pela unidade e sua equipe separam toda a carga por cidades e rotas. Esta

separação é feita em palets separados para cada cidade diferente.

Separadas as mercadorias é feita uma separação das notas fiscais também por cidades

e rotas. A carga fica no depósito aguardando o carregamento para a entrega, ou a retirada por

parte de terceiros e chega ao fim o processo de armazenagem.

O processo de recebimento e armazenagem de mercadorias pode ser visualizado na

figura 6.

Page 47: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

Figura 6: Fluxograma do processo de recebimento e armazenagem de mercadorias

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Page 48: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

47

5.1.3 Distribuição e entrega de mercadorias

Este processo inicia-se com a separação das notas fiscais por roteiros, e em seguida o

supervisor da unidade passa para o motorista urbano as notas fiscais. O motorista urbano

prepara o seu roteiro colocando as notas fiscais por ordem de entrega.

É realizada uma conferência nota por nota, caso aconteça alguma divergência é

informado imediatamente para o supervisor responsável pela unidade, onde é passado a nota

fiscal e o problema ocorrido.

O supervisor responsável pela unidade avisa ao escritório central da transportadora

Michlels onde é gerado uma ocorrência detalhando o fato sucedido. Em seguida, o escritório

da transportadora informa a distribuidora sobre a ocorrência.

Se durante a conferência não ocorrer nenhuma divergência, o motorista urbano carrega

o seu veículo, utilizando o Método UEPS, onde a última mercadoria que entra é a primeira

que sai. Após o carregamento de todas as mercadorias de acordo com as notas fiscais o

motorista urbano sai para as entregas.

Durante a entrega é feito novamente uma outra conferência e se for constatada alguma

divergência o motorista urbano informa ao supervisor responsável pela unidade, caso não

apresente divergência a mercadoria é entregue para o cliente.

O cliente assina o recebimento da mercadoria no comprovante de entrega (canhoto da

nota fiscal, declaração, comprovantes, dentre outros), carimba e coloca a data e o horário da

entrega.

O motorista urbano retorna para a transportadora com os comprovantes devidamente

assinados, carimbados e datados com os respectivos horários. Entrega para o supervisor

responsável pela unidade comprovando as entregas feitas no decorrer do dia. E para finalizar

o supervisor responsável pela unidade arquiva estes comprovantes e encerra o processo.

Para uma melhor compreensão, o fluxo de trabalho do processo distribuição e entrega

de mercadorias pode ser visualizado na figura 7.

Page 49: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

Figura 7: Fluxograma do processo de distribuição de mercadorias

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Page 50: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

49

5.1.4 Devolução de mercadorias

O processo de devolução de mercadorias tem início com um comunicado (e-mail da

distribuidora) autorizando a transportadora Michels a fazer a coleta. Com isso é impresso um

documento (guia de coleta) para que no dia seguinte o motorista urbano possa fazer a coleta.

É de responsabilidade do motorista urbano fazer a conferência do material/produto na

hora da coleta, assim como ver se todos os documentos estão de acordo com o guia e a

mercadoria a ser devolvida.

Estando em conformidade com o guia de coleta o motorista urbano envia para a matriz

da transportadora os produtos devidamente embalados e conferidos para verificação do

mesmo e para dar entrada no sistema.

São relacionados todos os documentos (notas fiscais, notas fiscais de devoluções e

protocolos) em uma planilha que serve como comprovante de recebimento na distribuidora.

Após relacionar todos os documentos em planilhas e conferir as mercadorias é feito o

despacho para devolução nas distribuidoras.

Na hora que o motorista rodoviário entrega a mercadoria na distribuidora é cobrado

assinatura, carimbo e data na planilha que segue anexa com todas as notas fiscais. Esta

planilha volta para a transportadora Michels onde é arquivada, para eventuais consultas, e

finaliza-se o processo.

O fluxo de trabalho do processo de devolução de mercadorias por ser visualizado na

figura 8.

Page 51: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

Figura 8: Fluxograma do processo de devolução de mercadorias

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Page 52: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

51

5.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Após o mapeamento e a elaboração dos fluxogramas dos principais processos

produtivos da Michels Logística e Transportes, foi realizado o levantamento das ocorrências

no período de 01/06/2010 a 31/12/2010 para identificar os pontos críticos.

De acordo com a tabela 1, dos 312.664 serviços prestados no período analisado pela

empresa Michels Logística e Transportes foi diagnosticado um total de 2.465 ocorrências.

É importante ressaltar que as devoluções independem das ocorrências, ou seja, a

devolução normalmente é solicitada pela distribuidora devido a desacordos comerciais, erros

de pedidos, produtos com vencimento próximo, defeito de fabricação, dentre outros.

As ocorrências significam falhas no processo que geram atraso e retrabalho. Com isso,

perde a empresa na eficiência de seus serviços, perde os colaboradores pelo retrabalho, perde

o cliente final com o atraso de seus pedidos e a distribuidora com a insatisfação de seus

clientes.

Tabela 1: Serviços e ocorrências no período de 01/06/2010 a 31/12/2010

Quantidade % Total de Serviços Prestados 312.664 100% Total de Entregas 303.553 97,09 % Total de Devoluções 9.111 2,91 % Total de Ocorrências 2.465 0,79 %

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011

Do total de 2.465 ocorrências levantadas no período de 01/06/2010 a 31/12/2010,

verifica-se na tabela 2 que 88,48% estão relacionadas à falha humana (falta de volume

54,56%, falta de nota fiscal 25,72% e sobra de volume 8,20%) pelo não cumprimento da

sequência dos processos de maneira correta, ou seja, as conferências muitas vezes não são

realizadas pelos funcionários em algumas etapas previstas no processo.

Como exemplo, pode-se citar o processo de armazenagem onde a conferência muitas

vezes não é realizada, pois o funcionário entende que uma vez conferida na distribuidora não

há necessidade de realizar nova conferência. Esse entendimento errado por parte do

funcionário reflete em gargalos e transtornos em todo o processo produtivo.

Page 53: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

52

Tabela 2: Levantamento de ocorrências no período de 01/06/2010 a 31/12/2010

Ocorrências Quantidade % % Acumulado Falta de volume 1345 54,56 % 54,56 % Falta de nota fiscal 634 25,72 % 80,28 % Sobra de volume 202 8,20 % 88,48 % Avaria 126 5,11 % 93,59 % Outros 158 6,41 % 100 % Total de Ocorrências 2465 100 %

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011

Analisando as ocorrências no período de 01/06/2010 a 31/12/2010, verifica-se que, de

acordo com os fluxogramas apresentados, a maioria das falhas ocorrem na etapa de

conferência em todos os processos produtivos (coleta, recebimento e armazenagem,

distribuição e devolução de mercadorias). Pois, conforme gráfico 1, observa-se nitidamente

que 54,56% das ocorrências estão relacionadas à falta de volume.

54,56%25,72%

5,11% 6,41%

8,20% Falta de volume

Falta de nota fiscal

Sobra de volume

Avaria

Outros

Gráfico 1: Levantamento de ocorrências no período de 01/06/2010 a 31/12/2010

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Esses erros ocorrem principalmente porque os funcionários não têm a visão de todo o

processo, pois os mesmos não estão claramente definidos. Com o mapeamento dos processos

representado nos fluxogramas dos processos produtivos da empresa Michels Logística e

Transportes é possível demonstrar e explicar aos funcionários a importância de cumprir todas

as etapas com atenção e as conseqüências do não cumprimento.

Page 54: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

53

No período de 01/06/2010 a 31/12/2010 temos um total de 184 dias úteis e 2.465

ocorrências, o que representa em média 13,39 ocorrências por dia de trabalho, conforme

quadro 5.

Dias úteis Ocorrências Média de ocorrências por dia

184 2.465 13,39

Quadro 5: Média de ocorrências por dia de trabalho

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011

Além disso, observa-se na tabela 3 que o total de supervisores de unidades e

motoristas representa 80,17 % do total de funcionários da empresa Michels Logística e

Transportes, tornando-se assim um público extremamente relevante para ser treinado. Pois,

eles são o elo de ligação entre a distribuidora, a Michels e os clientes finais. Além disso,

verificou-se que a atividade crítica dos processos produtivos referem-se a problemas na

conferência que é realizada justamente pelos motoristas e supervisores de unidades.

Tabela 3: Percentual de motoristas e supervisores de unidades

Cargos Quantidade % % Acumulado

Supervisores de unidades 14 11,58% 11,58%

Motoristas 83 68,59% 80,17%

Demais funcionários 24 19,83% 100%

Total 121 100%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011

Sendo assim, o treinamento torna-se essencial para a otimização de todos os processos

produtivos da Michels Logística e Transportes. Para minimizar o retrabalho, os atrasos na

entrega, a insatisfação dos clientes e o número de ocorrências.

Page 55: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

54

6 PROPOSTA DE PROGRAMA DE TREINAMENTO E AVALIAÇÃO

6.1 PROPOSTA DE PROGRAMA DE TREINAMENTO

Como proposta de treinamento foi elaborado um quadro com a programação em

relação a conteúdos, instrutor e técnicas de aprendizagem para cada processo produtivo

(coleta, recebimento e armazenagem, distribuição e devolução de mercadorias).

O quadro 6 apresenta a proposta de treinamento do processo de coleta de mercadorias.

Modelo de programa de treinamento

PROCESSO DE COLETA

OBJETIVOS:

Melhorar o desempenho do funcionário no momento da conferência da carga.

CONTEÚDO:

Apresentação do fluxograma do processo de coleta;

Identificação dos pontos críticos;

Importância da realização adequada de todas as etapas do processo;

Problemas gerados pelo não cumprimento dos procedimentos;

Exemplos práticos de ocorrências.

PÚBLICO-ALVO:

Motoristas rodoviários

CARGA HORÁRIA:

4 horas-aula.

METODOLOGIA:

Exposição dialogada com o auxílio de data show para visualização do fluxograma do

processo de coleta;

Participação dos motoristas para sugerir melhorias no processo.

PERFIL DO INSTRUTOR:

Formação preferencial na área de administração com sólidos conhecimentos na área de

logística e processos produtivos.

Quadro 6: Modelo de programa de treinamento do processo de coleta

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2001.

Page 56: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

55

O quadro 7 apresenta o modelo de programa de treinamento do processo de

recebimento e armazenagem de mercadorias.

Modelo de programa de treinamento

PROCESSO DE RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM

OBJETIVOS:

Diminuir erros e trocas de mercadorias no depósito (faltas e sobras).

CONTEÚDO:

Apresentação do fluxograma do processo de armazenagem;

Identificação dos pontos críticos;

Importância da realização adequada de todas as etapas do processo;

Problemas gerados pelo não cumprimento dos procedimentos;

Exemplos práticos de ocorrências.

PÚBLICO-ALVO:

Supervisores de unidades

CARGA HORÁRIA:

4 horas-aula.

METODOLOGIA:

Exposição dialogada com o auxílio de data show para visualização do fluxograma do

processo de coleta;

Participação dos supervisores para sugerir melhorias no processo

PERFIL DO INSTRUTOR:

Formação preferencial na área de administração com sólidos conhecimentos na área de

logística e processos produtivos.

Quadro 7: Modelo de programa de treinamento do processo de recebimento e armazenagem

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2001.

Page 57: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

56

O quadro 8 apresenta o modelo de programa de treinamento do processo de

distribuição de mercadorias.

Modelo de programa de treinamento

PROCESSO DE DISTRIBUIÇÃO

OBJETIVOS:

Otimizar o processo de distribuição para os clientes.

CONTEÚDO:

Apresentação do fluxograma do processo de distribuição;

Identificação dos pontos críticos;

Importância da realização adequada de todas as etapas do processo;

Problemas gerados pelo não cumprimento dos procedimentos;

Exemplos práticos de ocorrências..

PÚBLICO-ALVO:

Motoristas urbanos

CARGA HORÁRIA:

4 horas-aula.

METODOLOGIA:

Exposição dialogada com o auxílio de data show para visualização do fluxograma do

processo de coleta;

Participação dos motoristas para sugerir melhorias no processo

PERFIL DO INSTRUTOR:

Formação preferencial na área de administração com sólidos conhecimentos na área de

logística e processos produtivos.

Quadro 8: Modelo de programa de treinamento do processo de distribuição

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2001.

Page 58: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

57

O quadro 9 apresenta o modelo de programa de treinamento do processo de devolução

de mercadorias.

Modelo de programa de treinamento

PROCESSO DE DEVOLUÇÃO

OBJETIVOS:

Melhorar o processo de devolução e agilizar os pedidos solicitados pela distribuidora.

CONTEÚDO:

Apresentação do fluxograma do processo de devolução;

Identificação dos pontos críticos;

Importância da realização adequada de todas as etapas do processo;

Problemas gerados pelo não cumprimento dos procedimentos;

Exemplos práticos de ocorrências.

PÚBLICO-ALVO:

Motoristas rodoviários, motoristas urbanos e supervisores de unidades.

CARGA HORÁRIA:

4 horas-aula

METODOLOGIA:

Exposição dialogada com o auxílio de data show para visualização do fluxograma do

processo de coleta;

Participação dos motoristas e supervisores para sugerir melhorias no processo

PERFIL DO INSTRUTOR:

Formação preferencial na área de administração com sólidos conhecimentos na área de

logística e processos produtivos.

Quadro 9: Modelo de programa de treinamento do processo de devolução

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2001.

De acordo com a necessidade de treinamento levantada pelos pontos críticos no

mapeamento dos processos foram propostos os modelos de treinamento para cada processo

produtivo da empresa Michels Logística e Transportes.

Para operacionalizar os programas de treinamentos propostos, sugere-se que o

treinamento seja realizado na segunda-feira. Pois, os motoristas da empresa não possuem

Page 59: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

58

rotina de trabalho neste dia. A segunda-feira é utilizada para reuniões, manutenções de

veículos e folgas.

A idéia é realizar os treinamentos em quatro semanas, ou seja, na primeira semana

aplicar o treinamento do processo de coleta, na segunda semana o treinamento de recebimento

e armazenagem, na terceira semana o treinamento de distribuição e na quarta semana o

treinamento de devolução de mercadorias.

Sendo assim, após a realização do treinamento de todos os processos produtivos da

Michels Logística e Transporte será possível verificar a mudança de comportamento dos

funcionários e o impacto nos resultados do trabalho.

Os resultados do treinamento serão constatados com as avaliações realizadas e

principalmente com a medição do número de ocorrências causadas principalmente por falhas

humanas durante a etapa de conferência de mercadorias em todos os processos produtivos.

6.2 MÉTODO DE AVALIAÇÃO

Após a realização do treinamento é necessário avaliar para verificar se os objetivos do

programa foram alcançados, bem como avaliar o desempenho dos funcionários em relação ao

que foi passado no conteúdo do treinamento.

O feedback da avaliação permite corrigir e aprimorar o programa de treinamento para

aplicações futuras.

O método de avaliação do treinamento pode ser realizado em três momentos. O

primeiro deverá ser realizado durante o treinamento do funcionário, visando acompanhar suas

reações e a execução do programa de treinamento, conforme quadro 10.

Page 60: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

59

Avaliação do treinamento:

Funcionário:

Setor:

Entrevistador:

Data:

Avaliação de Reações

1. Qual é a sua opinião sobre o treinamento até o momento?

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Indiferente ( ) Ruim ( ) Péssimo

2. O programa está sendo desenvolvido como previsto?

( ) Sim ( ) Não

3. Como é a interação do instrutor com o grupo?

( ) Ótima ( ) Boa ( ) Indiferente ( ) Ruim ( ) Péssima

4. O que você pensa a respeito da abordagem do conteúdo que sendo ministrado?

( ) Ótima ( ) Boa ( ) Indiferente ( ) Ruim ( ) Péssima

5. O que você pensa a respeito da aplicabilidade desse treinamento em seu trabalho?

( ) Ótima ( ) Boa ( ) Indiferente ( ) Ruim ( ) Péssima

6. Você está entusiasmado para realizar mudanças em seu trabalho a partir desse

treinamento?

( ) Sim ( ) Não

7. Observações / Sugestões:

Quadro 10: Método de avaliação 1

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2001.

A segunda avaliação deverá ser realizada com o superior imediato do funcionário que

está sendo treinado. O objetivo é verificar a mudança de comportamento do funcionário nas

suas atividades, após 15 dias do término do treinamento.

O quadro 11 apresenta o método de avaliação que deverá ser realizado com o superior

imediato do funcionário após a conclusão do treinamento, de preferência 15 dias do término

do curso.

Page 61: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

60

Avaliação do treinamento:

Funcionário:

Setor:

Entrevistador:

Data:

Avaliação da Mudança de Comportamento no Cargo

1. Como está o comportamento do funcionário após o treinamento?

2. O que você tem feito para encorajar o funcionário e apoiá-lo neste período pós-

treinamento?

3. Você teve ou não condições de avaliar os novos conhecimentos adquiridos pelo

funcionário?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo o que constatou?

4. Quais as mudanças observadas em seu desempenho?

5. Ele apresentou sugestões para melhorias no trabalho?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, como você avalia essas sugestões?

6. As melhorias aplicadas tiveram efeitos sobre os resultados da equipe?

( ) Sim ( ) Não

Quais foram?

7. Como você avalia esse treinamento?

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Indiferente ( ) Ruim ( ) Péssimo

8. Você indicaria esse treinamento para outro funcionário com o mesmo problema/na mesma

situação?

( ) Sim ( ) Não

9. Observações / Sugestões:

Quadro 11: Método de avaliação 2

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2001.

Page 62: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

61

Na terceira avaliação, o questionário é aplicado ao funcionário 30 dias após o término

do treinamento, a fim de avaliar sua percepção e os conhecimentos adquiridos com o

treinamento realizado, conforme roteiro apresentado no quadro 12.

Avaliação do treinamento:

Funcionário:

Setor:

Entrevistador:

Data:

Mudança de Comportamento

1. Como está a execução das atividades após o treinamento?

( ) Com mais facilidade

( ) Mais rápido

( ) Mais seguro

( ) Menos erros

( ) Menos desperdícios

2. Existem condições – materiais, equipamentos – para a melhorar a execução das tarefas?

( ) Sim ( ) Não

3. Foram apresentadas sugestões relacionadas ao treinamento?

( ) Sim ( ) Não

4. Qual tem sido a reação do gestor com as mudanças?

5. Como está o nível de satisfação com o trabalho?

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Indiferente ( ) Ruim ( ) Péssimo

6. Quais as sugestões para melhoria?

Quadro 12: Método de avaliação 3

Fonte: Adaptado de Carvalho, 2001.

A partir dos três métodos de avaliação, o administrador poderá avaliar a validade do

treinamento executado e as experiências adquiridas pelo colaborador, que deverá ter sempre o

Page 63: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

62

objetivo de suprir as deficiências que o funcionário tenha no desempenho de suas atividades

diárias no ambiente de trabalho.

Dessa forma, ao minimizar as deficiências dos funcionários a empresa otimizará seus

processos produtivos, diminuirá o retrabalho e conseguirá cumprir os prazos de entrega aos

clientes.

6.3 ETAPAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA DE TREINAMENTO

Tomando-se por base o encadeamento lógico mencionado nas etapas anteriores,

elaborou-se uma representação gráfica para a implementação da proposta do processo de

treinamento, conforme figura 9.

Page 64: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

63

Figura 9: Etapas para implementação da proposta de treinamento.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011

Page 65: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

64

A proposta de treinamento aqui apresentada foi desenvolvida com a finalidade de

otimizar os processos produtivos da empresa Michels Logística e Transportes.

Assim, a proposta divide-se em sete etapas. Na primeira etapa propõe-se o treinamento

1 (coleta de mercadorias) e a aplicação da avaliação 1. Na segunda etapa propõe-se o

treinamento 2 (armazenagem e recebimento de mercadorias), juntamente com a avaliação 1.

Na terceira etapa propõe-se o treinamento 3 (distribuição e entrega de mercadorias) e a

avaliação 1. Na quarta etapa propõe-se o treinamento 4 (devolução de mercadorias) e a

aplicação da avaliação 1. Durante estas 4 etapas iniciais os métodos de avaliação têm por

objetivo acompanhar as reações e a execução do programa de acordo com o público alvo.

A quinta etapa da proposta de treinamento consiste na aplicação da avaliação 2 ao

superior imediato do funcionário, devendo ser realizada 15 dias após o término do

treinamento. O objetivo é verificar a mudança de comportamento do funcionário nas suas

atividades.

A sexta etapa ocorre com a avaliação 3, onde é aplicado um questionário ao

funcionário 30 dias após o término do treinamento, a fim de avaliar sua percepção e os

conhecimentos adquiridos após o treinamento realizado.

E por fim, na sétima etapa ocorre o processamento e a análise dos dados, com o intuito

de verificar os resultados obtidos com o treinamento realizado, constatando se os objetivos

iniciais foram ou não alcançados. Caso os objetivos não tenham sido atingidos, propõe-se

uma análise mais detalhada para identificar e corrigir o problema de acordo com a

necessidade. A partir dessa análise será possível identificar se é necessário alterar o

treinamento, a metodologia de pesquisa ou os processos produtivos.

Dessa forma, almeja-se que a proposta de treinamento para os motoristas e

supervisores de unidades da empresa Michels Logística e Transportes estimule a discussão

sobre o tema em estudo.

Page 66: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

65

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo serão apresentadas as considerações finais deste Trabalho de Conclusão

de Curso, assim como as recomendações de pesquisas futuras com o objetivo de estimular

outros pesquisadores a concentrarem esforços para o avanço da ciência e estreitar os laços

existentes entre a academia e a realidade das empresas.

O objetivo principal deste trabalho, que foi a elaboração de uma proposta de um

programa de treinamento para os motoristas e supervisores de unidades da empresa Michels

Logística e Transportes para a otimização dos processos produtivos, foi realizado no capítulo

6. Porém, para alcançar este objetivo foi preciso antes concluir cada um dos objetivos

específicos em uma sequência lógica, como também, a identificação e o mapeamento dos

processos produtivos que representam a atividade fim (negócio) da empresa.

A análise da bibliografia referente ao tema em estudo permitiu que o pesquisador

concluísse o primeiro objetivo específico. A partir da caracterização da empresa foi possível

concluir o segundo e o terceiro objetivo específico. Pois, apresentou-se a empresa e elaborou-

se o fluxograma dos processos produtivos.

O quarto e o quinto objetivo específico foram concluídos por meio de análise

documental, entrevistas e observação. Assim, foi possível extrair dados de eventos passados

para identificar os pontos críticos dos processos produtivos que necessitam de treinamento.

Além disso, verifica-se que a conferência é a atividade crítica em todos os processos

produtivos da empresa Michels Logística e Transportes. Na prática há muitas barreiras a

serem superadas, porém a proposta de um programa de treinamento apresentada visa

minimizar os problemas dessa atividade.

Com isso, ganha a empresa na eficiência de seus serviços, ganha os colaboradores por

não terem que realizar retrabalho, ganha o cliente final com a pontualidade de seus pedidos e

a distribuidora com a satisfação de seus clientes.

Ressalta-se que o treinamento é um processo de curto prazo e deve ser aplicado num

primeiro momento para melhorar as atividades da empresa. Porém, num segundo momento

deve-se pensar no desenvolvimento, que é um processo muito mais amplo e de longo prazo,

para aperfeiçoar as capacidades dos funcionários e torná-los membros valiosos da

organização.

Page 67: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

66

Recomenda-se a realização de pesquisas futuras para verificar e avaliar a qualidade de

vida dos funcionários da empresa. Sugere-se a realização de exames periódicos de saúde,

dentre eles pode-se citar o exame oftalmológico, que visa verificar se o funcionário está apto a

desempenhar a tarefa de conferência de mercadorias e notas fiscais. Pois, 88,48% das

ocorrências estão relacionadas à falha humana que pode ser decorrente de algum problema de

visão.

Aconselha-se que a Michels Logística e Transportes invista em programas que visem

melhorar a qualidade de vida e a motivação dos funcionários. Pois, atualmente para alcançar

os resultados desejados e manter-se no mercado que está cada vez mais competitivo, a

empresa deve valorizar e motivar a mão-de-obra humana para conquistar melhores

desempenhos.

Como exemplo desses programas, cita-se convênios e parcerias com instituições de

ensino relacionadas as atividades da empresa visando a elaboração de pesquisas e projetos que

possam contribuir para o desenvolvimento organizacional.

Recomenda-se o investimento em tecnologias e ferramentas operacionais das quais

podemos citar os sistemas informatizados ERP (Enterprise Resource Planning), com o

objetivo de integrar todos os departamentos e funções em um único sistema de informações

que possa atender a todas as necessidades da empresa. Com isso a empresa pode

descentralizar sua estrutura administrativa que atualmente está toda concentrada na unidade

de Barreiros em São José/SC, minimizando o acúmulo de funções e o excesso de carga de

trabalho dos funcionários desta unidade. Pois, atualmente todas as unidades enviam

documentos (canhotos, comprovantes de entregas, romaneio de cargas, dentre outros) para a

central e somente a partir do recebimento é feita a inserção dos dados no sistema.

Sendo assim, com a adoção de uma administração descentralizada e um sistema ERP,

todas as unidades passariam a ter maiores responsabilidades e participação nas atividades da

empresa, passando a inserir dados no sistema e gerando informações atualizadas para as

demais unidades da organização, disponibilizando de maneira mais ágil as informações aos

clientes.

Fica como sugestão, também, a elaboração de um planejamento estratégico para

definir os objetivos e as diretrizes da empresa, focando no alcance de metas e objetivos a

longo prazo com uma política de gestão participativa fazendo com que os funcionários se

sintam como parte da empresa, concentrando esforços e comprometendo-se com os

resultados.

Page 68: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

67

Finalmente, fica a certeza de que o aprendizado obtido nesta pesquisa é algo muito

superior ao demonstrado neste trabalho. Os registros aqui apresentados retratam apenas uma

parte do estudo realizado e da experiência adquirida pelo pesquisador.

Page 69: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

68

REFERÊNCIAS

ALPERSTEDT, Graziela Dias; EVANGELISTA, Solange Maria da Silva. História do

pensamento administrativo: livro didático. 5. ed. Palhoça: Unisul Vitual, 2007.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1995. BARRETO, Yara. Como treinar sua equipe. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995. BERGAMINI, Cecília W. Desenvolvimento de recursos humanos. São Paulo: Editora

Atlas,Paulo, 1986.

BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de

sociologia do conhecimento. 23 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sári. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à

teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.

BOOG, Gustavo G. Manual de treinamento e desenvolvimento. 2. ed. São Paulo: Editora

Makron Books, 1994.

BOOG, Gustavo Gruneberg. Manual de treinamento e desenvolvimento: do taylorismo ao

comportamentalismo: 90 anos de desenvolvimento de recursos humanos. 3. ed. São Paulo:

Makron Books, 1999.

BOOG, Gustavo G. (coordenador) Manual de treinamento e desenvolvimento. São Paulo:

Editora Atlas, 2001.

BRITTO, Gart Capote. Guia para formação de analista de processos: Business process management. Rio de Janeiro, 2011.

Page 70: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

69

CARVALHO, Antônio Vieira de. Treinamento: princípios métodos e técnicas. São Paulo:

Pioneira, 2001.

CARVALHO, Antônio Vieira de; NASCIMENTO, Luiz Paulo do. Administração de

recursos humanos. São Paulo: Pioneira, 2002.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia cientifica: para uso dos

estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

CHIAVENATTO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas

organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. Ed. Compacta, 7 ed. São Paulo:Atlas, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto. Treinamento e desenvolvimento de recursos humanos. 5. ed.

São Paulo: Atlas, 2003.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. EL-KOUBA, Amir et al. Programas de desenvolvimento comportamental: influências sobre

os objetivos estratégicos. Revista de Administração de Empresas. São Paulo: v. 49, n. 3, p.

295-308, Jul/Set. 2009.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Atlas, 1993. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GIL, Antônio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo:

Editora Atlas, 2001.

Page 71: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

70

GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas,

2007.

GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas,

2009.

GIRARDI, Dante; BENETTI, Kelly Cristina; OLIVEIRA, Déris Caitano. Gestão de recursos

humanos: teoria e casos práticos. Florianópolis: Pandion, 2008.

GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de

Administração de Empresas, v.35, n.3, p. 20-29, Mai/Jun. 1995.

HAMMER, Michel; CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa em

função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência. Rio de Janeiro:

Campos, 1994.

KWASNICKA, Eunice L. Introdução à administração. 3. ed. São Paulo: Altas, 1987. KWASNICKA, Eunice L. Teoria geral da administração: uma síntese. 3. ed. São Paulo:

Atlas, 2006.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho

científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e

trabalhos científicos. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 1992.

LOBOS, Júlio A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 1979.

MAXIMIANO, A.C.A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2004. MILKOVICH, John; BOUDREAU, John W (tradução Reynaldo C. Marcondes).

Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2008.

Page 72: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

71

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e métodos: uma

abordagem gerencial. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas,

1999.

ROESCH, Sylvia M. A. Projetos de estágio do curso de administração: guia para

pesquisas, projetos, estágios e trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: Atlas, 1996.

SENAC. DN. Qualidade em prestação de serviços. 2. Ed. / Lourdes Hargreaves; Rose

Zuanetti; Renato Lee ET AL. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2001.

SILVA, Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de

dissertação. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC,

2001.

SLACK, Niegel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da produção.

3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

STADLER, Humberto. Estratégias para a qualidade: o momento humano e o momento

tecnológico. Curitiba: Juruá, 2006.

STONER, James A. F.; FREEMAN, R. Edward. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC,

1999.

VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,

2005.

YIN, Robert K. Case study research. 2nd ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 1994.

Page 73: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

72

APÊNDICE

Page 74: PREFEITURA MUNICIAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE ......SUPERVISORES DE UNIDADES DA EMPRESA MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES PARA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA

AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

São José, 20 de junho de 2011.

A empresa MICHELS LOGÍSTICA E TRANSPORTES, pelo presente instrumento autoriza o

Centro Universitário Municipal de São José, a publicar, em sua Biblioteca o Trabalho de

Conclusão de Curso executado durante o período das disciplinas TCC I e TCC II, pelo

acadêmico MÁRIO MEDEIROS JÚNIOR.

_________________________________

Sérgio Michels