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Temáticas transdisciplinares Sessões especiais de orientação acadêmica ENERGIA Este texto de trabalho foi elaborado pelo Grupo SOA com vistas exclusivamente ao debate no âmbito do Pré-Vestibular Social Foto: Zsuzsanna Kilian. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/980459 Pré-Vestibular Social Grupo SOA • Suporte à Orientação Acadêmica

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Temáticas transdisciplinaresSessões especiais de orientação acadêmica

ENERGIA

Este texto de trabalho foi elaborado pelo Grupo SOA com vistas exclusivamente ao debate no âmbito do Pré-Vestibular Social

Foto: Zsuzsanna Kilian. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/980459

Pré-Vestibular SocialGrupo SOA • Suporte à Orientação Acadêmica

◄ 3 ►

Prólogo

Dentre as temáticas transdisciplinares escolhidas para serem discutidas com vistas à pre-paração para o Enem e demais provas de acesso às universidades, a Energia apresenta grande abrangência e complexidade.

Frequentemente nos noticiários de televisão, manchetes de jornais e capas de revistas encontram-se matérias sobre o tema. Países debatem a respeito, empresas discutem qual a melhor forma de produção de energia, quais as consequências, com quais delas viabiliza-se da melhor maneira o desenvolvimento econômico, dentre outras questões. Mas afinal, o que é energia? Para que a utilizamos? Qual a melhor forma de aproveitarmos os recursos ener-géticos de cada país? Como se enquadra o Brasil nessa perspectiva?

Ao falarmos sobre o Enem e os vestibulares, é fundamental considerarmos uma notável tendência das bancas em averiguar não somente se o candidato tem conhecimentos técnicos, mas também seu posicionamento crítico e político diante de questões sociais. Uma vez que as questões relativas à Energia vêm sendo amplamente discutidas no mundo contemporâneo, devemos valorizar a reflexão acerca do assunto, viabilizando uma compreensão mais abran-gente dos processos políticos, históricos, econômicos e ambientais que o permeiam. Nesse sentido, queremos sinalizar o fato de que não basta acumular definições ou informações sobre o tema: é fundamental que o candidato exercite seu senso crítico, partindo de um dos princípios mais citados nos editais, seja de forma explícita ou implícita: a cidadania.

Foto: ilker. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/1034094

◄ 4 ►

1 A luta do homem pela apropriação da energia

A energia exerce um papel fundamental na formação, existência e transformação das coisas ou da matéria. Ela está presente, entre outros fenômenos, no equilíbrio/desequilíbrio dos átomos, nas trocas celulares, no metabolismo dos seres vivos, no funcionamento de um carro, na explosão de uma bomba atômica, no equilíbrio do sistema solar, no deslocamento dos astros e na expansão acelerada do universo.

O Sol, uma gigantesca usina nuclear natural a cerca de 150 milhões de quilômetros, é a principal fonte de energia do planeta Terra. É ele que vaporiza toneladas de água, permitindo que vençam a força da gravidade e se elevem por quilômetros atmosfera acima para depois caírem como chuva, abastecendo rios e represas. Ou que provoca os ventos pelo aquecimento desigual da superfície terrestre e dos mares, criando zonas de baixa pressão e o consequente deslocamento de camadas da atmosfera. É, ainda, a luz solar o combustível essencial à fotos-síntese das plantas verdes. Ao crescerem fixando o dióxido de carbono da atmosfera, esses vegetais se tornaram a base de toda cadeia alimentar da Terra e contribuíram, há milhões de anos, para a formação de nossas reservas de carvão, petróleo e gás. O Sol fornece, portanto, luz (energia luminosa) e calor (energia térmica) para o planeta Terra e estes são transformados em diversas outras formas de energia: elétrica, metabólica, nuclear, eólica, sonora etc.

O termo energia pode também ser relacionado ao campo do misticismo, denominan-do-se Energia Vital ou Fluido Vital, força que move a vida ou o que liga o corpo à alma. Algumas religiões e culturas defendem que a Energia Vital pode ser renovada por práti-cas variadas: a alimentação saudável, o exercício físico, o comportamento e as emoções controladas, os chamados “passes” em centros espíritas, as técnicas orientais, como o Reiki, que visam o equilíbrio energético do corpo e a sintonia com a natureza, entre ou-tras. Apesar de não comprovadas cientificamente, essas interpretações são importantes dentro do conjunto cultural de muitas sociedades.

Portanto, podemos considerar que energia não é um termo de fácil conceituação. Existem várias definições, porém não há uma descrição curta, em poucas linhas, que dê conta de um termo que pode ter significados tão amplos e variados. Na verdade, não existe conceito ou definição exata, o termo pode ser encontrado em diversos contextos, o que demonstra sua amplitude e importância para a humanidade.

Costuma-se relacionar a energia com a capacidade de realizar trabalho, por exemplo, na Física. Normalmente, o trabalho está relacionado a uma ação, uma “tarefa”. Para realizá-la é preciso utilizar certa quantidade de energia. Ao aplicarmos uma força para arrastar um carrinho de compras, por exemplo, é realizado trabalho. Para arrumar a parte de cima de um guarda-roupa, precisa-se erguer os objetos e nesse caso também é realizado um trabalho.

Dessa maneira, seu papel foi fundamental no desenvolvimento humano, já que o homem necessitou ao longo da História transformar a natureza e esse processo necessitou cada vez mais de trabalho e, consequentemente, de mais energia. Nos primórdios, a energia gerada pelo fogo foi utilizada para cozinhar alimentos, facilitando sua ingestão e digestão. Hoje, o homem não a utiliza apenas para as necessidades vitais, mas também para seu conforto, inclusive de forma desnecessária. Tornou-se um indicativo de desenvolvimento o fato de um país produzir e consumir grandes quantidades de energia. Contudo, a demanda energética exacerbada requer mais fontes produtoras, mais meios de transmissão, maior custo e maior dano ao meio ambiente.

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Para suprir as necessidades do mundo contemporâneo, utilizam-se os recursos natu-rais para geração de energia, desde as fontes renováveis às que não são renováveis, como o petróleo. É preciso atentar que estamos diante de um debate em torno da matriz energética, ou seja, do conjunto de fontes de energia utilizadas por cada país. Logo, é de extrema importância considerar a distribuição geográfica dos recursos energéticos e a dependência de alguns fatores (sociais, ambientais, culturais etc.), bem como as escolhas políticas que influenciam na variação da combinação energética de cada país e nos consequentes impactos socioambientais.

As atividades humanas são – e sempre foram – dependentes do uso de diversas formas e fontes de energia para executar o trabalho. A energia é o potencial que permite tanto o movimento quanto a modificação da matéria (por exemplo, a produção de aço mediante a combinação de ferro e carbono). Se por um lado a quantidade de energia de determinada fonte é facilmente medida (por unidade de peso ou de volume), por outro há um grande desafio na transformação e na eficiência dos processos que a envolvem. Essa eficiência de conversão de energia é definida pela razão entre a geração de energia (trabalho útil) e o total de entrada desta no sistema. A parcela não convertida em trabalho útil é perdida sob formas não utilizáveis (resíduos de calor). Dessa maneira, ampliar a eficiência dos proces-sos de conversão de energia é buscar a economia de recursos e matérias-primas.

Os caminhos percorridos na História da humanidade nos mostram que a escolha de uma fonte de energia depende de questões geográficas, históricas, culturais e ambientais. Até a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX, as necessidades humanas de energia perma-neciam modestas e dependiam basicamente da força dos animais, do fogo, do vento e do próprio homem. Posteriormente, esforços foram feitos para aumentar a produtividade do trabalho por intermédio de máquinas, o que modificou consideravelmente diversos aspectos da humanidade, bem como permitiu uma maior intervenção do homem sobre a natureza.

Fonte: José Goldemberg. Disponível em: http://efisica.if.usp.br/divulgacao/oqueefisica/goldembergt.php. Acesso em 19/12/2013.

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Tal intervenção deveu-se não apenas às necessidades de matéria-prima, mas também de fontes de energia para o novo mundo que então surgia. As interferências não se limitaram apenas a transformações objetivas e constatáveis a olho nu, como a alteração das paisagens nas cidades com o incremento da urbanização. Os impactos das ações humanas na busca por fontes de energia também apresentam, muitas vezes, desdobramentos menos concretos, mas nem por isso, de menor relevância social.

O desenvolvimento das máquinas a vapor e a geração e distribuição de energia elétrica ao longo de distâncias consideráveis também alteraram o padrão espacial de indústrias de transformação pela produção a partir da ligação direta a um sistema de energia fixa. Inicialmente, na revolução industrial, as fábricas eram localizadas perto de fontes de energia ou matérias-primas e de meios de transporte, permitindo uma maior proximidade de localização. No final do século XIX e início do século XX, o consumo de energia cresceu rapidamente, dobrando a cada década – motivado pela industrialização, pela eletricidade, pelo avanço nos meios de transporte e pela redução dos custos de produção. O desenvolvimento e a comercialização do motor de combus-tão interna, nomeadamente em equipamentos de transporte, possibilitou a movimenta-ção eficiente de pessoas, de mercadorias, de informação, e estimulou a ampliação da rede de comércio. Atualmente, o setor de transportes é responsável por uma parcela crescente da quantidade total de energia gasta para a implantação, operação e manu-tenção das atividades humanas.

No decorrer do século XX, o consumo de energia se manteve alto, mas isso não consistiu em um problema, tendo em vista as enormes reservas de energia capazes de atender às necessidades futuras da humanidade. A mudança drástica ocorreu na década 1970 com os chamados choques do petróleo (1973 e 1979) que colocaram o planejamento energético no centro da política dos países. No decorrer das décadas de 1980 e 1990, sob a lógica das reformas estruturais do Consenso de Washington, assistimos à redução do papel do Estado no setor energético pela adoção de políticas neoliberais e desregulação do setor.

Além disso, uma das principais questões contemporâneas é que muitas das reservas não podem ser utilizadas a custos razoáveis, como a energia solar, ou são distribuídas de forma desigual ao redor do mundo, como o petróleo. A distribuição irregular, além de permitir o comércio entre os países, também é um dos elementos responsáveis pela persistência dos conflitos em torno de reservas, compondo uma verdadeira geopolítica das fontes de energia. Mais recentemente, indaga-se ainda sobre os impactos ambien-tais no que diz respeito às fontes energéticas. Vale reforçar que quase 85% do consumo de energia são oriundos da tríade formada pelo petróleo, carvão mineral e gás natural, e que essas fontes se encontram sob a ameaça do esgotamento das reservas, variação de preços no mercado internacional, bem como contribuem para a crise ambiental. To-dos esses fatores levam à retomada do tema na pauta das políticas nacionais, motivada pela segurança energética e pelo aquecimento global.

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A poesia das estrelas

O poeta Olavo Bilac gostava de “ouvir as estrelas”. Atualmente, os moradores de gran-des centros urbanos ficariam felizes apenas se conseguissem vislumbrá-las. Por que apesar de estarem lá não é possível vê-las? A energia elétrica excessiva utilizada nas grandes ci-dades, somada à poluição do ar, é responsável por impossibilitar a visão das estrelas. Esse excesso de luminosidade é chamado de “poluição luminosa”. Além de impedir o namoro à luz das estrelas, essa poluição representa, muitas vezes, um péssimo planejamento de iluminação de vias públicas, o que acarreta grave desperdício de recursos públicos.

As estrelas são um belíssimo recurso natural a que todos os seres deveriam ter o direito de contemplar. Os jovens da cidade não sabem se guiar por elas, não enxergam os sig-nos do zodíaco e, muitas vezes, não entendem as suas respectivas referências literárias. Uma delas é a belíssima construção de Camões referindo-se à surpresa de ver “as Ursas

banharem-se nas águas”.

Portanto, a diversificação da matriz energética tem sido uma constante das políticas dos países centrais e emergentes. A “segurança energética”, ou seja, a garantia de energia barata e durável, é essencial para o crescimento econômico e para o desenvolvimento social dos países. Além dis-so, de maneira secundária, o seu uso eficiente e sustentável, dentro do planejamento dos Estados nacionais, também são questões que aparecem impostas pelo problema do aquecimento global.

Nesse sentido, os países empenham-se em garantir recursos energéticos inesgotáveis e de baixo custo, que possam ser produzidos em seus próprios territórios. Apesar dos problemas de produção, intermitência, armazenamento e elevados custos, as energias renováveis apresentam-se como so-lução. Entretanto, sua expansão confronta-se com a morosidade dos sistemas produtivos vigentes e com as lógicas de rentabilidade do modelo produtivo. No momento, é mais lucrativo construir uma termelétrica do que instalar painéis solares ou turbinas de energia eólica. Caso não haja um forte empenho político e uma imprescindível mediação dos Estados (através da fixação de normas, políticas fiscais ou da criação de empresas públicas), a transição energética será demorada.

2 Fontes de Energia

2.1 Carvão Mineral

Dentre os combustíveis fósseis, o carvão mineral é o mais abundante na natureza e se formou a partir do soterramento de flo-restas, em bacias sedimentares, ocorrido há milhões de anos.

O carvão mineral exerceu o papel de principal matriz energética na primeira revolução industrial permitindo, pela sua abundância em parte dos países euro- Foto: Adam Jakubiak. Disponível em: http://www.sxc.hu/pho-

to/1098052. Acesso em 19/12/2013.

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peus, o desenvolvimento de tecnologias baseadas no vapor d’água. Devido ao seu maior poder calorífico, o carvão mineral libera mais energia em relação ao carvão vegetal e outras fontes. Isto permitiu o desenvolvimento industrial e dos meios de transporte, levando à ligação com novas e distantes áreas e ao domínio dos mercados mundiais.

Mesmo após a gradativa substituição da energia a vapor e das caldeiras pela eletricidade e redes de transmissão, o carvão não foi abandonado, sendo utilizado para a geração de energia elétrica, nas usinas termoelétricas. Atualmente, a principal aplicação do carvão é exatamente a geração desse tipo de energia.

Apesar dos impactos ambientais, como a chuva ácida, e de ter perdido a importância em relação ao petróleo, o consumo de carvão mineral – cujas jazidas ainda são abundantes – mantém-se alto. O processo de industrialização e crescimento econômico de alguns países, como China e Índia, é, em boa medida, sustentado por essa fonte energética.

O que é a chuva ácida?

A chuva ácida ocorre quando os gases derivados do enxofre e nitrogênio (SOx e NOx) liberados pela queima do carvão e do petróleo reagem com o vapor d’água. Os ácidos sulfúrico e nítrico produzidos afetam o ambiente. A presença desses ácidos na chuva diminui o pH, o que favorece a corrosão de prédios, monumentos e fiações, a degrada-ção da vegetação e a alteração do pH dos corpos aquosos afetando a fauna e flora. O problema é comum nos países de antiga industrialização, mas ainda mais evidente nos

Tigres Asiáticos devido às suas legislações ambientais permissivas.

No Brasil, o carvão mineral tem uma participação muito pequena na matriz energética e seu principal uso ocorre na indústria siderúrgica além, é claro, da geração de energia elétrica. O carvão mineral brasileiro é considerado de baixa qualidade, por isso, mais de 98% do que utilizamos é importado. As reservas brasileiras – que estima-se que ainda sejam suficientes para mais 500 anos – estão situadas na região Sul, sendo Santa Catarina o maior produtor. Durante a Primeira Guerra Mundial, essa dependência do fornecimento de carvão europeu, cuja importação se tornara difícil e muito cara, trouxe sérias dificuldades para muitas compa-nhias ferroviárias. Estas foram obrigadas a recorrer ao coque brasileiro (combustível derivado do carvão betuminoso – hulha) e mesmo ao carvão vegetal para movimentar suas locomotivas.

VANTAGENS DESVANTAGENS

• Tecnologia para produção de energia é simples e barata;

• Facilidade de transporte e armazenamento;

• Reservas abundantes.

• Libera dióxido de carbono contribuindo para o aquecimento global;

• Libera dióxido de enxofre contribuindo para a chuva ácida;

•A extração é responsável pela modificação da paisagem e em alguns casos pela remoção de população;

• Recurso não renovável.

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2.2 Petróleo

O petróleo é, desde a invenção do motor a explosão, a fonte energética mais importante do mundo. É classificado como um combustível fóssil, pois é produzido pela decomposição de matéria orgânica ao longo de milhares de anos sob pressão e temperaturas diversas. Trata-se de um recurso não renovável que, ao ser refinado, gera diversas outras substâncias: gases, óleo diesel, querosene, gasolina, álcool, asfalto etc.

Fonte: Own Work. Autor: Pietros SacanisDisponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Oil_reserves_2005.jpg> Acesso em: 05/06/2014.

A combustão de seus derivados (gasolina, diesel e querosene) é utilizada como força motriz de boa parte dos meios de transporte: motocicletas, carros, tanques de guerra, helicópteros, trens, aviões e navios. O petróleo também é utilizado em larga escala nas termoelétricas e na indústria petroquímica. Dessa forma, a posse ou o controle da produção, do refino e da distribuição do petróleo tornou- se estratégica na geo-política desde o século XX. Nas disputas entre Estados e grandes companhias pe-troleiras tiveram origem diversos confli-tos armados, dentre os quais podemos destacar os ocorridos no Oriente Médio.

Na Guerra do Suez (1956), tam-bém conhecida como Segunda Guerra Árabe-Israelense, Israel atacou o Egito em represália pela nacionalização do Canal de Suez, por onde passam os petroleiros entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo. Após a derrota das forças egípcias e sírias na Guerra do Yom Kipur (1973), os países árabes que eram membros da Organização

Foto: Luiz Baltar.Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/462560. Acesso em 19/12/2013.

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dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiram cortar o fornecimento de petróleo aos aliados de Israel e impuseram um embargo contra EUA, Europa Ocidental e Japão, dando iní-cio à crise do petróleo. Após a Revolução Iraniana (1979), o país reviu as relações trabalhistas dos petroleiros, nacionalizou as empresas e jazidas e cortou temporariamente as exportações, levando a um aumento expressivo do preço do barril.

OPEP e as sete irmãs

Até o fim da década de 1950 as sete irmãs (como ficaram conhecidas as maiores em-presas petrolíferas: Exxon, Mobil, Chevron, Texaco, Gulf, BP e Shell, que após algumas fusões, tornaram-se quatro) dominaram o cenário petrolífero mundial. Contudo, com a criação da OPEP (1960), o controle sobre as reservas de petróleo passou aos seus de-tentores territoriais. Desde então há uma grande rivalidade entre a OPEP e as Sete irmãs,

que vem perdendo relevância no cenário petrolífero mundial.

Como estratégia de “cordão sanitário” para impedir que a situação se estendesse aos países vizinhos, os EUA apoiaram a ascensão de Saddam Hussein ao governo do Iraque e uma guerra de oito anos deste país contra o Estado iraniano (1980/1988), enquanto a URSS invadiu e ocu-pou o Afeganistão (1979-1989). Na década de 1980, durante os governos de João Figueiredo e José Sarney, o Brasil estabeleceu uma relação de cooperação tecnológica e comercial com o Iraque para venda de serviços de engenharia em troca do fornecimento de petróleo em condições vantajosas. Atuando como um braço do governo no país do Oriente Médio, a empreiteira Men-des Júnior ganhou concorrências para a construção da ferrovia Baghdad-Akashat, da rodovia Expressway e de uma estação de bombeamento de água no rio Eufrates em troca do fornecimento de petróleo para a Petrobras, que pagava em moeda brasileira, e não em dólares.

Monteiro Lobato

O famoso escritor Monteiro Lobato foi um dos grandes incentivadores da indústria nacional petroleira e um dos principais críticos à ideia da inexistência de petróleo no território brasileiro. Em uma de suas obras, O escândalo do petróleo, chegou a dizer que o governo escondia dados sobre a existência de jazidas. A sua famosa obra infantil, Sí-tio do Pica-Pau Amarelo, também tem uma referência a extração de petróleo no volume intitulado O poço do Visconde. Pelas suas obras e críticas ao governo Vargas, Monteiro Lobato foi censurado e preso. Curiosamente, Monteiro Lobato foi preso pelo general

Horta Barbosa, um dos líderes da campanha nacionalista “O petróleo é nosso”.

A Guerra do Golfo (1990/1991) foi um conflito armado ocasionado pela disputa de poços fronteiriços entre o Iraque e o Kuwait, que levou à invasão iraquiana e à retaliação dos EUA em defesa dos interesses de suas empresas no Kuwait. O armistício não significou a diminuição das tensões na região e manteve-se o antagonismo entre os governos iraquiano e estadunidense. Em 2013, os EUA e o Reino Unido lideraram a coalizão responsável por

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invadir o Iraque e depor o ditador Saddam Hussein, julgado e condenado à morte por crimes contra a humanidade. A despeito dos investimentos feitos na economia do país desde então e dos esforços para estabelecer uma democracia representativa no país, o Iraque é, ainda hoje, um Estado bastante instável política e socialmente.

Recentemente, os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo estiveram envolvidos em uma disputa com os outros entes da federação pelos royalties do petróleo na área do Pré Sal. Os royalties – compensações financeiras pagas aos estados e munícipios produtores para ame-nizar os diversos impactos da exploração de um recurso ou matéria-prima – seriam redistri-buídos contemplando a União, os estados produtores e também os não produtores. Tal fato gerou uma grande polêmica e um intenso debate entre os representantes políticos. Buscando amenizar a situação entre os produtores e não produtores e responder às manifestações das ruas, o governo federal, após modificações do texto original, criou uma lei que destina os recursos dos royalties do petróleo para a saúde e educação. Percebemos, dessa forma, que petróleo significa poder e riqueza, mas também pode significar mudança social.

VANTAGENS DESVANTAGENS

• Tecnologia para produção de energia é simples e barata;

• Facilidade de transporte e armazenamento;

•Descoberta de novas jazidas e de novas tecnologias de exploração;

•Matéria-prima para diversos combustíveis e materiais.

• Recurso não renovável;

• Libera dióxido de carbono contribuindo para o aquecimento global;

• Risco de vazamentos e contaminação;

•Volatilidade do preço.

2.3 Gás Natural

O gás natural é uma mistura de hi-drocarbonetos resultante da decom-posição de matéria orgânica fóssil e ocorre na natureza frequentemente associado ao petróleo. Nos últimos anos, o consumo de gás natural tem aumentado devido às incertezas do mercado internacional de petróleo, ao seu preço mais barato e à facilida-de de transporte em dutos. Por outro lado, o mercado internacional de gás ainda é muito regionalizado devido às limitações inerentes à infraestrutu-ra de transporte, os gasodutos. Con-tudo, uma nova tecnologia já permite

Fonte: Edmondo Dantes. Disponível em: http://www.sxc.hu/pho-to/715234. Acesso em 19/12/2013.

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que o gás seja liquefeito (GNL) permitindo a flexibilidade no transporte de longas distân-cias e no fornecimento do mesmo, já que seu volume é reduzido nessa transformação. No tocante à sua utilidade, o gás pode ser usado diretamente nas residências, indústrias e transportes (GNV) ou indiretamente como é o caso das termelétricas.

As grandes reservas de gás natural estão no Golfo Pérsico, em países como Irã e Catar, responsáveis por 40% das reservas mundiais; na Rússia, responsável por 25%; nos países da Ásia Central (Cazaquistão, Turcomenistão etc.); e na América Latina, onde os destaques são a Venezuela e a Bolívia. A Rússia é responsável pelo fornecimento de boa parte do gás consumido na Europa, e não raro o país utiliza o produto como forma de exercer pressão política nesses países, especialmente na Ucrânia. A Turquia, por outro lado, recorre à sua posição geográfica, privilegiada em relação ao acesso às reservas de gás natural do Mar Cáspio, para pleitear uma vaga na União Europeia.

No Brasil, as principais regiões produtoras são as bacias de Campos e Solimões. Contudo, com o crescente consumo de energia em nosso país, houve a necessidade de construir um ga-soduto Bolívia-Brasil que responde por 51% do gás consumido no país. Em 2006, o governo boliviano decidiu nacionalizar as reservas de gás natural, gerando um impasse diplomático que foi parcialmente resolvido com a renegociação dos preços e manutenção dos vínculos comerciais entre os países. O mercado de gás boliviano envolve ainda uma relação compli-cada com a Argentina e o Chile, pois o último possui divergências territoriais históricas com a Bolívia. A celebração de acordos comerciais entre os países é muito difícil, permitindo à Argentina atuar como uma intermediadora na compra do gás. Dessa forma, o país da bacia platina compra mais gás natural da Bolívia do que precisa para revender aos chilenos, que possuem uma demanda expressiva de calefação devido ao seu clima frio.

Apesar de emitir menos poluentes que os outros combustíveis fósseis, o gás natural também contribui com a poluição atmosférica. Além do CO2 também são emitidos óxidos de nitrogê-nio (NOx), dentre eles o dióxido de nitrogênio (NO2) componente importante do fenômeno conhecido como smog – combinação de fumaça (smoke) com neblina (fog) –, o óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e monóxido de carbono (CO).

VANTAGENS DESVANTAGENS

• Tecnologia para produção de energia é simples e barata;

•Menos poluentes que os outros combustíveis fósseis;

•Gera royalties para os municípios produtores.

• Recurso não renovável;

• Libera dióxido de carbono contribuindo para o aquecimento global;

• Transporte ainda limitado.

2.4 Hidráulica

A água é um recurso natural abundante, ocupando 2/3 da superfície terrestre. A energia hidráulica é conhecida desde a Antiguidade e foi utilizada pelos povos romanos, chineses e muitos outros como energia mecânica. A tecnologia da roda d’água foi muito importante

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para diminuir a dependência da força ani-mal e humana nos moinhos, afetando di-versas atividades como a moenda de grãos e cereais, o derretimento e moldagem do ferro, serragem da madeira etc.

A partir do século XX, a energia hidráu-lica passou a ser utilizada principalmente para a geração de energia elétrica pro-duzida em usinas hidrelétricas, utilizando energia potencial dos rios. Para isso, o ide-al é que o relevo seja recortado permitin-do a construção de barragens ou que haja quedas d’água. Ao mesmo tempo, os regi-mes hídrico e pluvial devem ser fartos para que haja força capaz de girar as turbinas, transformando energia potencial em ener-gia cinética (energia associada ao movi-mento). Por meio de indução eletromagné-tica, a energia cinética é transformada em energia elétrica, transmitida para residên-cias, indústrias e centros comerciais. Uma lâmpada incandescente pode transformá-la em energia térmica e luminosa.

A energia gerada nas hidrelétricas é renovável e não depende de combustíveis fós-seis, mas, por outro lado, gera impactos ambientais e sociais resultantes dos alaga-mentos de vastas áreas. Estudos apontam que as emissões de gás metano (CH4) das hidrelétricas podem ser equivalentes às emissões de CO2 das termelétricas. Além do metano, as hidrelétricas podem ser responsáveis pela emissão de outros gases estufa como o óxido nitroso (N2O) e dióxido de carbono (CO2) que, em alguns casos, pode ser maior do que a das termelétricas.

O Brasil é o país com as maiores reservas de água doce do mundo, divididas em rios, lagos e nos famosos aquíferos Guarani e Alter do Chão. O país conta com 12% da água doce existente no planeta e, por isso, é um dos raros exemplos de nação industrial onde essa fonte responde por parcela significativa do consumo total de eletricidade. A expansão energética brasileira tem sido pautada nessa fonte, o que tem causado diversos questiona-mentos de populações indígenas, ribeirinhas, ambientalistas etc. Outro setor que tem ques-tionado as obras de hidrelétricas no Brasil são os produtores agrícolas da região Centro- Oeste que, ávidos por exportar seus produtos pelas hidrovias (mais baratas que rodovias), questionam o fato dos projetos de hidrelétricas não contemplarem a construção de eclusas. Esse recurso da engenharia permite a navegabilidade dos rios, mas tem sido deixado de lado pelo aumento do custo das obras.

A hidroeletricidade, portanto, deve ser pensada não apenas na geração de energia para os centros urbanos, mas também com base no respeito aos ecossistemas e às populações lo-cais. O intuito é reduzir exatamente os grandes impactos socioambientais que as barragens geram nas áreas em que são instaladas e também para o aquecimento global.

Foto: Jeremiah Castro. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/555981. Acesso em 19/12/2013.

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VANTAGENS DESVANTAGENS

• Tecnologia para produção de energia é simples e barata;

• Em comparação ao petróleo, ao carvão mineral e o gás natural é muito menos poluente;

• Recurso renovável.

• Libera metano contribuindo para o aquecimento global;

• Alagamento de grandes áreas impactando no deslocamento de populações;

• Ao alterar o regime fluvial pode prejudicar atividades agrícolas, agropecuárias, pesca e o transporte

• Hidroviário.

Disponível em: http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/cartilha_1p_atual.pdf. Acesso em 19/12/2013.

Disponível em: http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/cartilha_1p_atual.pdf. Acesso em 19/12/2013.

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Entenda o consumo de Energia Elétrica

Diante da importância do consumo racional de energia, devemos saber como calcu-lar o quanto estamos gastando em casa, não só para economizar, mas também para contribuir com a redução dos impactos socioambientais.

Veja o exemplo do consumo médio mensal de um chuveiro, sendo utilizado para 2 banhos de 15 minutos por dia:

1º PASSO: verificar a potência do seu aparelho. Potência média de um chuveiro: 3500 W = 3,5 kW

2º PASSO: calcular o tempo gasto por mês em horas. 15 min x 2 vezes no dia x 30 dias = 15 horas no mês

3º PASSO: calcular a energia gasta por meio da fórmula

E = P.t.E = Energia (kW – lê-se “quilo watts hora”)P = Potência (W – lê-se “watts”, pronúncia

[uótes]) t = Tempo em horas (h)

E = 3,5 . 15E = 52,5 kW.h

4º PASSO: calcular o valor a ser pago pelo consumo do seu aparelho. Verifican-do a conta de luz do exemplo temos que 1kW.h » R$ 0,43. Fazendo uma regra de três simples:

1kW.h ----------- R$ 0,4352,5kW.h --------- X (R$)

X = 0,43 . 52,5X = 22,57

De acordo com os cálculos apresentados, o valor a ser pago no consumo médio de um chuveiro é de R$ 22,57.

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2.5 Nuclear

O princípio das termo-nucleares é a quebra dos núcleos dos átomos de urâ-nio bombardeados por nêu-trons, por meio do proces-so conhecido como fissão nuclear. Dessa maneira, os núcleos se partem liberando energia e mais nêutrons. Es-tes, por sua vez, se chocam com outros núcleos e geram novas fissões. A energia tér-mica liberada nos processos de fissão nuclear é empre-gada na geração de vapor para produzir energia me-cânica que, dessa forma, pode ser convertida em energia elétrica. Para entender a sua eficiência: a fissão de 1 (um) grama de urânio libera quase a mesma energia que a queima de 70kg de óleo ou 120kg de carvão.

Após o lançamento das bombas atômicas pelos EUA nas cidades japonesas de Hi-roshima e Nagasaki, ao fim da Segunda Guerra Mundial, deter a tecnologia de enri-quecimento de urânio passou a significar grande poder bélico, além de uma estratégia de defesa através da dissuasão dos inimigos a um ataque direto. A URSS anunciou, em 1947, que também havia desenvolvido a tecnologia de enriquecimento de urânio e tinha capacidade de fabricar bombas atômicas. A partir de então, o risco de destruição mútua assegurada (MAD, na sigla em inglês) passou a dominar os discursos políticos no contexto da Guerra Fria. O medo de um conflito nuclear entre as duas potências es-teve presente na mídia, na literatura da época e deu origem a ficções científicas de um mundo pós-apocalíptico, sendo satirizado no célebre filme Doutor Fantástico (1964), do diretor Stanley Kubrick.

Foto: Janusz Dymidziuk. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/774456. Acesso em 19/12/2013.

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A Rosa de Hiroshima

Vinícius de Moraes

Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroshimaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada

Disponível em: www.viniciusdemoraes.com.br

Fonte: http://www.archives.gov/research/mili-tary/ww2/photos/images/ww2-163.jpg National Archives image (208-N-43888)Autor: The picture was taken by Charles Levy from one of the B-29 Superfortresses used in the attack.Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Nagasakibomb.jpg > Acesso em 05/02/2014.

Ainda hoje, a posse de um arsenal nuclear é um dos principais elementos que conferem poder bélico a uma nação. Todos os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU possuem ogivas. Os submarinos nucleares estadunidenses fazem o patrulhamento das suas costas e dos oceanos e têm grande capacidade de deslocamento em curto espaço de tempo. Parte das nações antagônicas aos EUA também utilizam a tecnologia atômica como estratégia geopolítica. O programa nuclear iraniano é alvo constante de críticas por parte da mídia ocidental e do Conselho de Segurança da ONU, que acusam o país de enriquecer urâ-nio para fins bélicos. Esse país, por sua vez, alega que seus fins são pacíficos e que também tem o direito de utilizar a matriz nuclear como fonte energética.

A energia nuclear foi responsável por grandes desastres além das bombas atômicas, como o acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Os altos níveis de radiação presentes na área ainda hoje impedem o plantio e o povoamento na região afetada por trazerem graves danos à saúde. Muitos sobreviventes ou descendentes dos trabalhadores da usina ainda apresentam sintomas da exposição à radiação, como cânceres ou más formações fetais.

No Brasil, em Goiânia, o desmonte de um aparelho abandonado de radioterapia por catadores de ferro-velho, levou à contaminação, em 1987, de mais de 100 mil pessoas com o Césio-137. Dentre estas, 49 foram internadas e quatro vieram a falecer no que é conside-rado o maior acidente radioativo ocorrido no mundo fora de uma usina nuclear. Por outro lado, além do seu grande potencial energético, os princípios nucleares têm sido utilizados na medicina, agricultura e também na datação de fósseis e rochas.

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O programa nuclear brasileiro se desenvolveu no período militar e foi alvo de muitos pro-testos no país, principalmente, após a redemocratização na década de 1980. Atualmente, o país conta com duas usinas nucleares em funcionamento (Angra I e Angra II) e mais uma em construção (Angra III). O potencial brasileiro para produção de energia nuclear é alto devido às grandes reservas de urânio. Apesar do grande potencial, a energia nuclear sofre forte resistência dos ambientalistas e outros setores da população.

O debate acerca da energia nuclear foi retomado com a recente tragédia japonesa em Fukushi-ma. Sempre polêmica, essa fonte de energia divide opiniões, mas tem sido cogitada como uma alternativa aos combustíveis fósseis, pois não libera gases do efeito estufa. Contudo, seus resíduos radioativos devem ser armazenados por milhões de anos em locais especialmente desenvolvidos por serem altamente nocivos. Além disso, o processo de refrigeração da usina causa poluição térmica no corpo aquoso adjacente (rio, lago, mar etc.). A elevação da temperatura da água provoca o aumento da população de bactérias decompositoras que podem reduzir progressivamente a dis-ponibilidade de oxigênio (O2) na água e, como resultado, desestabilizar a fauna e a flora locais.

VANTAGENS DESVANTAGENS

•Geração de muita energia com pouca matéria-prima;

•Não emite gases poluentes;

•Não necessita de grades áreas para sua implantação;

• Legislação internacional consolidada.

• Recurso não renovável;

•Alto custo na implantação e manutenção;

•Alta periculosidade socioambiental;

• Lixo radioativo – requer armazenamento por tempo indeterminado;

•Usina de vida útil curta.

2.6 Eólica

A energia eólica surge como uma das grandes opções para substituir as fontes não renováveis, pois se trata de um re-curso renovável, limpo e abundante. A geração de energia por meio desse me-canismo implica na conversão de ener-gia cinética associada à velocidade dos ventos e de rotação das hélices das tur-binas em energia mecânica ou elétrica. No primeiro caso, a energia cinética é convertida para moinhos e cata-ventos usados para moer grãos ou bombear água. No segundo, a energia cinética é transformada em elétrica e pode ser ligada às redes de transmissão.

Foto: safegear.Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/1218004. Acesso em 19/12/2013.

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No entanto, a utilização deste recurso como fonte geradora de energia requer uma dinâ-mica de ventos constantes e capazes de gerar energia em larga escala, potencial verificado em regiões específicas do planeta. Ao mesmo tempo, a utilização dos ventos se configura como uma fonte geradora com alto custo de instalação na maior parte dos países que as detém. O problema dos custos está sendo superado, por algumas nações, graças à ajuda efetiva dos governos que desejam promover a transição para fontes limpas e que possam ser produzidas em seus territórios.

A energia eólica, que já foi utilizada na Europa nas moendas de cereais é, hoje, respon-sável pelo fornecimento de eletricidade principalmente para a Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Dinamarca. Entre os países em desenvolvimento, China e Índia também se destacam na produção desse tipo de energia.

De acordo com o Global Wind Energy Council, um dos principais organismos internacio-nais de energia eólica, o Brasil é o país mais promissor do mundo em termos dessa geração. A despeito disso, o país produz de forma incipiente a energia mais barata. As usinas de energia eólica estão concentradas no litoral do Nordeste onde os ventos são constantes e abundantes. Há também parques eólicos no Rio Grande do Sul, Fernando de Noronha, Mi-nas Gerais, Paraná, Santa Catarina e investimentos no interior da Bahia.

Os impactos da energia eólica estão associados à modificação da paisagens, a morte de aves, a possibilidade de interferência nas transmissões de TV, rádio, internet e também ruí-dos. Por isso, os lugares escolhidos para o estabelecimento das “fazendas” (usinas eólicas) são, em geral, remotos ou pouco habitados. No interior da Bahia, as empresas que estão implantando as turbinas (aerogeradores) utilizam as propriedades de pequenos agricultores. O acordo entre as empresas e os agricultores prevê o pagamento de royalties, que têm sido responsáveis pela melhora da renda das populações locais.

VANTAGENS DESVANTAGENS

• Energia limpa;

•Não gera resíduo ou gases poluentes;

• Fonte renovável;

•Ventos são inesgotáveis e gratuitos.

• Impacto visual (alteração da paisagem);

• Poluição visual e sonora;

• Interferência nas transmissões de TV, rádio, internet;

•Danos à fauna como a migração das aves;

• Intermitência da dinâmica dos ventos.

2.7 Solar

Como dito anteriormente, a energia solar é a maior fonte de energia mundial e a matriz para as demais fontes de energia, sendo fundamental para a manutenção da vida em nosso planeta. A luz e o calor originados do Sol são diariamente aproveitados para a iluminação e aquecimento dos ambientes.

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O uso mais comum de energia solar está associado ao fornecimento de água quente para residências por meio de co-letores solares. Em geral, esse sistema é composto por canos, tubos ou tanques pre-tos colocados no interior uma placa isola-da termicamente com cobertura de vidro. Dessa forma, o vidro permite a passagem da energia luminosa e, consequentemen-te, calor por radiação. Por outro lado, o vidro retém a saída do calor para o am-biente, como uma estufa. Os tubos pretos absorvem grande parte desta energia que é transmitida à água por condução.

Para o aproveitamento em maior escala existem duas opções: a fotovoltaica e a termosso-lar. A primeira, mais difundida, utiliza a conversão direta da energia solar em energia elétri-ca por meio da radiação em células solares. Dessa maneira, os fótons contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica. A segunda opção funciona de maneira muito similar à das usinas térmicas, ou seja, através dos concentradores solares a luz solar é aproveitada e focalizada para o aquecimento de um óleo ou sal líquido. Por condução, o calor do óleo é transferido para a água, vaporizando-a. O vapor, por sua vez, movimenta uma turbina e, em sequência, gera eletricidade. O uso de espelhos e lentes é fundamental para o processo.

O custo para o aproveitamento da energia solar é elevado e ainda não está muito difundido nas matrizes energéticas no mundo. Esse fato, aliás, é de extrema importância, pois quando nos deparamos com a produção de energia solar percebemos que os países de alta e média latitude são os maiores produtores. Por outro lado, os países de baixa latitude (mais próximos ao Equa-dor) são os que têm maior potencial produtivo dessa fonte. Contudo, esses territórios, em geral países periféricos ou emergentes, não possuem recursos para investir nessa fonte de maneira efetiva e em larga escala. Seja como for, as tecnologias para captação e produção de energia solar podem ser aperfeiçoadas, mas continuam sendo vistas como uma solução para o futuro, já que o Sol envia para a Terra energia mil vezes superior às necessidades atuais da humanidade.

No Brasil, a energia solar ainda está muito relacionada ao aquecimento de água. A primeira usina comercial de energia solar (para geração de eletricidade), a Solar Tauá, foi estabelecida no município de Sertão dos Inhamuns, no Ceará, que foi escolhido por causa da forte incidência solar ao longo do ano. Em 2012, foi inaugurada a maior usina solar do Brasil, a Usina Solar de Tanquinhos, no município de Campinas.

VANTAGENS DESVANTAGENS

•Grande potencial (o Sol envia para a Terra energia mil vezes superior às atuais necessidades humanas);

• Limpa e renovável;

•Variedade de usos.

•Custos de desenvolvimento, implementação e manutenção caros;

• Tecnologias de produção e captação precisam ser aperfeiçoadas;

• Intermitência na disponibilidade.

Foto: Robert Linder.Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/1036496. Acesso em 19/12/2013.

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2.8 Biomassa

A biomassa foi durante mui-to tempo uma fonte de energia característica de países subde-senvolvidos. O uso de lenha ou carvão vegetal na matriz ener-gética era considerado um sinal de desenvolvimento tecnológico incipiente. Hoje, a biomassa tem sido valorizada pelo seu baixo impacto para o aqueci-mento global, ao mesmo tempo em que contribui para a diver-sificação das fontes energéticas.

A energia pode vir da com-bustão da lenha, bagaço de cana-de-açúcar, resíduos flores-tais, resíduos agrícolas, casca de arroz, excrementos de animais, entre outras matérias orgânicas. Essas matérias-primas já são empregadas na fabricação de vários biocom-bustíveis, como, por exemplo, o bioóleo, BTL, biodiesel, biogás etc. Os biocombustíveis, derivados de vegetais, têm a vantagem de que quando o vegetal cresce ele absorve CO2 da atmosfera. O mais famoso desses combustíveis é o etanol, que pode ter a cana ou o milho como matéria-prima. O etanol derivado do milho reduz em 20% as emissões de CO2 já no etanol derivado da cana a redução chega a 80%.

Por outro lado, os biocombustíveis podem afetar o preço dos alimentos pela utiliza-ção de áreas agricultáveis para o cultivo de combustíveis, que pode ser mais rentável, ou até mesmo o uso de vegetais que fazem parte da alimentação, como é o caso do milho. Além disso, sem a fiscalização correta, água, solo e vegetação podem ser afeta-dos pelo uso inadequado e direcionado para o mercado. No Brasil, a biomassa já teve uma grande participação na matriz energética com o uso de lenha e carvão vegetal. Aos poucos, com introdução de outros modais, a biomassa reduziu a sua participa-ção na matriz energética. Apesar disso, na década de 1970, com a instabilidade no mercado internacional de petróleo, o governo brasileiro induziu o uso do álcool como nova fonte alternativa de energia através do Proálcool. Contudo, apesar do cenário de instabilidade e de algumas mudanças técnicas nos carros para a utilização do álcool, o programa não teve grandes avanços, principalmente, pela estabilização do mercado de petróleo e redução dos preços.

Foto: Jesuino Souza.Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/791699. Acesso em 19/12/2013.

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Proálcool

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi criado pelo governo brasileiro em 1974 com o objetivo de incentivar a produção e o uso do álcool como alternativa à gaso-lina no contexto da crise do petróleo iniciada no ano anterior. Mobilizando um discurso nacionalista em torno do álcool como combustível para carros de passeio, o programa também abriu grande mercado para os grandes plantadores de cana. Durante a década de 1980, a venda de carros movidos a etanol atingiu 90% do total no país. Foi necessá-rio também que a indústria automotiva nacional desenvolvesse a tecnologia necessária à produção em grande escala de motores a etanol e sua adaptação às condições naturais em que trabalhavam. À época era comum que o proprietário de um veículo movido a álcool precisasse deixar o mesmo “esquentando” durante algum tempo em dias frios. A tecnologia desenvolvida mais recentemente permitiu que as montadoras instaladas no país se adaptassem às condições do mercado internacional após o terceiro choque do petróleo, em 2007, quando a produção de veículos de combustível duplo ultrapassou os 70% do total no Brasil. Ainda hoje, é obrigatório um teor de 18% a 25% de etanol na mistura da gasolina brasileira e o setor recebe subsídios do governo brasileiro.

Fonte: www.anp.gov.br.

As críticas ao uso da cana no Brasil são as mesmas já mencionadas. Porém, o setor su-croalcooleiro tem buscado reutilizar todos os excedentes como as folhas e o vinhoto. Outros vegetais como mamona, dendê, soja, pinhão manso e girassol estão sendo inseridos na pro-dução de biocombustíveis. É importante ressaltar que a cana e a soja têm lógicas produtivas distintas das demais culturas. Em geral, a cana e a soja são produzidas em sistema de planta-tion, enquanto que a produção das outras espécies está mais associada à agricultura familiar.

É muito importante que a biomassa seja considerada como elemento fundamental no de-senvolvimento de projetos ecológicos. Isto pode ser observado na renovação dos recursos, no respeito à biodiversidade, na relação entre emissão e captura de CO2, na utilização dos solos e da água e na política de segurança alimentar.

VANTAGENS DESVANTAGENS

• Recursos renováveis;

• Baixo custo de operação;

• Facilidade de armazenamento e transporte;

• Reaproveitamento dos resíduos;

•Alta eficiência energética;

• Emite menos gases poluentes;

•Diversidade de fontes.

• Podem afetar o preço dos alimentos;

• Tecnologias de produção e captação precisam ser aperfeiçoadas.

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3 Vida e energia

O consumo de energia tem uma forte correlação com o nível de desenvolvimento tecnoló-gico das sociedades humanas. Afinal de contas, quanto maior a disponibilidade de energia, maior produtividade do trabalho e o poder de alteração da natureza pelo homem. Porém, é importante notar como o contexto histórico e cultural pode afetar diretamente a concepção de desenvolvimento atrelada aos setores energéticos. Nesse sentido, é necessário ter em mente que o desenvolvimento tecnológico e o crescimento econômico não são processos que levam necessariamente ao desenvolvimento social. Muitos problemas são gerados quando projetos desenvolvimentistas não apresentam soluções para o impacto ambiental e social causado pelos mesmos ou quando alternativas são escolhidas a partir de interesses de grupos políticos ou econômicos em detrimento da maioria da população.

A história fictícia sobre o pequeno vilarejo de Javé, no interior da Bahia, que é conta-da no filme “Narradores de Javé” (2004), é um belo exemplo também do que dizíamos acima. Esta produção da sétima arte nacional levou para as telas do cinema uma proble-mática inerente à realidade brasileira nos últimos anos: os conflitos entre o progresso e a tradição. Mais que isso, os embates entre a modernização e a memória de uma comuni-dade ou lugar específico. No filme, o projeto de construção de uma hidrelétrica prevê a inundação do lugarejo e, consequentemente, a expulsão de seu povo e o suposto fim de sua história. O longa-metragem trata, então, com humor refinado, os problemas sociais e econômicos decorrentes de um projeto que, a princípio, só tinha boas intenções, quais sejam, gerar energia e levar o progresso ao sertão.

Não era apenas Javé que estava em risco, mas suas memórias e a cultura de seu povo que, por não saber escrever, não tinha até então registrado nada sobre seu passado. Na tentativa de evitar esta catástrofe, os moradores têm a ideia de escrever um livro sobre o Vale de Javé, contando seus grandes e nobres feitos, o que poderia fazer do vilarejo um patrimônio da humanidade e justifica-ria a sua preservação. Diante disso, o personagem condutor da trama passa a ser o controverso Antônio Biá, responsável pelo correio da cidade, o único que sabia ler e escrever naquele lugar que há muitos anos só repassava suas histórias por meio da tradição oral. Embora Biá não fosse muito querido entre os moradores, que desconfiavam dele por vários causos que teria aprontado na cidadezinha, tiveram que confiar no seu letramento e deram a ele a missão de ouvir morador por morador e registrar a história no grande livro salvador de Javé.

Recentemente, debates sobre problemas parecidos com os enfrentados por Javé, no filme, têm sido motivados por um dado da vida real no Brasil. O projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no Rio Xingu, no estado do Pará, promete produzir energia suficiente para abastecer 40% do consumo residencial brasileiro. Embora consista em um investimento chave no setor estratégico de energia, o projeto tem causado polêmicas e encontrado forte oposição entre vários estudiosos, ambientalistas e representantes indígenas, sobretudo das comunidades locais, diretamente afetadas pelas obras.

Em 2011, diversos representantes de populações indígenas assinaram o documento Decla-ração da Aliança do Xingu contra Belo Monte. Outros opositores consideram que o projeto desenvolvimentista do governo atropela o valor histórico e cultural das populações locais. É importante ressaltar que para os povos indígenas, em geral, não é comum a dicotomia so-ciedade e natureza, pois ambas fazem parte de um mesmo conjunto que é alimentado pela energia vital. Esta se encontra em constante interação no socioambiente e é adquirida ou perdida de várias formas.

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A relação entre os seres humanos e a natureza é responsável por ordenar toda a cosmo-gonia das diversas sociedades indígenas, isto é, sua visão de mundo e suas explicações sobre os fenômenos observados no seu cotidiano. Muitos mitos atribuem a origem dos astros, das plantas, dos animais e dos rios aos feitos dos seus antepassados. De maneira análoga, todos esses elementos da natureza poderiam dotar o homem de poderes que para nós parecem mágicos ou fantásticos, bem como quitar-lhes as forças vitais.

Para estar em harmonia com o ambiente e obter a energia necessária para as atividades diárias, como a caça, a pesca, a coleta, as relações sexuais, as guerras etc., é fundamental que os índios realizem diversas práticas culturais. Entre elas, podemos destacar o preparo coletivo dos alimentos, danças e músicas, jogos e competições, pinturas corporais, pajelanças e o consumo de bebidas e infusões.

Macunaíma e as Energias da Natureza

Mário de Andrade (1893-1945) foi um dos principais escritores do Modernismo paulista, que no ano de 1922 organizou a Semana de Arte Mo-derna e publicou a obra poética Pauliceia Desvai-rada, cujo “Prefácio Interessantíssimo” tornou-se emblemático do movimento. Em 1928, publicou o romance Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, marcado pelo experimentalismo radicalizado e pelo uso literário da linguagem popular, além de um pro-fundo conhecimento do folclore, lendas e manifes-tações religiosas de todo o Brasil. Na obra, o herói usa de sua astúcia para interagir com os elementos da natureza de maneira a usufruir de seus poderes mágicos e, consequentemente, da energia. Aos seis anos de idade, para conseguir fugir do Currupira que o perseguia, Macunaíma pede à cotia que estava farinhando a mandioca que lhe desse aipim. Depois de comer e contar como enganara o Currupira, esta lhe diz que lhe igualaria o tamanho do corpo ao da sua esperteza, então lhe jogou o caldo envenenado de aipim, fazen-do com que o herói ficasse do “tamanho de um homem taludo”.

Em outra situação, é morto pelo monstro Piaimã com uma flecha no coração, arrastado por este e picado “em trinta vezes trinta torresminhos” e posto para ferver na polenta. Seu irmão Maanape, que era feiticeiro, cata seus pedacinhos e ossos no caldeirão e os monta, depois o carrapato derrama, por cima, todo o sangue que chupara de seu rastro. Embru-lhando tudo com folhas de bananeira e soprando fumo, Maanape faz Macunaíma reviver.

A história do herói já foi interpretada por Grande Otelo em 1969, no filme Macu-naíma, do diretor Joaquim Pedro de Andrade, além de ter sido adaptada para o teatro em 1978, no espetáculo homônimo do Grupo Pau Brasil, depois Grupo de Teatro Macu-naíma. Em 1995, a artista plástica Ana Maria Pacheco utilizou a técnica de ponta-seca para produzir uma série de doze gravuras chamada As Proezas de Macunaíma.

Fonte: ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

Gravura da série “As proezas de Macunaíma”, de Ana Maria Pacheco.Disponível em: http://www.prattcontempo-raryart.co.uk/as-proezas-de-macunaima/. Acesso em 19/12/2013.

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Para manter a vida no nosso planeta é necessário um constante fornecimento de energia, cuja fonte primária é o Sol, incorporada à cadeia alimentar pelo processo de fotossíntese. Essa energia luminosa é captada por organismos fotossintetizantes (vegetais e algumas bac-térias) e utilizada para produzir compostos orgânicos ricos em energia (açucares) que serão utilizados nos processos celulares das plantas e para servir de energia para todas as outras formas de vida.

Pode-se ver no gráfico abaixo que a luminosidade é um fator importantíssimo para que ocorra a fotossíntese. Por exemplo, plantas de sol (heliófilas) em ambientes com pouca lumi-nosidade realizam pouca fotossíntese, acarretando um saldo energético negativo devido ao contínuo gasto de energia para respiração. Para plantas em crescimento não é interessante energeticamente ter a taxa de respiração superior à de fotossíntese, do contrário não seria possível se desenvolver.

Fotossíntese em Música

“Luz do solQue a folha traga e traduzEm verde novoEm folha, em graçaEm vida, em força, em luz.”

Trecho da letra de “Luz do sol”, composta por Caetano Veloso, álbum Caetanear, Universal Music, 1985.

Adaptado de http://docente.ifrn.edu.br/carlosbezerra/Material%20de%20apoio%20/AGRO%201M/metabolismo-energetico-fotossintese-e-respiracao/at_download/file. Acesso em 19/12/2013.

A alimentação é o meio pelo qual o homem obtém energia para o corpo. Muitas vezes, no entanto, ela se torna um problema para as sociedades industriais. A preocupação com as calorias contidas nos alimentos é uma questão da contemporaneidade, acarretando apreensão

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constante com as tabelas nutricionais e com os efeitos do excesso de consumo calórico. Por definição, a caloria é a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºC um grama de água durante o processo de metabolização. Essa energia é liberada mediante a quebra dos nutrien-tes que são absorvidos, permitindo o funcionamento do metabolismo em nosso organismo.

Como a caloria é uma unidade muito pequena, costuma-se usar como referência a quilocaloria (kcal) que equivale a 1000 calorias. Por exemplo, um grama de carboidrato quando metabolizado libera cerca de 4 kcal, enquanto um grama de lipídio libera cerca de 9 kcal. As proteínas nem sempre são utilizadas para produção de energia, pois são em-pregadas em funções estruturais. Ainda assim, a quebra de um grama de proteína também liberará aproximadamente 4 kcal. Em contrapartida, as vitaminas, os sais minerais e as fibras alimentares não são capazes de nos fornecer energia, embora sejam extremamente importantes para o funcionamento fisiológico do nosso corpo. Essa energia em forma de calor, que é liberada em nossos corpos, é utilizada em todas as atividades do organis-mo: andar, respirar, praticar esportes, estudar etc. Se ingerirmos a quantidade de energia correspondente à quantidade gasta pelo nosso organismo, viveremos em equilíbrio e não alteraremos o nosso peso.

Um homem adulto saudável necessita de aproximadamente 2500 kcal diárias para manter o organismo em funcionamento. Já um atleta, por exemplo, consome muito mais energia, podendo até dobrar esse valor. Mulheres grávidas também irão necessitar de mais calorias para garantir o suprimento de energia para o feto. Como podemos ver, o gasto energético total diário de um indivíduo varia e depende de seu estado fisiológico, faixa etária, hábitos e características específicas. O cuidado com a quantidade de energia que ingerimos é necessá-rio, pois seu excedente não é eliminado pelo nosso organismo. As calorias não utilizadas no metabolismo são armazenadas em forma de gordura e podem levar à obesidade, um grave problema de saúde pública para a população ocidental e cada vez mais para o mundo.

Seja através dos impactos causados por uma usina em determinado ecossistema em so-ciedade ribeirinha, seja pela fotossíntese decorrente da luz solar ou pela queima de calorias através de exercícios, é possível perceber que vida e energia estão intrinsecamente relacio-nadas. Assim como as culturas indígenas buscaram entender a relação entre seres vivos e natureza a partir da concepção de energia vital, a ciência atual também procura respostas sobre o “mistério da vida” nos fluxos energéticos.

Uma resposta bastante interessante surgiu a partir de pesquisas nas áreas de Química e Fí-sica e tem sido aplicada, sobretudo, nos estudos geológicos e arqueológicos com datação por carbono-14. Trata-se de um isótopo radioativo (radioisótopo) natural e instável do carbono, formado nas camadas superiores da atmosfera a partir do bombardeamento de átomos de nitrogênio-14 por nêutrons contidos nos raios cósmicos. O átomo de carbono-14 resultante desse processo reage com o oxigênio para formar dióxido de carbono.

A atmosfera apresenta níveis constantes de dióxido de carbono-12 (12C) e dióxido de carbono-14 (14C), sendo ambos absorvidos no metabolismo dos vegetais e animais e incor-porados às suas estruturas. Enquanto um ser se mantiver vivo a proporção entre 12C e 14C no seu organismo permanecerá constante, mas, após sua morte, a instabilidade dos átomos de 14C aumenta e sua quantidade relativa começa a diminuir devido a sua desintegração radiativa. A medição de 14C permite, assim, a datação confiável para amostras fósseis de até 70 mil anos. A partir daí, quantidades extremamente pequenas do elemento limitam a precisão dos resultados ou mesmo inviabilizam o trabalho de datação.

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O 14C tem possibilitado o avanço também em outras frentes de pesquisa, como a regene-ração celular. Nos últimos anos, a fronteira do conhecimento na área biológica está centrada na comprovação da existência de células-tronco que seriam responsáveis pela capacidade de regeneração celular de órgãos vitais, como, por exemplo, o coração. Está comprovado que os seres vivos trazem na sua constituição as marcas de sua interação com o meio ambiente, especialmente quando são submetidos à radiação. Eventos históricos relacionados à Guerra Fria, quando testes nucleares foram largamente realizados no Oceano Pacífico e em desertos, deixaram sinais nas plantas, animais e na cadeia alimentar. Estes testes foram abolidos ao se constatarem os seus efeitos nocivos. Porém, inexoravelmente, o 14C liberado e incorporado no CO2 atmosférico integra hoje parte do DNA dos seres humanos que viveram entre as dé-cadas de 1940 e 1960.

Datação por carbono-14

Testes nucleares na atmosfera, que ocorreram até 1963, geraram uma forma de car-bono radioativo, carbono-14. O carbono-14 presente no dióxido de carbono é absorvido pelas plantas, transformado em glicose (veja a equação) e entra na dieta humana. Uma vez no corpo, o carbono-14 é incorporado no DNA, e, quando uma nova célula se for-ma, seu DNA não muda. O nível de carbono-14 na atmosfera diminuiu a cada ano desde 1963 (veja o gráfico), de maneira que a quantidade encontrada numa célula revela o ano que ela se formou. Pela data de repro-dução, os pesquisa-dores podem calcu-lar quão rapidamen-te diferentes tecidos, tais como o intestino, o cérebro e o cora-ção são renovados.

Fonte: WADE, N. Heart Muscle Renewed

Over Lifetime. Study Finds, The New York

Times, 03/apr/2009. Disponível em:

http://www.nytimes.com/2009/04/03/

science/03heart.html?_r=0. Acesso em

23/4/2013.Disponível em: http://www.nytimes.com/imagepages/2009/04/03/scien-ce/03heart2.ready.html

Até recentemente, acreditava-se que o coração humano, uma vez desenvolvido, não se regenerava. Essa teoria pode ser submetida à verificação após as modificações observadas na atmosfera e nos organismos vivos em decorrência dos sucessivos testes nucleares. As hi-póteses foram colocadas nos seguintes parâmetros: se as células não se dividissem, a concen-

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tração de 14C no DNA não mudaria independentemente do que acontecesse na atmosfera. Por outro lado, ficou constatado que, se as células cardíacas se dividissem, a redução do 14C na atmosfera resultaria na sua diminuição no DNA dessas células. De fato, a energia em forma de radiação liberada nos testes nucleares permitiu que se concluísse que, embora a sua capacidade de regeneração seja baixa comparada a outros órgãos, como o fígado, o coração se regenera, resultando numa importante descoberta científica. Não se sabe ainda se este processo ocorre por ação de células-tronco ou divisão dos cardiomiócitos existentes, mas isso constitui outro desafio científico.

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Considerações finais

Como pudemos ver até aqui, energia é um termo que pode estar relacionado a inúmeros aspectos dentro da amplitude do conhecimento humano. Percorrendo alguns desses campos de saber, é importante não perder de vista o quanto a ciência está em constante processo de elaboração e transformação, posto que ela não é feita de certe-zas, mas de caminhos de pesquisa. Por exemplo, há aproximadamente quinze anos, a Astronomia se acreditava capaz de abranger em seus estudos grande parte do Univer-so. Entretanto, mais recentemente, pesquisas indicaram que apenas 4% do Cosmo (ga-láxias, estrelas, planetas etc.) pode ser visto pelo ser humano. Isto significa que ainda há muito o que descobrir e abre espaço para reflexões a respeito da significância da Terra diante da totalidade do Universo.

Entre muitas incertezas e perguntas, uma é bastante peculiar e relacionada ao que viemos tratando até aqui: o enigma da Energia Escura. Com base no conceito que conhecemos como Força Gravitacional, que nos mantêm presos à superfície da Terra, acreditou-se durante muito tempo que o Universo estivesse em permanente desacelera-ção, isto é, se expandindo cada vez mais lentamente.

Contudo, pesquisas científicas de finais dos anos 1990 indicaram que o movimento do Universo seria o oposto, estando em expansão acelerada. A hipótese surgiu a partir da análise de diversas medidas de distância e velocidade de afastamento de super-novas1, mas até o momento suscita para os astrônomos inúmeras interrogações. É por essa razão que o fenômeno recebeu dos cientistas o nome de Energia Escura, não por-que se refira de fato a alguma cor presente nos estudos, mas porque o termo representa o caráter de desconhecimento e mistério que cerca o assunto. A estimativa é que 73% do Universo seria composto por essa energia que estimularia a sua expansão.

O astrofísico americano Brian Schmidt2, ganhador do prêmio Nobel de Física em 2011 graças à sua descoberta, afirmou que a Energia Escura é ainda uma controvérsia científica e acredita que demorará muitos anos até que ela seja compreendida.

A ciência nasce e se alimenta de perguntas e são o tempo, o trabalho dos cientistas e o desenvolvimento das pesquisas que podem transformá-las em respostas. Perguntemos.

1 Corpos celestes resultantes da explosão de uma estrela.2 Em entrevista à revista Pesquisa, da FAPESP, disponível em http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/03/15/

brian-schmidt-o-enigma-da-energia-escura/. Acesso em 17/04/2013.

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Brian Schmidt

Por que decidiu ser um astrônomo?

Sempre pensei em ser meteorologista. Trabalhei numa estação meteorológica no Alas-ca. Mas percebi que o trabalho não era tão interessante. Então pensei em astronomia. Achava que nunca iria conseguir um emprego na área, mas resolvi estudar assim mesmo. Sabia que, estudando astronomia, iria aprender física, computação e muitas habilidades e acabaria encontrando algum trabalho. Fiquei surpreso quando obtive um emprego em astronomia depois de formado. Foi ótimo.

Como começou a estudar a questão da expansão do Universo?

Era um pedaço da ciência que, internamente, me interessava. Qual é a idade do Uni-verso? Qual será o seu destino? Era uma coisa muito incerta. Tive sorte de estar numa época em que a questão era interessante, as respostas eram desconhecidas e mudanças tecnológicas permitiram que tentássemos responder a essas questões. Foi algo fortuito.

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2013/03/058-059_BrianSchmidt_205.pdf. Acesso em 17/04/2013.

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