prÁtica jurÍdica ii - modelo embargos À execuÇÃo fiscal - ilegitimidade passiva

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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DA CIDADE DE JUIZ DE FORA/MG, SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Distribuído por dependência: AUTOS Nº XXX xxxx , brasileiro, casado, comerciante, filho de xxxx, portador da cédula de identidade nº xxx, SSP/MG, e do CPF sob o nº xxxx, residente e domiciliado na Rua xxxx, intimado da penhora de bens conforme contrafé inclusa (Doc. 01), nos autos da Execução Fiscal requerida pela UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL, no prazo legal, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio dos seus procuradores in fine assinados (mandato de procuração ENDEREÇO

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Page 1: PRÁTICA JURÍDICA II - MODELO EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - ILEGITIMIDADE PASSIVA

ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DA CIDADE DE JUIZ DE FORA/MG, SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Distribuído por dependência:AUTOS Nº XXX

xxxx, brasileiro, casado,

comerciante, filho de xxxx, portador da cédula de identidade

nº xxx, SSP/MG, e do CPF sob o nº xxxx, residente e

domiciliado na Rua xxxx, intimado da penhora de bens conforme

contrafé inclusa (Doc. 01), nos autos da Execução Fiscal

requerida pela UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL, no prazo legal,

vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio dos

seus procuradores in fine assinados (mandato de procuração

anexa), nos termos da Lei nº 6.830/80 e demais legislação que

rege a espécie opor

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCALpelos motivos de fato e de Direito a seguir aduzidos:

ENDEREÇO

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BREVE RELATÓRIO

Cuida-se de Execução Fiscal movida pela UNIÃO em face da empresa XXXX E OUTROS. Sendo o embargante, um dos executados, tendo arguindo a exceção de pré-executividade, vem, em momento oportuno, opor os EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA pelas razões de fato e Direito que a seguir serão devidamente apresentadas.

PRELIMINARMENTEDa exceção de pré-executividade

Cabe ressaltar a existência da arguição de exceção de pré-executividade que foi protocolada no dia 19 de setembro de 2011, às 15:32h, aos autos em epígrafe no anseio de tutelar a defesa do embargante.

Por tratar de questão de ordem pública, envolvendo as condições da ação, os pressupostos de constituição e desenvolvimento válido do processo executivo é que se deve analisar, inicialmente, a exceção de pré-executividade.

Além disso, a referida peça instrutória não só visa o regular andamento do processo, ou seja, a retirada do polo passivo da demanda principal do embargante que injustamente a figura, como também, visava evitar a constrição de bens do mesmo de forma equivocada.

Com base nisso, inicialmente, deve-se analisar a exceção de pré-executividade que fielmente demonstra a ilegitimidade passiva do embargante na execução fiscal, conforme se pode ver pela simples análise dos documentos que foram arrolados aos autos naquela oportunidade e que seguem também anexos.

DO MÉRITO

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DOS EMBARGOS À EXECUÇÃODa ilegitimidade da parte

Em que pese a existência da exceção de pré-executividade que ainda não foi analisada por Vossa Excelência, o então excipiente, agora embargante, vem, mais uma vez, apresentar e demonstrar a sua ilegitimidade passiva com fulcro no art. 741, III do CPC.

No caso em tela, conforme se pode ver nos documentos arrolados, o embargante não deveria figurar como devedor do título já que não há vinculação sua com o negócio que determinou a criação do documento. A postulação contra o mesmo deu-se por ignorância e até mesmo má-fé por parte da credora embargada.

O embargante iniciou sua participação na empresa, ora executada, no dia 18 de agosto de 1995, como se pode visualizar na alteração contratual realizada no Contrato Social da Empresa e que foi devidamente registrada na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, no dia 05 de setembro de 1995, documento em anexo (DOC. 02).

Ocorre que, no dia 19 de dezembro de 2000, retirou-se da referida empresa, segundo consta na alteração contratual do Contrato Social e que foi também devidamente registrado na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, no dia 27 de dezembro de 2000 (DOC. 03).

Nesse diapasão, exigir do indigitado devedor, nitidamente parte ilegítima, a segurança do Juízo para fins de apresentação da defesa foi medida odiosa e manifestadamente injusta do ponto de vista processual, sobretudo porque qualquer que seja o bem a ser oferecido à penhora permanecerá por longo tempo vinculado ao processo, tornando-se indisponível para o mesmo, com manifesto sacrifício econômico.

Cabe ressaltar, segundo consta no contrato que a alteração em que foi efetivada a entrada do embargante, há a constatação de que o tipo societário a ser adotado seria o da sociedade limitada. Com base nisso, as normas que regem a aludida sociedade encontram-se dispostas no Código Civil.

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Dessa forma, a retirada do embargante da sociedade, conforme dito anteriormente, não possui nenhuma objeção legal, mas, pelo contrário, está expressamente prevista no art. 1.029 do Código Civil, in verbis:

Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.

Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade.

Vale dizer, dessa forma, que o embargante responsabiliza-se pelas obrigações sociais advindas em período anterior a sua retirada e sobre débitos posteriores existentes a sua saída por um período de até 02 (dois) anos contados a partir da averbação da modificação contratual. Isso é o que dispõe literalmente o art. 1.032 do Código Civil, senão veja:

Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.

No presente caso, conclui-se, portanto, que o embargante só poderia ser responsabilizado por dívidas contraídas pela empresa até a data de 27 de dezembro de 2.002.

Com isso, mesmo que houvesse alguma dívida contraída no período em que o embargante pudesse ser responsabilizado, a possível dívida existente estaria PRESCRITA com base no que dispõe o art. 206, §5º, I, do Código Civil. E ainda seria abordado de forma categórica na presente demanda já que estaríamos, se fosse o caso, diante de causa extintiva da obrigação, conforme aduz o art. 741, VI do CPC.

Acontece que, é perfeitamente perceptível que os débitos contraídos pela empresa em questão foram adquiridos

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posteriormente a saída do executado e em período que o mesmo não deve ser responsabilizado. Dessa forma, não deve recair sobre o embargante uma dívida que não é sua, já que nas datas em que ocorreram os fatos geradores dos tributos exequendos não possuía o embargante qualquer relação com a empresa executada.

Frise-se que os fatos gerados dos tributos exequendos ocorrem em momento posterior a 27 de dezembro de 2.002, que é a data limite da sua responsabilidade por quaisquer débitos da empresa.

DOS EMBARGOS À PENHORADa impenhorabilidade do bem

Na mesma data que foi protocolada a exceção de pré-executividade, foi também lavrado auto de penhora, avaliação e depósito do bem do embargante.

O bem penhorado se trata de um veículo automotor, caminhonete, Ford F-1000 SCC, modelo/ano, 1994/1994, Diesel, cor prata, placa BZI-8587.

Ocorre que aludido veículo não poderia ter sido penhorado, primeiramente pelo fato de que o embargante não é parte legítima da demanda principal e, segundo, pelo fato de citado veículo não estar sujeito à execução já que a lei o considera impenhorável e/ou alienável (art. 648 do Código de Processo Civil).

Ademais, nosso ordenamento jurídico considera absolutamente impenhorável os instrumentos e bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão (Art. 649, V do CPC).

Com isso, o veículo em questão é tido legalmente como impenhorável já que é utilizado nos serviços prestados pela atual empresa do embargante para não só transportar as placas e toldos como também para os empregados prestarem serviços de manutenção das mesmas.

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Se não bastasse, o veículo em questão ainda foi avaliado por preço menor do que o seu valor de mercado. A oficiala de Justiça avaliou o veículo caminhonete, Ford F-1000 SC S, modelo e ano 1994/1994, diesel, cor prata, placa BZI-8587, no montante de R$26.000,00 (vinte e seis mil reais) (Doc. 04).

Acontece que o valor corrente do veículo em questão, de acordo com a tabela FIPE, é de R$34.361,00 (trinta e quatro mil trezentos e sessenta e um reais), conforme comprova o anexo documento (Doc. 05).

Diante de tais fatos fica evidente a ocorrência de penhora incorreta e avaliação errônea da Oficiala de Justiça com relação ao valor do bem penhorado (Art. 745, II do CPC).

Portanto, vem o embargante perante Vossa Excelência de acordo com todos os fatos acima transcritos, não só manifestar a existência da exceção de pré-executividade arrolada aos autos bem como trazer à baila a sua ilegitimidade passiva por mais uma vez e ainda aduzir sobre a questão da impenhorabilidade e avaliação errônea do bem constrito. Não restando outra alternativa senão a de clamar por justiça!

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer de Vossa Excelência:

a) Que sejam concedidos ao embargante os benefícios da assistência judiciária por não estar em condições de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, conforme Lei nº. 1060/50 e consoante a anexa declaração de pobreza para fins judiciais;

b) Que, inicialmente, seja conhecida e provida à exceção de pré-executividade existente nos autos, cuja argumentação e documentação juntada naquela oportunidade demonstram a ilegitimidade passiva do embargante. Devendo, assim, ser retirado do polo passivo da demanda, bem como desconstituída a penhora realizada;

c) Que sejam recebidos os presentes embargos à execução, intimando-se a embargada a se manifestar no prazo legal;

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d) Que sejam, ao final, julgados integralmente procedentes, acolhendo os seus argumentos acima relatados que demonstram a ilegitimidade passiva do embargante, além da impenhorabilidade e errônea avaliação do bem constrito. Devendo, dessa maneira, excluir o embargante do polo passivo, além de desconstituir a penhora do bem restrito já que o embargante não tem legitimidade para estar presente na demanda (art. 741, III do CPC).

e) E, caso Vossa Excelência entenda o contrário, que sejam acatados, aos menos, os argumentos já descritos de que o bem constrito é impenhorável já que é utilizado no trabalho do embargante (art. 648 c/c 649, V do CPC) e que seja levado em conta, também, o fato de que sua avaliação foi feita de maneira errônea, segundo as explanações demonstradas (Art. 745, II do CPC);

f) Que seja a embargada condenada nas despesas processuais e nos honorários advocatícios à base de 20% do valor do débito exequendo.

Provar-se-á o alegado por todos os meios de provas admitidos

pelo direito, em especial prova documental.

Atribui-se a causa o valor de R$ XXXX – valor da execução.

Termos em que,pede deferimento

Juiz de Fora-MG, 28 de setembro de 2011.

ADVOGADO

OAB

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