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PRÁTICA JURÍDICA I 2005 1º Semestre

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PRÁTICA JURÍDICA I

20051º Semestre

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EXPEDIENTE

CURSO DE DIREITO – CADERNOS DE EXERCÍCIOSCoordenação Geral do Curso de Direito da Universidade Estácio de SáProf. Sérgio Cavalieri FilhoProf. André Cleofas Uchôa Cavalcanti

COORDENAÇÃO DO PROJETOComissão de Qualificação e Apoio Didático-pedagógicoPresidência: Prof. Laerson MauroCoordenação: Prof.ª Tereza Moura

ORGANIZAÇÃO DO CADERNOProf.ª Solange Ferreira de Moura

COLABORAÇÃOProfessores Aloma Rangel, Iver Lessa, Lilian Coelho, Marilza de Freitas, NíveaPacheco e Tatiana Fernandes

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APRESENTAÇÃO

A metodologia de ensino do Curso de Direito é centrada na articulaçãoentre teoria e prática. Essa metodologia abarca o estudo interdisciplinardos vários ramos do Direito, permitindo o exercício constante da pesqui-sa, bem como a análise de conceitos e a discussão de suas aplicações. Oobjetivo é tornar as aulas mais interativas e melhorar a qualidade doensino da prática jurídica.Os pontos relevantes para o estudo dos casos devem ser objeto depesquisa prévia pelos alunos, envolvendo a legislação pertinente, a dou-trina e a jurisprudência, de forma a prepará-los para as discussões emsala de aula.Ao final de cada semestre, o aluno disporá de uma pasta completa epersonalizada, contendo peças processuais de qualidade, que servirãode base para o exercício profissional.

Coordenação Geral do Curso de Direito

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SUMÁRIO

Procedimentos de estágio de prática jurídica ............................. 7

AULA 1Articulação – teoria e prática. Competência (regras da CF, do CPC,do Codjerj). Organogramas com a estrutura do Poder Judiciário. Aescolha do rito. Elementos identificadores da demanda: partes(legitimação, capacidade de ser parte, capacidade processual).Causa de pedir (próxima e remota, a narrativa lógica dos fatos,fundamentação). O pedido (imediato, mediato, certo, determinado,genérico, alternativo, sucessivo, cumulação de pedidos). Oselementos da petição inicial. Estrutura de petição inicial. .......... 10

AULA 2Procedimento ordinário. Ação de conhecimento. Anulação denegócio jurídico. Elaboração de petição inicial. ......................... 15

AULA 3Procedimento Ordinário. Ação de Conhecimento. Nulidade denegócio jurídico. Elaboração de petição inicial. ......................... 15

AULA 4Procedimento sumário. Ação de conhecimento. Reparação de danoem imóvel. Elaboração de petição inicial. ................................... 16

AULA 5Procedimento da Lei 9.099/1995. Elaboração de petição inicial, compedido de antecipação de tutela. ................................................ 17

AULA 6Procedimento especial. Reintegração de posse, com pedido liminar.Elaboração de petição inicial. ..................................................... 18

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AULA 7Articulação – teoria e prática. As respostas do réu: exceções,reconvenção, contestação (princípios do contraditório, da ampladefesa, da concentração, da eventualidade), preclusão. O ônus daimpugnação especificada dos fatos. Defesas processuais edefesas de mérito. Estrutura da contestação. ............................. 19

AULA 8Procedimento ordinário. Ação pauliana. Elaboração decontestação. Preliminares e defesa de mérito. ............................ 22

AULA 9Procedimento sumário. Ação de reparação de danos. Elaboraçãode contestação. Preliminares e defesa de mérito. ....................... 24

AULA 10Procedimento da Lei 9.099/1995. Elaboração de contestação.Preliminares e defesa de mérito. Pedido contraposto. ................ 25

AULA 11Procedimento especial. Reintegração de posse. Elaboração decontestação. Preliminares. Defesa de mérito. Denunciação dalide. ............................................................................................ 27

AULA 12Procedimento ordinário. Ação reivindicatória. Preliminares.Defesas de mérito. Usucapião especial urbano em defesa. ........ 28

Bibliografia ................................................................................. 29

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PROCEDIMENTOS DEPRÁTICA JURÍDICA

Compete ao aluno

1. Ler, antecipadamente, o caso concreto que será objeto da aula seguin-te, revisando a base conceitual necessária.

2. Levar para a aula os apontamentos e o material de consulta necessári-os à solução do caso (código, doutrina e jurisprudência) e o esboço daestrutura da peça processual cabível.

3. Elaborar, individualmente, a peça processual, após a discussão docaso com o grupo, e entregá-la ao professor para correção.

4. Observar os seguintes critérios na elaboração da peça:

Forma

• Estrutura da petição• Presença de todos os elementos necessários• Coesão e coerência no discurso• Observância da modalidade culta da língua• Uso competente do repertório vocabular

Conteúdo

• Direito material em questão• Rito• Competência• Legitimidade ativa e passiva• Narrativa lógica dos fatos• Expressão jurídica escrita

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• Fundamentação jurídica• Pedido• Requerimento de provas• Valor da causa

5) Ao receber a peça corrigida, o aluno deverá proceder às modificaçõessugeridas pelo professor, aprofundando sua fundamentação com doutri-na e jurisprudência pertinentes.

Obs: Esta peça refeita deverá ser entregue ao professor na aula seguinte,juntamente com a original, para avaliação.

6) Arquivar as peças numa pasta própria identificada com nome, turma,turno, para ser entregue ao professor no dia da prova, para atribuição degrau.

Critérios de avaliação:

As provas de prática jurídica (PR1, PR2 e segunda chamada) serão com-postas de uma peça processual. O grau obtido na prova será somado aospontos atribuídos com base na avaliação progressiva do aluno por meiodos trabalhos semanais que constarão da pasta, entregue obrigatoria-mente na data da prova.

Atenção:

As PR1, PR2 e segunda chamada serão compostas de um caso concretopara avaliação e elaboração da peça processual cabível, valendo setepontos. A correção pelo professor será baseada na subtração dos pon-tos relativos aos erros, conforme indicadores abaixo.

Roteiro da peça processual para avaliação:

• Competência ......................................................................... 1 ponto• Rito ....................................................................................... 1 ponto• Legitimidade ativa ................................................................. 1 ponto• Legitimidade passiva ............................................................ 1 ponto

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• Narrativa lógica dos fatos ..................................................... 1 ponto• Fundamentação jurídica ........................................................ 1 ponto• Pedido ................................................................................... 2 pontos• Requerimento de provas ....................................................... 1 ponto• Valor da causa ....................................................................... 1 ponto

• A participação do aluno na discussão dos casos, em aula, a apresenta-ção oral dos casos, a expressão jurídica escrita, a reapresentação detodas as peças já corrigidas, com a inclusão de citações doutrinárias ejurisprudenciais, bem como, o zelo e a boa apresentação da pasta com ostrabalhos, valerão até 3 pontos.

• A prova final será composta de uma peça processual valendo até 10pontos.

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AULA 1

A PETIÇÃO INICIAL

1. ConceitoA petição inicial, instrumento de demanda, é a peça escrita na qual oautor formula o pedido de tutela jurisdicional ao Estado-juiz, para quediga o direito no caso concreto.

2. ElementosEla deve indicar (art. 282 do Código de Processo Civil (CPC):

I – O juiz ou tribunal a que é dirigida (em letra maiúscula).II – As partes – autor e réu (nomes em letra maiúscula) e a suaqualificação (nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e resi-dência).Obs.: Em razão do Provimento 20/1999 da Corregedoria de Justiça doTribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ/RJ), deve constar da quali-ficação o número do RG e do CPF das partes.III – O fato e os fundamentos jurídicos do pedido, isto é, a causa depedir e o nexo que, segundo o autor, existe entre ela e o efeito jurídicoafirmado ou, em outras palavras, o porquê do pedido, não sendoindispensável a indicação da norma jurídica que supostamente atri-bui o efeito ao fato (iura novit curia).IV – O pedido, com as suas especificações, identificando-se clara-mente:• os respectivos objetos imediato (natureza da tutela jurisdicionalpretendida) e mediato (objeto da pretensão de direito material);• objeto certo e determinado, ressalvadas as hipóteses deadmissibilidade de pedido mediato genérico arroladas no art. 286 doCPC;• a cominação pecuniária para o caso de descumprimento da senten-ça, se o autor pedir que o réu seja condenado a abster-se da práticade algum ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que nãopossa ser realizado por terceiro (art. 287);• da mesma forma, atenção nas hipóteses do art. 461 e seus parágra-fos e do art. 461-A, ambos do CPC;

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• em caso de pedido de antecipação de tutela, este será o primeiroitem do pedido, sendo necessária a prévia fundamentação, na causade pedir, dos motivos de sua necessidade, com ênfase na provainequívoca que convença o juiz da verossimilhança das alegações,com base no disposto no art. 273, caput, I ou II, observados os §§ 1°a 7° do CPC;V – O valor da causa do ponto de vista processual (art. 259 do CPC).VI – As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dosfatos alegados. Elas devem ser requeridas na inicial, que deverá serinstruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação(art. 283).VII – O requerimento de citação do réu (arts. 213, 219, 222, 224 e 231).Obs.: A inicial deverá ser acompanhada de uma cópia extra da peti-ção para servir de contrafé, no ato da citação, instruindo o mandado.VIII – A declaração do endereço em que o advogado receberáintimações (art. 39, I).

3. Aspectos formais da petição inicialA petição inicial tem por finalidade precípua veicular, com absoluta clare-za, a pretensão do autor à tutela jurisdicional. Tal objetivo requer algunscuidados formais que garantam a eficácia da peça como veículo informa-tivo e formador do livre conhecimento motivado do julgador. Seguemalguns parâmetros formais para a elaboração da petição inicial:

• margem direita – 3 cm;• margem esquerda – 4 cm;• fonte, no mínimo, 12;• espaço duplo;• órgão jurisdicional a que é dirigida em letra maiúscula;• 10 cm de espaço entre o endereçamento e o preâmbulo;• nomes das partes em letra maiúscula;• nomes dos representantes legais em letras maiúsculas e minúsculas;• nome da ação em letra maiúscula;• discurso indireto (narrativa com os verbos na terceira pessoa);• fatos narrados em ordem cronológica;• parágrafos curtos;• coesão e coerência no discurso;

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• nas citações deverá ser esclarecida a fonte do texto, sendo citaçãodoutrinária (o nome do autor, obra citada, editora, ano e página), e emcitação jurisprudencial (tribunal, câmara ou turma, espécie de recur-so, número do processo, data da publicação do acórdão);• quanto à forma, o texto de citação deve vir entre aspas, devendohaver um recuo da margem direita de 4 cm, o tamanho da letra devediminuir um ponto e o espaço entrelinhas deve ser reduzido a 1,5;• a conclusão da causa de pedir é muito importante, devendo ser umfecho adequado para a pretensão do autor;• não se termina a causa de pedir com citação de texto alheio;• o pedido segue a ordem dos atos processuais que serão realizados,devendo ser claro, conciso e, preferencialmente, dividido em itens;• prova não é item do pedido;• os meios de prova que serão produzidos devem ser indicados, no ritoordinário, ou requeridos, no rito sumário e no rito da Lei 9.099/1995;• o valor da causa deve ser expresso em reais (R$ xxxx).

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ESTRUTURA DE PETIÇÃO INICIAL

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO... (observar art. 282, I do CPC e oCódigo de Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro– Codjerj)

(NOME DA PARTE AUTORA), nacionalidade, estado civil, profissão,portador da Carteira de Identidade nº xxxxxxxx, expedida pelo xxxx, inscritano CPF/MF sob o nº xxxxxxxxxx, residente na rua (endereço completo),por seu advogado, com endereço profissional na rua (endereço comple-to), vem a V. Ex.ª propor

AÇÃO _______,

pelo rito _______, em face de (NOME DA PARTE RÉ), nacionalidade,estado civil, profissão, portador da Carteira de Identidade nº xxxxxxxx,inscrito no CPF sob o nº xxxxxx, residente na rua (endereço completo),pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

DOS FATOS

DOS FUNDAMENTOS

DO PEDIDODiante do exposto, requer a V. Ex.ª:a) a citação do réu;b) a procedência do pedido (imediato e mediato);c) a condenação do réu aos ônus da sucumbência.

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DAS PROVASRequer a produção de prova documental, pericial, testemunhal e odepoimento pessoal do réu.

DO VALOR DA CAUSAR$...........

P. Deferimento.

Rio de Janeiro, ____de_______________ de ______.

________________________________Nome do(a) advogado(a)

OAB/RJ nº xxxx

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AULA 2

CASO CONCRETO

Márcio Pereira, brasileiro, solteiro, empresário, residente na estrada dasCanoas, 123, na Gávea, resolveu fazer um cruzeiro marítimo. Durante opasseio, após uma tempestade, o navio onde estava afundou. Prestes ase afogar, e antes de desmaiar, Márcio sentiu que alguém o enlaçara pelacintura, evitando que se afogasse.

Ao recobrar os sentidos, em ilha próxima ao local do naufrágio, Márcioencontrou ao seu lado, desfalecido, um dos marinheiros do navio ondeviajava, Cláudio Botelho. Entendeu que Cláudio fora o responsável pelosalvamento.

Os dois foram resgatados por outro navio que passava pelo local.Márcio, ao retornar ao Rio de Janeiro, doou um imóvel localizado naEstrada das Conchas, 561, em Campo Grande, no valor de R$ 150 mil,como agradecimento a Cláudio Botelho, que, muito comovido, aceitou adoação, passando a residir no local com sua mulher Divina Botelho.

Um ano após a doação, ou seja, em 12 de janeiro de 2005, Márcio foivisitar seu salvador e este, após beber muita cerveja, já em estado deembriaguez, confessou que não fizera o salvamento, e que o verdadeirosalvador era outro marinheiro, Paulo José da Silva. Divina, tambémembriagada, debochou da falta de sorte de Paulo José, que fora resgata-do por outro barco e não teve a chance de “se dar bem”.

Indignado, Márcio disse a Cláudio que queria desfazer a doação.Cláudio sorriu e disse que não devolveria o imóvel porque, embora nãotenha feito o salvamento, não pediu nada em troca, e se por engano odoador resolveu presenteá-lo, não poderia, agora, requerer o imóvel devolta.

Márcio procura você, advogado, requerendo o desfazimento do ne-gócio. Promova a medida judicial cabível.

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AULA 3

CASO CONCRETO

Gentil Pimenta, brasileiro, divorciado, próspero empresário, conviveu emregime de união estável por 15 anos com Eliete Nascimento, brasileira,solteira, do lar, residente na rua Itabaiana, 131, apartamento 102, Andaraí,Rio de Janeiro.

Há cerca de três anos, desnorteado com a ruína de seus negócios evendo crescer as dívidas, avistando o declínio financeiro, Gentil come-çou a alienar bens para satisfazer seus credores, bem como destinar partedo patrimônio a seus irmãos.

No dia 28 de outubro de 2004, celebrou contrato de compra e vendado imóvel constituído por um terreno não edificado, localizado na ruaDesembargador Isidro, 171, Tijuca, pelo valor de R$ 100 mil. Figuroucomo compradora sua irmã Rosa Esmeralda Pimenta, brasileira, solteira,secretária, residente na rua Araxá, 56, Méier, nesta cidade.

É certo que o terreno fica situado a 50 metros da atual residência deGentil, na rua Desembargador Isidro, 200, apartamento 302, Tijuca, utili-zado como estacionamento de veículos.

Diante da situação tensa, Gentil e Eliete começaram a ter desentendi-mentos que acarretaram a propositura de ação por iniciativa de Gentil, em10 de janeiro de 2005, resultando a decretação da dissolução da uniãoestável e conseqüente partilha dos bens adquiridos na constância daunião, entre os quais está o terreno mencionado.

Ciente dos fatos e sentindo-se prejudicada, Eliete procura você,advogado(a), narrando que o valor atribuído ao referido terreno, na es-critura de compra e venda, não corresponde ao valor de mercado. Atéporque fica situado em área nobre comercial. Explorado como estaciona-mento, é valorizado significativamente, podendo ser avaliado, conformedocumentos apresentados, até por R$ 500 mil.

Eliete salienta que Rosa Esmeralda jamais teria renda para adquirir oimóvel, ainda que pelo valor constante na escritura, porque é auxiliar desecretaria, em uma creche no Méier e recebe salário de R$ 400,00 mensais.Aduz, ainda, que Gentil continua utilizando o terreno para estacionar seu

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automóvel, pois o edifício em que reside não possui vagas na garagem, ealugando vagas para outros vizinhos.

Elabore a peça processual necessária para invalidar o negócio jurídico.

AULA 4

CASO CONCRETO

Luiz Eduardo Abrantes e sua mulher Dirce Abrantes, brasileiros empre-sários, são proprietários do imóvel situado na avenida Sernambetiba,6.660, apartamento 1.001, Barra da Tijuca, onde residem há cinco anos,procuram você, advogado (a), narrando os fatos a seguir.

Há seis meses o apartamento de cobertura do prédio, localizado ime-diatamente acima do 1.001, foi adquirido por Rosário Mendonça e suamulher, Valéria Mendonça. Antes mesmo de se mudarem, os novos pro-prietários iniciaram obras na cobertura. As reformas provocaram racha-duras no teto do apartamento 1.001, infiltrações e vazamentos, danifican-do o imóvel na sala, em dois quartos e na varanda.

Luiz Eduardo procurou Rosário, solicitando providências para o con-serto de seu imóvel. Ao entrar na cobertura, constatou que fora construídauma pequena piscina, que evidentemente causava os vazamentos. Rosá-rio, a princípio, negou qualquer responsabilidade, alegando que as ra-chaduras e os vazamentos deviam-se a problemas estruturais no prédio.Depois disse que enviaria um mestre-de-obras para verificar as condi-ções do imóvel de Luiz Eduardo.

O mestre-de-obras enviado por Rosário, Paulo Gomes, alegou serproblema decorrente da impermeabilização na construção da piscina, eapresentou um orçamento de R$ 16 mil para fazer o reparo que disse sernecessário. Rosário pagou pela obra.

Ocorre que, ao longo dos meses, os danos no apartamento 1.001 seagravaram. Após o término da impermeabilização da cobertura, Luiz Eduar-do fez três orçamentos para os reparos necessários em seu apartamento,que necessitava de conserto nos tetos, reparos nas fiações elétricasatingidas pelos vazamentos, pintura e ainda a substituição de parte dos

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armários embutidos dos quartos, cuja madeira apodreceu. Os orçamen-tos variaram de R$ 37 mil a R$ 43 mil.

Rosário recusou-se terminantemente a pagar. De tal modo, pararecuperar as condições de conforto em sua residência, Luiz Eduardo eDirce efetuaram a reforma necessária que custou R$ 39 mil, conformecomprovam os recibos.

Antes de iniciarem os reparos, porém, os proprietários do aparta-mento 1.001 solicitaram um laudo pericial firmado pelos engenheiros Otá-vio Lima e Ernesto Pinheiro, atestando que a origem dos danos causadosao imóvel deveram-se à construção da piscina na cobertura.

Promova a medida judicial cabível.

AULA 5

CASO CONCRETO

Você, estagiário do Núcleo de Primeiro Atendimento da UniversidadeEstácio de Sá, no Centro do Rio de Janeiro, é procurado por FabianaMaria Silva, brasileira, solteira, secretária, residente na rua do Catete,456, apartamento 407, no bairro do Catete, que lhe narra os fatos a seguir.

Fabiana é titular do plano de saúde Cuida de Mim, com sede naavenida Rio Branco, 666, grupo 910, no Centro, desde dezembro de 1999.No plano, incluiu sua filha, Janaína Silva, hoje com um mês de vida comosua dependente, quando possuía oito dias de nascida, não sendo apre-sentada nenhuma doença pré-existente.

Ocorre que em 12 de abril de 2005, em visita pediátrica de rotina, foidiagnosticado que Janaína tem persistência de canal arterial, com umquadro clínico de insuficiência cardíaca congestiva, apresentando difi-culdade respiratória e necessitando de internação hospitalar e cirurgiaurgente.

Fabiana tentou fazer a internação imediata de sua filha, mas o planode saúde negou, alegando ser a doença pré-existente. O procedimentomédico ao qual a menor necessita submeter-se é estritamente necessárioà sua sobrevivência, e a não ocorrência da cirurgia pode acarretar seufalecimento.

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Elabore a medida judicial cabível para a internação imediata de Janaínaem UTI e para a realização da cirurgia cardíaca.

AULA 6

CASO CONCRETO

Paulo de Assis, brasileiro, solteiro, estudante universitário, residente noRio de Janeiro, na avenida Nossa Senhora de Copacabana, 1.234, aparta-mento 809, em Copacabana, é locatário deste imóvel há quatro anos,desde que veio para o Rio de Janeiro estudar medicina, O contrato, após30 meses, passou a prazo indeterminado, com aluguel sempre vencendono dia cinco de cada mês, atualmente no valor de R$ 600,00.

O locador, Pedro Pereira, brasileiro, viúvo, aposentado, reside nomesmo prédio, no apartamento 801. Os aluguéis são pagos diretamente aele, em cheque, mediante recibo.

Paulo passa as férias na fazenda dos pais, no interior de Goiás,ajudando-os na lavoura. No início de fevereiro de 2005, na véspera doretorno de Paulo ao Rio de Janeiro, seu pai, Ademir de Assis, teve graveinfarto. Ficou vários dias na UTI, até falecer em 13 de março de 2005. Amãe e os quatro irmãos mais jovens ficaram transtornados e Paulo tevede organizar os negócios da família e contratar um administrador para afazenda, antes de voltar ao Rio de Janeiro para concluir o curso demedicina.

Ao chegar ao Rio de Janeiro no dia 1° de abril de 2005, Paulo nãoconseguiu entrar em seu apartamento porque a fechadura havia sidotrocada. O porteiro informou que o proprietário do imóvel, devido aoatraso no pagamento dos aluguéis referentes aos meses de fevereiro emarço e da ausência de Paulo, mandara arrombar a porta, retirar os per-tences de Paulo, colocá-los em caixotes na garagem, trocar a fechadura eanunciar o imóvel para locação.

Paulo desesperou-se ao ver os seus inúmeros livros de medicina,equipamentos, computador e impressora, suas roupas brancas e jalecose todos os seus objetos pessoais amontoados em caixotes num canto dagaragem do prédio. Dirigiu-se ao apartamento do locador, que recusou-se a abrir a porta, dizendo que era o dono do apartamento e que Paulo era

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“caloteiro”. Paulo explicou o ocorrido com seu pai, mas o locador retru-cou que era mais uma razão para despejá-lo porque agora a vida de“filhinho de papai” tinha acabado e que ele não teria mesmo condiçõesde pagar os aluguéis.

Indignado, Paulo procura você, advogado (a).Promova a ação cabível.

AULA 7

Articulação – teoria e prática

A CONTESTAÇÃO

Modalidade de resposta do réu na qual devem ser oferecidas todas asdefesas (art. 300 do CPC – princípio da concentração, do qual decorre oprincípio da eventualidade), sob pena de preclusão:

No plano processual (art. 301 do CPC) – preliminares peremptórias(ex.: ausência de pressupostos processuais, falta de condições para olegítimo exercício do direito de agir etc.), que, acolhidas, resultam naextinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267 do CPC), oupreliminares dilatórias (incompetência absoluta, conexão), que, acolhi-das, resultam na remessa dos autos do processo ao juízo consideradocompetente ou prevento, respectivamente;

No plano do direito material – defesas de natureza direta, negando ofato constitutivo do direito do autor, alegado na petição inicial, e/ouindiretas, alegando fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direitodo autor, postulando a improcedência do pedido autoral.

Obs.: Na contestação, os fatos deverão ser narrados, em ordem cro-nológica, do ponto de vista do réu, com especial atenção ao ônus daimpugnação especificada dos fatos alegados pelo autor (art. 302 doCPC), sob pena de confissão ficta.

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ESTRUTURA DE CONTESTAÇÃO

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA (colocar o número da Vara para aqual a ação foi distribuída)

Processo nº................

(NOME DA PARTE RÉ), já qualificada, por seu advogado, com endereçoprofissional na rua (endereço completo), nos autos da

AÇÃO _________,

pelo rito ________, movida por (NOME DA PARTE AUTORA), vema V. Ex.ª, em

CONTESTAÇÃO,expor e requerer o que segue:

PRELIMINARMENTE (arts. 301 do CPC; defesas processuais)

NO MÉRITO (arts. 300, 302 e 303 do CPC)

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a V. Ex.ª:

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a) a remessa dos autos ao juízo competente ou prevento (preliminaresdilatórias do art. 301, II ou VII do CPC);b) a extinção do processo sem julgamento do mérito (preliminares pe-remptórias do art. 267 do CPC);c) a improcedência do pedido autoral (art. 269, I do CPC);d) a condenação do autor aos ônus da sucumbência (art. 20 do CPC).

DAS PROVAS

Requer a produção de prova documental, pericial, testemunhal, bem comoo depoimento pessoal do autor (art. 332 e segs. do CPC).

P. Deferimento.

Rio de Janeiro, ____de_______________ de ______.

________________________________Nome do(a) advogado(a)

OAB/RJ nº xxxx

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AULA 8

CASO CONCRETO

Você, advogado(a), é procurado por Manoel de Souza para contestar opedido constante da petição inicial abaixo, que foi distribuída para a 41ªVara Cível Central da Comarca da Capital. Manoel comprova que, naépoca da realização da doação, os réus eram solventes, possuindo ou-tros imóveis que alienaram para custear o tratamento de saúde de suamulher, que se encontra em estado terminal de câncer. Informa, ainda,que a escritura de doação foi lavrada e registrada em 4 de janeiro de 2001.Outrossim, sua filha, donatária, tem agora 19 anos de idade, embora ain-da resida com seus pais.

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCADA CAPITAL-RJ

LOURIVAL BRAGA, brasileiro, divorciado, publicitário, inscrito no CPFsob o n° 441.203.179-1, residente e domiciliado na rua dos Mouros, n° 34,Botafogo, nesta cidade, pelo seu advogado infra-assinado, com endereçoprofissional na rua da Fé n° 13, Centro, nesta cidade, vem a V.Exa. propor

AÇÃO PAULIANA

em face de MANOEL DE SOUZA, brasileiro, casado, engenheiro e suaesposa VANDA DE SOUZA, brasileira, casada, professora, ambos resi-dentes e domiciliados na rua Flores, n° 44, Jacarepaguá, nesta cidade,com fundamento nos artigos 158 e 171 do Código Civil Brasileiro, pelasrazões de fato e de direito que passa a expor:

1) O autor é credor dos réus de prestações de alugueres e encargosda locação dos meses de junho de 2002 a março de 2003, do imóvellocalizado na Rua dos Anzóis, 399, apto. 604, Catete, nesta cidade, con-forme contrato de locação em anexo, onde consta como locatária IdalinaMendonça.

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2) Os réus são fiadores e principais pagadores, sendo assim, deve-dores solidários com a inquilina, conforme contrato de locação do imó-vel. (Doc.)

3) O autor ajuizou, em 30 de outubro de 2004, Ação de Execuçãocontra os réus que tramita perante o juízo da 44ª Vara Cível (cópia emanexo), referente aos alugueres e encargos da locação do imóvel do qualforam fiadores, sendo ambos citados no referido feito, no qual não paga-ram o débito de R$ 6.765,43 (seis mil, setecentos e sessenta e cinco reaise quarenta e três centavos) e nem ofereceram bens à penhora.

4) O autor, exeqüente na Ação de Execução da 44ª Vara Cível, consta-tou quando foi penhorar o único bem imóvel conhecido dos réus, locali-zado na rua das Flores, que o mesmo, para sua surpresa, havia sidodoado por ambos, dois meses após a assinatura da fiança, em favor desua filha menor impúbere Sônia de Souza, com cláusula de usufruto vita-lício em favor dos mesmos, conforme certidão de ônus reais que segueem anexo.

5) Os fiadores réus agiram assim em fraude contra credor, conforme oart. 158 do Código Civil, pois a escritura de doação feita em favor de suafilha menor impúbere, dois meses após a assinatura do contrato de loca-ção, com cláusula de usufruto vitalício para os mesmos, tem a nítidaintenção de não cumprir com o pagamento de suas obrigações de fiado-res e devedores da locação em questão, não tendo em nenhum momentocomunicado ao locador credor tal situação.

6) O autor alerta ao nobre julgador que a prestação de fiança pelosréus foi anterior à doação em questão, sendo a mesma portanto nula, semefeito perante as partes, pois foi feita com a intenção de fraudar o credorlocador.

7) O artigo 158 do Código Civil Brasileiro é cristalino diante de talsituação.

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8) Assim, a pretensão do autor de anular a escritura de doação, estádiretamente ligada à norma contida no art. 158 do CCB, ou seja, os réuscom a doação em questão agiram de má-fé e também em fraude contracredor, que, diante de tal ato, ficou sem a possibilidade de receber seucrédito decorrente da fiança da locação.

Pelo exposto, requer a V. Ex.ª o seguinte:a) a citação dos réus, para, querendo, apresentar contestação, sob

pena de sofrer os efeitos da revelia;

b) que seja julgado procedente o pedido e, conseqüentemente, anu-lada a escritura de doação do imóvel em questão;

c) que sejam os réus condenados a arcar com os ônus dasucumbência.

Requer a produção de prova documental e testemunhal, além detodas as outras que se fizerem necessárias no curso do processo.

Dá à causa o valor de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais).

N. Termos,P. Deferimento.

Rio de Janeiro, 1º de abril de 2005.

_________________________________CAIO LOPES

OAB/RJ n° 007

AULA 9

CASO CONCRETO

Silvana Moraes, brasileira, solteira, autônoma, portadora da cédula deidentidade nº 255.669.45-8, inscrita no CPF/MF sob o nº 887.998.885-63,residente e domiciliada na rua das Acácias, 321, São Conrado, Rio deJaneiro, promoveu pelo rito comum sumário uma ação de reparação de

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danos, perante o MM Juízo da 1ª Vara Cível Regional da Barra da Tijuca,em face de Nilton Honório, brasileiro, solteiro, autônomo, portador dacédula de identidade nº 255.669.45-8, inscrito no CPF/MF sob o nº887.998.885-63, residente e domiciliado na rua Passo Fundo, 85, apto.302, Botafogo.

O pedido fundamentou-se no acidente que se deu no dia 23 demaio de 2004 entre o veículo Fiat-Palio, placa ZZZ-3456, de propriedadedo réu, que abalroou o veículo marca BMW, placa DDD-9875, de propri-edade da autora, que estava parado em um cruzamento na avenida Vis-conde de Pirajá, em Ipanema. O veículo do réu estava sendo conduzidopor pessoa não identificada, que após o evento evadiu-se, sendo a placaanotada por duas testemunhas.

Silvana deduziu ainda em sua petição inicial que, em razão do aciden-te, além dos danos ao seu carro, no valor de R$ 27.000,00 (vinte e sete milreais), deu-se a perda total de uma escultura que transportava no veícu-lo, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ,

Citado, o réu procura você advogado(a). Diz que o carro objeto doacidente já fora alienado para Antonio da Conceição, brasileiro, enge-nheiro, residente na avenida das Américas, 1.234, apto. 201, Barra daTijuca, há cerca de cinco meses antes desse acidente, tendo assinadorecibo de venda, do qual possui cópia autenticada, e entregue o veículoao comprador, na presença de seu vizinho, Nestor de Sá. Revela aindanão saber as razões pelas quais seu nome ainda consta no Detran comoproprietário.

Elabore a peça processual adequada para defesa de Nilton Honório.

AULA 10

CASO CONCRETO

Simone da Silva, brasileira, casada, bancária, exercendo cargo de geren-te, CPF/MF 456.789.123-77, residente e domiciliada na rua Mário Costa,180, casa 9, no Méier, foi citada para responder a uma ação proposta porOdaléa Melo, residente e domiciliada na rua Adolfo Luiz, 259, apto. 205,no Engenho de Dentro, em curso perante o XXI Juizado Especial Cível. Aaudiência de conciliação, marcada para 30 de abril de 2005, tem por objeto

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a cobrança do valor de R$ 1.530,00, relativa às cotas de condomínio econtas de gás do imóvel em que reside, referentes aos meses de julho adezembro de 2003.

Simone procura você, advogado(a). Informa que Odaléa propôs açãoidêntica a esta, perante o XIII Juizado Especial Cível, no Méier, comaudiência marcada para o dia 11 de junho de 2005, processo no qualtambém já foi citada e intimada.

Simone esclarece que adquiriu de Odaléa o imóvel em que reside, pormeio de Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel Residenciale de Mútuo com Pacto Adjeto de Hipoteca, pelo valor de R$ 80.000,00, em17 de dezembro de 2003.

Da cláusula n° 2 do citado contrato consta expresso que o imóvelobjeto do contrato “está desocupado, livre e desembaraçado de quais-quer ônus real, pessoal ou fiscal, judicial ou extrajudicial, dívidas, arres-to, seqüestro, penhora, impostos, taxas, medidas cautelares, locação,comodato, ou restrições de qualquer natureza. (...)”

O ITBI foi pago no dia 27 de dezembro de 2003 e o contrato registra-do no RGI em 15 de janeiro de 2004. Em 16 de janeiro de 2004 a autorarecebeu o valor de R$ 80.000,00 da instituição financiadora da compra.Somente nesta ocasião Simone recebeu as chaves do imóvel.

Simone e seu marido mudaram-se para o imóvel no dia 24 de janeirode 2004 . A transferência da conta do gás para o nome da ré foi feita no dia21 de janeiro de 2004.

Desde que recebeu a posse do imóvel, Simone tem pago em diatodos os encargos condominiais e taxas referentes ao imóvel. Não háqualquer débito, como comprova em documentos .

Vale ressaltar que o documento acostado pela autora como funda-mento da ação é tão somente a comprovação do depósito de reserva,feito por Simone, no valor de R$ 1.000,00, datado de 21 de julho de 2003,no qual contam as seguintes observações: “(...) A) O imóvel será vendi-do inteiramente livre e desembaraçado de todos e quaisquer ônus judici-ais, extrajudiciais, quite de impostos, taxas, luz, gás, água e IPTU. B) Aposse do imóvel será dada no ato da apresentação do protocolo doregistro geral de imóveis. (...)”

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Por fim, Simone informa que a demora para a efetivação da compradeveu-se ao fato de que a documentação do imóvel não estava regulari-zada o que atrasou a conclusão do processo de financiamento.

Elabore a contestação, ciente de que a audiência de conciliação seráconvocada em instrução e julgamento, caso não haja acordo e que suacliente não cogita transigir, por nada dever à autora.

AULA 11

CASO CONCRETO

Você, advogado(a), é procurado(a) por Aderbal do Nascimento, relatan-do que recebeu mandado de citação/intimação da Ação de Reintegraçãode Posse movida pela administradora Administra Bem Ltda, conformecópia da petição anexa ao mandado. Aderbal alega que o imóvel objetoda lide foi por ele locado há 1 ano e 6 meses, por meio de contrato delocação verbal, celebrado com Leôncio da Silva, proprietário do imóvel,ajustando preço e recebendo as chaves na presença de uma testemunha,bem como do porteiro, ao qual foi apresentado como sendo o novomorador do imóvel, passando a residir no imóvel com sua esposa. AlegaAderbal em sua defesa que o contrato de locação encontra-se em vigor(contrato de 30 meses), estando com os alugueres em dia, não tendo sidoem momento algum notificado a desocupar o imóvel. Alega ainda queforam realizadas obras em medida de urgência por estar o piso de madeiracom cupim, conforme laudo de empresa especializada, no valor de R$2.300,00.

Você, advogado(a), verifica que a parte autora não tem poderes pararepresentar o proprietário do imóvel, não provando ainda a posse anteri-or. Promova a medida judicial cabível na defesa de seu cliente.

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL COMARCADA CAPITAL.

ADMINISTRADORA ADMINISTRA BEM LTDA, inscrita no CNPJ nº123.456.789/0001-04, com endereço na rua Barata Ribeiro, n° 34, bairroCopacabana, RJ, representada por João da Silva, brasileiro, solteiro, RG

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99887764, e CPF nº 213.213.213-23, por seu advogado infra-assinado,com endereço profissional na rua da Fé n° 13, Centro, nesta cidade, vema V.Exa. propor

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE

em face de ADERBAL DO NASCIMENTO, brasileiro, casado, carpintei-ro, residente e domiciliado na rua do Socorro, n° 222, apto. 202,Jacarepaguá, Rio de Janeiro, nesta cidade, pelas razões de fato e dedireito que passa a expor:

1) A parte autora é possuidora do imóvel em que se encontra residin-do a parte ré, sito à rua do Socorro, nº 222, apto. 202, Jacarepaguá. Ocorreque o réu invadiu o imóvel, juntamente com sua esposa, há cerca de 1ano e 3 meses, estando ali residindo, sem a devida autorização da parteautora.

2) Ato contínuo à invasão, a parte ré trocou a fechadura da porta, eainda passou a realizar obras no imóvel, como por exemplo a troca dopiso, à revelia da parte autora, que certamente não concorda e jamaispermitiria que fosse trocado o piso, posto que encontrava-se em perfeitoestado de conservação.

3) Ora, Exª, resta claro que tal situação não pode passar impune aosolhos da justiça, posto que o réu é possuidor de má-fé, restando configu-rada a aplicação dos arts. 1200 e 1202, do CC/2002, posto que a posse éclandestina tendo o réu ciência do vício e obstáculo que o impede de serpossuidor.

4) Ademais, os art. 1196 C/C e 1210 do CC/2002 conferem à parteautora o direito de reivindicar o bem de quem injustamente o possua,sendo certo que a posse do réu é injusta, clandestina e de má-fé.

5) Insta ainda ressaltar que faz jus a parte autora ao recebimento detaxa de ocupação no valor de R$ 500,00 por mês, posto que encontra-sea parte ré ocupando, indevidamente, o imóvel há 1 ano e 3 meses.

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6) Por fim resta configurado o direito da parte autora à reintegraçãode posse, não tendo a parte ré direito às benfeitorias realizadas, uma vezque foram feitas sem qualquer autorização, ou seja, de forma clandestina,sendo também desnecessárias, conforme já mencionado acima, aplican-do-se assim o disposto no art. 1220 do CC/2002, salientando ainda que oréu foi notificado para deixar o imóvel, tendo restado infrutífera a tentati-va de conciliação.

7) A parte autora, alegando a invasão do imóvel, na modalidade deesbulho, tem o direito pelo art. 924 e 928 do CPC à concessão da medidaliminar para reintegração de posse do imóvel ou ainda alternativamente àconcessão da Tutela Antecipada com base no art. 273 do CPC, para queo réu desocupe o imóvel em 48 horas, diante do caráter de urgência quese demonstra na presente ação.

Pelo exposto, requer a V. Exa.:a) a concessão da Medida Liminar e/ou Antecipação de Tutela, de-

terminando a reintegração na posse no imóvel, em 48 horas, sob pena demulta diária de R$ 500,00, bem como multa em caso de novo esbulho.

b) a citação do réu, para, querendo, apresentar contestação sob penade sofrer os efeitos da revelia;

c) que seja julgado procedente o pedido de reintegração de posse,condenando a parte ré a desocupar o imóvel no prazo de 48 horas, sobpena de multa diária a ser estabelecido por V. Exª., bem como a condena-ção da parte ré ao pagamento da taxa de ocupação no valor de R$ 500,00por mês.

d) que seja o réu condenado a arcar com os ônus da sucumbência;

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em especialdocumental, testemunhal e depoimento pessoal.

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Dá à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais)

N. Termos,P. Deferimento.

Rio de Janeiro, 1º de abril de 2005.

_________________________________CAIO LOPES

OAB/RJ n° 007

AULA 12

CASO CONCRETO

José dos Santos, brasileiro, casado com Maria Helena Braga dos Santos,empresário, residente na rua José de Assis, 70, Campo Grande, Rio deJaneiro, adquiriu o imóvel localizado na Rua das Pedras, 65, Santa Cruz,Rio de Janeiro. O instrumento público de compra e venda foi registradono RGI. O contrato foi celebrado com Gilmar Mendes, vendedor, queapresentou a certidão de inteiro teor do RGI ao comprador na época donegócio.

Quando procurou imitir-se na posse do bem comprado, José encon-trou Flávio Ferreira e sua mulher, Carla Matos Ferreira, ocupando o imó-vel. Questionados quanto à razão de estarem residindo ali, responderamque celebraram um contrato particular de compra e venda do imóvel comMauro Medina, pagando-lhe integralmente o preço.

Como Flávio e Carla negaram-se a se retirar do imóvel quando inter-pelados por José, este ajuizou Ação Reivindicatória em face daqueles,pleiteando ao juiz a imissão na posse da coisa.

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Flávio e Carla procuram seu escritório, munido de Mandado de Cita-ção expedido pelo Juízo de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca da Capital,onde a ação foi proposta, datado de 15 de fevereiro de 2005, com o intuitode se defenderem, fazendo valer seus direitos com relação ao bem objetoda demanda, o qual constitui seu único patrimônio, além dos móveisinteriores.

Seus clientes informam que residem pacificamente no imóvel de 182m² há cinco anos e três meses ininterruptos. Outrossim, mostram o con-trato que celebraram, percebendo você que não se trata de escrituradefinitiva e, pelo óbvio, não foi providenciado o competente registroimobiliário.

Acrescentaram, ainda, que foram realizadas diversas obras na parteelétrica e hidráulica do imóvel, já que o mesmo encontrava-se em péssi-mo estado de conservação.

Elabore a peça processual cabível, devendo atentar para todos osfatos e fundamentos que devem ser alegados, bem como especificar ointeresse jurídico dos seus clientes.