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Prática de ato infracional: direitose garantias Matéria está disciplinada no Título III do Estatuto (arts. 103 a 128). A análise abrange direitos individuais, garantias processuais e as medidas socioeducativas que lhe são aplicáveis.

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Page 1: Prática de ato infracional: direitose garantias Matéria está disciplinada no Título III do Estatuto (arts. 103 a 128). A análise abrange direitos individuais,

Prática de ato infracional:direitose garantias

Matéria está disciplinada no Título III do Estatuto (arts. 103 a 128).A análise abrange direitos individuais, garantias processuais e as medidas socioeducativas que lhe são aplicáveis.

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• CONCEITO DE CRIMECrime é o fato típico, antijurídico e culpável.Crianças e adolescentes não praticam crime. É que a culpabilidade é composta, dentre outros elementos, pela imputabilidade. Nosso sistema jurídico estabelece que o menor de 18 anos é inimputável e está sujeito à legislação especial, precisamente o Estatuto da Criança e do Adolescente (CR, art. 228; CP, art. 27; Estatuto, art. 104). Por isso, crianças e adolescentes não praticam crime, mas sim ato infracional equiparado a crime.• Importante:A criança ou o adolescente não pratica delito ou crime, mas sim ato infracional análogo (ou equiparado) a crime ou contravenção (art. 103).

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• TEMPO DO ATO INFRACIONAL/CRIMEO Estatuto e o Código Penal adota m o mesmo princípio, o da atividade.Considera-se praticado o ato infracional/crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o do resultado (Estatuto, art. 104, p.ú.; Cód. Penal, art. 4°). Veja-se o seguinte exemplo: se o adolescente, na véspera de completar 18 anos, atira na vítima, que fica agonizando no hospital e falece dias depois, quando o adolescente já completara a maioridade, ser-lhe-á aplicado o Estatuto, pois a conduta (atirar) foi praticada quando era inimputável .

Confira-se julgado do Superior Tribunal de Justiça a esse respeito:1 . Conforme pacífico entendimento deste Superior Tribunal de Justiça, considera-se, para a aplicação das disposições previstas na Lei n. 8.069/90, a idade do adolescente à data do fato (art. 104, parágrafo único, do ECA). Assim, se à época do fato o adolescente tinha menos de 18 (dezoito) anos, nada impede que permaneça no cumprimento de medida socioeducativa imposta, ainda que implementada sua maioridade civil.(MC 20.798/RL Rei. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, julgado em 07/11/2013, DJe 25/11/2013)

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• APLICAÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVACrianças e adolescentes não praticam crime, mas sim ato infracional. No que tange à consequência da prática do ato, há distinção importante entre crianças e adolescentes. Às crianças não são aplicáveis medidas socioeducativas, apenas medidas de proteção (art. 105). Ao adolescente, podem ser a plicadas medidas socioeducativas ou medidas de proteção (art. 1 1 2).

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PESSOA LEGISLAÇÃO APLICAVEL

ATO PRATICADO MEDIDA

CRIANÇA ECA ATO INFRACIONAL

MEDIDADE PROTEÇÃO

ADOLESCENTE ECA ATO INFRACIONAL

MEDIDA DEPROTEÇÃO E

MEDIDASOCIOEDUCATIV

A

MAIOR

CÓDIGO PENAL, CPP E LEIS

PENAIS EXTRAVAGANTE

S

CRIME OU CONTRAVENÇÃ

O

PENA PRIVATIVA DE

LIBERDADE, RESTRITIVA

DE DIREITOS E MULTA

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• DIREITOS INDIVIDUAIS• Estão tratados nos artigos 106 a 109. Alguns

desses direitos são reflexo direto de previsões constitucionais para os presos. Em razão da privação de liberdade, a situação de ambos, nesse aspecto, é semelhante e deve receber igual proteção.

• Além dos direito previstos nesses dispositivos, há outros espalhados ao longo do Estatuto, cuja aplicação não encontra paralelo com direitos de adultos, que serão examinados a baixo.

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• Privação de liberdadeA liberdade é direito fundamental previsto na Constituição da República (art. 5°, caput), mas, com o todo direito, não é absoluto. Da mesma forma que a CF (art. 5°, inc. LXI), o Estatuto, em seu artigo 106, dispõe sobre as hipóteses de supressão da liberdade do adolescente. A privação da liberdade somentepode decorre de (i) flagrante e (ii) a ordem judiciária.As hipóteses de flagrante estão previstas no artigo 302 do Código de Processo Penal:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:I - está cometendo a infração penal;lI - acaba de cometê-la;III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

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Em quaisquer dessas circunstâncias, o adolescente pode ser apreendido imediatamente. Seu encaminhamento à autoridade policial está previsto no artigo 172 do Estatuto.No que se refere à ordem judiciária, Roberto João Elias destaca a importância da fundamentação para tão grave decisão:

Com respeito à ordem escrita, ela deve partir da autoridade judiciária competente, que é o Juiz da Infância e da Juventude, devendo ser, obrigatoriamente, fundamentada. Na fundamentação, obviamente, há de se dar os motivos relevantes que levaram à medida, como a presença de provas da prática do ato infracional e indícios suficientes de autoria.

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Vale lembrar que o dever de fundamentação de decisões judiciais decorre diretamente da Constituição da República, cujo artigo 93, inciso IX prevê: "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação".Por fim, destaque-se que a fundamentação de perigo em abstrato para a apreensão do adolescente não é idônea para embasar a decisão judicial. O STJ possui diversas decisões nesse sentido.

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No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal também tem entendimento consolidado de que a opinião do magistrado sobre a gravidade em abstrato do delito não é apta a fundamentar decisão mais gravosa em desfavor do réu - e por conseguinte, do adolescente:

Súmula 718. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

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• Identificação dos responsáveis pela apreensão e informação sobre seus direitos

O adolescente tem direito de saber quem foram as pessoas responsáveis pela sua apreensão e de ser informado sobre seus direitos (art. 106, p.ú.). Trata-se de direito fundamental previsto igualmente na Constituição d a República, cujo artigo 5°, incisos LXlll e LXIV, respectivamente: " o preso será informado de seus direitos [ ... ]" e "o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão [ ... ]".O parágrafo único deste art. 106 do Estatuto, destina-se a evitar abusos de autoridade. Por ele, as providências serão tomadas às claras, propiciando-se limpidamente os meios de proteção e o respeito à dignidade humana. Um freio legal à violência injustificável por parte do policial que deve agir como segurança da sociedade, e para isso é pago com o dinheiro do povo.

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• Comunicação à famíliaO artigo 107 garante ao adolescente o direito de que sua apreensão seja comunicada à autoridade judiciária competente e à sua família ou a pessoa por ele indicada. Mais uma vez, tem-se norma de repetição já prevista na Constituição para o preso, no art. 5º, inciso LXll : "a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à famlia do preso ou à pessoa por ele indicada".

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• Liberação imediataRealizada a apreensão do adolescente, é indispensável q u e seja verificada imediatamente a possibilidade de sua liberação imediata. Esta é a garantia prevista no parágrafo único do artigo 107 do Estatuto. Na Constituição, há previsão semelhante, os incisos LXV e LXVI, do artigo 5°, dispõem, respectivamente, sobre o relaxamento da prisão ilegal e a concessão de liberdade provisória.Os conceitos de relaxamento e liberdade provisória auxiliam a análise da a preensão do adolescente. Em caso de a apreensão ter sido ilegal (exemplo: ordem de autoridade incompetente), deve-se realizar o relaxamento da apreensão. Quando o adolescente apreendido puder ser reintegrado pronta mente à família, deve-se-lhe ser concedida a liberdade (art. 174). o adolescente não está submetido ao paga mento de fiança.

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Segundo Péricles Prade:Tanto a prisão (abrangendo quaisquer modalidades), no caso de imputáveis, quanto a apreensão, em relação aos inimputáveis, para o efeito do relaxamento ou da liberação, têm como pressuposto a ocorrência de ilegalidade, consistente esta na desobediência dos requisitos legais autorizadores daquelas constrições à liberdade, constantes do Código de Processo Penal (Art. 674) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (arts. 103, 106, 1 12, VI, entre outros). Em ambas as circunstâncias, como se trata de constrangimento ilegal, se inocorrentes relaxamento e/ou liberação caberá habeas corpus para fazer cessar a violência/coação à liberdade de locomoção.'

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• Prazo de internação provisóriaA internação provisória do adolescente não pode se alongar indefinidamente. A esse respeito, o Estatuto é peremptório, pois prevê o prazo máximo de 45 dias para internação provisória – em dois dispositivos, artigos 108 e 183.Superado esse prazo sem o encerramento do processo, o adolescente deve ser posto em liberdade. Do contrário, fica caracterizado constrangimento ilegal, passível de impetração de habeas corpus. Tanto o STJ quanto o STF já consolidaram o entendimento de que esse prazo não pode ser prorrogado de modo algum.

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Esse entendimento dos Tribunais Superiores é firme, não se aplicando ao processo de apuração de ato infracional a súmula 52 do STJ, cuja redação é a seguinte: "Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo. "

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• Identificação compulsóriaO art. 109 apresenta o direito de o adolescente civilmente identificado não ser submetido à identificação compulsória nos órgãos policiais, salvo em caso de fundada dúvida. Trata-se de direito também p revisto na Constituição - art. 5°, inciso LVlll: "o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei." Há lei específica acerca da matéria, que disciplina a identificação criminal: Lei n ° 12.037/2009.

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• Não ser conduzido em compartimento fechado de veículo policial

Além das disposições previstas nos artigos 106 a 109, há outros direitos individuais do adolescente ao longo do Estatuto. Um deles é o de não ser não ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, previsto no artigo 178: "O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade."

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• Vedação de cumprimento da internação em estabelecimento prisional

Outro direito individual do adolescente é o de cumprir sua medida socioeducativa em estabelecimento compatível com sua condição de pessoa em desenvolvimento. Seu período de internação não pode ser cumprido em estabelecimento prisional, como estabelece o artigo 185 do Estatuto:

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cu m p rida em estabelecimento prisional. § 1° Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima.§ 2° Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.

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• GARANTIAS PROCESSUAISOs artigos 110 e 111 estabelecem as garantias processuais de que goza o adolescente no curso do processo de apuração do ato infracional q u e lhe foi atribuído.O artigo 1 10 estabelece de forma expressa que: "Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal." A regra está afinada com a previsão constitucional do art. 5°, inciso LIV: "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal".O conceito de devido processo legal é a presentado por Fredie Didier Jr.: "[. . .] o devido processo legal em sentido formal é, basicamente, o direito a ser processado e a processar de acordo com normas previamente estabelecidas para tanto, normas estas cujo processo de produção também deve respeitar aquele princípio. Os demais princípios processuais são, na verdade, decorrência daquele.'''

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Todos os demais princípios processuais podem ser extraídos princípio do devido processo legal, verdadeiro postulado constitucional. Assim, tem-se que ao adolescente são também garantidos os princípios do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5°, LV), como desdobramentos daquele princípio reitor. O artigo 111 apresenta rol exemplificativo de garantias processuais do adolescente.

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I - pleno e formal conhecimento d a atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;lI - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;III - defesa técnica por advogado;IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

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O inciso I do artigo 111 garante ao adolescente o pleno e formal conhecimento da atribuição do ato infracional, através da citação ou de meio equivalente. A citação é imprescindível para angularizar a relação jurídica processual e permitir o exercício pleno da defesa e do contraditório.O princípio da ampla defesa estabelece que a parte deve ter oportunidade de provar suas alegações de forma plena - especialmente no âmbito penal e de apuração de ato infracional, pois é o direito de liberdade que está ameaçado de ser suprimido. O inciso II do artigo 111 prevê expressamente que o adolescente tem garantida a produção de todas as provas necessárias à sua defesa.

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No inciso III, está garantida ao adolescente a defesa técnica por advogado. Logo em seguida, o inciso IV garante a assistência judiciária gratuita. Ambos estão conectados, afinal, a maior parte dos adolescentes que se envolvem na prática de atos infracionais é oriunda das camadas mais pobres da sociedade e não têm condições de arcar com os honorários de um advogado particular. Nesse ponto, pode-se dizer que a garantia processual do Estatuto encontra a m paro constitucional nos artigos 5°, LXXIV e 134, que tratam, respectivamente, da assistência jurídica gratuita e da Defensoria Pública.

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No mais das vezes, é o defensor público quem vai acompanhar e diligenciar nos processos de atos infracionais nos Juizados da Infância e da Juventude.Nesse contexto, com o a Constituição garante a prioridade absoluta no trata mento dos direitos infamo-juvenis, pode-se afirmar que é dever constitucional das Defensorias Públicas designar defensores para atuação na justiça da Infância e da juventude. A ausência de defensor público nesses juízos é violação grave dos direitos infanto-juvenis.

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Por sua vez, o princípio do contraditório significa a possibilidade de a parte influir na formação da convicção do julgador, ou seja, de atuar para alcançar determinado fim no processo. O adolescente tem garantido o direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade judiciária (inciso V), bem como o de confrontar-se com vítimas e testemunhas. No momento em que é ouvido, o adolescente exerce sua autodefesa.Desdobramento da garantia processual de ser ouvido pelo juiz é a impossibilidade de se decretar regressão da medida socioeducativa sem a oitiva prévia d o adolescente (súmula 265 do STJ).Por fim, o inciso VI garante ao adolescente o direito de solicitar a presença de seus pais durante o procedimento. Trata-se de previsão que se afina com o princípio de que crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento. O amparo dos pais no duro momento do processo judicial é muito importante.

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Esses são exemplos de que o Estatuto busca dar efetividade aos princípios processuais constitucionais para possibilitar a tutela plena do adolescente - sempre dentro da ideia de que a principal diretriz do Estatuto é a proteção integral da criança e do adolescente.Ainda como decorrência do princípio do devido processo legal, deve-se ter presente q u e compete ao Ministério Público demonstrar cabalmente a prática de ato infracional pelo adolescente, sendo certo que sua confissão não pode ser o único elemento de prova constante dos autos.Inúmeras razões podem levar o adolescente a confessar a prática de um ato infracional, razões essas legítimas e ilegítimas. Portanto, independentemente do que for dito pelo adolescente ao ser ouvido pelo juízo em sua audiência de apresentação, é preciso dar sequencia à instrução probatória.