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Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Agrárias Insetário G.W.G. de Moraes Pragas da Soja Germano Leão Demolin Leite Sérgio Monteze Alves

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Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Ciências Agrárias

Insetário G.W.G. de Moraes

Pragas da Soja

Germano Leão Demolin Leite

Sérgio Monteze Alves

Amigos, bom dia. Hoje nós vamos falar sobra à cultura da soja. A cultura da soja apresenta

destaque no cenário agrícola nacional onde está sendo cultivada em uma área de mais de 12

milhões de hectares e é responsável por mais de 30 milhões de toneladas de grãos, o que

equivale à aproximadamente 37% do volume total de grãos produzidos no Brasil.

Hoje, o Centro-Oeste é responsável por quase a metade da produção nacional de soja e

apresentam produtividade próxima a 4 toneladas por hectare. O grão da soja dá origem a

produtos e subprodutos utilizados atualmente pela agroindústria de alimentos e indústria

química.

óleo para biodiesel

Pessoal, a proteína de soja dá origem a produtos comestível ingredientes de padaria, massas,

produtos de carne, cereais, misturas preparadas, bebidas, alimentação para bebês, confecções

e alimentos dietéticos e óleo de cozinha.

A soja é utilizada também pela indústria de adesivos e nutrientes, alimentação animal, adubos,

formulador de espumas, fabricação de fibra, revestimento, papel emulsão de água para tintas.

Amigos, por todas essas qualidades é muito importante que saibamos como manejarmos esta

cultura, saber também quais são suas principais pragas, estratégias de controle, amostragens,

níveis de controle, controle biológico e seus inimigos naturais que será o assunto da aula de

hoje.

Então meus amigos agora vocês vão aprender a reconhecer as principais pragas da cultura da

soja e seus danos. A primeira praga que nós vamos falar é o percevejo verde.

Amigos, esse percevejo é um inseto de antenas verdes e marrons, vivem aproximadamente

trinta e três dias e pode por até 100 ovos na face inferior das folhas em um formato

hexagonal.

Ovos na forma Hexagonal

Estes percevejos ocasionam a retenção foliar que é um distúrbio fisiológico que interferem na

formação ou no enchimento dos grãos e a “soja louca” que é o crescimento anormal da planta

sem produzir vagens. Além disso, o percevejo verde suga a seiva das hastes, ramos e vagens,

nas vagens ocasiona vagens chochas.

Planta de soja com retenção foliar

Pessoal, outro percevejo muito importante da soja é o percevejo verde pequeno que medem

cerca de 10 mm sendo de cor verde uniforme, antenas verdes com faixa transversal

avermelhada. Estes percevejos sugam a seiva das hastes ramos e vagens. Causando retenção

foliar, “soja louca” devido à injeção de toxinas causando manchas nos grãos.

Percevejo verde pequeno

Pessoal, nós temos também o percevejo marrom. Esse percevejo mede cerca de 13

milímetros de comprimento sendo de cor marrom uniforme, possui também uma meia lua nas

costas. Suas ninfas são verdes no início podendo apresentar também cor castanha e

acinzentada. O percevejo marrom ataca as vagens e os grãos e provoca retenção foliar

também.

Percevejo marrom

O percevejo dos grãos suga os grãos da soja, mas raramente o dano que ele causa gera

prejuízos para o produtor.

Amigos, agora vamos falar de algumas lagartas desfolhadoras. A mais importante é a lagarta

da soja. As lagartas podem atingir até 4 cm de comprimento podendo ser de cor verde quando

estão em uma baixa infestação e podendo ser até pretas quando em alta infestação, ambas com

estrias brancas no dorso. Elas comem as folhas e as hastes das plantas de soja.

Lagarta da soja (baixa infestação)

Lagarta da soja (alta infestação)

Estas lagartas possuem o hábito de empuparem no solo e se alimentam das folhas e das

hastes. Suas mariposas possuem uma coloração parda acinzentada com listas escuras

transversais nas asas e manchas claras.

Mariposa da lagarta da soja

Amigos, nós temos um grupo de lagartas desfolhadoras popularmente conhecidas

como plusias ou medideiras, pois quando andam o fazem medindo palmo. Essas lagartas são

verdes e também empupam no solo. Elas comem as folhas da soja deixando apenas as

nervuras principais da folha.

Plusias

Lagarta Plusia ou lagarta mede palmo

Amigos, os adultos das lagartas plusias são mariposas marrons de 4 cm de envergadura de

asas.

Adulto da plusia

Pessoal, ainda temos outras lagartas desfolhadoras em soja, como a lagarta enroladeira

e a lagarta cabeça de fósforo. Essas lagartas também desfolham soja.

Meus amigos, nós também temos besouros que ocasionam desfolha em plantas de

soja. A mais comum de todas é a patriotinha, tem este nome por ser verde com manchas

amarelas. Mas temos outras vaquinhas também. Essas vaquinhas atacam as folhas mais tenras

fazendo pequenos buracos. Estamos falando da vaquinha que são insetos pequenos e suas

larvas vivem no solo e se alimentam das raízes, causando o murchamento das plantas. Quando

o ataque é muito severo observa-se um atraso no desenvolvimento das plantas sendo que

alguns tipos de vaquinhas podem atacar as vagens da soja.

Amigos, nós temos uma lagarta que ataca as axilas ou também chamada de pontos de

crescimento das plantas da soja, abrindo galerias e secamento dos ramos.

Sintomas de ataque de broca

O nome desta praga é broca das axilas.

Broca das axilas

Amigos, nós também temos lagartas que atacam as vagens de soja, comendo as vagens

e os grãos, mas também podem atacar as folhas.

E outra que ataca apenas os grãos no interior das vagens de soja próximas à

maturação.

Agora vamos falar de algumas pragas de solo que é o caso do percevejo castanho que

apresenta coloração marrom, um odor característico quando perturbados, na seca, aprofunda-

se no solo e na chuva vem à superfície. A ovoposição ocorre no solo e suas ninfas são

brancas; com odor desagradável e vivem no solo sugando as raízes das plantas. Os adultos e

ninfas sugam seiva das raízes provocando amarelecimento das plantas e posterior secamento.

Percevejo castanho

Amigos, outra praga de solo que ataca as plantas de soja é a lagarta elasmo. A lagarta

elasmo ou broca do solo ocasiona secamento das plantas mais novas com até 30 dias de idade

e em anos de seca essa praga pode destruir lavouras inteiras se tornando muito importante em

regiões de cerrado pois o clima é mais seco favorecendo essa praga.

Amigos, nós aprendemos a reconhecer as pragas da soja e seus danos. Agora nós

vamos ensinar a vocês como amostrar essas pragas na soja para ver se precisa ou não de

controlar. Mas primeiro temos que dividir a nossa lavoura de soja em talhões.

O talhão pode variar de tamanho. Se o nosso talhão for de 10 hectares, nós vamos amostrar 6

pontos. Se o talhão for de 10 a 30 hectares, nós vamos avaliar 8 pontos e se for de 31 até 100

hectares nós temos que avaliar 10 pontos. Amigos, nós não vamos ter talhões maiores que 100

hectares. Em cada ponto nós vamos usar o pano de batida para avaliar vaquinhas, lagartas e

percevejos, identificando-os e contando-os corretamente, anotando em uma planilha. Também

damos notas de desfolha, em percentagem, e também avaliamos as ponteiras para contar o

número de danos da broca das axilas.

Amigos, os pontos amostrados dentro de cada talhão deve ser escolhidos ao acaso,

caminhando em ziquezaque pelo talhão. A amostragem deve ser feita toda semana.

Pois bem amigos, já fizemos a amostragem. Agora, nós temos que ver se é necessário ou não

controlar as pragas conforme a contagem deles, tirando uma média das amostras coletadas.

Para as lagartas desfolhadoras, até antes do florescimento das plantas de soja, se encontrarmos

40 lagartas ou mais com tamanho igual ou superior a 1,5 cm ou 30% de desfolha, e após o

florescimento 15% de desfolha.

Amigos, para a broca das axilas, nós fazemos a avaliação até o florescimento, sendo que se

achamos 30% ou mais de ponteiros atacados, nós temos que entrar com o controle.

Sintomas de ataque de broca das axilas

Pessoal, para as brocas das vagens, nós vamos avaliar estas pragas no período da formação até

enchimento dos grãos. Nós vamos realizar o controle quando encontrarmos 10% ou mais de

vagens atacadas ou 20 lagartas por amostra.

E por último e não menos importante, os percevejos, que nós vamos avaliar durante todo o

período da cultura da soja. Se encontrarmos 4 ou mais percevejos nós temos que controlar.

Pois é amigos se tiver atingindo o nível de controle, o que fazer? É o que nós vamos ensinar

para vocês agora! No caso dos percevejos, nós podemos liberar uma vespinha parasitóide de

ovos destes percevejos pragas. Essa vespinha já é produzida no Brasil. Nós vamos liberar 15

mil vespinhas, no fim da tarde e no final da floração das plantas de soja. Deve-se evitar a

utilização de inseticidas na época da liberação das vespinhas, para não matá-las.

Mas se vocês optarem por utilizar inseticida, usem inseticidas seletivos, ou seja, que mate a

praga e não mata os inimigos naturais. Lembre sempre de respeitar o período de carência do

produto. Consultar antes um agrônomo. Para os percevejos, nós temos uma dica ótima que é

usar sal de cozinha junto com a calda inseticida, usando apenas 05% de sal de cozinha para

pulverização terrestre

e 0,75% para pulverização aérea.

O sal de cozinha estimula os percevejos a alimentar, assim nós podemos reduzir a metade a

dosagem de inseticida recomendada, economizando dinheiro. Não se esqueçam de lavar vem

os implementos agrícolas após o uso, para evitar ferrugem.

Agora nós vamos falar sobre o controle das lagartas desfolhadoras pessoal! No caso de

avaliarmos os adultos, ou seja, as mariposas, ou massas de ovos, nós devemos usar uma

vespinha parasitóide de ovos de mariposas, o Trichogramma, produzido por algumas

empresas no Brasil.

A vespinha Trichogramma é produzido no Brasil

Pessoal, pode ser feita liberação preventiva também. É bem mais barato do que usar

inseticidas, além de preservar o ambiente e os inimigos naturais.

Vespinha Trichogramma parasitando ovos de mariposas

Nós devemos liberar 75 mil vespinhas por hectare, ou seja, três cartelas com vespinha.

Pessoal, as cartelas com as vespinhas Trichogramma são muito práticas!

Mas caso nós já tenhamos lagartas desfolhadoras no campo de soja, nós podemos usar uma

bactéria mortal a estas lagartas, a bactéria Bacillus thuringiensis.

Pessoal, o Brasil já produz a Bactéria, tem várias empresas, sendo fácil de adquirir. Contudo,

nós devemos pulverizar a tarde, porque o sol da manhã mata esta bactéria, reduzindo a sua

eficiência. Amigos fiquem tranqüilos! Essa bactéria mata apenas lagartas.

Amigos, também nós podemos usar vírus que mata apenas lagartas. O vírus se chama

Baculovirus anticarsia, mas neste caso só mata a lagarta da soja, a Anticarsia gemmatalis.

Também temos que pulverizar no fim da tarde, pela mesma explicação dada para a bactéria.

Lagartas mortas por vírus

Pessoal, nós vamos falar agora de algumas práticas que ajudam a reduzir a população das

pragas em soja. Nós devemos destruir os restos culturais, incorporando ao solo, logo após a

colheita, pois assim reduzimos bastante o ataque de pragas no próximo cultivo. Fazer uma boa

aração e gradagem, assim nós também matamos muitas pragas, principalmente as pragas de

solo ou lagartas que empupam no solo.

O uso de uma adubação equilibrada, usando o espaçamento correto

e uma irrigação adequada faz com que as plantas de soja cresçam adequadamente e são

capazes de suportar maior ataque de pragas. Uso de variedades precoces fazem com que as

plantas de soja fiquem menos tempo exposto ao ataque de pragas.

Irrigação Soja

Amigos, uma nova tática que nós podemos usar é a Cultura Armadilha. Basta usarmos

10% da nossa área futura destinada a soja, na periferia da futura lavoura, plantarmos uma soja

precoce. Assim, o que tiver de praga vai para esta soja armadilha. Nessa pequena lavoura

vamos fazer uso sistemático de inseticidas, o que reduz bastante a quantidade de pragas

quando formos plantar a soja, daí um mês, no restante da área. Portanto, vamos gastar menos

com inseticida sobrando mais dinheiro no nosso bolso.

Amigos, nós podemos plantar sorgo ou milho em torno da soja para aumentar o

controle biológico, além da rotação de cultura, pois assim quebramos o ciclo da praga.

Amigos, além disso, nós devemos manter florestas nas nossas propriedades.

pois aumenta bastante os nossos inimigos naturais, ajudando a combater as pragas.

Bem meus amigos, nós chegamos ao fim dessa aula e espero que vocês tenham gostado e

aprendido bastante! Que tal relembrarmos um pouquinho? Vimos hoje que a soja possui

várias pragas, algumas muito importantes como a lagarta da soja

bem como os percevejos!

Vocês aprenderam a amostrar as pragas e qual número delas que nós temos que controlar.

Fazendo amostragem diminuímos as pulverizações, o que resulta em maior lucro e menos

impacto no ambiente.

Vocês também aprenderam que nós podemos utilizar vários inimigos naturais no combate as

pragas, sendo que são mais baratos que o uso de inseticidas.

E mais importante, que o manejo integrado de pragas, com várias práticas integradas e não

isoladas, nos ajudam a reduzir as pragas nas culturas. Pois bem amigos, agora vocês vão fazer

uma pequena prova. Boa sorte.

TESTE

Questão 1: Qual ou quais são as principais pragas da soja?

a- Percevejo verde e lagarta da soja

b- Lagarta Elasmo

c- Vaquinha

d- Percevejo castanho

Questão 2: O sal de cozinha serve como atrativo alimentar para qual praga?

a- Percevejos

b- Vaquinhas

c- Lagartas

d- Percevejo castanho

Questão 3: A vespa parasita qual fase da vida do percevejo da soja?

a- Adulto

b- Filhote

c- Ovos

d- Todas as fases

GABARITO

QUESTÃO RESPOSTA

1 A

2 A

3 C

Referência consultada ou indicada

GALLO, D. et al. Manual de Entomologia Agrícola. Ed. Agronômica Ceres. São Paulo,

2002. 775 - 782p

PICANÇO, M.C. 2000. Apostila Didática. UFV- Viçosa, 308p.

http://www.cnpso.embrapa.br/

Literatura Indicada para crianças que aborda pragas e como combatê-las:

� Demolin, G. A grande Guerra. Ed. Armazém de Idéias, Belo Horizonte, 2006. 80p. � Demolin, G. Um conto no Velho Chico. Ed. Armazém de Idéias, Belo Horizonte,

2003. 40p.