pr. washington roberto nascimento na... · foi para corrigir esses equívocos e ataques que paulo...
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Pr. Washington Roberto Nascimento
Pr. Washington Roberto Nascimento
A Salvação e a Vida Cristã
somente pela fé em Cristo
A LIBERDADE EM
CRISTO
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ESTUDO NA CARTA AOS GÁLATAS
Pr. Washington Roberto Nascimento
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Capítulo 1
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ESTUDO NA CARTA AOS GÁLATAS
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 1:1-5
A DEFESA DO APOSTOLADO
Introdução
A carta aos Gálatas, como nos informa os seus primeiros versículos, foi escrita por
Paulo, o apóstolo.
Ela é uma carta explosiva. Os sentimentos do apóstolo não são ocultos, mas revelados.
Nesta carta, vamos encontrar assuntos palpitantes, tais como:
Primeiro - O Cristianismo não é uma religião de ritos cerimoniais e regras, mas de graça
e fé.
Segundo - No Cristianismo a sede da autoridade não é um código de leis, mas uma
pessoa! Jesus Cristo.
Terceiro - Quem guia o Cristão não é a lei, mas o Espírito Santo.
Quarto - As condições para a salvação são as mesmas para todos.
Quinto - Cristo é único e suficiente para a nossa salvação.
Sexto - A salvação é por meio da graça e fé.
Sétimo - O povo de Deus é um só. Não há dois corpos e uma cabeça.
Oitavo - O amor é a lei do Cristianismo.
1 – Autoria, data e destinatário.
Como já falamos, esta carta foi escrita por Paulo, o apóstolo. Além do capítulo 1:1, nós
encontramos informações sobre a pessoa de Paulo em Gálatas 1:11 até 2:14. E alguns dos dados
pessoais de Paulo em Gálatas, encontramos, também, em outras partes do Novo Testamento.
Sua perseguição à Igreja de Cristo, sua conversão, seu chamado para a pregação, etc. Embora
haja informações que só se encontrem aqui, nesta epístola (Atos 7:59, 8:3, 9:1-22, I Timóteo
1:13).
Gálatas foi escrita antes do Concílio de Jerusalém, registrado em Atos 15:1-35. Pois,
caso a carta tivesse sido escrita depois do Concílio, certamente Paulo o teria mencionado para
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favorecer a sua tese de que os gentios não necessitavam de se circuncidarem ou de se tornarem
Judeus para serem Cristãos.
Se assim é, então, a carta foi escrita em Antioquia por volta de 48 ou 49 D.C., depois da
primeira viagem missionária do apóstolo (Atos 14:20-26).
A carta foi escrita às Igrejas da Galácia, em especial às do sul meridional: Derbe, Listra
e Icônio (Veja mapa Bíblico da viagem missionária de Paulo) as quais foram subsequentemente
revisitadas por ele nas viagens ulteriores (Atos 16:1-6, 18:23).
2 – Por que a Carta aos Gálatas foi escrita?
Todos nós sabemos que, nesta vida, tudo tem um porquê, uma causa, um motivo, uma
razão. Bem, a carta aos Gálatas não é uma exceção a esta regra. Quais foram os motivos que
levaram Paulo, o apóstolo, a escrever esta carta?
a) Porque havia judeu-cristãos que pensavam que Jesus fosse o Messias de Israel e não
o salvador do Mundo (Atos 1:6);
b) Porque para alguns judeu-cristãos os gentios só deveriam pertencer à Igreja se eles se
circuncidassem e observassem a lei;
c) Os Cristãos judaizantes criticavam Paulo, por causa de sua teologia da graça e da fé,
e o questionavam quanto ao apostolado;
d) O ataque dos judaizantes era sutil:
1) eles não diziam que Jesus e a fé não eram necessários. Eles diziam que não
eram suficientes.
2) Eles não diziam que Paulo não era apóstolo. Eles diziam que Paulo não era
apóstolo como os demais.
Foi para corrigir esses equívocos e ataques que Paulo escreveu a carta aos Gálatas.
3 – Uma breve, porém rica saudação.
A saudação de Paulo é breve. Ele não elogia os Cristãos da Galácia, como ele fez em
suas cartas aos Romanos (Romanos 1:7-15); aos Coríntios (I Coríntios 1:1-9); aos Efésios (Efé-
sios 1:1-23); etc.
Nesta saudação, Paulo é breve. Ele está no auge de um problema e vai direto ao assunto.
Porém, antes de tratar do assunto especificamente, ele fala de algo que todo pregador deveria
saber: 1º - que Deus o chamou; 2º - que o evangelho que ele prega é de Deus.
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Nesta saudação de Paulo aos Gálatas, nós não encontramos nenhuma palavra de gratidão
aos seus leitores, nem elogio. Bem diferente daquilo que lemos nas outras cartas do apóstolo
(Filipenses 1:1-11; Colossenses 1:1-8; etc.).
Contudo, em sua breve palavra introdutória, ele deixou claro que ele é apóstolo de Deus
e de Cristo e não de homens.
A palavra apóstolo, literalmente significa “enviado da parte de”. No grego:
ἀπόστολος. Esta palavra vem do verbo: στέλλω, que significa: enviar, mais a preposição: ἀπό,
que significa: o ponto de partida, da parte de. Assim sendo, Paulo deixa claro para os seus
leitores que ele é apóstolo enviado da parte de Jesus Cristo e de Deus e não de homens. Seu
apostolado vem de Jesus Cristo, tem sua origem em Jesus Cristo; pertence a Jesus Cristo, e
existe para proclamar a Jesus Cristo.
Mas, historicamente, à luz do Novo Testamento, apóstolo se refere aos doze homens
que Jesus elegeu para acompanhá-lo durante seu ministério aqui na Terra (Lucas 6:12-13).
Além disso, podemos dizer, com base no Novo Testamento, que há um requerimento ou
exigência adicional para o apostolado. O apóstolo precisava ter sido testemunha da ressurreição
de Jesus, isto é, visto Jesus ressuscitado (Atos 1:21-22).
Assim sendo, embora Paulo não fosse um dos doze, ele se considerava apóstolo por ter
visto o Senhor ressuscitado e por ter sido enviado por Ele (I Coríntios 9:1; 1:1; etc).
Quando Paulo escreveu a carta aos Gálatas, ele estava acompanhado de irmãos (Gálatas
1:2). Os nomes deles nós não temos. Mas como é bom saber que Paulo não estava sozinho. Não
obstante, mais tarde, no final de sua carreira ministerial, ele escreveu: ”todos me desampara-
ram" (II Timóteo 4:16). É uma pena saber que nem sempre temos a solidariedade humana.
Ainda nesta sucinta saudação, Paulo saúda os crentes com a graça e a paz de Deus e de
Jesus. 1º - Vem a graça de Deus que perdoa, ama, limpa, salva.... E depois, como resultado da
graça que operou em nós, vem a paz que, entre tantas coisas, é o estado de consciência da
presença de Deus em nós, a despeito das lutas e adversidades.
O presente século mau, mencionado pelo apóstolo Paulo em Gálatas 1:4, diz respeito a
era, ao tempo, dele e nosso.
Este século mau é uma expressão que não deve ser entendida literalmente. No grego a
palavra: αἰῶνος “aionos” poderia ser traduzida por era, ciclo ou época. É uma época má, porque
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o pecado e o príncipe deste mundo imperam nos corações de muitos homens que criam sistemas
perniciosos.
Mas a última palavra desta saudação de Paulo, que se encontra em Gálatas 1:5, é uma
palavra de adoração e louvor ao Senhor Jesus que com Seu sangue, Seus ensinos, Sua vida nos
salvou e libertou de nossos pecados, e do mundo que jaz no maligno. Aleluias!
Conclusão
A introdução da carta aos Gálatas possui as bases de todos os demais assuntos desen-
volvidos nesta carta de apenas 6 (seis) capítulos.
A procedência divina do apostolado de Paulo, e o fato da graça de Deus, e não o mérito
humano, ser suficiente para a salvação dos homens pela fé em Cristo Jesus, são, em síntese, o
que o apóstolo vai desenvolver ao longo desta epístola.
Que Deus fale aos nossos corações ao longo deste estudo e Ele mesmo nos abençoe.
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 1:6-10
EU ESTOU ADMIRADO
Introdução:
É impressionante o número de figuras de linguagem, pensamento e sentimento que
Paulo usa nesta carta aos Gálatas. Ironia é uma destas figuras. Aliás, é exatamente assim que
Paulo dá início à porção bíblica em foco nesta lição.
1. O Problema (Gálatas 1:6-7).
O Problema era sério. Não era simplesmente sair de uma Igreja evangélica e ir para
outra. Eles estavam deixando o evangelho de Cristo e indo para algo que não era o evangelho
de Cristo.
Os inimigos de Paulo, ou os judaizantes, estavam pregando algo completamente dife-
rente do evangelho de Jesus. Eles estavam ensinando que para serem salvas, as pessoas preci-
savam ou dependiam de algo além da graça de Deus. Isto era perversão do evangelho.
Esta passagem mostra como a pessoa do escritor estava carregada de emoção. Paulo
percebia que os seus leitores estavam a ponto de apartarem-se da verdade que ele os havia
ensinado recentemente.
A expressão: “Estou admirado” é uma ironia, isto é, uma figura de linguagem por meio
da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender. O que ele quer dizer é: “Estou decep-
cionado ou estou envergonhado”. Paulo não esperava de seus filhos na fé tanta instabilidade
espiritual.
Em nossos dias, as coisas não são diferentes. Há muitos que têm aparecido propondo
um falso evangelho e muitos os têm seguido. Isto é decepcionante. Falta-lhes conhecimento da
Palavra de Deus. Falta-lhes estabilidade doutrinária e emocional. É vergonhosa tal mudança
espiritual.
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2. A Maldição (Gálatas 1:8-9).
Há pessoas que escandalizam com o texto acima mencionado por causa de sua dureza e
dramaticidade.
Em Gálatas 1:3, Paulo saudou os crentes da Galácia com graça e paz. Mas, agora ele
pronuncia uma terrível maldição sobre qualquer um que perverta o evangelho de Jesus.
É possível que tal palavra apostólica seja compreendida como uma hipérbole, que é a
figura de linguagem que mostra exagero.
Para Paulo mesmo que ele ou um anjo do céu pregasse outro evangelho, e este outro
aqui significa algo diferente; algo que, na verdade, não é evangelho, mas a perversão do evan-
gelho. Paulo diz que tal pregador ou anunciador seja anátema. O anátema era alguma coisa ou
alguém tão abominável que a destruição honraria a Deus.
Uma coisa é a pessoa anunciar algo diferente e denominá-la como lhe aprouver. Outra
coisa é a pessoa anunciar algo diferente do evangelho e insistir em chamá-lo de evangelho. Isto
é perversão das boas novas de Deus em Jesus Cristo. Isto é erro sério.
Em Gálatas 1:6, o apóstolo Paulo diz: “Admiro-me de que tão depressa passásseis da-
quele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho”. A palavra grega para “outro”
é ἕτερον, que significa outro diferente, diametralmente contrário.
Dando prosseguindo ao seu raciocínio, o Apóstolo Paulo trabalha com as palavras com
arte, como se tivesse brincando com elas, e diz: “O qual não é outro, mas há alguns que vos
inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo (Gálatas 1:7). A palavra grega para “ou-
tro” neste versículo 7 (sete) de Gálatas capítulo 1 (um), é ἄλλο, que significa outro da mesma
qualidade e natureza.
Com base nestes versículos acima, podemos dizer que o apóstolo Paulo estava ensi-
nando o seguinte: Vocês estão mudando para outro evangelho que nem semelhante é ao Evan-
gelho de Cristo.
As bases do evangelho de Deus, à luz do Novo Testamento, apontam para natureza única
da mensagem Cristã. Não há coisa alguma semelhante ao Evangelho de Cristo. Seu amor, per-
dão, graça e ética não têm paralelos. São incomparáveis.
O evangelho de Deus não é uma religião pela qual o homem busca a Deus e a salvação.
O evangelho de Cristo não se encontra fundado no esforço humano para se encontrar com Deus.
Mas fundamenta-se na graça de Deus que alcança o pecador perdido. No evangelho de Jesus
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não é o homem quem busca. Deus não é o objeto da busca. No evangelho é Deus em Cristo
quem busca. O homem perdido é o objeto desta busca (II Coríntios 5:18-19).
3. Acusação de Populista (Gálatas 1:10).
“Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se
estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”.
À luz do versículo acima, chegamos à conclusão que Paulo estava sendo acusado de
populista. Ele estava sendo acusado de fazer o evangelho de Cristo uma religião fácil demais.
Mas Paulo protesta contra tal acusação. Ele não buscava a popularidade. Ele estava buscando
cumprir sua missão como servo de Deus e de Jesus.
Bem, ainda hoje é assim. Há muitos que, em busca de popularidade sacrificam princí-
pios básicos do evangelho de Deus. Paulo pregava a graça de Deus como único meio para a
salvação. Se isso era bom para o povo, não soava bem para os líderes religiosos que queriam a
todo o preço fazer Paulo calar. O apóstolo não se intimidava. Ele continuaria a pregar o que
Deus lhe havia confiado, mesmo debaixo da acusação de populista.
Há religiosos que querem fazer o caminho do evangelho de Deus difícil. Estes atam
fardos pesados e difíceis de suportar e os põem aos ombros dos homens, mulheres, jovens e
crianças; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. São hipócritas como os escribas
e fariseus do tempo de Jesus (Mateus 23:4). Apresentam-se perfeitos e pregam a perfeição para
entra no céu. Tudo hipocrisia!
Conclusão:
À luz de Gálatas 1:6-9 poderíamos chamar Paulo de fanático ou radical, porque ele in-
siste na graça de Deus. Mas será que, se houvesse um só remédio para curar determinada en-
fermidade, poderíamos chamar de radical e fanático o cientista que insistisse apenas no uso de
tal medicamento? Creio que não. Maldito e louco seria aquele que admitisse outro remédio
além do determinado.
Porém, à luz de Gálatas 1:10 poderíamos chamar Paulo de populista. Mas seria certo, só
porque ele apresenta um caminho fácil para a salvação dos homens? Ora, se tal caminho fácil
foi estabelecido por Deus, por que chamar Paulo de populista?
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Deus é do povo. Deus está a favor dos povos, principalmente dos pobres e explorados,
oprimidos e alienados em nossa sociedade.
O maior risco que corremos é o de estarmos nas fileiras dos escribas e fariseus hipócritas
que se apresentavam com grande piedade, mas por dentro estavam podres, cheios de pecados.
O problema não é estar podre por dentro, Cristo pode cuidar disto; o problema é a hipo-
crisia, a falsidade, a máscara, a fachada e a imposição sobre os outros de padrões que nós mes-
mos não vivemos.
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 1:11-24
O TESTEMUNHO DE UMA VIDA TRANSFORMADA
Introdução
Como já havíamos dito, esta é uma carta pessoal e cheia de emoções. No texto acima
indicado, Paulo fala da origem de seu evangelho, de seu erro no passado, de sua eleição e de
sua independência.
Vejamos, a seguir, cada um destes pontos acima indicados e o que Deus tem para nos
ensinar com base neles.
1. A origem do seu Evangelho (Gálatas 1:11-12).
“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo
homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus
Cristo”.
Nestes dois versículos mencionados, Paulo deixa claro que o evangelho que ele pregava
não procedia dos homens, mas de uma revelação de Jesus Cristo. Tal revelação encontra-se
relacionada com o encontro dele com Jesus no caminho de Damasco (Atos 1:1-9; 15; 22:5-15;
26:12-18). Naquela dramática e profunda expediência, Paulo reconheceu Jesus como o filho de
Deus e Salvador do mundo e, além disso, ele aprendeu, a partir de sua experiência, que o evan-
gelho, as boas novas, é aceitar a graça de Deus e não guardar a lei.
É claro que antes de sua conversão, Paulo tinha conhecimento das principais verdades
da mensagem Cristã. Ele já tinha ouvido da vida, dos feitos, ensinos, morte e ressurreição de
Jesus (Atos 7:55; 8:2). Mas Paulo não era um Cristão. Ele não creu no que ouviu. Ele rejeitou
o que ouviu e considerou como blasfêmia. Ele só mudou a partir de seu encontro pessoal com
Jesus.
Este ponto nos ensina que a nossa experiência pessoal com Jesus é fundamental. Sua
importância não tem como ser exagerada. Precisamos crer na palavra de Deus e no seu filho
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Jesus Cristo, não por causa do testemunho de alguém, mas por causa daquilo que temos visto,
ouvido e experimentado (I João 1:1).
2. E erro de Paulo no passado (Gálatas 1:13-14).
“Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobrema-
neira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E na minha nação excedia em judaísmo a muitos
da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais”.
Paulo foi um religioso exemplar. Em nome de sua religião e em nome de Deus, ele
perseguiu, maltratou e matou pessoas. Ele pensava que, ao fazer tudo isso, estava prestando um
serviço a Deus.
Quantas vezes nós erramos pensando que estamos fazendo aquilo que é certo e correto.
Podemos usar Deus e a sua palavra como armas contra os outros. E isto não é correto.
Quantos crimes, quantas mortes, quanta maldade tem sido feita por causa da religiosi-
dade. As tradições religiosas, as religiões separam, alimentam o ódio, a disputa, a guerra.... Mas
Deus, em Jesus Cristo, faz o oposto.
Quando nós andamos e agimos conforme a nossa religião nós nos distanciamos de Jesus
e dos outros homens; quando andamos e agimos de acordo com Deus, o oposto se verifica.
Como precisamos tomar cuidado com nossa religiosidade!
3. A eleição (Gálatas 1:15).
“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me
chamou pela sua graça”.
A doutrina da eleição é uma das mais complexas de toda a Bíblia. Algumas pessoas
pensam que tal doutrina significa que Deus escolheu uns para a salvação e outros para a des-
truição. Se isto fosse verdade, então Deus seria sádico, mau, perverso. É claro que Deus não
criou ninguém para o inferno.
Quando a Bíblia fala da eleição o que se tem em vista é a graça de Deus. O ato de
salvação do homem é obra do Senhor, é iniciativa de Deus, é graça, é eleição.
Assim sendo, todas as vezes que lemos a palavra eleição ou outra palavra equivalente a
esta em nossa Bíblia, deveríamos agradecer e bendizer o nome do Senhor, porque isto diz res-
peito ao seu bom caráter, ao seu amor.
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Ao falar sobre este assunto, Paulo diz que “aprouve a Deus desde o ventre de sua, o
separar, e lhe chamar pela sua graça”. Está claro que o mérito de sua salvação e apostolado se
encontra em Deus e em Sua graça.
Isto é eleição. Ela deveria gerar em nós louvor, adoração e humildade. Mas ela tem
gerado dúvidas sobre o caráter de Deus. E isto porque aqueles que a têm apresentado, têm feito
de forma equivocada.
4. A Independência (Gálatas 1:16-24).
“Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne
nem o sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas
parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco. Depois, passados três anos, fui a Jerusalém
para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias. E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a
Tiago, irmão do Senhor. Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que
não minto. Depois fui para as partes da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das
igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos
perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía. E glorificavam a Deus a respeito de mim”.
É impressionante como somos vigiados, domados e pressionados a vivermos como ani-
mais domésticos, debaixo do cabresto.
Os judaizantes queriam Paulo sob suas rédeas. Mas Paulo, à semelhança de João Batista
e de Jesus, é um homem livre. Dependente apenas de Deus, o Pai e do Espírito Santo.
Há duas maneiras de nos degradarmos: ou nos tornamos coisas ou nos tornamos “coisi-
ficadores”.
Jesus não se intimidou quando os líderes religiosos de deus dias o interrogavam pergun-
tando-lhe com que autoridade Ele estava operando milagres e ensinando (Mateus 21:23). Com
João Batista não foi diferente ao ser interrogado pelos sacerdotes e levitas de Jerusalém. Eles
queriam saber quem ele era e por que ele batizava (João 1:19-25). O mesmo aconteceu com
Paulo. Ele foi atacado pelos judaizantes os quais o acusavam de não ter autoridade para o apos-
tolado, o ensino e a pregação.
Paulo deixa claro que seu ensino e seu ministério apostólico provêm de Deus. Ele não
consultou homem algum com o propósito de aprender o significado do evangelho. Ele não foi
a Jerusalém para consultar os apóstolos ou pedir a permissão deles para pregar e ensinar. Ele
foi à Arábia e depois voltou para Damasco.
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Não sabemos o propósito de Paulo ao ir à Arábia. Ele não nos informa. Alguns dizem
que ele foi pregar na Arábia; outros já dizem que ele foi meditar e orar, refletir sobre seu en-
contro com Jesus antes de começar seu ministério. Bem, sobre isto nós temos dados que nos
permitam afirmar categoricamente. Mas, o que está claro neste texto de Paulo aos Gálatas é a
sua independência.
Isto não significa que Paulo não anelasse a comunhão e a cooperação com os demais
cristãos. O ponto aqui não era este. Aliás, Paulo quando esteve em Jerusalém encontrou-se com
Pedro e Tiago, mas ao mencioná-los no texto indicado (Gálatas 1:18-19), ele o faz apenas para
indicar que não se reuniu com o colégio apostólico. Daí o seu juramento em Gálatas 1:20.
Ao refletirmos sobre a vida de Paulo, de João Batista e do próprio Jesus, ficamos im-
pressionados com a independência destes homens em relação aos líderes religiosos de seus dias.
Criam na unidade no meio da diversidade. Tinham a coragem de ser. Pregavam e ensinavam
aquilo que acreditavam e não simplesmente aquilo que os outros “superiores” diziam que eles
deveriam crer, pregar e ensinar. A questão que se coloca neste momento é se estamos apenas
repetindo o que os outros dizem ou disseram, ou se estamos passando aquilo que se encontra,
não necessariamente escrito em papel, mas em nosso próprio coração, em nosso próprio sangue,
onde o Espírito Santo de Deus habita, o maior intérprete da Palavra de Deus e dela o seu Autor.
Conclusão
Com esta lição chegamos ao final do primeiro capítulo da epístola do apóstolo Paulo
aos Gálatas. A nota final deste capítulo é que Deus era glorificado por causa da vida de Paulo.
Que informação consoladora!
Como seria bom ver o nome de Deus glorificado por causa de cada um de nós! Mas a
verdade é que, enquanto uns glorificam a Deus por causa de alguma coisa que fizemos ou dei-
xamos de fazer; que somos ou deixamos de ser; há outros que, com base no mesmo fato podem
revelar atitudes totalmente antagônicas.
Assim sendo, o que nos resta é a nossa consciência diante de Deus. O árbitro de nossa
consciência não deve ser nenhum homem ou instituição sob pena de nos transformarmos em
sal insípido. O árbitro de nossa consciência é Deus que vive dentro de nós.
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Gálatas – 2:01-10
COMPANHEIROS, MAS NÃO SUBORDINADOS
Introdução
Este é um dos textos mais difíceis da Carta aos Gálatas. Como já falamos anteriormente,
esta é uma carta muito pessoal, e os sentimentos de Paulo estão a flor da pele.
Ao longo deste estudo destacaremos três pontos: primeiro, a aparente confusão emoci-
onal de Paulo, em segundo lugar falaremos sobre a declaração de que Deus não faz acepção de
pessoas; e finalmente, refletiremos sobre a importância de nos lembrarmos dos pobres.
Antes de entrarmos no primeiro ponto, vale a pena explicar que a palavra subordinada
aqui não está sendo usada num sentido positivo, isto é, uma subordinação inteligente, refletida
e alegre como por exemplo a dos filhos em relação aos pais.
1 – A Aparente Confusão De Paulo
Há momentos em nossa vida que experimentamos certas crises, as quais nos deixam
confusos emocionalmente. Sentimos admiração e desprezo, amor e raiva, tristeza e alegria, pra-
zer e desgosto. Como seres humanos, somos muito complexos é isto que sentimos em relação
a nós, podemos ver na vida de Paulo.
Há expressões no texto bíblico acima indicado, que parecem indicar que Paulo tinha os
apóstolos em Jerusalém, em grande estima. “Lhes expus o Evangelho, mas em particular, aos
que eram de destaque, para que não estivesse correndo em vós. ”; “...aqueles que pareciam ser
as colunas, deram a mim e a Barnabé as destras de comunhão. ”; “...recomendando-vos somente
o que também procurei fazer com diligência”.
À primeira vista os textos acima em destaque apresentam Paulo como um homem de-
pendente e até mesmo subordinado aos apóstolos. Parece que ele está sublinhando, destacando
a grandeza, nobreza e superioridade dos apóstolos.
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Não obstante, quando damos uma segunda olhada no texto de Gálatas 2:01 a 10, ficamos
surpresos com expressões que parecem falar da indiferença e desprezo de Paulo para com aque-
les apóstolos em Jerusalém: “...nem mesmo Tito que estava comigo... foi constrangido a cir-
cuncidar-se.”; “...aos quais nem ainda por uma hora cedemos em sujeição para que a verdade
do Evangelho permanece entre vós.”; “...daqueles que pareciam ser alguma coisa, as quais ou-
trora tenham sido, nada me importa...”; “...esses, digo que pareciam ser alguma coisa, nada me
acrescentaram.”.
Vejam bem que o texto rico e complexo. Creio que Paulo voltou a Jerusalém depois de
14 anos para se encontrar com os apóstolos por causa de Barnabé (Gálatas 1:18). O que estou
tentando dizer é que os “14 anos depois” mencionados no capítulo 02, é depois da primeira
visita de Paulo à Jerusalém, porque ele, Barnabé, tinha influência junto ao Colégio Apostólico
e era amigo de Paulo e queria que eles se enriquecessem mutuamente (Atos 4:36 e 37; Atos
9:27; Atos 11:22 a 25).
Assim sendo, creio que Paulo queria a amizade, a cooperação e o companheirismo com
os apóstolos, mas sem subordinação, dependência ou subserviência.
Olhando para nós hoje, somos surpreendidos com as nossas atitudes e ações. As vezes
vivemos na miséria e na vergonha dos castrados ou dos castradores, esquecidos que o maior de
todos os bens é o da liberdade.
2 – Deus Não Faz Acepção De Pessoas. (Gálatas 2:06)
Que declaração solene! Que verdades muitas vezes olvidadas! Que podemos aprender
deste texto acima indicado? Que desdobramentos se encontram contidos em tal versículo? As
lições são inúmeras. Venho destacar algumas. Espero que você possa extrair outras lições e
aumentar assim a lista de aplicações do presente texto às nossas vidas.
Em primeiro lugar o que Paulo está falando aos Gálatas tem seus fundamentos no Antigo
Testamento.
A escolha de Davi como o substituto de Saul, o rei de Israel, ensina-nos que Deus não
vê como o homem vê. Ele não atenta para o exterior, para aquilo que é aparente. Esta foi uma
lição que Samuel, como sacerdote de Deus, custou a entender. Deus havia escolhido um menino
para que Samuel ungisse, para que fosse o líder do seu povo. Foi mister que Javé falasse clara-
mente ao seu servo para que ele entendesse (I Samuel 16:01-07).
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A verdade é que nós não somos diferentes de Samuel. Quase sempre falamos, agimos e
tomamos com todo o desvelo aquele que é rico ou encontra-se bem vestido ou que tenha um
porte físico, uma fachada agradável aos olhos ou aos padrões de estética deste mundo, e des-
prezamos os outros.
Em segundo lugar, queremos dizer que o ensino de que Deus não faz acepção de pes-
soas, encontra-se alhures no Novo Testamento. Tiago fala claramente sobre esse assunto: “...se
entrar em vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com traje esplêndido e entrar
também algum pobre com traje sórdido e atentardes para o que entrar com traje esplêndido...
não fazeis, por ventura, distinção entre vós mesmos... se fazeis acepção de Deus, cometereis
pecado...” (Tiago 2:01-09).
Paulo volta a tratar da matéria em sua carta aos Coríntios quando diz: “...vede, irmãos,
a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem
muitos nobres que são chamados...” (I Coríntios 1:26). É verdade, Deus não se deixa levar pela
aparência.
Aliás, o próprio Senhor Jesus Cristo nos ensina uma lição magistral a propósito de nosso
tema. Ele vive num mundo marcado pelo preconceito. Havia discriminação sexual, religiosa,
racial e cultural. As mulheres eram desprezadas pelos homens, o Judaísmo considerava inferior
e profano todas as outras expressões religiosas, o gentio era considerado sujo e impuro e uma
sub-raça, e os gregos consideravam os outros povos bárbaros. Bem, no encontro de Jesus com
a mulher samaritana e adúltera, o Mestre despreza as convenções e parâmetros de falsa moral
de sua sociedade, indo além de seu tempo, não atentando para a aparência, mas concentrando-
se naquilo que é fundamental e essencial: O coração do ser humano (João 4:01-29).
É exatamente isso que Paulo quer ensinar aos crentes da Galácia. O que importa é o
coração “circuncidado” e não o prepúcio, a carne.
3 – A Importância De Nos Lembrarmos Dos Pobres. (Gálatas 2:10)
A respeito deste assunto há dezenas de livros. Não é fácil escrever sobre a relevância
deste assunto em apenas algumas linhas. Deus tem especial interesse pelos pobres. Há inúmeros
textos ao longo das escrituras que confirmam essa declaração. Em Êxodo, o Senhor diz: “...não
maltratarás nem oprimirás ao estrangeiro... a nenhuma viúva ou órfão afligires... não empresta-
rás dinheiro ao pobre com juros... ainda que chegues a tomar em penhor o vestido de teu pró-
ximo, lho restituirás antes do pôr do sol....” (Êxodo 22:21-27).
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ESTUDO NA CARTA AOS GÁLATAS
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Um pouco mais a frente o Senhor adverte seu povo com as seguintes palavras: “...não
endurecerás o teu coração nem fecharás as mãos a teu irmão pobre... pois nunca deixará de
haver pobres na terra; pelo que eu te ordeno, dizendo: livremente abrirás a mão para o teu irmão,
para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra. ” (Deuteronômio 15:01-11).
No tempo dos juízes, antes portanto da instituição da monarquia, o livro de Rute des-
creve com beleza singular como a piedade está intimamente relacionada com a preocupação
com os pobres. Boás, o remidor de Rute, é um homem rico, ascendente de Jessé, Davi e Jesus,
profundamente sensível às necessidades materiais dos outros, mesmo quando estes outros são
estrangeiros (Rute 1:04-22).
Ao poetas de Israel também falaram do interesse de Deus pelos pobres: “clamou este
pobre, e o Senhor o ouviu...” (Salmo 34:06); “O que se compadece do pobre, empresta ao Se-
nhor...” (Provérbios 19:17).
O ensino profético é simplesmente revolucionário quando o que se estuda é o tema da
religião verdadeira face ao interesse de Deus pelos pobres. Qual é o Jejum que agrada a Deus?
É Javé mesmo quem responde: “...que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os
pobres desamparados, que vendo o nu, o cubras... então romperá a tua luz como a alva... e a tua
justiça irá diante de ti...” (Isaias 58:01-10).
O Ministério de Jesus contemplou os pobres de forma muito especial. Em Nazaré, bem
no início de seu trabalho, Ele abriu a palavra do Senhor na Sinagoga e leu a seguinte escritura:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos po-
bres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr
em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor...” (Lucas 4:14-21). Em
síntese este era o programa do Ministério de Jesus.
Paulo, escrevendo aos Gálatas, deixa claro que os líderes de Jerusalém lhe fizeram ape-
nas uma recomendação: que ele se lembrasse dos pobres. Diante de tal pedido ele escreve in-
formando-nos que ele isto fez, e o fez com diligências. Aleluias!
Conclusão:
O Cristianismo é uma proposta singular e maravilhosa de Deus. Nele todos somos ir-
mãos. Este é um tratamento fundamentado numa verdade de que não há relação de superiori-
dade ou de subordinação. É lamentável. Quando fugindo do espírito cristão, nos desviamos do
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ESTUDO NA CARTA AOS GÁLATAS
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espírito de cooperação e companheirismo e partimos para uma postura de autoritarismo ou sub-
serviência.
Paulo queria cooperar, ajudar a ser ajudado, mas sem violência à sua individualidade,
autonomia e liberdade. Ele cria que o propósito de Deus era a criação de uma sociedade alter-
nativa para o mundo e no mundo onde todos, independentemente da posição social ou raça,
pudessem viver em harmonia e com dignidade.
A teologia e a postura judaizante comprometiam esse ideal de Deus (Atos 11:01-03).
Urge que todos nos perguntemos: o que somos? Dominadores ou dominados? Escravos
ou escravistas? Vejam bem que ambos os extremos são perigosos e perniciosos.
Que Deus nos faça companheiros, amigos, edificadores de uma sociedade livre, pois
aquele que é Senhor já disse que não nos chamará mais de servos, mas de amigos. (João 15:15).
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 2:11-21
ENCONTROS E DESENCONTROS
Introdução:
Nos textos já estudados vimos com alegria os encontros de Paulo e Pedro, bem como de
Paulo e Barnabé. No texto bíblico acima indicado o que se vê são fingimentos, dissimulação,
hipocrisia, falsidade, covardia, decepção, medo, policiamento e muitas outras experiências de-
sagradáveis da história do cristianismo.
A seguir vamos destacar algumas destas decepções que Paulo teve e que todos nós, ainda
hoje, podemos ter.
1. A Repreensão de Paulo para com Pedro (Gálatas 2:11 e 12)
O texto bíblico acima indicado fala-nos de um desentendimento entre Paulo e Pedro.
Ambos estavam em Antioquia, onde havia muitos cristãos gentios. Ora, os judeus não se co-
municavam com os gentios (João 4:09). Mas na Igreja de Cristo não deve haver muros sepa-
rando os homens de uma comunhão fraternal (Efésios 2:14). Embora Pedro entendesse isso
teoricamente, parece que ele tinha dificuldades em viver tal verdade (Atos 10:01 a 11:18).
Assim sendo, Pedro estava a vontade entre os gentios em Antioquia até o momento em
que os judaizantes da Igreja de Jerusalém chegaram. Na presença destes últimos o comporta-
mento de Pedro se alterou o que provocou a briga, o desentendimento entre os dois apóstolos.
Paulo escreveu assim: “Quando, porém, Cefas (isto é, Pedro) veio a Antioquia, resisti-lhe na
cara porque era repreensível... e disse a Cefas perante todos: Se tu, sendo judeu vives como os
gentios, e não como os judeus, como é que obrigas os gentios a viverem como judeus? ” (Gá-
latas 2:11-14).
É lamentável as brigas e desentendimentos no seio da Igreja de Cristo. Mas o estudo do
cristianismo nos ensina que desde o seu início tais desentendimentos sempre ocorreram.
Na Igreja de Filipos parece que Evódia e Síntique não se entendiam: “Rogo a Evódia, e
rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor. ” (Filipenses 4:02).
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O apóstolo João, ao que tudo indica, teve sérios desentendimentos com Diótrefes: “Es-
crevi alguma coisa ̀ Igreja; mas Diótrefes, que gosta de ter entre eles a primazia, não nos recebe”
(III João 09).
Bem, outros exemplos poderiam ser acrescentados. Você, querido leitor, poderá fazê-
lo. A História do cristianismo, de seu início até hoje, está cheia de exemplos de brigas e desen-
tendimentos. O que é maravilhoso é que, a despeito disto Deus continua abençoando a sua
Igreja.
2. Decepção (Gálatas 2:13)
Paulo tinha uma grande expectativa em relação aos apóstolos e cristãos em geral, parece
que sua expectativa em relação a Barnabé era ainda maior. Barnabé foi a ponte entre Paulo e os
apóstolos e a comunidade cristã insipiente no primeiro século (Atos 9:27). Daí a expressão de
grande surpresa e decepção de Paulo para com Barnabé face a sua atitude dissimulada: “...de
modo que até Barnabé se deixou levar...” (Gálatas 2:13).
A experiência de Paulo não é diferente da nossa. Quantas vezes nos decepcionamos com
pessoas próximas, amigas, cristãs, líderes, etc.. São atitudes, palavras, gestos e uma série de
outras coisas que muitas vezes não esperamos procedem sérias decepções.
O que fazer afinal? Será que não devemos ter expectativas em relação aos outros? Im-
possível. Precisamos de fitar os nossos olhos em Jesus (Hebreus 12:01 e 02). Ele deve ser a
fonte suprema de nossa inspiração. Ele cria no ser humano mesmo quando as pessoas o decep-
cionam, tais como Pedro, Tomé, Judas... eu e você. A semelhança d’Ele precisamos continuar
a crer no ser humano. A despeito de nossas decepções precisamos ter esperança. Em última
análise a esperança no outro significa a esperança em nós mesmos e no Cristo que nos redimiu.
Paulo estava decepcionado. Poderia ter mergulhado em sentimentos de auto piedade e
autocomiseração. Poderia, por causa das decepções, cruzar os braços, abandonar a carreira,
blasfemar de Deus e odiar os homens. Mas o ódio é um fardo muito pesado para carregarmos.
Paulo fez aquilo que todos nós precisamos fazer: ele entregou tudo isso a Deus. Será que esta-
mos fazendo o mesmo?
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3. Policiamento (Gálatas 2:12, 04 e 05)
Um dos problemas centrais desta carta e do cristianismo de uma forma geral é que há
pessoas que estão sempre policiando os outros. Policiando aqui no sentido negativo. Tais poli-
ciais da Igreja, da fé, do cristianismo, agem como se fossem os donos da verdade. Como, aque-
les que tem a palavra final sobre tudo. Estes, à semelhança dos escribas e fariseus aos quais
Jesus chamou de hipócritas, não entram no reino de Deus e nem deixam ninguém entrar (Mateus
23:13).
O policiamento da fé é pernicioso porque ele gera medo, ele cria monstros, ele é produto
do autoritarismo e do arbítrio. Ele faz violência às pessoas. Ele conspira contra a liberdade
pessoal e divina. Foi exatamente isto que os escribas e fariseus fizeram com Jesus ao longo de
seu Ministério. (João 8:1-11; Mateus 21:23-27; etc.).
Conclusão:
As brigas, as decepções e o policiamento da fé tem gerado muita tristeza e muitos de-
sencontros ao longo da história do cristianismo. Estas experiências negativas levaram Paulo a
levantar perguntas e afirmações, como recurso de retórica, porque as respostas e a essência das
afirmações tanto ele quanto nós já sabemos. Por exemplo: “... se tu, sendo judeu, vives como
os gentios e nãos como os judeus, como é que obrigas os gentios a viverem como judeus? ”
(Gálatas 2:14); “... é porventura Cristo ministro do pecado? ” (Gálatas 2:17). Bem, as respostas
a tais perguntas são obvias. Cristo não ministra pecado. Ele ministra graça e perdão.
A afirmação: “... se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão. ” (Gálatas
2:21), precisa ser analisada. Precisamos prestar atenção na conjunção condicional subordina-
tiva: “Se a justiça provém da lei. ”. Não obstante, sabemos que a justiça não provém da lei. A
lei existe para condenar, a fé para justificar. Alei requer punição, a fé implica em graça.
Eis a essência e em síntese a grande questão da Carta aos Gálatas: Fé e Lei. A primeira
produz os encontros dos homens com Deus, com o próximo e consigo mesmo. A segunda só
produz desencontros.
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Capítulo 3
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 3:01-05
UM CONVITE À REFLEXÃO
Introdução
De uma forma geral a carta aos gálatas pode ser dividida em três partes. A primeira diz
respeito aos capítulos 1 e 2, que falam dos aspectos pessoais da vida e do ministério de Paulo.
A segunda parte, capítulos 3 e 4, tem como nota dominante o argumento teológico. A terceira
e última parte trata dos ensinos práticos e abrange os capítulos 5 e 6.
Bem, como você deve ter observado, hoje vamos começar a segunda parte dessa carta,
isto é, a parte teológica.
1 – O apóstolo Paulo faz seis perguntas em cinco versículos (Gálatas 3:01-05)
O apóstolo Paulo não ignora a resposta das perguntas. E, certamente, os seus leitores a
conheciam também. Então, qual era o propósito de Paulo ao apresentá-las? Seu propósito era
leva-los à reflexão.
As perguntas foram usadas pelo apóstolo como um recurso de retórica. Ele quer que
seus leitores pensem sobre aquilo que eles já sabem, mas que parece terem esquecido. Eis as
perguntas:
1ª pergunta: Quem vos fascinou?
2ª pergunta: Foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé?
3ª pergunta: Sois vós tão insensatos?
4ª pergunta: Tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?
5ª pergunta: Será que padecestes tantas coisas em vão?
6ª pergunta: Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o
faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé?
A seguir, vamos meditar em cada uma destas perguntas, na esperança de que Deus nos
fale através delas.
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1. Quem vos fascinou?
A palavra fascinar no grego tem o sentido de enfeitiçar, usar de encantos. Os Crentes
da Galácia pareciam enfeitiçados. Estavam largando a fé e voltando para as obras. Deixando a
Cristo e abraçando a lei.
Ainda hoje é assim. Muitas vezes nós ficamos fascinados por aquilo que é transitório e
efêmero. As riquezas deste mundo nos fascinam. A beleza física faz com que, muitas vezes,
nos endoidemos. A atração do sexo, a fome de poder, a sede de sucesso... enfim, todas estas
coisas têm em si o poder de nos fascinar, encantar e enfeitiçar.
Como resistir a tal feitiço? A resposta é: fitando os olhos em Jesus (Hebreus 12:1).
Quando nos deixamos enganar pela falsa luz das coisas deste mundo, agimos como in-
sensatos. Daí o vocativo de Paulo: “Ó insensatos gálatas! ”. A palavra “insensatos” significa
sem juízo, sem razão, sem mente.
Não deveríamos permitir que os nossos sentidos nos arrastassem a delírios irrefletidos.
2. Foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé?
Por três vezes a palavra “Espírito” ocorre neste pequeno texto da carta aos gálatas. Não
há como exagerar na importância do Espírito Santo.
O Espírito Santo é uma das pessoas da Trindade (Mateus 28:19). Ele tem vontade (Atos
16:6). Ele tem sentimentos (Efésios 4:30). Ele é o substituto de Jesus. É ele quem nos convence
do pecado e nos guia a toda verdade (João 16:7-13).
O apóstolo Paulo quer saber se os crentes da Galácia sabiam como eles haviam recebido
o Espírito Santo. Foi por obras da lei, ou pelo ouvir com fé? É claro que tinha sido pelo ouvir
com fé. É pela fé que nos tornamos filhos de Deus. E quando nos tornamos filhos de Deus
recebemos o Espírito Santo que clama dentro de nós “abba”, pai, em relação a Javé (João
1:12,13; Gálatas 4:6,7).
Embora esta seja a verdade, os crentes da Galácia estavam preocupados com as obras
da lei. Queriam fazer ou deixar de fazer certas coisas porque a lei determinava. Contudo, o viver
pela fé implica uma vida guiada pelo Espírito e não pela letra. Porque a letra mata, mas o Espí-
rito vivifica (II Coríntios 3:6).
3. Sois vós tão insensatos?
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ESTUDO NA CARTA AOS GÁLATAS
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Às vezes fazemos certas coisas que parecem insensatez. Por exemplo: seria insensatez
ensinar primeiro multiplicação e depois adição; ou primeiro a divisão e só depois a subtração?
Aos olhos de Paulo, o apóstolo, também seria loucura começar pelo Espírito e depois
terminar na carne. Isto não tem sentido na vida cristã.
Como podemos começar com fé em Jesus e terminarmos com fé na lei? Ora, a lei não
salva; ela condena. Jesus salva.
Por exemplo, na vida cristã, o que é mais importante: o amor ou o falar em línguas? Mas
há muita gente que começa o discipulado buscando o amor e parece querer termina-lo, buscando
o dom de falar línguas (I Coríntios 12:28 – 13:13).
Contudo, à luz do ensino de Paulo aos Coríntios o mais importante é o amor e não o
falar em línguas. Como somos insensatos quando invertemos as ordens das coisas!
4. Tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?
A vida cristã tem começo, meio e fim sob a égide do Espírito Santo.
É uma tolice pensar que podemos dar continuidade a nossa vida com Deus pelo poder
da nossa carne. A palavra carne aqui significa corpo, mente, herança humana, etc. carne, aqui,
não significa algo mau necessariamente. O ponto crucial aqui é que: não é pelo poder da carne,
da mente, do caráter humano... que nós nos convertemos a Deus ou vivemos em comunhão com
Ele. É pelo poder do Espírito Santo que, em nós, opera que saímos das trevas para a luz e
vivemos em paz.
Paulo quer saber dos crentes da Galácia se, depois de terem começado pelo Espírito,
eles queriam terminar a vida cristã pelo poder da carne.
Quando analisamos seriamente este texto descobrimos, não tanto pelo nosso discurso,
mas pela nossa prática, que pensamos que a vida cristã que possuímos, e que consideramos ser
melhor do que a de muita gente, é produto de nosso esforço pessoal, de nossa carne e não da
graça de Deus que opera em nós, através do seu Espírito Santo. Daí sermos tão duros e impla-
cáveis com os nossos irmãos que falham diante de nossos olhos. Se tivermos consciência que
os nossos progressos espirituais são consequência do Espírito Santo de Deus em nossas vidas,
seríamos mais humildes, menos arrogantes e mais misericordiosos.
A história do Cristianismo está cheia de exemplos de pessoas que, numa busca desespe-
rada de Deus e, muitas vezes doentia, trilharam caminhos estranhos ao da graça de Jesus e do
Espírito Santo.
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Até o terceiro século os cristãos foram severamente perseguidos. O martírio se tornou
na maior demonstração de fidelidade a Deus. Tornou-se também na maior obsessão dos Cris-
tãos. Se eles não estivessem sendo perseguidos ou ameaçados, então era porque alguma coisa
estava errada com a vida cristã deles. Isto era doentio. Era loucura e insanidade.
No quarto século quando a perseguição cessou, muitos cristãos entraram em depressão.
Eles estavam em busca de aventuras, emoções fortes, sensacionalismo. Assim surgiram os mos-
teiros, o claustro, o isolamento, o autoflagelo. Mas, mesmo nos conventos, o pecado não os
abandonou. E, ao invés de descansarem e crescerem na graça de Deus, eles se perderam num
esforço histérico de vida com Deus no poder da carne. Que pena!!! Oremos a Deus para que o
mesmo não ocorra conosco.
5. Será que padecestes tantas coisas em vão?
Quantas perseguições, incompreensões e perdas temos sofrido ao longo de nossa car-
reira cristã!
A decisão por Cristo, muitas vezes, nos leva pelo caminho do deserto, da solidão, do
padecimento.
É raro encontrar alguém que tenha seguido a Jesus Cristo e não tenha padecido de uma
forma ou de outra (Filipenses 1:29; I Pedro 4:14).
O apóstolo Paulo quer saber se os crentes da Galácia tinham padecido em vão. Eles
começaram seguindo a Jesus, mas agora estavam seguindo a lei. Não há glória na lei, mas na
cruz de Cristo (Gálatas 6:14).
6. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o
faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé?
A pergunta do apóstolo Paulo faz-nos lembrar de que Deus nos dá o Espírito Santo.
Muitas vezes nós pensamos que fazemos por merecer o Espírito de Deus. Não há coisa alguma
que possamos fazer por merecer o Espírito Santo do Senhor. Ele é dado a nós por causa da graça
de Jesus (Efésios 2:8-9).
Ao nos escolher e nos eleger como seus filhos, Deus o fez não por causa de nossas
virtudes. Aliás, é isso que Ele lembra a Israel: “...para não suceder que... se exalte o teu coração
e te esqueças do Senhor teu Deus... e digas no teu coração: ‘A minha força e a fortaleza da
minha mão me adquiriram estas riquezas...” (Deuteronômio 8:11-18).
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ESTUDO NA CARTA AOS GÁLATAS
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Quando estudamos os milagres e as maravilhas que Deus operou ao longo da história,
ficamos impressionados. A maioria dos milagres e curas acontecem para produzir; produto da
graça de Deus, e não por causa da fé.
O paralítico de Betesda foi curado por Jesus, sem ao menos saber quem Ele era: “Mas
o que fora curado não sabia quem era, porque Jesus se retirara...” (João 5:1-13).
O cego de nascença também não conhecia Jesus, contudo foi curado. Depois do homem
curado ter sido expulso da Sinagoga, Jesus o achou. A história foi registrada assim: “Soube
Jesus que o haviam expulsado; e achando-o, perguntou-lhe: ‘ Crês tu no Filho do Homem? ’
Respondeu ele: ‘ Quem é, Senhor, para que Nele creia? ’ Disse-lhe Jesus: ‘Já o viste, e é ele
quem te fala contigo. ‘Disse o homem: ‘ Creio, Senhor! ’ E o adorou. ” (João 9:35-38).
Aquele que dá o Espírito Santo e opera maravilhas entre nós, acaso o faz pelas obras da
lei, ou pelo ouvir com fé? A resposta é: pelo ouvir com fé. Tal expressão significa: pela graça
de Jesus. Não devemos tentar interpretar literalmente esta expressão: “Ouvir com fé.”. Nesta
carta aos Gálatas, neste contexto, tal expressão significa: graça. “Pela graça sois salvos por meio
da fé, e isto não vem de vós é dom de Deus” (Efésios 2:8). Tanto a graça quanto a fé são obras
da misericórdia, bondade e amor de Deus.
Conclusão:
Não devemos viver a vida sem reflexão. Há muita gente refletindo sobre a vida dos
outros, mas esquecendo de refletir sobre a sua própria vida. Há outros que vivem sem refletir,
sem pensar. São como máquinas. Levantam, sentam-se, comem, bebem, deitam, trabalham, vão
ao templo... morrem sem refletir sobre as experiências da vida. Precisamos refletir iluminados
pela luz, para não vivermos superficialmente, mas para conhecermos as profundezas da palavra
de Deus e de Sua graça em nós.
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 3:06-09
UM CONVITE À MEDITAÇÃO NA PALAVRA DE DEUS
Introdução:
Depois de estudarmos sobre a importância da reflexão de nossa experiência, veremos
sobre a importância de meditarmos na Palavra de Deus.
É mister sincronizar, harmonizar a experiência com a Escritura. Muitas vezes sentimos
e pensamos coisas que não encontram fundamento na Palavra de Deus. É preciso submeter
nossos sentimentos e ideias aos princípios da Palavra do Senhor e não o contrário.
Vejamos os pontos que Paulo destaca baseado nas Escrituras.
1. O Evangelho em Perspectiva
A palavra Evangelho significa “boas novas”, boas notícias. A expressão em perspectiva
diz respeito a algo ou alguém esperado, no futuro.
A experiência de Abraão fala-nos do evangelho em perspectiva. Pois o evangelho foi
anunciado por Jesus e seus apóstolos. “... veio Jesus para a Galileia pregando o evangelho de
Deus” (Marcos 1:14). Paulo, escrevendo aos Coríntios, diz: “Mas, se ainda o nosso evangelho
está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século
cegou os entendimentos dos incrédulos para que não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo...” (II Coríntios 4: 3,4).
O evangelho revela-nos um Deus cujo coração é de amor. Um Deus que, ao invés de
condenar o homem, salva-o pela fé.
Temos ouvido falar de um Deus cujo fogo é consumidor, cuja pá é para limpar a eira,
cujo machado está posto à raiz das árvores..., mas, o evangelho em perspectiva fala-nos das
boas novas de Deus.
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Carca de 1700 anos antes de Jesus Cristo, Abraão foi justificado pela fé: “E creu Abrão
no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça” (Gênesis 15:6) Aleluias!
Só quando meditamos na Palavra de Deus e nos Seus exemplos sob a luz do Espírito
Santo é que aprendemos de verdade os Seus princípios.
Jesus disse que Abraão exultou e alegrou-se quando viu o Seu dia, isto é, o dia da graça
de Deus revelada, mas os ouvintes de Jesus não O entenderam, pois estavam surdos e cegos
(João 8: 56,43)
2. O Significado Espiritual das Escrituras
Quando estudamos a Palavra de Deus descobrimos profecias que se cumpriram literal-
mente, porém há outras cujo sentido é figurado.
Por exemplo: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho...” (Isaías 7:14). Esta é uma
palavra profética que se cumpriu literalmente (ateus 1:21-23).
Contudo, esta outra profecia não teve o cumprimento literal: “... mostrarei prodígios no
céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas e a lua em
sangue...” (Joel 2:30,31). De acordo com o apóstolo Pedro estas coisas aconteceram no sentido
figurado, no dia de Pentecostes: “..., mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel...” (Atos 2:16).
Mas o que estes dois parágrafos acima têm a ver com a carta aos Gálatas e nosso texto?
Paulo disse que os que são da fé, esses são filhos de Abraão (Gálatas 3:7).
Ora, a questão que surgia era a seguinte: como os homens se tornam filhos de Abraão?
É pela circuncisão? Não, pois a circuncisão só foi instituída depois (Gênesis 17:11). E o próprio
Abraão só foi circuncidado aos 99 anos, depois, portanto, da promessa (Gênesis 17:10-14,24).
Será, então, que uma pessoa se tornava filho de Abraão por causa do sangue e carne?
Não, pois sangue e carne não podem herdar o reino de Deus (I Coríntios 15:50).
É claro que os judeus se orgulhavam do fato de serem chamados filhos de Abraão (João
8:33; II Coríntios 11:22). Porém, João Batista combatendo tal presunção disse-lhes: “Eu vos
digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mateus 3:9).
Os verdadeiros filhos de Abraão são os crentes em Deus e em sua Palavra. Como Abraão
foi justificado pela fé e não pelas obras, ele, Abraão, foi o pai dos crentes. Assim sendo, todos
os que creem podem receber a bênção prometida a Abraão (Gênesis 12:2,3).
Mais uma vez precisamos sublinhar o fato de que a letra mata, mas o espírito vivifica.
(II Coríntios 3:6).
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Precisamos pedir sabedoria a Deus para nos capacitar para interpretarmos corretamente
a Sua Palavra. Entender aquilo que é literal e aquilo que é figurado. E, além disso, extrairmos
os princípios básicos para um viver feliz com Ele e com o próximo.
Conclusão:
Quando estudamos a Palavra de Deus como um todo, e o texto de Gálatas descobrimos
que nunca foi o propósito do Senhor reduzir suas bênçãos a uma nação, a uma raça, a um povo
ou pessoa.
Em segundo lugar, aprendemos que o a Antigo Testamento era a única Bíblia que as
igrejas do Novo Testamento possuíam. Portanto, o Antigo Testamento era a base segura do
Novo Testamento. A árvore frondosa do Novo Testamento tem suas raízes no Antigo Testa-
mento.
Em terceiro lugar aprendemos, ao meditarmos nas escrituras, que sempre houve apenas
um caminho para a salvação de Deus: O caminho da graça por meio da fé. Aleluias! O nosso
Deus é o mesmo de ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8).
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 3:10-15
A LIBERTAÇÃO DA MALDIÇÃO
Introdução:
Todos nós preferimos a bênção à maldição. Se alguém prefere ser amaldiçoado ao invés
de ser abençoado é porque tal pessoa encontra-se enferma mental e espiritualmente. Hoje vamos
meditar sobre a bênção da libertação da maldição.
1. A diferença entre Lei e a Lei
Quando nós estudamos a lei descobrimos que ela era perfeita, amada e objeto da medi-
tação do povo do Senhor ao longo dos anos (Salmos 19:7-11; 119:1-176).
Assim sendo, ao analisarmos a palavra de Paulo aos Gálatas não devemos esquecer o
seu contexto e propósito, os quais eram completamente diferentes dos Salmistas de Israel. A
palavra lei na carta aos Gálatas não tem o mesmo significado da palavra lei nos Salmos e pro-
vérbios. Os escritores do Antigo Testamento e, notadamente os poetas de Israel, falavam da lei,
mas não como uma rija disciplina a nós proposta. O pensamento do homem piedoso do Antigo
Testamento a respeito da lei encontra-se em termos bem mais vastos. A lei é a palavra de Deus.
É a palavra dirigida ao coração do homem. Palavra que revela o caráter santo e perfeito de Deus.
É mais do que os códigos morais e cerimoniais escritos por Moisés. É a mensagem que não se
esgota com um mandamento positivo ou negativo.
Um dos princípios mais sagrados da hermenêutica (arte de interpretação) é o respeito ao
contexto. A lei no contexto de Paulo era uma maldição, já no contexto geral do Antigo Testa-
mento era vida, bênção, felicidade (Deuteronômio 11:26-32).
2. A Maldição da Lei
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A lei se tornou uma maldição, não por causa dela própria. Sua origem e natureza são
divinas. Ela se tornou uma maldição por causa do uso que o homem faz dela.
A interpretação e o apego cego, radical e fanático à lei é que a transformou num instru-
mento de maldição.
O propósito de Deus com a lei jamais foi o de trazer salvação, mas revelar o Seu caráter
Santo e perfeito.
Paulo quer chamar a atenção para o fato de que, se uma pessoa depender da lei para a
sua salvação, este alguém está perdido. E, para provar a lógica e a veracidade de seu raciocínio,
ele cita Deuteronômio 27:26: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que
estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gálatas 3:10).
Para Paulo, de acordo com sua própria experiência, nenhum homem era capaz de cum-
prir a lei. Foi ele quem escreveu: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”
(Romanos 3:23). E, na verdade, esta é também nossa experiência. Somos pecadores e, à luz da
lei, estamos condenados.
Enganamo-nos a nós mesmos quando pensamos que somos salvos pela nossa própria
justiça ou pela nossa capacidade de não pecar, não transgredir a lei de Deus (I João 1:8).
A falta de consciência de que somos pecadores é a maior de todas as nossas misérias. A
lei além de revelar o caráter santo de Deus, revela, também, o quão pecador. Transgressor,
imperfeito nós somos.
2. A Maldição da Lei
O método de salvação é o da fé em Jesus Cristo.
Foi Jesus quem nos redimiu, salvou, libertou da maldição da lei.
A palavra empregada por Paulo – resgate – é a mesma usada para a compra ou libertação
de um escravo.
Mas, o curioso é que Ele, Jesus, pagou a nossa libertação, não com ouro ou prata, mas
com Seu próprio sangue. (I Pedro 1:18-19).
A libertação só ocorreu porque Jesus morreu por nós na cruz. Ele se fez maldito por nós:
“Maldito todo aquele que foi pendurado no madeiro” (Gálatas 3:13; Deuteronômio 21:23).
Há pelo menos cinco aspectos da cruz de Cristo na carta de Paulo aos Gálatas. No texto
de hoje, Gálatas 3:13, a cruz é apresentada como instrumento de redenção; em Gálatas 2:20, a
cruz é exemplo de vida cristã; em Gálatas 5:24. A cruz é símbolo de disciplina, renúncia; em
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Gálatas 6:12, a cruz é motivo de perseguição; e, finalmente, em Gálatas 6:14 a cruz é apresen-
tada como fonte se gozo, alegria, felicidade e glória.
Antes de conhecer Cristo, o seu amor e poder, vivíamos na maldição ou condenação da
lei. Quanto mais um homem conhece a lei, mais consciente ele se trona de sua incapacidade de
observar todos os seus preceitos. Tal consciência gera um sentimento de condenação, impotên-
cia e desespero. Nosso profundo conhecimento da lei revela-nos no íntimo escravos do pecado.
E, como escravos, estamos impedidos de crescer, de viver a vida, de gozar a liberdade.
Cristo é quem nos liberta (João 8:32; 14:6). Somente aquele que é completamente livre
pode nos libertar. “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). Isto significa que
foi Jesus que tomou a cruz. “Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para retomar.
Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar. E tenho
autoridade para retomá-la” (João 10:17-18).
Conclusão:
O estudo do tema: A Libertação da Maldição, nos ensina que Deus quer nos libertar em
Cristo. Não há outro meio de sermos abençoados ou redimidos.
No contexto de Paulo, à luz da sua Carta aos Gálatas, a lei traz maldição, Cristo traz a
bênção. Isto porque a lei ordena castigo, punição para os seus transgressores, mas Cristo Jesus
traz perdão, paz e amor para os pecadores arrependidos.
Quando estudamos a Bíblia, descobrimos que, enquanto a palavra maldição e seus deri-
vados ocorrem menos de 200 vezes, ao longo das Escrituras; a palavra bênção e seus derivados
ocorrem mais de 500 vezes. Aleluia!!! Deus tem prazer em abençoar. A bênção vem, não atra-
vés da lei, não através da árvore genealógica, ela vem através da fé em Cristo Jesus para todo e
qualquer ser humano (Gálatas 3:14).
Podemos ser conhecedores profundos da lei e, mesmo assim, estarmos perdidos. Pode-
mos ser descendentes físicos de Abraão e, ainda assim, estarmos perdidos sob a maldição da
lei. É a fé simples e sincera no Filho de Deus, Jesus Cristo, que nos traz a bênção que precisa-
mos.
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 3:15-29
O TRANSITÓRIO E O PERMANENTE
Introdução:
Se prestarmos atenção ao texto bíblico veremos uma mudança no tom e no tratamento
de Paulo. Ele abre esta parte da carta dizendo: “irmãos”...
Há várias lições de Deus para nós nesta porção de sua Palavra. É aqui que encontramos
a declaração solene de Paulo sobre Lei e sobre Cristo: “De maneira que a lei nos serviu de aio
para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gl. 3:24).
A lei tinha um caráter transitório, enquanto Cristo tem um caráter permanente. A palavra
traduzida por “aio” é παιδαγωγός. Literalmente significa: pedagogo. No primeiro século o pe-
dagogo era alguém que levava o aluno ao mestre. Jesus é o Mestrre,- διδάσκαλος. Assim que
o pedagogo entregava o aluno para o mestre, seu trabalho terminava.
1. A Perenidade do Testamento de Deus (Gálatas 3:15-18).
No texto bíblico acima indicado há duas preciosas palavras: Promessa e Testamento.
Estas palavras são chaves para o estudo da Palavra de Deus. Elas apontam para a unidade das
Escrituras.
As promessas de Deus no Antigo Testamento tiveram total e pleno cumprimento no
Novo Testamento, e da mesma forma os testamentos, concertos, alianças ou pactos.
O testamento (que significa concerto, pacto ou aliança no original grego ou hebraico)
que Paulo menciona no texto citado acima é concerto ou promessa de Deus a Abraão (Gênesis
12:2-3). Aqui Paulo está mencionando especificamente um testamento que pode ser conside-
rado como promessa de Deus para abençoar a Abraão e a sua descendência (espiritual). A lei
ou o pacto feito com a nação de Israel, anos mais tarde, não invalida a graça de Javé revelada a
Abraão e prometida a ele e a todos os que creem.
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2. O Propósito da Lei (Gálatas 3:19-25).
O apóstolo Paulo é claro: A lei não existe para a salvação dos homens. Ela não tem
poder de mudar o coração do homem, vivificando-o (Gálatas 3:21).
A lei revela as nossas transgressões e leva-nos a Cristo, Aquele que tem o perdão para
as nossas transgressões, Salvado e Mestre.
A lei é como uma linha. Quando transpassamos esta linha, então, sabemos que transgre-
dimos.
Deus acrescentou a lei à promessa, mas não para revogar a promessa, mas para ajudar
os homens a compreenderem suas transgressões e dependerem mais da graça de Jesus (Gálatas
3:19).
Paulo destaca o fato que, quando Deus deu as leis, Ele o fez através de intermediários.
Entretanto, com Abraão foi diretamente, sem intermediário.
Paulo diz que a lei foi um aio, isto é, um pedagogo, um oficial de justiça que conduzia,
no seu tempo, o aluno ao seu mestre. Com o nosso mestre Jesus, aprendemos a ter fé, recebemos
o Espírito Santo que nos ensina a obediência a Ele.
3. O relacionamento dos Filhos de Deus (Gálatas 3:25-29)
Há algumas palavras que servem para explicar qual tipo ideal de relacionamento dos
cristãos entre si: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Se não estamos debaixo da lei, então somos livres. Não temos o que temer.
Se todos nos tornamos filhos de Deus da mesma maneira, pela fé, então não há hierar-
quia, separação, muro; independente de sexo, raça ou posição social: Somos todos um.
Ao nos reconciliarmos com Deus, nos reconciliamos com os homens. Não há reconcili-
ação com Deus sem reconciliação com o próximo que, porventura, nós tenhamos ofendido.
(Mateus 5:23-24).
No tempo de Paulo, o mundo estava dividido. Os romanos eram os senhores; os outros,
escravos. Os gregos eram sábios; os outros, bárbaros. Os judeus eram limpos, os outros sujos.
E havia, além disso, a separação entre homens e mulheres. Os homens eram considerados de
alma superior, as mulheres de alma inferior.
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Em Cristo Jesus as barreiras desaparecem, os muros caem por terra. Cada crente está
diante de Deus no mesmo nível de todos os demais. E isto estabelece a fraternidade. A relação
que nos ensina que somos todos irmãos, iguais; não há superiores, mas apensa companheirismo.
Conclusão:
Gálatas 3:29 nos ensina que pertencemos a uma família, à família de Deus. Somos des-
cendência de Abraão. A linguagem é figurada. Porque temos fé em Deus como Abraão teve,
então somos sua descendência. A nossa fé é amis importante que nossa árvore genealógica, em
termos espirituais. Um homem pode ser descendente físico de Abraão e não ter sua fé. A fé é
pessoal e não hereditária. Os filhos de pais crentes não nascem crentes. Como precisamos de
orar pelos nossos filhos e levá-los a fé em Jesus para que eles façam parte da família de Deus!
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Capítulo 4
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 4:1-7
O FIM DA ESCRAVIDÃO
Introdução
O texto de hoje fala-nos de como nós vivíamos antes de sermos libertados por Jesus
Cristo. Depois, Paulo, o apóstolo, fala-nos da vinda de Jesus na plenitude dos tempos. Final-
mente, fala-nos de como nos tornamos filhos de Deus.
1 – Antes de Sermos Libertados por Jesus Cristo (Gálatas 4:1-3)
O texto bíblico, para mim, é claro. Judeus e gentios estavam reduzidos à escravidão,
antes da vinda de Jesus ao mundo.
A escravidão a que me refiro é espiritual. Só Jesus liberta verdadeiramente o homem.
Os rudimentos do mundo, as leis, os cerimoniais e os ritos não podem libertar.
Nas trevas da ignorância espiritual somos todos iguais, independente de nossa naciona-
lidade, grau de instrução ou posição social. Todos somos dependentes da graça de Deus. Eis o
que Paulo quer ensinar aos seus leitores.
As palavras: “... estávamos reduzidos à escravidão” são enfáticos e contundentes. Elas
falam da situação de todo o homem sem fé na graça de Deus. “Todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus” (Romanos 3:23).
2 – A plenitude dos Tempos (Gálatas 4:4)
A expressão bíblica: “Cristo veio na plenitude dos tempos” é muito sugestiva.
Para Paulo, Deus tem o tempo certo de fazer as Suas obras.
Quando Cristo nasceu as condições eram ideias:
Primeiro: Havia a Pax Romana que garantia a lei e a ordem em todo o mundo
civilizado.
Segundo: Havia a existência de uma língua comum – o grego. Aliás, foi nesta
língua que o Novo Testamento foi escrito.
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Terceiro: A diáspora. Os judeus estavam espalhados por todo o mundo. As sina-
gogas se tornaram em centros para a divulgação do judaísmo em toda parte.
Quarto: A tradução do Antigo Testamento para o grego, na famosa cidade de
Alexandria, fundada por Alexandre, o grande, e que era um dos principais cen-
tros de cultura do mundo. Ali, o Antigo Testamento foi traduzido por setenta
eruditos judeus que dominavam, tanto o hebraico (língua do Antigo testamento),
quanto o grego.
Estes elementos acima citados, entre outros, produziram o conceito Paulino de plenitude
do tempo. Isto é: Todas as coisas estavam prontas para Jesus vir à terra e realizar a sua obra de
redenção dos homens.
3 – Nossa Adoção Como Filhos de Deus (Gálatas 4:5-7)
Somos filhos do coração de Deus. Isto é, somos filhos adotivos. Só Jesus é filho de
Deus. Ele é o unigênito de Deus Pai (João 3:16). Isto é, o mesmo da mesma natureza, do mesmo
gene.
Tornamo-nos filhos de Deus quando cremos em Jesus. “Mas a todos quantos O recebe-
ram, aos que creem no Seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (João 1:12).
Quando colocamos nossa fé no filho de Deus, recebemos o Espírito de Deus, O qual nos
dá condições de clamar, de chamar o nosso Deus de Pai.
Quando tal relacionamento se estabelece entre nós e Deus – isto é, Pai e filho é porque
já não somos escravos, mas filhos. E, como filhos de Deus, somos herdeiros de Suas promessas,
de Suas bênçãos, de Suas misericórdias.
Conclusão:
Esse texto nos fala de como Deus mudou a nossa vida – de escravos a livres ou filhos.
Isto só foi possível porque Ele enviou o filho dele, nascido de mulher, nascido debaixo da lei.
Jesus foi homem perfeito. Sofreu todas as tentações. Padeceu todas as necessidades. Mas, em
tudo Ele foi perfeito. Podemos ouvir o sermão de Cristo nos evangelhos e sermos exortados.
Meditarmos nos seus ensinos e sermos edificados. Olharmos para a Sua Cruz e sermos tocados.
Em outras palavras: Somos transformados por Jesus. Somos novas criaturas em Jesus (Efésios
2:8-10). Não somos mais escravos e sim livres.
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Estudo na Carta aos Gálatas
Gálatas – 4:8-11
ESPERO QUE NÃO TENHA TRABALHADO EM VÃO
Introdução:
Quantas frustações e tristezas vêm no nosso coração quando descobrimos que o que
falamos não foi ouvido; o que ensinamos não foi aprendido; o que plantamos não brotou; o que
fizemos deu em nada; o caminho que percorremos levou-nos a lugar nenhum.
Bem, Paulo, o apóstolo, sentia este medo em relação aos Gálatas. E, para ser franco, é o
mesmo receio que sinto quando escrevo estas linhas. Será que alguém as lê? Será que entende?
Vejamos o que Paulo havia ensinado aos Gálatas e vejamos por que ele, o apóstolo,
estava tão preocupado.
1. Qual era o evangelho de Paulo
Paulo falava de uma igreja, de um relacionamento humano sem preconceitos. Onde não
havia diferença entre judeu e gentio; escravo e livre; sábio e indouto, homem e mulher... Todos
eram um em Cristo (Gálatas 3:28-29).
Um outro ponto de destaque é que, para Paulo, o cristão, o discípulo de Jesus, é livre.
Ele não é escravo. Ele faz certas coisas e deixa de fazer outras não porque a lei diz isso ou
aquilo, mas é porque o Espírito Santo de Deus o guia (Gálatas 4:6; João 16:13).
Um outro ensino notável de Paulo é que a fé era o meio pelo qual o homem se tornava
livre, membro da família de Deus, herdeiro das promessas do Senhor, templo do Espírito Santo
(Gálatas 2:20; 3;7,9; João 1:12).
Tudo isso que Paulo havia pregado e ensinado parecia ter sido esquecido pelos Gálatas,
por causa dos falsos mestres que ensinavam coisas que não estavam sendo interpretadas corre-
tamente. E que coisas eram estas? Vejamos a seguir.
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2. O que os Gálatas estavam inclinados a fazer
Bem, vejamos agora o que os crentes da Galácia estavam inclinados a fazer. É possível,
até mesmo, que alguns já estivessem fazendo tais coisas que, para Paulo, eram contrárias aos
princípios do seu evangelho.
2.1 – Os crentes da Galácia estavam sendo orientados a se circuncidarem (Gálatas 2:12;
5:2,3).
Ora, a circuncisão foi uma ordem de Deus dentro de seu contexto de promessa feita a
Abraão (Gênesis 17:10-11). O filho de Moisés teve que ser circuncidado sob pena de morte
(Êxodo 4:24-26).
De acordo com Josué 5:5-9, os filhos de Israel precisavam ser circuncidados. A não
circuncisão implicava em pecado, em desobediência.
Os cristãos do tempo de Paulo continuavam observando a circuncisão e impondo-a para
os demais cristãos. Paulo compreendeu o aspecto histórico/temporário da circuncisão. Ela era
algo para certo tempo, e não faria sentido continuar a observá-la.
O apóstolo Paulo sofreu muito por causa disso. Os judeus cristãos, que eram da circun-
cisão, poderiam pensar que ele fosse um liberal, que estivesse desrespeitando algo tão sagrado
e precioso para eles: a circuncisão. Principalmente porque naqueles dias, o Novo Testamento
ainda não existia. A Bíblia era apenas o Antigo Testamento. É possível que, muitos dos que
hoje elogiam Paulo, o apóstolo, fossem seus adversários, se tivessem vivido no tempo dos após-
tolos.
2.2 – Um outro problema é que os crentes da Galácia estavam sendo orientados a guarda-
rem o sábado (Gálatas 4:10).
Parece que o problema não era apenas nas igrejas da Galácia e, parece também que os
problemas eram de ordem alimentar (Colossenses 2:16). Problemas que persistem até os nossos
dias.
É claro que Deus deu ordens para guardar o sábado e não comer certos alimentos (Êxodo
20:9-11; Deuteronômio 5:12-15). Aliás, o livro de Levítico fala de uma série de dias santifica-
dos e de alimentos que poderiam ser consumidos pelo povo de Deus.
Paulo compreendia o caráter histórico e provisório do Antigo Testamento. O princípio
de descansar um dia depois de seis dias de trabalho é nobre, é santo e devemos observá-lo, mas
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não nos mesmos termos que o povo de Deus fazia há mais de dois mil anos atrás. O princípio
de termos cuidado com a nossa alimentação é nobre e santo. Devemos evitar comer tanta coisa
que só serve para abreviar os nossos dias aqui na terra, e nem contaminar o nosso corpo, que é
templo de Deus, mas não nos mesmos termos que se fazia há mais de dois mil anos atrás.
Se ignorarmos o contexto histórico da Palavra do Senhor, fazemos não exegese, mas
eisegese. A exegese tira do texto o que nele existe, no seu tempo, na sua gramática, no seu
vocabulário. Mas a eisegese faz o contrário. Ela coloca no texto o que nele não se encontra. A
palavra exegese vem do grego; o prefixo grego ex significa tirar algo de dentro para fora. Já o
prefixo grego eis significa o oposto: colocar dentro, mover-se para dentro.
Bem, mesmo que nós não encontremos uma palavra negativa, isto é, uma ordem proi-
bindo guardar o sábado, ou proibindo a circuncisão para os cristãos, precisamos compreender
o texto bíblico como Paulo nos ensinou: respeitando o seu contexto histórico.
Conclusão:
Paulo, o apóstolo, estava preocupado. Ele disse: “... como tornais outra vez a esses ru-
dimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardai dias, meses e tempos e
anos. Temo a vosso respeito que não haja eu trabalhado em vão entre vós. ” (Gálatas 4:9-11).
Há crentes que parecem incapazes de ir além da mera letra. Vivem nos rudimentos.
Oremos para que nossa interpretação da Palavra de Deus seja marcada, não apenas pela emoção
ou superficialidade, mas ungida e inteligente.
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Gálatas – 4:12-20
A TERNURA DE PAULO PARA COM SEUS LEITORES
Introdução:
Já sublinhamos, ao longo de nosso estudo, como o apóstolo havia sido seco e direto com
os crentes da Galácia, principalmente na introdução da carta, quando comparada com a intro-
dução das outras cartas do apóstolo.
Contudo, no texto acima indicado temos uma grande surpresa. De repente, Paulo se
dirige aos Gálatas com ternura. É tal ternura que deve marcar o nosso relacionamento.
Vejamos, a seguir, quais as palavras e expressões do apóstolo Paulo que denotam o seu
carinho e admiração pelos seus leitores.
1. “Irmãos...” (Gálatas 4:12)
A palavra empregada por Paulo é um termo que implica, a princípio, num relaciona-
mento entre pessoas que nasceram de um mesmo pai.
Os filhos de Jacó tinham um só pai, porém de diferentes mães. No contexto do Antigo
e Novo Testamento, o mesmo útero não era determinante para se estabelecer a relação de ir-
mãos, mas o mesmo pai.
Bem, quando estudamos o Novo Testamento descobrimos que temos um mesmo pai. O
Pai de nosso Senh