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  • PRINCPIOS E PRTICAS PARAPRINCPIOS E PRTICAS PARA UMA VIDA VDICA 3UMA VIDA VDICA 3

    VEDA: RVORE DO CONHECIMENTO, RAIZ DO DHARMA

    Meu prema (Amor) pelo Veda somente igualado ao Meu prema pela humanidade. Minha Misso, lembrem-se, apenas qudrupla: Veda poshana, Vidvath poshana (promoo [ou cuidado] dos Vedas e dos eruditos vdicos), Dharma rakshana, Bhakta rakshana (proteo do dharma e dos devotos). Espalhando Minha graa e Meu poder nessas quatro direes, Eu Me estabeleo no centro.

    Esses meninos iro crescer e transformar-se em pilares fortes e retos do Sanathana Dharma sabedoria milenar, o Caminho Eterno; eles sero os lderes e guias desta terra nos dias vindouros. Ospais que os mandaram a esta Paathashaala [escola] tm todos os motivos para estarem contentes, pois esses meninos sero as gemas preciosas que espalharo o esplendor dos Vedas em todas as direes, disseminando o aprendizado shstrico [relativo s escrituras] por toda a parte. Eu hei de cuidar deles como a menina de Meus olhos, mais do que qualquer me. Eles tero sempre Minhas bnos1.

    Om Sri Sai Ram! bom receb-lo novamente!

    J constatamos a universalidade dos Vedas, seu carter nico, a importncia de estud-los e cant-los de forma minuciosamente correta. Atentamos para a questo crucial de que a disciplina vdica s se efetiva por completo quando a incorporamos ao nosso carter, fazendo com que cada um de nossos pensamentos, palavras e aes sejam fieis reverberaes do Sruthi. Entendemos que os sons deste, antes de emergirem como vocalizaes fsicas, existem imaterialmente, no ntimo de todas as coisas, e que, se pensarmos em Deus como a Pessoa Suprema, temos o Veda como Seu alento vital.

    Neste artigo, teremos uma viso geral de como o conhecimento vdico est organizado, em que estado se encontram ele e sua prtica. Tambm comearemos a examinar qual nosso papel frente a seu grandioso legado e que tipo de relao existe entre os Vedas e a multiplicidade de religies e sendas espirituais. Bom proveito!

    1 SSS (Sathya Sai Speaks) 2, captulo 48, 23/11/1962.

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  • A Organizao do Conhecimento Vdico

    Que critrios utilizar para estudar algo que no tem comeo nem fim? Certamente, para decidirmos sabiamente de que contedos partiremos e at quais pretendemos chegar, precisamos considerar de que se trata cada um deles. Para isso, necessrio que estejam categorizados.

    Tendo em vista tais necessidades, um finito grupo de revelaes disponveis, dos infinitos Vedas, veio a ser dividido e classificado. Como isso aconteceu e de que maneira os hinos foram agrupados o que Swami explica em trecho de Seu Lila Kaivalya Vahini, que merece vez por outra ser revisitado:

    Sadhaka: Dizem que os Vedas so inumerveis, sem fim (Anantha). Todos eles so repositrios cheios de sabedoria?

    Sai: Anantho vai Vedaah. Os Vedas so infinitos. Mas, note que, no comeo, havia apenas um Veda. Mais tarde, foi tratado como trs2 e, subsequentemente, como quatro.

    Sadhaka: Por que o nico foi dividido em muitos? Que necessidade especial foi atendida desse modo?

    Sai: Uma vez que o Veda era vasto e ilimitado, era difcil para homens comuns estud-lo. Alm disso, levaria um tempo interminvel para completar o estudo. Assim, aqueles que desejavam aprender eram oprimidos pelo medo. De maneira que muito poucos demonstravam interesse em estudar o Veda. Por essas razes, algo teve que ser feito para tornar o estudo acessvel a todos que procuravam aprender. Os rks ou hinos de louvor do Veda foram, portanto, separados do restante e agrupados sob o ttulo Rk-samhitha; o Yajussamhitha [nele foram agrupados mantras do tipo yajus3]; os versos do Saama (adequados expresso musical [mantras do tipo saaman]) foram agrupados sob o ttulo Saama-samhitha4 e os Artharva mantras (frmulas e feitios) foram compilados sob o ttulo Atharva-samhitha.

    2 Originalmente, apenas trs Vedas Rg, Yajur e Sama Vedas eram considerados Apourusheya, sem uma origem humana (isto , emanados do Divino). O Atharva Veda constitui-se de hinos tirados do Yajur Veda. Por causa de sua divina origem, os trs primeiros Vedas so chamados Trayee (a trade). (SSS 22, captulo 29, 03/10/1989). Mas, Swami assegura o carter divino do Atharva Veda: Hoje, ns estamos tratando o Atharva Veda como algo que separado dos outros trs Vedas Yajur, Rig e Sama. Isto no correto. O Atharva Veda algo latente e, de fato, presente em todos os trs Vedas. Justo como o Yoga latente e presente em todo o Karma, Upasana e Jnana [sees do conhecimento vdico, que lidam mais enfaticamente com ao, adorao e conhecimento, respectivamente], tambm, o Atharva Veda est presente em todos os Vedas. (Summer Showers 1974 - parte 1, capitulo 12).

    3 SSS 22, captulo 29. Uma maneira de verificar a diferena estrutural entre os mantras do tipo rk e yajus escutar namakam, que juntamente com o chamakam formam o famoso Sri Rudram, cujo canto especialmente recomendado por Swami (discurso de 09/08/2006, proferido durante o Ati Rudra Maha Yajna). O primeiro, dcimo e dcimo primeiro anuvakas (sees) desse hino esto na forma de rks (mantras cujos versos encaixam-se em mtricas bem definidas, como Gayatri, Anustup, etc, de acordo com o nmero de slabas), enquanto os demais so yajus (em forma de poemas no mtricos); como descrito em The Light of the Veda A Practical Aproach, de Kapali Shastri. O namakam pode ser baixado no site da Radio Sai internacional, atravs da busca de audio (http://radiosai.org/program/SW1.php) ou no site do Sri Sathya Sai Sadhana Trust (www.sssbpt.org), na pgina de tutorias vdicos (http://sssbpt.org/sri-rudram/VedamMain.html). Os tutoriais desse ltimo site podem ser muito teis para quem est aprendendo os primeiros hinos, como Ganapati Prarthana e Kshama Prarthana e no tem um professor sua disposio.

    4 Os Vedas so descritos como Chandas (cujo conhecimento deve ser guardado em segredo, propagado com cuidado). Todo o Sama Veda tratado como Chandas, assim, mais difcil ter acesso aos seus mantras (SSS 22, captulo 29).

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  • Sadhaka: Quem foi a pessoa que os agrupou nessas colees?

    Sai: Foi Vyasa, que era uma manifestao parcial do prprio Narayana (Deus, Vishnu). Era o filho do sbio Paraasara. Ele dominou as escrituras e os tratados espirituais. Era, ele prprio, um grande sbio. Era um coordenador habilidoso. A fim de promover o bem-estar da humanidade, compilou o Veda em quatro partes e facilitou a todos uma vida de retido. Dividiu os Vedas em quatro epreparou cinco samhithas.

    Sadhaka: Os quatro Vedas so as quatro samhithas, como o Senhor explicou agora. Que finalidade tem o quinto? Como surgiu esse extra?

    Sai: O Yajus-samhitha (Yajurveda) separou-se em dois: o Krishna-Yajurveda-samhitha e o Sukla-Yajurveda-samhitha5. Assim, tornou-se um total de cinco. O processo no parou a. Cada um desses samhithas desenvolveu trs componentes complementares separados. Esses textos escriturais surgiram com a finalidade de esclarecer pessoas em diferentes estados e nveis de conscincia. O propsito era permitir a cada um beneficiar-se da orientao e cruzar o mar do sofrimento. Portanto, no h nenhum trao de conflito em qualquer um desses textos.

    Sadhaka: Como se chamam essas trs elaboraes, esses trs textos subsidirios?

    Sai: Brahmanas, Aranyakas e Upanishads.

    Sadhaka: O que so Brahmanas?

    Sai: So textos explanatrios que tratam de mantras ou frmulas rituais. Descrevem claramente os ritos sacrificiais6 e os procedimentos que tm de ser observados ao realiz-los. H muitos textos, como Aitareya Brahmana, Taithiriya Brahmana, Sathapatha Brahmana e Gopatha Brahmana.

    Sadhaka: E o que so Aranyakas?

    Sai: So em verso e prosa. So principalmente destinados orientao daqueles que, aps passarem pelos estgios de brahmacharya (estudos espirituais) e de grahasthya (vida em famlia), assumem vanaprasta (vida como recluso nas florestas). Aranya significa 'floresta'. Quer dizer, esses so textos para serem consultados e meditados silenciosamente, em solitrios eremitrios. Tratam dos deveres e responsabilidades do estgio final da vida ativa (Karma Kanda), preliminar ao estgio totalmente espiritual (Brahma Kanda)7.

    5 Yajur Veda Preto e Branco, respectivamente. No discurso de 03/6/1990 (SSS 23, capitulo 24), Swami oferece mais detalhes sobre o surgimento desse Veda.

    6 Deve ficar claro que os sacrifcios no esto ligados matana, mas, ao contrrio, existem para o bem estar geral, como explicado no livro A Glossary of Sanskrit Words Gleaned from Sai Literature, de Vitor Yap.

    7 Nesse pargrafo, Swami faz referncia ao Ashrama-Dharma. Os que seguem esse dharma, prescrito pelas escrituras, dividem suas vidas em quatro estgios consecutivos, em cada etapa, cumprindo com suas normas de conduta e deveres especficos, as quais s vezes variam, de acordo com a funo de cada pessoa na sociedade. A vivncia do Ashrama-Dharma tem por objetivo ajudar as pessoas a alcanarem a Liberao Espiritual. Os quatro ashramas (fases) so: brahmacharya que compreende infncia e incio da juventude, incluindo o celibato e estudos bsicos, de formao espiritual e secular; grihastha que compreende a vida de casado e de pai ou me; vanaprastha inclui retirar-se do convvio social e fazer certos votos; e sanyasa na qual se vive como um completo renunciante ou asceta (ver A Glossary of Sanskrit Words Gleaned from Sai Literature).

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  • Sadhaka: Swami! Eu ouvi o termo 'Brahma Kanda ' sendo usado para designar alguns textos. A que est relacionado?

    Sai: Esses textos so relativos a ritos sacrificiais, bem como regras de reta conduta. Tratam de caractersticas especiais de rituais cerimoniais e elaboraes especiais de cdigos de moral.

    Sadhaka: E, Swami, o que so Upanishads?

    Sai: Elas somente podem ser dominadas atravs de inteligente discernimento (Viveka). Merecem ser de tal maneira dominadas. Quatro objetivos so estabelecidos para os seres humanos nas escrituras: Dharma (Retido), Artha (Prosperidade), Kama (Desejo), e Moksha (Liberao)8. Vidya ou aprendizagem pode ser classificada em duas categorias principais: Apara (mais baixa) e Para (mais elevada). Enquanto os quatro Vedas, a poro mais antiga da escritura ancestral, falam sobre Apara (os primeiros trs objetivos), a ltima parte da mesma, as Upanishads, trata de Para (o ltimo dentre os objetivos).

    Sadhaka: Mas, como surgiu a palavra Vedanta?

    Sai: Essas Upanishads, em si, formam o Vedanta. No h proveito em memorizar os Vedas; Vedanta precisa ser compreendido e assimilado9. O conhecimento jamais pode alcanar sua consumao at que Vedanta seja dominado10.

    Que tal fazer uma pausa agora e depois reler toda a explanao, antes de continuarmos? importante refletir bem sobre as informaes consumidas, para que o alimento do saber seja satisfatoriamente aproveitado.

    8 Swami observa que necessrio entender corretamente o papel de cada um desses Purusharthas (objetivos estabelecidos para a vida humana, acima descritos). Kama e Artha tem de estar sempre fundamentados em Dharma. Trilhando pelo Dharma, a pessoa deve caminhar para Moksha. Nessa jornada, Artha deve estar junto de Dharma: a riqueza deve ser usada para bons propsitos; e Kama deve estar junto de Moksha: o desejo deve ser pela Liberao (Summer Showers 1973, capitulo 17).

    9 Vedanta = VEDA (conhecimento) + ANTA (fim). Trata-se da poro final dos Vedas, na qual o conhecimento neles apresentado atinge sua culminncia, conduzindo Liberao, o mais elevando dos quatro Purusharthas. As Upanishads apresentam-se como tratados, que formam a base para a filosofia do No-Dualismo (Advaita), exposta por Adi Shankara, em seu Uttara Mimansa. Tal filosofia afirma que Brahman (Deus Supremo) a nica realidade; que o mundo, apresentado a ns pelos sentidos, Mithya (ilusrio), nem completamente real, nem completamente irreal; e que a alma (Atma) e a Suprema Alma (Paramatma) ou Brahman, so a mesma coisa, a Realidade Suprema. No entanto, vale lembrar que mesmo sendo dualsticos, os Vedas so a base das Upanishads. Assim sendo, conduzem ao No-Dualismo do Vedanta, neles presente de forma latente (A Glossary of Sanskrit Words Gleaned from Sai Literature).

    10 Swami afirma que, assim como Deus fala atravs dos Vedas, tambm o faz nas Upanishads, transmitindo-nos Sathya-Jnana, o Conhecimento da Realidade (Upanishad Vahini, captulo 1).

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  • Grande rvore dos Vedas

    Findado o tempo de digesto da mente (ou, mais precisamente, do buddhi - intelecto), no esmoreamos. Assumamos a postura de estudantes, no meramente de leitores!

    Recorramos, agora sim, ao grfico didtico abaixo, que nos permite enxergar os Vedas como uma grande rvore, cheia de galhos e sub-ramificaes, dos quais esto representados aqui apenas as divises maiores, que lhes servem de suporte:

    Infelizmente, tal frondosa rvore teve cortados pela negligncia humana boa parte dos galhos que outrora exibia, os quais atualmente jazem no vasto e inacessvel campo do esquecimento.

    A esse fato devemos tomar como lio e lembrar que embora no sejam os Vedas (como alento do Divino) sujeitos s guinadas e declives da prtica do dharma, suas revelaes o so, bem como todos os benefcios que delas derivam.

    Assim sendo, percebamos, todos ns temos uma misso de cultivo e preservao, da qual depende o bem estar do mundo. Devemos regar o Sruthi em cada uma de suas slabas, palavras, sentidos e sentimentos, preenchendo nossas mentes com os mantras vdicos e vivenciando-os, para que os galhos dessa rvore continuem vivos e firmes11:

    11 Outra passagem do Lila Kaivalya Vahini.

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  • Sai: [] Os Vedas se originaram da respirao de Deus; cada slaba sagrada. Cada palavra um mantra. Os Vedas so todos mantras.

    Sadhaka: Mantra? O que Mantra significa?

    Sai: Mantra a exposio do objetivo estabelecido; quer dizer, aquilo que incita e promove manana ou sondagem atravs da mente. A slaba 'man' indica o processo de sondar e a slaba 'tra' significa a capacidade de atravessar, liberar, salvar. Em resumo, mantra aquele que salva quando a mente detm-se nele. Enquanto os ritos e sacrifcios rituais so realizados, a pessoa tem que se lembrar constantemente da natureza e significado deles. As frmulas que precisa repetir para atingir esse fim so mantras. Mas, hoje, aqueles que executam esses ritos, recitam-nos mecanicamente ou da boca para fora. No prestam nenhuma ateno ao significado do mantra. Quando os mantras so proferidos como uma ladainha sem sentido, no rendem qualquer fruto! A pessoa somente pode colher a recompensa completa quando os recita com o conhecimento do seu significado e importncia. Cada Veda tem muitos 'saakhas' (membros, galhos) e o sentido total e finalidade de cada 'saakha' tambm tm que ser conhecidos pelo estudioso vdico.

    Sadhaka: Que so 'saakhas'?

    Sai: Saakha significa 'membro', um texto que surge do Veda principal. Uma rvore tem galhos, cada galho tem ramos e tufos de folhas. Quando tudo isso concebido junto, surge a rvore. Cada Veda tem um grande nmero de galhos principais e subsidirios. Nem todos vieram luz. Somente alguns foram identificados e estudados. O nmero dos saakhas perdidos da memria e da prtica alcana os milhares e mesmo os lakhs (100.000). At seus nomes desapareceram; ningum pode record-los. Essa a razo por que as escrituras declaram, os Vedas so infinitos (Anantho Vai Vedaah). Como resultado, cada um dos grandes santos e sbios tomou para estudo e prtica somente alguns saakhas de um Veda ou de outro.

    notrio como de nossa dedicao e constante lembrana depende o acesso que teremos aos nutritivos frutos do conhecimento dos Vedas. Mas, se tantos de seus galhos foram perdidos, quantos ainda esto ao nosso alcance? Em que estado de preservao se encontram e quo cuidados tm sido?

    Cada um dos Vedas tinha uma grande quantidade de saakhas (ramos ou galhos) e upasaakhas (sub-ramificaes). Das 20 ramificaes e 21 sub-ramificaes do Rg Veda, apenas trs sobreviveram at nossos dias. Semelhantemente, dos 96 ramos do Yajur Veda, apenas dois sobreviveram s investidas do tempo. O Sama Veda, que tinha 1000 ramificaes, hoje conserva apenas trs12. Se tamanho tesouro espiritual contido nos poucos ramos dos Vedas sobreviventes, quo mais grandiosa teria sido a herana espiritual dos bharatiyas (indianos13) se os Vedas tivessem sobrevivido em sua totalidade14! por causa da negligncia para com os Vedas que o

    12 O Atharva Veda possua 50 galhos (Upanishad Vahini, captulo 1), dos quais restaram dois, segundo o grfico apresentado em Vedas An Introduction, captulo 'Subsidiary Vedas and Explanatory Limbs of the Vedas'. Quando falamos de galhos principais, nos referimos ao Samhita.

    13 Na verdade, apesar de seu amplo emprego, esse termo aplicvel a toda a humanidade. Demonstraremos isso, atravs das declaraes de Swami, no prximo artigo.

    14 Essa verdade evidenciada quando sabemos que, ainda hoje, mesmo com tamanha diminuio dos textos vdicos acessveis, para dominar um nico Veda so necessrios, no mnimo, cerca de 12 anos. Para torna-se versada nos quatro Vedas, a pessoa precisa de 48 a 50 anos, permanecendo no ashram de um guru qualificado (Summer Showers in Brindavan 1974 parte 2, captulo 30).

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  • conhecimento espiritual e cientifico dos bharatiyas sofreu um profundo declnio. Como consequncia, eles desenvolveram um olhar estreito. A amplitude de viso sofreu um eclipse. Hoje, o nmero daqueles que no possuem amor ou respeito pelos Vedas crescente. Mesmo entre os brahmins (brmanes), o interesse e a preocupao pelos Vedas declinaram. Quem so os brahmins? Brahman significa a manifestao do mantra. Apenas aqueles que constantemente recitavam os mantras, manifestando Brahman, eram chamados de brahmins. Hoje, os brahmins esqueceram esses mantras. Devido ao impacto da educao moderna, da cobia por dinheiro e do crescimento de interesses mesquinhos, eles esqueceram sua divindade inerente. Consequentemente, paz e segurana esto em baixa15.

    Assim, de centenas de milhares, restaram os cerca de mil galhos que constituam os quatro Vedas presentemente conhecidos. Desses, cerca de uma dezena permaneceu... A praga do desinteresse e negligncia se instalou firmemente at naqueles que deveriam ser os maiores cuidadores dos Vedas e, assim, rvore que conferia direcionamento aos nossos horizontes, sombra e alimento, de to pouco nutrida, mal se pode reconhecer. Perdeu muito de seu potencial fertilizante e assim se explicam a aridez do mundo atual e a confuso dos que circulam em seu cenrio.

    Ser que nem mesmo existe um pequeno grupo de pessoas dedicadas, trabalhando em prol dos Vedas?Agora que temos um quadro da situao, que faremos a respeito?

    A Causa dos Vedas na Misso Sai

    Sim, existem pessoas devotadas! E se queremos nos juntar a elas, precisamos de diretrizes para um plano de ao! Mas, primeiro vamos ver as diretrizes de Swami, pois as nossas tm de estar integradas s Dele. Bhagavan certamente nos abenoar nesse intento, j que no deixa sem suporte ou recompensa aqueles que cuidam e vivem os Vedas:

    H algumas disciplinas e algum dharma a seguir se vocs desejam retirar a venda e ver a Luz e todas as coisas na nova Luz. Esse bhavaroga (doena do mundo) pode ser curado pelo remdio vdico e pelo regime de restries e regulaes, as vrias coisas que podem ou no ser feitas, as quais esses brahmins (brmanes) esto seguindo. No descartem essas restries e regulamentaes como simples supersties; ningum ir pratic-las por divertimento; elas so limitaes muito rigorosas conduta e aos detalhes da vida diria. preciso grande f, coragem e intrepidez para segurar-se a elas como verdadeiras e coloc-las em prtica. Honrem aqueles que tm essa f e essa coragem. Eu conheo a sinceridade com que eles vm levando essa vida regrada, pois estou com cada um deles h anos.

    Em razo de uma prolongada negligncia, o caminho estabelecido pelos videntes vdicos est tomado de espinheiros; ele agora est quase irreconhecvel, com buracos, refugos, valetas e mato. Assim como alguns viajantes saqueiam as prprias casas de repouso que lhes do acolhida, os Vedas tm sido caluniados exatamente por aqueles que deles receberam bnos e elevao. Quando um pas est sob perigo de invaso, o exrcito, que uma parte da populao,

    15 SSS 22, captulo 29.

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  • selecionada cuidadosamente e treinada sistematicamente para o fim especfico da guerra, corre para repelir o invasor. De modo similar, quando os Vedas esto em perigo, esse bem treinado e seleto grupo de eruditos vdicos tem de assumir a tarefa.

    Esses pandits (eruditos) e estudiosos estavam lutando em agonia, pois se sentiam abandonados e ss. Agora, olhem para eles, sentados em suas alegres vestes, como noivas junto ao altar; com alegria em suas faces e esperana em seus coraes. Eles no tinham ningum at agora nem mesmo para ouvir com pacincia sua recitao escrupulosamente correta dos mantras vdicos. De agora em diante, eles no tm motivo para temer.

    Minha tarefa compreende Veda sam rakshana (a proteo dos Vedas), Vidvath poshana (amparo, suporte aos eruditos vdicos) e dharma sthapana (estabelecimento da retido). Todos os trs so interdependentes. Vidvath poshana ajuda tanto os Vedas quanto o dharma e, assim, Eu asseguro a eles que seu conhecimento e sinceridade no deixaro de ser recompensados. A era do abandono terminou16.

    Por conseguinte, a paz vinda do estabelecimento de um modo de vida dhrmico depende daqueles que se dedicam aos Vedas, j que na Verdade que se assenta o Dharma e a partir dele se estabelece a prtica da retido:

    Agora, novamente, os Vedas precisam ser reavivados, promovidos. Algum tem que evitar que o machado alcance suas razes, que as cabras comam os brotos. No sejam to pretensiosos, sentindo que o Avatar veio por vocs, particularmente. Eu vim pela causa do Dharma. E, como o Avatar haver de proteger o Dharma? Bem, Vedhokhilo Dharma Mulam Os Vedas so a raiz do Dharma. Quando os Vedas permanecerem inclumes, isto , quando os estudiosos vdicos estiverem inclumes, o Veda permanecer sempre vioso no corao do homem. Esse o verdadeiro Dharma sthapana (estabelecimento do dharma)17.

    Com isso, no h espao para dvidas sobre a importncia fundamental da causa dos Vedas na Misso Sai. Ainda assim, a bem de mais seguramente pavimentar os caminhos para Veda sam rakshana e Vidvath Poshana, nas mentes mais duvidosas, vejamos Swami sendo ainda mais incisivo:

    Neste ponto, devo dizer-lhes algo sobre Mim, como que deixando um carto de visitas aqui. Minha tarefa no meramente curar e consolar, remover a misria individual. algo bem mais importante. A tarefa fundamental da mangueira produzir mangas. As folhas, os galhos e as flores da rvore so teis da sua prpria maneira, sem dvida, mas o principal objetivo o fruto. Da mesma forma, para a bananeira, o fruto o maior ganho. As folhas, o ncleo comestvel do caule, todos esses so incidentais. Assim tambm, a remoo da misria e do sofrimento incidental para a Minha Misso.

    Minha principal tarefa o restabelecimento dos Vedas e dos Shastras18 no corao de Bharathavarsha [termo associado ndia] e a restaurao, entre as pessoas, do conhecimento

    16 SSS 02, captulo 41, 01/10/1962.17 SSS 02, captulo 48, 23/11/1962.18 No contexto, pedem ser vistos como uma categoria de escrituras, relacionadas aos Vedas, que instruem preceitos

    para a vida prtica (A Glossary of Sanskrit Words Gleaned from Sai Literature).

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  • sobre eles. Essa tarefa ter sucesso e no ser impedida por obstculo algum. Ela no ser limitada ou atrasada. Quando o Senhor decide e deseja, Sua resoluo (sankalpa) no pode ser impedida, e no ser impedida.[ ]

    Eu vim para instruir a todos na essncia dos Vedas, para outorgar a todos esse valioso presente, para proteger e preservar o Sanathana Dharma [Dharma Eterno]19.

    Bela Flor do Jardim do Dharma

    So muitas revelaes extraordinrias, certo? Uma dvida que pode surgir a partir delas sobre onde se encaixa, nessa misso em que os Vedas so to importantes, o fomento do respeito s religies, do reconhecimento das variadas sendas espirituais como caminhos vlidos para Deus - tnica to marcante na Mensagem Sai.

    Vale ressaltar que um dos sentidos atribudos palavra 'dharma' religio20 e que, para os seres humanos, no existe vida dhrmica sem respeito mtuo e viso unitria. O cumprimento do dharma para ns tambm costuma implicar que nos conduzamos de acordo com os preceitos de alguma crena religiosa especfica.

    Sabendo de tudo isso, fica fcil compreender como o apoio aos muitos caminhos e viso da unidade na diversidade esto implcitos em Dharma sthapana. Alm do mais, sendo o Veda a raiz do Dharma, lgico concluir que Vidvath poshana e Veda sam rakshana so fundamentais nesse sentido, acarretando na fortificao da religio, como um todo:

    Vedhokhilo Dharma mulam Os Vedas so a raiz de todo dharma. Se as razes forem danificadas, a rvore ir morrer. Se as razes estiverem vivas, a rvore poder crescer novamente; ela poder sobreviver poda dos ramos e perda das folhas, mas se as razes sucumbirem, no haver esperana21.

    Portanto, pelo bem do dharma, proteger o Veda imprescindvel. Uma das facetas deste primeiro, relativa diversidade das fs, se chama Sarva Dharma. Trata-se de uma flor muito estimada por Bhagavan, a qual, na Terra, Ele mesmo escolheu como emblema para a Sua Sagrada Organizao. Todos que O servem devem cuid-la, como as plpebras guardam os olhos, pois tambm, s assim estaro cuidando dos Vedas verdadeiramente.

    No prximo trabalho, nos aprofundaremos no Universalismo da Mensagem Sai e em como ele est ligado ao Veda. At l, bons estudos! Jay Sai Ram!

    Coordenao Nacional de Vedas Organizao Sri Sathya Sai do Brasil

    19 SSS 04. captulo 49.20 Dicionrio Monier Williams (http://www.sanskrit-lexicon.uni-koeln.de/monier/indexcaller.php).21 SSS 02, captulo 41.

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