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FOCUSCONCURSOS.COM.BR Contabilidade| Material de apoio Professor Marcelo Adriano O PATRIMÔNIO Introdução Tendo como base os conhecimentos introdutórios, é necessário iniciar o estudo do patrimônio de forma mais técnica, entendendo seus elementos, suas características e as denominações relacionadas a cada um para que se possa identificar o que de essencial é necessário para entender o que pedem as questões de prova. Representação do Patrimônio Antes de estudar os elementos patrimoniais, é preciso conhecer a representação do patrimônio, conhecendo o posicionamento dos grupos que o compõe. O patrimônio pode ser representado graficamente e matematicamente. Graficamente (balanço patrimonial): O patrimônio pode ser representado graficamente pela figura do Balanço Patrimonial. Esse é um demonstrativo contábil que apresenta a estrutura patrimonial e financeira da entidade, contendo nele todos os elementos relacionados a bens direitos (Ativo) e obrigações (Passivo Exigível), apresentando as origens de recursos (Passivo Exigível e Patrimônio Líquido) e aplicação de recursos (Ativo). Fiquei tranquilo que em tópico próprio você aprenderá e entenderá o que significa cada um desses termos (Ativo, Passivo Exigível, Patrimônio Líquido, origens e aplicação de recursos) A divisão padronizada agrupa do lado esquerdo o conjunto de bens, direitos formando o que se denomina de Ativo. Já do lado direito, formando o Passivo Total, ficam dispostos o total de obrigações exigíveis, formando o Passivo Exigível, juntamente com o Patrimônio Líquido. Mas que vem a ser Patrimônio Líquido? Também denominado Situação Líquida, o Patrimônio Líquido é o resultado da subtração entre parte positiva do patrimônio, bens e direitos, e a negativa, as obrigações. É o é resíduo depois de somado todos os bens e direitos e subtraídas as obrigações exigíveis. É a parcela de bens e direitos que ficaria com o proprietário caso a empresa fosse extinta, pois, se isso ocorresse, seriam liquidados todos os seus bens e direitos e, após serem pagas todas as obrigações exigíveis, o restante lhes seria entregue. Atenção para o termo “Passivo”, pois ele pode ser utilizado com duas conotações distintas: (1) Como sinônimo do Passivo Total, ou seja, o montante total das origens de recursos formado pelo Passivo Exigível (obrigações) e pelo Patrimônio Líquido (diferença entre a soma de bens e direitos e a soma das obrigações); e (2) Como sinônimo de Passivo Exigível, ou seja, conjunto de obrigações. Matematicamente: Por intermédio da sua equação fundamental pode-se assim definir o Patrimônio: Ativo = Passivo 1 + Patrimônio Líquido (A = P + PL). Assim, cada grupo pode ser definido conforme a variação dessa equação: P = A - PL; PL = A - P. Elementos Patrimoniais A identificação e definição dos elementos patrimoniais depende de suas características para que seja enquadrado em seus respectivos grupos. Porém, ao avaliar se determinado item enquadra-se na definição de ativo (bens e direitos), passivo (obrigações) ou patrimônio líquido (valor residual do Ativo), deve-se atentar para a sua essência e para a realidade econômica, não apenas para a sua forma legal. 1 Não há padronização para a denominação das obrigações, hora chamada de Passivo, que confunde com o Passivo Total, hora chamada de Passivo Exigível. 1

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Page 1: $POUBCJMJEBEFj .BUFSJBMEFBQPJP · FOCUSCONCURSOS.COM.BR $POUBCJMJEBEFj .BUFSJBMEFBQPJP 1SPGFTTPS.BSDFMP"ESJBOP Isso quer dizer que não basta ter forma legal de bem direito ou obrigação,

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O PATRIMÔNIO

Introdução Tendo como base os conhecimentos introdutórios, é necessário iniciar o estudo do patrimônio de forma mais técnica, entendendo seus elementos, suas características e as denominações relacionadas a cada um para que se possa identificar o que de essencial é necessário para entender o que pedem as questões de prova. Representação do Patrimônio Antes de estudar os elementos patrimoniais, é preciso conhecer a representação do patrimônio, conhecendo o posicionamento dos grupos que o compõe. O patrimônio pode ser representado graficamente e matematicamente. Graficamente (balanço patrimonial): O patrimônio pode ser representado graficamente pela figura do Balanço Patrimonial. Esse é um demonstrativo contábil que apresenta a estrutura patrimonial e financeira da entidade, contendo nele todos os elementos relacionados a bens direitos (Ativo) e obrigações (Passivo Exigível), apresentando as origens de recursos (Passivo Exigível e Patrimônio Líquido) e aplicação de recursos (Ativo). Fiquei tranquilo que em tópico próprio você aprenderá e entenderá o que significa cada um desses termos (Ativo, Passivo Exigível, Patrimônio Líquido, origens e aplicação de recursos) A divisão padronizada agrupa do lado esquerdo o conjunto de bens, direitos formando o que se denomina de Ativo. Já do lado direito, formando o Passivo Total, ficam dispostos o total de obrigações exigíveis, formando o Passivo Exigível, juntamente com o Patrimônio Líquido. Mas que vem a ser Patrimônio Líquido? Também denominado Situação Líquida, o Patrimônio Líquido é o resultado da subtração entre parte positiva do patrimônio, bens e direitos, e a negativa, as obrigações. É o é resíduo depois de somado todos os bens e direitos e subtraídas as obrigações exigíveis. É a parcela de bens e direitos que ficaria com o proprietário caso a empresa fosse extinta, pois, se isso ocorresse, seriam liquidados todos os seus bens e direitos e, após serem pagas todas as obrigações exigíveis, o restante lhes seria entregue.

Atenção para o termo “Passivo”, pois ele pode ser utilizado com duas conotações distintas: (1) Como sinônimo do Passivo Total, ou seja, o montante total das origens de recursos formado pelo Passivo Exigível (obrigações) e pelo Patrimônio Líquido (diferença entre a soma de bens e direitos e a soma das obrigações); e (2) Como sinônimo de Passivo Exigível, ou seja, conjunto de obrigações. Matematicamente: Por intermédio da sua equação fundamental pode-se assim definir o Patrimônio: Ativo = Passivo1+ Patrimônio Líquido (A = P + PL). Assim, cada grupo pode ser definido conforme a variação dessa equação:

P = A - PL; PL = A - P.

Elementos Patrimoniais A identificação e definição dos elementos patrimoniais depende de suas características para que seja enquadrado em seus respectivos grupos. Porém, ao avaliar se determinado item enquadra-se na definição de ativo (bens e direitos), passivo (obrigações) ou patrimônio líquido (valor residual do Ativo), deve-se atentar para a sua essência e para a realidade econômica, não apenas para a sua forma legal.

1Não há padronização para a denominação das obrigações, hora chamada de Passivo, que confunde com o Passivo Total, hora chamada de Passivo Exigível.

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Isso quer dizer que não basta ter forma legal de bem direito ou obrigação, antes de classificar um elemento patrimonial, deve-se verificar se ele se enquadra nas características do grupo em que se pretende enquadrá-la. Serve de exemplo a alienação fiduciária, onde, resumidamente, um comprador adquire um bem para pagamento a prazo e o vendedor, apesar de entregar o bem para que o comprador use a vontade, faz do próprio bem vendido a garantia de pagamento futuro impedindo sua negociação sem a quitação da dívida. Isso quer dizer que, de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade, um bem adquirido por meio de contrato de alienação fiduciária deve ser registrado no ativo da entidade alienante ou devedora. Resumindo, transações e outros eventos devem ser contabilizados e apresentados de acordo com a sua essência e realidade financeira, e não meramente com a sua forma legal. Ativo (A): Também denominado de Patrimônio Bruto ou Capital Aplicado, o Ativo é a soma de bens e direitos de uma entidade, representando assim o aspecto positivo do patrimônio. Segundo CPC 00, “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos. Fique atento para dois pontos importantes no momento de classificar um elemento como ativo: (1) É importante entender que, para ser considerado um Ativo, basta que haja o controle, o que mostra que o direito a propriedade não é essencial. Muitos ativos estão ligados a direitos legais, inclusive a direito de propriedade, porém, ao determinar a existência de um ativo, entretanto, o direito de propriedade não é essencial. (2) Outro ponto a ser destacado é a expectativa de benefícios econômicos futuros. Se não houver a expectativa de contribuição futura, direta ou indireta, ao caixa da empresa, não existe o ativo2, ou seja, se não houver pelo menos a possibilidade de que determinado elemento contribua de qualquer forma para melhorar os resultados da empresa, este não deve estar entre os ativos da entidade. Mas e se a entidade incorreu em algum desembolso para obter esse elemento que agora não apresenta expectativa de benefícios econômicos? Simples, esse desembolso será considerado uma despesa. Também chamado de patrimônio bruto, no Ativo são aplicados os capitais obtidos pela pessoa detentora do patrimônio e suas fontes podem ser classificadas em duas categorias: (1) Próprios (Patrimônio Líquido, Situação Líquida): recursos, financeiros ou não, entregues pelos proprietários quando, por exemplo, ocorre a fundação da entidade que necessita de recurso para iniciar suas atividades. Esses recursos são disponibilizados a ela pelos proprietários e denominado de Capital Social. Outra forma de obter capitais próprios é por meio do trabalho da empresa que tendo mais receita que despesa obtém um resultado positivo. (2) Terceiros (Passivo, Exigível, Capital Alheio): são recursos, financeiros ou não, obtidos pela entidade junto a terceiros com o compromisso de pagamento futuro e por isso exigíveis, como por exemplo, empréstimos, financiamentos, compras a prazo, tributos a pagar, salários a pagar, em suma, as obrigações exigíveis.

Exemplo de contas que compões o Ativo: Caixa; Bancos Conta Movimento (conta corrente em banco); Aplicações Financeiras; Clientes; Duplicatas a Receber;

2Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de

Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - acesso em 04/01/2012)

Fique ligado: As fontes ou origens de recursos não estão no Ativo, elas financiaram os bens e direitos que estão

no Ativo. Essas fontes formam o Passivo Total.

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Empréstimos Concedidos; Despesas Antecipadas (alugueis; seguros; juros; etc.); Adiantamentos à Fornecedores; Tributos a Recuperar ou a Compensar; Estoques (mercadorias, produtos em elaboração, produtos acabados); Investimentos em Ações de Outras Empresas; Obras de Arte; Automóveis (utilizados pela empresa em suas atividades); Móveis e Utensílios; Instalações; Máquinas; Equipamentos; Imóveis; Marcas e Patentes O Ativo pode ainda receber as seguintes denominações: Aplicação de Recursos; Capital Aplicado; Capital investido; Patrimônio Bruto.

O ativo é composto por bens e direitos, vejamos agora com mais detalhes cada um desses elementos: Bens Bem é tudo aquilo que tem utilidade para alguém. Para a Contabilidade bem é tudo aquilo que está sob controle de uma pessoa, física ou jurídica, que permita a esta pessoa usufruir dos benefícios econômicos que possam ser gerados pelo bem3. Direitos Também denominados direitos pessoais, os diretos referem-se aos valores a serem recebidos de terceiros em função dos mais diversos fatores como mercadorias vendidas a prazo, serviços prestados para pagamento posterior, adiantamento de salários, adiantamentos a fornecedores, aluguéis pagos antecipadamente, juros pagos antecipadamente. Passivo (Passivo Exigível) (Recursos ou capital de terceiros) O terceiro elemento patrimonial são as obrigações, que representam valores, bens e serviços que a empresa tem obrigação de entregar ou prestar a outra pessoa, física ou jurídica em função dos mais diversos fatores como mercadorias compradas a prazo, serviços consumidos para pagamento posterior, antecipação de receita, adiantamentos de clientes, juros recebidos antecipadamente etc. Exemplos: Duplicatas a Pagar (credores por duplicatas), FGTS a Pagar, Tributos a Recolher, Adiantamentos de Clientes, Receita Antecipada, Fornecedores, Promissórias a Pagar. Também denominado Recursos ou Capital de Terceiros, Passivo Exigível é o conjunto de obrigações de uma pessoa. Representa os recursos, financeiros ou não, que a entidade tem obrigação de entregar a outras pessoas, ou seja, são exigíveis. Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o Passivo (Passivo Exigível) é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos4.

3As contas Banco Conta Movimento (Valores na conta corrente) e Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata são direitos que alguns autores classificam entre os bens numerários.

4Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - acessado em 04/01/2012)

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É importante destacar dois pontos: (1) Para que seja considerada um Passivo Exigível, a obrigação deve ser presente, ou seja seu fato gerador já deve ter ocorrido, mesmo que o pagamento esteja marcado para ocorrer no futuro. Quando se compra uma mercadoria a prazo, por exemplo, a obrigação surge no momento em que se aperfeiçoa o negócio jurídico, ou seja, no memento da tradição, da entrega da mercadoria. Mesmo que o pagamento seja para o futuro a obrigação já existe e poderia inclusive ser antecipada. Já no caso de uma promessa de compra isso não é possível, porque o negócio jurídico ainda não se aperfeiçoou, o que só ocorrerá com a entrega, a não ser que haja qualquer tipo de gravame em relação ao contrato, como uma multa em caso de desistência, por exemplo. (2) Deve haver expectativa de que ocorra uma saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos, pois se não houver possibilidade de recursos econômicos saiam da entidade o Passivo Exigível não deve ser reconhecido. (3) Atenção para as provisões. Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de um elevado grau de estimativa. No Brasil esses passivos são descritos como provisões. A definição de passivo tem um enfoque amplo e assim, se a provisão envolve uma obrigação presente e satisfaz os demais critérios da definição, ela é um passivo, ainda que seu valor tenha que ser estimado. Exemplos incluem provisões por pagamentos a serem feitos para satisfazer acordos com garantias em vigor e provisões para fazer face a obrigações de aposentadoria, décimo terceiro salário, férias dos funcionários, etc. São exemplos de contas do passivo exigível: Contas a Pagar (Duplicatas a Pagar, Promissórias a Pagar; Água a Pagar, Luz a Pagar, Telefone a Pagar, Tributos a Pagar); Empréstimos Bancários; Receitas Antecipadas; Adiantamentos de Clientes; Tributos a Recolher; Financiamentos; Empréstimos limite bancário (Conta corrente negativa) Salários a Pagar; Fornecedores; Provisão para Imposto de Renda; Provisão 13º Salários; Provisão para Férias dos Empregados; Provisão para Contingência. Por fim, o Passivo exigível também pode ser denominado de: Recursos de Terceiros; Capital de Terceiros; Capital Alheio. Patrimônio Líquido (PL): Patrimônio líquido é a diferença entre ativos e passivos exigíveis, ou seja, é a riqueza própria da entidade. Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, Patrimônio Líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos5. É o que sobra dos bens e direitos depois de honradas todas as obrigações. Voltando a empresa utilizada como exemplo, é possível encontrar seu Patrimônio líquido subtraindo o somatório das obrigações do somatório dos bens e direitos. A entidadecitada no capítulo anterior tem bens e direitos no valor de 400.000 (5.000 + 15.000 + 30.000 + 50.000 + 200.000 + 60.000 + 40.000) e obrigações no valor de 200.000 (10.000 + 10.000 + 40.000 + 60.000 + 80.000).

5Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Sumário do Pronunciamento Conceitual Básico - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil – Financeiro (http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_R1_Sumario.pdf - acessado em 04/01/2012)

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Dessa forma, o PL da empresa é de 200.000, ou seja, se a empresa terminasse agora, liquidar-se-iam seus bens e direitos, 400.000, pagar-se-iam as obrigações, 200.000, sobrando 200.000. A quem seriam destinados esses recursos? Aos proprietários, afinal a eles pertence a empresa e foram eles que fizeram investimentos e gerenciamentos para que a empresa obtivesse os bens e direitos que se encontram no Ativo. Esse valor representa o Patrimônio Líquido.

Ativo Passivo Total Caixa 5.000 Salários a Pagar 10.000 Duplicatas a Receber 15.000 Tributos a Recolher 10.000 Estoques 30.000 Duplicatas a Pagar 40.000 Veículos 50.000 Promissórias a Pagar 60.000 Máquinas e equipamento 60.000 Financiamentos a Pagar 80.000 Imóveis 200.000

Patrimônio Líquido 200.000 Marcas e patentes 40.000 Total 400.000 Total 400.000

Por representar a parte dos bens e direitos que caberiam aos proprietários e por não poderem se exigidas da empresa antes da sua liquidação, alguns autores denominam o Patrimônio Líquido de Passivo não Exigível, mas essa denominação não é uma unanimidade. O Patrimônio Líquido é composto de contas que representam as origens de seus recursos e a destinação dada a eles. Veja agora as principais contas do Patrimônio Líquido e a que se referem. Capital Social: Também denominada de Capital Registrado ou Subscrito, essa conta contábil representa os recursos disponibilizados pelos sócios à entidade ou que pelo menos houve o compromisso de disponibilizar no futuro, e que foram ou serão aplicados em seu Ativo. Mas para que os proprietários “dão” bens e direitos para a empresa? Para que ela tenha recursos para desenvolver suas atividades e assim cumprir o fim a que se destina. Se esse fim for obter lucro, por exemplo, este valor, se houver, será entregue aos proprietários como recompensa pelo investimento, ou ainda poderá ser integrado à própria empresa, aumentando o valor do Capital Social, para que ela desenvolva melhor suas atividades e obtenha lucros em montantes maiores. Reservas de Capital: Representa a origens de recursos que foram obtidos pela entidade e que não transitaram pelo resultado, ou seja, recursos foram obtidos sem que a entidade desenvolvesse atividades relacionadas ao seu objeto social, aquelas atividade que a empresa foi criada para realizar. Tais recursos ficam então reservados no Ativo para uma destinação específica. Reserva de Lucro: Representa a origens de recursos que foram obtidos pela entidade e que transitaram pelo resultado, ou seja, representa a origens de recursos que foram obtidos pela entidade ao desenvolver as atividades relacionadas ao seu objeto social, aquelas atividade que a empresa foi criada para realizar. Esses recursos são denominados de Lucro líquido. As reservas são valores extraídos do Lucro e ficam reservados no Ativo para uma destinação específica. Lucro ou Prejuízo Líquido: Representa a origem dos recursos obtidos pela entidade em função atividade para que a empresa foi criada para realizar. No desempenho dessas atividades a entidade obterá receitas e incorrerá em despesa, quando obtiver mais receitas que despesa haverá lucro, quando incorrer em mais despesa que receita haverá prejuízo.

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Ajustes da Avaliação Patrimonial: Determina a lei 6.404/76 que serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. Ações Em Tesouraria São ações da própria companhia que foram adquiridas por alguma razão e que ficam com o custo total da aquisição registrado no Patrimônio líquido com natureza devedora, ou seja, é uma conta retificadora do PL.

Ativo Passivo Total

Caixa 5.000 Salários a Pagar 10.000 Duplicatas a Receber 15.000 Tributos a Recolher 10.000 Estoques 30.000 Duplicatas a Pagar 40.000 Veículos 50.000 Promissórias a Pagar 60.000 Máquinas e equipamento 60.000 Financiamentos a Pagar 80.000

Imóveis 200.000 Capital Social (Cap. Regist. ou Sub.) 100 Reservas de Capital 50 Reserva de Lucro 60 Lucro ou Prejuízo Líquido -10 Ajustes da Avaliação Patrimonial 30 Ações Em Tesouraria. -30

200,000 Marcas e patentes 40.000

Total 400.000 Total 400.000 Passivo ou Passivo Total (P) O Passivo Total é formado pela soma entre o Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido. O Passivo representa as fontes de recursos que financiaram os bens e direitos que estão no Ativo. É dele que sai todos os recursos que propiciaram à entidade obter bens e direitos, por este motivo é denominado origens de recursos. Como todos os recursos que se encontram no Ativo tiveram como origem, direta ou indiretamente, o Passivo Total, ele terá sempre, inexoravelmente, o mesmo valor do Ativo. Por exemplo: Imagine um imóvel que pertence a uma entidade que está classificado em seu Ativo, afinal ele é um bem. De onde saiu dinheiro para aquisição dele? Qual foi sua origem dos recursos que propiciaram a entidade adquiri-lo? Dependendo da forma como ele foi adquirido essa pergunta pode ter várias respostas. Imagine que esse imóvel tenha sido adquirido por 200.000, sendo 50.000 pagos a vista e 150.000 financiados em vários meses por um banco. Nesse caso, considerando isoladamente os fatos contábeis que envolveram essa transação, o imóvel teve duas fontes de recursos: (1) 150.000 de um terceiro, estranho à empresa, o banco que, em função da promessa de pagamento futuro, decidiu pagar no lugar da empresa 150.000 pelo imóvel. Esse valor será classificado como uma obrigação e comporá o Passivo Exigível. (2) 50.000 de recursos que saíram de dentro da própria empresa, ou seja, recursos próprios, o Patrimônio Líquido. Mas aí surge uma pergunta: os 50.000 não saíram do patrimônio líquido, saíram da conta no banco (conta contábil Bancos Conta Movimento), ou seja, do Ativo?

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A respostas é sim, os 50.000 não saíram diretamente do Patrimônio Líquido, saíram indiretamente, pois para que a empresa tivesse esse dinheiro disponível para a aquisição, ocorreram situações como: (1) O proprietário disponibilizou recursos dele e os entregou para a empresa depositando-o em conta corrente, afinal ele é interessado que a empresa de bons resultados e fará o necessário para que isso ocorra, como é o caso da aquisição de um imóvel para funcionamento; (2) Ou a empresa, desenvolvendo suas atividades, obteve recursos com seus resultados positivos (mais receita que despesa) que a propiciaram ter aquele valor em sua conta corrente. Assim, considerando somente os fatos contábeis dessa negociação pode-se concluir que a origem dos recursos que permitiram à empresa adquirir o imóvel foram duas: (1) Recursos próprios (Patrimônio Líquido): 50.000 (2) Recursos de terceiros (Passivo Exigível): 150.000. Graficamente teríamos a figura a baixo:

Ativo (aplicação) Passivo Total (origem)

Imóvel 200.000 Financiamentos a pagar 150.000 Patrimônio Líquido 50.000

Total: 200.000 Total: 200.000 Imagine que a empresa seja extinta logo após a aquisição desse imóvel, com quem ficaria o imóvel? Desconsiderando todo o resto, pois haveriam outros bens e direitos a serem liquidados e outras obrigações exigíveis a serem pagas, a empresa liquidaria o imóvel, vendendo-o e pagaria primeiramente a obrigação exigível, ou seja, os 150.000. O restante, seria entregue aos proprietários da empresa. Assim, o Passivo Total representa o direito sobre o Ativo, ou seja, a parte que cabe a terceiros, Passivo Exigível, e a parte que cabe aos proprietários, Patrimônio Líquido. Por esse motivo sempre haverá igualdade entre Ativo e Passivo, pois este é um reflexo daquele.

Ativo (aplicação) Direito sobre o Ativo

Imóvel 200.000 Financiamentos a pagar 150.000

Patrimônio Líquido 50.000 Total: 200.000 Total: 200.000

Por fim o Passivo Total pode ser denominado de: Passivo; Capital Total a disposição da entidade.

Natureza dos elementos patrimoniais As contas patrimoniais terão, em regra, uma de duas naturezas possíveis, devedora ou credora, que será determinada pela natureza do grupo a que pertencem, sendo as retificadores de natureza inversa. A identificação da natureza dos elementos que compõem o patrimônio constitui atividade que a Contabilidade desenvolve com vistas ao estudo do patrimônio em seus aspectos qualitativos.

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Contas patrimoniais devedoras e credoras Em função da relação da entidade com seus elementos patrimoniais e da relação entre estes, lhes são atribuídos uma de duas naturezas possíveis: (1) Devedora: Ativo; (2) Credora: Passivo (Passivo exigível e Patrimônio Líquido). Esses dois tipos de contas tem “sinal” contrário, ou seja, uma conta credora reduz um grupo de natureza devedora e uma conta devedora reduz o valor de um grupo de natureza credora. Esse é um dos pontos que mais gera confusão e dúvida no entendimento da Contabilidade, isso porque se tenta valorar a natureza devedora e credora tendo como parâmetro o senso comum, onde devedor e ruim e credor é bom. Porém, como será visto a partir de agora, as contas do Ativo, bens e direitos, tem natureza devedora. Assim, quando entra dinheiro no Caixa, por exemplo, ele recebe débitos e, consequentemente fica devedor. Já as obrigações, que em tese seriam “ruins”, tem natureza credora. O aluno tenta então inverte os conceitos, onde o devedor é bom e o credor é ruim. Porém, mais uma vez, quando o aluno se depara com a receita, que é boa para a empresa e tem natureza credora, e com a despesa, que é ruim para a empresa e tem natureza devedora, a tese do devedor bom e do credor ruim se desfaz, aumentando ainda mais a confusão. A solução é simples. O segredo é não valorar o débito e o crédito, é simplesmente identificar a conta contábil, saber a que grupo ela pertence e saber a natureza do grupo que, em regra, determinará a natureza da conta. Por exemplo: o Ativo tem natureza devedora. A conta contábil Caixa representa um bem, dinheiro. Se o Caixa é um bem, pertence ao Ativo, se o Ativo tem natureza devedora, consequentemente, o Caixa terá natureza devedora. Já a conta contábil ICMS a Recolher (Pagar) representa uma obrigação. Sendo uma obrigação ela pertence ao Passivo Exigível, se o Passivo Exigível tem natureza credora o ICMS a Recolher terá natureza credora. A conta Reserva pertence ao Patrimônio Líquido. Se o Patrimônio Líquido tem natureza credora a conta contábil Reserva também tem natureza credora. Com o fim ilustrar o motivo da natureza das contas, de forma bem simplista, vamos encontrar uma forma de justificar tais questionamentos. Para tanto, considere nas relações patrimoniais da entidade a existência (fictícia) de cinco tipos de pessoas distintas, quatro representativas de contas ou grupos patrimoniais que se relacionando com a empresa, quinta pessoa, em função das atividades usuais gerando entre si débitos e créditos. É necessário ainda saber que, segundo o princípio da entidade, a empresa é uma pessoa distinta e não seu patrimônio não se confunde com o do proprietário. (1) Pessoas com bens da organização em consignação (agente consignatário - Ativo): São as contas contábeis representativas de bens, ou seja, são as “pessoas” que tem sob sua guarda bens (consignação) como dinheiro (caixa), mercadorias (estoques) computadores (móveis e utensílios) etc. Quando esses bens passam a fazer parte do patrimônio da empresa, em virtude da ocorrência de um fato contábil, como uma compra, por exemplo, essas “pessoas” passam a ter em sua posse esses bens, gerando assim um débito com a empresa e, quando solicitado, elas deverão apresentá-los. É o caso do bem denominado matéria prima, por exemplo. Imagine que uma determinada indústria tem na conta contábil Estoque de Matéria Prima Matérias Primas no valor de 10.000. Quando essa indústria necessitar de matéria prima para o seu processo produtivo ela contará com a que está sob “responsabilidade” da “pessoa” denominada Estoque de Matéria Prima, pois este Agente Consignatário tem um débito de 10.000 em matéria prima com essa indústria por ter esse bem em consignação. Se a indústria necessitar utilizar 1.000 desse tipo de bem para o seu processo produtivo, ela removerá a matéria prima do estoque e a colocará no processo produtivo para ser transformada em produtos. Nesse momento, para que haja o controle do quanto existe no estoque e no processo produtivo, ocorrerá a o registro da transferência da “posse” dessa matéria prima da conta contábil Estoque de Matéria Prima, que para reduzir seu saldo receberá um lançamento credor de 1.000, para outro agente consignatário que a partir de então se responsabilizará por ela, a conta contábil Estoque de Produtos em Elaboração, que, para aumentar seu saldo receberá um lançamento devedor de 1.000.

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E como ficam os saldos dessas contas. (1) A conta Estoque de Matéria Prima não tem mais 10.000 em débitos com a indústria, agora só existe 9.000 e diminuído seu saldo diminui também seu débito. (2) Já a conta contábil Estoque de Produtos em Elaboração tem então seu saldo acrescido em 1.000, aumentando nesse valor seu débito com a empresa. Estando esse produto concluído, é hora de transferi-lo para a responsabilidade outra pessoa, pois a denominação da conta contábil onde ele se encontra não reflete mais suas características intrínsecas, afinal o produto está acabado. Faz-se então a transferência de 1.000 da conta contábil Produtos em elaboração para a conta contábil Produtos Acabados. Desse modo reduz-se os débitos da conta contábil produtos em elaboração e aumenta os débitos da conta produtos acabados. Guardada as diferenças e especificidades de cada uma, essas movimentações ocorrerão com todas as contas que representam bens, pois tem saldo de natureza devedora. Assim, todas as vezes que ocorrerem fatos contábeis que façam aumentar seus saldos elas terão seus saldos débitos acrescidos e vice e versa. (2) Pessoas que devem para a entidade (agente correspondente devedor - Ativo): São as contas contábeis que representam os direitos da entidade. São “pessoas” que se encontram “fora” e que, em função da ocorrência de fatos contábeis devem em um momento determinado entregar valores para entidade, que podem ser monetários ou não. Vencidos os prazos essas pessoas deverão entregar aquilo que é devido, pois tem um débito para com a entidade. Na venda a prazo dos produtos produzidos pela indústria, ocorrerá uma redução nos estoques de produtos acabados, reduzindo os débitos dessa conta para com a indústria. Ao mesmo tempo, surge um direito contra o cliente, que agora tem um débito do cliente com a empresa. Por esse motivo os direitos têm natureza devedora. (3) Pessoas para quem a entidade deve (correspondente credor - Passivo). São as contas contábeis que representam as obrigações da entidade. São “pessoas” que se encontram “fora” e a quem, em função da ocorrência de fatos contábeis, a empresa deve em um momento determinado entregar valores, que podem ser monetários ou não. Vencidos os prazos, a entidade deverá entregar aquilo que é devido, pois essas pessoas tem um crédito contra a empresa. Na compra a prazo de matéria prima pela indústria, ocorrerá um aumento no estoque de matéria prima, aumentando os débitos dessa conta para com a indústria. Ao mesmo tempo, surge uma obrigação contra para com o fornecedor, que agora tem um crédito com a empresa. Por esse motivo as obrigações têm natureza credora. (4) O proprietário (Patrimônio Líquido e resultado): Ao proprietário cabe tudo aquilo que sobrar dos bens e direitos, depois de deduzidas as obrigações. Ele é uma espécie de credor também, afinal é o proprietário que entrega seus bens e direitos à empresa para que ela forme seu Capital Social e esperando ter retorno. A diferença entre ele e os agentes consignatários credores (obrigações) é que, pelo menos sob condições normais, o proprietário não pode exigir a parte que entregou, lhe cabendo aquilo que sobra, que pode ser maior ou menor que o valor do seu investimento. Assim, as contas contábeis que representam o Patrimônio Líquido têm natureza credora, pois representam créditos do proprietário contra a entidade.

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Contas patrimoniais retificadoras ou redutoras Existem ainda as contas retificadoras ou redutoras. São contas de natureza contrária ao grupo a que pertence e tem por função retificar o valor desse grupo, reduzindo-o. Muitas vezes, em função em razão da necessidade de controle do valor dos elementos patrimoniais e do princípio do Registro pelo Valor original, em regra, não são permitidas alterações os valores desses elementos inicialmente registrados, os valores apresentados nas contas contábeis não são condizentes o valor que o elemento patrimonial efetivamente tem. Em casos específicos, existem contas atreladas ao elemento patrimonial cuja a função é reduzir proporcionalmente o valor desse elemento, sendo de natureza contrária a ele. Serve de exemplo um automóvel adquirido por 20.000 e que depois de dois anos não terá o mesmo valor em função do uso e da passagem do tempo. Porém, não é permitido a atribuição de valores arbitrários na nova valoração desse bem e para fazer com que ele tenha um valor contábil mais próximo da realidade utiliza-se de mecanismos para tal fim, nesse caso específico a Depreciação. Para registra o que foi acumulado de perda durante o período de uso, cria-se uma conta contábil denominada Depreciação Acumulada. Essa conta terá o papel de reduzir o valor contábil do bem a que se refere sendo definidas em regulamento. Como a conta que representa o automóvel tem natureza devedora, uma conta de natureza contrária ligada a ela irá reduzir o seu valor. Vejamos o exemplo do automóvel adquirido por 20.000, que será totalmente depreciado em cinco anos, ou seja, a taxa de 20% ao ano, e que em dois anos desvalorizou 8.000, 40%. No Balanço Patrimonial, no Ativo e com natureza devedora, aparecerá o valor do automóvel pelo valor original, 20.000, e ligada a essa conta o valor da depreciação acumulada, 8.000, de natureza contrária, ou seja, credora. Por dedução chega-se ao valor contábil do bem, 12.000 Automóvel 20.000 devedor Depreciação acumulada (8.000)credor Valor contábil do bem 12.000 devedor Muitas outras são as contas retificadoras existentes no balanço e todos os grupos patrimoniais, porém, com finalidades distintas. Resumindo:

GRUPO Natureza da conta Natureza da conta retificadora Ativo Devedora Credora Passivo Exigível Credora Devedora Situação Líquida Credora Devedora

Seguem alguns exemplos de contas redutoras e dos grupos a que pertencem:

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(1) Ativo Provisão para Devedores Duvidosos ou para Créditos de Liquidação Duvidosa; Depreciação Acumulada; Amortização Acumulada; Exaustão Acumulada; Provisões para Ajustes de Custos ao Valor de Mercado; Provisão para Perdas Prováveis na Realização de Investimentos; (2) Passivo exigível Encargos Financeiros a Transcorrer. (3) Patrimônio Líquido Ações em Tesouraria; Ajustes de Avaliação Patrimonial (se negativo); Prejuízos Acumulados. Situações Patrimoniais Como visto, o patrimônio é formado por bens, direitos (Ativo) e obrigações (Passivo Exigível), sendo a Situação Líquida o valor da subtração entre o Ativo e o Passivo Exigível. Em função dos diversos fatos contábeis que podem ocorrer, os valores de ativos e passivos exigíveis podem variar e, como a situação líquida é o resíduo, o que sobra, ela sempre se adaptará, variando entre positivo, zero e negativo, de forma que os dois lados do balanço sejam sempre iguais. A variação da Situação Líquida determinará a situação patrimonial que a entidade se encontra, podendo ser: (1) Quando a Situação Líquida for credora (maior que zero) é sinal que a o Ativo é maior que o Passivo Exigível. (2) Quando a Situação Líquida for nula (igual a zero), é sinal que a o Ativo é igual ao Passivo Exigível. (3) Quando a Situação Líquida for devedora (menor que zero) é sinal que a o Ativo é menor que o Passivo Exigível. Essas três possibilidades para Situação Líquida faz com que o patrimônio possa assumir três situações distintas com cinco configurações possíveis. Fique ligado: Importante estar atento ao termo Situação Líquida. Apesar de ser tratado pela maioria dos autores e na maioria das questões de concursos como sinônimo de Patrimônio Líquido, o primeiro é mais abrangente. Enquanto Situação Líquida se refere à qualquer situação patrimonial, positiva, nula ou negativa, Patrimônio líquido se refere somente à Situação Líquida positiva. Porém como dito, as questão não cobram tecnicamente esse termo. Situação Líquida Positiva, Superavitária, Favorável, Ativa: Situação mais comum entre as entidades onde o Ativo é maior que o Passivo Exigível ou ainda o Passivo Exigível é inexistente, o que torna a Situação Líquida positiva. Tal situação pode assumir duas configurações: Ativo igual à situação Líquida. Quando não houver obrigações exigíveis, o Ativo será igual a Situação Líquida. Essa configuração é também chamada de Propriedade Total de Ativos, uma condição muito peculiar que pode ocorrer no momento de criação da entidade, onde o proprietário entrega a ela os recursos que comporão seu Ativo, podendo ser dinheiro, bens e direitos. Por não haver ainda nenhuma obrigação exigível, todos os bens e direitos que compões o Ativo tem somente uma fonte, os Recursos Próprios, fonte representada pela Situação Líquida, mais precisamente pela conta contábil Capital Social que registra o valor que o proprietário investiu.

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Vejamos o exemplo a abaixo: Duas pessoas resolvem abrir uma empresa. Para que empresa tenha estrutura mínima para que possa iniciar suas atividades os proprietários decidem inicia-la com um patrimônio no valor de 100.000, 50.000 cada um. Após serem feitos os devidos registros, os dois entregam para a empresa o valor registrado, sendo o primeiro 50.000 em dinheiro e o segundo um imóvel também nesse valor. Com a entrega do dinheiro e do imóvel surge o patrimônio da empresa, representado pelo Balanço patrimonial que deverá conter contas contábeis que apresentem os aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos patrimoniais, demonstrando assim as origens e aplicações dos recursos que ela possui. O balanço fica como a abaixo:

Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) Caixa 50.000 Situação Líquida 100.000 Imóveis 50.000 Total 100.000 Total 100.000

Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem caberia o imóvel e o dinheiro em caixa? Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos que financiam o Ativo. Como só existe o Patrimônio Líquido, conclui-se que a única fonte de recursos foi o capital próprio, ou seja, o capital da própria empresa que foi “dado” a ela pelos proprietários para que ela desenvolvesse suas atividades. Dessa forma, o que for apurado será devolvido aos proprietários após a extinção da mesma, nesse caso o valor total.

Ativo maior que o Passivo Exigível existente Quando houver obrigações exigíveis em montante menor que o Ativo, a situação Líquida será ainda positiva, mas será menor que o Ativo, uma condição mais comum entre as entidades. Por haver obrigações exigíveis em montante menor que o Ativo, todos os bens e direitos que compões o Ativo têm duas origens de recursos, os Recursos Próprios, fonte representada pela Situação Líquida, e os recursos de terceiros, fonte representada pelo Passivo Exigível. Continuemos com o exemplo dado acima: Agora a empresa adquiriu dois automóveis no valor de 30.000 cada, pagando 10.000 a vista e financiado 50.000, e mercadorias para estoque no valor de 40.000, sendo 10.000 a vista e 30.000 a prazo. Com a ocorrência desses fatos contábeis, deverão ser feitos registros em contas contábeis que apresentem os aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos patrimoniais, demonstrando assim as origens e aplicações dos recursos que a empresa possui. O balanço fica como a abaixo:

Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) Caixa 30.000 Duplicatas a pagar 30.000 Mercadorias 40.000 Financiamentos a Pagar 50.000 Veículos 60.000 Patrimônio Líquido 100.000 Imóveis 50.000 Total 180.000 Total 180.000

Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem cabem os bens que hoje valem 180.000? Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos que financiam o Ativo. Agora existem duas fontes: o Passivo Exigível, capital de terceiros (80.000) e o Patrimônio Líquido, capital próprio (100.000) Dessa forma, do que for apurado, 80.000 será usado para quitar as obrigações com terceiros e o que sobrar será devolvido aos proprietários após a extinção da empresa.

A = PE + SL 100 = 0 + SL. Dessa forma, a SL = 100.

A = PE + PL 180.000 = 80.000 + PL. Dessa forma SL = 100.000.

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Situação líquida nula ou compensada: Quando houver obrigações exigíveis em montante igual ao Ativo, a Situação Líquida será nula, ou seja, igual a zero, situação desconfortável para qualquer entidade. Por haver obrigações exigíveis em montante igual ao Ativo, todos os bens e direitos que compões o Ativo têm uma origem de recursos, os Recursos de Terceiros, fonte representada pelo Passivo Exigível. Continuemos com o exemplo: Agora a empresa foi multada pela Receita Federal em 100.000 a ser paga em dois meses. Com a ocorrência desse fato contábil, deverão ser feitos registros em contas contábeis que apresentem os aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos patrimoniais, demonstrando assim as origens e aplicações dos recursos que a empresa possui. O balanço fica como a abaixo:

Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) Caixa 30.000 Duplicatas a pagar 30.000 Mercadorias 40.000 Multa a pagar 100.000 Veículos 60.000 Financiamentos a Pagar 50.000 Imóveis 50.000 Total 180.000 Total 180.000

Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem cabe os bens que hoje valem 180.000? Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos que são origens dos direitos no Ativo. Agora existe uma fonte: o Passivo Exigível, capital de terceiros. Dessa forma, do que for apurado, 180.000 será usado para quitar as obrigações com terceiros.

Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) Caixa 30.000 Duplicatas a pagar 30.000 Mercadorias 40.000 Multa a pagar 100.000 Veículos 60.000 Financiamentos a Pagar 50.000 Imóveis 50.000 Total 180.000 Total 180.000

Você pode se perguntar, mas é os recursos que foram investidos pelos sócios? Como ocorre com a grande maioria dos investimentos existe a possibilidade de perda e com uma empresa não é diferente. É lógico que os fatos contábeis estão sendo analisados de forma isolada, essa despesa de multa que gerou um prejuízo de 100.000 não ocorreria sozinha. Certamente a empresa estaria também realizando receitas que, em contraponto com as despesas, poderia ter gerado um resultado positivo que faria aumentar o Patrimônio Líquido e assim o investimento dos sócios. Assim, na realidade, levando em conta essa única despesa, a multa, e o prejuízo produzido por ela, a Situação Líquida ficaria com essa configuração:

Situação Líquida Capital Social 100.000 (credor)

Prejuízo acumulado (100.000) (devedor)

Como a conta contábil prejuízo acumulado tem natureza devedora, a Situação Líquida fica com saldo zero. 5.3.

Situação líquida

negativa, deficitária, desfavorável, passiva ou passivo a descoberto Situação em que o Ativo é menor que o Passivo Exigível ou é inexistente, o que torna a Situação Líquida com natureza devedora, negativa. Tal situação pode assumir duas configurações:

A = PE + SL 180.000 = 180.000 + SL. Sendo assim SL = ZERO

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Ativo existente, mas menor que o Passivo Exigível Quando houver obrigações exigíveis em montante maior que o Ativo, a Situação Líquida será negativa, ou seja, terá natureza devedora, uma condição ruim para qualquer entidade. Por haver obrigações exigíveis em montante maior que o Ativo, todos os bens e direitos que compões o Ativo têm como origem o Passivo exigível. Porém, fica ainda uma parcela sem cobertura, ou seja, uma parcela de Passivo a descoberto. Continuemos com o exemplo: Agora a houve o furto de um dos automóveis, que contabilmente também é uma despesa. Com a ocorrência desse fato contábil, deverão ser feitos registros em contas contábeis que apresentem os aspetos qualitativos e quantitativos dos elementos patrimoniais, demonstrando assim as origens e aplicações dos recursos que a empresa possui. O balanço fica como a abaixo:

Ativo (aplicações) Passivo Total (origens) Caixa 30.000

Duplicatas a pagar Multa a pagar Financiamentos a Pagar

30.000 100.000

50.000

Mercadorias 40.000 Veículos 30.000 Imóveis 50.000 Situação Líquida 30.000 Total 180.000 Total 180.000

Se a entidade fosse encerrada nesse momento, a quem cabe os bens que hoje valem 150.000? Para tanto basta observar o Passivo Total e verificar quais são as fontes de recursos que financiam o Ativo. Agora existe uma fonte: o Passivo Exigível, capital de terceiros. Porém, mesmo realizando todos os Ativos 150.000 ainda fica a descoberto 30.000. Mais uma vez, levando em conta somente essas despesas, a multa e o furto, e o prejuízo produzido por elas, na realidade o Patrimônio Líquido ficaria com essa configuração:

Situação Líquida Capital Social 100.000 (credor)

Prejuízo acumulado (130.000) (devedor)

Total (30.000) (devedor) Como a conta contábil Prejuízo Acumulado tem natureza devedora (100.000+30.000), a situação Líquida fica com saldo de 30.000, devedor.

Passivo Exigível igual à Situação Líquida É a pior situação possível em que uma organização pode se encontrar, onde não há qualquer ativo para honrar as obrigações. Sendo um caso de inexistência de ativos, a situação líquida terá o mesmo valor do ativo, porém terá natureza devedora. Imagine que a empresa seja atingida por um meteoro que faça com que todos os seus bens sejam destruídos, subsistiria somente as obrigações deixando a Balanço Patrimonial dessa forma:

Ativo (aplicações) Passivo Total (origens)

Patrimônio Líquido 180.000 Duplicatas a pagar Multa a pagar Financiamentos a Pagar

30.000 100.000

50.000 Total 180.000 Total 180.000

A = PE + SL 150.000= 180.000+ SL. Sendo assim, SL = -30.000.

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A destruição dos bens provoca contabilmente uma despesa e, mais uma vez, levando em conta somente essas despesas, a multa, o furto e a destruição, e o prejuízo produzido por elas, na realidade o Patrimônio Líquido ficaria com essa configuração:

Situação Líquida Capital Social 100.000

Prejuízo acumulado (280.000)

Total (180.000) Como a conta contábil prejuízo acumulado tem natureza devedora (100.000+30.000+150.000), a situação Líquida fica com saldo de 180.000 devedor.

1. Relação entre

os grupos em que se subdivide o patrimônio:

A = PE + SL 0 = 180.000 + SL. Sendo assim SL = -180.000.

Assim fica a relação entre os elementos patrimoniais: O Ativo será sempre igual ao Passivo Total:

A = P + PL O Ativo nunca será menor que zero:

A>0 ou A=0 O Passivo Exigível nunca será menor que ZERO:

PE>0 ou PE=0 A Situação Líquida poderá variar entre valores maiores e menores que ZERO:

SL>0 ou SL=0 ou SL<0 O Ativo pode ser maior, igual ou menor que o Passivo Exigível:

A > PE (SL positiva) ou A = PE (SL nula) ou A < PE (SL negativa) O Ativo pode ser maior ou igual à Situação Líquida. Mas não pode ser menor que a Situação

Líquida: A > SL ou A = SL

O Passivo Exigível pode ser maior, igual ou menor que a Situação Líquida: PE > SL ou PE = SL ou PE < SL

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