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USO DE AGREGADOS DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA PAVIMENTAÇÃO DE ESTRADAS RURAIS – UM MODELO DE ECONOMIA CIRCULAR INTRODUÇÃO A evolução da chamada Economia Marrom (Brown Economy – Land, labor and capital ), é ainda focada no resultado econômico, o que para especialistas é um modelo insustentável. Para gerar um novo modelo de produção sustentável, surgiu o conceito de Economia Verde Inclusiva (Inclusive Green Economy ) [1]. É essencial mudar o modelo econômico convencional para um modelo de desenvolvimento circular, a qual trabalha para reduzir os resíduos antes que eles sejam produzidos, mas também considera os resíduos como um recursos quando eles ocorrem, assim um gerenciamento holístico e sustentavelmente integrado será crucial para a sustentabilidade da construção civil (Modelo de Economia Verde Inclusiva) [2] . O modelo de desenvolvimento é caracterizado pelo alto consumo de recursos naturais e pela degradação ambiental [3]. O setor da construção civil, visto como agente produtor dos ambientes construídos é essencial nesse novo paradigma, devendo adotar novas práticas baseadas em conceitos coerentes com a sustentabilidade. A cadeia produtiva da construção civil impacta o meio ambiente, pela extração de matéria-prima, produção de materiais, construção e demolição de obra civil. A construção civil consome entre 20% e 50% do total de recursos naturais [4]. A cadeia produtiva da construção civil tem se tornado uma das mais importantes atividades econômicas e sociais no Brasil, com significativa contribuição para o PIB nacional, em contrapartida também se encontra como grande geradora de resíduos e impactos ambientais [5]. Os impactos ambientais causados pela construção civil são observados em toda a cadeia produtiva, desde a extração da matéria-prima até o descarte final dos produtos construídos, seu reuso, reciclagem ou descarte de suas partes [6]. O impacto em áreas urbanas é bastante significativo, provocando deterioração no meio ambiente, originando deposições irregulares, bota-foras ou aterros inertes, que se esgotam rapidamente [7]. Cerca de 75% dos resíduos gerados pela construção nos municípios provêm de descarte reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios usuários dos imóveis. De acordo com estudo realizado para o SINDUSCON/PR, 60% do lixo sólido das cidades vêm da construção civil e 70% desse total poderia ser reutilizado [8]. O objetivo desta pesquisa foi analisar o aproveitamento dos resíduos da construção e demolição (RCD) sob a forma de agregados de resíduos de concreto (ARC) na pavimentação de estradas rurais como modelo de gestão econômica circular para minimização dos impactos negativos e aumento do ciclo de vida dos RCD. METODOLOGIA Foram estabelecidos, o método para delineamento científico e o método para levantamento de dados de campo classificando os seguintes critérios em dois grupos: Grupo Material e Grupo Local de aplicação. Como material de pesquisa foi selecionada a área amostral Modal de estradas rurais na Empresa Florestal Vale do Corisco, Fazenda Noruega I – Arapoti, PR; e o material oriundo de resíduos sólidos da construção e demolição (RCD) caracterizado como agregado de resíduos de concreto (ARC) sem triagem de seleção e processado em Usina Móvel, gerando o ARC tipo bica corrida, a fim de testar a possibilidade de uso deste material agregado na pavimentação de estradas rurais . CONCLUSÕES Considera-se que o uso dos ARC gerados a partir da usina móvel possui potencial de uso na pavimentação de estradas rurais. O uso dos ARC gera ganhos ambientais, sociais e econômicos, não para empresas agrossilvipastoris, prefeituras, empresas do setor da construção civil, gestores públicos ambientais, mas também a toda a sociedade diretamente beneficiada pela reciclagem dos RCD. O emprego dos ARC para a pavimentação provou ser um método viável para ampliar o ciclo de vida dos RCD. O processamento dos RCD e sua transformação em ARC é viável com as atuais tecnologias existentes e apresenta-se como uma excelente alternativa para a consolidação da economia circular para a construção civil e demolição. REFERÊNCIAS 1. UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME – UNEP. Uncovering Pathways Towards an Inclusive Green Economy: a summary for leaders. Coord. Angeline Djampou. 2015. 2. UNITED NATION ENVIRONMENTAL PROGRAMME; INTERNATIONAL SOLID WASTE ASSOCIATION. Global waste management outlook. United Nation Environmental Programme. UNITED NATIONS ORGANIZATION Disponível em: < http://www.un.org/Spanish /News/story.asp?NewsID=26 703#.ViOaOX6rTIV >. Acesso em: 08/10/2015. 3. MOTTA, S.R.F. Sustentabilidade na construção civil: crítica, síntese, modelo de política e gestão de empreendimentos. 2009. 122p. Orientadora: AGUILAR, M.T.P. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Curso de Pós-graduação em Construção Civil. Belo Horizonte. 2009. 4.. SJOSTROM, C. Durability and sustainable use of building materials. In:Sustainable use of materials. J. W. Llewellyn & H. Davies Ed. London, BRE/RILEM, 1992. 5. NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil / André Nagalli. – São Paulo: Oficina de textos, 2014. 6. TELLO, R. Guia CBIC de boas práticas em sustentabilidade na indústria da Construção / Rafael Tello; Fabiana Batista Ribeiro. – Brasilia: Câmara Brasileira da Indústria da Construção; Serviço Social da Indústria; Nova Lima: Fundação Dom Cabral, 2012. 160p. Figura 1. Características do leito de rodagem do modal da estrada rural na Área experimental desta pesquisa, antes da realização da pesquisa. Fonte: os autores, 2015. Figura 2. Material de resíduos da construção e demolição (RCD). Usina móvel em operação de britagem para produção de agregado de resíduos de concreto (ARC). Fonte: Jean Maliski, 2015. Figura 3. Esquema representativo das fases de aplicação do ARC sobre o modal de estradas rurais para confecção do leito de rodagem pavimentado com os ARC. Fonte: os autores, 2015. iii) a versatilidade e capacidade produtiva de uma usina móvel; iv) a boa capacidade de emprego do ARC na pavimentação das estradas rurais; v) a boa adaptabilidade do ARC as condições do solo e do terreno. Como sugestões, os autores recomendam o monitoramento do experimento por no mínimo um ano; o treinamento dos colaboradores da GIRSU, incluindo para os RCD; pesquisas para inovação dos processos de moagem a fim de melhorar a qualidade dos ARC. As evoluções dos sistemas de produção, inclusive o sistema produtivo da construção civil e a gestão dos seus resíduos ainda estão se limitando a garantir a evolução econômica dos sistemas economicamente desenvolvidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com as leis vigentes os ARC podem ser utilizados na pavimentação de estradas, no recapeamento de estacionamentos, escolas, calçadas. Na Figura 1 é possível observar um modal de estrada rural que apresenta problemas para o tráfego seguro, devido a instabilidade do seu material de cobertura, o que determina elevados custos de manutenção, consumo extrativo de recursos naturais para recapeamento e danos ao meioambiente causados pelas perdas continuas de material sólido de cobertura do leito de rodagem do modal. Nas Figuras 2 e 3 pode ser observado o ciclo de geração e aplicação dos ARC desde a sua origem no canteiro de obras, sua moagem em uma Usina Móvel, distribuição no modal da estrada rural, seu acabamento com compactação e formação do leito de rodagem final. Autor 1 (1): Marcelo Langer – Engenharia Florestal pela UFPR; Mestre em Ciências Florestais com ênfase em produção vegetativa pela ESALQ/USP ; Doutorando em avaliação da sustentabilidade do ciclo de vida de produtos pela UTFPR no departamento de Engenharia Mecânica; Pesquisador Sistema Fiep Observatórios Sesi/Senai/IEL Autor 2: André Nagalli, Doutor em Geologia, Mestre em Eng. de Recursos Hídricos e Ambiental e Engenheiro Civil pela UFPR. Professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia Civil junto à UTFPR. Endereço do autor (1): Av. Cândido de Abreu, 304 ap.210 – Curitiba, 80530-000, Brasil – Tel. 041 87871111; e-mail: [email protected]

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USO DE AGREGADOS DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA PAVIMENTAÇÃO DE ESTRADAS RURAIS – UM MODELO DE ECONOMIA CIRCULAR

INTRODUÇÃOA evolução da chamada Economia Marrom (Brown Economy – Land, labor and capital), é ainda focada no resultado econômico, o que para especialistas é um modelo insustentável. Para gerar um novo modelo de produção sustentável, surgiu o conceito de Economia Verde Inclusiva (Inclusive Green Economy) [1]. É essencial mudar o modelo econômico convencional para um modelo de desenvolvimento circular, a qual trabalha para reduzir os resíduos antes que eles sejam produzidos, mas também considera os resíduos como um recursos quando eles ocorrem, assim um gerenciamento holístico e sustentavelmente integrado será crucial para a sustentabilidade da construção civil (Modelo de Economia Verde Inclusiva) [2] . O modelo de desenvolvimento é caracterizado pelo alto consumo de recursos naturais e pela degradação ambiental [3]. O setor da construção civil, visto como agente produtor dos ambientes construídos é essencial nesse novo paradigma, devendo adotar novas práticas baseadas em conceitos coerentes com a sustentabilidade. A cadeia produtiva da construção civil impacta o meio ambiente, pela extração de matéria-prima, produção de materiais, construção e demolição de obra civil. A construção civil consome entre 20% e 50% do total de recursos naturais [4]. A cadeia produtiva da construção civil tem se tornado uma das mais importantes atividades econômicas e sociais no Brasil, com significativa contribuição para o PIB nacional, em contrapartida também se encontra como grande geradora de resíduos e impactos ambientais [5]. Os impactos ambientais causados pela construção civil são observados em toda a cadeia produtiva, desde a extração da matéria-prima até o descarte final dos produtos construídos, seu reuso, reciclagem ou descarte de suas partes [6]. O impacto em áreas urbanas é bastante significativo, provocando deterioração no meio ambiente, originando deposições irregulares, bota-foras ou aterros inertes, que se esgotam rapidamente [7]. Cerca de 75% dos resíduos gerados pela construção nos municípios provêm de descarte reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios usuários dos imóveis. De acordo com estudo realizado para o SINDUSCON/PR, 60% do lixo sólido das cidades vêm da construção civil e 70% desse total poderia ser reutilizado [8]. O objetivo desta pesquisa foi analisar o aproveitamento dos resíduos da construção e demolição (RCD) sob a forma de agregados de resíduos de concreto (ARC) na pavimentação de estradas rurais como modelo de gestão econômica circular para minimização dos impactos negativos e aumento do ciclo de vida dos RCD.METODOLOGIAForam estabelecidos, o método para delineamento científico e o método para levantamento de dados de campo classificando os seguintes critérios em dois grupos: Grupo Material e Grupo Local de aplicação. Como material de pesquisa foi selecionada a área amostral Modal de estradas rurais na Empresa Florestal Vale do Corisco, Fazenda Noruega I – Arapoti, PR; e o material oriundo de resíduos sólidos da construção e demolição (RCD) caracterizado como agregado de resíduos de concreto (ARC) sem triagem de seleção e processado em Usina Móvel, gerando o ARC tipo bica corrida, a fim de testar a possibilidade de uso deste material agregado na pavimentação de estradas rurais .

CONCLUSÕESConsidera-se que o uso dos ARC gerados a partir da usina móvel possui potencial de uso na pavimentação de estradas rurais.O uso dos ARC gera ganhos ambientais, sociais e econômicos, não só para empresas agrossilvipastoris, prefeituras, empresas do setor da construção civil, gestores públicos ambientais, mas também a toda a sociedade diretamente beneficiada pela reciclagem dos RCD.O emprego dos ARC para a pavimentação provou ser um método viável para ampliar o ciclo de vida dos RCD. O processamento dos RCD e sua transformação em ARC é viável com as atuais tecnologias existentes e apresenta-se como uma excelente alternativa para a consolidação da economia circular para a construção civil e demolição.

REFERÊNCIAS1. UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME – UNEP. Uncovering Pathways Towards an Inclusive Green Economy: a summary for leaders. Coord. Angeline Djampou. 2015.2. UNITED NATION ENVIRONMENTAL PROGRAMME; INTERNATIONAL SOLID WASTE ASSOCIATION. Global waste management outlook. United Nation Environmental Programme. UNITED NATIONS ORGANIZATION Disponível em: <http://www.un.org/Spanish /News/story.asp?NewsID=26 703#.ViOaOX6rTIV>. Acesso em: 08/10/2015. 3. MOTTA, S.R.F. Sustentabilidade na construção civil: crítica, síntese, modelo de política e gestão de empreendimentos. 2009. 122p. Orientadora: AGUILAR, M.T.P. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Curso de Pós-graduação em Construção Civil. Belo Horizonte. 2009.4.. SJOSTROM, C. Durability and sustainable use of building materials. In:Sustainable use of materials. J. W. Llewellyn & H. Davies Ed. London, BRE/RILEM, 1992.5. NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil / André Nagalli. – São Paulo: Oficina de textos, 2014.6. TELLO, R. Guia CBIC de boas práticas em sustentabilidade na indústria da Construção / Rafael Tello; Fabiana Batista Ribeiro. – Brasilia: Câmara Brasileira da Indústria da Construção; Serviço Social da Indústria; Nova Lima: Fundação Dom Cabral, 2012. 160p.7. CUNHA, N. A. Resíduos da construção civil análise de usinas de reciclagem. Dissertação Pós-graduação da Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2007. 166p. il.8. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Relatório final da logística reversa. Senai STI. Curitiba. Brasil. 2015. 133p. il.(no prelo)

 

Figura 1. Características do leito de rodagem do modal da estrada rural na Área experimental desta pesquisa, antes da realização da pesquisa. Fonte: os autores, 2015.

Figura 2. Material de resíduos da construção e demolição (RCD). Usina móvel em operação de britagem para produção de agregado de resíduos de concreto (ARC). Fonte: Jean Maliski, 2015.

Figura 3. Esquema representativo das fases de aplicação do ARC sobre o modal de estradas rurais para confecção do leito de rodagem pavimentado com os ARC. Fonte: os autores, 2015.

iii) a versatilidade e capacidade produtiva de uma usina móvel; iv) a boa capacidade de emprego do ARC na pavimentação das estradas rurais; v) a boa adaptabilidade do ARC as condições do solo e do terreno.Como sugestões, os autores recomendam o monitoramento do experimento por no mínimo um ano; o treinamento dos colaboradores da GIRSU, incluindo para os RCD; pesquisas para inovação dos processos de moagem a fim de melhorar a qualidade dos ARC. As evoluções dos sistemas de produção, inclusive o sistema produtivo da construção civil e a gestão dos seus resíduos ainda estão se limitando a garantir a evolução econômica dos sistemas já economicamente desenvolvidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo com as leis vigentes os ARC podem ser utilizados na pavimentação de estradas, no recapeamento de estacionamentos, escolas, calçadas. Na Figura 1 é possível observar um modal de estrada rural que apresenta problemas para o tráfego seguro, devido a instabilidade do seu material de cobertura, o que determina elevados custos de manutenção, consumo extrativo de recursos naturais para recapeamento e danos ao meioambiente causados pelas perdas continuas de material sólido de cobertura do leito de rodagem do modal.Nas Figuras 2 e 3 pode ser observado o ciclo de geração e aplicação dos ARC desde a sua origem no canteiro de obras, sua moagem em uma Usina Móvel,distribuição no modal da estrada rural, seu acabamento com compactação e formação do leito de rodagem final. Como resultados foi possível observar: i) a dificuldade para obtenção de RCD livre de contaminantes; ii) a baixa capacitação dos centros urbanos do interior do estado do Paraná para a gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos (GIRSU), dos RCD e produção dos ARC;

Autor 1 (1): Marcelo Langer – Engenharia Florestal pela UFPR; Mestre em Ciências Florestais com ênfase em produção vegetativa pela ESALQ/USP ; Doutorando em avaliação da sustentabilidade do ciclo de vida de produtos pela UTFPR no departamento de Engenharia Mecânica; Pesquisador Sistema Fiep Observatórios Sesi/Senai/IELAutor 2: André Nagalli, Doutor em Geologia, Mestre em Eng. de Recursos Hídricos e Ambiental e Engenheiro Civil pela UFPR. Professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia Civil junto à UTFPR.Endereço do autor (1): Av. Cândido de Abreu, 304 ap.210 – Curitiba, 80530-000, Brasil – Tel. 041 87871111; e-mail: [email protected]