ArquiteturA & Construção agosto 2010106 agosto 2010 ArquiteturA & Construção 107

no centro da construção de 180 m2, na serra mineira, o hall de entrada une os dois volumes principais: a ala social (à esq.) e os três quartos (à dir.). Com exceção da adega e da lavanderia, alocadas no porão, a casa fica em um só nível para favorecer a circulação entre os espaços. na base, o revestimento de pedras cobre os blocos estruturais de concreto. Ω

Nada de telhados inclinados e soluções muito rústicas. Esta casa revela um novo jeito de construir no campo: aposta em linhas retas, cobertura com telhas de fibras, janelas de PVC e outros materiais atuais sem perder o aconchego.contemporâneo

Chalé

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O arquiteto italiano Enrico Benedetti, radicado em São

Paulo, tirou partido de soluções racionais, inusitadas

até, para criar esta casa de 180 m2 que exprime respei-

to pela natureza. “Visitei o terreno duas vezes e passei

horas contemplando o lugar”, diz. “Não queria arrancar

árvores nem sobrepor a arquitetura ao cenário natural”,

completa. Saltam aos olhos os detalhes engenhosos do

projeto, como o telhado curvo e o sistema construtivo

de alvenaria estrutural, que ajudou a concluir a obra em

16 meses por R$ 206 mil (orçado em 2008). Para ex-

plorar a vista e a luminosidade, todas as aberturas das

esquadrias se voltam para o impressionante vale e o pi-

co do Selado, cartão-postal de Monte Verde, MG. Assim

também se aproveita o sol da manhã. Durante o inver-

no, quando a temperatura cai a - 10 0C, a distribuição

das janelas nas faces norte e leste (bem ensolaradas) é

essencial para amenizar o frio e deixar o clima mais ca-

loroso. À noite, as lareiras da sala e dos quartos man-

têm tudo aquecido. Esse caráter sensorial da construção

garante bem-estar em todos os espaços, inclusive na co-

zinha, onde o proprietário, chef nas horas vagas, gosta

de mirar a vegetação enquanto prepara peixes e receitas

mineiras no tradicional fogão a lenha.

No terraço lateral da sala de estar, a vegetação fica sempre à vista graças ao rasgo no muro. Ele usa blocos de concreto estrutural colorido stone (14 x 14 x 39 cm, da tatu), com acabamento irregular que imita rocha e requer apenas uma camada de impermeabilizante.

a sala e a cozinha se fundem na paisagem pelas grandes aberturas das esquadrias de PVC (shine Windows). “Elas vedam melhor a entrada de ar do que as de madeira e dão menos manutenção”, fala Enrico. a lareira com frontão de aço corten abriga um recuperador de calor de aço da Calorarte. É uma opção ecológica, pois reduz a queima de oxigênio (saiba mais na seção Como Fazer, na pág. 136).

Mesa de jantar e fogão a lenha formam volume único. o acabamento é de cimento queimado com Pó Xadrez (Lanxess). tanto os armários de madeira, encaixados na parede de pedra, quanto a bancada de alvenaria com pastilhas de vidro (Jatobá) deixam tudo à mão.

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Montado com rapidez, o telhado metálico (Metalúrgica Hopper) curvo ficou pronto em 20 dias, metade do tempo gasto numa versão de madeira. “as vigas de aço sob medida chegam codificadas ao canteiro de obras para facilitar a instalação”, explica Enrico. Há placas ecológicas de osB entre a estrutura e as telhas de fibra natural cinza (tC shingle do Brasil), que ficam à vista nas laterais.

Inserida totalmente no cenário, a construção foi concebida num nível abaixo da rua de acesso ao terreno de 1 104 m². a casa tem um farto terraço de 52 m² e praticamente se esconde atrás do muro de pedra com 30 m de extensão.

Usados para sustentar as paredes, os blocos estruturais de concreto (tatu) revelam um sistema construtivo modular, simples. Como num jogo de lego, não há desperdício de material nem corte na alvenaria, pois o projeto prevê as aberturas em dimensões proporcionais às das peças. outra lição de economia envolveu o terreno, que por ser firme permitiu o uso de fundações de estacas de concreto.

Lições da obra

Reportagem: Denise Gustavsen e Eliana Medina/Fotos: Célia Mari Weiss/Ilustração: Campoy Estúdio

Este ângulo evidencia um trecho vazado entre o quarto e a banheira Furô (Multimax). Algumas paredes internas, como esta, são de tijolos refratários. Ela abriga uma lareira típica da região, que traz uma câmara de fogo com serpentina interna capaz de reter o calor e manter os dois espaços aquecidos por até quatro horas após o fim das chamas.

N

Área: 180 m2

ProjEto: Enrico Benedetti arquitetura (colaboração: Marcos Woeltz, roberta Villela e Wendell Ferreira)ProjEtos ELÉtrICo E HIDrÁULICo: Bertucie garcia Engenheiros associadosExECUção: gilmar gomes Cota

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HALL4 x 3 m

SALA DE ESTAR

9 x 4,10 m

COZINHA5 x 2,80 m

CORREDOR: 17 x 1,20 m

QUARTO3,70 x 3,20 m

SUÍTE3,70 x 3,20 m

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