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1 PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING NAS CLASSES SOCIAIS C e D Por: Djana Araujo de Sousa Orientador Prof. Mário Luiz Trindade Rocha Rio de Janeiro 2009

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING NAS CLASSES SOCIAIS C e D

Por: Djana Araujo de Sousa

Orientador Prof. Mário Luiz Trindade Rocha

Rio de Janeiro 2009

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING NAS CLASSES SOCIAIS C e D

Apresentação de Monografia à Universidade Cândido Mendes como condição prévia para conclusão do curso de Pós-graduação “Lato Sensu” em Marketing

Por: Djana Araujo de Sousa

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AGRADECIMENTOS

A todos os professores do Instituto “A Vez do Mestre”, que contribuiram para minha formação e em especial meu agradecimento ao orientador Mário Luiz Trindade Rocha pela revisão dos textos e sugestões para o bom desenvolvimento do trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta Monografia ao meu marido e grande companheiro, Luciano Lourenço Cunha, que tanto me incentivou a fazer Pós-graduação, apesar das adversidades neste retorno à universidade.

À Marly Apparecida de Araujo, minha mãe e primeira professora na universidade da vida e ao meu filho que está chegando, mas já faz de mim uma mãe feliz e realizada.

Djana Araujo de Sousa

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RESUMO

O enfoque adotado na Monografia se baseia na segmentação da Classe

Social, pois esta representa uma variável determinante no planejamento de

marketing, na medida em que possibilita a segmentação de mercado. Uma divisão

hierárquica da sociedade em grupos relativamente distintos e homogêneos com

respeito a atitudes, valores e estilo de vida.

Identificar os fatores que determinam, em cada momento, a existência das

classes sociais, assim como as formas de mobilidade de uma para outra, é um

trabalho constante que permite encontrar as novas oportunidades de negócio.

Nessas constantes pesquisas de mercado, foram identificadas as Classes C e D

como grandes oportunidades de crescimento, devido ao seu aumento de compra.

Hoje esses estudos de oportunidades são conhecidos como Marketing Lateral.

O perfil de compra e estratégias de marketing aplicadas nas Classes C e D

serão mostradas no decorrer da apresentação desta Monografia .

Djana Araujo de Sousa

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8 CAPÍTULO 1 1. SEGMENTAÇÃO ................................................................................................... 9 1.1 Por que segmentar o mercado? ........................................................................... 9 1.2 Como segmentar o mercado? ............................................................................ 10 1.3 O que fazer caso seu negócio tenha sucesso? .................................................. 10 1.4 Tipos de segmentação ....................................................................................... 11 1.5 Segmentação por renda, instrução e ocupação ................................................. 12 CAPÍTULO 2 2. POSICIONAMEMTO ............................................................................................ 13 2.1 Concorrentes ...................................................................................................... 14 2.2 Atributos ............................................................................................................. 15 2.3 Uso ou Aplicação ................................................................................................ 15 2.4 Usuários ............................................................................................................. 15 2.5 Classe de Produto .............................................................................................. 15 2.6 Como selecionar uma estratégia de posicionamento ......................................... 16 CAPÍTULO 3 3. CONSUMIDOR EMERGENTE ............................................................................. 17 3.1 O Rendimento Mensal dos Brasileiros ................................................................ 20 CAPITULO 4 4. COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES DE BAIXA RENDA NO BRASIL ........... 21

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4.1 Análise do Perfil de Compra da Classe C ........................................................... 21 4.2 Consumidor de Refrigerante ............................................................................... 22 4.3 Empresas e o Consumo de Produtos ................................................................. 23 4.4 Comércio Eletrônico ........................................................................................... 24 CAPÍTULO 5 5. CACAU SHOW - SUCESSO NAS CLASSES C E D ........................................... 25 5.1 O Fundador ........................................................................................................ 25 5.2 A Escolha do Chocolate Como Produto ............................................................. 26 5.3 Aprimoramento Diário no Produto ...................................................................... 26 5.4 Fornecedor da Garoto ........................................................................................ 27 5.5 Infra-estrutura da Empresa ................................................................................. 27 5.6 Percepção do Administrador .............................................................................. 30 ANEXO I ................................................................................................................... 31 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 33 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 35

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INTRODUÇÃO

A posição social é o resultado das características que um indivíduo possui e

que outros indivíduos da sociedade desejam e às quais atribuem valor. A educação,

a ocupação, a posse de propriedades determinam a posição social.

Os indivíduos com diferentes posições sociais geralmente têm diferentes

necessidades e padrões de consumo.

O fato de membros de cada classe social apresentar um conjunto de

comportamentos semelhantes torna esse conceito relevante para os especialistas de

marketing.

O tratamento dispensado aos segmentos de renda C e D mudou

recentemente, após o plano Real (1994), a partir da experiência bem sucedida de

alguns empresários, que se especializaram na comercialização de produtos para

segmentos de baixa renda, quando da redefinição da cultura de negócios sobre a

importância desses grupos para a economia mundial. À “exaustão das classes A e

B”, como definiram alguns “gurus” de marketing e estratégia, seguiu-se o interesse

pelos “mercados C e D”. Hoje é difícil encontrar uma grande indústria, desde

alimentos a higiene, passando por concessionárias de serviços públicos e grandes

redes de comercialização, que não invistam em pesquisas para conhecer o

“fabuloso mercado dos antes não-consumidores carentes”.

Através de uma segmentação focada nas estratégias de marketing voltadas

para as classes C e D, que apresenta 50% dos consumidores brasileiros,

desenvolveremos neste trabalho os novos hábitos de consumo dessa disputada fatia

de mercado em franca expansão.

Analisaremos a história da Cacau Show para ilustrar o sucesso desta segmentação

até então menos explorada. No anexo I, uma entrevista com o Professor Fernando

Lima, profissional de marketing grande pesquisador sobre o assunto contido nesta

Monografia.

A Monografia está organizada em 5 capítulos abordando temas pertinentes ao

conceito de Marketing aplicado ao nosso público-alvo, as Classes C e D. No

primeiro capítulo, citaremos a Segmentação, que é o primeiro passo para focar o

meu público. No segundo capítulo abordaremos o Posicionamento, que estuda

como meu produto se posiciona no mercado. No terceiro capítulo, O Consumidor

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Emergente – como se comporta as Classes C e D no ato de compra e a distribuição

de renda no Brasil. No quarto capítulo, o enfoque será sobre o Comportamento dos

Consumidores de Baixa renda no Brasil e finalizando o quinto capítulo, que contará

a história de sucesso da Cacau Show que tem como seu público alvo as Classes C

e D.

CAPÍTULO 1

1. SEGMENTAÇÃO

1.1 POR QUE SEGMENTAR O MERCADO?

Uma das histórias mais antigas sobre a necessidade de segmentação de

mercado envolve o início da indústria automobilística. Focalizando as necessidades

de produção em massa, Henry Ford desenvolveu o modelo T como um carro

destinado a satisfazer a todos. Ford disse: “Eles podem telo em qualquer cor, desde

que seja preto”. Mais tarde ao contrário dele, Sloan Jr., da General Motors, fez os

engenheiros criarem vários modelos, cada um projetando para satisfazer as

necessidades e gostos de um grupo diferente de clientes. Essa estratégia ajudou a

GM a se tornar a maior empresa do mundo. Na década de 1920, a GM ultrapassou

a Ford em paticipação de mercado e esta nunca mais recuperou a liderança.

Como Sloan Jr., os Gerentes de Marketing devem reconhecer que um único

produto de Marketing raramente é adequado para atender às necessidades e

desejos de todo mercado. Servir apenas uma parte do mercado é muito mais eficaz,

já que permite à empresa especializar-se em atender a essa determinada parcela da

população com maior competência.

Diferentes percepções levarão a diferentes decisões na escolha e consumo,

em conjunto com outras variáveis como poder aquisitivo, cultura, e outros. É por

isso, então, que existem diversas empresas no mercado que vendem produtos para

parcelas da população com gostos e poder de compra muito diferente, necessitando

de diferentes estratégias para atingi-las.

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1.2 COMO SEGMENTAR O MERCADO?

Para segmentar o mercado, a primeira coisa é ter em mente, com precisão,

o objetivo do seu negócio, suas características e os benefícios do seu produto ou

serviço para seus potenciais clientes.

Veremos um exemplo para entendermos melhor este tópico

Caso você tenha tido uma ideia inovadora e decidiu abrir o seu próprio

negócio: montar um lava-jato que atende a domicílio. Para começar, você contrata

dois funcionários, compra uma máquina WAP, começa a oferecer seus serviços a

quem possa interessar e também faz um anúncio nas páginas dos classificados dos

principais jornais da região.

Passado algum tempo, você percebe que o negócio não vai indo muito bem,

apesar de a ideia ter sido bem aceita pelas pessoas que utilizaram o seu serviço.

Avaliando melhor a situação, você percebe que a concorrência é o seu maior

problema. Postos de gasolina, lava-rápidos convencionais de bairro, e até pessoas

que fazem um “extra” nos finais de semana, além da objeção dos condôminos que

não utilizam seus serviços e ficam descontentes em ver a sua empresa gastar água

do edifício para lavar carros de alguns poucos.

1.3 O QUE FAZER CASO SEU NEGÓCIO TENHA SUCESSO?

A saída estratégica para aumentar sua competitividade é a segmentação do

mercado, identificando os de maior potencial, e a especialização em um nicho ou

segmento, segundo Jorge Vieira. Isso pode ser feito, por exemplo, se o seu lava-

jato só funcionar em domicílio corporativo. Isso mesmo: você oferecerá

conveniência e praticidade aos funcionários de empresas que não têm tempo de sair

do escritório para lavar seu carro e não gostariam de gastar tempo com isso nos

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finais de semana. Agora você descobriu um segmento de mercado a ser explorado.

O próximo passo é selecionar quais empresas você vai prospectar.

Parece simples responder a essa pergunta, mas ela exige um conhecimento

prévio dos seus recursos e da sua localização, entre outros fatores. Se você está

situado em uma cidade como São Paulo, é fundamental escolher um local para

instalar sua empresa que seja perto das médias e grandes empresas que possuam

estacionamento. Problemas como trânsito e custo de transferência de maquinário

para as empresas clientes devem ser levados em consideração. Uma ideia

interessante é substituir a água por produtos químicos como ceras especiais, que

eliminem a necessidade de se usar água.

Este sistema já está sendo utilizado em grandes centros comerciais e

shopping centers. O importante na segmentação de mercado é que se avalie o

tamanho do seu negócio e prospecte empresas que se tenha capacidade de

atender. Neste caso, o nicho deve ser de funcionários internos que passam todo o

tempo na empresa. Para segmentar o mercado de maneira eficaz, o ideal seria

fazer um levantamento, por exemplo, de quantas empresas com mais de 80 e

menos de 300 funcionários existem num raio de cinco quilômetros da organização.

Depois, selecionar quantas dessas empresas possuem estacionamento para

veículos dos funcionários. Passado algum tempo, se aprenderá mais sobre os

clientes e terá condições de mensurar quais empresas trazem mais rentabilidade e

até elaborar um plano de incentivos visando maximizar o seu relacionamento com

principais clientes.

1.4 TIPOS DE SEGMENTAÇÃO

Existem dois processos básicos para se escolher as variáveis de

segmentação mais adequadas a cada mercado.

Métodos estatísticos: agrupam clientes a partir de indicadores estatísticos,

como variância e correlação.

Utilização da experiência e do conhecimento dos profissionais da área: O

Gerente se apoia em seu conhecimento de mercado, nas tendências atuais de

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compra, nas pesquisas de Marketing e no bom senso. Para avaliar as

possibilidades, é útil agrupar as bases de segmentação em categorias amplas.

É importante citar como exemplo as ações de segmentação que a

Bauducco implantou.

A Bauducco, tradicional fabricante de panetones de Natal, para se livrar da

alta sazonalidade de seus produtos, passou a oferecer itens para o café da manhã e

para o mercado infantil, como bolos, biscoitos e torradas. Assim, ela usa o

equipamento e as competências em panificação que já possui para atender a esses

novos segmentos.

No Nordeste, a empresa passou a explorar as festas regionais com comidas

típicas, como pé-de-moleque, durante as festas juninas em cidades como Campina

Grande, na Paraíba.

Os tipos de segmentação são: demográfica, por sexo, por idade, por raça ou

etnia, geográfica, psicográfica, baseada em pensamentos e sentimentos, baseada

no comportamento de compra e a segmentação que é objeto do nosso trabalho: por

renda, instrução e ocupação, ou seja, por classe social.

1.5 SEGMENTAÇÃO POR RENDA, INSTRUÇÃO E OCUPAÇÃO

O administrador de Marketing utiliza a segmentação por nível de renda para

determinar quais consumidores mais provavelmente responderão a uma

determinada combinação de preços, estilo e qualidade. Como fator importante de

segmentação, a renda esboça a tendência que a pessoa possui de consumir, de

acordo com seu poder aquisitivo. Por exemplo: A Credicard faz isso oferecendo seu

cartão de crédito via mala direta a estudantes universitários. Dessa forma, a

empresa visa atingir um segmento que, teoricamente, alcançará ganhos maiores

durante a vida do que a população em geral.

As segmentações por nível de instrução ou por ocupação são outras

maneiras de explorar os vários mercados. De modo geral, o grau de instrução está

associado ao nível de informação que a pessoa tem e sua propensão à leitura. A

ocupação da pessoa direciona seu interesse para temas relevantes à sua área de

atuação. É comum, por exemplo, o profissional assinar uma revista da sua área.

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Para segmentação demográfica e suas ramificações, existem diversas empresas

especializadas no mercado que vendem os chamados mailings, que são bancos de

dados com diversos tipos de informações.

A quantidade de informações existentes no bancos de dados do DataListas,

por exemplo, é enorme, pois são aproximadamente 30 milhões de nomes. O

Gerente de Marketing pode cruzar informações sobre renda, local de moradia, faixa

etária e assim por diante para suprir suas necessidades específicas de

segmentação. Porém, é essencial gerenciar tais informações de maneira a agregar

valor à sua estratégia e integrá-la ao plano e objetivo não só da área de Marketing,

mas da empresa como um todo.

CAPÍTULO 2

2. POSICIONAMENTO

Qual critério utilizamos para seleção de um produto? Recebemos

informações sobre diferentes marcas e cada uma delas oferece um tipo de

benefício diferente. Concluiu que as melhores atendem sua necessidade? Esse

pensamento resulta na criação de uma percepção favorável do produto em relação a

concorrência em sua mente. A imagem favorável na mente do consumidor é o

posicionamento. Trata-se de uma questão de preferência, de gosto, de valor

percebido no produto, que se consolidou por meio de uma imagem, uma

predisposição, uma “boa-vontade” em relação à marca na sua mente.

Os consumidores buscam informações sobre as diferentes opções que

encontram no mercado e criam uma imagem a respeito de cada uma. As empresas

sem empenham em atuar por meio de sua estratégia de posicionamento, utilizando-

se do composto de Marketing para que sua imagem seja lembrada e desejada pelo

mercado. Os clientes guardam traços de imagens de algumas das principais opções

que eles encontram.

As principais marcas são lembradas e atualizadas quando eles obtêm

alguma informação relevante. As demais marcas são aos poucos esquecidas.

Portanto, se a sua marca não é a “top-of-mind”, ou seja, não é a primeira, nem

mesmo a segunda ou terceira a ser lembrada, muito provavelmente ela não será

lembrada na hora que o cliente toma suas decisões de compra, fazendo com que o

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seu produto permaneça na prateleira. Toda empresa que deseja ter sucesso no seu

mercado deve brigar para estar entre as primeiras marcas que seus consumidores

lembram ou então não terá futuro muito bom.

A mente do consumidor associa a marca a algum benefício ou necessidade

que ele tem, no momento em que ele está considerando se compra ou não, para

que a compra venha a se efetivar. A Mercedes, por exemplo posiciona os seus

carros como objeto de desejo e não meramente como um produto que irá sanar a

necessidade de locomoção do usuário. Uma propaganda veiculada na revista

Exame Vip em 1994 deixava claras as intenções da montadora a respeito do seu

posicionamento. Um slogan de página dupla dizia: “Dentro deste carro você não

verá o mundo com outros olhos, mas com certeza o mundo o enxergará com outros

olhos”.

As canetas Montblanc são um outro bom exemplo:

Elas não são compradas simplesmente para satisfazer as necessidades de

escrita dos clientes, mas vistas como pequenas jóias. Portanto, a administração de

Marketing, que engloba desde a distribuição, venda, comunicação e precificação do

produto, deve levar em conta o segmento do mercado-alvo bem como a imagem do

produto perante sua clientela.

Há vários tipos de posicionamento de Marketing:

• Posicionamento por concorrentes;

• Posicionamento por atributos;

• Posicionamento pelo uso ou aplicação;

• Posicionamento por usuários;

• Posicionamento por classe de produto.

2.1 CONCORRENTES

As estratégias de posicionamento incluem o posicionamento de um produto

em comparação com marcas dos concorrentes.

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2.2 ATRIBUTOS

Quando o administrador de Marketing posiciona seu um produto com base

nos seus atributos, como suas características. Um posto de gasolina, por exemplo,

poderia anunciar a conveniência como seu principal atributo.

2.3 USO OU APLICAÇÃO

Um produto posicionado para uso específico. A Mastercard se posicionou

como a administradora de cartões de crédito mais útil para transações do dia-a-dia,

ou seja, um modo de organizar as finanças e pagar despesas rotineiras. Foi

desenvolvido um sistema de computador que lida com pequenas compras

rapidamente sem necessidade de assinatura, oferece aos supermercados descontos

nos terminais do cartão de crédito e ajuda com o Marketing e um programa para

ligar contas Mastercard a um programa de compradores fiéis.

2.4 USUÁRIOS

Quando a empresa se posiciona no mercado com foco em determinada

classe social e devido a ótima aceitação do produto no mercado, consegue atingir

outras classes. Grande satisfação do consumidor, ocasiona a famosa propaganda

boca-a-boca.

2.5 CLASSE DE PRODUTO

Quando o produto é posicionado em relação às outras classes de mesma

segmentação. Como exemplo, temos o sabonete Dove que se posicionou sendo um

sabonete com ¼ de hidrantante, em vez de mero sabonete.

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2.6 COMO SELECIONAR UMA ESTRATÉGIA DE POSICIONAMENTO

As grandes empresas precisam conhecer o produto e as necessidades ou

desejos que eles pretendem suprir. Através dos canais de comunicação buscam

suporte à estratégia de posicionamento e pela definição de um preço que combine

com a posição do produto e com o valor atribuído pelo mercado-alvo. Selecionar

uma estratégia de posicionamento é o primeiro passo que o Gerente de Marketing

deve considerar para participação de mercado do produto e como ele pode criar

mais valor do que os concorrentes. O produto é o líder de mercado ou vem atrás?

Talvez o produto seja tão inovador, que haja pouca ou nenhuma concorrência.

Esse fato é importantíssimo ser analisado.

Essa informação influencia o tipo de estratégia de posicionamento com

maior probabilidade de sucesso. Um produto que é líder de mercado geralmente

não se posicionará diretamente contra concorrentes menores. Já para produtos sem

grande participação no mercado pode ser útil usar o Marketing de nicho (estratégia

de concentrar-se num único mercado e adaptar o composto de Marketing a ele).

Os Gerentes de Marketing voltados para o valor devem preocupar-se além

da imagem que criam em distinguir sua empresa de seus produtos e serviços . Os

consumidores de hoje são altamente informados e com cada vez mais opções de

compra, não são facilmente enganados por mensagens de Marketing que

simplesmente alardeiam afirmações. Em vez disso, as empresas que obtêm sucesso

posicionam-se com base em valor e confiabilidade. Empresas como Brastemp,

Toyota e Carrefour concentram-se em agregar valor aos seus mercados-alvo

priorizando os seus diferenciais em termos de produtos e serviços.

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CAPÍTULO 3

3. O CONSUMIDOR EMERGENTE

A febre sobre os consumidores C e D está fazendo do Brasil um polo de

atração internacional. C.k. Phahalad e Stuart L.H, dois magos do business e da

“estratégia de negócios” contemporâneos, estão desenvolvendo um trabalho sobre

as Casas Bahia, famosa rede de comercialização das classes C e D que vende

eletrodomésticos a prestação. Para esses autores, “a prática de um capitalismo mais

inclusivo, que atenda aos consumidores de baixa renda, pode propiciar às empresas

multinacionais grandes oportunidades de crescimento e lucro, ao contrário do que se

pensa”.

A partir de um quadro teórico e temático privilegiado, uma certa

interpretação do consumo, dos consumidores e dos espaços de consumo tornou-se

comum no Brasil. Nela, o consumo é sempre visto como “produto” direto da

produção, sem qualquer relação de exterioridade com ela. Ou seja, a produção

determina o consumo. “Os consumidores” foram reduzidos a “sujeitos passivos” do

capitalismo, do marketing e da propaganda, e seus corpos, a cabides de símbolos

nos quais se encontram camadas e mais camadas de significados, sobre as quais

se debruçam pesquisadores ávidos de desvendá-los. E os espaços de consumo e

compra em particular os shoppings centers, foram resumidos a palcos, nos quais

transitam as múltiplas identidades do homem contemporâneo, expressas nos bens e

serviços.

Deparamo-nos, assim, com as raízes puritanas da sociedade

contemporânea, que legitima o consumo de “necessidade”, mas se aterroriza com o

supérfluo, vendo com temor a verticalização do consumo para outras classes sociais

bem mais inferiores, no caso as classes C e D. Além de precisarmos justificar

moralmente o que consumimos, hierarquizamos os diferentes bens de forma que

alguns sejam mais lícitos do que outros. Embora essa hierarquização não seja

rígida, mas contextual, existem significados culturais cristalizados sobre

determinados bens e práticas sociais que transcendem alguns contextos e acabam

por classificar as pessoas por aquilo que elas consomem.

Daí a propriedade da frase de Bourdieu (1983) que o gosto classifica o

classificador:

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É mais lícito consumir livros e CDs, de modo genérico, do que roupas,

sapatos e bolsas, mesmo levando-se em conta que existe uma hierarquia

para livros e CDS, que podem ser considerados mais ou menos legítimos do

ponto de vista “cultural” e “artístico”. Mas o que importa é que, no primeiro

caso, somos intelectuais e, no segundo, fúteis e vazios.

Lívia Barbosa, Colin Campbell – FGV (p.40 – livro, cultura, consumo e

identidade).

Em suma, a visão prevalecente é que o consumo perturba a vida social. A

liberdade de escolha e o prazer das pessoas na fruição de bens e serviços são

vistos como encorajadores de valores individuais, normalmente considerados

prejudiciais às normas coletivas da sociedade.

Não podemos ignorar que existem pessoas e grupos cujas vidas e

entendimento do mundo dependem da posse de determinados bens materiais, ou

mesmo de determinadas marcas, e que estes talvez não sejam os valores que

desejamos para nossa sociedade. Não devemos desconhecer que o consumo tem

conseqüências públicas e dimensões morais que devem ser levadas em conta,

como observam os ambientalistas no tocante à relação entre limite ecológico,

crescimento econômico e desigualdade socioeconômica. Assim como uma moeda

tem duas faces, o consumo tem aspectos negativos, sem dúvidas problemáticas,

mas que não são seus atributos específicos.

O que é importante também sobre a distinção entre necessidades básicas e

supérfluas é justamente o fato de esta ser considerada fundamental por diferentes

grupos e utilizada para definir critérios de direitos, postura moral, participação e

constituição nas diferentes sociedades, além de permitir que se observem os

mecanismos de poder que lhe são subjacentes. Não se pode esquecer que, por trás

dessa oposição entre necessidades básicas e supérfluas, existe a possibilidade de

controlar o consumo alheio – em especial das classes trabalhadoras -, a

possibilidade de certos grupos sociais e políticos definirem, autoritariamente, o que

se pode e deve consumir. Dessa forma, o consumo das classes menos favorecidas

para suprir faltas e carências definidas culturalmente como básicas é considerado

digno, enquanto aquele orientado para a reprodução de certos estilos de vida que

vão além dessas necessidades é percebido como inadequado e irresponsável.

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Cabe lembrar um famoso argumento brasileiro sobre a impropriedade

do consumo das classes trabalhadoras. Esse argumento aparece, em

geral, perto do Carnaval e diz respeito ao fato de que muitas das

pessoas que estarão desfilando e que desembolsaram dinheiro para

pagar suas fantasias não comem direito, não têm recursos para

mandar os filhos para a escola e comprar remédios, mas mesmo

assim “gastaram” o pouco que tinham em coisas supérfluas, como

uma fantasia de escola de samba. Além do patrulhamento sobre o

consumo alheio é bom lembrar que, ao contrário do que

normalmente se pensa, o consumo não é uma atividade coerente

e homogênea, nem obedece a uma lógica hierárquica de básicos

a supérfluos.

Aliás, a classificação de certos segmentos sociais como “pobres” já indica,

de fora, para as pessoas que se encontram nessa situação como suas rendas

devem ser gastas, quantitativa e qualitativamente. Essa dimensão controle moral

e/ou, mediante políticas públicas, do consumo dos menos favorecidos levou, até

bem pouco tempo, tanto academia quanto o mundo dos negócios a ignorarem as

classes populares como consumidoras. Não só suas preferências por bens e

serviços foram ignoradas, como suas estratégias de aquisição e mediação social por

meio de objetos foram em grande parte desconhecidas por aqueles que se dedicam

ao estudo desses segmentos.

Deparamo-nos, assim, com as raízes puritanas da sociedade

contemporânea, que legitima o consumo de “necessidade”, mas se aterroriza com o

do supérfluo, vendo com temor a verticalização do consumo para outras classes

sociais.

É bom lembrar que grande parte do que é atribuído e associado

negativamente ao consumo hoje, como, o materialismo, a competição por status e

poder, a valorização da dimensão expressiva dos objetos em detrimento da

funcionalidade, entre outros, já se achava presente em outros tempos e em ouros

mundos. Aliás, como observam Goodwin e outros (1997), desde os tempos de

Aristóteles. É importante saber que grande parte das afirmações sobre o consumo e

a sociedade de consumo baseia-se em análises que consideram apenas os estilos

de vida e as práticas de consumo de alguns grupos, e os interpretam como se estes

se estendessem a toda a sociedade contemporânea.

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As empresas de bens de consumo, especialmente aquelas com marcas

líderes de mercado, estão desenvolvendo estratégias para aumentar as vendas de

seus produtos entre a população de menor renda, o chamado CONSUMIDOR

EMERGENTE, com renda mensal entre 2 e 8 salários mínimos.

Uma das dificuldades enfrentadas é entender as características

demográficas, os valores, hábitos e estilo de vida desse segmento da população.

Segundo o IBGE, a população brasileira é majoritariamente de baixa renda. Dos 79,1

milhões de pessoas com rendimentos no País, em 2000, cerca de 74% ganhavam

mensalmente menos de 3 salários mínimos.

Veja o quadro abaixo como mostra esta distribuição.

3.1 O RENDIMENTO MENSAL DOS BRASILEIROS

Fonte; IBGE: Censo demográfico de 2000. Disponível em:

http//www.ibge.gov.br/censo/default.php

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CAPÍTULO 4

4. COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES DE BAIXA RENDA NO BRASIL

A renda das classes C, D e E é praticamente toda investida em despesas da

família. Essas classes já respondem pela metade do consumo nacional, segundo a

Consultoria Data Popular. O consumo e a renda dessas famílias cresceram,

conseqüentemente, as empresas precisam oferecer produtos de menor custo para

que essas classes possam consumir. As camadas de maior poder aquisitivo vão

continuar comprando, mas o crescimento das camadas mais pobres exige que as

empresas adaptem seus produtos e preços para o bolso destes consumidores.

Em dois anos, a classe C ganhou 23,5 milhões de pessoas e transformou-

se no mais numeroso extrato econômico da população. A maior parte desses

brasileiros emergiu das classes D e E, que perderam 20 milhões de pessoas devido

à estabilidade econômica, à popularização do crédito e aos programas sociais do

governo. Cada vez mais as lojas focadas neste público aumentam suas parcelas e

diminuem os juros.

Observa-se, portanto que o Brasil começa a formar uma sociedade de

consumo de massa e a classe C é hoje o extrato social mais numeroso do país, o

equivalente a 46% da população, ou seja, 86,2 milhões de pessoas com renda

familiar média de R$1.062,00. Seguindo a classe C, aparecem as classes D/E,

representando 39% da população com renda familiar média de R$580,00 e as

classes A/B com 15% e renda familiar média de R$2.217,00.

4.1 ANÁLISE DO PERFIL DE COMPRA DA CLASSE C:

A classe C

compra 4 de

cada 10

Computadores

vendidos no

De cada 10

linhas de

Celulares no

Brasil, 4 estão

nas mãos da

70% dos

apartamentos

e Casas

financiados

pela Caixa

34% da Classe

C tem Carro na

garagem.

7 em cada 10

Cartões de

crédito

emitidos são

para

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país.

classe C.

destinam-se à

Classe C.

consumidores

da Classe C.

Fontes: LatinPanel, Cetelem e ITData

O desejo de consumo da classe C tem sido comprar eletrodomésticos,

trocar de celular, decorar a casa e comprar móveis, viajar a passeio, ou seja, tudo o

que a classe A/B têm consumido ao longo dos anos. Estudos dizem que os

consumidores de baixa renda querem comprar as mesmas marcas que os

consumidores de classes mais altas compram. Pesquisas apontam que o fato de

comprar produtos de marca é uma questão de inclusão. Ao comprar esses produtos,

os consumidores se sentem fazendo parte da sociedade. O que você compra

denuncia seus hábitos e costumes. Fato este que movimenta o crescimento

econômico do país e estimula o desenvolvimento e a produção de empresas de

diversos setores.

4.2 CONSUMO DE REFRIGERANTES

Empresas de refrigerante perceberam que a venda deste produto nas

classes C e D cresceu bastante nos últimos tempos, por isso tem focado suas ações

nestas classes. Um bom exemplo é a Coca-Cola, que levou em conta a melhora na

distribuição de renda no Brasil e voltou a vender embalagens de vidro, que deixam

os refrigerantes mais baratos por serem em embalagens retornáveis. Estas

embalagens começaram a ser vendidas em 2004 e hoje possuem 18% do mix de

marketing dos produtos e a pretensão é alcançar 30%.

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Na padaria Trigo Trade, no Bairro Serra, a

venda dos refrigerantes retornáveis começou

há dois anos e são comercializadas cerca de

seis dúzias a cada dois dias. “Só não

vendemos mais por falta de recipientes. Como

o fabricante começou a oferecer as

embalagens em maior quantidade, as vendas

também devem crescer”, comenta o

proprietário Leandro de Castro.

4.3 EMPRESAS E O CONSUMO DE PRODUTOS

Segundo levantamento da empresa MasterCard, o potencial de gastos dos

clientes de baixa renda, é de R$ 40 bilhões, o que faz com que a empresa preste

mais atenção a esses consumidores. Dados recentes referentes ao consumo da

classe C, apontam que 1 em cada 3 pessoas tem conta bancária e 1 em cada 4

possui cartão de crédito, fato que favorece as empresas do ramo, visto que os

consumidores de baixa renda têm como principal meio de compra o cartão de

crédito e as facilidades de parcelamento.

A Nestlé criou uma divisão e produtos voltados para a baixa renda,

investindo R$ 30 milhões nos últimos três anos. “Quem não estiver alinhado com

essa realidade provavelmente estará fora do mercado nos próximos anos”, afirma

Ivan Zurita, presidente da Nestlé no Brasil.

No varejo, a procura de aparelhos eletroeletrônicos, como televisões,

computadores e telefones celulares, têm aumentado. São produtos que antes não

eram consumidos por essas camadas mais baixas e hoje estão mais acessíveis

devido as facilidades de pagamento e a estabilidade de emprego.

Segundo o IBGE, o crédito oferecido a pessoas físicas cresceu quase 30%

no último ano. Com o aumento do salário mínimo, a queda nos juros e a redução de

preços em muitos produtos, as classes mais baixas possuem mais poder de compra,

segundo economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

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A estabilidade econômica tem feito consumidores de classes mais baixas

procurarem a casa própria. Uma pesquisa feita pelo Conselho dos Corretores de

Imóveis do Estado de São Paulo mostra que as classes C e D compraram mais da

metade das casas e apartamentos vendidos na capital paulista no mês de março.

4.4 COMÉRCIO ELETRÔNICO

A inclusão digital tem sido um fator muito importante no aumento de compra

das classes mais baixas. A maioria dos novos compradores que utilizam a Internet

faz parte da classe C. As classes D e E já possuem 10% do acesso á Internet,

mesmo que este seja através de locais públicos, pagos ou espaços gratuitos. A

Internet estava presente em 14% destes lares em 2002, no ano passado este

número cresceu para 25%, um aumento considerável.

Segundo Tiago Faus, gerente de Logística e Qualidade da Direct Express

que tem unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, Hoje, de cada dez entregas da

empresa, em média quatro são feitas para consumidores das classes C e D. “Esse

perfil de consumidor deve crescer por representar numericamente a maior camada

da população brasileira e pelo potencial de penetração pela via da inclusão digital”,

afirma ele. Uma conseqüência da demanda das classes baixas foi refletida na

distribuição dos produtos da empresa, onde virou parte da rotina dos funcionários

efetuarem entregas em áreas com maior dificuldade de acesso e identificação.

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CAPÍTULO 5

5. CACAU SHOW – SUCESSO NAS CLASSES C e D

5.1 O FUNDADOR

A Cacau Show nasceu quando o fundador, Alexandre Tadeu da Costa,

começou a revender chocolates de uma indústria. Na primeira Páscoa, em 1988,

ele vendeu, além de outros produtos, 2000 ovos de 50g. Porém chegou à fábrica,

foi informado de que não havia possibilidade de produzir ovos dessa gramatura.

Frente a isso, preocupado em honrar a encomenda e em não perder o pedido, o

estudante, então com 17 anos, comprou a matéria-prima necessária e procurou

alguém que estivesse acostumado a fabricar chocolates em casa.

Em uma loja especializada no ramo, conheceu uma senhora que fazia chocolates

caseiros e que veio a ser a primeira funcionária da Cacau Show. Durante três dias,

com uma jornada diária de 18 horas de trabalho e com um prazo de entrega

apertado, foi possível a entrega da encomenda. Essa operação gerou um lucro

líquido de aproximadamente 500 dólares. Com esse capital inicial, a Cacau Show

Ltda., iniciou suas atividades no bairro da Casa Verde, em São Paulo. Durante toda

a história da empresa, em nenhum momento, houve alguma entrada de capital

externo.

Tudo o que existe hoje foi construído através do próprio negócio. Depois da

experiência, Alexandre percebeu que havia um mercado muito pouco explorado de

chocolates artesanais e resolveu investir nisso. O empreendimento se estabeleceu

numa sala de 12 metros quadrados da empresa de seus pais, que inicialmente foi

cedido sem custo por seis meses. Após esse período inicial, ele passou a pagar

aluguel. De lá para cá, a empresa cresceu bastante, atingindo percentuais anuais

de crescimento muito acima da média. Hoje a empresa conta com mais de 200

funcionários e 17 mil metros quadrados de área útil construída.

Atualmente, nas suas novas instalações industriais, a Cacau Show reuniu

os seus franqueados de todo Brasil para o lançamento do Projeto Páscoa. O

professor Marins discorreu sobre a importância da Páscoa na cultura brasileira e as

oportunidades do negócio que a ocasião oferece.

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5.2 A ESCOLHA DO CHOCOLATE COMO PRODUTO

Alexandre da Costa é hoje um pequeno empresário de sucesso. Sem

buscar fórmulas mágicas ou receitas pré-fabricadas, ele trabalha duro entre doze e

quatorze horas por dia, tornando mais doce o dia-a-dia de muita gente, com os

chocolates recheados de alta qualidade e preço acessível, que fabrica e distribui.

A escolha do tipo específico de produto – chocolates recheados, demonstra sua

capacidade para enxergar com clareza a mecânica no ramo. Ele afirma ter-se

especializado nesses produtos porque:

• Tem consciência de que não pode competir em custo, qualidade e

distribuição com os grandes fabricantes de chocolate em barra;

• Os chocolates recheados – bombons, trufas, etc – têm, devido ao recheio, um

prazo de validade reduzido do que de outros chocolates, o que os torna mais

adequados à comercialização pelas empresas menores e mais ágeis, que

atendam direta e rapidamente a pontos-de-venda regionalizados;

• Como o chocolate em si, é o ingrediente mais caro do produto, ao fabricar

recheados, em que a proporção de chocolate é relativamente menor do que

em uma barra, por exemplo, a Cacau Show pode atender a um público que

deseja um bom produto sem pagar caro por esta qualidade.

5.3 APRIMORAMENTO DIÁRIO NO PRODUTO

Definindo o escopo de atuação, a empresa começou a funcionar, embora

sua atuação não tenha sido oficializada de imediato, até porque seu proprietário

ainda era menor de idade: ao fazer 18 anos, ganhou um fusca dos pais, e esse

passou a ser seu primeiro veículo próprio de entrega.

Nesta época que Alexandre optou por atender diretamente a pequenos

pontos-de-venda, como bares e lanchonetes, sem contar com a intermediação de

atacadistas ou distribuidores. Até hoje, em seu ponto de vista, a agilidade

proporcionada pela venda direta é fator fundamental para seu sucesso.

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A experiência de sair vendendo pessoalmente, de loja em loja, é

considerada insubstituível pelo empresário, pois graças a ela, sabe exatamente

como se vende, conhece profundamente o mercado e o perfil dos compradores, as

dificuldades e oportunidades encontradas, podendo, portanto, preparar seus

vendedores da melhor maneira para o dia-a-dia nas ruas.

Além de vender o produto, buscou também informações técnicas: como

fabricar, conservar, embalar e assim por diante.

5.4 FORNECEDOR DA GAROTO

Nesta busca de aperfeiçoamento da qualidade, fez cursos de vários tipos,

desde aqueles oferecidos por grandes fornecedores e revendedores de chocolate

em barra até cursos tipicamente voltados para donas de casa.

Em um seminário promovido pela Fábrica de Chocolate Garoto, do qual

Alexandre participava, foi realizado um sorteio, cujo prêmio era uma viagem para

conhecer a matriz da empresa do Espírito Santo; seu pensamento positivo foi tão

grande que ganhou o sorteio e foi conhecer de perto a fabricação do chocolate,

tendo início, nesta ocasião, um relacionamento forte com a Garoto, atualmente um

dos seus principais fornecedores.

5.5 INFRA-ESTRUTURA DA EMPRESA

O empresário também considera um problema comum a todos os pequenos

iniciantes, a falta de capital e de infra-estrutura na empresa: com relação ao capital,

aliás, ele faz questão de frisar que, durante o primeiro ano de operação, reinvestiu

todo lucro e que, até hoje, sua prioridade é continuar reinvestindo, buscando

condições para produzir cada vez mais e melhor a custo mais baixo.

Alexandre fez e faz questão de se inteirar de todos os aspectos que

envolvem seu produto, dos desejos e necessidades da clientela até a qualidade da

matéria-prima. Já realizou, inclusive, uma pesquisa junto ao consumidor para

avaliar a aceitação de seus produtos.

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Em função da abertura da empresa, acabou interrompendo seus estudos escolares

quando cursava o terceiro ano de administração, mas com isso não significou que

tenha parado de aumentar seus conhecimentos, como a área técnica era e ainda é o

maior problema da Cacau Show, Alexandre está sempre participando de cursos

específicos, estando em seus planos uma viagem de estudos para a Bélgica,

considerada a terra do chocolate. Pretende ainda concluir o curso de administração

e partir para Pós-graduação em marketing.

Alexandre é frequentemente indagado se a sua pouca idade ao iniciar o

negócio foi prejudicial. Ele diz que sua pouca idade foi – e continua a ser – notada,

mas não de forma negativa: o empresário acredita que transformou obstáculos em

forças, conquistando seu espaço no mercado, tendo hoje ótimo acesso aos

principais fornecedores do ramo. Além disso, acredita que ter iniciado o próprio

negócio muito jovem trouxe-lhe a vantagem de dispor de uma enorme reserva de

energia, que lhe permite trabalhar, em épocas de pico, até dezesseis horas por dia,

sete dias por semana.

Na Páscoa, quando a produção é multiplicada por três, é preciso contratar

mão-de-obra temporária. A empresa já precisou de mais vinte e oito funcionários

em uma única loja para produção e embalagem, a fim de reforçar seu enxuto quadro

fixo: quatro empregados na administração, sete na produção e sete na embalagem e

dez vendedores. Sendo seu foco nas classes C e D, a procurar é enorme,

principalmente nessa época do ano.

Para o próximo ano, a estimativa é de que o faturamento da Cacau Show gire em

torno de US$550.000,00, e como de hábito, a maior parte desse retorno será

reinvestida na empresa.

Neste ano, a previsão é que o faturamento do setor na Páscoa seja de 830

milhões de reais – 7% mais do que em 2008. Isso mesmo com a crise e com o

preço dos ovos, em média 8% mais alto. Diz o consultor Eugênio Foganholo: “Os

brasileiros não deixaram de consumir produtos que, embora supérfluos, têm preço

acessível”.

O principal motor para o crescimento nas vendas de ovos de chocolate, que

se acentuou de dois anos para cá, deve-se ao aumento da Classe C – para onde

foram alcançados, nos últimos dois anos, nada menos do que 23 milhões de

brasileiros. Essas pessoas, que raramente compravam chocolate, adquiriram o

hábito. Isso motivou a indústria a se adaptar, rapidamente para atendê-las. A

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estratégia na Páscoa foi investir na produção de ovos menores (e mais baratos). A

participação deles no mercado subiu 10%, e já representa um terço do total.

Apesar do valor mais baixo, esses ovos menores garantem algo que, na Páscoa, se

torna ainda mais vital para as empresas: escala de produção. Só o fato de vender

ovos aos milhões justifica produzi-los. Embora a indústria não divulgue números,

sabe-se que as margens de lucro dos ovos de Páscoa são mais estreitas do que as

obtidas com barras de chocolate comum.

Neste ano, Alexandre adquiriu equipamentos para montar mais uma linha de

produção visando:

• Aumentar a escala de produção;

• Reduzir custos fixos;

• Diminuir problemas decorrentes da forte sazonalidade pro meio da

automatização da produção, evitando contratar mão-de-obra temporária;

• Aumentar a padronização dos produtos;

• Diminuir o contato manual com o produto, minimizando a possibilidade de

contaminação.

Hoje, está consciente de que tanto os objetivos da empresa quanto os dos

consumidores têm que ser constantemente renovados. No que se refere à empresa,

os principais objetivos, no momento são:

• Reposicionar-se no mercado, colocando-se como uma “indústria de produtos

artesanais para classes C e D”. Isso significa trabalhar com itens

semelhantes aos que as donas de casa fazem para aumentar sua renda –

bolos, doces, salgadinhos, etc, sem incomodar as grandes empresas, já que

não poderia lhes fazer frente, utilizando os canais de venda conhecidos e

passando a oferecer-lhes uma variedade maior de produtos, a um preço

acessível;

• Passar a fabricar a principal matéria-prima que ainda compra pronta e assim

reduzir o custo sem prejudicar a qualidade.

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5.6 PERCEPÇÃO DO ADMINISTRADOR

Quanto às suas características como empresário, Alexandre considera-se

um ótimo comprador, o que afirma, que só foi possível porque aprendeu a ser um

bom vendedor; ele sempre soube, intuitivamente, que uma das lições básicas do

marketing é vital para qualquer empresa: não é possível vender bem se não se

compra bem.

Alexandre reconhece que “pegou gosto pelos estoques” em uma de suas

primeiras grandes vendas, quando sofreu o que considera a única ameaça real

enfrentada pela Cacau Show: por ser pequeno, teve dificuldades para conseguir o

chocolate, essencial a todos os seus produtos, e quase perdeu a chance de vender

numa Páscoa, em que fatura cerca de 40% do total anual.

A empresa chegou ao porte e à situação de hoje, devido ao que chama de

seu “senso de oportunidade”, que o fez detectar um nicho de mercado onde poderia

se posicionar e se defender dos avanços da concorrência. Estrutura administrativa

ágil e enxuta, são os “segredos” da Cacau Show.

No caso da Cacau Show, duas “crises” foram importantes. Em uma delas; o

produto ficou com o preço final acima do que o segmento de mercado se dispunha a

pagar, em razão do custo internacional do cacau. Consciente de que é o mercado

que dita quanto quer pagar e não há como forçar um produto que está fora da faixa

de preço aceitável pelas classes C e D, a empresa reformulou os produtos,

alterando tamanho e composição, sem afetar a qualidade ou sabor, para poder

continuar atendendo ao mesmo nicho. Mais uma vez, o que poderia ter sido uma

crise séria para outra empresa, acabou sendo solucionado rapidamente, dada a

capacidade de percepção e adaptação de seu administrador.

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ANEXO I

Entrevista com Professor Fernando Lima

Ex-gerente da Light.

Atualmente Consultor e professor de Pós-graduação na Cândido Mendes

1) Cite os fatores determinantes para o crescimento do consumo das Classes

Sociais C e D?

São 4 bilhões de novos consumidores (pobres), ainda não captados para consumo e

as dificuldades colocadas pela nova crise mundial aumentam esse número com o

deslocamento da classe média para baixa renda. Isso estimula as empresas a

criarem produtos e serviços com características de base da pirâmide, o que sem

dúvida é uma excelente oportunidade de crescimento para as empresas que

souberam trabalhar as diferenças desse mercado.

2) Você acredita que a exigência do consumidor C e D com a qualidade do produto

no ato da compra é inferior comparado as classes A e B?

Ainda é inferior pelas características sociais desse grupo que nunca teve acesso a

bens de consumo e não reconhece padrões de qualidade. Entretanto nas camadas

superiores da classe C e D, os chamados bem de vida, esses padrões de qualidade

começam a ser requisitados, o que leva a uma tendência mercadológica de mais por

menos. Mais qualidade por menor preço.

3) Com a crise mundial pode haver um declínio de compras deste público?

As tendências mostram que esse público dadas as condições de pouca renda serão

pouco afetados. Ao contrário, os países do BRIC são vistos como a salvação do

mercado mundial de produtos e serviços. Veja os produtos da TATA indiana por

exemplo, que lançou um carro que vais custar aqui cerca de 20 mil reais.

4) Quais estratégias de marketing ainda precisam ser exploradas para atingir ainda

mais esta segmentação?

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Lançamento de produtos específicos para esse público, estratégia de canais diretos,

tais como a AVON. Comunicação adequada com esse mercado que não é a mesma

convencional, linguagem mais simples.

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CONCLUSÃO

Avaliamos através deste trabalho que atualmente, muitas empresas estão

desenvolvendo várias estratégias de comunicação, tendo com ponto de partida o

cliente da classe C e D. Para esse público, a maior parte da estratégia é focada no

preço. A empresa precisa acima de tudo saber o comportamento de compra do meu

cliente. A partir dessa premissa, a necessidade de segmentar e saber meu

posicionamento diante do meu público como empresa.

O perfil do novo consumidor está mais racional e exigente (prioridade à

relação custo x benefício). Ele busca qualidade na compra, pois está consciente do

valor da moeda e de seu poder de compra, o que torna o mercado ainda mais

competitivo.

Pelos capítulos desenvolvidos na Monografia, podemos concluir que a

marca se constrói através uma comunicação maciça, portanto entender o perfil e

comportamento exato do meu público é primordial para me comunicar com ele.

As empresas buscam cada vez mais diminuir a distância entre a mídia

apresentada daquilo que o produto é de fato. A intenção é encantar o cliente

proporcionando sua satisfação, buscando fazer algo diferente assim, quebrando

paradigmas.

Devido ao alto poder tecnológico, acirramento da concorrência, baixo grau

de diferenciação do produto e alterações no perfil do consumidor, as empresas

atualmente precisam atuar com um composto de marketing dinâmico, visando não

diminuir o ciclo de vida de seu produto.

As necessidades humanas – necessidade do consumidor – são a base de

todo o marketing moderno. As necessidades são a essência do conceito de

marketing. A chave para a sobrevivência de qualquer empresa, lucratividade e

crescimento em um ambiente de marketing altamente competitivo é a sua habilidade

de identificar e satisfazer necessidades do consumidor melhor e antes do que a

concorrência.

As empresas não criam necessidades, apesar de que em algumas ocasiões

elas possam tornar o consumidor mais consciente de necessidades não-percebidas.

As empresas de sucesso definem seus mercados em termos das necessidades que

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presumem satisfazer, em vez dos produtos que vendem. Esta é uma abordagem de

marketing orientada para o mercado em vez de orientada para a produção.

Uma orientação para o mercado concentra-se nas necessidades do comprador

Uma orientação para a produção concentra-se na necessidade do vendedor.

O conceito de marketing implica que o fabricante irá fazer somente o que ele sabe

que as pessoas irão comprar;

A orientação para a produção implica que a empresa irá tentar vender o que ela

decide fazer.

As empresas que baseiam suas ofertas no reconhecimento das necessidades

do consumidor encontram um mercado pronto para seus produtos.

Mediante ao exposto, concluímos que o grande desenvolvimento dos meios

digitais no Brasil e mundo, as conseqüências estão no mercado e se resumem na

forte concorrência e o crescente poder de compra, principalmente das classes C e

D, obrigando as organizações a se adequarem ao novo comportamento do

consumidor na era digital. É importante as organizações entenderem as mutações

comportamentais de seu público-alvo e buscarem constantemente respostas para

atender suas necessidades e desejos.

Portanto, é justificável afirmar não só que vivemos numa sociedade de

consumo, ou somos socializados numa cultura de consumo, mas que a nossa, num

sentido bem fundamental, é uma civilização de consumo.

“Eu compro, logo sei que existo”

As bases metafísicas do concumo moderno.

Colin Campbell

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BIBLIOGRAFIA

Grisi, Celso Cláudio de Hildebrand e, Comportamento de Consumo de Classes

Sociais – São Paulo, Editora Fractal, 2008

Rocha, Jorge Vieira da, Gerência de Marketin – Rio de Janeiro, Editora Rio, 2006

Comportamento do Consumidor Brasileiro – Limeira Tânia M. Vidigal – São Paulo –

Ed. Saraiva – 2008

Cultura Consumo e Identidade – Lívia Barbosa, Colin Campbell – Rio de Janeiro:

Editora FGV, 2006 – 1ª edição

Cultura e Consumo – Autores: Grant e Mc Cracken (1990, 2003)

WEBGRAFIA

Pt-br.wordpress.com/tag/o-poder-de-compra-das-classes-c-e-d

REVISTA

Veja, Edição 2107 – ano 42 – nº13