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Assistente em Administração Português Profª Maria Tereza

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Assistente em Administração

Português

Profª Maria Tereza

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Português

Professora Maria Tereza

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Edital

PORTUGUÊS: Variedades de linguagem, tipos e gêneros textuais, e adequação de linguagem. Elementos de sentido do texto: coerência e progressão semântica do texto; relações contex-tuais entre segmentos de um texto; informações explícitas, inferências válidas, pressupostos e subentendidos na leitura do texto. Elementos de estruturação do texto: recursos de coesão; segmentação do texto em parágrafos e sua organização temática. Interpretação do texto: iden-tificação do sentido global de um texto; identificação de seus principais tópicos e de suas re-lações (estrutura argumentativa); síntese do texto; adaptação e reestruturação do texto para novos fins retóricos.

BANCA: FAURGS

CARGO: Assistente em Administração

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Português

EDITAL

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:

• variedades de linguagem; • tipos e gêneros textuais e adequação de linguagem; • elementos de sentido do texto: coerência e progressão semântica do texto; • relações contextuais entre segmentos de um texto; informações explícitas, inferências

válidas, pressupostos e subentendidos na leitura do texto; • segmentação do texto em parágrafos e sua organização temática; • identificação do sentido global de um texto; • identificação de seus principais tópicos e de suas relações (estrutura argumentativa); • síntese do texto; • adaptação e reestruturação do texto para novos fins retóricos.

AULA 1

• Análise e Interpretação de textos. • Identificação da Ideia Central. • Análise das Alternativas. • Estratégias Linguísticas. • Inferência. • Tipologias Textuais.

Análise e interpretação de texto

PROCEDIMENTOS

1. Observação da fonte bibliográfica, do autor e do título;

2. identificação do tipo de texto (artigo, editorial, notícia, crônica, textos literários, científicos, etc.);

3. leitura do enunciado.

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EXEMPLIFICANDO

Técnico Judiciário Área Judiciária e Administrativa – 2012 – TJ/RS – FAURGS

1.  O avanço das mídias nas últimas décadas tem sido recebido com grande 2. entusiasmo - não sem razão. Entre elas, uma, especialmente, é saudada 3. como revolucionária: trata-se desta quase incompreensível massa de 4. informações que circula por milhões e milhões de computadores pelo mundo, 5. que é a Internet e que dá a todos nós a sensação de que podemos encontrar 6. respostas para quase tudo, bastando colocar a palavra certa no buscador.

7.  A Internet realmente transformou o mundo, facilitou a vida de todos os 8. que têm acesso a ela e tem um enorme potencial para popularizar e 9. democratizar a informação e o conhecimento ao longo deste novo século.

10.  A rede possibilitou que pessoas se conheçam. Estudantes escrevem para 11. suas bibliografias. E, estranhamente, para surpresa dos jovens, as 12. bibliografias respondem. Aproximou colegas distantes, promovendo o 13. intercâmbio científico e cultural, acelerou o mundo dos negócios, as bolsas 14. de valores, e promete uma revolução da educação para os próximos anos. 15. Fez surgir impensadas amizades e até grandes paixões.

16.  Há, no entanto, uma grande perversidade na rede: ela está substituindo 17. os encontros entre pessoas que não têm nenhum tipo de impedimento 18. objetivo para se falarem olho no olho. Ou pelo menos para ouvir a voz do 19. outro por um telefone, para o bem ou para o mal.

20.  O e-mail, como as cartas, é um monólogo, mas as cartas não são ou não 21. eram usadas para a comunicação com o vizinho de sala e não faziam parte 22. da vida cotidiana de pessoas que viviam na mesma cidade. Elas existiam e 23. existem para atenuar a ausência, não para impedir a presença.

24.  Estamos tão encantados na frente da tela do computador, ditando as 25. regras ao mundo, sem sermos interrompidos, sem sermos chamados à 26. razão, que esquecemos de olhar ao redor. Estamos seguros e confortáveis, 27. mas menores como seres humanos. Estamos ficando sós.

Adaptado de: PINTO, Céli Regina Jardim. Perverso mundo dos e-mails. Zero Hora, 17 fev. 2007.

Trata-se de um artigo: texto jornalístico, assinado, que expressa a opinião de alguém sobre um assunto que desperta o interesse da opinião pública. Geralmente, quem redige esse tipo de gênero textual é um indivíduo notável nas artes, na política ou em outras áreas. Seu objetivo é, via de regra, influenciar o ponto de vista do leitor. Entre suas características estilísticas se destaca a linguagem formal, objetiva, simples. Difere do editorial porque é sempre assinado.

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ANÁLISE DO ENUNCIADO

1. A partir da leitura do texto, pode-se concluir que

No ENUNCIADO, as expressões “o texto” e “concluir” norteiam a estratégia de apreensão das ideias:

• destaque das palavras-chave das alternativas/afirmativas (expressões substantivas e verbais);

• identificação das palavras-chave no texto;

• resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

1. A partir da leitura do texto, pode-se concluir que

a) a autora atribui ao desenvolvimento tecnológico dos últimos decênios as dificuldades de relacio¬namento do homem contemporâneo.

b) "a revolução da educação", de que fala a autora, foi uma das consequências positivas do advento da Internet, ocorridas nas últimas décadas.

c) a Internet tornou-se, na opinião da autora, um instrumento insubstituível de pesquisa acadêmica, trabalho e comunicação humana.

d) há, por parte da autora, uma postura saudosista no que se refere às formas de comunicação entre as pessoas.

e) ele estabelece uma equivalência entre as antigas cartas e os e-mails atuais, diferenciando-os, porém, no tocante às finalidades com que são utilizados.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE! Atente para as expressões abertas e fechadas das alternativas.

Anotações:

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Identificação da ideia central

PROCEDIMENTOS

• Identificação do “tópico frasal”: intenção textual percebida, geralmente, no 1º e 2º períodos do texto (IDEIA CENTRAL).

• Destaque das palavras-chave dos períodos (expressões substantivas e verbais).

• Identificação das palavras-chave nas alternativas.

• Resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

EXEMPLIFICANDO

Oficial Escrevente – 2010 – TJ/RS – FAURGS

01.  Uma em cada 4 pessoas que usam a internet no mundo tem uma conta no 02. Facebook. Esse meio bilhão de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente. Os 03. 100 milhões de usuários do Twitter postam 2 bilhões de mensagens por mês. Dê um 04. google no nome de alguém e os tweets dele vão estar lá. Pesquisadores cunham 05. termos bonitos como a "era da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas e 06. exibicionistas demais hoje.

07.  E a maior rede social do planeta deu um passo grande rumo à tal 08. hipertransparência: em maio, o Facebook mudou as regras sobre o quanto que 09. estranhos podem saber de sua vida. "Estamos construindo uma internet cujo padrão 10. é ser sociável", decretou Mark Zuckerberg, criador e presidente do site, ao anunciar 11. as mudanças. Utopia sociológica à parte, interessa para ele que usuários de seu 12. serviço possam ser encontrados com mais facilidade. Se você não está no Facebook e 13. encontra aquele amor antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social. E, 14. quanto mais gente lá, mais Zuckerberg pode faturar com publicidade.

15.  As mudanças, de cara, parecem bem sutis. Antes, não dava para ver a foto de 16. perfil ou a idade de uma pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser que o 17. usuário mude as configurações no braço, um resumo de sua ficha ficará exposto na 18. internet. Não é pouca coisa. Pense em quem teve um término de relacionamento 19. conturbado e quer manter distância de namorados maníacos; ou em um adolescente 20. que mudou de escola por causa de bullying e corre o risco de que tudo comece de 21. novo se os novos colegas descobrirem isso; em quem sofre de assédio moral no 22. trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem não quer que os pais descubram 23. detalhes de sua vida sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o Facebook 24. divulgue pode fazer uma grande diferença. Não fica nisso. Um dos maiores problemas 25. é que a internet não "esquece" nada. E agora que ela faz parte da vida de 26. praticamente todo mundo há uma década, qualquer vacilo do passado pode causar 27. um problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de anos atrás vão complicar 28. você na disputa por um emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como uma

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29. discussão com um ex, pode estar ao alcance de qualquer um. As redes sociais 30. baseadas em GPS, como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse molho, já que 31. elas mostram num mapa onde os usuários estão a cada momento. Em suma, nunca 32. existiram tantas possibilidades de exposições públicas. E sim: sempre vai ter alguém 33. que você não esperava bisbilhotando você.

34.  É natural. O desejo de cavucar a vida alheia existe desde sempre. "Na maior 35. parte da história humana, as pessoas viveram em pequenas tribos onde todas as 36. pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de alguma forma estamos nos 37. tornando uma vila global. Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim das 38. contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor Thomas W. Malone, do Centro 39. de Estudos de Inteligência Coletiva do MIT.

40.  Seja como for, trata-se de uma anomalia de que todo mundo gosta. E por isso 41. mesmo um movimento ganha cada vez mais força: há uma preocupação maior com a 42. bisbilhotice. Na prática, está acontecendo o contrário do que Zuckerberg imagina. 43. Estamos menos "sociais".

44.  Hoje, a quantidade de dados que as pessoas deixam aberta na rede para todo 45. mundo ver é, por cabeça, bem menor do que há 5, 6 anos. É raro encontrar quem 46. deixe suas fotos escancaradas numa rede social. Scraps públicos no Orkut já são 47. parte de um passado remoto... Um estudo da Universidade da Califórnia mostra essa 48. mudança: os entrevistados disseram tomar mais cuidado com o que postam online 49. hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos jovens de 18 a 24 anos 50. manifestaram-se a favor de uma lei que forçasse os sites a apagarem informações 51. pessoais depois de algum tempo.

52.  Enquanto não chegam leis concretas, as pessoas reagem por conta própria. Trinta 53. mil usuários cancelaram suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para protestar 54. contra aquela mudança na configuração de privacidade. Compare isso com a reação 55. que as pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a identificar quem visitava o 56. seu perfil. Não faltaram reações de indignação. "Qual é a graça se não dá mais para 57. espionar a vida dos outros escondido?", perguntavam os usuários.

58.  É difícil imaginar algo assim hoje. Aprendemos a nos comportar na rede como 59. nos comportamos em público. Porque, cada vez mais, estamos mesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante - Edição 280, junho de 2010. Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

ANÁLISE DO ENUNCIADO

2. O texto trata, essencialmente,

No ENUNCIADO, a expressão “essencialmente” norteia a estratégia de apreensão das ideias:

• destaque das palavras-chave dos períodos (expressões substantivas e verbais);

• identificação das palavras-chave nas alternativas;

• resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

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2. O texto trata, essencialmente,

a) da utopia de se construir uma internet fundamentalmente sociável.b) das mudanças implementadas pelas redes sociais nos últimos anos.c) do comportamento dos usuários das redes sociais em relação à exposição imposta por

esses meios.d) dos riscos da superexposição na internet.e) da longa "memória" da internet, que pode armazenar dados de seus usuários por muito

tempo.

ERROS COMUNS

EXTRAPOLAÇÃO

Ocorre quando o leitor sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, normalmente porque já conhecia o assunto devido à sua bagagem cultural.

REDUÇÃO

É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um ou outro aspecto, esquecendo-se de que o texto é um conjunto de ideias.

CONTRADIÇÃO

EXEMPLIFICANDO

Analista de Sistemas – 2014 – TJ/RS – FAURGS

Susiros de fumaça

1.  “Parar de fumar é muito fácil. Eu mesmo já parei umas 20 vezes.” Assim 2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

6.  Meu primeiro contato com o comércio foi comprando cigarros para meu 7. pai. Diligentemente, não aceitava o troco em balas, o acerto justo dignificava 8. a missão. Hoje me lembro dessas incursões com um pingo de culpa, como se 9. nelas houvesse uma névoa de conivência. Claro, eu era criança.

10.  Se é para ter culpa, melhor lembrar dos últimos anos do meu avô 11. materno, quando eu já era adolescente. Outro que levou o cigarro até o 12. fim. Embora a questão seja quem levou quem. Respirando muito mal, os 13. médicos cortaram-lhe o hábito. Mas houve um apelo e uma concessão: três 14. meios cigarros ao dia. Quando estava comigo, roubava no jogo e eu fazia 15. escandalosa vista grossa. Trocávamos olhares e eu esquecia de cortar o 16. cigarro, ou me enganava na difícil matemática que é discernir entre três e 17. quatro.

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18.  Sinto falta do cheiro de tabacaria, de comprar cigarros, mas não sei o 19. que faria com eles. Eu jamais fumei e meus fumantes se foram. Não 20. descobri se nunca fumei para não desafiar quem derrotou meu pai ou para 21. triunfar onde ele falhou.

22.  Quando minha mulher chegou na minha vida, fumava. Trazia essa 23. familiaridade de um gozo que eu não entendia. O cigarro para Diana era um 24. amigo fiel que pontuava e sublinhava sua vida. Antes disso, depois daquilo, 25. no momento de angústia, nos momentos de alegria, contra a solidão, enfim, 26. arrimo para todas as pausas. Mas minha paciência com o cigarro, e o custo 27. que ele me trouxe, já havia esgotado. Agora, era eu ou ele. Quase perdi!

28.  Havia um inimigo na trincheira, minhas memórias, tinha uma queda pelo 29. inimigo. Mas consegui. Depois de anos de luta e com o decisivo apoio da 30. minha tropa de choque, minhas duas filhas, vencemos.

31.  Se existe algo que aprendi com o cigarro é não menosprezar sua força e 32. o preço que os fumantes estão dispostos a pagar. Tingir de morte o seu 33. prazer, como a medicina explica e agora está impresso em qualquer maço, a 34. meu ver, pouco ajuda. Talvez só denote o que ele é, uma tourada com a 35. finitude, desafiando e chamando a morte a cada tragada. O preço por esse 36. prazer letal é enorme para a saúde pública. Mas o pior, talvez mais 37. doloroso por ser mais próximo, é testemunhar essa escolha entre a 38. fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. Gostaria que 39. todos os fumantes que amei tivessem preferido a minha companhia à dele, 40. de cuja preferência sempre terei ciúme. Precisamos ganhar os fumantes de 41. volta para nós.

Adaptado de: CORSO, Mário. Suspiros de fumaça. Zero Hora, 12/06/2014.

3. Assinale a alternativa que apresenta ideia que se pode depreender da leitura do texto.

a) Com suas brincadeiras, o pai do narrador pretendia aumentar a importância de sua incapacidade de parar de fumar.

b) O narrador considera-se mais culpado por não ter se empenhado contra o vício do avô do que por ter colaborado com o vício do pai.

c) O vício da mulher do narrador o incomodava por impedi-la de dedicar-se às filhas. d) Na opinião do narrador, o preço alto de um maço de cigarros não é suficiente para

desestimular o tabagismo. e) Para o narrador, o mais doloroso é testemunhar a tentativa dos fumantes de livrar-se do

vício do cigarro.

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Comentário:

a) CONTRADIÇÃO: aumentar a importância ≠ minimizar sua maior derrota. (l. 2)

b) CORRETA (“depreender”).

c) REDUÇÃO: escolha entre a fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. (l. 37-38)

d) EXTRAPOLAÇÃO: O preço por esse prazer letal é enorme para a saúde pública. (l. 35-36)

e) CONTRADIÇÃO: talvez mais doloroso por ser mais próximo, é testemunhar essa escolha entre a fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. (l. 36-38)

Análise das Alternativas – Estratégias Linguísticas

PROCEDIMENTOS

1. PALAVRAS DESCONHECIDAS = PARÁFRASES e CAMPO SEMÂNTICO e ETIMOLOGIA.

Paráfrase = versão de um texto, geralmente mais extensa e explicativa, cujo objetivo é torná-lo mais fácil ao entendimento.

Campo Semântico = conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento.

Exemplo: aluno / professor / caderno / notas / caneta, etc.

Etimologia (do grego antigo) é a parte da gramática que trata da história ou da origem das palavras e da explicação do significado de palavras por meio da análise dos elementos que as constituem (morfemas). Por outras palavras, é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução histórica.

Atenção:

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EXEMPLIFICANDO

Analista de Sistemas – 2014 – TJ/RS – FAURGS

Suspiros de fumaça

1.  “Parar de fumar é muito fácil. Eu mesmo já parei umas 20 vezes.” Assim 2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

4. Com a expressão esconderijos insólitos (l. 5), o narrador faz referência aos locais

a) perigosos em que seu pai guardava os cigarros. b) desagradáveis em que seu pai guardava os cigarros. c) representativos em que seu pai guardava os cigarros. d) distantes em que seu pai guardava os cigarros. e) incomuns em que seu pai guardava os cigarros.

Programador – 2014 – TJ/RS – FAURGS

Algumas palavras de quem não entende de futebol.

1.  Eu nunca acompanhei futebol. Não sou torcedora de time que seja, e 2. meus sobrinhos adoram dizer que, já que não tenho time, sou do time deles 3. em dia de jogo. Sendo assim, já fui torcedora, sem querer ou saber, de 4. alguns times.

5.  Em todas as Copas que cabem na minha biografia, acho que assisti a 6. dois jogos do Brasil, e nem me lembro em quais anos. Contudo, se há algo 7. que eu sei, é que muitos brasileiros adoram futebol. Eu nunca entendi o 8. esporte, ou tive paciência de assistir a jogos o suficiente para ter uma ideia 9. do que se trata esse objeto de apaixonamento coletivo.

10.  Quando saiu a notícia de que a Copa seria no Brasil, não houve como 11. fugir do assunto. Entraram outros temas no pacote, muitos brasileiros se 12. inspiraram para bendizer e maldizer o esporte e o país. Em 2014, a minha 13. curiosidade pelo futebol aumentou. Fiquei mesmo querendo entender por 14. que as pessoas sofrem durante um jogo, ao mesmo tempo em que, a cada 15. gol, elas entram em êxtase.

16.  Durante a Copa, assisti a quase todos os jogos e não somente aos do 17. Brasil. Depois do terceiro, nem era mais por curiosidade, mas por 18. abismamento: como esses jogadores conseguem fazer o que fazem com 19. uma bola? E por deslumbramento, que cada time tinha a sua própria 20. coreografia, o que torna impossível um jogo ser parecido com o outro. Dei-21. me conta, também, de que usamos termos do futebol ao nos comunicarmos 22. diariamente.

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23.  Ainda não tenho time preferido e acho que assim continuarei. Quanto 24. ao do Brasil, vou sempre torcer por ele em Copa, esperando que os ajustes, 25. que os especialistas alegam serem necessários para um jogo bonito — pois 26. é, também dei de assistir aos programas sobre o esporte —, sejam feitos, e 27. que, assim, os torcedores possam festejá-lo, independente de uma vitória.

Adaptado de: DIAS, Carla. Algumas palavras de quem não entende de futebol. Disponível em http://www.cronicadodia.com.br/2014/07/algumaspalavras-de-quem-nao-entende.html. Acessado em 14 de julho de 2014.

CRÔNICA: fotografia do cotidiano, realizada por olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase exclusivamente em seu ponto de vista. A linguagem desse tipo de texto é predominantemente coloquial.

5. A autora afirma que usamos termos do futebol ao nos comunicarmos diariamente (l. 21-22). Assinale a alternativa que apresenta um exemplo que sustenta essa afirmação.

a) João está blefando; ele não recebeu nenhuma proposta de emprego, ao contrário do que nos disse.

b) Maria sempre entrega suas tarefas aos quarenta e cinco do segundo tempo.c) Ana está tão adiantada em suas tarefas que já está até passando por retardatários. d) Pedro ganhou sinal verde para executar seu projeto na empresa. e) Chega de mentiras! Está na hora de colocar as cartas na mesa.

Atenção:

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2. BUSCA DE PALAVRAS “FECHADAS” NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser incorreta):

• advérbios; • artigos; multimídia • expressões restritivas; • expressões totalizantes; • expressões enfáticas.

X3. BUSCA DE PALAVRAS “ABERTAS” NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser a

correta):

• Possibilidades; • hipóteses (provavelmente, é possível, uso do futuro do pretérito do indicativo (-ria) , modo

subjuntivo...).

Atenção:

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EXEMPLIFICANDO

Oficial Escrevente – 2010 – TJ/RS – FAURGS

01.  Uma em cada 4 pessoas que usam a internet no mundo tem uma conta no 02. Facebook. Esse meio bilhão de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente. Os 03. 100 milhões de usuários do Twitter postam 2 bilhões de mensagens por mês. Dê um 04. google no nome de alguém e os tweets dele vão estar lá. Pesquisadores cunham 05. termos bonitos como a "era da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas e 06. exibicionistas demais hoje.

07.  E a maior rede social do planeta deu um passo grande rumo à tal 08. hipertransparência: em maio, o Facebook mudou as regras sobre o quanto que 09. estranhos podem saber de sua vida. "Estamos construindo uma internet cujo padrão 10. é ser sociável", decretou Mark Zuckerberg, criador e presidente do site, ao anunciar 11. as mudanças. Utopia sociológica à parte, interessa para ele que usuários de seu 12. serviço possam ser encontrados com mais facilidade. Se você não está no Facebook e 13. encontra aquele amor antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social. E, 14. quanto mais gente lá, mais Zuckerberg pode faturar com publicidade.

15.  As mudanças, de cara, parecem bem sutis. Antes, não dava para ver a foto de 16. perfil ou a idade de uma pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser que o 17. usuário mude as configurações no braço, um resumo de sua ficha ficará exposto na 18. internet. Não é pouca coisa. Pense em quem teve um término de relacionamento 19. conturbado e quer manter distância de namorados maníacos; ou em um adolescente 20. que mudou de escola por causa de bullying e corre o risco de que tudo comece de 21. novo se os novos colegas descobrirem isso; em quem sofre de assédio moral no 22. trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem não quer que os pais descubram 23. detalhes de sua vida sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o Facebook 24. divulgue pode fazer uma grande diferença. Não fica nisso. Um dos maiores problemas 25. é que a internet não "esquece" nada. E agora que ela faz parte da vida de 26. praticamente todo mundo há uma década, qualquer vacilo do passado pode causar 27. um problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de anos atrás vão complicar 28. você na disputa por um emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como uma 29. discussão com um ex, pode estar ao alcance de qualquer um. As redes sociais 30. baseadas em GPS, como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse molho, já que 31. elas mostram num mapa onde os usuários estão a cada momento. Em suma, nunca 32. existiram tantas possibilidades de exposições públicas. E sim: sempre vai ter alguém 33. que você não esperava bisbilhotando você.

34.  É natural. O desejo de cavucar a vida alheia existe desde sempre. "Na maior 35. parte da história humana, as pessoas viveram em pequenas tribos onde todas as 36. pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de alguma forma estamos nos 37. tornando uma vila global. Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim das 38. contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor Thomas W. Malone, do Centro 39. de Estudos de Inteligência Coletiva do MIT.

40.  Seja como for, trata-se de uma anomalia de que todo mundo gosta. E por isso 41. mesmo um movimento ganha cada vez mais força: há uma preocupação maior com a

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42. bisbilhotice. Na prática, está acontecendo o contrário do que Zuckerberg imagina. 43. Estamos menos "sociais".

44.  Hoje, a quantidade de dados que as pessoas deixam aberta na rede para todo 45. mundo ver é, por cabeça, bem menor do que há 5, 6 anos. É raro encontrar quem 46. deixe suas fotos escancaradas numa rede social. Scraps públicos no Orkut já são 47. parte de um passado remoto... Um estudo da Universidade da Califórnia mostra essa 48. mudança: os entrevistados disseram tomar mais cuidado com o que postam online 49. hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos jovens de 18 a 24 anos 50. manifestaram-se a favor de uma lei que forçasse os sites a apagarem informações 51. pessoais depois de algum tempo.

52.  Enquanto não chegam leis concretas, as pessoas reagem por conta própria. Trinta 53. mil usuários cancelaram suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para protestar 54. contra aquela mudança na configuração de privacidade. Compare isso com a reação 55. que as pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a identificar quem visitava o 56. seu perfil. Não faltaram reações de indignação. "Qual é a graça se não dá mais para 57. espionar a vida dos outros escondido?", perguntavam os usuários.

58.  É difícil imaginar algo assim hoje. Aprendemos a nos comportar na rede como 59. nos comportamos em público. Porque, cada vez mais, estamos mesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante - Edição 280, junho de 2010. Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

6. Considere as seguintes afirmações.

I - Houve uma mudança na postura dos usuários de redes sociais de 2006 para cá, no que tange à preocupação com a privacidade.

II - Há quem entenda que a privacidade pode ser considerada um fenômeno peculiar à modernidade.

III - A vida privada das pessoas está interessando menos aos usuários de redes sociais.

Quais correspondem a ideias veiculadas pelo texto?

a) Apenas II.b) Apenas I e II.c) Apenas I e III.d) Apenas II e III.e) I, II e III.

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  Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou que o que mais se faz no Facebook, depois de interagir com amigos, é olhar os perfis de pessoas que acabamos de conhecer. Se você gostar do perfil, adicionará aquela pessoa, e estará formado um vínculo. No final, todo mundo vira amigo de todo mundo. Mas, não é bem assim. As redes sociais têm o poder de transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam o mesmo ambiente social, mas não são suas amigas) em elos fracos – uma forma superficial de amizade. Pois é, por mais que existam exceções a qualquer regra, todos os estudos mostram que amizades geradas com a ajuda da Internet são mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e se desenvolvem fora dela.

  Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos, não. Eles transitam por grupos diferentes do seu e, por isso, podem lhe apresentar novas pessoas e ampliar seus horizontes – gerando uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos, inclusive às amizades antigas. O problema é que a maioria das redes na Internet é simétrica: se você quiser ter acesso às informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade dela. Como é meio grosseiro dizer "não" a alguém que você conhece, todo mundo acaba adicionando todo mundo. E isso vai levando à banalização do conceito de amizade.

  É verdade. Mas, com a chegada de sítios como o Twitter, ficou diferente. Esse tipo de sítio é uma rede social completamente assimétrica. E isso faz com que as redes de "seguidores" e "seguidos" de alguém possam se comunicar de maneira muito mais fluida. Ao estudar a sua própria rede no Twitter, o sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade de Harvard, percebeu que seus amigos tinham começado a se comunicar entre si independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas. No Twitter, eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e começar a te seguir. Nós não nos conhecemos. Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu nome no sítio, e poderá falar comigo. Meus seguidores também podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você. Em suma, nós continuaremos não nos conhecendo, mas as pessoas que estão a nossa volta podem virar amigas entre si.

Adaptado de: COSTA, C. C.. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-estamudando-amizade-619645.shtml>. Acesso em: 1º de outubro de 2012

7. Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto.

I - O primeiro parágrafo apresenta resultado de estudo realizado por uma universidade americana acerca das atividades mais comuns dos usuários de certa rede social.

II - O segundo parágrafo informa que pessoas que frequentam as mesmas redes sociais inevitavelmente serão amigas.

III - O terceiro parágrafo mostra como o Twitter vem contribuindo para o desenvolvimento de amizades geradas com o auxílio da Internet.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas I e III.e) I, II e III.

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Médico Judiciário – 2016 – TJ/RS – FAURGSA língua do Brasil amanhã

  Ouvimos com frequência opiniões alarmantes a respeito do futuro da nossa língua. Às vezes se diz que ela vai simplesmente desaparecer, em benefício de outras línguas supostamente expansionistas (em especial o inglês, atual candidato número um a língua universal); ou que vai se “misturar” com o espanhol, formando o “portunhol”; ou, simplesmente, que vai se corromper pelo uso da gíria e das formas populares de expressão (do tipo: o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado). Aqui pretendo trazer uma opinião mais otimista: a nossa língua, estou convencido, não está em perigo de desaparecimento, muito menos de mistura.   Por outro lado (e não é possível agradar a todos) acredito que nossa língua está mudando, e certamente não será a mesma dentro de vinte, cem ou trezentos anos. O que é que poderia ameaçar a integridade ou a existência da nossa língua? Um dos fatores, frequentemente citado, é a influência do inglês – o mundo de empréstimos que andamos fazendo para nos expressarmos sobre certos assuntos. Não se pode negar que o fenômeno existe; o que mais se faz hoje em dia é surfar, deletar ou tratar do marketing. Mas isso não significa o desaparecimento da língua portuguesa. Empréstimos são um fato da vida e sempre existiram. Hoje pouca gente sabe disso, mas avalanche, alfaiate, tenor e pingue-pongue são palavras de origem estrangeira; hoje já se naturalizaram, e certamente ninguém vê ameaça nelas. Afinal de contas, quando se começou a jogar aquela bolinha em cima da mesa, precisou-se de um nome; podíamos dizer tênis de mesa, e alguns tentaram, mas a palavra estrangeira venceu – só que virou portuguesa, hoje vive entre nós como uma imigrante já casada, com filhos brasileiros etc. Perdeu até o sotaque. Quero dizer que não há o menor sintoma de que os empréstimos estrangeiros estejam causando lesões na língua portuguesa; a maioria, aliás, desaparece em pouco tempo, e os que ficam se assimilam.   Como toda língua, o português precisa crescer para dar conta das novidades sociais, tecnológicas, artísticas e culturais; e pode aceitar empréstimos – ravióli, ioga, chucrute, balé – e também pode (e com maior frequência) criar palavras a partir de seus próprios recursos – como computador, ecologia, poluição – ou então estender o uso de palavras antigas a novos significados – executivo ou celular, que significam coisas hoje que não significavam há vinte anos. Isso está acontecendo a todo o tempo com todas as línguas, e nunca levou nenhuma delas à extinção.

Adaptado de PERINI, M. A. A língua do Brasil amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. Páginas 11-14.

8. Considere as seguintes afirmações sobre algumas das ideias do texto. I - Segundo o autor, a língua portuguesa não corre o risco de desaparecer ou ter sua identidade alterada. Contudo, é preciso estar atento ao uso demasiado de estrangeirismos, que podem, no longo prazo, ameaçar a integridade da língua.

II - Existem palavras da língua portuguesa que têm sua origem estrangeira e que nunca foram aportuguesadas, como ravióli, ioga, chucrute, balé, que mantêm sua pronúncia original.

III - Além de a língua contar com novas palavras, criadas no seio da própria língua (computador, por exemplo), o autor destaca que palavras antigas na língua podem receber novos significados com o passar do tempo. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III.

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Inferência

PROCEDIMENTOS

INFERÊNCIA = ideias implícitas, sugeridas, que podem ser depreendidas a partir da leitura do texto, de certas palavras ou expressões contidas na frase.

Enunciados = “Infere-se”, Deduz-se”, “Depreende-se”, etc.

Observe a tira.

Disponível em: http://obviousmag.org/archives/2007/10/publicidade_cri_1.html

EXEMPLIFICANDO

Analista de Sistemas – 2014 – TJ/RS – FAURGS

Suspiros de fumaça

1.  “Parar de fumar é muito fácil. Eu mesmo já parei umas 20 vezes.” Assim 2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

6.  Meu primeiro contato com o comércio foi comprando cigarros para meu 7. pai. Diligentemente, não aceitava o troco em balas, o acerto justo dignificava 8. a missão. Hoje me lembro dessas incursões com um pingo de culpa, como se 9. nelas houvesse uma névoa de conivência. Claro, eu era criança.

10.  Se é para ter culpa, melhor lembrar dos últimos anos do meu avô 11. materno, quando eu já era adolescente. Outro que levou o cigarro até o 12. fim. Embora a questão seja quem levou quem. Respirando muito mal, os 13. médicos cortaram-lhe o hábito. Mas houve um apelo e uma concessão: três 14. meios cigarros ao dia. Quando estava comigo, roubava no jogo e eu fazia 15. escandalosa vista grossa. Trocávamos olhares e eu esquecia de cortar o

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16. cigarro, ou me enganava na difícil matemática que é discernir entre três e 17. quatro.

18.  Sinto falta do cheiro de tabacaria, de comprar cigarros, mas não sei o 19. que faria com eles. Eu jamais fumei e meus fumantes se foram. Não 20. descobri se nunca fumei para não desafiar quem derrotou meu pai ou para 21. triunfar onde ele falhou.

22.  Quando minha mulher chegou na minha vida, fumava. Trazia essa 23. familiaridade de um gozo que eu não entendia. O cigarro para Diana era um 24. amigo fiel que pontuava e sublinhava sua vida. Antes disso, depois daquilo, 25. no momento de angústia, nos momentos de alegria, contra a solidão, enfim, 26. arrimo para todas as pausas. Mas minha paciência com o cigarro, e o custo 27. que ele me trouxe, já havia esgotado. Agora, era eu ou ele. Quase perdi! 28. Havia um inimigo na trincheira, minhas memórias, tinha uma queda pelo 29. inimigo. Mas consegui. Depois de anos de luta e com o decisivo apoio da 30. minha tropa de choque, minhas duas filhas, vencemos.

31.  Se existe algo que aprendi com o cigarro é não menosprezar sua força e 32. o preço que os fumantes estão dispostos a pagar. Tingir de morte o seu 33. prazer, como a medicina explica e agora está impresso em qualquer maço, a 34. meu ver, pouco ajuda. Talvez só denote o que ele é, uma tourada com a 35. finitude, desafiando e chamando a morte a cada tragada. O preço por esse 36. prazer letal é enorme para a saúde pública. Mas o pior, talvez mais 37. doloroso por ser mais próximo, é testemunhar essa escolha entre a 38. fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. Gostaria que 39. todos os fumantes que amei tivessem preferido a minha companhia à dele, 40. de cuja preferência sempre terei ciúme. Precisamos ganhar os fumantes de 41. volta para nós.

Adaptado de: CORSO, Mário. Suspiros de fumaça. Zero Hora, 12/06/2014.

9. Assinale a alternativa que apresenta ideia que se pode depreender da leitura do texto.

a) O avô do narrador, mesmo doente, pediu aos médicos para não cortar totalmente o cigarro. b) O narrador, em sua infância, tinha dificuldades com a matemática na escola. c) O narrador fingia não ver seu avô trapacear no jogo de cartas. d) A esposa do narrador passou a fumar depois de conhecê-lo. e) O narrador nunca compreendeu a disposição dos fumantes de gastar quantias significativas

de dinheiro com o seu vício.

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INTERTEXTUALIDADE multimídia

Um texto remete a outro, contendo em si – muitas vezes – trechos ou temática desse outro com o qual mantém “diálogo”.

EXEMPLIFICANDO

Texto 1

A CARTA DE PERO VAZ

Murilo Mendes

A terra é mui graciosa, Tão fértil eu nunca vi. A gente vai passear,

No chão espeta um caniço, No dia seguinte nasce

Bengala de castão de oiro. Tem goiabas, melancias,

Bananas que nem chuchu. Quanto aos bichos, têm-nos muitos,

De plumagens mui vistosas. Tem macaco até demais

Diamantes tem à vontade Esmeraldas é para os trouxas.

Texto 2

CANÇÃO DO EXÍLIO

Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.......................................

Em cismar sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá.

Texto 3

JOGOS FLORAIS I

Cacaso

Minha terra tem palmeirasonde canta o tico-tico.Enquanto isso o sabiá

Vive comendo o meu fubá.Ficou moderno o Brasil

ficou moderno o milagre:a água já não vira vinho

vira direto vinagre.

Texto 4

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA

Manuel Bandeira

[...]E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeitoQuando de noite me der

Vontade de me matar— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu queroNa cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

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10. Considere as afirmações sobre os textos e preencha os parênteses com V (verdadeira) ou F (falsa). Após, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo.

( ) Os textos 1, 3 e 4 constituem paródias do texto 2.

( ) O texto 1, a partir do próprio título, dialoga com aquele que é considerado pela crítica a “certidão de nascimento” do Brasil; contudo a óptica de Murilo Mendes difere da de Pero Vaz de Caminha.

( ) A temática da inadequação ao meio está presente tanto no texto 2 quanto no texto 4.

( ) Gonçalves Dias, em Canção do Exílio, alia a exaltação da natureza à crítica social, como fez Cacaso em Jogos florais I.

( ) Tanto o texto de Gonçalves Dias como o de Manuel Bandeira tratam da terra natal sob a óptica da exaltação ufanista da natureza.

a) F – V – V – F – F.b) F – F – V – F – F.c) V – V – F – V – V.d) V – V – V – F – F.e) F – F – F – V – V.

Atenção:

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Tipologias Textuais

Narração: modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não – que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado.

Descrição: é a modalidade na qual se apontam as características que compõem determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Usam-se adjetivos para tal.

Argumentação: modalidade na qual se expõem ideias e opiniões gerais, seguidas da apresentação de argumentos que as defendam e comprovem.

Exposição: apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias. Não faz defesa de uma ideia, pois tal procedimento é característico do texto dissertativo. O texto expositivo apenas revela ideias sobre um determinado assunto.

Injunção: indica como realizar uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo.

EXEMPLIFICANDO

Auxiliar de Comunicação – 2012 – TJ/RS – FAURGS

  Motoristas sobrevoam uma paisagem, de preferência sem dispersão, atentos a rotas, contextos, coordenadas. Lombas e acidentes do terreno só exigem uma rápida mudança de marcha. Nada precisam saber de cheiros, gosmas na calçada, vegetação e sombras, do zoológico de animais domésticos, dos adolescentes coreografando sua música solitária, de velhos ocupados e crianças contando algo a um adulto que se reclina, de pessoas belas, esdrúxulas, vivazes, sorumbáticas. Com cada rosto com que se cruza há uma negociação de olhares, uma história imaginada, medo ou confiança. Só os loucos desrespeitam a separação entre carros e pedestres: atravessam a rua costurando entre os carros, conduzindo sua moto de delírio.

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  Entre os veículos também há breves encontros. Os motoristas se enxergam, no tempo impaciente de uma sinaleira, na redução contrariada de um obstáculo. Mas a identidade não é o corpo, é o carro: é o gordo do Gol vermelho, a loira do Audi prata, o senhor da Saveiro preta. O carro é avatar: através dele expressamos, mas também ocultamos nossa personalidade. Isolados, minimizamos o encontro, xingamos tudo o que obstrui o fluxo. Parar nos deixa acuados, o engarrafamento nos desnuda.

  No conto de Julio Cortazar chamado "A autopista do sul", a história se passa numa estrada francesa, num engarrafamento ocorrido sem razões reveladas. São vários dias de imobilidade, ao longo dos quais os passageiros dos carros vão se transformando em membros de uma pequena sociedade nascente. A identidade das personagens inclui as características do veículo que dirigem. Organizam-se em grupos, lideranças se consolidam, redes de solidariedade se firmam, intrigas ameaçam a união. Nesse tempo de movimento cessado, a vida segue: há doença, um suicídio; até uma história de amor brota do árido asfalto. O autismo (perdão pela piada involuntária) do trânsito foi sendo suplantado pela empatia do grupo. Subitamente o engarrafamento dissolve-se tão inexplicavelmente quanto se perpetuara. Retomado o movimento da autopista, os carros se distanciam velozmente e sentimos pena dos vínculos que se desmancham. Instala-se novamente o fluxo da impessoalidade.

  Deslocar-se não é um trecho fora da vida. Existimos também no tempo em que ainda não chegamos, enquanto "estamos indo" para algum lugar. Por que não incorporar os trajetos na nossa consciência? Andar, pedalar, usar transportes coletivos (que não fossem uma tortura), são formas de locomover-se vendo sutilezas, suportando a existência de outros corpos. Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo.

Adaptado de: CORSO, D. Fluxo da impessoalidade. Zero Hora, 27 abr. 2011, Segundo Caderno, p. 6.

11. Quanto ao tipo de texto, assinale a alternativa correta.

a) Trata-se de um texto predominantemente argumentativo, em que a narração está a serviço de defesa de um ponto de vista.

b) O texto é predominantemente explicativo, com o propósito fundamental de levar o leitor a compreender uma determinada informação.

c) O texto é descritivo, pois orienta o interlocutor em relação a procedimentos que deve seguir.

d) Trata-se de um relato informal, em forma de crônica, cuja proposta é recriar para o leitor uma situação cotidiana em linguagem literária.

e) O texto é predominantemente narrativo, visto que seu foco é a trama, que gira em torno de personagens cuja vida é condicionada pelo ato de dirigir e que apresenta um momento de complicação, que é o engarrafamento, a que se segue a solução final.

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AULA 2

• Gêneros Textuais. • Semântica e Vocabulário. • Polissemia. • Conotação e Denotação. • Variedades de linguagem. • Ortografia.

Gêneros Textuais

EDITORIAL: texto opinativo/argumentativo, não assinado, no qual o autor (ou autores) não expressa a sua opinião, mas revela o ponto de vista da instituição. Geralmente, aborda assuntos bastante atuais. Busca traduzir a opinião pública acerca de determinado tema, dirigindo-se (explícita ou implicitamente) às autoridades, a fim de cobrar-lhes soluções.

ARTIGO: são os mais comuns. São textos autorais – assinados –, cuja opinião é da inteira responsabilidade de quem o escreveu. Seu objetivo é o de persuadir o leitor.

NOTÍCIA: são autorais, apesar de nem sempre serem assinadas. Seu objetivo é tão somente o de informar, não o de convencer.

BREVE ENSAIO: opinativo/argumentativo, assinado, no qual o autor expressa a sua opinião, abordando assuntos universais.

CRÔNICA: fotografia do cotidiano, realizada por olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase exclusivamente em seu ponto de vista. A linguagem desse tipo de texto é predominantemente coloquial.

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EXEMPLIFICANDO

Oficial de Justiça – 2014 – TJ/RS – FAURGS

  A farra com as crianças acabou? Pode ser que sim, pelo menos em parte. O Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) aprovou resolução que proíbe propagandas voltadas para menores de idade no Brasil. Ela leva em conta que a publicidade infantil, na maioria das vezes, contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente e só deve ser usada para campanhas de utilidade pública sobre alimentação, educação e saúde. Essa é uma pauta que está já há algum tempo em discussão, sofrendo grande resistência do mercado.

  O consumo de produtos infantis é um mercado importantíssimo e ainda um terreno a ser completamente explorado. Segundo o site da CCFC, Campaign for a Commercial-Free Childhood, ONG que combate a propaganda abusiva para crianças, pessoas com menos de 14 anos são responsáveis diretas por um gasto de 40 bilhões de dólares por ano – dez vezes mais do que dez anos atrás. Empresas, agências e indústrias festejam esse número, que contempla o gasto com uma gama enorme de produtos, desde alimentos e brinquedos, até roupas e viagens. E, para isso, contam com a publicidade, principalmente na TV. Mas, além de induzir à compra e ao consumo desnecessário, a publicidade provoca outros efeitos. O National Bureau of Economic Research fez um estudo que revela que, se os anúncios de redes de fast food fossem eliminados, a obesidade infantil diminuiria em até 20%. Também aponta que a publicidade infantil tende a anular a autoridade dos pais, criando um confronto entre as mensagens publicitárias e os valores familiares.

  Segundo James McNeal, um dos papas do marketing infantil, estamos numa espécie de “era dourada das crianças”. Elas são tudo o que o mercado quer: consumidoras compulsivas, vulneráveis às tendências ditadas pela publicidade. Mais ainda: influenciam decisivamente os hábitos de consumo de pais, irmãos, avós e tios. “Quarenta milhões de americanos entre 2 e 12 anos são responsáveis por influenciar um a cada sete dólares gastos no mercado dos EUA”, escreve ele. De acordo com o Instituto InterScience, há dez anos, apenas 8% das crianças influenciavam as decisões de compras dos adultos. Hoje, esse número saltou para 49%. Outro levantamento da Viacom, dona do canal infantil Nickelodeon, mostra que mais de 40% das compras dos pais são influenciadas pelos filhos. Segundo essa mesma pesquisa, 65% dos pais revelam que ouvem a opinião das crianças sobre os produtos comprados para toda a família, como o carro, por exemplo. Elas dão palpite sobre cores, som, tipo do carro, bancos e até o modelo das portas.

  A criança consumidora de hoje será o adulto consumidor de amanhã. “Faz todo sentido que a busca incessante das empresas pela fidelização de seus clientes comece bem mais cedo. Nada mais natural, portanto, olharmos as crianças como futuras consumidoras de diversos produtos, serviços e marcas”, diz James McNeal. Países como Suécia, Alemanha, Espanha e Canadá já há algum tempo têm legislações extremamente rígidas com o que chamam de “métodos de persuasão infantil”, algo comparável a um assédio moral ou sexual. Uma campanha recente de gel para cabelos foi banida por ter “sensualizado” personagens infantis. Na União Europeia, a legislação básica, válida para os 27 países-membros, proíbe tudo o que explore “a inexperiência e credibilidade infantil”, que “encoraje crianças a persuadir pais ou outros a comprar produtos ou serviços”, que “explore a confiança dos pais pelos seus filhos” e “mostre cenas perigosas envolvendo menores”.

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  A resolução do Conanda não tem força de lei, embora possa servir de base para possíveis processos e ações. Já surgem manifestações acusando a iniciativa de atentado à liberdade de expressão. Mas o limite dessa liberdade é a pregação contra a integridade física e moral dos indivíduos. Um exemplo clássico é o veto à propaganda de cigarros.

Adaptado de: AMADO, Roberto. A proibição de propagada para crianças é novidade no Brasil, mas não no mundo desenvolvido. Disponível em: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-proibicaode-propagada-para-

criancas-e-novidade-no-brasil-masnao-no-mundo-desenvolvido/. Acessado em 20/04/2014.

12. Assinale a alternativa com conteúdo que se pode depreender da leitura do texto.

a) Atualmente, a população de americanos na faixa entre 2 e 12 anos não passa de 40 milhões de pessoas.

b) A cada ano que passa, crianças com menos de 14 anos consomem 4 bilhões de dólares a mais.

c) Estudo realizado pela Viacom revela que 40% dos pais depende da opinião dos filhos para realizar compras.

d) Segundo estudo do National Bureau of Economic Research, 20% das crianças obesas alimentam-se em redes de fast food.

e) Em estudo realizado pela Viacom, mais da metade dos pais admitiram considerar a opinião de seus filhos em relação à compra de produtos não direcionados exclusivamente para crianças.

PEÇA PUBLICITÁRIA: modo específico de apresentar informação sobre produto, marca, empresa, ideia ou política, visando a influenciar a atitude de uma audiência em relação a uma causa, posição ou atuação, ao contrário da busca de imparcialidade na comunicação. Para tal, frequentemente, apresenta os fatos seletivamente (possibilitando a mentira por omissão) para encorajar determinadas conclusões, ou usa mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e não racional à informação apresentada. Costuma ser estruturada por meio de frases curtas e em ordem direta, utilizando elementos não verbais para reforçar a mensagem.

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CHARGE: é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social mediante o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas por meio do humor e da sátira.

CARTUM: retrata situações sociais corriqueiras, relacionadas ao comportamento humano, mas não necesariamente situadas no tempo. Caracteriza-se por ser uma anedota gráfica na qual se visualiza a presença da linguagem verbal associada à não verbal.

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QUADRINHOS: hipergênero, que agrega diferentes outros gêneros, cada um com suas peculiaridades.

Semântica e Vocabulário

SINÔNIMOS: palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.

Porém os sinônimos podem ser

• perfeitos: significado absolutamente igual (o que não é muito frequente); cambiáveis em qualquer contexto.

Ex.: morte = falecimento / idoso = ancião

• imperfeitos: o significado das palavras é apenas semelhante.

Ex.: belo~formoso/ adorar~amar / fobia~receio

ANTÔNIMOS: palavras que possuem significados opostos, contrários. Pode originar-se do acréscimo de um prefixo de sentido oposto ou negativo.

Exemplos:

mal X bem

fraco X forte

subir X descer

possível X impossível

simpático X antipático

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EXEMPLIFICANDOAnalista de Sistemas – 2014 – TJ/RS – FAURGS

Suspiros de fumaça

1.   “Parar de fumar é muito fácil. Eu mesmo já parei umas 20 vezes.” Assim 2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

6.   Meu primeiro contato com o comércio foi comprando cigarros para meu 7. pai. Diligentemente, não aceitava o troco em balas, o acerto justo dignificava 8. a missão. Hoje me lembro dessas incursões com um pingo de culpa, como se 9. nelas houvesse uma névoa de conivência. Claro, eu era criança.

10.   Se é para ter culpa, melhor lembrar dos últimos anos do meu avô 11. materno, quando eu já era adolescente. Outro que levou o cigarro até o 12. fim. Embora a questão seja quem levou quem. Respirando muito mal, os 13. médicos cortaram-lhe o hábito. Mas houve um apelo e uma concessão: três 14. meios cigarros ao dia. Quando estava comigo, roubava no jogo e eu fazia 15. escandalosa vista grossa. Trocávamos olhares e eu esquecia de cortar o 16. cigarro, ou me enganava na difícil matemática que é discernir entre três e 17. quatro.

18.   Sinto falta do cheiro de tabacaria, de comprar cigarros, mas não sei o 19. que faria com eles. Eu jamais fumei e meus fumantes se foram. Não 20. descobri se nunca fumei para não desafiar quem derrotou meu pai ou para 21. triunfar onde ele falhou.

22.   Quando minha mulher chegou na minha vida, fumava. Trazia essa 23. familiaridade de um gozo que eu não entendia. O cigarro para Diana era um 24. amigo fiel que pontuava e sublinhava sua vida. Antes disso, depois daquilo, 25. no momento de angústia, nos momentos de alegria, contra a solidão, enfim, 26. arrimo para todas as pausas. Mas minha paciência com o cigarro, e o custo 27. que ele me trouxe, já havia esgotado. Agora, era eu ou ele. Quase perdi! 28. Havia um inimigo na trincheira, minhas memórias, tinha uma queda pelo 29. inimigo. Mas consegui. Depois de anos de luta e com o decisivo apoio da 30. minha tropa de choque, minhas duas filhas, vencemos.

31.   Se existe algo que aprendi com o cigarro é não menosprezar sua força e 32. o preço que os fumantes estão dispostos a pagar. Tingir de morte o seu 33. prazer, como a medicina explica e agora está impresso em qualquer maço, a 34. meu ver, pouco ajuda. Talvez só denote o que ele é, uma tourada com a 35. finitude, desafiando e chamando a morte a cada tragada. O preço por esse 36. prazer letal é enorme para a saúde pública. Mas o pior, talvez mais 37. doloroso por ser mais próximo, é testemunhar essa escolha entre a 38. fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. Gostaria que 39. todos os fumantes que amei tivessem preferido a minha companhia à dele, 40. de cuja preferência sempre terei ciúme. Precisamos ganhar os fumantes de 41. volta para nós.

Adaptado de: CORSO, Mário. Suspiros de fumaça. Zero Hora, 12/06/2014.

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13. Assinale a alternativa que apresenta uma substituição com sentido semelhante ao da palavra conivência (l. 9), no contexto em que se encontra.

a) Crítica. b) Audácia. c) Desaprovação. d) Admiração. e) Cumplicidade.

Polissemia

Significa (poli = muitos; semia = significado) “muitos sentidos”, contudo, assim que se insere no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico e assume significado específico, isto é, significado contextual. Os vários significados de uma palavra, em geral, têm um traço em comum. A cada um deles dá-se o nome de acepção.

• A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço. • Ele é o cabeça da rebelião. • Sabrina tem boa cabeça.

EXEMPLIFICANDO

Médico Judiciário – 2016 – TJ/RS – FAURGS

  Todo mundo teve ao menos uma namorada esquisita, comigo não foi diferente. Beber é trivial, bebe-se por prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro do porre. Acreditava que precisava desse terremoto orgânico para seu reequilíbrio espiritual. Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto com propriedades metafísicas. Nem por isso passava menos mal, sofria muito, o desconforto era visível, pungente.

  Tomava coisas que poucos profissionais do copo se arriscariam, destilados das marcas mais diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com nome de Papa, algo que nem ao menos rolha tinha, era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade, desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice. Não era masoquismo. Acompanhando suas peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela realmente precisava daquilo.

  Stela inventara uma religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que era preciso passar pelo inferno para vislumbrar o céu. Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio1 voluntário, um encontro reverencial com o sagrado. Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor. Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a paz reinava entre nós e entre ela e o mundo. Mas bastava uma nova dúvida em sua vida, uma decisão a tomar, e ela requisitava mais um inferno para se repensar.

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  A rotina era extenuante. Quem aguenta uma mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos, em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues existenciais. Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a purgação lhe rendera.

  Stela era irredutível no seu método terapêutico, dizia que só nesse estado se encontrava com o melhor de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal, sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a realidade. Seu lema era: “Só na ressaca enxergamos o mundo como ele é”. Um dia, sem muitas palavras, Stela foi embora. Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não era bom para seu futuro. Não a culpo.

Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489, 02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.

dwt&edition=28691&section=4572. Acessado em 02/04/2016.

1 – ordálio: prova jurídica; também considerada, na Idade Média, juízo de Deus.

14. Assinale a alternativa que apresenta uma forma verbal que expressa o sentido contextual da palavra turvava.

a) distorcia b) refletia c) repetia d) endurecia e) esclarecia

Denotação e Conotação

DENOTAÇÃO: significação objetiva da palavra - valor referencial; é a palavra em "estado de dicionário“.

CONOTAÇÃO: significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades devido às associações que ela provoca.

EXEMPLIFICANDO

Auxiliar de Comunicação – 2012 – TJ/RS – FAURGS

  Motoristas sobrevoam uma paisagem, de preferência sem dispersão, atentos a rotas, contextos, coordenadas. Lombas e acidentes do terreno só exigem uma rápida mudança de marcha. Nada precisam saber de cheiros, gosmas na calçada, vegetação e sombras, do zoológico de animais domésticos, dos adolescentes coreografando sua música solitária, de velhos ocupados e crianças contando algo a um adulto que se reclina, de pessoas belas, esdrúxulas,

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vivazes, sorumbáticas. Com cada rosto com que se cruza há uma negociação de olhares, uma história imaginada, medo ou confiança. Só os loucos desrespeitam a separação entre carros e pedestres: atravessam a rua costurando entre os carros, conduzindo sua moto de delírio.

  Entre os veículos também há breves encontros. Os motoristas se enxergam, no tempo impaciente de uma sinaleira, na redução contrariada de um obstáculo. Mas a identidade não é o corpo, é o carro: é o gordo do Gol vermelho, a loira do Audi prata, o senhor da Saveiro preta. O carro é avatar: através dele expressamos, mas também ocultamos nossa personalidade. Isolados, minimizamos o encontro, xingamos tudo o que obstrui o fluxo. Parar nos deixa acuados, o engarrafamento nos desnuda.

  No conto de Julio Cortazar chamado "A autopista do sul", a história se passa numa estrada francesa, num engarrafamento ocorrido sem razões reveladas. São vários dias de imobilidade, ao longo dos quais os passageiros dos carros vão se transformando em membros de uma pequena sociedade nascente. A identidade das personagens inclui as características do veículo que dirigem. Organizam-se em grupos, lideranças se consolidam, redes de solidariedade se firmam, intrigas ameaçam a união. Nesse tempo de movimento cessado, a vida segue: há doença, um suicídio; até uma história de amor brota do árido asfalto. O autismo (perdão pela piada involuntária) do trânsito foi sendo suplantado pela empatia do grupo. Subitamente o engarrafamento dissolve-se tão inexplicavelmente quanto se perpetuara. Retomado o movimento da autopista, os carros se distanciam velozmente e sentimos pena dos vínculos que se desmancham. Instala-se novamente o fluxo da impessoalidade.

  Deslocar-se não é um trecho fora da vida. Existimos também no tempo em que ainda não chegamos, enquanto "estamos indo" para algum lugar. Por que não incorporar os trajetos na nossa consciência? Andar, pedalar, usar transportes coletivos (que não fossem uma tortura), são formas de locomover-se vendo sutilezas, suportando a existência de outros corpos. Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo.

Adaptado de: CORSO, D. Fluxo da impessoalidade. Zero Hora, 27 abr. 2011, Segundo Caderno, p. 6.

15. Segundo o texto, o carro é ____________ do motorista.

I - brinquedo

II - alterego

III - amigo

IV - carapaça

Quais dos itens acima completam corretamente a lacuna da frase?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e II.d) Apenas I e III.e) Apenas II e IV.

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16. De acordo com o sentido que as expressões têm no texto, NÃO ocorre uso de linguagem figurada em

a) conduzindo sua moto de delírio.b) no tempo impaciente de uma sinaleira, na redução contrariada de um obstáculoc) o engarrafamento nos desnuda d) suportando a existência de outros corpose) Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo

Oficial Escrevente – 2010 – TJ/RS – FAURGS

01.  Uma em cada 4 pessoas que usam a internet no mundo tem uma conta no 02. Facebook. Esse meio bilhão de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente. Os 03. 100 milhões de usuários do Twitter postam 2 bilhões de mensagens por mês. Dê um 04. google no nome de alguém e os tweets dele vão estar lá. Pesquisadores cunham 05. termos bonitos como a "era da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas e 06. exibicionistas demais hoje.

07.  E a maior rede social do planeta deu um passo grande rumo à tal 08. hipertransparência: em maio, o Facebook mudou as regras sobre o quanto que 09. estranhos podem saber de sua vida. "Estamos construindo uma internet cujo padrão 10. é ser sociável", decretou Mark Zuckerberg, criador e presidente do site, ao anunciar 11. as mudanças. Utopia sociológica à parte, interessa para ele que usuários de seu 12. serviço possam ser encontrados com mais facilidade. Se você não está no Facebook e 13. encontra aquele amor antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social. E, 14. quanto mais gente lá, mais Zuckerberg pode faturar com publicidade.

15.  As mudanças, de cara, parecem bem sutis. Antes, não dava para ver a foto de 16. perfil ou a idade de uma pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser que o 17. usuário mude as configurações no braço, um resumo de sua ficha ficará exposto na 18. internet. Não é pouca coisa. Pense em quem teve um término de relacionamento 19. conturbado e quer manter distância de namorados maníacos; ou em um adolescente 20. que mudou de escola por causa de bullying e corre o risco de que tudo comece de 21. novo se os novos colegas descobrirem isso; em quem sofre de assédio moral no 22. trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem não quer que os pais descubram 23. detalhes de sua vida sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o Facebook 24. divulgue pode fazer uma grande diferença. Não fica nisso. Um dos maiores problemas 25. é que a internet não "esquece" nada. E agora que ela faz parte da vida de 26. praticamente todo mundo há uma década, qualquer vacilo do passado pode causar 27. um problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de anos atrás vão complicar 28. você na disputa por um emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como uma 29. discussão com um ex, pode estar ao alcance de qualquer um. As redes sociais 30. baseadas em GPS, como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse molho, já que 31. elas mostram num mapa onde os usuários estão a cada momento. Em suma, nunca 32. existiram tantas possibilidades de exposições públicas. E sim: sempre vai ter alguém 33. que você não esperava bisbilhotando você.

34.   É natural. O desejo de cavucar a vida alheia existe desde sempre. "Na maior 35. parte da história humana, as pessoas viveram em pequenas tribos onde todas as

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36. pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de alguma forma estamos nos 37. tornando uma vila global. Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim das 38. contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor Thomas W. Malone, do Centro 39. de Estudos de Inteligência Coletiva do MIT.

40.   Seja como for, trata-se de uma anomalia de que todo mundo gosta. E por isso 41. mesmo um movimento ganha cada vez mais força: há uma preocupação maior com a 42. bisbilhotice. Na prática, está acontecendo o contrário do que Zuckerberg imagina. 43. Estamos menos "sociais".

44.   Hoje, a quantidade de dados que as pessoas deixam aberta na rede para todo 45. mundo ver é, por cabeça, bem menor do que há 5, 6 anos. É raro encontrar quem 46. deixe suas fotos escancaradas numa rede social. Scraps públicos no Orkut já são 47. parte de um passado remoto... Um estudo da Universidade da Califórnia mostra essa 48. mudança: os entrevistados disseram tomar mais cuidado com o que postam online 49. hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos jovens de 18 a 24 anos 50. manifestaram-se a favor de uma lei que forçasse os sites a apagarem informações 51. pessoais depois de algum tempo.

52.   Enquanto não chegam leis concretas, as pessoas reagem por conta própria. Trinta 53. mil usuários cancelaram suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para protestar 54. contra aquela mudança na configuração de privacidade. Compare isso com a reação 55. que as pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a identificar quem visitava o 56. seu perfil. Não faltaram reações de indignação. "Qual é a graça se não dá mais para 57. espionar a vida dos outros escondido?", perguntavam os usuários.

58.   É difícil imaginar algo assim hoje. Aprendemos a nos comportar na rede como 59. nos comportamos em público. Porque, cada vez mais, estamos mesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante - Edição 280, junho de 2010. Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

17. Assinale a alternativa incorreta, considerando a afirmação feita sobre recursos linguísticos empregados no texto.

a) A expressão um passo grande (l. 7) foi usada conotativamente e poderia ser reescrita invertendo-se a ordem substantivo / adjetivo, sem que isso provocasse erro ou alteração de significado.

b) A expressão sobre o (l. 08) poderia ser substituída por acerca do, sem que isso provocasse erro ou alteração de significado.

c) A fim de eliminar possibilidade de dupla leitura, a expressão foto de perfil (l. 15-16) deveria ser escrita da seguinte maneira: foto do perfil.

d) As aspas utilizadas na linha 25 têm o propósito de assinalar a ironia que percorre todo o texto.

e) O substantivo vacilo (l. 26) foi empregado conforme a norma culta informal; de acordo com a formal, ele poderia ser substituído por descuido.

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Médico Judiciário – 2016 – TJ/RS – FAURGS

  Todo mundo teve ao menos uma namorada esquisita, comigo não foi diferente. Beber é trivial, bebe-se por prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro do porre. Acreditava que precisava desse terremoto orgânico para seu reequilíbrio espiritual. Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto com propriedades metafísicas. Nem por isso passava menos mal, sofria muito, o desconforto era visível, pungente.

  Tomava coisas que poucos profissionais do copo se arriscariam, destilados das marcas mais diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com nome de Papa, algo que nem ao menos rolha tinha, era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade, desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice. Não era masoquismo. Acompanhando suas peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela realmente precisava daquilo.

  Stela inventara uma religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que era preciso passar pelo inferno para vislumbrar o céu. Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio1 voluntário, um encontro reverencial com o sagrado. Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor. Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a paz reinava entre nós e entre ela e o mundo. Mas bastava uma nova dúvida em sua vida, uma decisão a tomar, e ela requisitava mais um inferno para se repensar.

  A rotina era extenuante. Quem aguenta uma mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos, em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues existenciais. Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a purgação lhe rendera.

  Stela era irredutível no seu método terapêutico, dizia que só nesse estado se encontrava com o melhor de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal, sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a realidade. Seu lema era: “Só na ressaca enxergamos o mundo como ele é”. Um dia, sem muitas palavras, Stela foi embora. Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não era bom para seu futuro. Não a culpo.

Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489, 02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.

dwt&edition=28691&section=4572. Acessado em 02/04/2016.

1 – ordálio: prova jurídica; também considerada, na Idade Média, juízo de Deus.

18. Assinale a alternativa em que o trecho extraído do texto NÃO contém expressão com sentido metafórico.

a) terremoto orgânico b) a nossa, tingida de culpa c) requisitava mais um inferno para se repensar (l. 32-33) d) poço da existência (l. 28-29) e) otimismo injustificado (l. 49)

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Variedades de Linguagem

Caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações.

É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem, expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.

A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas apenas pelo próprio grupo. Assim, a gíria é criada por determinados segmentos da comunidade social que divulgam o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Pode, ainda, ser incorporada à língua oficial ou cair em desuso.

“Ligada aos grupos extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com a instrução formal.

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Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e expressões e do ponto de vista fonológico. Tais variações podem ser diafásicas, diastráticas, diacrônicas ou diatópicas.

Variação Diatópica: variação que corresponde ao lugar (região, estado, zona rural, zona urbana...)

Variação Diastrática: variação que se vincula às camadas sociais (faixa etária, escolaridade, ambiente de circulação).

Variação Diafásica: adequação do uso da língua aos diversos contextos comunicativos em que o falante está incluso.

Variação Diacrônica: variação que se vincula ao tempo (evolução da língua).

Simplificação da escrita entre quem usa a internet.

EXEMPLIFICANDO

Médico Judiciário – 2016 – TJ/RS – FAURGS

A língua do Brasil amanhã  Ouvimos com frequência opiniões alarmantes a respeito do futuro da nossa língua. Às vezes se diz que ela vai simplesmente desaparecer, em benefício de outras línguas supostamente expansionistas (em especial o inglês, atual candidato número um a língua universal); ou que vai se “misturar” com o espanhol, formando o “portunhol”; ou, simplesmente, que vai se corromper pelo uso da gíria e das formas populares de expressão (do tipo: o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado). Aqui pretendo trazer uma opinião mais otimista: a nossa língua, estou convencido, não está em perigo de desaparecimento, muito menos de mistura.

  Por outro lado (e não é possível agradar a todos) acredito que nossa língua está mudando, e certamente não será a mesma dentro de vinte, cem ou trezentos anos. O que é que poderia ameaçar a integridade ou a existência da nossa língua? Um dos fatores, frequentemente citado, é a influência do inglês – o mundo de empréstimos que andamos fazendo para nos expressarmos sobre certos assuntos. Não se pode negar que o fenômeno existe; o que mais se faz hoje em dia é surfar, deletar ou tratar do marketing. Mas isso não significa o desaparecimento da língua

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portuguesa. Empréstimos são um fato da vida e sempre existiram. Hoje pouca gente sabe disso, mas avalanche, alfaiate, tenor e pingue-pongue são palavras de origem estrangeira; hoje já se naturalizaram, e certamente ninguém vê ameaça nelas. Afinal de contas, quando se começou a jogar aquela bolinha em cima da mesa, precisou-se de um nome; podíamos dizer tênis de mesa, e alguns tentaram, mas a palavra estrangeira venceu – só que virou portuguesa, hoje vive entre nós como uma imigrante já casada, com filhos brasileiros etc. Perdeu até o sotaque. Quero dizer que não há o menor sintoma de que os empréstimos estrangeiros estejam causando lesões na língua portuguesa; a maioria, aliás, desaparece em pouco tempo, e os que ficam se assimilam.

  Como toda língua, o português precisa crescer para dar conta das novidades sociais, tecnológicas, artísticas e culturais; e pode aceitar empréstimos – ravióli, ioga, chucrute, balé – e também pode (e com maior frequência) criar palavras a partir de seus próprios recursos – como computador, ecologia, poluição – ou então estender o uso de palavras antigas a novos significados – executivo ou celular, que significam coisas hoje que não significavam há vinte anos. Isso está acontecendo a todo o tempo com todas as línguas, e nunca levou nenhuma delas à extinção.

Adaptado de PERINI, M. A. A língua do Brasil amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. Páginas 11-14.

19. O autor apresenta o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado como exemplo de uso de gírias e expressões populares. Assinale a alternativa que apresenta uma possível reescrita dessa frase, de acordo com a norma culta da língua portuguesa.

a) O casaco que você sairia está rasgado. b) O casaco que você sairia com ele está rasgado. c) O casaco com o qual você sairia está rasgado. d) O casaco com que tu sairia está rasgado. e) O casaco que tu irias sair está rasgado.

Oficial Escrevente – 2010 – TJ/RS – FAURGS

01.  Uma em cada 4 pessoas que usam a internet no mundo tem uma conta no 02. Facebook. Esse meio bilhão de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente. Os 03. 100 milhões de usuários do Twitter postam 2 bilhões de mensagens por mês. Dê um 04. google no nome de alguém e os tweets dele vão estar lá. Pesquisadores cunham 05. termos bonitos como a "era da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas e 06. exibicionistas demais hoje.

07.  E a maior rede social do planeta deu um passo grande rumo à tal 08. hipertransparência: em maio, o Facebook mudou as regras sobre o quanto que 09. estranhos podem saber de sua vida. "Estamos construindo uma internet cujo padrão 10. é ser sociável", decretou Mark Zuckerberg, criador e presidente do site, ao anunciar 11. as mudanças. Utopia sociológica à parte, interessa para ele que usuários de seu 12. serviço possam ser encontrados com mais facilidade. Se você não está no Facebook e 13. encontra aquele amor antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social. E, 14. quanto mais gente lá, mais Zuckerberg pode faturar com publicidade.

15.  As mudanças, de cara, parecem bem sutis. Antes, não dava para ver a foto de 16. perfil ou a idade de uma pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser que o

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17. usuário mude as configurações no braço, um resumo de sua ficha ficará exposto na 18. internet. Não é pouca coisa. Pense em quem teve um término de relacionamento 19. conturbado e quer manter distância de namorados maníacos; ou em um adolescente 20. que mudou de escola por causa de bullying e corre o risco de que tudo comece de 21. novo se os novos colegas descobrirem isso; em quem sofre de assédio moral no 22. trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem não quer que os pais descubram 23. detalhes de sua vida sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o Facebook 24. divulgue pode fazer uma grande diferença. Não fica nisso. Um dos maiores problemas 25. é que a internet não "esquece" nada. E agora que ela faz parte da vida de 26. praticamente todo mundo há uma década, qualquer vacilo do passado pode causar 27. um problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de anos atrás vão complicar 28. você na disputa por um emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como uma 29. discussão com um ex, pode estar ao alcance de qualquer um. As redes sociais 30. baseadas em GPS, como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse molho, já que 31. elas mostram num mapa onde os usuários estão a cada momento. Em suma, nunca 32. existiram tantas possibilidades de exposições públicas. E sim: sempre vai ter alguém 33. que você não esperava bisbilhotando você.

34.  É natural. O desejo de cavucar a vida alheia existe desde sempre. "Na maior 35. parte da história humana, as pessoas viveram em pequenas tribos onde todas as 36. pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de alguma forma estamos nos 37. tornando uma vila global. Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim das 38. contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor Thomas W. Malone, do Centro 39. de Estudos de Inteligência Coletiva do MIT.

40.  Seja como for, trata-se de uma anomalia de que todo mundo gosta. E por isso 41. mesmo um movimento ganha cada vez mais força: há uma preocupação maior com a 42. bisbilhotice. Na prática, está acontecendo o contrário do que Zuckerberg imagina. 43. Estamos menos "sociais".

44.  Hoje, a quantidade de dados que as pessoas deixam aberta na rede para todo 45. mundo ver é, por cabeça, bem menor do que há 5, 6 anos. É raro encontrar quem 46. deixe suas fotos escancaradas numa rede social. Scraps públicos no Orkut já são 47. parte de um passado remoto... Um estudo da Universidade da Califórnia mostra essa 48. mudança: os entrevistados disseram tomar mais cuidado com o que postam online 49. hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos jovens de 18 a 24 anos 50. manifestaram-se a favor de uma lei que forçasse os sites a apagarem informações 51. pessoais depois de algum tempo.

52.  Enquanto não chegam leis concretas, as pessoas reagem por conta própria. Trinta 53. mil usuários cancelaram suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para protestar 54. contra aquela mudança na configuração de privacidade. Compare isso com a reação 55. que as pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a identificar quem visitava o 56. seu perfil. Não faltaram reações de indignação. "Qual é a graça se não dá mais para 57. espionar a vida dos outros escondido?", perguntavam os usuários.

58.  É difícil imaginar algo assim hoje. Aprendemos a nos comportar na rede como 59. nos comportamos em público. Porque, cada vez mais, estamos mesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante - Edição 280, junho de 2010. Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

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20. Assinale a alternativa que apresenta uma substituição contextualmente adequada para a respectiva expressão de caráter coloquial empregada no texto, sem prejuízo ao sentido original.

a) de cara – prontamenteb) no braço – com empenhoc) cavucar – revolverd) bisbilhotice – difamaçãoe) espionar – solapar

Ortografia

Parônimos – palavras que são muito parecidas na escrita ou na pronúncia, porém apresentam significados diferentes.

ALGUNS EXEMPLOS

absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver)

ao encontro de (a favor) de encontro a (contra)

ao invés de (oposto) em vez de (no lugar de)

apóstrofe (figura de linguagem) apóstrofo (sinal gráfico)

aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar)

arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair)

ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo)

bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe)

cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil)

comprimento (extensão) cumprimento (saudação)

deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir)

delatar (denunciar) dilatar (alargar)

descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência)

descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir)

despensa (local onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar)

docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos)

emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país)

eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente)

eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer)

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esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado)

estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um lugar)

flagrante (evidente) fragrante (perfumado)

fluir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar)

fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo)

imergir (afundar) emergir (vir à tona)

inflação (alta dos preços) infração (violação)

infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar)

mandado (ordem judicial) mandato (procuração)

peão (aquele que anda a pé, domador de cavalos) pião (tipo de brinquedo)

precedente (que vem antes) procedente (proveniente; que tem fundamento)

ratificar (confirmar) retificar (corrigir)

recrear (divertir) recriar (criar novamente)

soar (produzir som) suar (transpirar)

sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito)

sustar (suspender) suster (sustentar)

tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal)

vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente)

vultosa (considerável, em excesso, de tamanho exagerado)

vultuoso (que possui os olhos salientes, os lábios e o rosto avermelhados e inchados)

Homônimos – palavras que são iguais na escrita e/ou na pronúncia, porém têm significados diferentes.

Homônimos perfeitos são palavras diferentes no sentido, mas idênticas na escrita e na pronúncia.

São Jorge / São várias as causas / Homem são.

Homônimos homógrafos têm a mesma escrita, porém diferente pronúncia na abertura da vogal tônica “o” / “e”.

O molho / Eu molho – A colher / Vou colher

Homônimos homófonos têm a mesma pronúncia, mas escrita diferente.

Acender = pôr fogo / Ascender = subir

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ALGUNS EXEMPLOS

Acento Inflexão da voz; sinal gráfico

Assento Lugar onde a gente se assenta

Acerca de = a respeito de, sobre A cerca de = aproximadamente, perto (distância)

Há cerca de = tempo decorrido (aproximadamente)

Anticé(p)tico Oposto aos céticos Antissé(p)tico Desinfetante

Aparte Comentário acrescen-tado a uma fala me-diante uma interrup-ção

A parte Porção, parcela de um todo

Caçar Perseguir a caça Cassar Anular

Cé(p)tico Que ou quem duvida Sé(p)tico Que causa infecção

Cela Pequeno aposento Sela Arreio de cavalgadura

Celeiro Depósito de provisões Seleiro Fabricante de selas

Censo Recenseamento Senso Juízo claro

Cerração Nevoeiro espesso Serração Ato de serrar

Cerrar Fechar Serrar Cortar

Cessão = doação, anuência Se(c)cão = divisão, setor, depar-tamento

Sessão = reunião

Cesta Recipiente de vime, palha ou outro material trançado

Sexta Dia da semana; numeral ordinal (fem.)

Cilício Cinto para penitências Silício Elemento químico

Círio Vela grande de cera Sírio da Síria

Concertar Harmonizar; combinar Consertar Remendar; reparar

Empoçar Formar poça Empossar Dar posse a

Estrato Camadas (rochas); seção ou divisão de um sistema organizado; faixa. P.ext., a classificação dos indivíduos a partir de suas condições s o c i o e c o n ô m i c a s ; grupo composto por nuvens baixas.

Extrato Que foi extraído de alguma coisa; registro de uma conta (bancária, p.ex.); perfume.

Incerto Duvidoso Inserto Inserido, incluído

Incipiente Principiante Insipiente Ignorante

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Intenção ou tenção Propósito Intensão ou tensão Intensidade

Intercessão Rogo, súplica Interse(c)ção Ponto em que duas linhas se cortam

Laço Laçada Lasso Cansado

Maça Clava Massa Pasta

Paço Palácio Passo Passada

Ruço Pardacento; grisalho Russo Natural da Rússia

Senão A não ser, caso contrário, defeito (= um senão)

Se não Caso não (condicional)

Tachar Colocar defeitos em si próprio ou apontar os defeitos alheios.

Taxar Fazer a cobrança de um imposto ou tributo sobre.

USO DO PORQUÊ

1. Por que1. nas interrogações;2. = o motivo pelo qual, a razão pela qual.Ex.: “Não sei por que você se foi...”

2. Por quê Idem ao anterior – ganha acento quando “bate” no ponto terminativo de uma frase.Ex.: Você se foi por quê? Não sei bem por quê.

3. Porque

Valor causal ou explicativo (respostas). Substituível por “pois” Ou “por causa que (erro)”Ex.: Fui embora porque estava cansada.Você foi embora só porque estava cansada.

4. Porquê Valor substantivo. Antecedido por artigo, pronome ou numeral.Ex.: Não sabemos o porquê de tanta desconfiança.

USO DO HÍFEN

1. Regra básica

Sempre se usa o hífen diante de h:

sub-habitação / proto-história /

sobre-humano / anti-higiênico

super-homem...

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2.

Prefixo Palavra REGRA

última letra igual à primeira letra SEPARAR

contra-ataque / semi-interno / anti-inflamatório / micro-ondas / inter-racial

sub-bibliotecário/ super-romântico/ inter-regional

Obs. 1: com o prefixo sub-, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça.

3.

Prefixo Palavra REGRA

última letra diferente da primeira letra JUNTAR

antieducativo / autoescola / infraestrutura / socioeconômico / semiárido / agroexportador / semianalfabeto / coautor / subúmido

Obs. 2: O prefixo co- aglutina-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coordenar.

4.

Prefixo Palavra REGRA

terminado em vogal começada por R ou S JUNTAR e DOBRAR ESTAS LETRAS

autossuficiente / contrarregra / cosseno / semirrígida / ultrassom / microssistema / minissaia / semissubmersa / macrorregião

antirrábica / neorrealismo / semirreta / biorritmo / antirrugas / antissocial

5. Com os prefixos circum- e pan-, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal.

circum-navegação / pan-americano

6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró e vice usa-se sempre o hífen.

ex-aluno / sem-terra / além-túmulo / aquém-mar / recém-casado /

pós-graduação / pré-vestibular / pró-euro / vice-rei

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EXEMPLIFICANDO

Analista – 2015 – Hospital de Clínicas de Porto Alegre – FAURGS

O estrangeiro

  Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: “Sua mãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames”. Isso não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem. O asilo de velhos fica em Marengo, ____ oitenta quilômetros de Argel.

  Vou tomar o ônibus às duas horas e chego ainda à tarde. Assim, posso velar o corpo e estar de volta amanhã à noite. Pedi dois dias de licença a meu patrão e, com uma desculpa destas, ele não podia recusar. Mas não estava com um ar muito satisfeito. Cheguei mesmo a dizer-lhe: “A culpa não é minha”. Não respondeu. Pensei, então, que não devia ter dito isto. A verdade é que eu nada tinha por que me desculpar. Cabia a ele dar-me pêsames. Com certeza, irá fazê-lo depois de amanhã, quando me vir de luto. Por ____ é um pouco como se mamãe não tivesse morrido. Depois do enterro, pelo contrário, será um caso encerrado e tudo passará a revestir-se de um ar mais oficial.

  Peguei o ônibus às duas horas. Fazia muito calor. Como de costume, almocei no restaurante do Céleste. Estavam todos com muita pena de mim e Céleste disse-me: “Mãe, só se tem uma”. Depois do almoço, quando saí, acompanharam-me até a porta. Estava um pouco atordoado ____ foi preciso ir à casa de Emmanuel para lhe pedir emprestadas uma braçadeira e uma gravata preta. Ele perdeu o tio ____ alguns meses.

  Corri para não perder o ônibus. Esta pressa, esta corrida, os solavancos, o cheiro da gasolina, a luminosidade da estrada e do céu, tudo isso contribuiu, sem dúvida, para que eu adormecesse. Dormi durante quase todo o trajeto. E quando acordei estava apoiado em um soldado, que sorriu e me perguntou se eu vinha de longe. Respondi “sim” para não ter de falar mais.

  O asilo fica a dois quilômetros da aldeia. Fiz o percurso a pé. Quis ver mamãe imediatamente. Mas o porteiro disse-me que eu precisava procurar o diretor. Como ele estava ocupado, esperei um pouco. Durante todo este tempo o porteiro não parou de falar. Depois o diretor recebeu-me no seu gabinete. É um velhote, que tem a Legião de Honra. Fitou-me com seus olhos claros. Depois apertou a minha mão e conservou-a durante tanto tempo na sua mão que não sabia mais como retirá-la.

Adaptado de: “O estrangeiro”, de Albert Camus, p. 13-14 (Rio de Janeiro: BestBolso, 2010).

21. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do texto.

a) há – hora – porque – a b) a – hora – por que – há c) a – ora – porque – há d) à – hora – por que – a e) à – ora – porque – há

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AULA 3

Elementos de sentido do texto: coerência e progressão semântica do texto.

Adaptação e reestruturação do texto para novos fins retóricos.

PRONOMINALIZAÇÃO multimídia

Auxiliar de Comunicação – 2012 – TJ/RS – FAURGS

22. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do trecho abaixo.

Machado de Assis e Antônio Carlos Jobim são eminentes cariocas. _______ compôs melodias conhecidas internacionalmente, e _______ escreveu romances inesquecíveis.

a) Este – aqueleb) Aquele – essec) Um – ested) Outro – essee) Esse – este

Analista – 2015 – Hospital de Clínicas de Porto Alegre – FAURGS

O asilo fica a dois quilômetros da aldeia. Fiz o percurso a pé. Quis ver mamãe imediatamente. Mas o porteiro disse-me que eu precisava procurar o diretor. Como ele estava ocupado, esperei um pouco. Durante todo este tempo o porteiro não parou de falar. Depois o diretor recebeu-me no seu gabinete. É um velhote, que tem a Legião de Honra. Fitou-me com seus olhos claros. Depois apertou a minha mão e conservou-a durante tanto tempo na sua mão que não sabia mais como retirá-la.

Adaptado de: “O estrangeiro”, de Albert Camus, p. 13-14 (Rio de Janeiro: BestBolso, 2010).

23. No último parágrafo do texto, há várias elipses que podem ser recuperadas pelo leitor. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir sobre as possibilidades de recuperação das informações elípticas.

( ) (Eu) Fiz o percurso a pé. (Eu) Quis ver mamãe imediatamente.

( ) Como ele estava ocupado, (eu) esperei um pouco.

( ) (O porteiro) É um velhote, que tem a Legião de Honra.

( ) Depois (o diretor) apertou a minha mão e (o diretor) conservou-a durante tanto tempo na sua mão que (o diretor) não sabia mais como retirá-la.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

a) F – V – F – V. b) V – F – V – F.

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c) F – V – V – F. d) V – V – F – F. e) V – F – F – V.

Médico Judiciário – 2016 – TJ/RS – FAURGS

  Tomava coisas que poucos profissionais do copo se arriscariam, destilados das marcas mais diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com nome de Papa, algo que nem ao menos rolha tinha, era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade, desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice. Não era masoquismo. Acompanhando suas peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela realmente precisava daquilo.

  Stela inventara uma religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que era preciso passar pelo inferno para vislumbrar o céu. Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio1 voluntário, um encontro reverencial com o sagrado. Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor. Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a paz reinava entre nós e entre ela e o mundo. Mas bastava uma nova dúvida em sua vida, uma decisão a tomar, e ela requisitava mais um inferno para se repensar.

  A rotina era extenuante. Quem aguenta uma mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos, em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues existenciais. Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a purgação lhe rendera.

Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489, 02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.

dwt&edition=28691&section=4572. Acessado em 02/04/2016.

1 – ordálio: prova jurídica; também considerada, na Idade Média, juízo de Deus.

24. Considere as afirmações a seguir a respeito do uso de expressões referenciais no texto.

I - A expressão o pontífice faz referência ao vinho que Stela costumava tomar.

II - O pronome pessoal a faz referência a Stela.

III - A expressão a purgação faz referência ao desencontro entre Stela e o namorado.

Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III.

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Oficial de Justiça – 2014 – TJ/RS – FAURGS

  Quase todo mundo conhece a história original (grega) sobre Narciso: um belo rapaz que, todos os dias, ia contemplar seu rosto num lago. Era tão fascinado por si mesmo que, certa manhã, quando procurava admirar-se mais de perto, caiu na água e terminou morrendo afogado. No lugar onde caiu, nasceu uma flor, que passamos a chamar de Narciso.

  O escritor Oscar Wilde, porém, tem uma maneira diferente de terminar esta história. Ele diz que, quando Narciso morreu, vieram as Oreiades – deusas do bosque – e viram que a água doce do lago havia se transformado em lágrimas salgadas. “Por que você chora?”, perguntaram as Oreiades. “Choro por Narciso”. “Ah, não nos espanta que você chore por Narciso”, continuaram elas. “Afinal de contas, todas nós sempre corremos atrás dele pelo bosque, mas você era o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto a sua beleza”. “Mas Narciso era belo?”, quis saber o lago. “Quem melhor do que você poderia saber?”, responderam, surpresas, as Oreiades. “Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias”. O lago ficou algum tempo quieto. Por fim, disse: “eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que era belo. Choro por ele porque, todas as vezes que ele se deitava sobre as minhas margens, eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza refletida”.

Adaptado de: COELHO, Paulo. O lago e Narciso (http://paulocoelhoblog.com/2010/01/02/o-lago-enarciso/). Acesso em 14 de abril de 2014.

25. Os pronomes seu e sua estabelecem uma relação entre um elemento possuidor e um elemento possuído. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o elemento possuidor seguido pelo elemento possuído na relação estabelecida por esses dois pronomes, respectivamente.

a) Narciso – lago / lago – beleza. b) rosto – Narciso / beleza – Narciso. c) um belo rapaz – lago / beleza – lago. d) um belo rapaz – rosto / Narciso – beleza. e) rosto – um belo rapaz / oportunidade – lago.

Programador – 2014 – TJ/RS – FAURGS

Podem as máquinas pensar?

  Esse tema é muito explorado em obras de ficção científica e discutido por aqueles que se perguntam aonde chegaremos com os avanços da inteligência artificial, se é que existe tal inteligência. Marvin Minsky, um importante pensador da área, afirmou que a próxima geração de computadores será tão inteligente que “teremos muita sorte se eles permitirem manter-nos em casa como animais de estimação”.

  John McCarthy, que cunhou o termo “Inteligência Artificial”, declarou que “máquinas tão simples como um termostato têm - pode dizer-se - crenças”. Declarações como essas, feitas por cientistas renomados, estimulam a imaginação e assustam os incautos. No entanto, o filósofo J. R. Searle encarou com sarcasmo essas expectativas exageradas e elaborou então um “experimento mental” para demonstrar que uma máquina não tem sequer a capacidade de compreender significados, apenas segue regras e responde a comandos pré-estabelecidos.

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  O poder de processamento e a sofisticação dos programas nos dão a falsa impressão de inteligência. Searle chamou esse experimento de “sala chinesa”. Imaginemos uma pessoa dentro de uma sala. Ela entende inglês e tem um livro com regras em inglês para combinar símbolos em chinês. Dentro da sala, estão várias cestas numeradas, e, dentro delas, estão papéis com símbolos em chinês. Essa pessoa recebe, por baixo da porta, símbolos em chinês que ela não entende. Então, ela consulta as regras que informam como os símbolos devem ser combinados e, aí, devolve por baixo da porta. As regras dizem mais ou menos assim: “se o símbolo recebido for parecido com este, pegue o papel da cesta n.º 13 e devolva por baixo da porta”. A pessoa dentro da sala não sabe, mas está respondendo a perguntas em chinês. Ela sequer sabe o significado dos símbolos, apenas tem uma regra para combinar os símbolos e devolvê-los por baixo da porta. Essa é, justamente, a base do “pensamento” das máquinas.

  Esse exemplo nos mostra que o processamento dos computadores não pode ser comparado à inteligência humana. O que renomados cientistas chamam de “Inteligência Artificial” é o resultado de entradas e saídas de dados realizadas de forma “burra”. Computadores não têm capacidade de saber o que significam as palavras. Se eu falo para alguém uma palavra (como “amor”, “ódio” ou “afeto”), essa pessoa lhe atribui um significado e recorda situações de sua vida em que ela se aplica. A inteligência humana leva em consideração esses significados e toma decisões baseadas em complexas interpretações pessoais. Isso é algo básico para qualquer ser humano e fundamental para o pensamento. E é algo que as máquinas ainda não podem fazer.

Adaptado de: CARNEIRO, Alfredo de Moraes Rêgo. Podem as máquinas pensar? Disponível em http://www.netmundi.org/ filosofia/tag/marvin-minsky. Acessado em 14 de julho de 2014.

26. Considere as seguintes afirmações.

I - O pronome Esse faz referência ao título do texto “Podem as máquinas pensar?”.

II - O pronome los faz referência a símbolos.

III - O pronome ela faz referência a essa pessoa.

Quais das afirmações acima estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III.

TEMPOS VERBAIS multimídia

O MERCADO MANDA MESMO?

Simon Franco

  Quem se dedicar hoje a ler todos os livros, manuais e artigos sobre o que é ser um “bom profissional” certamente vai desistir de tentar qualquer emprego. Em primeiro lugar, as descrições que encontramos são sempre de “super-homens”, que nunca têm estresse, não se cansam, são capazes de infinitas adaptações, nunca brigam com a família... Ou seja, não é

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descrição de gente. Em segundo lugar, o conjunto dessas fórmulas é francamente contraditório. O que uns dizem que é bom outros acham que não. É como se cada autor, cada consultor, cada articulista pegasse uma ideia, transformasse em regra e quisesse aplicá-la a todos os seres humanos, de qualquer sexo e de qualquer cultura.

  Não é preciso muita sociologia para perceber que esse emaranhado todo, ao pretender indicar o bom caminho para o profissional, desenha uma espécie de “tipo ideal” de trabalhador para as necessidades do mercado. E como o próprio mercado é todo cheio de ambiguidades e necessidades que são contrárias umas às outras, o que sobra para nós é uma grande perplexidade.

  Então que tal parar um pouco de pensar no mercado e pensar em você mesmo? Qual é o “algo a mais” que você, com sua personalidade, suas aptidões, seu jeito de ser, qual é esse “algo” que você pode desenvolver? É preciso saber que formação é a mais adequada para você, não a formação mais adequada para o mercado.

  As diferentes cartilhas, as diversas teorias, as fórmulas mágicas servem apenas para tentar conduzir todo mundo para o mesmo lugar. O desafio é sair desse lugar e se tornar alguém incomum, de acordo com seus desejos e interesses. Então, não será apenas uma questão de “empregabilidade”, como dizem, mas de vida. Pode até não parecer, mas nós somos seres humanos, com dignidade. No mercado, há obviamente mercadorias, simplesmente com preço. E fazer o melhor por si mesmo, e não pelo mercado, é algo que não tem preço.

(In: FOLHA DE SÃO PAULO - Especial: Empregos.)

27. Considere as seguintes afirmações sobre o valor das formas verbais no texto.

I – “vai desistir” equivale a “desistirá”.

II – “encontramos” expressa um fato repetido no passado.

III – “será” indica um fato posterior ao momento em que se realiza o ato de comunicação entre o autor e o leitor.

Quais estão corretas?

a) Apenas a I. b) Apenas a II. c) Apenas a III. d) Apenas a I e a III. e) A I, a II e a III.

28. Para isso, basta que o Brasil seja capaz de colocar em prática uma ampla e bem-sucedida política socioambiental ...

O emprego da forma verbal grifada na frase acima indica

a) restrição à afirmativa anterior. b) condição da realização de um fato. c) finalidade de uma ação futura. d) tempo passado em correlação com outro. e) hipótese passível de se realizar.

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UFRGS (Assistente em Administração) – Português – Profª Maria Tereza

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29. Pouco após chegar ao Brasil com a família real, em 1808, o piano já se tornara símbolo de status e de sintonia com uma forma mais culta de vida, mesmo quando essa de fato não acontecia.

...o piano já se tornara símbolo de status...

O tempo verbal empregado na frase acima exprime um fato

a) futuro em relação a outro já passado. b) presente em relação a uma situação passada. c) anterior ao momento da fala, mas não totalmente concluído. d) passado em relação a outro fato também passado. e) incerto, que pode ou não vir a ocorrer.

  Outro sedicioso a receber recomendações reais foi José de Resende Costa Filho (1764-1841), acolhido em Cabo Verde pelo secretário de Governo, o naturalista fluminense João Diogo da Silva Feijó, para prestar serviços burocráticos. Nomeado ajudante da Secretaria do Governo e oficial de escrituração do Real Contrato da Urcela, Resende acabou sendo promovido interinamente a secretário de Governo, como sucessor de Feijó, em 1795. Três anos depois, ele assumiria o cargo de escrivão da Provedoria da Real Fazenda, onde ficou até 1798, quando se tornou comandante da Praça de Vila da Praia – antiga capital de Cabo Verde –, tendo ostentado o título de capitão-mor do Forte de Santo Antônio até 1803.

[...]

  A trajetória desses personagens prova que o degredo não foi drástico para todos os inconfidentes, como se conta nos livros. Para alguns, ele foi o estopim para uma retomada em suas vidas.

Adaptado de: RODRIGUES, A. F. Disponível em:. Acesso em: 24 mar. 2015.

30. Considere as seguintes afirmações acerca do emprego de formas verbais no texto.

I - A forma verbal assumiria expressa uma ação condicionada a outra a ser cumprida antes.

II - A forma verbal ficou expressa uma ação concluída no passado.

III - A forma verbal prova expressa uma ação iniciada e concluída no passado. Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III.

Gabarito: 1. E 2. C 3. B 4. E 5. B 6. B 7. D 8. B 9. A 10. A 11. A 12. D 13. E 14. A 15. E 16. D 17. D  18. E 19. C 20. C 21. C 22. A 23. D 24. B 25. D 26. D 27. D 28. E 29. D 30. B