[português] manual de revisão e padronização de publicações do tse

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Manual de Reviso e Padronizao de Publicaes do TSE2 edio Braslia 2011

Manual de Reviso e Padronizao de Publicaes do TSE 2a edio

Braslia 2011

2011 Tribunal Superior Eleitoral Secretaria de Gesto da Informao Coordenadoria de Editorao e Publicaes (Cedip/SGI) Praa dos Tribunais Superiores, Bloco C, Ed. Sede, Sala T-14 70096-900 Braslia/DF Telefone: (61) 3316-3038 Fax: (61) 3316-3359 Organizao Coordenadoria de Editorao e Publicaes Editorao Seo de Editorao e Programao Visual Atualizao e reviso Seo de Preparao e Reviso de Originais Capa William Bernardo Projeto grfico Leandro Morais Impresso, acabamento e distribuio Seo de Impresso e Distribuio

Brasil. Tribunal Superior Eleitoral. Secretaria de Gesto da Informao. Manual de Reviso e Padronizao de Publicaes do TSE. Braslia: Coordenadoria de Editorao e Publicaes, 2011. 164 p. : il. ; 24cm. 1. Lngua Portuguesa Gramtica Ortografia Manual. 2. Editorao Publicao TSE I. Ttulo. CDD 469.5

Tribunal Superior eleiToral preSidenTe Ministro Ricardo Lewandowski Vice-preSidenTe Ministra Crmen Lcia MiniSTroS Ministro Marco Aurlio Ministra Nancy Andrighi Ministro Gilson Dipp Ministro Marcelo Ribeiro Ministro Arnaldo Versiani procurador-Geral eleiToral Roberto Monteiro Gurgel Santos

SumrioAPRESENTAO ............................................................................................ 9 1. ORTOGRAFIA .......................................................................................... 11 1.1. Acentuao grfica ......................................................................... 11 1.2. Crase .............................................................................................. 13 1.3. Diviso silbica ................................................................................ 16 1.4. Hfen............................................................................................... 16 1.5. Iniciais maisculas ........................................................................... 20 1.6. Iniciais minsculas ........................................................................... 24 1.7. Translineao .................................................................................. 24 1.8. Trema.............................................................................................. 25 2. REDUO GRFICA................................................................................. 27 2.1. Abreviaturas .................................................................................... 27 2.2. Siglas .............................................................................................. 28 2.3. Smbolos ......................................................................................... 29 3. PARTICULARIDADES LXICAS E GRAMATICAIS ......................................... 31 4. CONCORDNCIA .................................................................................... 43 4.1. Concordncia nominal .................................................................... 43 4.2. Concordncia verbal ....................................................................... 44 5. REGNCIA ............................................................................................... 49 5.1. Regncia verbal ............................................................................... 49 6. PRONOMES PESSOAIS ............................................................................. 53 6.1. Pronomes oblquos.......................................................................... 53 6.2. Colocao pronominal .................................................................... 54 6.3. Colocao pronominal nas locues verbais e nos tempos compostos ...................................................................................... 55 6.4. Pronomes de tratamento ................................................................. 55 7. NUMERAIS ............................................................................................. 59

7.1. Algarismos romanos........................................................................ 59 7.2. Grafia em algarismos....................................................................... 60 7.3. Grafia por extenso ........................................................................... 61 7.4. Grafia mista .................................................................................... 61 7.5. Outras observaes ......................................................................... 62 8. SINAIS DE PONTUAO .......................................................................... 63 8.1. Aspas .............................................................................................. 63 8.2. Barra ............................................................................................... 63 8.3. Colchetes ........................................................................................ 64 8.4. Dois-pontos .................................................................................... 64 8.5. Parnteses ....................................................................................... 66 8.6. Ponto e vrgula ................................................................................ 66 8.7. Reticncias ...................................................................................... 67 8.8. Travesso ........................................................................................ 67 8.9. Vrgula ............................................................................................ 68 9. VCIOS DE LINGUAGEM .......................................................................... 73 9.1. Ambiguidade .................................................................................. 73 9.2. Eco ................................................................................................. 75 9.3. Erros de comparao....................................................................... 76 9.4. Solecismo........................................................................................ 77 9.5. Erros de paralelismo ........................................................................ 79 9.6. Gerndio vs. gerundismo ................................................................ 82 10. ESTRUTURA DAS NORMAS JURDICAS ................................................... 83 10.1. Artigo de lei .................................................................................. 83 10.2. Pargrafos ..................................................................................... 83 10.3. Incisos........................................................................................... 84 10.4. Alneas .......................................................................................... 85 10.5. Itens ............................................................................................. 85 11. DESTAQUES TIPOGRFICOS .................................................................. 87 11.1. Itlico............................................................................................ 87 11.2. Negrito ......................................................................................... 87 11.3. Versal ............................................................................................ 88

11.4. Versalete ....................................................................................... 88 12. REFERNCIA .......................................................................................... 89 12.1. Referncia de monografias (livros, folhetos, separatas, dissertaes, etc.) ......................................................................... 89 12.2. Referncia de publicao peridica (revistas, jornais, etc.) ............. 90 12.3. Referncia de artigos publicados em peridicos em meio eletrnico ..................................................................................... 91 12.4. Referncia de documentos de eventos (atas, anais, resultados, etc.) ............................................................................ 91 12.5. Referncia de documentos jurdicos ............................................... 92 12.6. Outras observaes ....................................................................... 93 13. CITAO ............................................................................................... 95 13.1. Normas gerais ............................................................................... 95 13.2. Normas para indicao da fonte .................................................... 96 13.3. Sistemas de chamada .................................................................... 97 14. NOTAS .................................................................................................. 99 APNDICES ............................................................................................... 101 1. Smbolos e sinais empregados na reviso de originais ............................ 103 2. Abreviatura dos meses ......................................................................... 105 3. Expresses latinas empregadas em referncias e citaes ....................... 107 4. Expresses latinas comumente empregadas em linguagem jurdica ........ 109 5. Termos de editorao ............................................................................ 119 6. Termos de informtica ........................................................................... 127 7. Relao de siglas ................................................................................... 131 7.1. Siglas de classes processuais .......................................................... 131 7.2. Siglas gerais .................................................................................. 133 7.3. Siglas dos partidos polticos........................................................... 141 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 143 NDICE DE ASSUNTOS ............................................................................... 151

APrESENTAoTodo produtor de textos tem de contar com boas fontes de consulta para construir sentidos. As escolhas que faz so baseadas em aspectos que vo alm da gramtica: dizem respeito ao conhecimento de mundo dos sujeitos da comunicao, ao gnero textual e seu suporte, ao contexto comunicacional, cultura das instituies e da sociedade como um todo, entre outros. Sem esse entendimento sobre produo textual, o indivduo est sujeito a cometer equvocos, que no se limitam, evidentemente, aos simples erros de vrgula e de crase, por exemplo. Um texto no sai pronto das mos do autor; este apenas um dos sujeitos na construo dos significados. O leitor contribui com sua experincia, com seu conhecimento de mundo e saber enciclopdico, e vai construindo sentidos tambm. assim, igualmente, com os textos produzidos no Tribunal Superior Eleitoral. O Manual de reviso e padronizao de publicaes do TSE, que vem sendo construdo ao longo de vrios anos, rene orientaes muito prprias da cultura do Tribunal, sendo uma obra de grande utilidade para os servidores e colaboradores da Casa, mormente para aqueles que se expressam regularmente por meio da linguagem escrita. Esta edio, organizada pela equipe da Coordenadoria de Editorao e Publicaes (Cedip), recebeu nova diagramao, e seu contedo passou por diversas modificaes, entre elas as decorrentes do Novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa, de 1990. Essa atualizao se faz absolutamente necessria e oportuna, visto que tanto a instituio TSE quanto a sociedade, de um modo geral, passaram por diversas mudanas e criaram novas formas de expresso, desde a primeira edio da obra, em 2001. O Manual, entretanto, apenas um meio de consulta entre muitos; h as gramticas normativas, os dicionrios de sinnimos, os dicionrios de regncia nominal e verbal, etc. O Vocabulrio ortogrfico da lngua portuguesa (Volp), que pode ser consultado a qualquer hora no site da Academia Brasileira de Letras, tambm um auxiliar indispensvel. Por fim, vale lembrar que para escrever bem preciso ler, ler muito e ler observando. Boa leitura!

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Manual de Reviso e Padronizao de Publicaes do TSE

1. orToGrAFiANeste captulo, destinado ortografia, so abordadas as regras de acentuao grfica, o emprego do hfen, o uso das iniciais maisculas e minsculas, entre outros.

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1.1. Acentuao grficaAs regras de acentuao grfica so apresentadas conforme o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa, de 1990, em vigor desde 1o de janeiro de 2009. 1.1.1. Regra geral O quadro a seguir resume as principais regras de acentuao grfica, com exemplos e observaes.Tipo de palavra ou slabaProparoxtonas Paroxtonas

Quando acentuarSempre Se terminadas em: R, X, N, L, I, IS, UM, UNS, US, PS, , S, O, OS; ditongo crescente, seguido ou no de S

ExemplosCdigo, smula, unnime, mbito Carter, ltex, txi, hfen, prton, cabvel, lbum(ns), vrus, bceps, m, rfs, acrdo, rfos, alnea, contnuo, sufrgio, rduos, tnis

Observaes

1. Terminadas em ENS no levam acento. Ex.: hifens, polens. 2. No se acentuam os prefixos paroxtonos que terminam em R nem nos que terminam em I. Ex.: superhomem, anti-heri, semi-internato. 1. Atente para os acentos nos verbos com formas oxtonas. Ex.: adorlo, debat-lo, etc.

Oxtonas

Se terminadas em: A, AS, E, ES, O, OS, EM, ENS

Vatap, comit, aqum, avs, parabns

Monosslabos tnicos

Se terminados em A, J, ps, p, ms, p, AS, E, ES, O, OS ps Na terceira pessoa Eles tm, do plural do presente eles vm do indicativo

Verbos ter e vir

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Tipo de palavra ou slaba

Quando acentuarNa terceira pessoa do singular do presente do indicativo (acento agudo); na terceira pessoa do plural do presente do indicativo (acento circunflexo)

Exemplos

Observaes

Derivados de ter e vir (obter, manter, intervir, etc.)

Ele obtm, mantm, intervm; eles obtm, mantm, intervm

1. No se acentuam o I e o U se depois vier NH, L, M, N, R ou Z. Ex.: rainha, ruim, ainda, diurno, juiz. I e U em palavras oxtonas e paroxtonas I e U levam acento se estiverem sozinhos na slaba (hiato) ou seguidos de S A, Piau, Sada, egosmo, mido, sade, bas 2. Nas paroxtonas, o I e o U no so acentuados se vierem depois de um ditongo. Ex.: baiuca, feiura, maoista. 3. Nas oxtonas, o I e o U so acentuados mesmo aps ditongo. Ex.: tuiui, Piau. 1. Os ditongos abertos das palavras paroxtonas no levam acento. Ex.: ideia, colmeia, heroico, boia, estreia, joia. 2. H casos em que a palavra se enquadrar em outra regra de acentuao. Ex.: continer, Mier, destrier sero acentuados porque terminam em R.

Ditongos

EI (S) , EU (S), OI (S) tnicos em palavras oxtonas

Papis, cu, trofu, heri, mi (moer), heris

Verbos terminados em guar, quar e quir

Quando o verbo admitir duas pronncias diferentes, usando A ou I tnicos, acentuam-se essas vogais.

1. Se a tnica, na pronncia, cair sobre Eu guo, eles guam o U, ele no ser e enxguam a acentuado. Ex.: eu averiguo o caso [diga roupa [A tnico]; averi-g-o, mas no eu delnquo, eles delnquem [I tnico] acentue]; eu aguo a planta [diga a-g-o, mas no acentue].

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1. ORTOGRAFIA

1.1.2. Casos especiais Atente para as seguintes observaes referentes ao uso ou supresso do acento grfico: a) os verbos arguir e redarguir perderam o acento agudo em vrias formas (rizotnicas). Ex.: Eu arguo [fale ar-g-o, mas no acentue]; ele argui [fale ar-gi, mas no acentue]; b) as terminaes oo e ee no levam acento circunflexo. Ex.: Voo, enjoo, veem, creem; c) no se usa acento para diferenciar os pares pra/para, pla(s)/pela(s), plo(s)/ pelo(s), plo(s)/polo(s) e pra/pera; d) as palavras compostas com o verbo parar no levam acento. Ex.: Para-raios, para-choque; e) na palavra frma (de bolo), o acento facultativo: emprega-se quando for necessrio, em benefcio da clareza. Ex.: Eis aqui a frma para pudim, cuja forma de pagamento parcelada; f) o acento diferencial ser utilizado nos seguintes casos: verbo poder: para diferenciar passado e presente. Ex.: Ele no pde ir ontem, mas pode ir hoje; verbo pr: para diferenci-lo da preposio por. Ex.: Iremos por uma regio muito fria, portanto devemos pr casacos.

1.2. CraseA palavra crase de origem grega e significa mistura, fuso. Em gramtica normativa, designa a contrao da preposio a com: a) o artigo definido as. Ex.: O pedido chegou embaixada hoje; b) o pronome demonstrativo a(s). Ex.: A maneira de o advogado questionar igual do relator; c) a letra inicial dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo e dos pronomes relativos a(s) qual(is). Ex.: Enviaram recurso quela comunidade / Esta a pea qual me referi. Para indicar a ocorrncia da crase, emprega-se o acento grave (`).

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1.2.1. Regra geral Haver crase antes de palavras femininas determinadas pelo artigo definido a(s) e subordinadas a termos que exigem a preposio a. Ex.: Procedeu-se contagem dos votos / Esta lei referente s eleies de 1998. A (prep.) + A (art.) = 1.2.2. Casos especiais A crase ocorre ainda: a) antes de nomes femininos de cidades, quando vm determinados. Ex.: Irei Braslia de Juscelino; b) antes de nomes femininos de estados, quando o termo regido aceitar o artigo feminino. Ex.: Iremos Bahia; c) nas construes em que ficam subentendidas as expresses moda, maneira de, semelhana de. Ex.: Compe msica Caetano Veloso; d) antes de numeral, quando indica hora determinada e quando se subentende a palavra at. Ex.: A sesso ter incio s 20 horas / Trabalho das oito s [at as] dezoito horas; uma hora Nesse caso, uma numeral, no artigo indefinido. O numeral admite determinao, assim como a palavra hora. Ex.: Sairemos por volta da uma hora. Portanto est correto o emprego do acento indicativo de crase nestes exemplos: Saiu uma hora / Terminou o trabalho uma da manh. A (prep.) + AS (art.) = S

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e) em locues adverbiais, prepositivas e conjuntivas em que figure uma palavra feminina: tarde, noite, bea, toa, s vezes, s claras, s ocultas, escuta, deriva, s avessas, revelia, s ordens, beira de, sombra de, exceo de, fora de, frente de, imitao de, semelhana de, proporo que, medida que, etc. Ex.: O caso ser julgado tarde; Em certas locues adverbiais (de instrumento e de modo), embora no ocorra crase, admite-se o acento grave se o contexto o exigir: mquina, bala, vista, queima-roupa, fome. Ex.: O sequestrador recebeu bala [loc. adv.] os policiais / O refm recebeu a bala [obj. dir.] destinada ao sequestrador.

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1. ORTOGRAFIA

f) antes das palavras casa e terra, quando empregadas em sentido determinado. Ex.: Dirigiu-se casa do lder do partido / Um literato brilhante chegou terra de Drummond.

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No entanto, se casa (lar) e terra (cho firme) forem empregadas em sentido indeterminado, no se admite crase. Ex.: Retornou a casa aps o expediente / Os marinheiros retornaram a terra. 1.2.3. Uso facultativo

A crase tem uso facultativo: a) antes de nomes prprios femininos. Ex.: Ofereci ajuda [a] Marta; b) antes de pronomes possessivos femininos. Ex.: Refiro-me [a] sua cidade; c) aps a preposio at quando esta anteceder substantivos femininos e o termo antecedente exigir a preposio a. Ex.: Vou at [a] biblioteca. 1.2.4. No ocorrncia de crase A crase no ocorre: a) antes de substantivo masculino. Ex.: O veculo est a servio da instituio; b) antes de verbo no infinitivo. Ex.: Estava disposto a colaborar com a comisso; c) antes de nome de cidade, quando indeterminado. Ex.: Vou a Braslia, a Curitiba e depois a Florianpolis; d) antes de pronomes de tratamento. Ex.: O ofcio foi enviado a Vossa Excelncia;

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Antes dos axinimos dona, senhora e senhorita h crase. Ex.: Dirijo-me senhora para solicitar frias.

e) antes de pronomes que no admitem o artigo a. Ex.: Referia-se a toda a documentao / Entregue isso a algum / Estamos dispostos a tudo, a qualquer coisa; Caso o pronome aceite o artigo a, haver crase. Ex.: Dirigia-se mesma pessoa.

g) antes de artigo indefinido. Ex.: Submeter-se- a uma avaliao; h) antes de substantivos femininos usados no singular ou no plural em sentido geral e indeterminado. Ex.: Eram poucos os recursos destinados a pesquisas / Refiro-me a lei, mas no a medida provisria;

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i) antes da palavra distncia usada em sentido indeterminado. Ex.: Despediram-se a distncia naquele dia. Porm, se vier determinada, ocorre crase. Ex.: Ficou distncia de 10 metros do acidente; j) nas locues formadas por palavras repetidas, tais como face a face, cara a cara, dia a dia. Ex.: Aprendemos no dia a dia; l) nas locues adverbiais de modo nas quais figure substantivo feminino no plural. Ex.: Reuniram-se a portas fechadas / Conseguiu o emprego a duras penas.

1.3. Diviso silbicaDestacam-se as seguintes regras de diviso silbica: a) separam-se os hiatos e os dgrafos RR, SS, SC, S e XC. Ex.: co-or-de-nar, des-cer; b) no se separam os ditongos, os tritongos, os encontros consonantais que iniciam palavras e os dgrafos CH, LH e NH. Ex.: au-ro-ra, Pa-ra-guai, psi-c-lo-go, te-lha-do; c) a consoante no seguida de vogal, no interior do vocbulo, conserva-se na slaba que a precede. Ex.: subs-crever.

1.4. Hfen1.4.1. Uso do hfen: Emprega-se o hfen: a) para separar slabas na diviso silbica e na translineao; b) para ligar os pronomes oblquos tonos enclticos ou mesoclticos a formas verbais e tambm palavra eis. Ex.: Precisa-se de empregados/ Falar-lhe-ei amanh/Eis-me aqui; c) para ligar os elementos de palavras formadas por justaposio. Ex.: porta-voz, arcoris; guarda-chuva, decreto-lei;

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Certos compostos, em relao aos quais se perdeu, em certa medida, a noo de composio, grafam-se aglutinadamente. Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, pontap, paraquedas, paraquedista.

d) para ligar os elementos sufixados mor, au, guau e mirim a vocbulos, na formao de outras palavras. Ex.: altar-mor [altar principal de uma igreja], ing-au [rvore da famlia das leguminosas], amor-guau [tipo de peixe], anaj-mirim [tipo de palmeira]; e) para compor elementos que designam espcies botnicas e zoolgicas, estejam ou no ligados por preposio ou qualquer outro elemento. Ex.: bem-te-vi [nome de pssaro], couve-flor, erva-do-ch, andorinha-grande, cobra-capelo, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-incio; f) para compor topnimos iniciados pelos adjetivos gr, gro ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo. Ex.: Gr-Bretanha, Passa-Quatro, Baia de Todos-os-Santos;

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1. ORTOGRAFIA

g) para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, no propriamente vocbulos, mas encadeamentos vocabulares. Ex.: ponte Rio-Niteri, ligao Angola-Moambique, divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade; h) Para ligar combinaes histricas ou ocasionais de topnimos. Ex.: ustria-Hungria, Angola-Brasil, Tquio-Rio de Janeiro; i) para ligar prefixos a vocbulos, na formao de novas palavras (ver quadro seguinte, que resume as regras de emprego do hfen).EMPREGO DO HFENPrimeiro elemento AERO AGRO ANTE ANTI ARQUI MAXI MEGA MICRO MINI MULTI Segundo elemento Exemplos aero-hidroterpico, aero-hidropatia mega-hertz ante-estreia, ante-histrico, micro-ondas, micro-histria anti-heroico, anti-igualitrio arqui-hiprbole, arqui-inimigo auto-organizao, autohipnose, neo-humorista, neo-ortodoxo Iniciado por H bio-histria, bio-historiador contra-habitual, contraarrazoar, proto-histria, proto-orgnico Iniciado por VOGAL IDNTICA que termina o prefixo eletro-ptica, eletrohidrulico, pseudo-osteose entre-escolher, entre-hostil, retro-ocular extra-humano, extraatmosfrico, semi-interno, semi-heresia geo-histria, sobre-humano, sobre-edificao hidro-haloisita, hidrooforia, supra-humanismo, supra-histrico infra-assinado, infra-humano intra-histrico, intraauricular, ultra-honesto, ultra-aquecer macro-histria Exceo: pseudoescorpio Exceo: agro-doce Observaes

AUTO

NEO PLURI PROTO

REGRA GERAL

BIO CONTRA

ELETRO ENTRE EXTRA GEO HIDRO INFRA

PSEUDO RETRO SEMI SOBRE SUPRA TELE

INTRA MACRO

ULTRA

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Primeiro elemento ALM AQUM

Segundo elemento Qualquer elemento

Exemplos alm-fronteiras, aqum-mar

Observaes

BEM (quando forma unidade sintagmtica e semntica)

Iniciado por VOGAL ou H

bem-humorado

BEM pode no se aglutinar com palavras iniciadas por consoante. Ex.: bem-criado, bem-ditoso, bem-vindo.

CIRCUM

Iniciado por H, M, N ou VOGAL Qualquer elemento Iniciado por H ou R Iniciado por VOGAL ou H

circum-hospitalar, circummurado, circum-navegao, circum-ambiente ex-presidente, exhospedeira, ex-diretor hiper-humano, interhemisfrico, hiper-realstico, inter-racial mal-estar

EX HIPER INTER

ESPECIFICAES

MAL (quando forma unidade sintagmtica e semntica)

PAN

Iniciado por H, M, N ou VOGAL

pan-helenismo, pan-mgico, pan-negritude, pan-americano

No caso de aglutinao diante de P e B, PAN passa a PAM. Ex.: pambrasileiro, pampsiquismo. Aglutinam-se as formas tonas. Ex.: pospor, predeterminado, promover.

PS (tnico) PR (tnico) PR (tnico) RECM SEM SOTA SOTO SUB SUPER VICE VIZO Com tonicidade prpria

ps-graduao, pseleitoral, ps-homrico, pr-vestibular, pr-histrico, pr-anlise recm-casados, recmnascido, sem-terra, semcerimnia, sota-piloto, soto-mestre sub-base, sub-humanidade, sub-regio super-habilidade, super-real vice-diretor, vice-presidente, vice-reitor, vizo-rei

Qualquer elemento Iniciado por B, H ou R Iniciado por H ou R Qualquer elemento

sub-humano ou subumano

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1. ORTOGRAFIA

1.4.2. No ocorrncia do hfenNO UTILIZAO DO HFEN Primeiro elemento Segundo elementoQualquer elemento (aglutina-se ao radical)

Exemplos

ObservaesQuando o segundo elemento inicia-se por H, a palavra formada perde o H. Ex.: coerdeiro, coabitar.

CO

REGRA GERAL (sem hfen)

Cooperao, corresponsabilidade, cossenhor.

Iniciado por R ou S Terminado em VOGAL Iniciado por VOGAL DIFERENTE da ltima em que termina o primeiro elemento

microssistema, contrarresponder, antissocial, cosseno,extrarregular, infrassom, minissaia, biorritmo. sobreaviso, semiaberto, antiareo, aeroespacial, autoaprendizagem, agroindustrial, plurianual.

Quando o segundo elemento inicia-se por R ou S, h a duplicao dessa consoante.

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No se usa hfen em formaes que contenham, em geral, os prefixos des e in e nas quais o segundo elemento tenha perdido o h inicial. Ex.: desumano, desumidificar, inbil, inumano. 1.4.3. Outros casos acerca da utilizao do hfen

Os seguintes casos merecem ateno quanto ao emprego do hfen: a) o adjetivo geral, quando forma substantivo composto, indicando funo, lugar de trabalho ou rgo, liga-se com hfen. Ex.: diretor-geral, Procuradoria-Geral Eleitoral; b) com o advrbio no, usa-se o hfen apenas para compor espcies botnicas. Ex.: no-me-toques [arbusto].

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No processo de formao de palavras, dispensa-se o uso do hfen entre o advrbio no e o elemento seguinte. Ex.: no fumante, no emprego (no confundir com desemprego), no violncia, no alinhado [no confundir com desalinhado].

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Expresses tais como to somente e to s perderam o hfen com o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa, de 1990.

1.5. Iniciais maisculasA padronizao do emprego das iniciais maisculas constitui uma das maiores dificuldades para a reviso, principalmente pelo subjetivismo inerente a determinadas normas gramaticais. Entre essas normas esto as que permitem grafar com inicial maiscula os nomes que designam idioma ou lngua, quando se quer empreg-los com especial relevo, e os que designam altos cargos, dignidades ou postos. Esse subjetivismo leva ao uso indiscriminado da maiscula, cujo emprego excessivo resulta da inteno de, equivocadamente, pretender agregar a esses nomes a ideia de especial relevo e de considerao e respeito, quando a maiscula, nesses casos, apenas um recurso formal da lngua, que no se tem traduzido em praticidade, bom senso e beleza visual do texto. Como soluo a essas dificuldades, optou-se, neste manual, por simplificar essas questes, grafando tais nomes com iniciais minsculas mesmo que venham determinados. Essa tendncia hoje bastante acentuada e seguida pelos editoriais dos grandes peridicos nacionais, como tambm por gramticos de renome. 1.5.1. Emprego das iniciais maisculas Empregam-se as iniciais maisculas em: a) incio de perodo, de verso e de citao direta: Diz o Cdigo Eleitoral: So eleitores os brasileiros maiores de 18 anos [...];

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Emprega-se a minscula em citaes no coincidentes com incio de frase. Ex.: A lei diz: [...] a critrio do juiz ou do Tribunal.

b) nomes prprios de qualquer espcie, inclusive topnimos. Ex.: Barroso, Tocantins, Senado Federal, Jpiter, Centro Educacional Tiradentes; c) pronomes de tratamento ou reverncia e os nomes de cargos que os seguem. Ex.: Excelentssimo Senhor Presidente, Vossa Excelncia, Magnfico Reitor, Senhor Chefe; d) nomes designativos dos seguintes cargos, quando vierem seguidos de nomes prprios de pessoa: presidente e vice-presidente da Repblica, ministros

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1. ORTOGRAFIA

de Estado ou cargos equivalentes e advogado-geral da Unio; presidente, vicepresidente e membros da Cmara dos Deputados e do Senado Federal; presidente, vice-presidente e ministros do Tribunal de Contas da Unio, do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores; procurador-geral da Repblica (procurador-geral eleitoral e vice-procurador geral eleitoral) e subprocuradores-gerais da Repblica. Ex.: Votou o Ministro Costa Porto;

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Emprega-se a mesma regra para esses nomes de cargos, ainda que sejam usados no plural. Ex.: Votaram os Ministros Costa Porto e Carlos Velloso.

Os nomes dos demais cargos, dignidades, postos e profisses, mesmo que venham determinados, escrevem-se com inicial minscula. Ex.: professor Celso Cunha, governador Olvio Dutra, diretor-geral Pedro Alcntara.

e) nomes de cincias e disciplinas. Ex.: Filosofia, Histria do Brasil, Direito Administrativo; f) nomes dos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente. Ex.: o falar do Nordeste (em lugar de o falar do nordeste do Brasil) / a cultura do Ocidente (em lugar de a cultura do ocidente europeu);

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Escrevem-se esses nomes com inicial minscula quando designam direo ou limite geogrfico. Ex.: Ele andou este pas de norte a sul e de leste a oeste.

g) nomes cientficos dos seres vivos (somente a primeira letra do nome). Ex.: Homo sapiens, Trypanosoma cruzi; h) nomes de datas, pocas, eventos e fatos histricos. Ex.: Reforma Luterana, Descobrimento do Brasil, Sete de Setembro; i) nomes de publicaes seriadas, conforme a designao registrada. Ex.: Revista de Comunicao, Jornal do Commercio; Os ttulos de obras artsticas, literrias e cientficas, bem como os de artigos de jornais e revistas, escrevem-se com letra minscula, exceto a inicial da primeira palavra e os substantivos prprios. Ex.: As melhores crnicas de Fernando Sabino / Dicionrio prtico de regncia nominal / Os retirantes [pintura de Portinari] / As crianas e a sade [artigo do jornal Folha de S.Paulo].

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Palavras inteiras no devem ser grafadas com letras maisculas, exceto siglas com at trs letras ou que no possam ser pronunciadas como palavras. Ex.: TSE, ONU, SADP, BNDES (consultar tambm o captulo Reduo grfica, Abreviaturas).

j) nomes de logradouros pblicos e de acidentes geogrficos. Ex: Avenida Rio Branco/ Praia do Flamengo / Travessa do Comrcio / Rio Amazonas / Oceano Atlntico / Baa de Guanabara / Serra da Mantiqueira; l) nomes de festas e festividades. Ex.: Natal, Pscoa, Ramado, Todos os Santos.

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Alguns gramticos, mesmo aps o Acordo Ortogrfico, de 1990, grafam festividades como carnaval, entrudo e saturnais com iniciais minsculas.

1.5.2. Outras situaes para o emprego da inicial maiscula Os seguintes casos merecem ateno quanto ao emprego da inicial maiscula: a) nomes de rgos pblicos, instituies militares, polticas e profissionais, unidades administrativas, comisses oficiais, coligaes, empresas privadas e seus departamentos. Ex.: Tribunal Superior Eleitoral / Presidncia do TRE / Secretaria de Gesto da Informao / Diretrio Municipal do PSDB de Juiz de Fora / Prefeitura Municipal de So Carlos / Juzo Eleitoral da 4a Zona do Estado do Rio Grande do Norte / Comisso de Constituio e Justia e de Redao / Coligao Trabalho e Moralizao / Ministrio Pblico; Escrevem-se com inicial maiscula as simplificaes de nomes de entidades ou de instituies consagradas pelo uso. Ex.: Congresso por Congresso Nacional / Senado por Senado Federal / Cmara por Cmara dos Deputados ou Cmara Municipal / Constituinte por Assembleia Nacional Constituinte / Supremo por Supremo Tribunal Federal / Legislativo por Poder Legislativo / Executivo por Poder Executivo / Judicirio por Poder Judicirio / Tribunal Superior por Tribunal Superior Eleitoral / Tribunal Regional por Tribunal Regional Eleitoral / Tribunal de Contas por Tribunal de Contas da Unio [ou de estados e municpios].

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1. ORTOGRAFIA

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As simplificaes de nomes de entidades ou instituies no consagradas pelo uso devem ser grafadas com inicial minscula. Ex.: Esta secretaria [referindo-se Secretaria de Gesto de Pessoas] est modernizandose / Nossa coligao [referindo-se Coligao Feliz Cidade] atuou timidamente / O partido [referindo-se ao PMDB] escolheu seu candidato em conveno.

b) nomes designativos de cargos antepostos autoria de atos oficiais e pospostos assinatura deles. Ex.: O Diretor-Geral da Secretaria do Tribunal Superior Eleitoral, no uso de suas atribuies, [...]; c) elementos dos compostos hifenizados, pois mantm autonomia. Ex.: DecretoLei no 200, Gr-Bretanha; d) nomes pelos quais as leis tornaram-se conhecidas. Ex.: Cdigo Civil, Cdigo Eleitoral, Lei urea; e) palavras empregadas em sentido especial, como: casa, significando local destinado a reunies de interesse pblico. Ex.: O deputado encontra-se na Casa para votar; constituio, no sentido de lei fundamental e suprema de um pas e demais sinnimos. Ex.: Constituio de 1988, Carta Magna, Lei Fundamental; corte, designando tribunal. Ex.: Esta Corte tem posio definida sobre o assunto; direito, no sentido de cincia das normas obrigatrias que disciplinam as relaes dos homens numa sociedade. Ex.: as regras do Direito; mas, juiz de direito; estado, no sentido de nao politicamente organizada. Ex.: O Estado responsabilizou-se pelo desaparecimento de presos polticos; estado e municpio, no sentido, respectivamente, de unidade de Federao e circunscrio administrativa autnoma de um estado, seguidos dos nomes. Ex.: o Estado de Minas Gerais, o Municpio de Luzinia; mas, o municpio elegeu um deputado; federao, no sentido de unio poltica entre as unidades federativas, relativamente autnomas, que se associam sob um governo central. Ex.: O projeto visa ao fortalecimento da Federao; igreja, no sentido de instituio. Ex.: A Igreja contra o aborto; imprio, repblica, monarquia, no sentido de regime poltico, perodo histrico ou equivalendo palavra Brasil. Ex.: No Imprio houve muitas insurreies;

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justia, no sentido de Poder Judicirio ou de seus ramos. Ex.: A Justia comea a se modernizar / Isso da competncia da Justia Eleitoral; leis, projetos, acrdos, resolues, etc. acompanhados dos respectivos nmeros. Ex.: Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997 / Mandado de Segurana no 112 / Of. no 10;

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Caso estejam no plural, essas palavras devem ficar com inicial minscula, mesmo se seguidas dos nmeros. Ex.: As leis nos 8.112 e 9.504. mesa, no sentido de conjunto do presidente e dos secretrios de uma assembleia. Ex.: A Mesa do Senado posicionou-se a favor das medidas; plenrio, no sentido de assembleia ou tribunal reunido em sesso. Ex.: O Plenrio da Cmara rejeitou a proposta do governo; unio, no sentido de reunio de estados relativamente autnomos, mas subordinados a um governo central; governo federal. Ex.: Cabe Unio tomar uma medida para o caso.

1.6. Iniciais minsculasEmpregam-se as iniciais minsculas em: a) nomes de meses. Ex: janeiro, fevereiro, maro; b) nome gentlicos. Ex.: baiano, ingls, alemo; c) artigos definidos e indefinidos, pronomes relativos, preposies, conjunes e advrbios e suas locues, bem como em combinaes e contraes prepositivas, quando no interior de substantivos prprios. Ex.: Ministrio do Trabalho / Banco Internacional para a Reconstruo e o Desenvolvimento (Bird) / Imposto sobre Servios / A Vitria que a Bahia quer (coligao); d) nomes prprios quando empregados no plural, exceto os nomes e sobrenomes de pessoas. Ex.: tribunais regionais eleitorais / os estados da Federao; mas os Rodrigues, os Joss, os Andradas.

1.7. TranslineaoA translineao segue as normas gramaticais estabelecidas para a diviso silbica, observados alguns cuidados: a) deve-se evitar que a slaba constituda de vogal fique isolada no final ou no incio de linha. Ex.: mi-do, e no -mido;

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1. ORTOGRAFIA

b) deve-se evitar que a translineao provoque a ocorrncia de palavras chulas ou inadequadas. Ex.: apsto-lo, e no aps-tolo; dispu-ta, e no dis-puta; c) quando o hfen de palavra composta coincidir com o final de linha, desnecessrio repeti-lo no incio da linha seguinte.

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Embora o Acordo Ortogrfico disponha que se no final da linha a partio de uma palavra ou combinao de palavras coincidir com o hfen, ele deve ser repetido na linha seguinte, optou-se neste manual por no repeti-lo, por questes de clareza grfica.

1.8. TremaEsse sinal foi abolido na grafia de vocbulos portugueses. Entretanto, ainda empregado em nomes estrangeiros e seus derivados. Ex.: Gnter, Bndchen, mleriano.

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2. rEDuo GrFiCA2.1. AbreviaturasDe modo geral, abrevia-se uma palavra ou locuo suprimindo-se-lhe uma ou mais letras, desde que lhe seja preservada a compreenso, e substituindo os caracteres suprimidos por ponto abreviativo, que normalmente se pe depois de consoante. Ex.: of. (ofcio), cap. (captulo), p. (pgina). No caso de encontro consonantal, o ponto abreviativo dever ficar aps a segunda consoante. Ex.: adv. (advrbio).

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Casos em que o ponto abreviativo vem aps a vogal: ago. (agosto), anu. (anurio), Ci. (Cincia), etc.

H abreviaturas j consagradas em que a supresso de letras ocorre no interior das palavras. Ex.: Cia (Companhia), Dra (Doutora), V. Exma (Vossa Excelentssima), cf. (conferir), tb. (tambm), fl. (folha). Por praticidade, as abreviaturas podem ser grafadas sem sobrelevao, seguidas de ponto (Cia., Dra., V. Exma.), desde que no formem palavras inadequadas, como profa. (professora), amo. (amigo), no. (nmero).

Deve ser mantido o hfen nas abreviaturas de palavras compostas. Ex.: ang.-sax. (anglosaxo), fac.-sm. (fac-smile). Mantm-se o acento da vogal tnica se esta fizer parte da abreviatura. Ex.: md. (mdico), mart. (martimo). O ponto abreviativo, quando coincide com o ponto-final, acumula a funo deste, por isso deve-se evitar a repetio. Ex.: Foram convidados para o debate: polticos, professores, engenheiros, etc. Pode-se usar a mesma abreviatura para distintas formas gramaticais da mesma palavra ou para palavras derivadas, se isso no causar ambiguidade. Ex.: comp. (compilador e compiladora), dir. (direo, diretor e diretora). Para fazer o plural das abreviaturas, normalmente acrescenta-se s. Ex.: caps. (captulos), advs. (advogados).

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Emprega-se tambm a duplicao de letras maisculas para indicar o plural. Ex.: AA. (autores), VV. AA. (Vossas Altezas). Por tradio, algumas abreviaturas formadas de letras minsculas seguem a mesma regra da duplicao para o plural. Ex.: ss. (seguintes), aa. (assinaturas).

No se abreviam nomes geogrficos. Ex.: Governador Valadares, e no Gov. Valadares. No entanto, abreviam-se os nomes das unidades da Federao. Ex: SP, PA, MA. Tambm no se abreviam palavras com menos de cinco letras. Ex.: maio. Excees: h (hora), id. (idem), S. (So), t. (tomo), v. (ver, veja, vide), S (Sul), conforme normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT).

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Conforme a denominao empresarial, emprega-se S.A. ou S/A para sociedade annima e Ltda. ou Lt.da para sociedade por cota limitada. Neste manual, optou-se pelas formas S.A. e Ltda.

2.2. SiglasAs siglas constituem casos especiais de abreviatura em que certos nomes prprios so reduzidos s suas letras ou slabas iniciais. Ex.: ONU (Organizao das Naes Unidas), PMDB (Partido do Movimento Democrtico Brasileiro), TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Entretanto, algumas siglas no so representadas por todas as letras iniciais. Ex.: Prodasen (Centro de Processamento de Dados do Senado Federal). H siglas j consagradas que, embora os nomes a que se referem tenham sido modificados, mantiveram-se inalteradas. Ex.: IBGE (Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), MEC (Ministrio da Educao). Emprega-se uma sigla quando ocorrem, no texto, repeties dos respectivos nomes prprios. Na primeira meno de sigla pouco conhecida, deve-se us-la entre parnteses, aps o nome a que se refere. Ex.: Coordenao de Aperfeioamento do Pessoal de Ensino Superior (Capes).

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2. REDUO GRFICA

2.2.1. Grafia das siglas As siglas podem ser grafadas: a) em letras maisculas, quando constitudas de duas ou trs letras. Ex.: BB (Banco do Brasil), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil); ou de quatro letras ou mais, se pronunciadas separadamente. Ex.: CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurdica); b) apenas com a inicial maiscula, quando pronunciadas como palavras. Ex.: Finsocial (Fundo de Investimento Social).

Modernamente no se usa ponto abreviativo aps as siglas. Ex.: EUA (Estados Unidos da Amrica). Faz-se o plural das siglas com o acrscimo de s minsculo. Nesse caso, no se usa apstrofe. Ex.: MPs (medidas provisrias), CPIs (comisses parlamentares de inqurito), TREs (tribunais regionais eleitorais). No se separam as letras ou slabas das siglas, como ocorre na translineao.

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Existem tambm as siglas mistas, em que letras maisculas e minsculas so usadas na sua estrutura. Ex.: CNPq, UnB, DFTrans, MCidades.

2.3. SmbolosConstituem smbolos as abreviaturas fixadas por convenes, quase sempre internacionais; por isso, no se subordinam s regras de abreviatura nem de ortografia. Os smbolos so empregados na indicao de unidades de medida, elementos qumicos e pontos cardeais. Normalmente so escritos com letra minscula e sem espao entre o nmero e o smbolo. No recebem ponto abreviativo nem admitem o plural. Ex.: 200g (200 gramas); 5km (5 quilmetros); 2h (horas). Havendo combinao de unidades de medida de tempo, elimina-se o espao entre o valor numrico e o smbolo. Optou-se, ainda, por no registrar o smbolo indicativo da ltima unidade. Ex.: 10h40, e no 10h40min. Escrevem-se com letras maisculas: os smbolos que se originam de nomes prprios. Ex.: W (watt), N (newton); os prefixos gregos. Ex.: M (mega), G (giga), MHz (megahertz); os smbolos dos elementos qumicos. Ex.: O (oxignio), Au (ouro), Ag (prata); os smbolos dos pontos cardeais. Ex.: N (norte), S (sul), L (leste), O (oeste).

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3. PArTiCuLAriDADES LXiCAS E GrAmATiCAiSAbaixo-assinado/abaixo assinado Abaixo-assinado Documento particular assinado por vrias pessoas, que contm reivindicao, pedido, manifestao de protesto ou de solidariedade. Ex.: Sugeriu um abaixo-assinado para solicitar a permanncia do diretor no cargo. Abaixo assinado Refere-se a pessoa que assina abaixo. Ex.: O candidato, abaixo assinado, requer o direito de resposta. A cerca de/acerca de/h cerca de A cerca de Significa a uma distncia de (no tempo e/ou no espao), perto de, aproximadamente. Ex.: Belo Horizonte fica a cerca de setecentos quilmetros de Braslia / Declarou isso a cerca de 20 pessoas. Acerca de Significa sobre, a respeito de. Ex.: Falavam acerca do processo. H cerca de Significa existem aproximadamente, faz aproximadamente. Ex.: H cerca de cem pessoas no auditrio / H cerca de duas semanas, o processo foi protocolado. A expensas de/s expensas de Significam custa de e ambas as expresses devem ser consideradas corretas, como registra o Vocabulrio ortogrfico da lngua portuguesa (Volp), da Academia Brasileira de Letras (ABL), embora alguns dicionaristas e gramticos registrem apenas a forma a expensas de. Ex.: Sem nenhuma preocupao, vivia a expensas da famlia [ou s expensas da]. A fim de/afim de A fim de Indica finalidade e equivale a para. Ex.: Estamos aqui a fim de trabalhar. Afim/Afins Refere-se ao que apresenta afinidade, semelhana, parentesco. Ex.: Ele se tornou inelegvel por ser parente afim do prefeito / Trata-se de casos afins.

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medida que/na medida em que medida que Significa proporo que, ao passo que, conforme. Ex.: A opinio popular mudava medida que se aproximava a eleio. Na medida em que Significa porque, porquanto, uma vez que, pelo fato de que. Ex.: Na medida em que foi constatada a sua inconstitucionalidade, o projeto foi arquivado.

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Devem ser evitadas as formas medida em que e na medida que.

Ao nvel de/em nvel (de) Ao nvel de usado no sentido de mesma altura. Ex.: A cidade de Santos est ao nvel do mar. Em nvel (de) usado no sentido de nessa instncia. Ex.: Isso ocorreu em nvel ministerial [ou em nvel de ministrio].

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A expresso a nvel de constitui modismo e deve ser evitada.

Ao encontro de/de encontro a Ao encontro de Significa em busca de, em favor de, encontrar-se com, corresponder ao desejo de. Ex.: Houve entendimento, pois a opinio da maior parte dos estudantes ia ao encontro das propostas da direo. De encontro a Significa oposio, contra, em contradio. Ex.: Houve divergncia, pois a opinio da maior parte dos estudantes ia de encontro s propostas da direo. A olhos vistos Expresso invarivel. Significa visivelmente. Ex.: O amigo envelhecia a olhos vistos. Ao invs de/em vez de Ao invs de Significa ao contrrio de e encerra a ideia de oposio. Ex.: Os juros, ao invs de baixarem, sobem. Em vez de Significa em lugar de, e tambm ao contrrio de. Ex.: Estudou Direito Penal em vez de Direito Constitucional.

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3 PARTICULARIDADES LXICAS E GRAMATICAIS

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Em caso de dvida, use em vez de.

A partir de Emprega-se no sentido de a comear de, a datar de. Ex.: Esta lei entra em vigor a partir da data de sua publicao. No sentido de com base em, prefira considerando, baseando-se em, tomando-se por base. Ex.: Os estudos foram feitos considerando as leis vigentes. Aresto/arresto Aresto Significa acrdo, deciso de Tribunal. Ex.: O aresto do TSE sobre inelegibilidade consta do parecer do ministro. Arresto Significa apreenso judicial, embargo. Ex.: O arresto dos bens dos envolvidos no crime se deu em janeiro. Atravs de Deve ser usado como de um lado para outro, de lado a lado, por entre, no decurso de. Ex.: Via as pessoas na rua atravs da janela.

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No sentido de meio ou instrumento, use por, mediante, por meio de, por intermdio de. Ex.: O ru pronunciou-se por meio de advogado.

Como sendo Expresso desnecessria. Deve ser evitada. Ex.: Foi considerado [como sendo] o melhor funcionrio do ano. Custa-me No sentido de ser difcil ou doloroso, ter dificuldade, custar verbo transitivo indireto, e o sujeito sempre oracional. Ex.: Custa-me compreender essa atitude / No lhe custou tomar a deciso. De o(a)/ de ele(a) No deve haver combinao da preposio de com artigo ou pronome quando fazem parte do sujeito de infinitivo. Nesse caso, devem-se usar as formas de a, de ele. Ex.: Depois de o relator votar, o ministro pediu vista do processo / Apesar de ele estar bem nas pesquisas, no conseguir eleger-se. Demais/de mais Demais Significa em demasia ou em excesso. Ex.: Trabalhou demais. Pode ser ainda pronome indefinido. Ex.: Os demais permaneceram sentados.

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Demais pode significar alm disso. Nesse sentido tambm se empregam as formas ademais, ao demais, de mais a mais, demais disso. Ex.: Demais disso, espera-se o uso correto da urna eletrnica.

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De mais Ope-se a de menos. Ex.: Ganhou dinheiro de mais. Dentre/entre Dentre Combinao das preposies de + entre. Significa do meio de e empregase quando h exigncia das duas preposies, quando h ideia de movimento para fora de um mbito. Esse movimento pode ser real ou no, o que ocorre com verbos como sair, tirar, surgir, escolher. Ex.: Dentre os processos, tirou apenas um / Dentre os candidatos, saiu vitorioso o mais comunicativo / Sero escolhidos trs juzes dentre os ministros do STF / O TSE eleger seu presidente e seu vice dentre os ministros do STF. Entre Empregado nos demais casos. Ex.: Entre as autoridades estava o presidente da Repblica / Ele o mais carismtico entre os lderes.

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Dentro de e dentro em significam no interior de, no ntimo de, no espao de, diferindo semanticamente de dentre. Assim, diz-se: dentro da sala, dentro da alma, dentro de breve tempo, dentro em breve, dentro em pouco, etc.

Deputado por Deve-se empregar a preposio por, e no de. Ex.: Ele foi deputado por So Paulo e pela Bahia. Desde Significa a comear de, a contar de, a partir de e expressa as relaes de ponto de partida no espao ou no tempo. Ex.: Percorreu o parque desde o porto principal / Foi secretrio desde 1987.

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No se deve usar desde de, pois a preposio de torna-se excessiva. Assim, diz-se: Chove desde a manh; no se diz: Chove desde de manh.

Em funo de Exprime finalidade, dependncia ou correlao. Ex.: vedado administrao pblica licitar em funo de critrios que desrespeitem o princpio da igualdade de condies de todas as concorrentes. Evite usar a expresso para denotar relao de causa e efeito, como sinnimo de por causa, graas a, em virtude de. Ex.: Os prazos foram suspensos em funo [prefira em razo] do recesso forense.

Em que pese a Significa ainda que o magoe, ainda que lhe custe. Por isso invarivel. Ex.: Em que pese aos infratores, a lei necessria.

3. PARTICULARIDADES LXICAS E GRAMATICAIS

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H aqueles que empregam em que pese(m) com sentido de ter valor, importncia, influncia. Nesse caso, h concordncia. Ex.: Em que pesem os fundamentos do acrdo impugnado, v-se que o recorrente demonstrou que a situao ftica no constitui abuso de poder econmico.

Em termos (de) Expresso que constitui modismo e deve ser evitada. Ex.: Estes so ndices nacionais, e no Estes so ndices em termos nacionais. Eminente/iminente Eminente Significa elevado, nobre, sublime. Ex.: O eminente lder apresentou sua defesa. Iminente Significa prximo, imediato. Ex.: O perigo era iminente e inevitvel. Enquanto Emprega-se essa conjuno nos seguintes sentidos: a) quando, no tempo em que, durante o tempo que. Ex.: Permaneci naquele emprego enquanto era til empresa; b) medida que, proporo que. Ex.: Enquanto se apuravam os votos, a vitria ficava mais certa; c ) ao passo que. Ex.: Voc se saiu bem nos exames, enquanto eu me sa mal.

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No se usa enquanto para caracterizar relaes atemporais e atributos em substituio a na condio de, na qualidade de. Ex.: A poltica, como cincia, construtiva, e no A poltica, enquanto cincia, construtiva. O emprego da partcula que em seguida conjuno enquanto torna-se excessivo, por isso deve ser evitado.

Entre mim e ti Os pronomes oblquos exercem funo de complemento verbal. Os tnicos vm sempre regidos de preposio: entre mim, sem ti, contra mim, para ti, etc.; caso que no ocorre com os pronomes retos eu e tu. Por isso, no se deve usar: entre eu e tu, sem eu e tu, contra eu e tu, para eu e tu, etc. Ex.: A disputa ser entre mim e ti.

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Depois de preposies acidentais, como afora, exceto, salvo, segundo, tirante, emprega-se eu ou tu. Ex.: Afora eu, todos o abandonaram.

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Esse/este/aquele Assinalam a posio (lugar e tempo) do objeto designado relativamente s pessoas do discurso (falante/ouvinte) e ao assunto do discurso (o ser de que se fala), conforme descrito a seguir: Em relao ao espao: Este: Situao prxima. Ex.: Neste captulo [o captulo que voc est escrevendo] apresentamos os objetivos... Esse: Situao intermediria ou distante. Ex.: Em ateno ao pedido dessa instituio, estamos remetendo a V. Sa. o boletim ECO. Aquele: Situao longnqua. Ex.: Traga-me aqueles livros que esto na mesa. Em relao ao tempo: Este: Presente. Ex.: No h ocorrncia de acidentes nesta data. [Hoje]. Esse: Passado ou futuro. Ex.: O presidente estar na cidade por esses dias... Aquele: Passado remoto ou vago. Ex.: A histria do voto no Brasil comeou em 1532. J naquela poca, era proibida a presena de autoridades do Reino nos locais de votao. Em relao ao discurso: Este: Que vai ser tratado. Ex.: Dentre os deveres do Estado esto estes: sade, educao e moradia. Esse: Que foi mencionado anteriormente. Ex.: Todas essas premissas [mencionadas antes] apontam para um clmax na poltica mundial. Aquele: Entre dois ou trs fatos citados. Ex.: Houve uma guerra no mar entre corsrios de Frana e Inglaterra: estes [de Inglaterra] venceram aqueles [de Frana] / Trs naes ganham destaque: China, ndia e Brasil. Esta pela agroindstria, essa por servios, aquela pela indstria.Demonstrativo Pessoa Espao Tempo Discurso

Este Esse Aquele

1 2 3

Prximo Intermedirio ou distante Longnquo

Presente Passado ou futuro Passado remoto ou vago

A ser mencionado J mencionado Entre mais de um mencionado

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3. PARTICULARIDADES LXICAS E GRAMATICAIS

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Este tambm pode ser usado para se referir ltima coisa citada no texto, uma vez que o uso de outro pronome poderia prejudicar a compreenso. Ex.: Promotores pblicos das cmaras, que funcionam perante os juzes e juntas eleitorais, no exercem as funes de representantes do Ministrio Pblico nas eleies suplementares, de vez que estas [eleies suplementares] so apuradas pelo prprio Tribunal Regional.

Face a/em face de A expresso face a, embora muito comum, no dicionarizada. Empregue em face de, que significa perante, defronte, em frente de, diante de, em virtude de. Ex.: Adoto este parecer em face da jurisprudncia.

!H/a

No adequado tambm o emprego da expresso em face a; entretanto, existe fazer face a, significando opor-se, custear, suprir. Ex.: Trabalhou muito para fazer face s despesas do curso.

H (verbo haver) Significa existir, fazer (tempo decorrido), realizar-se, acontecer. Ex.: H [existem] muitos eleitores nesta seo eleitoral / Voto em Braslia h [faz] dois anos / H [realizam-se] reunies semanais. Saiu h pouco tempo. A preposio. Nesse caso, exprime tempo futuro ou distncia. Ex.: Daqui a dois meses encerra-se o prazo para as inscries / Ele mora a dois quilmetros do Tribunal. Haja vista Expresso invarivel que significa veja, considere-se, leve-se em conta. Ex.: O relator julgou improcedente o pedido, haja vista o relatrio do acrdo. Inobstante/No obstante Inobstante No est registrado no Vocabulrio ortogrfico da lngua portuguesa nem nos principais dicionrios da lngua portuguesa. Empregue no obstante. No obstante Significa apesar de, contudo, no entanto. Ex.: No obstante as dificuldades para realizar o trabalho, apresentou-o no prazo determinado. Insipiente/incipiente Insipiente Significa ignorante, insensato, imprudente. Ex.: O homem insipiente no conhece os seus prprios direitos.

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Incipiente Significa que est no comeo, principiante. Ex.: A singularidade da espcie explica o grau de individualizao da carga acusatria na fase incipiente em que se encontra o feito. Junto a Deve ser empregado no sentido de ao lado de, perto de, adido a. Ex.: O segurana posicionou-se junto ao ru / O ex-presidente foi nomeado embaixador junto ao governo de Portugal. O uso dessa locuo em outras acepes no aconselhado por gramticos; usa-se ento a preposio conforme a regncia do verbo. Ex.: O sindicato mantm as negociaes com a diretoria; no junto diretoria / Solicitou providncias do ministrio; no junto ao ministrio / Entrou com recurso no TSE; no junto ao TSE.

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Mais bem/mais mal/melhor/pior Mais bem e mais mal Empregam-se antes de particpio. Ex.: O processo estava mais bem instrudo do que se esperava / Este parecer est mais mal redigido que o outro. Melhor e pior Empregam-se como formas comparativas dos advrbios bem e mal e dos adjetivos bom e mau. Ex.: Escreve melhor [advrbio] do que fala / O melhor [adjetivo] currculo ser escolhido. Mandato/mandado Mandato Significa procurao, delegao, misso, ordem de superior para subordinado, poderes polticos outorgados pelo povo a algum para governar nao, estado ou municpio ou represent-lo no Legislativo. Ex.: O deputado no concluiu o seu mandato. Mandado Como substantivo, quer dizer incumbncia, mandamento, ordem emanada de autoridade judicial ou administrativa. Ex.: O oficial de justia apresentoulhe o mandado de priso. Mesmo Varia em gnero e nmero quando funciona como demonstrativo de carter reforativo. Ex.: Ela mesma diz que merece a punio / Eles mesmos dizem que merecem a punio.

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3. PARTICULARIDADES LXICAS E GRAMATICAIS

Empregado como advrbio, invarivel e equivale a exatamente, justamente, at, ainda, realmente, verdadeiramente. Ex.: Mesmo os advogados discordaram da sentena / Trabalhou muito mesmo. Evite construes que tenham a expresso o mesmo em substituio a outro tipo de pronome ou a um substantivo. Observem-se os casos:

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a) O ministro pediu vista do processo, pois o mesmo precisava analisar melhor a questo [Nesse caso, omita o mesmo]; b) Vou ao gabinete do chefe e com o mesmo tratarei desse assunto [Nesse caso, substitua o mesmo por ele]; c) O processo foi analisado por dois juristas e os mesmos conhecem profundamente o assunto [Nesse caso, substitua e os mesmos por que].

Onde/aonde/donde Onde Como advrbio interrogativo, significa em que lugar, em qual lugar. Usa-se em referncia a situao esttica. Ex.: O eleitor vota onde? O eleitor vota na zona eleitoral. Aonde (a+onde) Significa a que lugar, lugar a que ou ao qual. Usa-se em referncia a situao dinmica e com verbos que pedem a preposio a, como ir a, chegar a. Ex.: Ele foi aonde? Ele foi ao Tribunal. Donde (de+onde) Significa de qual lugar, de que lugar, da. usado para indicar situaes de procedncia, origem, causa, concluso. A forma de onde tambm correta. Ex.: As reclamaes vieram donde? [ou de onde?].

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Em linguagem padro, onde deve ser limitado aos casos em que haja indicao de lugar fsico. Quando no for possvel essa indicao, deve-se usar em que, no qual, na qual, e seus derivados. Ex.: No merecem acolhida os embargos com ntido carter infringente nos quais se objetiva rediscutir a causa; e no onde se objetiva rediscutir a causa.

Para eu/para mim O pronome pessoal eu exerce a funo de sujeito; mim, de complemento verbal ou de adjunto adverbial, razo por que as formas gramaticalmente corretas so: O relatrio para eu ler / Deixaram o trabalho para mim. No primeiro caso, eu sujeito do verbo no infinitivo (ler) e, no segundo, mim complemento verbal (objeto indireto) do verbo deixar. Ex.: Ela chegou at mim. Essa mesma norma se aplica a para ti e para tu.

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Os pronomes oblquos tambm exercem a funo de sujeito do infinitivo quando so complementos dos verbos deixar, fazer, mandar, ver, ouvir e sentir. Ex.: Deixe-me fazer o trabalho / Viram-no andar pela rua.

Pertine/no que diz respeito a A forma pertine no dicionarizada. Use, em seu lugar, no que diz respeito a, no que respeita a, no tocante a, com relao a, etc. Ex.: No tocante a este aspecto legal, meu voto favorvel. Por que/por qu/porque/porqu Emprega-se por que: a) em frases interrogativas diretas e indiretas. Ex.: Por que voc no vai? Quero saber por que voc no vai. b) quando equivale a pelo qual e suas variaes. Ex.: Esse o motivo por que [pelo qual] foi advertido. Desconhecemos as razes por que [pelas quais] o processo foi arquivado. Emprega-se porque quando conjuno. Ex.: Prepare-se porque as eleies esto chegando. O processo foi arquivado porque no havia provas. Tambm se emprega porque nas interrogativas em que a resposta j sugerida. Ex.: A sesso foi adiada porque acabou a energia? Emprega-se porqu quando substantivado e equivalente a causa, motivo, razo. Ex.: Sabendo um porqu do caso, saberemos todos os porqus.

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Emprega-se por qu no final de frases, ou seja, quando tnico. Ex.: A sesso no se realizou por qu? Est alegre e no sabe por qu. No sei por qu, mas todos os processos foram arquivados

Posto que Significa embora, ainda, se bem que, conquanto, mesmo que. Ex.: O trabalho, posto que fosse rduo, acabou no prazo. Evite usar no sentido de pois, porque, visto que. Ex.: A ao foi julgada improcedente, visto que [no posto que] havia prova da inocncia do ru. Protocolar/protocolizar Ambas as formas encontram-se registradas no Vocabulrio ortogrfico da lngua portuguesa e em outros dicionrios, portanto so corretas. Quando de Essa expresso galicismo, por isso deve ser substituda por no momento de, no tempo de, por ocasio de. Ex.: Por ocasio da consulta, o Tribunal estava de recesso; no Quando da consulta...

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3. PARTICULARIDADES LXICAS E GRAMATICAIS

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Emprega-se quando de em construes em que o verbo rege a preposio de. Ex.: Quando do trabalho voltvamos, ouvimos a notcia [Quando voltvamos do trabalho...] / Quando de esforo resulta uma vitria, a satisfao maior [Quando uma vitria resulta de esforo...].

Se no/seno Se no Empregado quando o se for conjuno e iniciar orao subordinada condicional, equivalendo a caso no, quando no. Ex.: O acusado, se no [caso no] comparecer, ser prejudicado. So problemas que, se no [quando no] resolvidos, complicam a situao. Seno Equivale a exceto, salvo, a no ser, de outro modo, do contrrio, mas, mas sim, mas tambm. Ex.: Essa eficcia no se opera unicamente em favor do eleitor, seno [a no ser] tambm dos partidos / Confessa, seno [do contrrio] sers preso. Tampouco/to pouco Tampouco Significa tambm no, nem sequer. Por isso, dispensa o acompanhamento da partcula nem. Ex.: No compareceu sesso eleitoral, tampouco se justificou. To pouco Nessa expresso o advrbio to modifica a palavra pouco, que pode ser advrbio ou pronome indefinido. Ex.: Argumentou to pouco [advrbio] que no convenceu os eleitores / Revelou to pouco [pronome indefinido] interesse pelo assunto.

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Como pronome indefinido, pouco flexiona-se concordando com o substantivo a que se refere. Ex.: Tomou to poucas decises...

To s/to somente Constituem formas reforadas do advrbio somente. Ex.: Reuniram-se to s/to somente para votar o projeto. To s pode ainda significar muito s, em que to advrbio de intensidade (tanto), modificando o adjetivo s (solitrio, nico, isolado). Ex.: Esta comunidade vivia to s que criou regras prprias de convivncia. Ter/haver Deve-se evitar o emprego do verbo ter no sentido de haver, existir. Ex.: Na urna h/existem muitos votos; no Na urna tem muitos votos.

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Ver/vir Ver No futuro do subjuntivo, flexiona-se da seguinte forma: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem. Ex.: Se eu a vir, entregarei o livro. Vir No futuro do subjuntivo, tem a seguinte flexo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem. Ex.: Se eu vier, trarei o livro. Vultosa/vultuosa Vultosa da famlia etimolgica de vulto (volume) e significa volumosa, grande, robusta. Ex.: O Ministrio Pblico ajuizou representao por vultosos gastos ilcitos durante a campanha eleitoral. Vultuosa da famlia de vultuosidade (estado de inchao do rosto, particularmente dos lbios e dos olhos). Ex.: O rosto vultuoso do homem chamava a ateno das pessoas.

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4. CoNCorDNCiAA concordncia consiste em se adaptar a palavra determinante ao gnero, nmero e pessoa de palavra determinada.

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4.1. Concordncia nominalDestacam-se neste manual alguns casos especiais de concordncia nominal. Alerta Como advrbio invarivel e significa atentamente, vigilantemente. Ex.: As tropas mantiveram-se alerta. Como substantivo, varivel e significa aviso ou sinal para estar vigilante. Ex.: A secretria do ministro recebeu dois alertas de vrus no seu computador. Como adjetivo, varivel e aplicado no sentido de atento, vigilante. Ex.: Nada lhes escapa, pois so homens alertas. Anexo adjetivo e concorda em gnero e nmero com o nome a que se refere. Ex.: Encaminho as planilhas anexas para sua anlise.

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A expresso em anexo, embora bastante utilizada em linguagem comercial e jurdica, deve ser evitada. Mesmo, prprio, incluso e apenso seguem essa mesma regra do adjetivo anexo. Ex.: Eles prprios redigiram a petio.

Bastante Como advrbio, invarivel. Ex.: As decises devem ser bastante discutidas. Como adjetivo, varivel. Ex.: O pas no possui recursos bastantes para a obra. proibido/ necessrio/ preciso/ permitido/ bom/ possvel Esses predicados no variam se o sujeito vier sem determinante (artigo ou pronome). Ex.: necessrio pacincia em qualquer situao / possvel coligaes diferentes. Variam, porm, se o sujeito vier com determinante. Ex.: necessria a apresentao do ttulo eleitoral. Meio Como advrbio, invarivel e significa um pouco, quase, um tanto. Ex.: Os escrutinadores estavam meio cansados. Como adjetivo ou numeral, varivel e significa incompleto, inacabado, metade de um. Ex.: Disse meias verdades [adj.] / Chegou ao meio dia e meia [= numeral, metade de uma hora].

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Menos invarivel, independentemente da classe gramatical. Ex.: Hoje trabalhou menos / Vendeu menos aes que o corretor / Saram todos, menos a juza. O mais possvel O adjetivo possvel que acompanha o mais, o menos, o melhor, o pior varia conforme o artigo que inicia essas expresses. Ex.: Buscava exemplos o mais claros possvel / Buscava exemplos os mais claros possveis. S Como adjetivo, varivel e significa sozinho, solitrio, isolado, desamparado. Ex.: Os meninos de rua esto ss. Como advrbio, invarivel e significa somente, apenas, unicamente. Ex.: Eles s se manifestaro pelo voto.

4.2. Concordncia verbalNeste tpico, algumas regras gerais e outras especficas foram abordadas. 4.2.1. Verbo passivo O verbo (transitivo direto) empregado com o pronome apassivador se concorda com o sujeito. Ex.: Aperfeioam-se as leis eleitorais [= As leis eleitorais so aperfeioadas] / Observar-se- a jurisprudncia nesse caso [= A jurisprudncia ser observada]. 4.2.2. Verbo ser O verbo ser concorda com: a) o termo da orao que indicar pessoa, seja sujeito, seja predicativo. Ex.: Maria era as alegrias da casa / As alegrias da casa era Maria; b) o pronome pessoal, independentemente de ser sujeito ou predicativo. Ex.: Ela era s felicidades / O Tribunal somos ns; c) o sujeito ou o predicativo, conforme a nfase que se queira dar a esses elementos, se forem substantivos comuns de nmeros diversos. Ex.: A reunio era s agresses / A vida naquela favela eram tiros, tiros e tiros.

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4. CONCORDNCIA

O verbo ser concorda com o predicativo: a) quando o sujeito constitudo por um dos pronomes interrogativos que e quem, pelo pronome indefinido tudo ou por um dos demonstrativos isto, isso, aquilo e o predicativo for um substantivo plural. Ex.: Quem eram os ministros? / Que so leis delegadas? / Nem tudo so flores. / Isto so votos vlidos; b) quando o sujeito uma expresso de sentido coletivo ou partitivo. Ex.: O resto so dvidas / A maioria eram mesrios; c) nas oraes que exprimem horas, datas e distncias. Ex.: uma hora / Hoje so vinte de setembro.

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Se a palavra dia vier expressa, o verbo fica no singular. Ex.: Hoje dia vinte de setembro.

O verbo ser, quando acompanhado de palavras tais como pouco, bastante, suficiente, fica no singular, independentemente do nmero em que estiver o sujeito. Ex.: Dois dias pouco tempo para aprender tudo isso / Trs mil reais bastante para essa doao. 4.2.3. Verbos impessoais Os verbos haver (no sentido de existir, acontecer, realizar e tempo decorrido), fazer (em referncia a tempo cronolgico ou condies climticas), bastar e chegar (indicando suficincia e seguidos da preposio de) e os que indicam fenmenos da natureza so impessoais, portanto empregam-se somente na 3a pessoa do singular. Ex.: Haver sesses noite / Faz vinte dias que o documento foi protocolado / Fazia invernos rigorosos / Chega de falsas promessas / Chove muito na regio.

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Nas locues verbais, a impessoalidade do verbo haver transmitida ao seu auxiliar. Ex.: Dever haver sesses noite. 4.2.4. Sujeito coletivo

O verbo fica no singular quando o sujeito coletivo. Ex.: O pessoal das reas de jurisprudncia e documentao no atendeu ao chamado. Admite-se o verbo tambm no plural quando o coletivo vier especificado. Ex.: Um grupo de eleitores ficou impedido [ou ficaram impedidos] de votar.

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4.2.5. Outros casos A maioria de/grande parte de O sujeito constitudo por expresses do tipo a maioria de, grande parte de, metade de, etc., seguidas de nome no plural, leva o verbo para o singular ou para o plural. Ex.: A maioria dos votos confirmou/confirmaram o resultado das pesquisas.

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Quando o verbo precede o sujeito, a concordncia se efetua no singular. Ex.: Votou pelo indeferimento do pedido a maioria dos ministros.

Cerca de/mais de/menos de/perto de Essas expresses, seguidas de um nmero no plural, para indicar quantidade aproximada, levam o verbo para o plural. Ex.: Cerca de 200 deputados manifestaram apoio emenda. Quando se tratar da expresso mais de um, o verbo fica no singular, concordando com o substantivo que o acompanha. Ex.: Mais de um senador manifestou o voto a favor da emenda. Se a expresso mais de um vier repetida ou indicar reciprocidade, o verbo dever ficar no plural. Ex.: Mais de um deputado, mais de um senador se manifestaram a favor das reformas / Mais de um eleitor cumprimentaram-se.

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Com Sujeitos ligados pela preposio com levam o verbo para: a) o plural, quando a ideia for de participao simultnea deles na ao. Ex.: O lder com o vice-lder elaboraram o projeto; b) o singular, quando se destaca a participao do primeiro sujeito na ao. Nesse caso, o segundo sujeito deve ficar entre vrgulas. Ex.: O presidente, com os familiares, compareceu solenidade. Como/assim como/bem como/tanto... como Se os sujeitos estiverem ligados por uma dessas conjunes, o verbo concordar: a) com o primeiro sujeito, quando se quiser destac-lo. Nesse caso, o segundo sujeito vem entre vrgulas. Ex.: O recorrente, como o seu advogado, ficou inconformado com a deciso da Justia; b) com os dois sujeitos, se considerados termos que se adicionam. Nesse caso, no h vrgula entre os sujeitos. Ex.: Tanto o senador como o deputado colocaramse a favor da causa.

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4. CONCORDNCIA

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Assim tambm ocorre com sujeitos ligados pela srie aditiva enftica no s... mas tambm; no s... como tambm; no s... seno tambm, etc. Ex.: No s o governo como tambm o povo concordaram com as medidas.

Nem um nem outro O sujeito formado por essa expresso leva o verbo, de preferncia, para o singular. Ex.: Suspeita-se que nem um nem outro disse a verdade. Ou/nem Quando o sujeito composto vier ligado por ou ou por nem, o verbo poder ir para: a) o plural, se o fato expresso pelo verbo puder ser atribudo a todos os ncleos do sujeito. Ex.: Medida provisria ou decreto legislativo fazem parte da hierarquia das leis. Nem o esforo nem a dedicao de ltima hora o salvariam da reprovao; b) o singular, quando houver ideia de excluso ou de alternncia. Ex.: O secretrio ou o coordenador apresentar o relatrio [excluso] / Nem o ouvido, nem o gosto pode discernir entre cor, som e sabor Manuel Bandeira [alternncia]. Porcentagem Quando o nmero percentual fizer parte do sujeito da orao, a concordncia se far com: a) o numeral, se desacompanhado de nome. Ex.: Setenta e cinco por cento desejam mudanas na Constituio; b) o nome que se segue ao numeral. Ex.: Noventa por cento dos eleitores votaram / Noventa por cento da populao votou / Um por cento dos votos foram computados / Um por cento do eleitorado no compareceu s urnas; c) o artigo ou o pronome que vier determinando o percentual. Ex.: Os vinte por cento da dvida foram perdoados / Esse um por cento pertence aos trabalhadores. Tudo/nada/ningum Quando o sujeito composto vier resumido por um desses pronomes indefinidos, o verbo fica no singular. Ex.: Relatrios, atas, resolues, tudo j foi conferido. Um dos que O sujeito formado pela expresso um dos que leva o verbo, de preferncia, para o plural. Ex.: Este caso um dos que ferem a Constituio. Um ou outro Com a expresso um ou outro, o verbo fica no singular. Ex.: Um ou outro ministro ser o relator.

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5. rEGNCiAAs palavras estabelecem uma relao de dependncia entre si para formar um todo significativo. A relao, sempre intermediada por preposio, que se estabelece entre um nome (subs., adj. ou adv.) e os termos regidos por ele denomina-se regncia nominal. Ex.: Obedincia s leis de trnsito. Quando se estabelece essa relao entre um verbo e seu complemento [obj. dir. ou obj. ind.], tem-se a regncia verbal. Ex.: Obedecer s leis. Neste manual, abordou-se apenas a regncia verbal.

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5.1. Regncia verbalA seguir, destacam-se alguns verbos que, em linguagem jurdica, assumem significaes e regncias prprias. Acordar Transitivo indireto, no sentido de vir a um acordo, concordar. Ex.: Os ministros do TSE acordam em negar provimento ao agravo. Anuir Transitivo indireto ou intransitivo, no sentido de concordar e fazer sinal de consentimento. Ex.: O juiz anuiu a seu pedido / Os juzes anuram. Apelar Transitivo indireto ou intransitivo, no sentido de recorrer por apelao a instncia superior para pedir a reforma de sentena de juzo inferior; interpor recurso ou apelao. Ex.: A defesa apelou da sentena / O promotor apelou. Atender Transitivo direto ou indireto. Para pessoas, use a regncia direta (atender algum). Ex.: O mdico atendeu o paciente. Recomenda-se usar essa regncia tambm para telefone, campainha, comunidade, bairro, cidade, etc., porquanto fica claro que se atende quem faz a ligao telefnica, toca a campainha, os moradores do bairro, da cidade, regio, etc. Ex.: Norminha English adora atender o telefone / Elesbo Estvo no quis atender a campainha / O governador disse que atender o Varjo. Para coisas (pedidos, sugestes, reivindicaes, etc.), use a regncia indireta (atender a). Ex.: O ministro presidente atender s reivindicaes dos servidores / Manoel Anselmo sempre atende aos pedidos de seus alunos / Judith Revolution no atendeu intimao da Justia.

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Autuar Transitivo direto, no sentido de reduzir a auto, lavrar autos contra, processar. Ex.: O servidor autuou o processo. Avocar Transitivo direto ou transitivo direto e indireto, no sentido de chamar, atribuirse. Ex.: Compete ao procurador avocar processo que esteja sob exame de qualquer membro do Ministrio Pblico / O presidente avocou a si a deciso sobre o projeto. Certificar Transitivo direto, no sentido de afirmar a certeza, passar a certido de. Ex.: O secretrio certificar a aprovao no concurso. Transitivo direto e indireto, no sentido de tornar ciente, afirmar. Ex.: Ele o certificou do julgamento. Comparecer Intransitivo ou transitivo indireto, no sentido de aparecer, apresentar-se em local determinado ou em juzo perante magistrado ou funcionrio judicial. Ex.: Somente as testemunhas de defesa compareceram / A testemunha compareceu perante o juiz. Competir Transitivo indireto, no sentido de concorrer na mesma pretenso, disputar ttulo, ser da competncia ou atribuio, caber, pertencer por direito, ser de obrigao. Ex.: O candidato mais forte competia com o irmo / Isso no compete ao chefe da seo / Parte dos bens compete aos filhos. Conhecer Transitivo indireto, no sentido de juiz ou Tribunal ser competente para intervir num processo; dar-se por competente para julgar; acolher a causa, rege a preposio de. Ex.: O ministro conheceu do recurso. Consistir Transitivo indireto, no sentido de compor-se, basear-se. Ex.: O procedimento de apurao consistia em duas etapas / O saber jurdico consiste em princpios sedimentados. Decidir Transitivo direto ou indireto, no sentido de resolver, determinar, sentenciar, julgar. Ex.: O ministro decidiu [sobre] a questo rapidamente. Deferir Transitivo direto, no sentido de atender, condescender, anuir (o que se pede ou requer). Ex.: Ele deferiu o pedido. Transitivo direto e indireto no sentido de outorgar, conferir e conceder. Ex.: O prefeito deferiu a solicitao associao de moradores.

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5. REGNCIA

Deliberar Transitivo direto ou indireto, no sentido de decidir, resolver aps exame. Ex.: A Corte deliberou punir os culpados / O TSE deliberou sobre os recursos especiais. Implicar Transitivo direto, no sentido de requerer, demandar; embaraar; trazer como consequncia, produzir como consequncia, acarretar e provocar. Ex.: A desobedincia dos motoristas no trnsito pode implicar srias consequncias. Transitivo direto e indireto, no sentido de envolver, comprometer. Ex.: Implicaram-no em crime eleitoral. Transitivo indireto, no sentido de ter implicncia com, ser inconcilivel, rege a preposio com. Ex.: Implicava com o guarda. Notificar Transitivo direto ou transitivo direto e indireto, no sentido de intimar, dar conhecimento de ordem judicial a, informar, comunicar, participar, dar notcia ou conhecimento de. Ex.: O juiz notificou o condenado / O oficial notificou o ru do teor da deciso. Prescrever Transitivo direto, no sentido de ordenar, determinar; preceituar, indicar com preciso. Ex.: O diretor-geral prescreveu normas para a licitao. Transitivo direto e indireto, no sentido de marcar, fixar. Ex.: O setor prescreveu novo prazo aos servidores para entrega de documentos. Intransitivo, no sentido de ficar sem efeito por ter decorrido certo prazo legal, caducar, cair em desuso; incidir em prescrio. Ex.: A pena j prescreveu. Presidir Transitivo direto ou indireto, no sentido de dirigir como presidente; orientar, nortear. Ex.: Preside a [] sesso com tranquilidade. Proceder Transitivo indireto, no sentido de originar-se, descender; realizar, fazer, efetuar. Ex.: O presidente proceder nomeao de novo ministro. Intransitivo, no sentido de ter fundamento, continuar, agir, comportar-se, ser decisivo na prova, concluir. Ex.: Esse recurso no procede / O ministro procedeu exemplarmente. Prover Transitivo direto, no sentido de receber e deferir (um recurso), ordenar; dispor. Ex.: O Colegiado proveu o recurso. Transitivo direto e indireto, no sentido de nomear algum para cargo ou emprego. Ex.: O ministro da Justia o prover para o cargo de secretrio-geral. Recorrer Intransitivo ou transitivo indireto, no sentido de interpor recurso judicial, apelar. Ex.: O vereador recorreu [da deciso].

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Residir/morar/situar-se Transitivo indireto. Recomenda-se que esses verbos sejam usados com a preposio em e no com a preposio a, por se tratar de verbos chamados estticos ou de quietao. Ex.: Mona residia na Rua dos Inquietos / Aquele valento mora na Vila do Sossego / Braslia situa-se no Planalto Central.

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Com verbos ditos de movimento para, como ir, chegar, etc., usa-se a preposio a. Ex.: Foi ao cinema com Maria Dolores / Chegou casa com o rosto pintado de verde limo.

Ressarcir Transitivo direto ou transitivo direto e indireto, no sentido de compensar, indenizar. Ex.: A empresa ressarcir os prejuzos [aos muturios].

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6. ProNomES PESSoAiSOs pronomes pessoais substituem os substantivos e representam as trs pessoas do discurso. Podem ser retos, oblquos e de tratamento. Neste manual, trataremos apenas dos dois ltimos.

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6.1. Pronomes oblquosOs pronomes pessoais oblquos funcionam como complemento verbal ou nominal. Ex.: Cumprimentou-o no Plenrio / Sentia respeito por si mesmo. As formas tonas o, a, os, as, me, te, se, lhe, nos, vos, se e lhes vm desacompanhadas de preposio. Ex.: Alinho-me com a doutrina e a jurisprudncia. As formas tnicas mim, ti, ele, ela, si, ns, vs, eles, elas e si vm sempre antecedidas de preposio. Ex.: Sempre chamava para si a responsabilidade. Quando os pronomes oblquos tonos o, a, os, as vm ligados a verbos terminados em R, S ou Z, assumem as formas lo, la, los, las. Ex.: preciso registr-lo [registrar + o] no prazo / Examinamo-los [examinamos + os] detalhadamente / F-los [fez + os] participar do evento. Os pronomes oblquos tonos o, a, os, as, quando vm ligados a verbos terminados em M ou em ditongo nasal (am, em, o, e), assumem as formas no, na, nos, nas. Ex.: Impediram-no [impediram + o] de sair / Pe-nos [pe + os] em situao difcil. Os pronomes oblquos tonos, com exceo de o, a, lhe e suas flexes, funcionam como pronomes reflexivos. Ex.: Eles se confrontaram / Ns nos respeitamos muito.

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As formas da 1a pessoa do plural dos verbos pronominais perdem o S final, quando seguidas do pronome oblquo nos. Ex.: Dirigimo-nos ao secretrio.

Se o pronome for lhe(s), a mencionada forma verbal mantm o S. Ex.: Oferecemos-lhe nossos servios. Os pronomes si e consigo so essencialmente reflexivos, isto , referem-se ao prprio sujeito da orao. Por essa razo, no devem ser empregados no lugar de com voc. Ex.: Ele trazia consigo os documentos / Preciso sair com voc. Os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes podem contrair-se com o, a, os, as. Ex.: Ele me perguntou pelo nome: disse-lho [lhe + o].

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6.2. Colocao pronominalPara a colocao do pronome oblquo tono, devem-se observar sobretudo a nfase e a eufonia. Em relao ao verbo, os pronomes oblquos tonos podem vir antepostos (prclise), intercalados (mesclise) e pospostos (nclise). 6.2.1. nclise A nclise ocorre: a) em oraes imperativas afirmativas. Ex.: Senhor, dirija-se ao diretor; b) em oraes reduzidas de gerndio, quando nelas no houver palavras que exijam prclise. Ex.: Estava prestando-lhe informaes; c) com infinitivo no flexionado, precedido da preposio a, em se tratando dos pronomes o, a, os, as. Ex.: Passou a admir-lo.

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No se recomenda iniciar o perodo com pronome oblquo. Ex.: Publicou-a no DJE.

6.2.2. Mesclise A mesclise ocorre com o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretrito do indicativo, se no houver a exigncia da prclise. Ex.: Poder-se-ia esperar melhor resultado. 6.2.3. Prclise Ocorre a prclise: a) quando, antes de verbo, vier: advrbio. Ex.: Sempre os colocava em primeiro plano / Isso no me lcito;

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Se houver vrgula aps o advrbio, ocorre nclise. Ex.: Amanh, informo-lhe a deciso.

pronome indefinido, relativo ou demonstrativo. Ex.: Tudo nos conformava / A questo que se discutia era relevante / Isso nos causar problemas no futuro;

6. PRONOMES PESSOAIS

conjuno subordinativa ou coordenativa alternativa e aditiva. Ex.: No respondia, embora lhe perguntassem insistentemente / Ou se dedica, ou ser despedido. / No s me disse que ia, mas tambm me pagou a viagem; numeral ambos. Ex.: Ambos se encontraram. b) quando o verbo estiver: no gerndio precedido de em. Ex.: Em se tratando de poltica, ele especialista; no infinitivo flexionado precedido de preposio. Ex.: Por se valorizarem muito, o grupo no os aceitava. c) em oraes optativas (que expressam desejo), interrogativas e exclamativas. Ex.: Deus te d longa vida! / Que lhe disse o chefe? / Quanto tempo se perde!

6.3. Colocao pronominal nas locues verbais e nos tempos compostosNo Brasil, a tendncia atual colocar o pronome antes do verbo principal; entretanto, ele pode aparecer em outras posies. Ex.: a) Estou lhe comunicando a minha deciso. b) Eu lhe estou comunicando a minha deciso. c) Eu estou comunicando-lhe a minha deciso. Caso o pronome esteja entre o verbo auxiliar e o principal, o uso do hfen optativo. Ex.: Estou-lhe enviando [fala portuguesa], ou Estou lhe enviando [fala brasileira].

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Se o verbo principal estiver no particpio, o pronome oblquo pode vir antes ou aps o auxiliar, mas nunca aps o particpio. Ex.: Os candidatos haviam se encontrado / Os candidatos se haviam encontrado.

6.4. Pronomes de tratamentoEntre os pronomes pessoais, incluem-se os de tratamento, usados em situaes formais. Vm sempre antecedidos de sua ou vossa e levam os verbos e os pronomes possessivos para a terceira pessoa. Ex.: No momento oportuno, Vossa Excelncia manifestar o seu voto.

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Emprega-se a forma sua quando se refere pessoa de quem se fala e vossa pessoa com quem se fala. Ex.: Mesmo no estando presente reunio, queria pedir a Sua Excelncia, o ministro da Justia, um voto de confiana. Vossa Excelncia, Senhor Ministro, j concluiu seu voto? Com pronome de tratamento, a concordncia do adjetivo faz-se conforme a pessoa com ou de quem se fala. Ex.: Ministro, V. Exa. atencioso. Ministra, V. Exa. atenciosa. Quando se desconhece a posio hierrquica da autoridade, emprega-se senhor ou senhora, como forma de tratamento.

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Voc forma de tratamento informal. Dispensam-se as formas Dignssimo (DD.) e Ilustrssimo (Ilmo.) para autoridades a quem se trata de Excelncia e Senhoria, respectivamente. Doutor (Dr.) ttulo acadmico e, por isso, deve ser evitado como pronome de tratamento. Assim, prefira Meritssimo Juiz a Dr. Juiz, Senhor Prefeito a Dr. Prefeito.

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6. PRONOMES PESSOAIS

6.4.1. Pronomes de tratamento Quadro sintico*Cargos/ funesPresidente da Repblica, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal Autoridades dos trs poderes: senadores, deputados, ministros (de Estado e dos tribunais), desembargadores, governadores, prefeitos, embaixadores Diretores, secretrios, chefes, oficiais at posto de coronel ou equivalentes e outros cargos no contemplados com tratamento especfico Juzes de Direito

Pronomes de tratamentoVossa Excelncia

Abreviatura Sing.(sempre por extenso)

Plural(sempre por extenso)

VocativoExcelentssimo Senhor (cargo)

No envelopeExcelentssimo Senhor (nome) (cargo)

Vossa Excelncia

V. Exa

V. Exas

Senhor (cargo)

Excelentssimo Senhor (nome) (cargo

Vossa Senhoria

V. Sa

V. Sas

Senhor (cargo)

Ao Senhor (nome) (cargo)

Vossa Meritssima ou Vossa Excelncia Vossa Magnificncia Vossa Majestade Vossa Alteza Vossa Santidade

Vossa Meritssima (sempre por extenso) V. Maga V. M. V. A. V. S.

Vossa Meritssima (sempre por extenso) V. Magas VV. MM. VV. AA.

Meritssimo Juiz ou Senhor Juiz

Excelentssimo Senhor (nome) Juiz de Direito da... Excelentssimo Senhor (nome) Reitor da... A Sua Majestade o Rei (nome) A Sua alteza o Prncipe (nome) A Sua Santidade o Papa (nome) A Sua Eminncia ou A Sua Eminncia Reverndssima Dom (nome) Cardeal de... A Sua Excelncia Reverndssima Dom (nome) Bispo... A Sua Senhoria Reverendssima Monsenhor (nome) A Sua Reverncia Padre (nome)

Reitores de universidade Reis, rainhas e imperadores Prncipes, duques, arquiduques Papas

Magnfico Reitor Majestade Serenssimo Senhor Santssimo Padre Eminentssimo Senhor Cardeal ou Eminentssimo e Reverendssimo Senhor Cardeal Excelentssimo ou Reverendssimo Senhor Reverendssimo Senhor

Cardeais

Vossa Eminncia ou Vossa Eminncia Reverendssima

V. Ema ou V. Ema Revma

V. Emas ou V. Emas Revmas

Bispos, arcebispos

Vossa Excelncia Reverendssima Vossa Reverendssima ou Vossa Senhoria Reverendssima Vossa Reverncia ou Vossa Reverendssima

V. Exa Revma

V. Exas Revmas

Monsenhores, cnegos e superiores religiosos

V. Revma ou V. Sa Revma

V. Revmas ou V. Sas Revmas

Sarcedotes, clrigos e demais religiosos

V. Reva ou Revma

V.

V. Revas ou Revmas

V.

Reverendo Senhor

* Nas abreviaturas dos pronomes de tratamento, optou-se, por praticidade, pelas formas sem sobrelevao de letras, seguidas de pontos. Ex.: V. Exa., e no V. Ex.a ou V. Exa.

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7. NumErAiSOs numerais representam quantidade, ordem numrica, multiplicao ou frao. Neste captulo, procurou-se enfatizar os empregos mais comuns dos numerais.

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7.1. Algarismos romanosEmpregam-se os algarismos romanos na indicao de: a) congressos, seminrios, simpsios e eventos correlatos. Ex.: V Bienal do Livro; b) dinastias reais. Ex.: II Dinastia; c) divises das Foras Armadas. Ex.: I Comando do Exrcito, IV Distrito Naval; d) incisos de leis. Ex.: inciso V; e) nomes de papas, soberanos. Ex.: Papa Joo Paulo II, Lus XV; f) partes de uma obra. Ex.: Ttulo III, Captulo II, Seo I; g) sculos. Ex.: sculo XX. Quando o algarismo romano vier aps o nome, at o X, l-se como or