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5 Português Índice Capítulo 1 – Com a bola toda! ....................................................................................... 8 Capítulo 2 – Nossas memórias, nossos antepassados ............................................... 25 Capítulo 3 – Quem mora ao lado? ............................................................................... 39 Capítulo 4 – Palavrinhas com beijo de mar!................................................................. 54

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PortuguêsÍndice

Capítulo 1 – Com a bola toda! ....................................................................................... 8

Capítulo 2 – Nossas memórias, nossos antepassados ............................................... 25

Capítulo 3 – Quem mora ao lado? ............................................................................... 39

Capítulo 4 – Palavrinhas com beijo de mar!................................................................. 54

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PortuguêsApresentação

Este caderno foi escrito para você e para todos que gostam de aprender, ler, ouvir e contar boas histórias.

Foi escrito, também, para que você mostre suas opiniões sobre o mundo a sua volta, crie e recrie textos falando e escrevendo, para melhorar sua inte-ração com o que o cerca por intermédio da língua portuguesa, este maravi-lhoso idioma que vai nos ajudar a desvendar os melhores caminhos para os quadrinhos, as notícias de jornais, os contos, as fábulas, a poesia... e muitos outros textos.

Queremos convidá-lo a ler, se divertir, criticar e escrever.Enfim, este caderno é para você crescer melhor no mundo em que vive!

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Com a bola toda!Português 1C

apítu

lo

Para começar

Neste capítulo, aprenderei a classificar palavras e conhece-rei as diferenças de nossa língua em outros países.

Você gosta de futebol? Com certeza, já ouviu a expressão “com a bola toda”. O que significa? Estar com a bola toda significa estar bem, fazer sucesso.

CA

IO L

EA

L / A

FP

Figura 1. Craques do futebol.

Você conhece outras expressões que usamos e que estão ligadas ao fu-tebol? Em um país que gosta tanto desse jogo como o Brasil, temos muitas. Faça uma lista de palavras e expressões sobre o futebol.

Em nosso país, o futebol é um esporte muito popular, temos grandes times, muita torcida e bons jogadores.

Quando estamos em época de campeonatos, vemos as pessoas reunidas para assistirem a jogos e torcerem juntas. Normalmente, a vitória de nosso time é motivo de muita alegria para as pessoas, porém, às vezes, as come-morações não são muito tranquilas, pois terminam com agressões aos torce-

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dores adversários. Infelizmente, isso ocorre com muita frequência. Assim, o que deveria ser motivo de comemoração, passa a ser motivo de medo para algumas pessoas.

Agora vamos conhecer a história de alguns personagens que não estavam muito felizes com seus times. Vejamos o porquê.

Águia, leão e dragão

AP

RE

SC

IND

ER

E /

DR

EA

MS

TIM

E.C

OM

Figura 2. Partida de futebol em estádio lotado.

Certo dia, no jardim zoológico de Lisboa, a águia, o leão e o dragão, uma espécie muito rara vinda das bandas do Norte, decidiram fazer um almoço para discutir aspectos das suas vidas.

Não foi difícil escolher a ementa, pois todos tinham gostos alimentares semelhantes: carne fresca e em grande quantidade.

Quem tomou a iniciativa foi o leão, que disse: — Vocês já devem ter reparado na forma como somos usados nos em-

blemas. Mas será que alguém nos perguntou alguma coisa? Será que ga-nhamos algo com isso?

A resposta saiu prontamente do bico da águia, que esclareceu:— Eu, por acaso, até gosto bastante do clube que me usa como símbo-

lo, mas a verdade é que ninguém me perguntou se eu concordava com a utilização da minha imagem.

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E o dragão, por seu turno, apressou-se a acrescentar:— Pois a mim, que até sou uma espécie raríssima e praticamente só

possível de encontrar nos relatos mitológicos, ninguém me perguntou nada e nem acredito que vá perguntar.

— O que acham então vocês que devemos fazer? — perguntou o leão.— É difícil proibi-los de usar a nossa imagem e o nosso nome — disse

a águia. Primeiro porque até já nos habituamos a isso e, depois, porque, como os clubes são muito populares, isso ia virar muita gente contra nós e prejudicar o nosso querido jardim. Portanto, acho que devemos ficar como até agora temos estado, ou seja, sem arranjar grandes problemas.

Mas o dragão, que não estava de acordo com a sugestão da águia, propôs:— E que tal se exigíssemos aos clubes que passem a apoiar o jardim zooló-

gico e as suas espécies mais raras, como é o nosso caso? Sempre seria uma forma de nos compensarem do uso que têm dado à nossa imagem.

— Concordo inteiramente — disse o leão.— E eu também — acrescentou a águia. E até digo mais: devemos des-

de já exigir livres-trânsitos para podermos assistir a todos os jogos e, nos casos em que isso se justificar, tornarmo-nos mesmo sócios de honra dos clubes. É que, já que temos a fama, passamos também a ter o proveito.

E assim terminou o almoço, com todos de acordo, ou, pelo menos, com uma concordância muito maior do que costuma haver entre os clubes que usam, para o melhor ou para o pior, os nomes e as imagens de bichos possantes e corajosos, que simbolizam o seu desejo de vitória.

LETRIA, José Jorge. Histórias de ir à bola. São Paulo: Ambar, 2000.

Por seu turno: por sua vez.Possantes: fortes.Livres-trânsitos: acesso livre.

Para continuar

Conversa sobre o texto

1. Essa é uma história sobre futebol. Isso é comprovado no título?

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2. Quando a história começa falando do zoológico de Lisboa, o que você esperava do restante do texto?

3. Logo que os animais se reúnem, o leão apresenta o problema que será discutido. Qual é esse problema?

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4. Cada animal tem uma opinião diferente sobre o assunto. Registre abaixo cada uma delas:

a) leão:

b) águia:

c) dragão:

5. Relatos mitológicos são histórias que trazem seres fantásticos como personagens, por exemplo, animais que não existem na realidade. Por que o dragão diz que só aparece em relatos mitológicos?

6. A águia considera muito difícil que os times deixem de utilizar as ima-gens deles. O que sugere então?

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7. Todos concordaram com a posição da águia?

8. A águia concorda com o dragão e complementa as exigências dizendo que os animais devem ter acesso livre aos jogos, além de se tornarem sócios dos clubes. Você considera esse um bom acordo entre os animais e os times?

9. No último parágrafo, o narrador nos diz que a reunião dos animais termi-nou em comum acordo, o que nem sempre acontece com os clubes. O que ele quis dizer com isso?

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10. Você torce para algum time? Registre abaixo o nome dele.

Para continuar

A língua em contexto

Quando pronunciamos lentamente uma palavra, sentimos que não sepa-ramos um som do outro, mas dividimos a palavra em pequenas partes. Cada parte é chamada de sílaba.

Assim, quando pronunciamos as palavras ÁGUIA, LEÃO E DRAGÃO, po-demos perceber que são divididas da seguinte forma:

Á-GUIA DUAS SÍLABAS

LE-ÃO DUAS SÍLABAS

DRA-GÃO DUAS SÍLABAS

De acordo com o número de sílabas, podemos classificar as palavras em:

Número de sílabas Classificação

Uma sílaba Monossílaba

Duas sílabas Dissílaba

Três sílabas Trissílaba

Quatro ou mais sílabas Polissílaba

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Vamos dividir as sílabas das palavras abaixo?

Palavra Separação Classificação

Não

Zoológico

Aspectos

Acaso

Utilização

Raríssima

Trânsitos

Simbolizam

Prontamente

Usa

Acrescentar

Alguém

Além de classificar as palavras de acordo com o número de sílabas, po-demos classificá-las pela posição do acento sonoro, ou seja, dentro de uma palavra existe uma sílaba que se destaca, que é forte por ser falada com mais intensidade que as outras, chamada de sílaba tônica.

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De acordo com a posição da sílaba tônica, as palavras com mais de uma sílaba classificam-se em:

Classificação Posição Exemplos

Oxítona Quando a sílaba tônica é a última.

Ninguém – leão – até

Paroxítona Quando a sílaba tônica é a penúltima.

águia – acaso – turno

Proparoxítona Quando a sílaba tônica é a antepenúltima.

Símbolo – zoológico – trânsito

Observe os exemplos das proparoxítonas e veja que todas estão acen-tuadas.

1. Separe as palavras do quadro abaixo e classifique quanto à posição da sílaba tônica:

Palavra Separação Classificação

Também

Pior

Propôs

Corajosos

Dragão

Mitológico

Difícil

Possível

Exigíssemos

Raríssima

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2. Leia o parágrafo abaixo e responda:“E até digo mais: devemos desde já exigir livres-trânsitos para podermos

assistir a todos os jogos e, nos casos em que isso se justificar, tornarmo-nos mesmo sócios de honra dos clubes. É que, já que temos a fama, passamos também a ter o proveito.”

a) Retire do texto acima duas palavras paroxítonas.

b) Volte ao texto acima e grife as palavras oxítonas.

OrtografiaAo estudarmos os sons das palavras, percebemos que nem sempre escre-

vemos aquilo que falamos. Isso acontece quando temos um som na palavra, mas no registro escrito temos uma outra letra para representá-lo.

Vejamos alguns exemplos:

acaso – uso – caso – corajosos – desejo

Todas as palavras acima foram escritas com S, porém, o som que ouvimos é Z.

Observe que a letra S representa o som de Z ao estar entre vogais. Veja:

acaso – uso – caso – corajosos – desejo

Além da letra S, o som Z pode ser representado pela letra X, como vemos na palavra: exigir

3. Complete as palavras com S ou Z:

simboli ar

do e ou do e

u ar

utili ar

de ejo

coi a

aca o

fa er

atrá

atravé

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4. Leia as palavras abaixo e escreva qual o som que o S tem:

frase:

paisagem:

cansado:

excursão:

ganso:

visita:

5. Leia o parágrafo abaixo e responda:“Eu, por acaso, até gosto bastante do clube que me usa como símbolo,

mas a verdade é que ninguém me perguntou se eu concordava com a utiliza-ção da minha imagem.”

a) Retire do texto palavras que tenham a letra S com som de Z:

b) Retire do texto palavras que possuam a letra Z:

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Para continuar

Uma reescrita do texto

Leia o texto a seguir, retirado da internet, sobre o jardim zoológico de Lisboa, do qual você ouviu os animais falarem no texto de abertura deste capítulo:

Sábados selvagens no zoo

Acompanhando a constante renovação e inovação do Jardim Zoológico (JZ), este programa constitui, para aqueles que gostam da vida selvagem, uma excelente oportunidade para aprenderem e contribuírem para trans-formar o nosso planeta num sítio melhor para viver.

Destina-se a crianças e jovens a partir dos 4 anos acompanhados por adultos — pais, avós, tios, primos — que se interessam pela natureza, dan-do-lhes a oportunidade de investigar os mistérios do reino animal de uma forma divertida. O programa desenvolve-se por meio de percursos para conhecer e aprofundar conhecimentos sobre os vários grupos de animais, desde os répteis aos mamíferos, passando pelas aves e não esquecendo as espécies mais ameaçadas e em vias de extinção; oportunidades de co-nhecer alguns bastidores, como os grandes e pequenos primatas, leões ou elefantes. As apresentações do zoo também não serão esquecidas e farão parte do programa livre. Os “sábados selvagens” permitem, a quem de-les participa, explorar o mundo animal de uma forma inesquecível. É uma forma única e diferente de passar um sábado. Os “sábados selvagens” funcionam das 10 h às 13 h, ficando os participantes com a tarde livre para assistirem às várias apresentações — alimentação de leões marinhos, gol-finhos, aves em voo livre. Às 10 h estará um (ou mais) guias do JZ, que fará(ão) todo o acompanhamento até as 13 h. Além disso, também poderão aproveitar o nosso parque de merendas para um piquenique.

Programa Educativo Especial. Disponível em: <www.zoo.pt/noticias.aspx>. Acesso em: 6 jun. 2008.

20

1. Reescreva o texto anterior, usando o seu vocabulário.

21

2. Os times, dos quais os animais falavam no primeiro texto deste capí-tulo, são os mais populares e conhecidos em Portugal, jogam entre si nos campeonatos nacionais e campeonatos europeus:

RE

PR

OD

ÃO

A águia está no emblema e é símbolo do time do Benfica. Um dos gritos da torcida é:“Nem lagartos nem dragões nós seremos campeões!”

RE

PR

OD

ÃO

O leão está no emblema de um time chamado Sporting. O grito da torcida é:“Ativa já o teu coração de leão!”

RE

PR

OD

ÃO

O dragão está no emblema de um time chamado Porto.Agora, junto com seus colegas tente escrever um grito de torcida para o

time do Porto, usando a palavra dragão. Vocês poderão usar, se quiserem, a imagem a seguir para ajudar:

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DR A

ES

Lembre-se de que, para escrever um grito de guerra, é preciso uma frase curta que tenha rima, como a dos outros times que você leu anteriormente.

Para casa

1. Converse com alguém da sua família sobre os times de sua cidade e/ou de seu Estado. Faça uma lista de nomes de times, começando pelos de sua cidade ou bairro, depois continue com

os times do seu Estado. Anote ao lado do nome do time uma característica que apareça no emblema, caso você conheça.

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2. Procure em jornais, revistas e panfletos cinco palavras proparoxítonas e cole-as no quadro seguinte:

3. Procure em jornais, revistas e panfletos cinco palavras oxítonas e cole--as no quadro a seguir:

24

4. Procure em jornais e revistas 10 palavras em que a letra S tenha som de Z e cole-as no neste quadro:

Para finalizar

O que aprendi no capítulo 1? Assinalar

Identifico a forma como uma história é contada.

Sei classificar as palavras de acordo com o número de sílabas e a tonicidade delas.

Reconheço que existem diferentes formas de utilizar a língua portuguesa no Brasil e em outros países.

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Nossas memórias, nossos antepassados

Português 2Cap

ítulo

Para começar

Neste capítulo, conhecerei o que é biografia; além disso, aprenderei a registrar fatos importantes da minha vida.

A raiva de ser índio

A gente não pede para nascer, apenas nasce. Alguns nascem ricos, outros pobres; uns nascem brancos, outros negros; uns nascem num país onde faz muito frio, outros, em terras quentes. Enfim, nós não temos muita opção mesmo. O fato é que, quando a gente percebe, já nasceu. Eu nasci índio. Mas não nasci como nascem todos os índios. Não nasci numa al-deia, rodeada de mato por todo lado, com um rio onde as pessoas pescam peixe quase com a mão de tão límpida que é a água. Não nasci dentro de uma Uk’a Munduruku. Eu nasci na cidade. Acho que dentro de um hospital. E nasci numa cidade onde a maioria das pessoas se parece com índio: em Belém do Pará.

Nasci lá porque meus pais moravam lá. Meu pai é índio e viveu numa aldeia, como depois eu iria viver também. Fui o primeiro filho da família a nascer na cidade. Antes de mim já tinham nascido quatro meninas e dois meninos (um dos meninos não cheguei a conhecer), todos nasci-dos fora da cidade. Depois de mim viriam ainda três meninos. Era uma alegria só.

Meus pais tinham ido para Belém em busca de uma maneira de sustentar tantas bocas, uma vez que já não era tão fácil viver na aldeia e eles sonha-vam com a cidade. Por isso, meu pai aprendeu uma profissão: carpinteiro. Foi, e ainda é, um grande mestre nesse ofício. Minhas primeiras lembran-ças — além de um terremoto que vivi aos quatro anos — são as de meu pai martelando, serrando e falando sobre as propriedades da madeira [...]. De qualquer modo, meu pai era um grande artesão e foi graças a essa sua habilidade que pôde alimentar tantos filhos durante tanto tempo.

Nós sempre moramos na periferia de Belém. Nossa maloca não era nossa e muitas vezes tivemos que mudar de lugar, de casa e de bairro. Foi

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uma época bem sofrida. Meus irmãos tiveram que ir trabalhar na cidade para ajudar nas despesas. Eu mesmo fui vendedor de doces, paçocas, sacos de feira, amendoim, chopp (é um suco colocado em saquinhos plás-ticos congelados; em São Paulo, chamam de geladinho). Fazia tudo isso com alegria. Eu era uma criança que gostava de fazer coisas novas.

Só não gostava de uma coisa: que me chamassem de índio. Não. Tudo, menos isso! Para meu desespero, nasci com cara de índio, cabe-lo de índio (apesar de um pouco loiro), tamanho de índio. Quando entrei na escola primária, então, foi um deus nos acuda. Todo mundo vivia dizendo: “Olha o índio que chegou à nossa escola”. Meus primeiros co-legas logo se aproveitaram para colocar em mim o apelido de Aritana. Não preciso dizer que isso me deixou fulo da vida e foi um dos princi-pais motivos das brigas de rua nessa fase da minha história — e não foram poucas brigas, não. Ao contrário, briguei muito e, é claro, apanhei muito também.

E por que eu não gostava que me chamasse de índio? Por causa das ideias e imagens que essa palavra trazia. Chamar alguém de índio era classificá-lo como atrasado, selvagem, preguiçoso. E, como já contei, eu era uma pessoa trabalhadora que ajudava meus pais e meus irmãos e isso era uma honra para mim. Mas era uma honra que ninguém levava em consideração. Eu ficava muito triste porque meu trabalho não era reconhecido. Para meus colegas só contava a minha aparência... e não o que eu era e fazia.

Somente um lugar me deixava feliz. Aliás, dois. Um era o quintal de casa, pois a gente morava numa casa onde havia um imenso terreno baldio e ali eu reunia meus colegas para brincar. Ali treinei meus ouvi-dos para ouvir as conversas das corujas e dos sapos. Ali me refugiava quando queria ficar sozinho e pensar nos conhecimentos que estava adquirindo, os primeiros livros que estava começando a ler. Ali comecei a jogar futebol nos campos improvisados que a gente fazia. Havia, po-rém, outro lugar maravilhoso para onde sempre fazia questão de ir. Para esse lugar, entretanto, eu não podia ir sozinho, tinha que ser levado, porque ficava longe da cidade. Era nossa aldeia familiar em Maracanã.

MUNDURUKU, Daniel. A raiva de ser índio. In: Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória. São Paulo: Studio Nobel, 2001.

Uk’a: palavra da língua Munduruku que significa “casa”Maloca: grande casa comunal onde moram várias famílias. É também um jeito popular de referir-se à moradia.

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Boa Vista

Manaus

Mundurucus

Rio BrancoPorto Velho

Belém

Macapá

PERU

COLÔMBIARORAIMA

AMAZONAS

ACRE

RONDÔNIA

VENEZUELA GUIANA

SURINAME

GUIANAFRANCESA

PARÁ

AMAPÁEQUADOR

OS MUNDURUCUS VIVEM NO SUDOESTE DO PARÁ

Rio Tapa

jós

0 298

km

WIK

IME

DIA

Figura 3. Índios munduru-cus. Aquarela de Hércules Florence, desenhista da expedição de Langsdorf, 1828.

Para continuar

Conversa sobre o texto

1. Biografia é o relato de vida de alguém. No texto apresentado, temos o relato de Daniel Munduruku, que nos conta as dificuldades pelas quais sua família passou. Por que ele e a família passaram por tantas dificuldades?

2. Daniel Munduruku diz que ninguém pede para nascer, apenas nasce. O que ele quis dizer com isso?

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3. No texto, o que significa ficar “fulo da vida”?

4. Daniel nos conta que os colegas da escola deram-lhe um apelido. Você tem algum apelido? Gosta dele?

5. Mesmo tendo nascido índio, o narrador nos diz que não nasceu como nascem os índios. Por que ele afirma isso?

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6. Segundo o título do texto, o fato de ter nascido índio causou no narrador um sentimento de raiva. Isso aconteceu por que motivo?

7. O narrador nos conta que seus pais sonhavam em conhecer a cidade. Qual seria o motivo de eles desejarem ir para a cidade?

8. O narrador nos relata que as pessoas davam pouco valor ao que ele fazia, davam mais importância a sua aparência. Por que isso o incomo-dava?

9. O fato de as pessoas chamarem índio de preguiçoso, selvagem é um preconceito. Você acha que ainda existe essa visão sobre o índio?

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10. Daniel Munduruku nos fala de um lugar em que era feliz: o quintal de sua casa. O que havia lá?

11. O autor encerra este capítulo do livro Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória dizendo que havia outro lugar maravilhoso para o qual adorava ir: a aldeia familiar em Maracanã. Como você imagina que seja esse lugar? Registre abaixo o que pensou.

Para continuar

A língua em contexto

Variações da línguaVivemos em um país em que a Língua Portuguesa é oficialmente falada

por todos. O que significa oficialmente?Significa que é a língua em que todos devem se comunicar socialmente.

É a língua que aprendemos na escola, porém, existem aproximadamente 180 línguas indígenas em nosso país. Por acaso você pensava que todos os índios falavam uma mesma língua? Sabia que isso não é verdade? Os indí-genas do Brasil são muitos povos, diferentes entre si e também com línguas diferentes.

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Daniel Munduruku, por exemplo, pertence ao povo mundurucu. No texto que lemos, ele nos traz uma palavra escrita na língua mundurucu: “uk’a”, que quer dizer casa. Para muitos outros povos indígenas, entretanto, existem ou-tras palavras para casa. Por exemplo, para o povo sararé, que vive no Mato Grosso, casa significa “sihsu”; para os aweti, que moram no Parque Indígena do Xingu, minha casa é: “itok”.

Agora imagine, se um dia, em uma roda de amigos, Daniel Munduruku for conversar com um aweti e um sararé, só poderiam conversar em português, sabe por quê? Porque conversar em munduruku, aweti e sararé seria como, em uma roda de amigos, um falasse português, outro falasse russo e outro chinês! Com certeza não haveria conversa, não é? Portanto, muitas vezes, para as etnias indígenas trocarem ideias, trocarem experiências, a única lín-gua possível é o português.

Assim, como existem povos e línguas diferentes, há também diferenças dentro da mesma língua. Como você viu no texto, a família de Daniel con-seguiu vencer as dificuldades porque todos auxiliaram com trabalho, até ele mesmo vendeu coisas para ajudar o pai. Ele contou que vendeu chopp, “um suco colocado em saquinhos plásticos congelados” que em São Paulo cha-ma-se geladinho. Você conhece geladinho? Ou você tem outro nome para este tipo de suco?

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No caso de “chopp” e “geladinho”, temos diferenças regionais no portu-guês do Brasil. Mas como você deve saber, o português também é falado em Portugal.

Vejamos algumas diferenças:

Brasil Portugal

abridor de garrafas tiracápsulas

água gelada água fresca

ônibus autocarro

telefone celular telemóvel

garoto miúdo

impressão digital dedada

sorvete gelado

trem comboio

sanduíche sandes

garçom empregado de mesa

DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos: língua portuguesa. São Paulo: Panda, 2003.

Colocamos no quadro anterior uma pequena amostra das diferenças entre dois países que falam a mesma língua: Brasil (América do Sul) e Portugal (Europa). Além deles, há mais seis países que possuem a Língua Portugue-sa como língua oficial. São eles: São Tomé e Príncipe (África), Cabo Verde (África), Guiné-Bissau (África), Moçambique (África), Angola (África) e Timor Leste (Ásia). Vejamos o mapa a seguir:

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Equador

Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

Círculo Polar Ártico

Trópico de Cancêr

Brasil190 milhões

Cabo Verde475 mil

Guiné-Bissau1,4 milhão

São Tomée Príncipe

165 mil

Angola12 milhões

Moçambique19 milhões

Timor Leste924 mil

Portugal10,5 milhões

América do Sul

Europa

África

Ásia

PAÍSES LUSÓFONOS

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOÍNDICO

OCEANOPACÍFICO

OCEANOPACÍFICO

0 2.676

km

Figura 4. Países que têm o português como língua oficial.

Além das diferenças entre os países de mesma língua oficial, temos as variações dentro de nosso país. Assim, uma pessoa do Rio Grande do Sul pode ter uma maneira diferente de falar em relação a alguém do Rio Grande do Norte. Isso não significa que um fale melhor que o outro, apenas que fa-lam diferente.

A variação mostra que ao falar as pessoas dão vida à língua, podendo mudar algumas regras. No entanto, quando vamos escrever para outras pes-soas, como fazemos na escola, precisamos seguir as regras para que todos entendam.

Vimos que Daniel Munduruku faz seu relato em português, dá apenas um exemplo da língua munduruku, pois se escrevesse tudo nessa língua, quase ninguém entenderia.

Encontro vocálicoNo capítulo anterior, estudamos a classificação das palavras de acordo com

o número de sílabas, agora retomaremos como fazer a separação delas.As palavras são separadas de acordo com a divisão sonora que produ-

zimos ao pronunciá-las. Assim, ao dizermos: CIDADE, percebemos TRÊS partes: CI-DA-DE. Observe que, na palavra CIDADE, temos três vogais e cada uma fica em uma sílaba, porque, em nossa língua, para termos sílaba, é necessário haver pelo menos uma vogal.

34

O encontro vocálico pode ser chamado de ditongo ou hiato.

Quando uma vogal e uma semivogal ficam na mesma sílaba, esse en-contro vocálico é chamado de ditongo.

Vejamos alguns exemplos:nasceu — nas-ceuágua — á-gua

aprendeu — a-pren-deumeu — meu

Quando as vogais formam diferentes sílabas, esse encontro vocálico é chamado de hiato.

Vejamos alguns exemplos:país — pa-íspessoas — pes-so-assua — su-a

aliás — a-li-ásrua — ru-afamiliar — fa-mi-li-ar

1. Agora é a sua vez! Separe as palavras que estão no quadro abaixo e classifique-as em ditongo ou hiato:

Palavra Separação Classificação

Frio

Mão

Ainda

Pai

País

Ouvir

Coisas

Causa

Raiva

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MonossílabasVimos que as palavras podem ser divididas em sílabas, porém algumas

possuem apenas uma sílaba e são chamadas de monossílabas.Exemplos:

nãonósjámãotão

látrêssóeunos

umeme

2. Leia o trecho e circule todas as palavras monossílabas. “Nós sempre moramos na periferia de Belém. Nossa maloca não era

nossa e muitas vezes tivemos que mudar de lugar, de casa e de bairro. Foi uma época bem sofrida. Meus irmãos tiveram que ir trabalhar na cidade para ajudar nas despesas. Eu mesmo fui vendedor de doces, paçocas, sacos de feira, amendoim, chopp (é um suco colocado em saquinhos plásticos conge-lados. Em São Paulo chamam de geladinho). Fazia tudo isso com alegria. Eu era uma criança que gostava de fazer coisas novas”.

Para continuar

Produção de texto

Vimos que biografia é um tipo de texto que conta a vida de uma pessoa; pode ser escrita pela própria pessoa em vida, dessa forma chama-se auto-biografia.

Daniel Munduruku, na introdução de seu livro Meu vô Apolinário: um mer-gulho no rio da (minha) memória, diz que a história que conta não é dele hoje, mas dele menino convivendo com a família e, principalmente, com o avô. Vamos ver o que ele diz:

Gosto muito de contar histórias. Histórias moram dentro da gente, lá no fundo do coração. Elas ficam quietinhas num canto. Parecem um pouco com areia no fundo do rio: estão lá, bem tranquilas, e só deixam sua tran-quilidade quando alguém as revolve. Aí elas se mostram.

Tem estórias que a gente inventa e cria na cabeça, fruto da imaginação ou da inspiração [...]. Podem ser estórias engraçadas, românticas ou tristes.

36

Estórias ajudam as pessoas que as leem, de alguma forma que eu ainda não descobri. Apenas sei que elas tocam lá no fundo e é por isso que as pessoas gostam delas.

E tem histórias – estas, sim, escritas com H – que aconteceram de ver-dade e que fazem parte da gente, são a vida da gente. Acontecimentos que fizeram a gente, sabe? sobre nós mesmos, ou fatos que fizeram a gente rir, ou chorar, ou só pensar. Mas são sempre fortes porque marcam a nossa personalidade, nosso modo de ser e agir sobre o mundo.

A história que vou contar não é sobre a minha pessoa. Ou melhor, é so-bre a minha pessoa, mas não a que sou hoje – porque já não sou o mesmo que fui ontem – e sim a pessoa que fui me tornando ao longo dos poucos anos de convivência que tive com meu avô, um velho índio que se sentava de cócoras para nos contar as histórias dos espíritos ancestrais a quem ele chamava carinhosamente de avós e guardiões.

Na verdade, não sei muita coisa sobre meu avô porque o via muito pou-co. No entanto, esse pouco de convivência marcou profundamente minha vida, formou minha memória, meu coração e meu corpo de índio...

MUNDURUKU, Daniel. Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória. São Paulo: Studio Nobel, 2001.

Daniel Munduruku fala um pouco sobre a convivência com o avô, mos-trando que recebeu muitos ensinamentos dele, reforçando a importância dos antepassados (pessoas que viveram antes de nós).

Você tem contato com seus avós? Preencha o quadro abaixo com as infor-mações deles:

Nome completo Idade Paterno ou materno

37

No texto, Daniel nos conta que adorava brincar no quintal de casa, gostava de ouvir os bichos e, também, gostava de ler. Porém, não apreciava ir muito para a escola porque os colegas o incomodavam com apelidos por causa de sua aparência de índio.

E agora, conte você um pouco de sua vida. Faça uma autobiografia, mos-trando:

• o que gosta de fazer;• os amigos que possui;• como é sua família;• onde vivem;• quantos pessoas moram com você;• quais são as suas brincadeiras preferidas.

38

Para casa

1. Procure em jornais, revistas e panfletos cinco monossílabos e cole-os no quadro abaixo:

Para finalizar

O que aprendi no capítulo 2? Assinalar

Sei o que são monossílabos.

Identifico o que é uma biografia.

Registro os fatos importantes da minha vida.

39

Quem mora ao lado?Português 3C

apítu

lo

Para começar

Neste capítulo, aprenderei a classificar os substantivos e adjetivos e a escrever uma história com começo, meio e fim.

O fio da meada

FIN

NE

GA

N/D

RE

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Figura 5. Casas na vila.

Numa rua calma, numa pequena casa, numa vila, morava uma velhinha e seus pensamentos. Muito velha, seus pensamentos são como fio de teia, velhos e delicados. Uma renda que se desmancha. Ela agora, enquanto toma chá, pensa num grande navio, uma viagem que fez quando era mo-cinha, o mar azul, os golfinhos pulando à volta do navio. Ela se lembra de cada pedacinho do navio, vai andando pelo convés, tinha uma lua cheia, depois vai sentindo sono, toma a última gota de chá e vai dormir um pouco. Quando acorda, ela pensa que tem de fazer uma sopa. Aí, pensa numa fa-zenda onde morou, tinha uma horta enorme, cheia de alfaces e rabanetes.

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Quando a sopa fica pronta, ela pensa no seu único filho que mora longe e que vem visitá-la semana que vem, e o pensamento é tão bom que invade tudo, senta nas poltronas, acaricia o gato, faz balançar as cortinas. Ela adormece feliz.

Do lado dessa casa mora uma pianista. […]Do lado da casa da pianista mora um rapaz que é fotógrafo.Do lado da casa do fotógrafo mora uma família grande. São italianos. Mo-

ram todos juntos. São falantes, alegres, barulhentos. A mãe, o pai, a avó, os filhos, uma tia já bem velhinha. O pai tem uma pequena lanchonete. A mãe ajuda o pai fazendo as massas, a tia, já bem velhinha, cuida da avó, que é mais velhinha ainda e cuida dos sobrinhos, que são levadíssimos e apron-tam artes horríveis. Misturam sal no café, trocam os móveis de lugar, pintam a avó todinha. A tia, coitada, fica toda maluca. Anda depressa para lá e para cá, seus pensamentos são todos em italiano e corridinhos feito ela.

Quando chega a noite, ela faz tricô, depois que as crianças já estão dormindo quietas. Aí, sim, ela pensa em paz, como se estivesse na sua aldeia, pensa nas amigas que deixou lá longe, no poço que tinha atrás da casa, nas noites escuras com milhares de estrelas, tudo muito mais bonito do que aqui nessa cidade estrangeira. Aos sábados e domingos, vão to-dos passear no parque. A tia guarda tudo o que vê no pensamento para se lembrar depois.

Do lado da casa da família italiana mora um casal sem filhos. Ele é pro-fessor de alemão. Os dois são sérios, ela fica em casa o dia todo com uma cara meio triste. [...]

Do lado da casa do professor mora uma ceramista. Passa os dias fazen-do coisas lindas. [...]

Do lado da casa da ceramista, mora um homem com dois cachorros. Ele trabalha num escritório ninguém sabe de quê. Anda sempre de mal com a vida. [...]

Certa vez, a pianista ia saindo de casa com um monte de partituras debaixo do braço. Na sua cabeça, pedaços de sonatas, valsas, minuetos. No mesmo instante, o fotógrafo ia saindo da sua casa com um monte de fotografias debaixo do braço. Os dois se esbarram. [...]

Certa vez, os meninos italianos entraram escondido na casa do fotógra-fo. Eles eram mesmo muito levados. Iam esconder algumas fotografias, mas quando viram os passarinhos presos, mudaram de ideia. Soltaram todos e riram muito ao pensar na cara que ia fazer o fotógrafo ao ver as gaiolas vazias. Mas o fotógrafo não fez cara nenhuma, porque já estava

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com cara de bobo, com cara de apaixonado. Ele achou até muito bom os passarinhos terem ido embora. Lugar de passarinho é no ar.

Certa vez, a tia italiana dos meninos levados descansava cinco minutos na calçada em frente de casa, quando viu a velhinha da primeira casa. Ficaram muito amigas. A tia falava da Itália, a velhinha tinha conhecido a Itália. Ficavam as duas pensando e sorrindo.

Certa vez, a mulher do professor de alemão tomou coragem e foi ver a ceramista trabalhar. [...]

Certa vez, um caminhão encostou na entrada da vila. O homem e seus cachorros estavam de mudança. [...]

O fotógrafo e a pianista se mudaram para uma casa só.A velhinha da primeira casa foi morar no quarto da sua amiga italiana,

assim não ficava mais sozinha, tinha sempre companhia para o chá e os sonhos.

O homem rabugento foi embora.Agora são três casinhas para alugar. Quem será que virá?

MURRAY, Roseana. O fio da meada.São Paulo: Paulus, 2002.

Para continuar

Conversa sobre o texto

1. O título do livro O fio da meada, de Roseana Murray, traz duas palavras com sentidos que se complementam. Fio possui ideia de uma linha que faz a ligação, o encadeamento de uma coisa em outra, enquanto meada significa ‘enredo’, ‘condução da história’. É possível notar que a história de cada pes-soa está ligada à outra?

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2. Ao nos falar de cada personagem, o narrador vai nos contando como é cada um deles. Por que faz isso?

3. O narrador começa falando de uma rua, de uma casa e de uma vila para daí começar a falar da personagem. Por que ele faz isso?

4. Vemos que a moradora da primeira casa tem muitas lembranças e pen-samentos do passado. Lembra-se de uma viagem que fez de navio e da fazenda onde morou. Você acha que existe alguma relação entre os pensa-mentos sobre o passado e o fato de ela ser idosa?

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5. Logo depois da casa da velha, há a casa da pianista, porém não sabe-mos nada sobre ela. Como você acha que seria a casa dessa moça? Regis-tre no espaço abaixo.

6. Depois temos a casa do fotógrafo que, assim como a pianista, vive sozi-nho. Como você imagina que seja a vida de um fotógrafo?

7. O narrador nos apresenta uma família italiana, fala das suas caracterís-ticas, mostrando como são diferentes dos demais moradores da vila. Quem são os membros dessa família?

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8. Depois da casa da família italiana, temos a casa de um casal sem filhos, vivendo apenas o marido e a esposa. Aponte quais as diferenças entre essa casa e a da família italiana.

9. Há uma pessoa que não é muito querida pelos vizinhos, que parece não se encaixar na vila, pois não conversa com ninguém. Quem é essa pessoa?

10. No início da história vemos que o narrador passa de casa em casa nos contando sobre cada morador. Em determinado ponto da história isso se al-tera. O que acontece?

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11. Os moradores foram se encontrando e se conhecendo, o que aconteceu aos poucos. Para mostrar isso, o narrador usa sempre uma expressão para denotar que esses encontros não aconteceram no mesmo dia. Qual é essa expressão?

12. Você deve ter observado que durante a história foram colocados vários si-nais como este: [...] Você sabe o que eles significam? Por que foram usados?

13. Quais acontecimentos fizeram algumas casas ficarem vazias no final da história?

14. Por que ninguém sentiu saudade do homem e dos cachorros dele?

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Para continuar

A língua em contexto

Durante o texto, o narrador, para nos mostrar como era a vila em que se passa a história, vai pouco a pouco descrevendo a casa de cada morador. Vimos que o fio da história acontece porque uma casa está ao lado da outra. Assim, parece que, ao sairmos da casa de um personagem, logo já entramos na casa de outro.

Ao falar de cada personagem, o narrador não nos diz o nome de cada um, mas nos fala de uma característica dele:

A velha que sente saudade do passado.A pianista que passa a tarde tocando.O fotógrafo que tem um laboratório em casa.A família italiana composta por: pai, mãe, avó, filhos e tia.Um casal sem filhos; ele, professor de alemão, ela passa a ser dese-

nhista.Uma ceramista que passa o dia fazendo coisas lindas.Um homem, com dois cachorros, que trabalha em um escritório.

Observe que as palavras destacadas acima substituíram o nome de cada pessoa que vive na casa. Assim, no lugar de dizer o nome dos componentes da família, o narrador apenas diz: pai, mãe, avó, filhos e tia.

Isso significa que no lugar de dar o nome próprio (Carlos, José, Luísa, Laura etc), o narrador nos dá um nome comum. Os nomes também são co-nhecidos como substantivos:

Substantivos são palavras que nomeiam os seres. Podem ser comuns ou próprios.

O substantivo comum nomeia os seres da mesma espécie: casal, pai, mãe, família, homem, cachorro.

O substantivo próprio nomeia um ser em particular: São Paulo, Brasil, José, Carla, Denilson.

Usamos substantivos a todo momento. Desde o nascimento de uma pes-soa, quando os pais escolhem um nome próprio que a acompanha durante toda a vida, assim como cada objeto recebe um nome comum: lápis, caneta, borracha.

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Observe o parágrafo abaixo:

Numa rua calma, numa pequena casa, numa vila, morava uma velhinha e seus pensamentos. Muito velha, seus pensamentos são como fio de teia, velhos e delicados. Uma renda que se desmancha. Ela agora, enquanto toma chá, pensa num grande navio, uma viagem que fez quando era mocinha, o mar azul, os golfinhos pulando à volta do navio. Ela se lembra de cada pedacinho do navio, vai andando pelo convés, tinha uma lua cheia, depois vai sentindo sono, toma a última gota de chá e vai dormir um pouco. Quando acorda, ela pensa que tem de fazer uma sopa. Aí, pensa numa fazenda onde morou, tinha uma horta enorme, cheia de alfaces e rabanetes. Quando a sopa fica pronta, ela pensa no seu único filho que mora longe e que vem visitá-la semana que vem, e o pensamento é tão bom que invade tudo, senta nas poltronas, acaricia o gato, faz balançar as cortinas.

As palavras grifadas são classificadas como substantivos. Note que ao lado de algumas delas há palavras que estão circuladas. O que será que essas palavras indicam?

Releia o parágrafo e observe se as palavras circuladas acrescentam algu-ma informação às palavras grifadas.

Você deve ter notado que as palavras circuladas acrescentam caracterís-ticas às palavras grifadas. Note que ao falar de rua, a palavra “calma”, que está ao lado, mostra como é esta rua.

As palavras que indicam características são chamadas de adjetivos.

Adjetivos são palavras que expressam características dos seres.

Vamos ler o parágrafo abaixo e identificar os substantivos e adjetivos?

Do lado da casa do fotógrafo mora uma família grande. São italianos. Moram todos juntos. São falantes, alegres, barulhentos. A mãe, o pai, a avó, os filhos, uma tia já bem velhinha. O pai tem uma pequena lan-chonete. A mãe ajuda o pai fazendo as massas, a tia, já bem velhinha, cuida da avó, que é mais velhinha ainda e cuida dos sobrinhos, que são levadíssimos e aprontam artes horríveis. Misturam sal no café, trocam os móveis de lugar, pintam a avó todinha. A tia, coitada, fica toda maluca. Anda depressa para lá e para cá, seus pensamentos são todos em italia-no e corridinhos feito ela.

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1. Volte ao texto e pinte de verde os substantivos.

2. Circule os adjetivos.

3. Você deve ter notado que temos adjetivos que indicam as características físicas, psicológicas e, também, alguns que indicam a origem da pessoa. No parágrafo do quadro anterior, existe um adjetivo que indique a origem da fa-mília? Se há, copie-o a seguir:

4. Em sua classe, alguns colegas podem ter origens diferentes, ou seja, podem ter nascido em regiões, cidades diferentes. Abaixo, com o auxílio de seu professor, faça uma lista de adjetivos que indiquem a origem das pesso-as de sua classe.

Entre os adjetivos, existem os que designam a nacionalidade, o lugar de origem de alguém ou de alguma coisa — são os adjetivos pátrios.

Vejamos alguns exemplos:

Brasília — brasilienseGoiás — goianoEgito — egípcioGrécia — gregoJapão — japonêsBuenos Aires — portenho

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Para continuar

Produção de texto

Os italianos

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Figura 6. Ladeira do Carmo, no Brás, em São Paulo.

O Brás era um bairro cinzento, com ruas de paralelepípedo e poucos automóveis. Ao meio-dia as sirenes anunciavam a hora do almoço nas fábricas. Como não existiam prédios, de toda parte viam-se chaminés e as torres da igreja de Santo Antônio apontando para o céu.

A paisagem humana do bairro era dominada pelos italianos, mais numerosos e barulhentos do que os portugueses e espanhóis da vi-zinhança. Gente simples, oriunda de pequenos povoados devastados pela guerra, uma mistura de calabreses, napolitanos, sicilianos, vênetos e milaneses. Falavam dialetos incompreensíveis uns para os outros.

Os do norte da Itália costumavam ser mais instruídos. Eram geralmente operários especializados que punham os filhos em escolas particulares: o Coração de Jesus, dos padres salesianos, ou o Liceu Acadêmico São Paulo, na rua Oriente. Não se davam bem com os italianos do sul: napo-litanos, calabreses e sicilianos, chamados por eles de carcamanos, com desprezo.

Contam os mais velhos que a palavra “carcamano” teria surgido para desig-nar comerciantes calabreses desonestos. Ao pesar a mercadoria naquelas

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balanças antigas, de prato pendurado numa mola, eles empurravam o pra-to da balança com a mão para roubar no peso: eram os “calca a mão”, que no sotaque italiano teria virado “carcamano”.

Os operários saíam cedo, com a marmita embrulhada no jornal e o guarda-chuva preto. Garoava muito em São Paulo; a cidade era cercada por matas e conhecida como “a terra da garoa”. Entre os trabalhadores muitos eram adolescentes, mas não havia mais crianças: o trabalho antes dos catorze anos tinha sido proibido. Essas imagens marcaram a minha infância: para ser homem, precisava acordar cedo e ir para a fábrica com a marmita.

Nem todos eram operários, no entanto. Havia barbeiros, alfaiates, mar-ceneiros, sapateiros e ambulantes que passavam com a carrocinha. Entre eles, um napolitano com um latão cilíndrico nas costas anunciava com voz musical:

— Olha a pizza! A pizza! Mozzarella i pomarolla’n coppa! Queria dizer que a pizza tinha tomate em cima da mozarela. Ele forrava o latão com um pano branco e ali dentro os discos de pizza vinham cuidadosamente empilhados, separados uns dos outros por folhas de papel-manteiga. Eram preparadas pela mulher dele no forno a lenha. Não custavam caro mas poucos compravam, porque os imigrantes eram pessoas econômicas. Na-politanos como esse foram os precursores das pizzarias que surgiram no Brás, nos anos 50.

Nós não tínhamos geladeira. A primeira que vi foi na casa da minha avó espanhola, aos oito anos, pequena como um frigobar. Não funcionavam com eletricidade; pela manhã o caminhãozinho da fábrica de gelo deixa-va na porta das casas uma pedra grande e antes de sair os homens a carregavam para dentro da geladeira, para resfriar os alimentos. Sem ge-ladeira, era perigoso guardar comida para o dia seguinte. Naquele tempo, muitas crianças pequenas morriam de diarreia por ingestão de alimentos contaminados.

Tudo passava na porta das casas: o verdureiro, o peixeiro, o batateiro, o comprador de garrafa e um napolitano que anunciava:

— Compro roupa usada. Bom preço, freguesa. Ternos, vestidos, cha-péus e lingeries finas.

O comércio de roupa usada estava nas mãos dos napolitanos, que vendiam até casimira inglesa. Feita na Mooca, dizia o tio Constante. Dos vendedores, entretanto, quem mais atraía a criançada era a negra do manjar, uma mulher roliça, de sorriso alvo e com perfume de rosa. Vinha

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com vestido de baiana rodado, um tabuleiro no turbante e o suporte de madeira na mão. Montava o tabuleiro na calçada e, sobre a toalha borda-da, exibia a mercadoria. Com a luz do sol, o manjar brilhava trêmulo aos nossos olhos.

Quando minha irmã e eu pedíamos dinheiro para o manjar, meu pai ne-gava quase sempre. Dizia que manjar bom era o que ele fazia em casa com leite e que o da negra só tinha farinha e água. Despeito puro: o dela era muito superior.

A criançada, sem dinheiro, rodeava o tabuleiro e morria de inveja dos que chegavam para comprar. Uma tarde, estávamos ali em volta quando um Ford preto parou logo à frente e deu marcha à ré. Desceu um homem grisalho de terno e gravata, tirou a carteira do bolso do paletó e disse à vendedora:

— Boa tarde, senhora, pode dar um doce para cada criança, por favor.Nós agradecemos, mas só tivemos coragem de dar a primeira mordida

depois que ele entrou no carro. Eu nunca tinha visto uma pessoa tão gene-rosa, e tão educada que dizia: “Boa tarde, senhora!”.

VARELLA, Drauzio. Os italianos. In: Nas ruas do Brás. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2009.

12. reimpressão, p. 25-28.

Esse texto que você acabou de ler faz parte do livro Nas ruas do Brás, que traz a história do médico Drauzio Varella, autor de Estação Carandiru, neto de imigrantes espanhóis e portugueses, que relembra alguns episódios de quando brincava e brigava nas ruas do Brás, o bairro de São Paulo onde se criou. Drauzio conta algumas coisas que hoje soam estranhas. Por exemplo: só quando já estava com seis anos é que foi ao médico pela primeira vez. Mais estranho ainda parece o tratamento prescrito pelo doutor: “Receitou injeções de penicilina, trinta dias de repouso absoluto na cama e um regime alimentar inacreditável: seis dias sem comer, dos quais os três primeiros sem beber”. Drauzio teve experiências que hoje seriam impossíveis, mas, de certa forma, foi um menino igualzinho aos de agora: a maneira como as crianças sentem as alegrias e as tristezas não mudou nada.

Você deve ter notado que o narrador vai nos mostrando como são as ruas do Brás, como são as pessoas, o comércio, como este bairro estava organi-zado. Observe que há muito movimento, muitas pessoas pelas ruas, venden-do, comprando, chegando.

E o seu bairro, como é? Há também muito movimento? Há comércio? Como são as pessoas? Há pessoas que vieram de outros lugares?

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Escreva abaixo suas observações, tente retratar seu bairro seguindo os exemplos dos textos lidos, passando pelas ruas, falando das casas e das pessoas.

Para casa1. O texto nos mostra uma pequena vila, composta por várias casas. Agora é sua vez de registrar como é sua rua. Você sabe o nome de seus vizinhos? Como eles são?

Registre abaixo as informações que observou.

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2. Todos os objetos que adquirimos ou ganhamos vêm sempre com uma etiqueta que indica a sua procedência. Assim, quando compramos ou ganha-mos qualquer produto, podemos saber de onde ele veio, onde foi fabricado.

Na figura a seguir, vemos a etiqueta de uma calça jeans, fabricada no Bra-sil, assim, podemos dizer que a calça é brasileira.

Agora, procure em suas roupas, bonés, tênis, as etiquetas e cole duas que tenham origens diferentes. Depois, anote quais seriam os adjetivos pátrios.

MIL

OT

TO/E

DIT

OR

A C

OC

Para finalizar

O que aprendi no capítulo 3? Assinalar

Sei a diferença entre a narraçãoe a descrição.

Sei classificar substantivos e adjetivos.

Escrevo uma história com começo, meio e fim.

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Palavrinhas com beijo de mar!

Português 4Cap

ítulo

Para começar

Neste capítulo, aprenderei a reconhecer as diferentes formas do uso de nossa língua e conhecerei os pronomes pessoais.

MIK

E P

OW

ELL

/LIF

ES

IZE

/GE

TT

Y IM

AG

ES

Figura 7. Vista aérea de uma praia.

Você já viu o mar? Mora perto do litoral? Ou você está próximo a um grande rio? Ou será que vive distante de rios e do mar? Todas essas situa-ções são possíveis, pois moramos em um país imenso: há lugares com pe-quenos desertos, outros com pouca vegetação. Alguns estão mais próximos do mar, outros mais distantes. Também existem rios como o Amazonas, que parecem um verdadeiro oceano, quando estamos à beira de suas margens...

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Discuta com a sua turma sobre a localização de sua cidade. Quem já viu o mar? Que sensações teve ao ver o mar ou um grande rio? O mar tem cheiro? E os rios? Será que alguém tem alguma história sobre uma viagem que fez para o litoral ou para as margens de um rio, até mesmo uma represa, ou lagoa grande, mais próxima de sua cidade?

A seguir, vamos ler a história de uma menina que nunca viu o mar...

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— Quem nunca viu o mar não sabe o que é chorar!

IMA

GE

SO

UR

CE

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COUTO, Mia. O beijo da palavrinha. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2006.

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Para continuar

Conversa sobre o texto

1. Você deve ter notado que as personagens desta história têm nomes bastante diferentes.

Maria Poeirinha

Jaime Litorânio

Zeca Zonzo

As personagens, muitas vezes, têm nomes com significado de acordo com aquilo que são ou estão fazendo em um texto.

Os três nomes acima são assim? Eles têm ligação com aquilo que as per-sonagens são? Explique com suas palavras.

2. Quando uma história, como essa que lemos, começa com “era uma vez”, o que significa?

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3. Você notou que a narrativa começou com “era uma vez”, depois apare-ceu: “como uma princesa de um distante livro”, e também: “arrastando um manto”. Em que tipo de história essas expressões costumam aparecer?

4. Algumas expressões como “certo dia” ou “certa vez” podem indicam que a narrativa é contada no passado. Os verbos também fazem isso. Leia o exemplo:

... nunca vira o mar... é o mesmo que dizer:

... nunca tinha visto o mar...

a) Agora, faça o mesmo com o seguinte trecho:

... Poeirinha só ganhara um irmão... é o mesmo que dizer:

... Poeirinha só um irmão...

... por cima dos traços que desenhara... é o mesmo que dizer:

... por cima dos traços que ...

b) Volte ao texto e identifique alguns verbos que estejam no passado, no pretérito. Depois, reescreva-os nas linhas a seguir:

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5. Algumas frases que indicam uma sabedoria ou conhecimento popular são conhecidas como ditados populares. Existe um ditado que diz que so-nhar é: “construir castelos na areia”. Quando alguém diz isso, significa que uma pessoa sonha demais e pode se assustar com a realidade quando vem a onda ou o vento para derrubar o castelo de areia facilmente.

Já no texto que lemos, o narrador diz assim:

Até Poeirinha tinha sonhos pequenos, mais areia do que castelos.

Por que os sonhos da menina eram pequenos?

6. A família e as pessoas da aldeia de Poeirinha eram pobres e viviam lon-ge de tudo. Para mostrar que era muito longe a aldeia, o narrador comenta sobre “o rio que ali passava”. Como era esse rio?

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7. Segundo o narrador, como eram as ideias de Zeca Zonzo, o irmão de Poeirinha?

8. O que tio Jaime Litorânio achou estranho em seus parentes?

9. O que o mar significava para tio Jaime Litorânio? Era importante?

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10. Para o tio, qual era o motivo da “fome, solidão e palermice” do sobrinho Zeca Zonzo?

11. Que coisas não podem ser feitas pela metade, de acordo com o tio Jaime?

12. Na fala do tio Jaime, o trecho começado pelo travessão, as palavras es-tão em formato de onda. Por que isso acontece?

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13. Quando Poeirinha fica doente, qual a proposta do tio para curá-la?

14. Quando ficamos sabendo que a viagem não será feita, porque a menina está muito fraca, todos se reúnem em volta da cama de Poeirinha. O que faz a mãe da menina?

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15. Quando o irmão traz a caneta e o papel, o que acontece com a forma das letras e palavras no texto? Por que você pensa que isso acontece?

16. Para as pessoas o irmão Zeca parecia sempre meio distraído, abobado. Mas é ele que tem a ideia de mostrar o mar para a irmã, sem ela ter que ir até lá. Para a surpresa de todos, o que Zeca faz?

17. O narrador vai nos contando quais são as impressões dos irmãos sobre as três letras lidas com as pontas dos dedos. Explique com as suas palavras como são as letras M, A e R.

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18. Em determinado momento do texto, de repente, o tio grita dizendo que até já está ouvindo o barulho do mar. Em seguida, da cama da menina se levanta uma gaivota branca. Com o que o narrador compara a gaivota?

19. A seguir, o narrador faz várias perguntas. Como você responderia a es-tas perguntas? Qual delas responderia?

a) Era Maria Poeira que se erguia?

b) Era um simples remoinho de areia branca?

c) Ou era ela seguindo no rio, debaixo do manto feito de remoinhos, remen-dos e retalhos?

20. Ao terminar a narrativa, o menino Zeca Zonzo clama por sua irmã. Se-gundo ele, o que aconteceu com Poeirinha?

Para continuar

A língua no contexto

Pronomes pessoais

Um pronome é uma palavra usada para substituir um termo ou uma ex-pressão, ou seja, é para substituir um nome.

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Existem vários tipos de pronomes. Neste capítulo, aprenderemos os pro-nomes pessoais.

O pronome pessoal substitui uma das pessoas do discurso.

Observe o exemplo:

O que são as pessoas do discurso?

A primeira pessoa é a que fala: eu, nós

Eu já não distingo letra...

A segunda pessoa é aquela com quem se fala: tu, vós

Tu vês esta letra, Poeirinha?

A terceira pessoa é a pessoa ou coisa de que se fala: ele, ela, eles, elas.

... ele que poupasse a irmã daquela tontice...

Temos a primeira, a segunda e a terceira pessoa do singular ou plural.

Além de utilizados para substituir, os pronomes também podem ligar-se aos verbos de duas maneiras:

Fazendo o verbo conjugar, então são os pronomes pessoais do caso reto.

Mas depressa ela saía do sonho...

O pronome ela no texto substitui o nome “Poeirinha”, por isso o verbo está conjugado na terceira pessoa do singular: saía.

Completando o sentido do verbo, então são os pronomes pessoais do caso oblíquo.

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Chamava-se Maria Poeirinha.

O pronome se completa o sentido do verbo chamar: chamava-se, ou seja, é como ela se nomeia, como diz o seu próprio nome. Também, por isso, se conjuga o verbo na terceira pessoa do singular: ela se cha-mava.

Mesmo que o pronome “ela” não apareça no texto, sabemos que o narrador está falando de “Poeirinha”, palavra que pode ser substituída pelo pronome “ela”.

Observe o quadro abaixo com um resumo:

Quadro dos pronomes pessoais

Pessoas do discurso Pronomes retos Pronomes oblíquos

1ª do singular eu me, mim, comigo

2ª do singular tu te, ti, contigo

3ª do singular ele, ela se, si, consigo,

lhe, o, a

1ª do plural nós nos, conosco

2ª do plural vós vos, convosco

3ª do plural eles, elas se, si, consigo,

lhes, os, as

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1. Consulte o quadro anterior, de pronomes pessoais, observe os termos grifados e reescreva-os, substituindo-os por uma das opções entre parênte-ses, como no exemplo a seguir:

O Zeca Zonzo era desprovido de juízo. (ele/ela/tu/eu)

Ele era desprovido de juízo.

a) As ideias lhe voavam... (ele, eles, elas, nós, vós)

b) O tio não teve dúvida... (nós, tu, ele, vós)

c) Todos se aproximaram da cabeceira... (nós, eles, vós, eu)

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d) ... quando o irmão Zeca Zonzo trouxe um papel... (ele, eu, nós, eles)

e) A irmã murmurou, em débil suspiro... (ela, ele, eu, tu)

f) Essa letra é feita por ondas... (ele, ela, eles, elas)

2. Agora, observando o contexto, a situação da narrativa que lemos, faça como no exemplo: troque o pronome pelo nome que apareceu no texto:

Ele tomou na sua mão os dedos magritos de Maria Poeirinha.

Zeca Zonzo tomou na sua mão os dedos magritos dela.

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a) ... e soprou neles como se corrigisse algum defeito e os ensinasse a decifrar...

b) Todos pensaram que ele iria desenhar o oceano.

c) Num instante, ela ficou vizinha da morte.

d) E descobrisse outras praias dentro dela.

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3. Leia os trechos, consulte o quadro que estudamos e circule os prono-mes pessoais do caso oblíquo.

a) Vou-lhe mostrar o mar, maninha.

b) Em volta, todos se haviam calado.

c) E os dedos da menina magoaram-se no “r”.

d) Que a ele o mar lhe havia aberto a porta para o infinito.

Em determinadas situações, o pronome já foi usado, o nome também; en-tão, para não nos repetirmos, não colocamos nem o pronome nem o nome. Observamos o contexto e como o verbo está conjugado para saber qual é a pessoa do discurso. Observe o exemplo:

Estou só tocando sombras.

Qual seria o pronome que poderíamos usar antes do verbo estar?Poderíamos dizer assim:

Eu estou só tocando sombras.

4. Agora, retome o texto de Mia Couto, preencha as lacunas com os prono-mes adequados ao contexto, para isso observe a terminação do verbo:

a) E se afogou numa palavrinha.

b) Na miséria, em que viviam...

c) podia continuar pobre.

d) ... e no meio da cor iria pintar uns peixes.

Para continuar

Produção de texto

Agora, você vai escrever um tipo de texto chamado paráfrase, que signi-fica:

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Uma reescritura daquilo que você leu, ouviu ou viu. Para isso, o texto é refeito com outras palavras, mas seguindo o sentido do texto original.

Escreva um texto, usando suas palavras, para contar novamente a história O beijo da palavrinha.

Procure manter o sentido da história, apenas reconte; com isso você terá a sua própria versão.

Mas, lembre-se de que os elementos mais importantes precisam ser man-tidos, do contrário vira outra história e então não é uma paráfrase.

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Para casa

1. Substitua os trechos grifados pelo pronome pessoal do caso reto. Para tanto, consulte o quadro dos pronomes pessoais.

a) Certa vez, a menina adoeceu gravemente.

b) A mãe pegou nas mãos da menina.

c) Zonzo apenas rabiscou com letra gorda a palavra “mar”.

d) O menino ficou olhando para a folha.

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e) Os pais chamaram o moço à razão.

2. Consulte o quadro de pronomes e grife os pronomes pessoais do caso oblíquo que aparecem nos trechos a seguir:

a) Calem-se todos: já se escuta o marulhar!

b) Era Maria Poeira que se erguia?

c) E se afogou numa palavrinha.

d) Eu lhe conduzo o dedo por cima do meu.

e) Para que se cure, disse ele.

Para finalizar

O que aprendi no capítulo 4? Assinalar

Conheço os pronomes pessoais.

Sei registrar minhas ideias.

Reconheço que existem diferentes formas de utilizar a língua portuguesa em outros países.