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Português ESAF Luiz Ricardo Leitão 2ª edição questões comentadas Questões organizadas por assunto AMOSTRA DA OBRA www.editoraferreira.com.br O sumário aqui apresentado é reprodução fiel do livro Português ESAF

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PortuguêsESAF

Luiz Ricardo Leitão

2ª edição

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AMOSTRA DA OBRA www.editoraferreira.com.br

O sumário aqui apresentado é reprodução fiel do livro Português ESAF

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3 Amostra da obra

Nota sobre o autor

Luiz Ricardo Leitão é escritor, tradutor e professor associado da UERJ. Licenciado em Letras pela UFRJ (1983) e Doutor em Estudos Literários pela Universidad de La Habana (2002), publicou várias obras didáti-cas e ensaísticas, entre elas a Gramática Crítica: o culto e o coloquial no português brasileiro (2007) e Noel Rosa: Poeta da Vila, Cronista do Brasil (2009). Acumula larga experiência na área de Concursos Públicos, ministrando, de 1989 até 2012, aulas de Língua Portugue-sa e Redação em diversos cursos do Rio de Janeiro.

Sumário

Apresentação VII

Interpretação e compreensão de texto 1Coesão textual 25Coerência textual 38Tópicos de Morfologia 62Sintaxe I – Concordância 75Sintaxe II – Regência & Uso da Crase 89Sintaxe III – Emprego & Colocação dos Pronomes 101Pontuação 109Noções de Semântica 123Ortografia & Acentuação Gráfica 130Análise das estruturas linguísticas do texto 135

Apêndice 153

I. Aspectos ortográficos 153II. Aspectos gramaticais 155

1. Regência Verbal & Uso da Crase 1552. Emprego & Colocação dos Pronomes Átonos 1583. Uso dos Sinais de Pontuação 160

III. Aspectos textuais 1611. Mecanismos de Coesão Textual 161

Referências bibliográficas 165

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5 Amostra da obra

Apresentação

Este livro possui um duplo objetivo. Em primeiro lugar, ele trata de comen-tar de maneira clara e rigorosa as questões propostas em mais de uma dezena de provas objetivas de Língua Portuguesa elaboradas pela Escola de Administração Fazendária (ESAF) para processos seletivos de enorme prestígio, como é o caso dos concursos para a Receita Federal, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Plane-jamento, Orçamento e Gestão. Por outro lado, a presente obra também se preocupa em estabelecer uma espécie de perfil da banca organizadora desses certames, a fim de orientar os leitores sobre os tópicos mais exigidos da disciplina e a forma como estes têm sido abordados pelos examinadores nos concursos mais recentes (ou seja, aqueles realizados entre os anos de 2008 e 2012).

Nesse sentido, nossa preocupação foi distribuir os exercícios por tópicos e itens, conforme será discriminado mais adiante, a fim de que o(a) candidato--estudante disponha de uma descrição precisa e fidedigna de quais pontos do amplo programa oficial abrangido pela disciplina são dignos de sua maior atenção. Nosso primeiro passo, então, consistiu em compilar os certames que serviriam de base para a pesquisa a ser desenvolvida. Nesse sentido, no intuito de tornar mais atual a obra, as questões que selecionamos neste volume foram transcritas dos mais recentes processos seletivos (realizados no período entre 2008 e 2012). Os cargos e os órgãos a que se destinaram, assim como os respectivos anos de aplicação das provas objetivas escolhidas, são os seguintes:

01. Analista-Tributário / Receita Federal (2012)02. Auditor-Fiscal / Receita Federal (2012)03. Analista de Finanças e Controle / CGU (2012)04. Auditor-Fiscal do Trabalho / MTE (2010)05. Fiscal de Rendas / SMF-RJ (2010)06. Agente Executivo / CVM (2010)07. Analista Técnico / SUSEP (2010)08. Analista de Planejamento e Orçamento / MPOG (2009/2010)09. Analista-Tributário / Receita Federal (2009)10. Auditor-Fiscal / Receita Federal (2009)

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Português ESAF

Luiz Ricardo Leitão

Questões por assunto

11. Assistente Técnico-administrativo / Ministério da Fazenda (2009) 12. Agência Nacional de Águas / ANA (2009)13. Analista de Finanças e Controle / Secretaria do Tesouro Nacional (2008)

Analisando atentamente as questões aqui comentadas, é possível reco-nhecer uma estrutura e um padrão geral de avaliação adotado pela ESAF em suas provas. Para fins didáticos, inclusive, pode-se dizer que o seu conteúdo básico compreende os seguintes pontos:

a) Interpretação e compreensão de texto: neste tópico também são in-cluídas questões de paráfrase textual (reescritura de trechos ou pa-rágrafos, com manutenção ou não do sentido original dos enunciados transcritos) e inferência (realização de deduções ou conclusões a partir das informações veiculadas pelo texto).

b) Questões gerais de coesão textual, com atenção especial ao emprego de pronomes e advérbios em função referencial anafórica e aos valores semânticos dos conectivos.

c) Questões gerais de coerência textual, com dois itens bastante recor-rentes:

•Ordenação coesa e coerente de períodos ou trechos de um texto adap-tado: questões básicas de encadeamento discursivo, que são resolvidas a partir do reconhecimento do tópico frasal e dos conectores/proces-sadores que servem para estabelecer a devida coesão entre os segmen-tos dispostos de forma desordenada pela banca;

•Continuação coesa, coerente e gramaticalmente correta de um seg-mento de texto, por meio de exercícios que requerem não só o domí-nio dos principais mecanismos de coesão textual, mas também um conhecimento mínimo do conteúdo temático que o autor explora, além do manejo seguro da chamada norma culta da nossa língua escrita.

d) Análise de aspectos morfológicos do texto, entre os quais se incluem a correlação entre os tempos verbais, o uso da voz passiva pronominal ou sintética e as classes e funções da partícula “se”.

e) Questões gerais de sintaxe, desde a identificação, em segmentos de textos transcritos pela banca, de eventuais falhas de organização sintá-tica dos períodos, até os casos mais comuns de concordância (verbal e nominal), regência (quase sempre a verbal), crase e emprego & coloca-ção dos termos, em especial os pronomes átonos.

f) Questões gerais de uso dos sinais de pontuação, com ênfase no em-prego da vírgula e do ponto e vírgula, inclusive com a análise das jus-tificativas propostas para cada ocorrência ou das eventuais alterações sugeridas pela banca.

g) Noções básicas de semântica, avaliadas em questões objetivas relacio-nadas aos conceitos de denotação, conotação, sinonímia e paronímia, assim como o de hipônimos, hiperônimos, etc.

h) Tópicos diversos de ortografia e acentuação gráfica, com questões de emprego de letras, grafia de locuções e grafia de formas verbais.

i) Exercícios bastante abrangentes de análise do uso das estruturas linguís-ticas, que reúnem em uma só questão os aspectos ortográficos, gramati-cais, semânticos e textuais presentes no manejo da língua escrita.

***

A fim de orientar o leitor-candidato em seus estudos, apresentamos abaixo um quadro sinóptico das onze seções em que foram distribuídos os exercícios catalogados no conjunto dos treze processos seletivos acima citados. Assim, será possível avaliar o peso que cada assunto assume dentro das provas objetivas de Língua Portuguesa, o que decerto lhe será muito útil no momento de traçar a sua estratégia de revisão da disciplina. Confira:

TÓPICOS & ITENS TOTAl dE QUESTÕES1. Interpretação & Compreensão de texto 151. A – Paráfrase (reescritura textual) 061. B – Inferência (raciocínio dedutivo) 032. Coesão Textual 102. A – Uso da função referencial anafórica 062. B – Valores semânticos dos conectivos 043. Coerência Textual 153. A – Ordenação coerente de trechos 073 . B – Continuação coesa, coerente e correta 084. Tópicos de Morfologia 104. A – Correlação entre tempos verbais 054. B – Flexão nominal & verbal 034. C – Função da partícula “se” 025. Concordância nominal & verbal 106. Regência & Crase 107. Emprego & Colocação de pronomes 05

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8. Pontuação 108. A – Emprego dos principais sinais 078. B – Justificativa do uso 039. Noções de Semântica 059. A – Denotação & Conotação 019. B – Homonímia & Sinonímia 0410. Ortografia & Acentuação Gráfica 0510. A – Grafia de locuções & expressões 0110. B – Uso das formas verbais 0110. C – Emprego de letras & acentuação gráfica 0211. Análise das estruturas linguísticas do texto 10

Os dados fornecidos por esse quadro permitem-nos traçar um painel bas-tante abrangente e meticuloso dos aspectos linguísticos abordados nos concursos promovidos pela ESAF. A relevância que se concede às questões de interpreta-ção & compreensão de texto, assim como aos exercícios variados de coesão & coerência textual, atestam que a expectativa da banca é selecionar candidatos de efetiva competência verbal, para os quais ler (e escrever) não representa um tormento, mas sim uma forma de decifrar/reinventar o mundo e aprimorar seu próprio conhecimento sobre a realidade.

A importância dos aspectos gramaticais, porém, está mais do que realçada. Os itens de morfologia e sintaxe, em particular, assumem um peso considerável nos exames, isso sem falar na pontuação, um capítulo à parte sempre presente nos processos seletivos a cargo da instituição. Recebe menor atenção a parte de ortogra-fia & acentuação gráfica, ainda que suas questões compreendam distintos itens do programa. É de se estranhar, talvez, a pequena quantidade de exercícios de semân-tica, o que parece denotar uma aparente desatenção a essa área tão valorizada pelos modernos estudos linguísticos – em compensação, lembre-se que o uso dos conectivos possui indiscutível relevo, com ênfase clara nos valores semânticos por eles assumidos.

Enfim, não obstante eventuais desacertos da própria ESAF, as provas que são comentadas neste volume atestam a busca de equilíbrio na abordagem dos aspectos gramaticais e textuais que se mesclam no uso da variante culta da nossa língua escrita. Ao final de tão laboriosa pesquisa, o autor, assim como o editor, deseja que o material selecionado contribua decisivamente na preparação dos leitores-candidatos e que estes, devidamente habilitados no manejo dessa ferra-menta básica para o exercício da cidadania e a difusão do conhecimento, logrem obter sua aprovação no certame, a fim de cumprir com competência e princípios éticos as suas funções no Serviço Público.

Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2013.O Autor.

Análise das estruturas linguísticas do texto

Esta seção final do livro seleciona alguns exercícios que abrangem os mais variados tópicos do programa de Língua Portuguesa estipulado pela ESAF. Assim, os aspectos ortográficos, gramaticais, semânticos e textuais deve-rão ser atentamente examinados pelos leitores-candidatos na resolução das questões aqui transcritas.

Leia o fragmento de entrevista abaixo para responder à questão 01.

CARTA CAPITAL: Como o senhor avalia a economiabrasileira? Roberto Frenkel: A queda do crescimentoda economia teve a ver com três acontecimentos. Asituação nos EUA está mais positiva, há otimismo nomercado norte-americano, as ações subiram e estão nopico pós-crise, mas ainda é uma recuperação modesta.Na zona do euro, serão dois trimestres consecutivos emqueda, o que, de acordo com a definição convencional,caracteriza recessão. E a China está claramenteem desaceleração. Essas realidades tiveram umefeito negativo sobre o crescimento brasileiro aolongo do segundo semestre de 2011. Outro fator foia valorização cambial. No fim do ano passado, oreal chegou a acumular a maior valorização cambialdesde o início da globalização financeira, ou seja,desde o fim dos anos 1960; e isso tem um efeito muitonegativo sobre a indústria e a atividade de modo geral.

(Trecho adaptado da entrevista de Roberto Frenkel a Luiz Antonio Cintra, Intervir para ganhar. Carta Capital, 18 de abril de 2012, p.78.)

01. (Analista de Finanças e Controle/CGU/2012) Assinale a opção correta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

a) O uso de “ainda” (ℓ.6) indica que a “recuperação modesta” (ℓ.6) tem ex-pectativas de vir a melhorar.

b) A flexão de singular em “há” (ℓ.4) deve-se à concordância com “otimis-mo” (ℓ.4).

c) Preservam-se a coerência e a correção gramatical do texto, conferindo-lhe mais formalidade, ao substituir a expressão “teve a ver” (ℓ.3) por viu.

d) O uso do tempo e modo verbais em “serão” (ℓ.7) sugere hipótese, possi-bilidade na declaração, incerteza de que isso venha a acontecer.

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e) O pronome “isso” (ℓ.16) retoma a ideia expressa por “globalização finan-ceira” (ℓ.15).

Como o nosso leitor-candidato poderá verificar nas questões desta seção, a ESAF habituou-se a mesclar em um mesmo exercício itens gramati-cais e textuais do programa de Língua Portuguesa, agrupando-os, quase sempre, sob a cômoda rubrica de “estruturas linguísticas do texto”.

A análise correta proposta pela banca aparece na letra A. De fato, o uso do advérbio de tempo (“ainda”) sugere ao leitor que o fenômeno aludido (a “recuperação” dos EUA) poderá assumir dimensão mais positiva em um futuro não tão distante. Quanto às demais opções, todas apresentam equívocos gramaticais ou de coesão textual que comentaremos a seguir.

No item B, é óbvio que a flexão do verbo haver na 3ª pessoa do sin-gular se deve ao fato de que este se torna impessoal quando assume o sentido de “existir” – o termo “otimismo”, em realidade, não é sujeito, mas sim o seu objeto direto. Já em C, a substituição aventada torna ab-solutamente incoerente a frase enunciada.

Por sua vez, na letra d, o uso da forma verbal no futuro do presente do indicativo está longe de sugerir “hipótese, possibilidade na declaração, incerteza”, conforme a banca redigiu. Em última instância, o que o re-dator enuncia é um prognóstico objetivo, calcado nos dados de que se dispõe, sobre o desempenho econômico da zona do euro, cujo quadro recessivo, aliás, ameaça tornar-se uma doença crônica na região.

Por fim, na opção E, houve uma associação indevida entre o demons-trativo “isso” e o seu referente na cadeia discursiva do texto. A ideia que o pronome retoma não é a de “globalização financeira”, mas sim a de recorde de valorização cambial do real desde o início daquela era, ou seja, desde meados dos anos 1960. Gabarito: A

Texto para a questão 02.

No momento, o ministro das Comunicações trabalha em medidas para reduzir custos na telefonia e nas telecomunicações. Ele usa o conhecido – e correto – argumento de que o corte de impostos, ao reduzir o custo final para o usuário, aumenta o consumo; logo, o faturamento das empresas. E, portanto, repõe, num segundo momento, a receita tributária inicialmente perdida.

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A visão do ministro para o corte de tributos nas comunicações pode ser estendida a toda aeconomia, envergada sob o peso de uma fatura de impostos na faixa dos 36% do PIB, a mais elevada entre as economias emergentes, no mesmo nível de países europeus, em que os serviços públicos têm uma qualidade muito superior à dos oferecidos pelo Estado brasileiro.

(Hora de ampla desoneração tributária. Editorial, O Globo, 5/6/2012, com adaptação. http://arquivoetc.blogspot.com.br/2012/06/hora-de-ampla-deso-

neracaotributaria.html)

02. (Auditor-Fiscal da Receita Federal/2012) Assinale a proposição correta a respeito de elementos linguísticos do texto e de sentidos nele depreensíveis.

a) Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir os traves-sões (ℓ.3) por vírgulas.

b) Há relação de “causa e conseqüência” na sequência destas três idéias do texto: “o corte de impostos reduz o custo final para o consumidor”, “o consumo aumenta”, “aumenta o faturamento das empresas”.

c) Substituindo-se “envergada” (ℓ.11) por soterrada ou subterrada, pala-vras já aglutinadas com o prefixo so e sub-, torna-se dispensável o em-prego da preposição “sob” na frase.

d) Por estarem subentendidas, é correto explicitar as palavras que estão no corpo da frase das linhas 13 e 14, que vai ficar assim: ... as economias emergentes, que estão no mesmo nível de países europeus...

e) Confere-se maior concisão à frase “superior à dos oferecidos pelo Esta-do brasileiro”, sem prejuízo da correção gramatical, se ela for reescrita assim: superior aos oferecidos pelo Estado brasileiro.

Na presente questão, a análise dos “elementos linguísticos do texto” abrange desde o emprego de vírgulas e os usos de concordância ver-bal, até as relações coesivas expressas pelo mecanismo de conexão ou conjunção.

A proposição correta é expressa pela letra B, que corresponde a uma síntese das ideias enunciadas no segundo período do texto (cf. linhas 3-6). Quanto às demais opções, incorrem em distintas falhas, as quais serão comentadas a seguir.

Na alternativa A, não há prejuízo em substituir os travessões por vír-gulas, quando estas marcam o acréscimo de um novo adjunto (“[e]

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correto”) ao núcleo do sintagma nominal (“argumento”). Na letra C, não se pode dispensar a preposição; neste caso, para evitar uma even-tual redundância entre o prefixo das formas “soterrada” ou “subterra-da” e a preposição “sob”, o melhor seria valer-se de outra construção: “soterrada pelo peso [...]”.

Já na opção d, é inviável a flexão do verbo no plural, porque seu sujeito (oculto) é “uma fatura de impostos na faixa dos 36% do PIB”, termo que exige a concordância no singular. Por fim, na letra E, o pronome demonstrativo “a”, que se contrai com a preposição “a” na constru-ção “superior à dos oferecidos pelo Estado brasileiro”, refere-se ao termo feminino “qualidade”, o que inviabiliza o uso do masculino plural. Gabarito: B

03. (Auditor-Fiscal da Receita Federal/2012) Assinale a opção correta sobre as relações morfossintáticas e semânticas do texto.

A legislação trabalhista brasileira está perto de dar um passo rumo à modernização em pelo menos uma das frentes de contratação de mão de obra. Trata-se da terceirização. O sistema avançou em todo o mundo nos últimos anos, mas, no Brasil, tem alimentando polêmica entre trabalhadores, empresários e magistrados, além de ajudar a entulhar os escaninhos da Justiça do Trabalho. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados vai votar o relatório ao Projeto de lei nº 4.330/04, que regulamenta essa modalidade de contratação.Já não era sem tempo. Rejeitada por lideranças sindicais, que temem sofrer enfraquecimento de sua base com ampliação das empresas de terceirização, a matéria vem tramitando com grande dificuldade no Congresso. O resultado é que a realidade acabou atropelando a legislação ou a falta dela. A sofisticação dos processos de produção, a necessidade de manter o foco no coração do negócio e de buscar ganhos de escala forçou as empresas a reduzir a verticalização.

(Avanço nas relações de trabalho, Editorial, Correio Braziliense, 13/8/2012)

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a) O emprego do sinal indicativo de crase em “rumo à modernização” (ℓ.2) justifica-se porque a palavra “passo” exige complemento antecedido pela preposição “a” e “modernização” admite artigo definido.

b) Confere-se mais formalidade ao texto ao se substituir a palavra “entu-lhar” (ℓ.8) por atolar.

c) O emprego de vírgula antes de “que regulamenta” (ℓ.11) justifica-se para isolar oração subsequente de natureza restritiva.

d) Depreende-se das informações do texto que o termo “verticalização”(ℓ.22) refere-se ao processo de contratação direta de funcionários pelas empresas.

e) Ao substituir “Já não era sem tempo.”(ℓ.13) por Já era tempo prejudica-se o sentido original do texto.

Esta questão também se atém a diversos pontos do programa oficial, abordando tanto os itens gramaticais quanto os semânticos. A opção correta corresponde à letra d: o termo “verticalização” efetivamente denota o “processo de contratação direta de funcionários pelas empre-sas”, sistema preferido pelos sindicatos, mas pouco a pouco abandona-do pelas empresas, que optam pela “terceirização”, fórmula imposta pelo aumento dos “ganhos de escala” e pela reengenharia estrutural do mundo neoliberalmente globalizado.

Quanto às demais opções, apresentam distintos erros de análise. Na letra A, a preposição “a” é exigida pelo substantivo “rumo”, e não pela palavra “passo”, como sugere a banca. Em B, o vocábulo “atolar” não assume valor mais formal que o verbo “entulhar”: ambos se inserem em um registro coloquial da língua. Na opção C, usa-se a vírgula para isolar a “oração subsequente” de valor explicativo – e não uma oração “restritiva”, como enuncia o item. Por fim, na letra E, a substituição proposta não prejudica o sentido original do texto, ao contrário do que a alternativa afirma. Gabarito: D

04. (Analista-Tributário da Receita Federal/2012)

O governo dá sinais de que parece superar a longafase de negação do problema e está mais perto deformatar uma agenda para enfrentar a deterioraçãodas contas do Instituto Nacional do Seguro Social –INSS.Não estão em pauta medidas juridicamentecontroversas nem de impacto sobre o orçamento nocurto prazo, mas decisões a serem tomadas logo para

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atenuar, no futuro, a expansão da despesa com aPrevidência. Hoje, ela já é da ordem de 10% do PIB(incluindo o setor público), comparável à de paísesmais ricos e com maior número de idosos.No caso dos atuais segurados, o fundamental paraequilibrar as contas é desencorajar as aposentadoriasprecoces admitidas pela legislação. A alternativa à mãoé a fórmula batizada de 85/95, em que os números sereferem à soma da idade com o tempo de contribuiçãoa ser exigida, respectivamente, de mulheres e homens.A regra, fácil de entender, substituiria o fatorprevidenciário.Além disso, caberia impor aos futuros participantesdo mercado de trabalho, por exemplo, uma idademínima para a aposentadoria, como nos regimesprevidenciários da maioria dos países. Trabalha-secom 60 anos para mulheres e 65 para homens,números que serão objeto de negociação noCongresso. Atualmente, há quem se aposente antesdos 50, com base no tempo de contribuição (30 e 35anos, respectivamente, para obter o benefício integral).O outro item da agenda, disciplinar as pensões pormorte, reúne melhores condições para engendrar umaação mais imediata, talvez, dadas a dimensão e aobviedade das anomalias por corrigir. Viúvos e órfãoscustaram R$ 100 bilhões ao erário no ano passado(cerca de 20% do gasto previdenciário total), dosquais R$ 60 bilhões na carteira do INSS e o restanteno regime dos servidores públicos.Trata-se de um desembolso dos mais liberais nomundo, resultado de uma legislação extravagante.Não leva em conta, por exemplo, o período decontribuição pelo segurado, a idade do beneficiário ousua capacidade de sustentar-se.

(Editorial, Folha de S. Paulo, 2/8/2012)

Em relação às estruturas linguísticas do texto, assinale a opção correta.

a) Mantém-se a correção gramatical e os sentidos originais do período ao se substituir “de que” (ℓ.1) por do qual.

b) O emprego do sinal indicativo de crase em “à de países” (ℓ.11) justifica-se pela fusão da preposição “a”, exigida pelo adjetivo “comparável”, com o artigo definido feminino singular “a” que acompanha o substantivo “despesa”, elíptico na frase.

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c) Prejudica-se a correção gramatical e o sentido original do período ao se substituir “em que” (ℓ.16) por na qual.

d) A palavras “fórmula” e “números” (ℓ.16) recebem acento gráfico com base em regras gramaticais diferentes.

e) Em “trabalha-se” (ℓ.24 e 25) e em “se aposente” (ℓ.27) o emprego do pro-nome “se” tem a mesma função morfossintática.

Esta questão gerou enorme polêmica no certame, já que a resposta in-dicada no gabarito oficial da ESAF – a opção B – apresenta uma descri-ção absolutamente discutível para a estrutura linguística analisada. De acordo com a banca, no trecho em que o texto, referindo-se à “expan-são da despesa com a Previdência”, julga-a “comparável à de países mais ricos”, a ocorrência da crase se justificaria pela “ fusão da preposição ‘a’, exigida pelo adjetivo ‘comparável’, com o artigo definido feminino singu-lar ‘a’ que acompanha o substantivo ‘despesa’, elíptico na frase.”

Ora, quase todos os gramáticos normativos do português brasileiro não identificam nessa construção a presença de um artigo definido (a), mas sim a ocorrência de um pronome demonstrativo (“comparável àquela de países mais ricos”). Em última instância, o artigo só existi-ria se viesse antes de um substantivo, conforme prescreve Evanildo Bechara em sua obra:

O pronome o, perdido o seu valor essencialmente de-monstrativo e posto antes de substantivo, como adjunto, recebe o nome de artigo definido. Assim é que a gramá-tica, no exemplo seguinte, considera o primeiro os artigo definido e o segundo pronome demonstrativo:

“Os homens de extraordinários talentos são ordinaria-mente os de menor juízo” (Marquês de MARICÁ).

Em face de tal observação, que este autor subscreve plenamente, não se poderia aceitar a explicação dada no item, o que implicaria a ANU-LAÇÃO da questão, já que nenhuma opção enuncia um comentário válido sobre as construções linguísticas do texto. Os recursos interpos-tos nesse sentido, porém, foram indeferidos pela banca, que manteve o gabarito original.

Em relação às demais alternativas, cabe registrar algumas breves considerações. No item A, é inviável a substituição proposta, pois o

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conectivo que é uma conjunção subordinativa integrante – e não um pronome relativo, como a resposta supõe. Na opção C, a substituição sugerida não prejudica a correção do período, pois o antecedente do pronome relativo é um termo feminino (fórmula). Na letra d, os dois vocábulos recebem acento pelo mesmo motivo (ambos são proparoxí-tonos). Já no item E, a partícula se assume duas funções distintas: a primeira é índice de indeterminação do sujeito e a segunda indica voz reflexiva. Gabarito: B

Texto para a questão 05.

A experiência da modernidade é algo que só pode serpensado a partir de alguns conceitos fundamentais.Um deles é o conceito de civilização. Tal conceito, aexemplo dos que constituem a base da estrutura daexperiência ocidental, é algo tornado possível apenaspor meio de seu contraponto, qual seja, o conceito debarbárie.Assim como a ideia de civilização implica a ideia debarbárie, a experiência da modernidade (que não deveser pensada como algo que já aconteceu, mas comoalgo que deve estar sempre acontecendo, um porvir)implica a experiência da violência que a tornou possível– a violência fundadora da modernidade. O processocivilizatório se constitui a partir da conquista de territóriose posições ocupados pela barbárie. Tal processo se dáde forma contínua, num movimento insistente que estásendo sempre recomeçado. Pensando em termos deexperiência moderna, todas as grandes conquistas ouinvasões das terras alheias tiveram como justificativa aocupação dos espaços da barbárie.

(Adaptado de Ruberval Ferreira, Guerra na língua: mídia, poder e terrorismo. 2007, p. 79-80)

05. (Analista/MPOG/2010) Assinale a opção incorreta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto.

a) A flexão de masculino no termo “pensado” (ℓ.2) indica que o pronome relativo “que” retoma, nas relações de coesão, o pronome “algo” e não o substantivo “experiência”.

b) O uso da voz passiva em “ser pensada” (ℓ.10) indica que o verbo pensar está empregado como pensar em, e a oração na voz ativa correspondente deve ser escrita como pensar na experiência da modernidade.

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c) O sinal de travessão, na linha 13, exerce função semelhante ao sinal de dois pontos, que é a de introduzir uma explicação ou uma especificação para a ideia anterior.

d) As estruturas sintáticas do texto permitem o deslocamento do prono-me átono em “se constitui” (ℓ.14) e “se dá” (ℓ.15) para depois do verbo, escrevendo-se, respectivamente, constitui-se e dá-se, sem que com isso se prejudique a correção ou a coerência do texto.

e) Embora a substituição de “está sendo” (ℓ.16 e 17) por é respeite a corre-ção gramatical e a coerência do texto, a opção pelo uso da forma durati-va enfatiza a ideia de continuidade do processo civilizatório.

Esta questão também ilustra muito bem aquilo que os concursos organi-zados pela ESAF costumam descrever como “uso das estruturas linguís-ticas no texto”. Nas cinco alternativas, são abordados os mais diversos itens do programa, desde a regência verbal e a colocação pronominal até o emprego dos sinais de pontuação e os mecanismos de coesão textual.

A opção incorreta é a letra B. O uso da voz passiva só foi possível porque o verbo “pensar” é transitivo direto, na mesma acepção de “conceber”, “imaginar”. O autor quis dizer que “a experiência da mo-dernidade” não deve ser concebida / imaginada “como algo que já acon-teceu” – na voz ativa, diríamos: não pensemos a modernidade [obje-to direto] como algo que já aconteceu. A presença da preposição “em”, portanto, é inadmissível.

Nas demais letras, não há ressalvas a fazer. No item A, veja-se que a concordância no masculino é o padrão para os vocábulos neutros (como o pronome indefinido “algo”) na língua portuguesa. Na opção d, de fato não existe qualquer fator que exija a próclise na colocação dos pronomes átonos, por isso a ênclise foi bem empregada (as regras para esse uso estão no Apêndice ao final deste volume). Gabarito: B

06. (Analista Técnico da SUSEP/2010) Assinale a opção correta a respeito do uso das estruturas linguísticas na organização das ideias do texto.

Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, índicesde renda, emprego e mobilidade social retornaram aosmesmos patamares de antes da queda. Em uma analogiacom uma partida de futebol, o coordenador da pesquisaafirmou que o Brasil teve um “tropeço no começo dojogo”, mas depois conseguiu se recuperar: “Podemosdizer que é um empate com muitos gols. Começamos o

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ano levando uma goleada, mas depois nos recuperamos.Foi um empate generalizado: desigualdade, pobreza,mobilidade.” O índice de mobilidade social foi um dosdestaques do levantamento.

(Correio Braziliense, 11 de fevereiro, 2010, com adaptações)

a) De maneira a explicitar as relações entre as ideias do primeiro período sin-tático, subentendem-se, depois de “patamares” (ℓ.3), os termos que tinha.

b) Por retomar um termo já presente no texto, o nome “Brasil” (ℓ.5), o pro-nome “se” (ℓ.6) admite ser omitido, sem prejudicar a coerência da argu-mentação ou a correção gramatical do texto.

c) Como a comparação com o jogo de futebol ressalta o “empate” (ℓ.7), para efeito de argumentação, é irrelevante se a expressão “muitos gols” (ℓ.7) for substituída por alguns gols ou por poucos gols.

d) A relação de explicação que o período iniciado por “Começamos” (ℓ.7) estabelece com o período que o antecede permite substituir o ponto de-pois de “gols” (ℓ.7) pelo sinal de dois pontos, fazendo os devidos ajustes na letra inicial maiúscula desse verbo.

e) A relação de sentidos entre a fala do coordenador da pesquisa e a última oração do texto permite iniciá-la pelo conectivo Por isso, fazendo ajustes na pontuação e nas letras maiúsculas, escrevendo-se: Por isso, o índice.

Reúne-se aqui uma série de afirmativas que tratam de aspectos semân-ticos e gramaticais do texto, incluindo-se entre estes itens de sintaxe, pontuação e emprego de conectivos.A única opção correta é a letra d. Ela aborda um artifício muito co-mum nas questões de pontuação, presente tanto em provas objetivas da ESAF, quanto em concursos do Cespe: a substituição do ponto pelo sinal de dois-pontos entre dois períodos consecutivos que estabelecem entre si uma relação de explicação. Essa conexão, aliás, por vezes tam-bém pode ser promovida pelo uso de uma conjunção explicativa (pois, porque), conforme o(a) candidato(a) poderá encontrar em outros pro-cessos seletivos das referidas bancas.Quanto às demais opções, possuem falhas bem evidentes. Note-se, de imediato, na letra A, que a inclusão dos termos “que tinha” implica grave erro de concordância verbal, já que o antecedente do pronome relativo é o termo “índices de renda, emprego e mobilidade social”, o qual exige verbo no plural (“que tinham”). Além disso, sua inserção também tornaria desnecessária a presença da preposição “de”, que an-tecede a expressão “antes da queda”.

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No item B, em face do caráter reflexivo da ação verbal, é inviável a omis-são do pronome “se”. Caso o retirássemos, faltaria um objeto direto para o verbo recuperar, que possui regime transitivo direto na oração. Já na letra C, é óbvio, para qualquer brasileiro que conheça as metáfo-ras futebolísticas, que um empate com “muitos gols” tem valor (e sabor) totalmente diverso de um empate com “poucos gols”, ao contrário do que o item sugere.Finalmente, na letra E, a introdução do conectivo “Por isso” é total-mente inadequada, visto que a última oração não expressa uma decor-rência do fato anteriormente exposto, mas sim um destaque ou adição de informação dentro da linha argumentativa do texto. Gabarito: D

07. (Agente Executivo/CVM/2010) Em relação ao uso das estruturas linguísti-cas do texto, assinale a opção correta.

Nem sempre a abundância de um recursonatural como o petróleo num país traz-lhe pros-peridade. A prosperidade dos países árabes maisricos pelo petróleo é discutível, se a gente nãoolhar apenas os palácios e o exotismo árabes. Achamada doença holandesa caracteriza a situaçãode um país que, à mercê de novas riquezas,acaba solapando a sua indústria. Mas o mais terrível,como referência à maldição do petróleo, nãoé a Holanda, é a Venezuela. E o Brasil, por quenão? Surfando nos ciclos do açúcar, do ouro edo café, montamos um país desigual e atrasado,ou como dizia Washington Luiz antes da épocada industrialização: “o Brasil é um país essencial-mente agrícola”, isto é, especializado em exportaraçúcar, café, cacau e tabaco.Portanto, o pré-sal tanto pode ser uma fontede recursos que impulsionarão o Brasil para umnovo patamar de desenvolvimento e equidadesocial ou algo mais parecido com o ciclo da cana-de-açúcar, em que se consolidou uma sociedadecolonial injusta, atrasada e sem recursos que nãoos cedidos pelas metrópoles. Tudo depende decomo o pré-sal vier a ser administrado.

(Pergentino Mendes de Almeida, disponível em http://www.correiocidadania.com.br/content/view/4881/9/, acesso em 29/10/2010)

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a) Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “ traz-lhe” (ℓ.2) por traz a ele.

b) A palavra “solapando” (ℓ.8) está sendo empregada com o sentido de im-pulsionando.

c) A palavra “equidade” (ℓ.19) está sendo empregada com o sentido de res-peito à igualdade de direitos, justiça social.

d) A palavra “Surfando” (ℓ.11) está sendo empregada com o sentido deno-tativo.

e) Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “vier a ser” (ℓ.24) por estiver sendo.

Esta questão também trata de aspectos gramaticais e semânticos do ar-tigo transcrito. A opção correta é a letra C, na qual se expressa com precisão e fidelidade ao texto o sentido da palavra “equidade”, uma variante mais formal do termo “igualdade”, que aqui se aplica a um contexto eminentemente social.Nos demais itens, por vezes, pequenos detalhes de redação fazem a di-ferença. Na letra A, por exemplo, a substituição proposta não prejudica a correção do período. O mesmo veio a ocorrer na opção E, em que não se nota nenhuma transgressão à norma dita culta caso se efetive a alteração sugerida.Quanto à letra B, basta conferir no dicionário: “solapar” significa “es-cavar; minar, abalar os fundamentos de” (HOUAISS & VILLAR, 2009) – por isso, não cabe a suposta sinonímia com “impulsionar”. Final-mente, na alternativa d, “Surfando” foi empregado com sentido niti-damente conotativo (ou seja, figurado) – e não de forma denotativa, como a opção equivocadamente afirma. Gabarito: C

08. (Auditor-Fiscal do Trabalho/MTE/2010) Em relação às estruturas do texto, assinale a opção incorreta.

Para que a cobertura mínima oferecida pelosplanos de saúde aos seus segurados inclua astecnologias, os tratamentos e os equipamentos queentraram em uso recentemente, a Agência Nacionalde Saúde Suplementar (ANS) acrescentou 73 novosprocedimentos à lista de exames, consultas, cirurgiase outros serviços que as operadoras são obrigadas aoferecer.

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Criada em 2000 para “promover a defesa do interessepúblico na assistência suplementar à saúde e regular asoperadoras setoriais, inclusive quanto às suas relaçõescom prestadores (de serviços) e consumidores”, a ANSopera numa corda bamba. Entre suas atribuições estáa de elaborar a lista dos procedimentos de coberturaobrigatória nos planos de saúde. Ela tem de asseguraraos que buscam a proteção dos planos de saúde acobertura mais completa possível, o que inclui as novastecnologias na área de medicina. Mas, muitas vezes, osnovos procedimentos têm um custo tão alto que limita seuuso. Se a ANS impuser às operadoras a obrigatoriedadedo oferecimento desses procedimentos poderá levá-lasà ruína financeira, o que, no limite, destruiria o sistemade assistência suplementar à saúde.

(O Estado de S. Paulo, Editorial, 17/01/2010.)

a) O termo “Para que” (ℓ.1) confere ao período em que ocorre a ideia de finalidade.

b) O emprego do modo subjuntivo em “inclua” (ℓ.2) justifica-se por se tra-tar de uma oração subordinada que apresenta um fato hipotético ou provável.

c) A expressão “numa corda bamba” (ℓ.13) tem significação conotativa e confere um tom de informalidade ao texto.

d) A expressão “aos que buscam a proteção dos planos de saúde” (ℓ.16) tem, no período, a função de objeto direto.

e) As expressões “novas tecnologias na área da medicina” (ℓ.17 e 18), “os no-vos procedimentos” (ℓ.18 e 19), “desses procedimentos” (ℓ.21) formam uma cadeia coesiva que retoma a ideia inicial de “as tecnologias, os tratamentos e os equipamentos que entraram em uso recentemente” (ℓ.2, 3 e 4).

Esta questão contempla tópicos de sintaxe, semântica e coesão textual, incluindo até uma opção voltada para o significado dos modos verbais.

A opção incorreta é a letra d. O termo indicado (“aos que buscam a proteção dos planos de saúde”), regido pela preposição “a”, assume a função de objeto indireto, complementando o verbo “assegurar”, que, na oração, é transitivo direto e indireto: no texto, assegura-se alguma coisa (“a cobertura mais completa possível” – objeto direto) a alguém (“aos que buscam [...]” – objeto indireto).

Quanto aos demais itens, não há nenhum comentário equivocado. Na letra A, o conectivo “Para que” equivale à locução conjuntiva “a fim de

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que”, ambos com valor final. Na opção B, o uso do subjuntivo de fato se justifica pelo caráter de possibilidade de inclusão de tecnologias, trata-mentos e equipamentos mais recentes na cobertura dos planos de saúde.

O item C torna a destacar, como já ocorrera na questão 06, o emprego informal de expressão conotativa (“na corda bamba”) dentro de um tex-to jornalístico mais formal (um editorial de O Estado de São Paulo). Por fim, a letra E constitui um mero exercício de identificação de elementos textuais que se associam ao mesmo item discursivo já enunciado. Gaba-rito: D

09. (Assistente Técnico/Ministério da Fazenda/2009)

Sem uma pesquisa sistemática sobre o assunto,parece, à primeira vista, que os jornais cariocas sãomais prolíficos em notícias de crime do que os paulistas.É alarmante a escalada da anomia em seu território.Em menos de uma semana, invadiram-se duasinstalações militares para roubar armas, com êxitoabsoluto. Os tiroteios são cotidianos nas vias deacesso ao centro urbano e mesmo nesse centro, ondequadrilhas organizam “bondes” para tomar de assaltopedestres e motoristas. Nem mesmo membros dasfamigeradas “milícias” estão inteiramente a salvo: nasemana passada, roubou-se a moto de um milicianoencarregado de vigiar uma rua num subúrbio. Ou seja,as quadrilhas vitimizam-se mutuamente, do mesmomodo como costuma acontecer com as batalhas pelocontrole de pontos de droga.

(Muniz Sodré, Ruas de presas e de caçadores, 17/3/2009, (com cortes), em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=529JDB002)

Assinale a afirmação falsa a respeito dos elementos linguísticos do texto.

a) A expressão “Nem mesmo” (ℓ.10) pode ser substituída por “Até mesmo”, sem prejuízo do significado do texto.

b) Entende-se um predicado oculto em: Os tiroteios são cotidianos nas vias de acesso ao centro urbano e [são cotidianos] mesmo nesse centro...

c) “Invadiram-se duas instalações militares” (ℓ.5 e 6) pode ser substituída por: “duas instalações militares foram invadidas”, sem prejuízo da cor-reção gramatical.

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d) O autor evita afirmar com plena certeza que os jornais cariocas são mais prolíficos em notícias de crime do que os paulistas.

e) O advérbio “mutuamente” (ℓ.14) significa: reciprocamente.

Entre as cinco alternativas de resposta para a questão, incluem-se, en-tre outros, tópicos de estruturação do período, emprego da voz pas-siva e sinonímia.

A opção que apresenta um comentário falso é a letra A. A proposta de substituição da expressão “Nem mesmo” por “Até mesmo” acarreta pre-juízo evidente ao texto, pois, em lugar da noção de adição negativa que a primeira construção traduz, a segunda confere à passagem um valor de inclusão (ou, ainda, de admissão ou reconhecimento inclusivo).

Quanto aos itens seguintes, ressalte-se, na letra C, mais um caso de conversão da voz passiva pronominal ou sintética (“Invadiram-se duas instalações militares”) para a passiva analítica, com a devida con-cordância entre o particípio e o seu sujeito (“duas instalações milita-res foram invadidas”). Gabarito: A

10. (Analista de Finanças e Controle/STN/2008) Assinale a asserção correta em relação aos sentidos e expressões linguísticas do trecho.

Derrotada sistematicamente nos tribunais superiores,a Advocacia-Geral da União (AGU) resolveu editarum pacote com oito súmulas, reconhecendo direitosdos servidores públicos federais. O gesto põe fim apendências jurídicas que se arrastavam havia décadas eserve de alento para quem ainda busca reaver ou manterbenefícios funcionais. Com as súmulas, os advogadospúblicos ficam automaticamente desobrigados acontestar decisões desfavoráveis. (...) Esclarece aAGU: “O servidor sabia que se entrasse na Justiçaganharia, mas a União, por dever, mesmo sabendo queperderia, tinha de recorrer. As oito medidas acabamcom isso.” Entre as súmulas está a que reconhece odireito de pagamento do auxílio-alimentação retroativoao servidor em férias ou licença entre outubro de 1996e dezembro de 2001.(Luciano Pires, Correio Braziliense, 20/09/2008, p. 23, com adaptações)

a) O particípio “Derrotada” (ℓ.1) e o gerúndio “reconhecendo” (ℓ.3) cons-tam no texto com sujeito oculto.

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b) No lugar do sintagma “O gesto” (ℓ.4) poderia ser empregado, sem preju-ízo da coerência textual, qualquer dos sintagmas Este ato, Tal medida, O feito.

c) O segmento “que se arrastavam havia décadas” (ℓ.5) é resumido, sem incorreção gramatical, da seguinte maneira: de haviam décadas.

d) Reescreve-se, mantendo-se a correção gramatical e a coerência textual, o período “para quem ainda busca reaver ou manter benefícios funcio-nais.” (ℓ.6 e 7) do seguinte modo: para que se reavenham ou mantenham benefícios funcionais.

e) Substitui-se, com correção gramatical e sem alteração de sentido, o seg-mento “ficam automaticamente desobrigados a contestar decisões desfa-voráveis” (ℓ.8 e 9) por: não ficam automaticamente obrigados a ratificar decisões favoráveis.

A asserção correta identifica-se, de imediato, na letra B: a substi-tuição do termo “O gesto” por cada um dos três sintagmas propos-tos não acarreta qualquer prejuízo à coerência textual. A edição do ‘pacote’ (item discursivo que o substantivo retoma) também pode ser designada como um “ato”, “medida” ou “ feito”, devidamente antecedido, nos três casos, por um termo determinante – pronome demonstrativo (Este e Tal) ou artigo (O). Os mais rigorosos talvez apontassem falha no emprego de Este em lugar de Esse, já que, à pri-meira vista, o elemento anafórico se refere ao item focalizado na fra-se imediatamente anterior. Contudo, não se deve perder de vista que o dito “gesto” é o tema permanente do trecho em tela, o que permite ao redator destacá-lo como tópico relevante e presencial por meio do demonstrativo da 1ª pessoa (ver, no Apêndice, a função referencial dos pronomes).Quanto às demais alternativas, assinalamos a seguir suas falhas mais evidentes. Na letra A, não há omissão do sujeito do particípio: “Derrotada” refere-se explicitamente ao sintagma “a Advocacia-Geral da União (AGU)”. Na opção C, incorre-se em erro crasso de concordância verbal: o verbo haver, indicando “tempo decorrido” (= “fazer”), é impessoal e, portanto, não pode ser flexionado no plural. O correto, segundo a norma culta letrada, seria: “de havia décadas”.

Por fim, o item d comete uma grave falha morfológica, ao empregar uma forma fictícia de um verbo tido como defectivo (“reaver” não se conjuga nas três pessoas do singular e na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo e, por extensão, tampouco pode ser flexio-nado no presente do subjuntivo) – neste caso, caberia o uso de um sinônimo: “para que se recuperem”. Para concluir, a letra E incorre em óbvia confusão semântica, ao uti-lizar o verbo “ratificar” (= “confirmar”) em lugar do seu parônimo “retificar” (= “corrigir”). Quem se desobriga “a contestar decisões desfavoráveis” (termo enunciado no trecho original que a opção bus-ca parafrasear) deixa de estar obrigado a “refutá-las” ou “retificá-las” – e não “reafirmá-las” ou “ratificá-las”. Gabarito: B

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Português ESAF 2ª edição, revisto e atualizado por Luiz Ricardo Leitão, é agora organizado por assunto, de acor-do com o programa geral de Língua Portuguesa exigido pela ESAF. Dentre os temas, destacam-se: Interpretação e compreensão de texto; Coesão textual; Coerência textual; Concordância; Regência & Uso da Crase; Emprego & Co-locação dos Pronomes e Pontuação.

Além disso, o autor comenta questões das provas realiza-das entre 2008 e 2012, com atenção especial aos concur-sos mais recentes da banca. Com todas estas qualidades incluídas em um único livro, você tem a chave de acesso para conquistar a tão cobiçada vaga no Serviço Público.

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