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Exercícios propostos Português capítulo 4 234 um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. (...) Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, ALGUÉM tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: 4. – Você é um bicho, Fabiano. 5. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades”. 52. (FEI) Observe a oração: “Fabiano ia satisfeito”. O termo em destaque assume a função de: a) predicativo do sujeito b) objeto direto c) adjunto adverbial d) adjunto adnominal e) agente da passiva Texto para a próxima questão: Consideração do poema Fragmento Não rimarei a palavra sono com a incorrespondente palavra outono. Rimarei com a palavra carne ou qualquer outra, que todas me convêm. As palavras não nascem amarradas, Elas saltam, se beijam, se dissolvem, no céu livre por vezes um desenho, são puras, largas, autênticas, indevassáveis. 53. (FEI) Observe o verso: “As palavras não nascem amarradas” Assinale a alternativa em que o sujeito e o predicado da oração estejam corretamente analisados: a) sujeito composto e predicado nominal b) sujeito simples e predicado verbo-nominal c) sujeito composto e predicado verbal d) sujeito simples e predicado nominal e) sujeito simples e predicado verbal Texto para a próxima questão: Emoções na montanha-russa (fragmento) Uma das sensações mais intensas e perturbadoras 4 que se pode experimentar, neste nosso mundo atual, é um passeio na montanha-russa. Só não é nem um pouco recomendável para quem tenha problemas com os ner- vos ou com o coração, nem para aqueles com o sistema digestivo sensível. A própria decisão de entrar na brin- cadeira já requer alguma coragem, a gente sabe 1 que a emoção pode ser forte até demais e 2 que podem decor- rer consequências imprevisíveis. Entra quem quer ou quem se atreve, mas sabe-se também 3 que muita gente entra forçada por amigos e pessoas queridas, meio que contra a vontade, pressionada pela vergonha de mani- festar sentimentos de prudência ou o puro medo. Mas, uma vez que se entra, 5 que se aperta a trava de segu- rança e a geringonça se põe em movimento, a situação se torna irremediável. Bate um frio na barriga, o corpo endurece, as mãos cravam nas alças do banco, a respi- ração se torna cada vez mais dicil e forçada, o cora- ção descompassa, um calor estranho arde no rosto e nas orelhas, ondas de arrepio descem do pescoço pela espi- nha abaixo. Nicolau Sevcenko: A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. 46. Qual a diferença entre Predicado nominal e Predi- cado verbal? Texto para a próxima questão: Assinale a letra correspondente à alternativa que preen- che corretamente as lacunas da frase apresentada. 47. (UEL) Exerce a função de........o termo em destaque na frase “Ninguém ficou satisfeito com aquela medida”. a) complemento verbal b) adjunto adverbial c) predicativo do sujeito d) sujeito e) complemento nominal 48. Localize o predicativo e classifique-o: 1. predicativo do sujeito 2. predicativo do objeto a) Sua fisionomia parecia contraída. b) Eugênio recebeu triste a morte de Olívia. c) O relato terminou comprometido. d) Julgaram Eugênio incompetente. 49. Localize grifando o predicativo e classifique-o em: predicativo do sujeito e predicativo do objeto. a) Sua fisionomia parecia contraída. b) Rufino morreu afogado. c) Alexandre nomeou os tubarões pontuais. d) Julgaram Alexandre herói. e) Velasco chegou triste. 50. A alternativa que classifica incorretamente o predi- cado é: a) Os meninos pequenos brincavam no quintal. (predicado verbal) b) Os pássaros são aves frágeis. (predicado nominal) c) Os pássaros saíram apressados da gaiola. (predicado verbal) d) Cedo, os meninos já queriam as bicicletas. (predicado verbal) e) O ladrão fugiu apavorado. (predicado verbo-nominal) 51. (Mackenzie) Na frase de Oo Lara Resende, “Mineiro só é solidário no câncer”, a expressão em destaque é: a) predicativo do sujeito. b) aposto. c) objeto direto. d) adjunto adverbial de modo. a) adjunto adnominal de mineiro. Texto para a próxima questão: 1. “Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. ELE, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos - e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera(...). 2. – Fabiano, VOCÊ é um homem, exclamou em voz alta. 3. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era um homem: era apenas

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 4

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um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. (...) Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, ALGUÉM tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:

4. – Você é um bicho, Fabiano.5. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um

bicho capaz de vencer dificuldades”.

52. (FEI) Observe a oração: “Fabiano ia satisfeito”. O termo em destaque assume a função de:

a) predicativo do sujeito b) objeto direto c) adjunto adverbial

d) adjunto adnominal e) agente da passiva

Texto para a próxima questão: Consideração do poema

Fragmento

Não rimarei a palavra sonocom a incorrespondente palavra outono.Rimarei com a palavra carneou qualquer outra, que todas me convêm.As palavras não nascem amarradas,Elas saltam, se beijam, se dissolvem,no céu livre por vezes um desenho,são puras, largas, autênticas, indevassáveis.

53. (FEI) Observe o verso:

“As palavras não nascem amarradas”

Assinale a alternativa em que o sujeito e o predicado da oração estejam corretamente analisados:

a) sujeito composto e predicado nominal b) sujeito simples e predicado verbo-nominal c) sujeito composto e predicado verbal d) sujeito simples e predicado nominal e) sujeito simples e predicado verbal

Texto para a próxima questão: Emoções na montanha-russa (fragmento)

Uma das sensações mais intensas e perturbadoras 4que se pode experimentar, neste nosso mundo atual, é um passeio na montanha-russa. Só não é nem um pouco recomendável para quem tenha problemas com os ner-vos ou com o coração, nem para aqueles com o sistema digestivo sensível. A própria decisão de entrar na brin-cadeira já requer alguma coragem, a gente sabe 1que a emoção pode ser forte até demais e 2que podem decor-rer consequências imprevisíveis. Entra quem quer ou quem se atreve, mas sabe-se também 3que muita gente entra forçada por amigos e pessoas queridas, meio que contra a vontade, pressionada pela vergonha de mani-festar sentimentos de prudência ou o puro medo. Mas, uma vez que se entra, 5que se aperta a trava de segu-rança e a geringonça se põe em movimento, a situação se torna irremediável. Bate um frio na barriga, o corpo endurece, as mãos cravam nas alças do banco, a respi-ração se torna cada vez mais difícil e forçada, o cora-ção descompassa, um calor estranho arde no rosto e nas orelhas, ondas de arrepio descem do pescoço pela espi-nha abaixo.

Nicolau Sevcenko: A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa.

46. Qual a diferença entre Predicado nominal e Predi-cado verbal?

Texto para a próxima questão: Assinale a letra correspondente à alternativa que preen-che corretamente as lacunas da frase apresentada.

47. (UEL) Exerce a função de........o termo em destaque na frase “Ninguém ficou satisfeito com aquela medida”.

a) complemento verbal b) adjunto adverbial c) predicativo do sujeito

d) sujeito e) complemento nominal

48. Localize o predicativo e classifique-o:

1. predicativo do sujeito2. predicativo do objeto

a) Sua fisionomia parecia contraída.b) Eugênio recebeu triste a morte de Olívia.c) O relato terminou comprometido.d) Julgaram Eugênio incompetente.

49. Localize grifando o predicativo e classifique-o em: predicativo do sujeito e predicativo do objeto.

a) Sua fisionomia parecia contraída.b) Rufino morreu afogado.c) Alexandre nomeou os tubarões pontuais.d) Julgaram Alexandre herói.e) Velasco chegou triste.

50. A alternativa que classifica incorretamente o predi-cado é:

a) Os meninos pequenos brincavam no quintal. (predicado verbal)

b) Os pássaros são aves frágeis. (predicado nominal) c) Os pássaros saíram apressados da gaiola. (predicado

verbal) d) Cedo, os meninos já queriam as bicicletas. (predicado

verbal) e) O ladrão fugiu apavorado. (predicado verbo-nominal)

51. (Mackenzie) Na frase de Otto Lara Resende, “Mineiro só é solidário no câncer”, a expressão em destaque é:

a) predicativo do sujeito. b) aposto. c) objeto direto. d) adjunto adverbial de modo. a) adjunto adnominal de mineiro.

Texto para a próxima questão: 1. “Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se.

Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. ELE, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos - e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera(...).

2. – Fabiano, VOCÊ é um homem, exclamou em voz alta.

3. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era um homem: era apenas

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tos jovens candidatos a aviador. A mídia glamourizou a ousadia de voar..........................................................................................

Inventar aviões era um ofício diletante e nada ren-doso - ainda. Exigia recursos financeiros para cons-truir aparelhos, contratar mecânicos, oficinas e han-gares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto San-tos-Dumont, filho de um rico fazendeiro mineiro, ou ao engenheiro e nobre francês marquês d’Ecquevilley-Mon-tjustin. Voar era um ideal delirante e dândi. Uma glória para homens extraordinários.

SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36

55. (UEPG) Quanto à sintaxe interna da estrutura “Os parisienses acompanhavam fascinados as audácias dos aviadores”, é correto afirmar que

01. “parisienses” é um substantivo em função de sujeito. 02. o verbo é transitivo direto. 04. o predicado é verbo-nominal, pois tem um verbo e

um nome como núcleos. 08. “fascinados” funciona como predicativo do sujeito. 16. o sintagma “as audácias dos aviadores” tem função

de objeto direto.

Texto para a próxima questão: Os Três Amores

IMinh’alma é como a fronte sonhadoraDo louco bardo, que Ferrara chora...Sou Tasso!... a primavera de teus risosDe minha vida as solidões enflora...Longe de ti eu bebo os teus perfumes,Sigo na terra de teu passo os lumes... - Tu és Eleonora...

IIMeu coração desmaia pensativo,Cismando em tua rosa predileta.Sou teu pálido amante vaporoso,Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!Sonho-te às vezes virgem... seminuaRoubo-te um casto beijo à luz da lua - E tu és Julieta...

IIINa volúpia das noites andaluzasO sangue ardente em minhas veias rola...Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,Vós conheceis-me os trenos na viola! Sobre o leito do amor teu seio brilha...Eu morro, se desfaço-te a mantilha... Tu és - Júlia, a Espanhola!...

Castro Alves

56. (CESGRANRIO) As expressões “Sou Tasso!...”, “- Tu és Eleonora, “Sou teu Romeu...” e “Sou D. Juan” apresentam os substantivos próprios na função de:

a) vocativo. b) predicativo do sujeito. c) predicativo do objeto.

d) objeto direto. e) adjunto adnominal.

Texto para a próxima questão: Tribalização

O continente africano, que tantas vezes e por tanto tempo já foi o espelho sombrio e espoliado dos pro-gressos da civilização ocidental, infelizmente continua sujeito a um processo que, no limite, resume-se a uma implosão civilizatória.

Se os tempos são de globalização, o espelho de horro-res africano coloca-nos diante da antítese mais extrema, a da tribalização. Chegam-se ao fim do século 20 com o mais

54. (IFCE) Sobre as expressões do primeiro período “uma das sensações mais intensas e perturbadoras” e “um passeio na montanha-russa”, uma análise possível, correta e coerente é a de que

a) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível denotativo, têm significados diferentes, isto é, denotam ou referem o mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, são idênticas: enquanto a primeira assume a função do sujeito, a segunda assume a do predicativo do sujeito.

b) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível denotativo, são equivalentes, isto é, denotam ou referem o mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, não se equivalem: enquanto a primeira assume a função do sujeito, a segunda assume a do predicativo do sujeito.

c) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível denotativo, são correspondentes, mas denotam ou referem objetos distintos; já, do ponto de vista sintático, são divergentes: enquanto a primeira assume a função do predicativo do sujeito, a segunda assume a do sujeito.

d) do ponto de vista semântico-referencial, ou seja, no nível denotativo, não são correspondentes, pois não denotam nem referem o mesmo objeto; já, do ponto de vista sintático, são divergentes: enquanto a primeira assume a função do adjunto adnominal, a segunda assume a do complemento nominal.

e) do ponto de vista semântico, uma refere o objeto em nível denotativo e a outra refere o mesmo objeto, mas em nível conotativo; já, do ponto de vista sintático, são idênticas: enquanto a primeira assume a função do adjunto adnominal, a segunda assume a do adjunto adverbial.

Texto para a próxima questão: Delírio de voar

Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos aeropla-nos experimentais invadiam as páginas dos jornais. Cada proeza dos aviadores era narrada em detalhe. Os parisien-ses acompanhavam fascinados as audácias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens brilhantes, cultos e ele-gantes, realçada por vários milionários e pelo interesse das moças. Multidões lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas e homenageados em restaurantes. Todo dia algum biruta apresentava uma nova máquina, anunciava um plano mirabolante e desafiava a gravidade e a prudência.

Paris virara a capital mundial da aviação desde a fundação do Aéro-Club de France, em 1898. Depois da difusão dos grandes balões, em 1880, e dos dirigíveis infla-dos a gás, em 1890 - os chamados “mais leves que o ar”, chegara a hora dos aparelhos voadores práticos, meno-res e controláveis - os “mais pesados que o ar”. Durante muito tempo eles foram descartados como impossíveis, mas agora as pré-condições haviam mudado. A tecno-logia da aerodinâmica, da engenharia de estruturas, do desenho de motores e da química de combustíveis havia chegado a um estágio de evolução inédito. Combinadas, permitiam projetar máquinas inimaginadas.

Simultaneamente, por caminhos paralelos, a fotogra-fia dera um salto com a invenção dos filmes flexíveis, em 1889. Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar. Em consequência, proli-feraram os fotógrafos profissionais e amadores. Eles não só registraram cada passo da infância da aviação como também popularizaram-na. Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros estimularam a vocação de mui-

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velho continente mergulhado em conflitos étnicos, misé-ria, endemias e estagnação econômica.

A situação tornou-se agora extremamente grave, e entre Zaire e Ruanda parece inevitável uma guerra aberta. Tudo sob o olhar distante e pouco interessado das grandes potências ocidentais. A própria ONU admite não ter acesso a 600 mil refugiados hutus no leste do Zaire e pediu fotos de satélite para identificar onde eles estariam. Segundo a comissária da União Europeia, 1 milhão de pessoas podem morrer. Seria paté-tico, se não fosse absolutamente trágico.

A responsabilidade do Ocidente é inegável. Basta lembrar o antigo nome do Zaire, Congo Belga para tomar consciência do passado colonialista que em muitos casos criou divisões geopolíticas e unidades de governo pouco ou nada coerentes com tradições tribais, étnicas ou mesmo territoriais.

Infelizmente, uma parte relativamente grande da mídia e dos governantes dos países “civilizados” retrata os conflitos como puramente tribais, como se o genocí-dio africano não tivesse começado faz alguns séculos, sob o comando de potências colonialistas.

Mais, parece evidente que a “tribalização”, ou seja, a predominância de fatores locais, étnicos e de disputa territorial, nada mais é que o resultado de uma situa-ção de estagnação e fome epidêmica em que boa parte do continente continua mergulhada em decorrência de seus sistemas econômicos, totalmente marginalizados da globalização.

Lamentavelmente, a dívida em vidas, riqueza e cul-tura do Ocidente com a África tende apenas a crescer.

Folha de São Paulo, 31/10/96, 1-2. Adaptado.

57. (PUCCAMP) A frase em que estão em negrito, respec-tivamente, um predicativo do sujeito e um sujeito é:

a) Seria patético, se não fosse absolutamente trágico. b) O continente africano (...) infelizmente continua

sujeito a um processo que, no limite, resume-se a uma implosão civilizatória.

c) A situação tornou-se agora extremamente grave, e entre Zaire e Ruanda parece inevitável uma guerra aberta.

d) Basta lembrar o antigo nome do Zaire, Congo Belga, para tomar consciência do passado colonialista.

e) Segundo a comissária da União Europeia, 1 milhão de pessoas podem morrer.

58. (UFSC) Com relação à estrutura sintática das fra-ses extraídas da obra Verde vale, de Urda Alice Klue-ger, marque as proposições corretas e some os valores correspondentes.

01. O período ‘Vi-os sentados na balaustrada da varanda balançando os pés’ apresenta dois objetos diretos.

02. O período ‘Eileen era uma aristocrata que dirigia seu pequeno reino’ tem um predicado nominal e um predicado verbal, sendo composto de duas orações.

04. Na oração ‘Por todos os lados a vida regurgitava’, o verbo é intransitivo.

08. No período ‘Se um estranho chegasse de repente àquelas bandas acreditara ser ela a mais bela das filhas’, temos um sujeito indeterminado e uma oração sem sujeito.

16. Na oração ‘... ao se referir àquela união’, temos um objeto indireto.

Texto para a próxima questão: Texto

“6A minha velha tábua de cortar temperos 4era de madeira e foi adquirida na loja do Alcides Zuanazzi. 1Rachou-se ao meio a tábua, tal como aconteceu com a gamela onde eu dava de beber à minha fauna 3íntima.

[...] 5Em vinte anos de convivência ficamos tão parecidas,

eu e a tábua; ela 7vincada dos cortes de faca por conta das hortas de temperos e legumes que teve que aparar, e eu 7vincada dos caminhos que a Via 2Láctea percorreu em mim.”

BOCHECO, Eloí E. Pedras soltas. Flo-rianópolis: UFSC, 2006, p.107.

58. (CFTSC) Segundo o texto, pode-se afirmar que:

a) [...] “era de madeira” (ref. 4) classifica-se sintaticamente como predicado verbal e de madeira, consequentemente, como predicativo do sujeito.

b) Em “Em vinte anos de convivência ficamos tão parecidas, eu e a tábua” (ref. 5), o verbo concorda com o sujeito eu e a tábua e está flexionado no presente.

c) O narrador adota tempos verbais diferentes, tais como presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito e futuro.

d) Em “A minha velha tábua de cortar temperos era de madeira” (ref. 6), minha é classificado morfologicamente como pronome possessivo; velha, como adjetivo de tábua de cortar temperos.

e) O termo “vincada” (ref. 7) apresenta, mesmo sentido denotativo: cortada.

60. (CESGRANRIO) Assinale a opção que traz corretas as classificações do sujeito e da predicação verbal.

a) “Houve... uma considerável quantidade” - sujeito inexistente; verbo transitivo direto.

b) “que jamais hão-de ver país como este” - sujeito indeterminado; verbo transitivo indireto.

c) “mas reflete a pulsação da inenarrável história de cada um” - sujeito simples; verbo transitivo direto e indireto.

d) “que se recebe em herança” - sujeito indeterminado; verbo transitivo indireto.

e) “a quem tutela” - sujeito simples; verbo intransitivo.

Textos para as questões 61, 62 e 63: Texto I

Trinta anos na estrada

Uma viagem pelas Referências econômicas de

“Bye bye Brasil”, o filme e canção.

No dia em que completa três anos, “Negócio&Cia” pede licença e reverência os mestres Cacá Diegues, Roberto Menescal e Chico Buarque. De carona na Caravana Rolidei, passeia pelas transformações socioeconômi-cas expressas em “Bye Bye Brasil”, o filme e a canção, que estão fazendo 30 anos neste 2009. Chico não lembra; Cacá, sim. Viu o filme duas vezes antes de por a letra na música de Menescal. Recheou o texto com referências à economia. Estão lá o embrião da globalização e a opção nacional pelo transporte rodoviário; o emprego fácil de baixa qualificação e a telecomunicação restrita; a indus-trialização do Brasil grande e a massificação da TV. Um detalhe: a usina no mar, como muita gente pensa, não era o complexo nuclear de Angra, mas Jarí, no Pará.

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Chico garante. “Foi um filme muito premonitório, que nasceu em 1972, numa viagem a Alagoas”, diz Cacá. Ele voltava de filmagens em União dos Palmares e avistou uma luza azulada. Parecia um disco voador, mas era uma TV, instalada pelo prefeito em plena praça. “Ali tive o insight de que algo importante estava acontecendo no Brasil. Minha motivação foi antropológica, mas hoje percebo que aquilo era o inicio da globalização. O Bra-sil passou por uma modernização intensa. Para o bem e para o mal”, completa o cineasta. É prova de que cinema e música dão economia. Ou música e economia é que dão cinema?

Flávia Oliveira. O Globo, Caderno Econo-mia, 22 de agosto d e 2009. Adaptado

A articulista Flávia Oliveira associa, no Texto Trinta anos na estrada, a canção Bye Bye Brasil de Chico Buarque e Roberto Menescal às injunções socioeconômicas vividas pelo Brasil e pelo mundo nas últimas três décadas.

Texto IIBye, Bye Brasil

Oi, coraçãoNão dá pra falar muito nãoEspera passar o aviãoAssim que o inverno passarEu acho que vou te buscarAqui tá fazendo calorDeu pane no ventiladorJá tem fliperama em MacauTomei a costeira em Belém do ParáPuseram uma usina no marTalvez fique ruim pra pescarMeu amor

No TocantinsO chefe dos parintintinsVidrou na minha calça LeeEu vi uns patins pra vocêEu vi um Brasil na tevêCapaz de cair um toróEstou me sentindo tão sóOh, tenha dó de mimPintou uma chance legalUm lance na capitalNem tem que ter ginasialMeu amor

No TabarizO som é que nem os Bee GeesDancei com uma dona infelizQue tem um tufão nos quadrisTem um japonês trás de mimEu vou dar um pulo em ManausAqui tá quarenta e dois grausO sol nunca mais vai se pôrEu tenho saudades da nossa cançãoSaudades de roça e sertãoBom mesmo é ter um caminhãoMeu amor Baby, bye, byeAbraços na mãe e no paiEu acho que vou desligarAs fichas já vão terminarEu vou me mandar de trenóPra Rua do Sol , MaceióPeguei uma doença em IlhéusMas já tô quase bomEm março vou pro CearáCom a bênção do meu orixáEu acho bauxita por láMeu amor

Bye, bye, BrasilA última ficha caiuEu penso em vocês night and dayExplica que tá tudo okayEu só ando dentro da leiEu quero voltar, podes crerEu vi um Brasil na tevêPeguei uma doença em BelémAgora já tá tudo bemMas a ligação tá no fimTem um japonês trás de mimAquela aquarela mudou

Na estrada peguei uma corCapaz de cair um toróEstou me sentindo um jilóEu tesão é no marAssim que o inverno passarBateu uma saudade de tiTô afim de encarar um siriCom a bênção de Nosso SenhorO sol nunca mais vai se pôr.

Roberto Menescal e Chico Buarque

Texto III

Oi, coraçãoNão dá pra falar muito nãoEspera passar o aviãoAssim que o inverno passarEu acho que vou te buscarAqui tá fazendo calorDeu pane no ventilador

61. (UFF – modificada) Transcreva o pronome que recu-pera o vocativo presente nos versos acima (Texto III).

62. (UFF – modificada) Comente o recurso linguís-tico utilizado pelo compositor, Chico Buarque, ao atri-buir um determinado fato a alguém fora do texto, no seguinte verso:Puseram uma usina no mar (Texto II, verso 10)

63. (UFF – modificada) A canção Bye Bye Brasil (Texto II) apresenta, em relação à construção linguística, uma série de exemplos de registro familiar. Transcreva dois (2) exemplos e reescreva-os em registro padrão.

64. (UFC) Leia os textos 1 e 2, extraídos de “A casa”, que servirão de base para esta questão.

Texto 110Invisível como o vento e os encantos, a Morte apossara-se do frágil sopro do menino pagão na noite em 8que a porta se abrira dando-1lhe passagem. 6assisti assim tam-bém, pela primeira vez, à estranha permuta que sempre 7ocorreria quando 2ela cumpria sua missão: deixava na criança uma estranha 11imobilidade e carregava sua 12miúda e irrequieta sombra.

CAMPOS, Natércia. A casa. Fortaleza: Edições UFC, 2004, p. 17.

Texto 2Era uma noite de luar, ela com extrema cautela saiu do quarto e retornou com o tamborete da cozinha. Sur-preendi-me ao sentir 9que, ao voltar 4a bela Maria para seu quarto, Ela viera na sua companhia. Ambas tranca-ram-se, aferrolhando a grande porta (...). Do quarto 5ela saiu com 3aquela vida, deixando ficar seu

CAMPOS, Natércia. A casa. Forta-leza: Edições UFC, 2004, p. 54-55.

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a) Escreva V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir.

a.1 ( ) No texto 1, os pronomes lhe (ref. 1) e Ela (ref. 2) referem-se à mesma personagem.a.2 ( ) O termo aquela vida (texto 2, ref. 3) remete à vida da bela Maria (texto 2, ref. 4).a.3 ( ) No texto 2, Ela (ref. 5) tem como referente a bela Maria (ref. 4).a.4 ( ) Têm sujeitos elípticos as formas verbais Assisti (texto 1, ref. 6) e ocorreria (texto 1, ref. 7).a.5 ( ) Classificam-se como pronomes relativos: que (texto 1, ref. 8) e que (texto 2, ref. 9).a.6 ( ) Há prefixo e sufixo na formação das palavras Invisível (texto 1, ref. 10) e imobilidade (texto 1, ref. 11).a.7 ( ) A acentuação gráfica das palavras Invisível (texto 1, ref. 10) e miúda (texto 1, ref. 12) justifica-se pela mesma regra.

b) Leia o que a seguir se afirma acerca do aposto.Pode-se ampliar, explicar, desenvolver ou resumir a

ideia contida num termo que exerça qualquer função sin-tática por meio de um termo acessório a ele equivalente: o aposto. O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em: explicativo, enumerativo, resu-midor ou recapitulativo, comparativo e especificativo.

DE NICOLA, José; INFANTE, Ulisses. Gramática contempo-rânea da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1997, p. 281.

Nos períodos a seguir, os trechos destacados exercem a função de aposto. Classifique-os de acordo com seu valor na oração.b.1. INVISÍVEL COMO O VENTO E OS ENCANTOS, a Morte apossara-se do frágil sopro do menino pagão na noite em que a porta se abrira dando-lhe passagem.b.2. Quando a Velha-do-Chapéu-Grande, ASSIM O EMPALHADOR DE CANGALHAS PARA MONTARIAS CHAMAVA A FOME, empoleirou-se de vez, assistindo ao padecer dos viventes, há muito haviam se apartado as águas (...).

c) Construa uma frase em que BISNETO figure como APOSTO ESPECIFICATIVO.

Textos para a próxima questão: As questões seguintes tomam por base um soneto do poeta neoclássico português Bocage (Manuel Maria Bar-bosa du Bocage, 1765-1805) e diálogos de uma sequên-cia do filme Bye Bye Brasil (1979), escrito e dirigido pelo cineasta brasileiro Carlos Diegues.

Convite a Marília

Já se afastou de nós o Inverno agresteEnvolto nos seus úmidos vapores;A fértil primavera, a mãe das floresO prado ameno de boninas veste:

Varrendo os ares o sutil nordesteOs torna azuis; as aves de mil coresAdejam entre Zéfiros e Amores,E toma o fresco Tejo a cor celeste:

Vem, ó Marília, vem lograr comigoDestes alegres campos a beleza,Destas copadas árvores o abrigo:

Deixa louvar da corte a vã grandeza:Quanto me agrada mais estar contigoNotando as perfeições da Natureza!

BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142.

Bye Bye Brasil

Mulher Nordestina:– Meu santo, minha família foi embora, meu santo. Filho, nora, neto..., fiquei só com o meu velho que morreu na semana passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu santo, me diga, onde é que eles foram, meu santo?

Lord Cigano:– E eu sei lá? Como é que eu vô saber? Quer dizer... eu sei... eu... Eu tô vendo. Eu estou vendo a sua família, eles estão a muitas léguas daqui.

Mulher Nordestina:– Vivos?

Lord Cigano:– É, vivos, se acostumando ao lugar novo.

Mulher Nordestina:– A gente se acostuma com tudo... Onde é que eles estão agora, meu santo?

Lord Cigano:– Ah, pera aí, deixa eu ver! Eu tô vendo: eles estão num vale muito verde onde chove muito, as árvores são muito compridas e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, Que ninguém precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os jovens não perdem sua força. É uma terra tão verde... Altamira!

In: filme BYE BYE BRASIL (1979). Produzido por Lucy Barreto. Escrito e dirigido por Carlos Diegues.)

65. (Unesp) A primeira fala da Mulher Nordestina, em “Bye Bye Brasil”, caracteriza-se pelas interpelações em primeira pessoa, repetições de palavras e a retomada insistente dos mesmos conteúdos. Releia com atenção o referido discurso direto e, em seguida,

a) indique uma frase em que ocorre repetição do elemento vocativo;

b) explique o valor semântico que o vocábulo “povo” representa na elocução emotiva da personagem.

Exercícios propostosPortuguês capítulo 5

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Texto para a próxima questão: Duas almas

Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,entra, e sob este teto encontrarás carinho:Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.Vives sozinha sempre e nunca foste amada.

A neve anda a branquear lividamente a estrada,e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.Entra, ao menos até que as curvas do caminhose banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã quando a luz do sol dourar radiosaessa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:Há de ficar comigo uma saudade tua...Hás de levar contigo uma saudade minha...

Alceu Wamosy

70. (FAAP) “podes partir de novo, ó nômade formosa”. A expressão em destaque exerce a função sintática de: a) vocativo b) aposto c) sujeito

d) predicativo e) objeto direto

Texto para a próxima questão: O homem; as viagens

O homem, bicho da Terra tão pequenochateia-se na Terralugar de muita miséria e pouca diversão,faz um foguete, uma cápsula, um módulo.toca para a Luadesce cauteloso na Luapisa na Luaplanta bandeirola na Luaexperimenta a Luacoloniza a Luaciviliza a Lua,humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.O homem chateia-se na Lua.Vamos para Marte! - ordena a suas máquinas.Elas obedecem, o homem desce em Marte.pisa em Marte.experimentacolonizacivilizahumaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.Vamos a outra parte? (...)

O homem funde a cuca se não for a JúpiterProclamar justiça com injustiça, (...)

Outros planetas restam para outras colônias.O espaço todo vira terra-a-terra

Texto para a próxima questão: Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu,

Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabu-gens de pessimismo. Pode ser. Obra de FINADO. Escre-vi-a com a pena da GALHOFA e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse CONÚBIO. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparên-cias de puro romance, ao passo que a gente FRÍVOLA não achará nele seu romance usual; ei-lo aí fica PRIVADO da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

66. (FEI) Observe o fragmento: “Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, BRÁS CUBAS, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre...”. Assinale a alternativa que analise corretamente a fun-ção sintática do elemento em destaque no contexto em que se insere:

a) complemento nominal b) objeto direto c) sujeito

d) aposto e) locução adjetiva

67. Destaque o aposto:

a) Lygia Fagundes Telles, grande escritora brasileira, reside em São Paulo.

b) Admiradora de Rita Lee, Elis Regina não se conteve e escreveu-lhe uma carta, começando assim uma grande amizade entre as duas já então famosas cantoras.

c) O ministro do Trabalho, político famoso pela sua moderação, sentou-se com os patrões e empregados para negociar o fim da greve.

d) Carlos Drummond de Andrade nasceu em ltabira, cidade de Minas Gerais, e morreu no Rio de Janeiro.

e) Os primeiros escritores indianistas do Brasil, isto é, José de Alencar e Gonçalves Dias, viam o nosso índio como um herói. Hoje, outros escritores, como Antônio Callado e Márcio Souza, mostram-nos o índio destruído lentamente pelos brancos.

f) Os dois filhos doutores, isto é, advogado e biólogo, orgulham-se da origem simples dos pais.

68. Assinalar a alternativa que indica a função da expressão “dona Maria” na frase “- Ô, dona Maria, vá pilo-tar fogão.”

a) vocativo b) sujeito c) aposto

d) objeto direto e) adjunto adnominal

69. Informe se o termo em destaque é vocativo ou aposto:

a) Ó de casa! Tem gente aí?b) Os que chegam a São Paulo já podem contar com o

guia de compras, um novo tipo de profissional, que auxilia as pessoas na sua ida às lojas.

c) “Pai, afasta de mim esse cálice (Chico Buarque)d) “Já me sinto esgotado

E cansado de pensar, meu Deus.” (Fr. Santana)

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O homem chega ao Sol ou dá uma voltaSó para te ver? (...)mas que chato é o Sol, falso touroespanhol domado.

Restam outros sistemas foraDo solar a colonizarAo acabarem todos,Só resta ao homem(estará equipado?)A dificílima, dangerosíssima viagemde si a si mesmopôr um pé no chãodo seu coração.Experimentar,colonizar,civilizar,humanizar.O homemdescobrindo em suas próprias inexplora-

das entranhasa perene insuspeitada alegriaDe con-viver.

ANDRADE, Carlos Drummond de. As impurezas do branco. Rio de Janeiro, José Olympio, 1974. p. 20-22.

71. (UFRRJ) Na primeira estrofe, a insignificância do homem no universo é expressa através de um a) sujeito. b) aposto. c) predicativo. d) objeto direto. e) adjunto adverbial de lugar.

72. (Mackenzie) “Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela.”

Assinale a alternativa em que aparece uma função sintá-tica que se repete no texto. a) Objeto direto b) Complemento nominal c) Sujeito

d) Aposto e) Predicativo do sujeito

Texto para a próxima questão:

Durante este período de depressão contemplativa uma coisa apenas magoava-me: não tinha o ar angé-lico do Ribas, não cantava tão bem como ele. Que faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar?

Ribas, quinze anos, era feio, magro, linfático. Boca sem lábios, de velha carpideira, desenhada em angústia - a súplica feita boca, a prece perene rasgada em beiços sobre dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto, infinitamente, como uma gota de cera pelo fuste de um círio...

Mas, quando, na capela, mãos postas ao peito, de joe-lhos, voltava os olhos para o medalhão azul do teto, que sentimento! Que doloroso encanto! Que piedade! Um olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que furava o céu como a extrema agulha de um templo gótico!

E depois cantava as orações com a doçura feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto, trêmulo, aéreo, como aquele prodígio celeste de garganteio da freira Vir-gínia em um romance do conselheiro Bastos.

Oh! Não ser eu angélico como o Ribas! Lembro-me bem de o ver ao banho: tinha as omoplatas magras para fora, como duas asas!

O ATENEU. Raul Pompéia.

73. (FAAP) “Durante este período de depressão contem-plativa uma coisa apenas magoava-me: não tinha o ar angélico do Ribas, não cantava tão bem como ele.”. A

oração destacada, em relação ao substantivo coisa, fun-ciona como:

a) sujeito b) objeto direto c) objeto indireto

d) complemento nominal e) aposto

Texto para a próxima questão:

Comportamento animal - 76 - Super - outubro 1998

A outra face do macaco

Os chimpanzés, nossos primos genéticos, também fazem uso da força bruta de forma gratuita e com requintes de crueldade. Já não estamos sós no inferno da violência.

Por Gabriela Aguerre

74. (UFSM) Analise as afirmativas que tratam de possi-bilidades de mudança na ordem das palavras do texto.

I. Se o segmento “nossos primos genéticos” fosse colocado antes de “Os chimpanzés”, continuaria a ser o aposto da frase.

II. O segmento “fazem uso da força bruta” pode ser substituído por “fazem uso de uma bruta força” sem alteração do sentido da frase.

III. Se o segmento “com requintes de crueldade” fosse substituído por “com crueldade de requintes”, continuaria a indicar um modo de ação.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III.

d) apenas I e II. e) apenas II e III.

Texto para a próxima questão:

Diretrizes de salvação para a Universidade Pública“... poder-se-ia alegar que não é muito bom o ensino das matérias que se costuma lecionar nas universidades. Todavia, não fossem essas instituições, tais matérias geralmente não teriam sido sequer ensinadas, e tanto o indivíduo como a sociedade sofreriam muito com a falta delas...”

Adam Smith

(...) A grande característica distintiva de uma Universidade pública reside na sua qualidade geradora de bens públi-cos. Estes, por definição, são bens cujo usufruto é necessa-riamente coletivo e não podem ser apropriados exclusiva-mente por ninguém em particular. Quanto ao grau de abrangência, os bens públicos podem ser classificados em locais, nacionais ou universais.O corpo de bombeiros de uma cidade, por exemplo, é um bem público local, o serviço da guarda costeira de um país é um bem público nacional, ao passo que a proteção de áreas ambientais importantes do planeta, como a Amazô-nia, deve ser vista como bem público universal, assim como qualquer outra atividade protetora de patrimônios da humanidade ou de segurança global, como é o caso da pro-teção contra vírus de computador, para citar um exemplo mais atual, embora ainda não plenamente reconhecido.Incluem-se no elenco dos bens públicos as atividades rela-cionadas à produção e transmissão da cultura, ao pensa-mento filosófico e às investigações científicas não alinha-das com qualquer interesse econômico mais imediato.A Universidade surgiu na civilização porque havia uma necessidade latente desses bens e legitimou-se pelo reco-nhecimento de sua importância para a humanidade.Portanto, ela nasceu e legitimou-se como instituição social pública e não como negócio privado, como muitos agora a querem transformar, inclusive a OMC, contradi-

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zendo o próprio Adam Smith, o patriarca da economia de mercado, como bem o indica a passagem acima epigra-fada, retirada de “A Riqueza das Nações”.As tecnologias podem ser “engenheiradas”, transfor-mando-se em produtos de mercado, mas o conhecimento que as originou é uma conquista da humanidade e, por-tanto, um bem público universal, como é o caso, por exemplo, das atividades do Instituto Politécnico de Zuri-que, de onde saiu Albert Einstein, e do laboratório Caven-dish da Universidade de Cambridge, onde se realizaram os experimentos que levaram a descobertas fundamen-tais da física, sem as quais não teriam sido possíveis as maravilhas tecnológicas do mundo moderno, da lâm-pada elétrica à internet. (...)

SILVA, José M. A. Jornal da Ciência, 22/07/2003. Extraído de: http://www.jornaldaciencia.org.br, 15/07/2003.

75. (Ita) Em relação ao aposto “o patriarca da economia de mercado”, pode-se afirmar que ele tem a função de

I. explicar quem foi Adam Smith, localizando-o no domínio da economia, informação que pode estar ausente no universo de conhecimento do leitor.

II. fornecer uma informação que reforça ainda mais a defesa da universidade pública dentro de uma estratégia argumentativa.

III. sustentar a informação subsequente, relativa à autoria de “A Riqueza das Nações”.

Então, está(ão) correta(s)

a) apenas a I. b) I e II. c) I, II e III.

d) apenas a II. e) II e III.

76. (UFSM)

Vamos ver, Liberdade;Este é um triângulo...Como?

Como Deusmanda

Chatíssimo Ah!...Socialista!

Não!!“Um triângulo cujoslados SÃO TODOS

IGUAIS” é...?

Não, preste atenção; se estelado, este lado e este lado

medem a mesma coisa,é um triângulo...?

Liberdade – Quino

Na difícil interação das personagens em busca da iden-tificação de um triângulo, o vocativo e o aposto consti-tuem, respectivamente, conjuntos a) unitário - vazio. b) vazio - unitário. c) unitário - binário.

d) binário - unitário. e) vazio - vazio.

Texto para a próxima questão:

Joaquim Maria Machado de Assis é cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crí-tico e ensaísta.

Em 2008, comemora-se o centenário de sua morte, ocor-rida em setembro de 1908. Machado de Assis é conside-rado o mais canônico escritor da Literatura Brasileira e deixou uma rica produção literária composta de textos dos mais variados gêneros, em que se destacam o conto e o romance.

Segue o texto desse autor, em poesia.

A Carolina

Querida, ao pé do leito derradeiroEm que descansas dessa longa vida,Aqui venho e virei, pobre querida,Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiroQue, a despeito de toda a humana lida,Fez a nossa existência apetecidaE num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancadosDa terra que nos viu passar unidos,São pensamentos idos e vividos.

Que eu, se tenho nos olhos mal feridosPensamentos de vida formulados,São pensamentos idos e vividos.

Machado de Assis

75. (IBMEC-RJ) Qual das seguintes opções apre-senta classificação sintática incorreta dos termos em destaque:

a) “Trago-te flores...” - objeto indireto b) “Aqui venho e virei, pobre querida...” - vocativo c) “da terra que nos viu passar” - sujeito d) “existência apetecida” - adjunto adnominal e) “São pensamentos idos e vividos” - adjunto

adnominal

Texto para a próxima questão:

Amor de salvação

Escutava o filho de Eulália o discurso de D. José, lardeado de facécias, e, por vezes, atendível por umas razões que se lhe cravavam fundas no espírito. 3As réplicas saíam-lhe frouxas e mesmo timoratas. 2Já ele se temia de responder coisa de fazer rir o amigo. Violentava sua condição para o igualar na licença da ideia, e, por vezes, no desbragado da frase. Sentia-se por dentro reabrir em nova prima-vera de alegrias para muitos amores, que se haviam de destruir uns aos outros, a bem do coração desprendido salutarmente de todos. A sua casa de Buenos Aires abor-receu-a por afastada do mundo, boa tão-somente para tolos infelizes que fiam do anjo da soledade o despena-rem-se, chorando. Mudou residência para o centro de Lis-boa, entre os salões e os teatros, entre o rebuliço dos bote-quins e concurso dos passeios. Entrou em tudo. As pri-meiras impressões enjoaram-no; mas, à beira dele, estava D. José de Noronha, rodeado dos próceres da bizarriz (sic), todos porfiados em tosquiarem um dromedário provinciano, que se escondera em Buenos Aires a delir em prantos uma paixão calosa, trazida lá das serranias minhotas. 4Ora, Afonso de Teive antes queria renegar da virtude, que já muito a medo lhe segredava os seus anti-gos ditames, que expor-se à irrisão de pessoas daquele quilate. 1É verdade que às vezes duas imagens lagrimo-sas se lhe antepunham: a mãe, e Mafalda. Afonso des-constrangia-se das visões importunas, e a si se acusava de pueril visionário, não emancipado ainda das crendi-ces do poeta inesperto da prosa necessária à vida.

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Escrever, porém, a Teodora, não vingaram as sugestões de D. José. Porventura, outras mulheres superiormente belas, e agradecidas às suas contemplações, o traziam preocupado e algum tanto esquecido da morgada da Fer-vença. Mas, um dia, Afonso, numa roda de mancebos a quem dava de almoçar, recebeu esta carta de Teodora:

“5Compadeceu-se o Senhor. Passou o furacão. Tenho a cabeça fria da beira da sepultura, de onde me ergui. Aqui estou em pé diante do mundo. Sinto o peso do coração morto no seio; mas vivo eu, Afonso. Meus lábios já não amaldiçoam, minhas mãos estão postas, meus olhos não choram. O meu cadáver ergueu-se na imobilidade da está-tua do sepulcro. Agora não me temas, não me fujas. Para aí onde estás, que as tuas alegrias devem ser muito falsas, se a voz duma pobre mulher pode perturbá-las. Olha... se eu hoje te visse, qual foste, ao pé de mim, anjo da minha infância, abraçava-te. Se me dissesses que a tua inocência se baqueara à voragem das paixões, repelia-te. Eu amo a criança de há cinco anos, e detesto o homem de hoje.

Serena-te, pois. Esta carta que mal pode fazer-te, Afonso? Não me respondas; mas lê. À mulher perdida relanceou o Cristo um olhar de comiseração e ouviu-a. E eu, se visse passar o Cristo, rodeado de infelizes, havia de ajoelhar e dizer-lhe: Senhor! Senhor! É uma desgraçada que vos ajoelha e não uma perdida. Infâmias, uma só não tenho que a justiça da terra me condene. Estou acorrentada a um dever imoral, tenho querido espadaçá-lo, mas estou pura. Dever imoral... por que, não, Senhor! Vós vistes que eu era inocente; minha mãe e meu pai estavam convosco.”

Camilo Castelo Branco. Amor de Salvação. São Paulo: Martin Claret. 2003, pp. 94-95

76. (FGV) A propósito do trecho “Compadeceu-se o Senhor. Passou o furacão. Tenho a cabeça fria da beira da sepultura, de onde me ergui.” (ref. 5), pode-se dizer que:

a) Teodora diz que Deus havia tido dó de seus sofrimentos. Assim, o termo “Senhor” é sujeito de “compadeceu-se”.

b) A autora da carta dirige-se a Deus; assim, a função sintática de “Senhor” é vocativo.

c) Teodora havia falecido. O autor recorre a um artifício para dar-lhe voz.

d) Teodora declara já ter conseguido retomar completamente o controle de sua vida porque tinha sofrido demais.

e) Em “passou o furacão”, identifica-se a figura chamada silepse.

Texto para a próxima questão:

A(s) questão(ões) a seguir toma(m) por base uma passa-gem de um livro de José Ribeiro sobre o folclore nacional.

Curupira

Na teogonia* tupi, o anhangá, gênio andante, espírito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caça do campo. Era imaginado, segundo a tradição colhida pelo Dr. Couto de Magalhães, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo.Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhangá e a visão determinava logo a febre e, às vezes, a loucura. O caapora é o mesmo tipo mítico encontrado nas regiões central e meridional e aí representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteção da caça do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de gran-des dimensões, dando de quando em vez um grito para

impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser mal sucedido em tudo que inten-tar. Dele se originaram as expressões portuguesas cai-pora e caiporismo, como sinônimo de má sorte, infelici-dade, desdita nos negócios. Bilac assim o descreve: “Com-panheiro do curupira, ou sua duplicata, é o Caapora, ora gigante, ora anão, montado num caititu, e cavalgando à frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho”.Ambos representam um só mito com diferente configu-ração e a mesma identidade com o curupira e o juru-pari, numes que guardam a floresta. Todos convergem mais ou menos para o mesmo fim, sendo que o curupira é representado na região setentrional por um “pequeno tapuio” com os pés voltados para trás e sem os orifícios necessários para as secreções indispensáveis à vida, pelo que a gente do Pará diz que ele é músico. O Curu-pira ou Currupira, como é chamado no sul, aliás erro-neamente, figura em uma infinidade de lendas tanto no norte como no sul do Brasil. No Pará, quando se viaja pelos rios e se ouve alguma pancada longínqua no meio dos bosques, “os romeiros dizem que é o Curupira que está batendo nas sapupemas, a ver se as árvores estão suficientemente fortes para sofrerem a ação de alguma tempestade que está próxima. A função do Curupira é proteger as florestas. Todo aquele que derriba, ou por qualquer modo estraga inutilmente as árvores, é punido por ele com a pena de errar tempos imensos pelos bos-ques, sem poder atinar com o caminho de casa, ou meio algum de chegar até os seus”. Como se vê, qualquer des-ses tipos é a manifestação de um só mito em regiões e circunstâncias diferentes.

O Brasil no folclore, 1970.

(*) Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mística relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se rela-ciona com a formação do mundo. 2.Conjunto de divinda-des cujo culto forma o sistema religioso dum povo poli-teísta. (Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI).

79. (Unesp) [...] à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.

Eliminando-se o aposto, a frase em destaque apresen-tará, de acordo com a norma-padrão, a seguinte forma:

a) à frente voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.

b) à frente dele voam os vaga-lumes batedores, alumiando o caminho.

c) à frente dele voam seus batedores, alumiando o caminho.

d) à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho.

e) à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando.

Texto para a próxima questão:

A minha mãe falava sério!Thalita Rebouças

– Isso aqui é um 1chiqueiro! Não acredito que você tro-cou nossa 21casa superacolhedora, limpíssima e sempre arrumadíssima por essa 2pocilga. Fala sério, Maria de Lourdes! - exasperou-se minha mãe, mãos na cintura, a última vez que veio me visitar.15Eu nunca encontro palavras para dizer nessas horas. Durante seus ataques, prefiro me recolher ao mais puro silêncio de consentimento.

243

Estou há sete meses dividindo com a Helô e a Bené um 23ridiculamente pequeno 8apartamento.Bem disse minha mãe, nada cabe no apartamento. Nada mesmo! 24Sinceramente, eu e as meninas mal cabemos no “apertamento”, como chamamos 25carinhosamente nosso lar-microlar.Para piorar, a Helô é 11superbagunceira, eu sou a mega-bagunceira e a Bené é hiperbagunceira. Bené, aliás, tem um outro 13probleminha que é bem chatinho: vive com o namorado antipático para cima e para baixo. Outro dia 3o sem graça me viu de 14calcinha e sutiã antes de uma festa. 18Quer mico maior que esse? Morri de vergonha. Ele morreu de rir. 4Palhaço!5Morar longe de casa não tem sido exatamente o paraíso que eu imaginava, mas dias melhores virão. Serei efe-tivada no meu estágio 17(oba!), vou ganhar um salá-rio decente e 16acho que logo, logo estarei pronta para alugar o meu próprio cantinho. Decidi: amo as meni-nas, mas quero, preciso morar sozinha. Pelo bem da nossa amizade.Para dar uma ideia do 6caos que é nossa convivência, outro dia cheguei em casa e vi repousando no chão da microssala, repetindo, no chão da microssala, vários, de novo, vários objetos. Foi difícil desviar deles. Primeiro, passei raspando por um CD do Nando Reis, depois, quase pisei na caixa do CD do Nando com um disco de funk dentro, na caixa do DVD de Sex and the City, numa lixa de unha, num papel de bala, num ventiladorzinho portá-til, num tênis amarelo imundo, num pedaço de papel com um número de telefone anotado e em entupidos sacos de roupa suja.– A gente precisa comprar uma máquina de lavar roupa para essa casa! Ou 22tomar vergonha na cara e lavar a roupa! A gente não pode achar normal esses sacos esta-rem no meio da sala há uma semana! - reclamei, antes de dizer boa-noite para as minhas amigas.– Não cabe máquina de lavar aqui no apartamento - dis-seram-me as duas 26calmamente. A casa estava um horror.Nós três somos terríveis juntas.19A Helô, então, é sem noção. É capaz de deixar durante dias uma maçã comida sobre a pia da cozinha.Isso porque a lixeirinha fica ao lado da torneira.Andando irritada, pisei forte e ouvi um nítido e crocante “créééc”.– Quanto farelo, gente! Quem foi que comeu biscoito sem pratinho embaixo? Cadê o aspiradorzinho que a minha mãe deu pra gente?As duas começaram a rir.Permaneci séria, 27eu estava muito brava, muito brava.– Malu! 20Desestressa! - disse Helô.– Comemos sem pratinho, sim, depois 10a gente limpa – completou Bené.– Depois quando?– Depois...– Que biscoito foi? De polvilho? - eu quis saber.– Arrã - fizeram as duas, sapecas.– Tem ainda? - Rendi-me à gula e à bagunça.Comi o último do pacote e acabei rindo com elas. Eu até gosto de bagunça. Sempre gostei.Mas o apê estava tão bagunçado que tinha ultrapassado até o meu nível permitido de bagunça.– Pô, 9gente, assim não dá! A gente precisa tomar vergo-nha na cara. Nossa casa está uma 7zona!

Adaptação do capítulo do livro Fala sério, pro-fessor! Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

80. (UEM) Assinale o que for correto a respeito dos ele-mentos linguísticos presentes no texto.

01. Na referência 9, o vocábulo “gente” é utilizado com funções diferentes. Em “- Pô, gente”, funciona como vocativo, ao passo que, em “A gente precisa”, forma, juntamente com o artigo “a”, uma expressão que atua como pronome da primeira pessoa do plural.

02. Em “a gente limpa” (ref.10), a conjugação do verbo na terceira pessoa do singular concordando com a expressão “a gente” é comum na fala coloquial.

04. Nos vocábulos “superbagunceira”, “megabagunceira” e “hiperbagunceira” (ref.11), a autora utiliza os adjetivos de intensidade super, mega e hiper para indicar a flexão de grau do adjetivo bagunceira.

08. Em “Morri de vergonha” (ref.12), o verbo morrer é utilizado no sentido de experimentar sentimento intenso, e, em “Ele morreu de rir”, é utilizado para indicar intensidade.

16. O diminutivo é utilizado pela autora para se referir de forma pejorativa a substantivos de tamanho pequeno: “probleminha” (ref.13), “chatinho” (ref.13), “calcinha” (ref.14).

Textos para as questões 81 a 84: Camelôs

Manuel Bandeira

Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:O que vende balõezinhos de corO macaquinho que trepa no coqueiroO cachorrinho que bate com o raboOs homenzinhos que jogam boxeA perereca verde que de repente dá um pulo que engraçadoE as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa [alguma]Alegria das calçadas.

Uns falam pelos cotovelos:– “O cavalheiro chega em casa e diz: ‘Meu filho, vai buscar [um pedaço de banana para eu acender o charuto.’ Natu-ralmente o menino pensará: ‘Papai está malu...”]Outros, coitados, têm a língua atada.

Todos, porém, sabem mexer nos cordéis com o tino [ingê-nuo de demiurgos de inutilidades.]E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice...E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.

ln: Libertinagem. Seleta em prosa e verso. (Org. Ema-nuel de Momes), Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, p.131.

Desabrigo (fragmento)Antônio Fraga

Foi aí que um camelô aproveitando o ajuntamento começou a dizer

– Os senhores vendo eu aqui me exibir pensarão que sou um mágico arruinado que não podendo trabalhar no palco vem aqui fazer uns truques pra depois correr o chapéu pedindo uns níqueis Mas não sou nada disso Sou um representante da afamada fábrica de perfumes mercúrio que não manda distribuir prospectos não bota anúncio no rádio nem nos jornais nem mesmo anún-cios luminosos Esta casa meus senhores prefere contra-tar técnico propagandista que saia por aí distribuindo gratuitamente os seus produtos. Entre os maravilhosos preparados da fábrica de perfumes mercúrio encontra-se esta loção – a afamada loção mercúrio que elimina a caspa e a calvície mas não dá cabo da cabeça do freguês. Se os senhores fossem adquirir este produto nas farmá-cias ou drogarias lhes cobrariam dez ou quinze mil réis Eu estou autorizado a distribuí-lo gratuitamente às pes-soas que adquirirem o reputado sabonete minerva pelo

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qual cobro apenas dois mil réis para cobrir as despesas da publicidade...

Um aqui para o cavalheiro... outro para a senhorita...Desabrigo. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cul-

tura, Turismo e Esportes - DGDIC, 1990, pp. 28-29.

81. (UFRJ) Identifique dois recursos predominantes na caracterização dos núcleos do complemento do verbo VENDER, que se encontra no segundo verso do poema de Bandeira: um de natureza morfológica e um de natu-reza sintática. Diga quais são esses recursos.

82. Identifique no mesmo poema outros exemplos de verbos com a mesma transitividade do exercício anterior.

83. Observe as construções “trepa no coqueiro” (verso 3 do texto I) e “trabalhar no palco” (linha 3 do texto II). Podemos afirmar que no coqueiro e no palco são objetos de seus respectivos verbos? Justifique.

84. Transforme os seguintes objetos diretos em comple-mentos nominais. Observe o modelo:

a) distribuir prospectos (objeto direto)distribuição de prospectos(complemento nominal)

b) adquirir este produto (objeto direto)c) distribuir a loção (objeto direto)d) cobrir as despesas da publicidade (objeto direto)

Texto para a próxima questão: Mordendo a isca

Para Clarice Lispector, “escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu.”

O que seria, então essa não palavra, se estamos mer-gulhados num mundo verbal e repleto de informações que nos atordoam a todo instante? Se tudo o que lemos e vemos já está devidamente fabricado, mastigado e até digerido, restando-nos apenas a contemplação passiva?

Essa não palavra poderia ser aquela ideia, sensa-ção ou opinião só nossa que ninguém jamais expres-sou, como: a vivência de uma paixão, o prazer de cami-nhar por uma praia deserta, o abrir da janela de manhã, a indignação diante dos horrores de uma guerra ou da

corrupção desenfreada em nosso país ou mesmo nos-sos sonhos, desejos e utopias. Entrando em contato com essas emoções, podemos descobrir um lado oculto de nós mesmos ou até deixar aparecer um pouco de nosso cará-ter rebelde, herói, vítima, santo e louco. Estar aberto, com o olhar descondicionado para captar essa “não palavra” é fundamental para que possamos escrever, não as fami-geradas trinta linhas do vestibular, mas um texto que revele nossa singularidade. Por isso, o ato de escrever requer coragem e, principalmente, uma mudança de ati-tude em relação ao mundo: precisamos nos tornar sujei-tos do nosso discurso e pensar com nossa própria cabeça.

E como isso pode ser difícil! Quantas vezes queremos emitir nosso ponto de vista sobre um assunto e percebe-mos que nossa formação religiosa, familiar e escolar nos impede, deixando que o preconceito e a culpa falem mais alto! Quantas vezes o nó está preso na garganta e não podemos desatá-lo por força das circunstâncias! Ou, pior ainda, quantas vezes nos mostramos indiferentes diante das maiores atrocidades! A rotina diária deixa nossa visão de mundo bastante opaca. No dizer de Otto Lara Resende, o hábito “suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Só a criança e o poeta têm os olhos atentos para o espe-táculo do mundo.” No entanto, a superação dessas bar-reiras pode ser bastante prazerosa, já que o prazer não é uma dádiva e sim uma conquista. Conquista essa que podemos obter por meio da escrita, caminho eficaz para esse desvendamento de nós mesmos e do mundo.

Para escrever, portanto, não necessitamos de inspira-ções divinas ou de técnicas e receitas, mas de um olhar curioso, esperto e liberto de preconceitos e de padrões preestabelecidos. Só assim morderemos a isca.

MOURA, Chico. Agenda do professor. São Paulo: Ática, 1994.

85. (UFMG) Identifique a função sintática dos elemen-tos destacados no seguinte período do texto:

Para escrever, portanto, não necessitamos de inspi-rações divinas ou de técnicas e receitas, mas de um olhar curioso, esperto e liberto de preconceitos e de padrões preestabelecidos.

Para escrever:divinas:olhar:preconceitos:

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Gabarito46. O núcleo do predicado nominal é um nome. Já o núcleo do predicado verbal é um verbo. 47. C 48.a) contraída: predicativo do sujeitob) triste: predicativo do sujeitoc) comprometido: predicativo do sujeitod) incompetente: predicativo do objeto 49. a) contraída: predicativo do sujeitob) afogado: predicativo do sujeitoc) pontuais: predicativo do objetod) herói: predicativo do objetoe) triste: predicativo do sujeito 50. C 51. A

52. A 53. B

54. B55. 31

56. B 57. C

58. 01 + 02 + 04 + 16 + 32 = 55 59. D 60. A 61. Eu acho que vou te buscar / te62. Construção do sujeito em terceira pessoa do plural (sujeito indetermi-nado), sem antecedente claro, apa-gando um possível referente textual.63.

Registro familiar:Exemplos: Não dá pra falar muito nãoAqui tá fazendo calorVidrou na minha calça LeePintou uma chance legal Um lance na capitalTô afim de encarar um siri

Registro padrão:Não posso falar muitoAqui está fazendo/faz calorInteressou-se pela(-s) minha(-s) calça(-s) LeeApareceu uma boa oportunidade Uma possibilidade de emprego/trabalho na capitalEstou com vontade de comer um siri

64.a) V - V - F - F - F - V - F; b) comparativo, explicativo; c) uma frase como “Era na Trindades que a personagem BISNETO mais gostava de viver ou “O menino Bis-neto viera gêmeo com uma menina”. 65.a) Trata-se do vocativo “Meu santo” empregado com repetição em: “MEU SANTO, minha família foi embora, MEU SANTO”; “MEU SANTO, me diga, onde é que eles foram, MEU SANTO”.b) O vocábulo “povo” tem o valor semântico de “família”. 66. D 67.a) Lygia Fagundes Telles, grande escritora brasileira, reside em São Paulo.b) Admiradora de Rita Lee, Elis Regina não se conteve e escreveu-lhe uma carta, começando assim uma grande amizade entre as duas já então famosas cantoras.c) O ministro do Trabalho, político famoso pela sua moderação, sentou-se com os patrões e empregados para negociar o fim da greve.d) Carlos Drummond de Andrade nasceu em ltabira, cidade de Minas Gerais, e morreu no Rio de Janeiro.e) Os primeiros escritores indianis-tas do Brasil, isto é, José de Alencar e Gonçalves Dias, viam o nosso índio como um herói. Hoje, outros escri-tores, como Antônio Callado e Már-cio Souza, mostram-nos o índio des-truído lentamente pelos brancos.f) Os dois filhos doutores, isto é, advogado e biólogo, orgulham-se da origem simples dos pais. 68. A 69.a) vocativob) apostoc) vocativod) vocativo 70. A 71. B 72. D

73. E74. C 75. B

76. A77. D78. A

79. D

80. 01 + 02 + 08 = 11. 81. O recurso de natureza morfoló-gica consiste no uso do sufixo indi-cador de diminutivo. O de natureza sintática, refere-se ao uso de orações adjetivas para modificar os núcleos do complemento (objeto direto). 82. Entre outros, são exemplos de verbos transitivos diretos: jogar boxe (verso 5), dar um pulo (verso 6) e escrever alguma coisa (verso 7).83. Não. Embora apresentem uma preposição, não ligam os termos adiante como complementos dos verbos, mas apresentam uma cir-cunstância em que as ações ocorrem. Os verbos são intransitivos e os ter-mos são adjuntos adverbiais.84. b) aquisição deste produtoc) distribuição da loçãod) cobertura das despesas da pu- blicidade85.Para escrever: Adjunto Adverbialdivinas: Adjunto Adnominalolhar: Núcleo do Objeto Indiretopreconceitos: ComplementoNo- minal