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101 leitorado. “Quando esse fato tem um peso indiscutível de manchete, e o veículo não tem informação adicional ou diferente a dar sobre aquilo, como fugir do registro factual?”, questionou a jornalista. Outro detalhe da Primeira Página da edição de 10 de fevereiro de 2011 é a publicação, no alto da página, de extratos de três colunistas do jornal: Janio de Freitas, que comentava sobre decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral); Eliane Cantanhêde, que falava sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e Contardo Calligaris, sobre a relação da criança com ídolos. A estratégia de dar mais visibilidade aos articulistas, analistas, colunistas e especialistas em determinadas áreas vem sendo desenvolvida como uma forma de tentar diferenciar a plataforma impressa da internet, da TV e do rádio. Quando completou 90 anos de existência, em fevereiro de 2010, o jornal publicou um caderno cujo título foi: Meu caso com a Folha. Como subtítulo: José Simão, [Carlos Heitor] Cony, Ruy Castro, Tostão e mais 85 colunistas comentam a ligação do jornal e lembraram histórias da Redação. Somente o caderno Mercado, que trata de temas da economia e de negócios, abriga em suas páginas (de seis a oito, dependendo da quantidade de anúncios) 15 colunistas, dos mais diferentes matizes. Ao ser perguntada sobre como oferecer um diferencial em termos de enunciado para o leitor, Vera Guimarães reforçou a tese de que a exibição de extratos de colunistas do jornal na Primeira Página é um “plus”, um algo a mais a ser oferecido, apesar de afirmar ser uma “tentativa diária” a busca pelo diferente. Segundo ela, “a Folha aposta em diferenciais como colunistas e análises. É onde os jornais podem ser _e ainda são_ superiores aos on-lines”. Essa estratégia, por sua vez, é replicada pela Folha na Folha.com. Ou seja, o colunista que cativou seu leitorado passa a ser seguido também na versão on-line, ou pelo blog que ele mantém. Outra forma de ampliar a divulgação de seu diferencial é o próprio portal de comunicação. O UOL destaca em sua homepage alguns colunistas do jornal, dependendo do tema sobre o qual o profissional estiver escrevendo.

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leitorado. “Quando esse fato tem um peso indiscutível de manchete, e o veículo não tem

informação adicional ou diferente a dar sobre aquilo, como fugir do registro factual?”,

questionou a jornalista.

Outro detalhe da Primeira Página da edição de 10 de fevereiro de 2011 é a

publicação, no alto da página, de extratos de três colunistas do jornal: Janio de Freitas, que

comentava sobre decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral); Eliane Cantanhêde, que

falava sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e Contardo Calligaris, sobre a

relação da criança com ídolos.

A estratégia de dar mais visibilidade aos articulistas, analistas, colunistas e

especialistas em determinadas áreas vem sendo desenvolvida como uma forma de tentar

diferenciar a plataforma impressa da internet, da TV e do rádio.

Quando completou 90 anos de existência, em fevereiro de 2010, o jornal publicou

um caderno cujo título foi: Meu caso com a Folha. Como subtítulo: José Simão, [Carlos

Heitor] Cony, Ruy Castro, Tostão e mais 85 colunistas comentam a ligação do jornal e

lembraram histórias da Redação.

Somente o caderno Mercado, que trata de temas da economia e de negócios, abriga

em suas páginas (de seis a oito, dependendo da quantidade de anúncios) 15 colunistas, dos

mais diferentes matizes.

Ao ser perguntada sobre como oferecer um diferencial em termos de enunciado para

o leitor, Vera Guimarães reforçou a tese de que a exibição de extratos de colunistas do

jornal na Primeira Página é um “plus”, um algo a mais a ser oferecido, apesar de afirmar

ser uma “tentativa diária” a busca pelo diferente. Segundo ela, “a Folha aposta em

diferenciais como colunistas e análises. É onde os jornais podem ser _e ainda são_

superiores aos on-lines”.

Essa estratégia, por sua vez, é replicada pela Folha na Folha.com. Ou seja, o

colunista que cativou seu leitorado passa a ser seguido também na versão on-line, ou pelo

blog que ele mantém.

Outra forma de ampliar a divulgação de seu diferencial é o próprio portal de

comunicação. O UOL destaca em sua homepage alguns colunistas do jornal, dependendo

do tema sobre o qual o profissional estiver escrevendo.

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A própria legitimação dos blogs, a partir do momento em que eles são abrigados no

portal ou no site da Folha, funciona como uma forma de convergir o produto [no caso,

articulistas e colunistas] em várias mídias. (anexo 13)

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Reprodução da Primeira Página da Folha de S.Paulo - 10 fev 2011

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3.12 Manchete velha em dia de fato novo (11/2/2011)

A velocidade da história, muitas vezes, atropela até o veículo que trata de registrá-

la. O exemplo mais escancarado da encruzilhada em que se encontra a mídia impressa, na

comparação com outras plataformas de comunicação, em especial a internet, aconteceu no

dia 11 de fevereiro de 2011 e teve como protagonista a crise egípcia, que vinha sendo

destaque havia mais de duas semanas.

No dia anterior (10 de fevereiro), todas as atenções se voltaram novamente para o

Egito. Era o dia de o então presidente do país, Hosni Mubarak, realizar um pronunciamento

pela TV, após 17 dias de intensas manifestações exigindo sua saída do poder.

A expectativa era que, de fato, ele anunciasse sua renúncia ao cargo mantido por

mais de 30 anos. Analistas internacionais, especialistas ou não em Oriente Médio,

apostavam suas fichas na saída do ditador egípcio.

No entanto, contrariando as previsões, Mubarak anunciou na TV que permaneceria

à frente da Presidência do país até a realização de eleições, em setembro de 2011.

A decisão do ditador egípcio e a surpresa que tomou conta da opinião pública

estavam estampadas na principal foto da Primeira Página da edição desse dia. Uma

imagem, publicada em quatro colunas, de autoria de Emilio Morenatti, da Associated Press,

mostrava egípcios reunidos na praça Tahrir, local do epicentro das manifestações

antigoverno, na região central do Cairo, para acompanhar o pronunciamento.

Na foto, um egípcio leva as mãos ao rosto, insinuando que não acreditava no que

estava ouvindo durante o pronunciamento de Mubarak. A manchete do jornal

complementava essa imagem. “‘Fico’ do ditador egípcio causa revolta e impasse”.

No texto que acompanhava essa manchete, constava a informação de que a recusa

de Mubarak em deixar o poder contrariava até a previsão de um diretor da CIA (o serviço

secreto norte-americano), de que havia “forte possibilidade” de ele deixar o poder.

Essa edição circulou para assinantes e bancas no dia 11 de fevereiro. O último

fechamento da Primeira Página, ou seja, a última vez em que esta página foi enviada para a

gráfica, para ser rodada e impressa com o restante do jornal, foi às 23h24.

A informação desse horário, aliás, faz parte das informações fixas que constam da

Primeira Página. É um recurso para mostrar ao leitor o momento em que aquela edição foi

“concluída”.

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A versão on-line do jornal fica à disposição do assinante na internet a partir das 3h

da manhã, quando o produto pode ser “folheado” eletronicamente, para quem assina a

própria Folha ou o UOL.

Conforme escrito anteriormente, a distribuição da Folha se dá por etapas. Uma

primeira edição é concluída por volta de 20h30 e 21h. Esse reparte é destinado para outros

Estados e para algumas bancas da região metropolitana e interior de São Paulo. É

denominada de Edição Nacional.

Por volta das 23h, é concluída a segunda edição do jornal, a Edição São Paulo, com

reportagens atualizadas e a inclusão de novas informações, como a rodada noturna das

partidas de futebol que, em sua maioria, começam por volta das 21h.

Nesse esquema, os leitores, assinantes ou não, que moram em outros Estados podem

conseguir o seu exemplar com várias horas de atraso. A partida do avião de carga atrasou.

Chovia na região no momento da chegada. O caminhão quebrou a caminho do distribuidor.

Enfim, uma série de fatores imponderáveis, que escapam à lógica montada para entregar o

jornal, pode causar o atraso.

Manaus, por exemplo, que fica distante a mais de 4.000 km de São Paulo, sede do

jornal, pode receber os exemplares da Folha no início da tarde. Já houve casos em que o

leitor encontrou um exemplar por volta das 17h. Numa situação como essa, no caso da

manchete sobre o “fico” do ditador, era tarde demais para o leitor.

No dia em que o jornal ainda circulava, por volta das 15h a manchete da Folha.com

_a exemplo de outros sites e de portais de comunicação_ anunciava: “Ditador egípcio

renuncia após 18 dias de protestos; militares assumem”.

Questionada sobre essa situação, Guimarães concorda que uma manchete como a do

“fico”, publicada justamente no dia em que o ditador egípcio renunciou, “envelhece” a

Primeira Página.

Mas a jornalista retoma o questionamento já feito anteriormente. “Como fugir

disso?” E argumenta: “A situação no Egito era de uma escalada de protestos que apontava

para um banho de sangue ou a queda do ditador _que aconteceu no dia seguinte, mas

poderia ter acontecido até naquela mesma noite. É preciso fazer apostas”. No final da tarde da renúncia de Mubarak, cujo assunto ainda permanecia como

manchete da Folha.com, havia um detalhe no site da Folha. Por volta das 17h50, a notícia

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mais lida do site era o desmentido da morte do ator Lucio Mauro, feito pelo próprio filho,

durante uma entrevista na GloboNews, ao comentar informação passada por uma jornalista,

ao vivo, durante o programa.

A queda de Mubarak estava em terceiro lugar no ranking das mais lidas, atrás até

de informação sobre a dispensa do jogador de futebol Roberto Carlos do treino do

Corinthians, em meio a rumores de que o atleta iria deixar o clube em razão de supostas

ameaças que vinha recebendo.

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Reprodução da Primeira Página da Folha de S.Paulo - 11 fev 2011

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3.13 A hipermanchete de “ontem” (12/2/2011)

Ao consultar o livro Folha de S.Paulo – Primeira Página (Publifolha, 2011), que

exibe 90 anos de história do jornal por meio das capas consideradas mais importantes no

período, é fácil, até mesmo para o leigo, identificar aquelas que registraram um fato

histórico com amplo destaque.

Mesmo antes da era digital, da chegada da internet, numa rápida consulta, vê-se

títulos como “Nixon renunciou”, de 9 de agosto de 1974, sobre a saída do então presidente

dos EUA do cargo em razão do escândalo do Watergate.

Quase dez anos depois, em 26 de janeiro de 1984, a Folha estampava na Primeira

Página: “300 mil nas ruas pelas diretas”, numa referência à campanha pelas Diretas-Já,

que, na comunicação, teve o jornal como ponta de lança do movimento da sociedade civil.

Passados mais ou menos dez anos, um título em seis colunas e duas linhas trazia a

informação que mudaria a situação econômica e até política do país. Em 30 de junho de

1994, a Folha grafou: “Real entra em circulação no país amanhã e vale CR$ 2.750”. Era o

anúncio do Plano Real.

Portanto a própria imagem da vitrine do jornal deixava explícita a importância

daquilo que fora noticiado. Essa técnica, de ampliar o tamanho da fonte e do corpo da letra

nos título, e usar mais de uma linha, também fora utilizada no dia 12 de fevereiro de 2011.

“Em 18 dias de protestos, egípcios derrubam ditador de 3 décadas”. Manchete em

seis colunas (largura total do jornal) e duas linhas. Registro histórico? Sim. Mas

competindo com mídias que, desde o início da tarde do dia anterior, já mostravam ao

cidadão o que havia acontecido: o fim do governo Mubarak.

Detalhe técnico de 12 de fevereiro. A Primeira Página da Folha trazia uma

sobrecapa de anúncio que “escondia” três das seis colunas dessa página. Apenas o texto que

acompanhava a manchete ficou de fora desse papel publicitário. Mas o título ficou

truncado, uma vez que a folha de propaganda cobria parte dele.

A principal foto também era da epopeia egípcia, porém, também truncada pelo

recurso do anúncio publicitário, que encobria mais de 60% da imagem.

A manchete da Folha nesse dia reproduzia exatamente aquilo que, no dia anterior,

por volta das 14h, já era divulgado amplamente na internet, nas rádios e nas emissoras de

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televisão. Numa tentativa de oferecer algo a mais para o leitorado, o jornal estampou o

nome do jornalista e colunista Clóvis Rossi na Primeira Página.

Acompanhado do nome de Rossi, um resumo do que tratava a coluna do jornalista

em suas páginas internas. Além disso, foi produzido um infográfico em que constava a foto

do chefe das Forças Armadas egípcias que assumiu interinamente o cargo de presidente,

numa tentativa de fazer o país retornar à normalidade após a saída de Mubarak.

Nesse dia, na Folha.com, o assunto não aparecia entre as dez notícias mais lidas,

por volta das 15h. A mais acessada daquele momento era “Após ‘Cisne Negro’, Mila Kuns

diz que nunca mais vai dançar”, ao tratar de declarações da atriz sobre sua participação

como bailarina no filme. Informação e entretenimento.

O site da Folha utiliza em sua “primeira página” um recurso em que mostra as dez

notícias mais lidas e até mesmo aquelas que, supostamente, ainda não foram destacadas na

homepage. Óbvio que o assunto Egito não figurava mais entre as mais lidas. Afinal,

nenhum fato novo havia ocorrido desde a renúncia de Mubarak, no dia anterior. E, mesmo

que houvesse, seria uma suíte de pouco caráter apelativo.

A tiragem da Folha naquele sábado, 12 de fevereiro, foi de 336.654 exemplares, um

número relativamente alto se comparado com a média da tiragem da semana, que foi de

cerca de 290 mil jornais. Ou seja, quase 350 mil exemplares do maior jornal em circulação

paga do país com uma manchete de “ontem”.

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Reprodução da Primeira Página da Folha de S.Paulo - 12 fev 2011

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CONSIDERAÇÕES FINAIS O jornalista, pesquisador e professor da Universidade da Carolina do Norte Philip

Meyer, em seu livro Os Jornais podem desaparecer? – Como salvar o jornalismo na era

da informação (Editora Contexto, 2007), estimou que nos Estados Unidos, no primeiro

semestre de 2043, “não haverá mais leitores diários de jornais”.

Meyer se baseia numa pesquisa sobre leitura diária de jornais, desenvolvida de 1967

a 2002 pela General Social Survey, que aponta um declínio ano a ano no número de leitores

das publicações impressas diárias norte-americanas.

Nesse contexto, é pertinente questionar: Será que essa previsão pode ser aplicada ao

Brasil? Qual será afinal o destino do jornalismo impresso nos próximos anos, na próxima

década e, numa indagação mais longínqua, no próximo século?

A se manter o formato atual, com discretas modificações, mas sem mexer na

essência, como sobreviver? E a primeira página? Como publicar o “ontem” sem o leitor

ficar com a impressão de uma viagem para o passado, lendo sobre episódios e fatos que já

aconteceram?

Há alguns autores que arriscam um palpite. Gómez, por exemplo, acena para a

sobrevivência dessa mídia:

A chegada de um novo meio ou tecnologia não supõe necessariamente, nem tampouco imediatamente, a suplantação da anterior. E isto por várias razões. Primeiro, porque cada meio ou tecnologia é muito mais que isso. Sua transformação então envolve outros fatores, além dos estritamente técnicos ou instrumentais. (...) Segundo, porque cada tecnologia demanda um tempo de aprendizagem e apropriação por parte dos usuários. (GÓMEZ, APUD MORAES, 2006, p. 84)

Mas essa colocação não resolve a equação. A tecnologia, por si só, facilita o

aprendizado. A tal apropriação por parte do usuário se dá, muitas vezes, em questão de

minutos. Isso não mexe numa questão nevrálgica: o conteúdo.

Mesmo no que diz respeito à tiragem do jornal, que, aliás, não é o objeto central

desta dissertação, o diário impresso vem passando por um processo de encolhimento. A

Folha, por exemplo, vem sofrendo um processo de redução no número de exemplares

desde o final da década de 90.

Os números exibidos em algumas publicações dão até a sensação de involução do

jornal. Paschoal (2006, p. 164), ao falar do crescimento da publicação na década de 60,

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assinalou que “a Folha já tinha 75.873 assinantes, tornando-se o ‘jornal de maior circulação

paga no Brasil’, como ela mesmo registrou em 4 de agosto de 1963”.

Seis anos depois, o número de assinaturas rondava a casa dos 100 mil, de acordo

com o autor (2006, p.166). A tiragem acompanhava essa evolução. Para Paschoal (2006, p.

166), “a tiragem chegou, em dias de semana, a 183.758 exemplares e, aos domingos, a

243.442 exemplares”.

Um resumo dessa progressão geométrica pode ser encontrado no próprio Paschoal:

A tecnologia ajudou a Folha a bater alguns recordes. Em janeiro de 1968, a tiragem atingiu 200 mil exemplares. Em fevereiro de 1969, o Instituto Brasileiro de Opinião Pública (Ibope) registrou a Folha como o jornal mais lido no interior do Estado de São Paulo, com 14,8%, deixando o jornal O Estado de S. Paulo em segundo, com 10,4%. E em 12 de março de 1995, a Folha atingiu a tiragem de 1.613.872 exemplares, recorde histórico na imprensa brasileira. (PASCHOAL, 2006, p. 200)

Mas a mídia brasileira também sofreu os reflexos da crise econômica mundial, cujo

ápice foi em janeiro de 1999, com a primeira maxidesvalorização do real, mas que já

apresentava os primeiros sintomas desde 1995, a conta-gotas.

Após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para um segundo

mandato à frente da Presidência da República, os idealizadores do Plano Real não tinham

mais como manter a paridade oficial com o dólar em um por um. De um dia para outro (16

de janeiro daquele ano), o custo para se produzir jornalismo em papel aumentou em 30%

(índice de desvalorização da moeda brasileira em relação à moeda norte-americana).

A crise daquele período também obrigou as publicações brasileiras a uma espécie de

dieta forçada. O tamanho das páginas foi reduzido. Em 20 de junho de 1999, a Folha

anunciava, tanto na versão impressa como na plataforma online: “Jornais mudam largura a

partir do dia 6”.8

De acordo com o texto, a largura da página seria reduzida em uma polegada (2,54

cm), passando de 34,29 cm para 31,75 cm. A altura, de 56 cm, foi mantida. Mas a largura

impressa (no jargão jornalístico, chamada de mancha de texto) caiu de 33 cm para 29,7 cm.

Ainda de acordo com a reportagem, a decisão fora tomada por 77 empresas

jornalísticas das 96 filiadas da ANJ (Associação Nacional de Jornais), que trabalhavam no

8 “Jornais mudam largura a partir do dia 6” em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc20069921.htm. Acesso em 13 de maio de 2011.

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formato “standard”. A principal justificativa para a mudança foi a “necessidade de as

empresas jornalísticas reduzirem seus custos com o consumo de papel”.

O texto, porém, apressava-se em mostrar que o leitor não sairia prejudicado com tal

decisão. Assinalava: “O novo formato não implicará perda de conteúdo e tornará o

manuseio do jornal mais prático e confortável”.

Entretanto, na sequência da matéria, surgia a principal razão para a economia de

papel: “No Brasil, o custo do papel importado foi pesadamente influenciado pela

desvalorização do real. Como o produto é comprado em dólar, as empresas precisam gastar

mais em real para adquiri-lo”. Era a maxidesvalorização cambial mais uma vez sufocando a

mídia.

Ora, se a tiragem reduzida ao longo dos anos não é objeto de estudo desta

dissertação, o encolhimento do produto tem relação direta com o questionamento inicial,

sobre o fato de se usar o “ontem” na Primeira Página da Folha.

Se na versão papel há limitação de espaço, como oferecer internamente um produto

mais bem acabado, mais analítico, interpretativo, que avance no serviço noticioso e dê para

o leitor a capacidade de acessar um material mais rico, aprofundado, e que não fique apenas

no relato factual da notícia? Mais: como refleti-lo na Primeira Página?

A ombudsman da Folha em segundo mandato, Suzana Singer, retomou essa

questão, na coluna que mantém no jornal aos domingos. Na edição de 6 de fevereiro de

2011, sob o título “A Arte de Fazer Títulos”9, Singer falou sobre a importante tarefa de se

produzir títulos no jornalismo impresso diário.

Segundo a ouvidora dos leitores, “um bom título ajuda a convencê-lo [o leitor] de

que vale a pena gastar alguns minutos naquela notícia”. No quarto parágrafo de seu texto,

Singer também citou um dos pontos centrais desta dissertação, sobre o uso de títulos

informativos na Primeira Página acerca de fatos que aconteceram no dia anterior. A

ombudsman escreveu:

A Folha também não abre mão, pelo menos por enquanto, (grifo do autor), de informar seu leitor como se ele fosse ‘virgem’ no assunto. No dia seguinte à última eleição, a manchete, em letras garrafais, anunciava

9 “A arte de fazer títulos” em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ombudsma/om0602201101.htm.

Acesso em 13 de maio de 2011.

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‘Dilma é a eleita’, mesmo sendo difícil imaginar alguém que já na soubesse disso na manhã de 1º de novembro.

No parágrafo anterior de sua coluna, Singer já admitia não só a importância da

confecção de títulos mais atraentes como também o fato de o leitor estar sendo avidamente

disputado por outras mídias, sem citá-las. “Com a atenção cada vez mais disputada por

outros meios de comunicação, o consumidor de informação só enfrenta _o melhor verbo é

esse_ um texto até o fim se julgá-lo realmente interessante”.

Resta saber por quanto tempo o jornal manterá essa estratégia. Se, até lá, haverá

ainda algum leitor do veículo impresso para ver mudanças.

O pesquisador Philip Meyer, ao falar da crise por que passa o jornalismo impresso

nos Estados Unidos, elencou uma série de itens que podem ajudar a informação em átomo a

permanecer no mercado.

Meyer falou da “influência” como uma das chaves para a sobrevivência dos jornais.

O autor citou o então vice-presidente da Knight Ridder, Hal Jurgensmeyer (1931-1995). Foi

nessa empresa que Meyer atuou na área de pesquisa editorial.

De acordo com Meyer (2007, p. 17 e 18), “no modelo de Jurgensmeyer, um jornal

produz dois tipos de influência: influência social, que não está à venda, e influência

comercial, ou influência sobre a decisão do consumidor de realizar a compra que está à

venda”.

Ainda conforme o raciocínio desenvolvido por Meyer, “a influência social de um

meio de comunicação pode aumentar sua influência comercial. Se o modelo funcionar, um

jornal influente terá leitores que confiam nele e, portanto, mais valor para os anunciantes”.

O jornalista norte-americano também falou na importância da legibilidade, na

exatidão da reportagem, na diferença que os editores podem fazer para tornar o produto

mais acessível.

As observações de Meyer não diferem muito das feitas pelo diretor de Redação da

Folha, Otavio Frias Filho, sobre a qualidade do jornal diário impresso brasileiro. Em artigo

publicado sob o título “7 vidas do jornalismo”10, em 23 de maio de 2010, por ocasião do

lançamento do novo projeto gráfico e editorial da Folha, Frias Filho relacionou uma série

de defeitos dos prestige papers brasileiros. 10 FRIAS FILHO, Otavio. 7 vidas do jornalismo. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj2305201025htm Acesso em 16 abril 2011.

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Já no subtítulo do artigo, o jornalista dava uma dica para a sobrevida do papel:

“Imprensa morre e renasce a cada revolução tecnológica, mas precisa se tornar mais

interessante e útil”.

Porém Frias Filho reconheceu uma série de problemas da mídia impressa:

Mas, para tanto, é preciso ter a humildade de aprender. Reconhecer que os jornais são muitas vezes cansativos, previsíveis, prolixos, distantes, redundantes, parciais – cifrados para o leigo e superficiais para o especialista. Será preciso, ao mesmo tempo, desejo sincero de melhorar, experimentar, arriscar. (FRIAS FILHO, 2011)

Por tudo isso, avalio que o jornal precisa urgentemente repensar em como vai

oferecer uma informação, mesmo que baseada no “ontem” para seu público-alvo.

Não há, certamente, uma ou outra atitude que irá torná-lo mais atrativo ou então

tirá-lo dessa “crise de identidade” apontada por ouvidores da própria Folha. Mas pode

existir sim um vasto arsenal de medidas que ajude a publicação a repercutir na sociedade e

ser ponto de referência. Ei-los:

Furo de reportagem - A notícia exclusiva ainda é o grande objetivo a ser

alcançado por qualquer mídia que tenha interesse em mostrar influência. Numa sociedade

midiatizada, em que a velocidade da informação aumenta dia a dia, divulgar um fato, um

escândalo, e até mesmo uma entrevista, em primeira mão, aumenta o prestígio do emissor.

Torna-se um diferencial em relação à concorrência. Publicar o inédito, o impactante, deve

ser um exercício diário nas redações, independentemente da plataforma midiática. Ainda

mais no impresso.

Antecipar uma informação também obriga os demais veículos a recuperar o furo

tomado. E, além disso, o jornalismo sério e responsável acaba citando a origem da notícia,

de onde partiu em primeiro lugar a versão sobre determinado episódio.

A obsessão pelo furo jornalístico é tão grande que algumas mídias adotam controles

de furos dados tomados. A própria Folha faz, diariamente, um controle rigoroso daquilo

que publicou, e a concorrência não, pelo menos em nível nacional. Divulgar uma

informação em primeira mão chega a ser critério para avaliar um repórter ou fotógrafo.

Avanço na notícia - Ainda no leque de alternativas está a tentativa de se avançar na

notícia. A manchete da primeira página de um jornal diário impresso poderia ir além do

fato noticioso. Oferecer um detalhe, uma mínima informação que não deixasse o enunciado

do título refém do fato em si.

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O melhor exemplo, já citado anteriormente, foi a manchete de 12 de fevereiro de

2011, um dia após a renúncia do então presidente do Egito, Hosni Mubarak. O título

principal da Primeira Página foi: “Em 18 dias de protestos, egípcios derrubam ditador de 3

décadas”.

Logo abaixo desse título, havia um subtítulo, que no jargão da Redação chama-se

linha fina. É uma espécie de complemento da manchete. Um detalhe a mais do principal

fato noticioso, mas em corpo (tamanho) muito menor do que o usado na manchete.

Nesse dia, o conteúdo da linha fina foi: “Mubarak renuncia; conselho militar

chefiado por ministro da Defesa assume a transição e promete eleições livres”. Essa

construção trouxe três informações.

A primeira, anunciando a renúncia de Mubarak. Desnecessária. Repetitiva. Sem

acrescentar nada ao que foi amplamente divulgado. A segunda, sobre a formação de um

conselho militar que assumiu o país, chefiado pelo ministro da Defesa. E a terceira, que

poderia representar esse algo mais, a respeito da promessa de eleições livres no país.

Só que essas duas últimas informações estavam “escondidas” num subtítulo com

corpo e fontes menores, enquanto o enunciado da manchete passou a preocupação de

resumir o que ocorreu após 18 dias de protesto num país do Oriente Médio.

É como informar o resultado do principal clássico de futebol que ocorreu no dia

anterior, citando somente o placar e quem marcou os gols do jogo. Os bastidores de um

evento esportivo, principalmente as repercussões pós-jogo, na maioria dos casos, deixam de

ser contemplados na própria cobertura interna do caderno de esportes. E, claro, nem sequer

são citados na primeira página da maioria das publicações impressas.

Essa questão, aliás, teve na figura do então ombudsman da Folha, Carlos Eduardo

Lins da Silva, seu maior crítico, quando relatou situações anteriores. Houve avanços,

segundo o próprio Silva, em entrevista à Folha, por ocasião do aniversário de 90 anos do

jornal, ao repórter Frederico Vasconcelos, sob o título “Para ombudsmans, jornal enfrenta

crise de identidade”11.

11 VASCONCELOS, Frederico. Para ombudsman, jornal enfrenta crise de identidade. Em

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj1902201130.htm. Acesso em 16 de abril 2011.

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De acordo com Silva, apesar de concordar com a crise de identidade do jornal,

“ainda há muito a fazer, mas tem sido constante o leitor se surpreender com o assunto da

manchete, que costumava ser repetição dos temas que a mídia eletrônica havia

exaustivamente explorado na véspera”.

Produto analítico – O que mais se ouve atualmente nas redações dos jornais

impressos é a necessidade de se convidar analistas (jornalistas especializados ou técnicos e

estudiosos) para escrever análises que acompanhem a divulgação de algum fato noticioso.

A primeira página dos jornais, em especial a da Folha, e também seu concorrente

direto, O Estado de S. Paulo, passaram a publicar com frequência extratos de colunistas,

articulistas, e até convidados, comentando determinado tema, de política a entretenimento.

No entanto, como oferecer um produto mais analítico, que traga, além da notícia,

elementos que ajudem o leitorado a entender de uma forma mais precisa o que também está

por trás da informação?

Do ponto de vista físico, o espaço editorial foi reduzido. O jornal está mais enxuto.

E, na mesma mancha editorial em que competem títulos, fotos, infográficos e a própria

notícia, é preciso encontrar um canto para publicar uma análise.

Quanto ao conteúdo da análise, o jornal pede que especialistas ou profissionais

convidados a redigi-la evitem opinião. Análise, para a publicação, é uma espécie de roteiro

histórico que ajudará o leitor a entender os bastidores de um fato.

Ainda sobre a autoria de análises, não há especialistas em quantidade suficiente para

escrever sobre os mais variados assuntos. Nesse caso, o jornal tem optado por se utilizar de

repórter e/ou jornalistas que, em razão de atuar por muito tempo em determinado assunto,

acabam ganhando a aura de alguém que possa, além de noticiar, analisar o fato.

Desde o lançamento do último projeto gráfico e editorial, a Folha fez questão de

reforçar esse gênero jornalístico, conforme consta do texto “Valorização de análises”,

publicado na página 2 de Novíssima, caderno de 12 páginas que circulou no dia 23 de maio

de 2010, início do novo projeto.

Constava do texto:

A Primeira Página também passa a destacar as análises na vitrine do jornal. Tudo ocorre na tentativa de fixar, seja nos hábitos de leitura, seja nos procedimentos da Redação, uma distinção significativa, embora nem sempre observada, entre análise de um lado, e opinião do outro. No terreno da opinião – em que o autor se coloca, manifesta preferências e

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apresenta argumentos que as sustentem-, a Folha cultiva um extenso, diversificado e qualificado elenco de colunistas. Passa agora a contar com um banco de 128 analistas, de dentro e de fora de seus quadros profissionais, incumbidos de ampliar a compreensão da notícia em seus diversos aspectos.

O resultado dessa política editorial foi inflar as páginas do jornal, já reduzidas (e

ainda concorrendo com o anúncio publicitário) com vinhetas “Análise”, mas cujo autor é

um jornalista, e não um acadêmico ou especialista que, de fato, venha estudando a questão

a ser enfocada.

Com isso, corre-se o risco de banalizar um recurso que, em princípio, poderia

funcionar como uma espécie de guia para o leitor, que, aí sim, sentir-se-ia mais amparado

no momento de se deparar com a notícia.

O jornalista Caio Túlio Costa, que também passou por vários cargos na Redação da

Folha e foi ombudsman do jornal, na mesma entrevista ao repórter Frederico Vasconcelos,

apontou como positiva a inserção de mais colunistas na publicação.

Por outro lado, detectou um defeito de conteúdo desses mesmos articulistas, que,

segundo Costa, “escrevem por escrever, sem ter o que dizer”. Em tempo: o jornal abriga

hoje quase cem colunistas em suas páginas, que escrevem semanalmente ou

quinzenalmente.

Jornalismo interpretativo – O texto da Folha é “quadrado”. Uso essa expressão

para comentar a forma como são descritos os principais fatos noticiosos pelo jornal, à

exceção do conteúdo de colunistas e articulistas.

Desde a implantação do Manual da Redação, na década de 80, o texto publicado

passou por um processo de uniformização. O jornalista foi orientado a escrever na ordem

direta: artigo, sujeito, verbo e predicado. No início, era obrigatória a citação da idade do

entrevistado.

Com o passar do tempo, todos os textos do jornal, dia a dia, tinham o mesmo

formato. Meramente relatoriais. Intensamente declaratórios. Isso, inclusive, reflete até hoje

nos próprios títulos, em que “diz”, “afirma” e “declara” viraram uma espécie de regra, até

nas manchetes e títulos da Primeira Página.

Claro que essa uniformidade tem suas vantagens. Facilita o fechamento da edição.

Impede o uso de nariz-de-cera ou de adjetivação que possam contaminar a informação. No

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entanto, a meu ver, impede a produção de um jornalismo mais interpretativo, mais tenso

até, que não fique apenas na exposição relatorial das causas de um fato.

Algumas tentativas estão em andamento. Após a implantação do último projeto

gráfico e editorial da Folha, em maio de 2010, os repórteres e editores foram orientados a

trabalhar a narrativa de forma mais bem acabada.

Estimulou-se a produção de páginas gráficas, com histórias humanas interessantes,

com a aplicação de títulos “fantasia” acompanhados de textos mais densos, aprofundados.

Certamente, com o objetivo de se diferenciar do jornalismo on-line, repleto de fato, mas

pouco analítico e interpretativo.

No entanto, essa iniciativa esbarra na falta de espaço editorial. Nem sempre também

o repórter se depara com boas histórias, que possam ser contadas nesse formato. A

narrativa, aliás, nunca foi uma tradição do jornalismo impresso. O que dirá da Folha.

Marcelo Leite, ex-ombudsman do jornal, declarou a Vasconcelos: “O espaço

diminuto desestimula o repórter a investir em pesquisa e apuração”. Ainda segundo esse

jornalista, “a narrativa, que nunca foi o forte da Folha, se encontra em extinção, segregada

ao caderno Ilustríssima ou prerrogativa de umas poucas grifes”.

As grifes a que Leite se refere são os jornalistas considerados mais conceituados e

conhecidos do leitorado que, em razão, de sua ascendência, conseguem ainda espaços mais

generosos para desenvolver justamente essa narrativa.

Já o repórter médio ou iniciante vê o espaço editorial cada vez menor, tendo que

relatar sua história em poucas linhas. Em algumas situações, a própria Primeira Página

remete para assuntos internos do jornal em que não havia mais de dois parágrafos escritos.

Credibilidade – Esse aspecto, possivelmente, é o mais difícil de mensurar. No que

está calcada a credibilidade de um veículo de comunicação? Como aferir isso e de que

forma pode se transformar num atrativo para manter a fidelidade a um produto jornalístico?

Meyer (2007, p.11) diz que “se o mercado for eficiente, produtos editoriais

melhores e prestação de serviço à comunidade são outras formas de agregar valor a uma

empresa jornalística”.

Por mais que uma empresa de comunicação trate a notícia como uma mercadoria,

ao longo do tempo um conglomerado ou mesmo um jornal de bairro tende a criar laços com

a comunidade em que está envolvido.

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A identificação com um veículo faz voltar à tese de influência, desenvolvida por

Meyer, para falar sobre uma das estratégias que podem garantir a sobrevida dos jornalões

norte-americanos.

Segundo o autor,

A forma de obter influência social é conquistar a confiança do público, tornando-se um fornecedor confiável de informações de alta qualidade, algo que frequentemente envolve o investimento de recursos na produção de notícias e no resultado editorial. A alta qualidade resultante conquista mais confiança do público para o jornal, e não apenas aumenta o número de leitores e a circulação, como também influencia os anunciantes a decidir a quem querem associar seu nome. (MEYER, 2007, p. 30)

A Folha, ao longo de seus 90 anos, tornou-se um dos mais influentes veículos de

comunicação no país. A sua marca registrada, de jornal crítico, pluralista e apartidário, foi

endossada pela sociedade nos anos 80, quando a publicação encampou a reivindicação por

eleição direta para presidente da República, que ficou conhecida como “Diretas Já”.

Jogada de marketing para alguns, sensibilidade editorial para com o momento

político que o país viva para outros, esse episódio serviu para ampliar a esfera de influência

da Folha, acompanhada de uma agressiva campanha de marketing e de divulgação.

É certo que as publicações impressas tradicionais, principalmente a Folha, ainda

tateiam o terreno em busca de alternativas para manutenção de seus principais produtos

editoriais.

Promovem reformas gráficas, lançam novas seções, oferecem subprodutos que

acompanham as publicações, como forma de atrair novos leitores, prestam serviço, agem

como advogados de causas de consumidores e até dão dicas de como se portar em público.

Como refletir isso na Primeira Página? Como transformá-la numa vitrine atraente,

de modo a conquistar novos e a manter os atuais leitores? Talvez um primeiro caminho seja

exatamente romper com alguns padrões exercidos há décadas. Romper com fórmulas

prontas e realizar experimentações.

Uma alternativa seria destacar na Primeira Página a informação ou assunto que

esteja valorizado nas páginas internas. Que tenha recebido um tratamento gráfico

diferenciado. Que denote investimento em imagem, apuração, texto e, sobretudo, edição.

Por muitas vezes, ousar também em abrir mão da informação fácil, do factual,

mesmo em se tratando de grandes assuntos, para dar oportunidades a temas diferenciados,

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que possam, inclusive, se tornar centro de debate, justamente por ter sido lançado pelo

veículo de comunicação.

Para finalizar, é importante citar, mais uma vez, o pesquisador norte-americano que

se preocupou com a possibilidade do fim de uma mídia que contribuiu com a história.

Meyer (2007, p. 16), dá a senha para que os empresários do ramo, em plena era de

revolução tecnológica, reflitam sobre seu produto: “A decadência dos jornais cria

problemas não apenas para o setor, mas também para a sociedade. Um deles é básico: para

a democracia funcionar, os cidadãos precisam de informação”.

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