porque se desmoronou a rda?

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    ambos?, o qual foi tambm publicado no Neues Deutschland, numa versoreduzida.5

    A diz: A palavra colapso desperta, em primeiro lugar, o pensamento pararazes internas: o colapso de um invlido ou a imploso de um edifcio caindo

    sobre si prprio. Se algum for assassinado, no se fala de um colapso.

    Diferentemente da palavra colapso, a palavra contra-revoluo contm aideia de luta e inimigo, sim, de luta de classes e inimigo de classe ()

    Se algum derrotado numa contra-revoluo, no encontra justamente a

    prpria culpa no facto de ter exercido o poder, mas sim em o ter perdido.E H.M. responde assim sua pergunta do ttulo: Trata-se manifestamente de

    ambos: o socialismo sucumbiu numa contra-revoluo.Considero esta resposta correcta, apesar de provocar, talvez, protestos e levantar

    a questo: Onde estava ento a contra-revoluo?Mas se queremos manter a interrogao, ento temos de perguntar: Porque no

    resistiu a RDA contra-revoluo?

    Contudo, na minha opinio, esta especificao ainda no suficiente.Afinal a RDA, desde o primeiro dia da sua existncia, esteve sempre sob o fogo

    do inimigo de classe imperialista, esteve sempre exposta s investidas da contra-revoluo e, na verdade, muito mais fortes e claras do que em 1989 semsucumbir.

    preciso ento perguntar ainda com maior preciso: Porque no continuou aresistir contra-revoluo, depois de 40 anos de luta de defesa bem sucedida?

    Os ataques da contra-revoluo tornaram-se muito mais fortes ou a forainterna de resistncia afrouxou demasiadamente? Ou aconteceram ambas ascoisas?

    Neste ponto, algum atento poderia objectar: mas sem a proteco da UnioSovitica e do seu exrcito, a RDA nunca podia ter resistido presso econmica emilitar da superior RFA.

    Isto naturalmente correcto. Mais ainda, no s vlido para a RDA como paratodos os Estados europeus socialistas do CAME.6 A objeco aponta para o factomuito importante e decisivo de que impossvel analisar o desenvolvimento decada pas socialista s pelo seu desenvolvimento interno, pelas suas prpriasrelaes econmicas e polticas.

    No foi s a RDA que se desmoronou, foi tambm a Polnia socialista, aHungria socialista, a Checoslovquia socialista, etc. e principalmente a Unio

    Sovitica socialista, a muralha de defesa de todos estes pases.Com isto deve tambm ser claro que a pergunta Porque sucumbiu a RDA?

    tem de ser alargada para a questo: Porque sucumbiu o socialismo na Europa e naUnio Sovitica?

    Porque venceu a contra-revoluo em todos os pases socialistas europeus?O colapso da RDA no um acontecimento singular, mas sim um aspecto de um

    acontecimento colectivo e s pode ser compreendido e explicado enquanto tal.Vejamos alguns chaves dos anticomunistas de todos os matizes,

    nomeadamente: o sistema econmico socialista incapaz de funcionar e

    5Weienseer Bltter 4/1992;Neues Deutschlan de 26/27.9.1992.6 Conselho de Assistncia Mtua Econmica. (N. Ed.)

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    sobreviver porque se baseia na eliminao da regulao atravs do mercado, e osistema poltico do socialismo, o stalinismo porque uma ditadura criminosa,uma burocracia ossificada no podia terminar de outra forma sem ser nacatstrofe.

    Estes chaves anticomunistas foram assumidos durante muito tempo pelo

    movimento comunista como declaraes indiscutivelmente correctas, porqueaparentemente eram confirmados pelo colapso do socialismo europeu.

    Um breve olhar sobre os destinos do movimento comunista dever revelar ainsustentabilidade de uma tal opinio primitiva e simplista.

    Ns, comunistas da gerao mais velha, sabemos por testemunho prprio que ocaminho do movimento comunista se ergueu de profundas derrotas e cruisperseguies s alturas das maiores vitrias histricas; os comunistas de todas asgeraes hoje vivas sofreram conjuntamente a experincia dolorosa da quedaprofunda da altura da vitria, supostamente j impossvel de anular, numa novaderrota inaudita. A frase de Karl Liebknecht, Ns comunistas estamos habituados

    a ser lanados do cume para as profundezas,7 ganhou uma nova actualidade, emque custa a acreditar.

    A vitria da Revoluo de Outubro na Rssia marcou indelevelmente o sculoXX. No centro dos acontecimentos histricos deste sculo esteve, desde 1917, a lutaentre capitalismo e socialismo e esta luta contrariamente s aparncias e opinio dos desalentados no est de forma nenhuma terminada.

    A Alemanha pertence aos pases em que as irradiaes da vitria de Outubromais se fizeram sentir. Rosa Luxemburgo exprimiu este facto assim: Nunca nosdevemos esquecer, quando vm com as difamaes contra os bolcheviques russos,

    de lhes responder: onde aprendestes o ABC da vossa revoluo de hoje? Fostes

    busc-lo aos russos: aos sovietes de operrios e soldados!8

    A ideia do socialismo tinha penetrado to fortemente nas mentes e nos coraesdos trabalhadores na Alemanha, que, em 1919-20, at a burguesia alem se muniucom uma falsificao socialista chamada Partido Nacional-Socialista dosTrabalhadores Alemes (NSDAP), criao de todas as foras anti-socialistas econtra-revolucionrias alems.

    A irradiao da atraco da construo do socialismo na Unio Sovitica foiespecialmente forte nos anos da crise econmica mundial, que foramsimultaneamente anos do xito, considerado impossvel, do primeiro planoquinquenal na Unio Sovitica.

    Num livro publicado em 1931, com o ttulo O Fim do Capitalismo, de FerdinandFried, um autor burgus, afirma-se que necessrio tambm na Alemanha passarda economia no planificada para a planificada j que: A Rssia [com o planoquinquenal]passa por uma poca de enormes investimentos, enquanto as fbricasdo resto do mundo se degradam por falta de actividade e o trigo tem de servir de

    combustvel.9No jornal social-democrata Vorwrts, de 23 de Outubro de 1932, podia ler-se

    sob o ttulo Objectivo e caminho do socialismo: O mais valioso da experinciarussa a comprovada possibilidade de execuo da economia planificada.

    7 Karl Liebknecht,Discursos Escolhidos, Cartas e Artigos, Berlim, 1952, p. 530.8 Rosa Luxemburgo,Eu fui, Eu sou, Eu serei!, Berlim, 1958, p. 105.9 Ferdinand Fried, O Fim do Capitalismo, Jena, 1931, p. 260.

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    Dois meses antes, em 28 de Agosto de 1932, um tal J. P. Mayer escrevia nomesmo jornal: A longo prazo no h nenhum meio capitalista para dominar acrise. O movimento socialista entra assim no estdio da realizao. O socialismo

    torna-se na questo de maior importncia do presente, uma ordem actual de

    vida.

    A convico da superioridade do socialismo em construo na Unio Soviticaperante o capitalismo abalado pela crise era to forte no movimento organizado dooperariado alemo que at o chefe social-democrata de direita teve de a levar emconta numa campanha de massas designada Socialismo Tarefa do Presente! mas naturalmente no de forma sria.

    E ento quando, entre 1941 e 1945, a Unio Sovitica e o seu Exrcito Vermelhoderam provas de ser a fora mais poderosa da coligao anti-Hitler, desferindoperante os olhos de um mundo espantado golpes decisivos sobre o inimigo fascistada humanidade e isto depois de pesadas derrotas iniciais a, nenhum outro pasou povo do planeta desfrutava de maior simpatia junto das pessoas simples que o

    pas e o povo soviticos. Mesmo Churchill usou o entusiasmo das pessoas pelaUnio Sovitica e os seus dirigentes para aumentar a sua prpria popularidade,chamando Stline de seu amigo my friend Joe.

    Facto que a histria mundial no conhece um segundo exemplo de um Estado ede uma ordem social que tenha suportado to longamente uma carga permanente epassado to duro e inimaginvel exame como a Unio Sovitica at vitria sobre ofascismo; mas tambm [no conhece] um segundo exemplo de realizao totriunfal do mais difcil exame.

    Quem nessa poca tivesse afirmado que este Estado e esta ordem social nopodiam funcionar nem sobreviver seria olhado exactamente como algum que

    afirmasse em dia luminoso que era noite profunda.E depois tambm, durante uma srie de dcadas, o movimento comunista e ospases socialistas mantiveram-se como uma fora que, como nunca, deu umimpulso aos movimentos de emancipao da humanidade; pense-se s no seu papeldecisivo na destruio do vergonhoso sistema colonial ou na vitria do povovietnamita sobre a mais forte potncia imperialista, os EUA.

    E depois esta decadncia aparentemente sbita, este fim inglrio!Esta profunda queda do cume atingido em 1945 at ao poo sem fundo dos

    ltimos anos levanta questes inexplicveis, perante as quais, em muitos lugares,surge um sentimento de impotncia.

    Mas a recordao de um outro exemplo de um colapso inesperado na histria domovimento operrio internacional e alemo, a recordao do colapso da IIInternacional, talvez ajude a chegar mais prximo da soluo do enigma.

    O Partido Social-Democrata Alemo, partido dirigente da II Internacional, tinha-se batido admiravelmente contra a Lei Anti-Socialista10 de Bismarck e alcanadouma vitria brilhante sobre o chanceler de ferro.

    10 A Lei Anti-Socialista foi aprovada no Parlamento alemo em 18 de Outubro de 1879,sob a vigncia do chanceler imperial Otto von Bismarck. O diploma, oficialmente designadoLei Contra o Perigo Pblico das Tentativas Sociais-Democratas (Gesetz gegen die

    gemeingefhrlichen Bestrebungen der Sozialdemokratie), proibiu todas as organizaessocialistas e a sua imprensa, o que obrigou os militantes a trabalharem na clandestinidade.Na legalidade apenas se manteve a representao parlamentar social-democrata. Todavia, a

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    Logo em 1912, no seu Congresso em Basileia, a Internacional Socialistasublinhou a sua determinao de lutar contra a ecloso da iminente guerraimperialista e, caso ainda assim rebentasse, fazer tudo para a transformar emguerra civil.

    Mas quando em 1914 a guerra imperialista se tornou um facto, todas as direces

    dos partidos da Internacional com a excepo dos bolcheviques e da esquerdablgara (tesniaki)11 passaram-se com armas e bagagens para o campo dosdefensores da ptria e, juntamente com os imperialistas dos respectivos pases,incitaram os proletrios contra os das potncias inimigas.

    O que em 1914 pareceu uma derrocada sbita, foi o resultado final de umalonga e insidiosa decomposio dos partidos socialistas, que j Marx e Engelstinham combatido na sua famosa carta circular, de Setembro de 1879, dirigida aBebel e Wilhelm Liebknecht e outros:

    Desde h quase 40 anos que pusemos em evidncia a luta de classes comopoder motor prximo da histria e, especialmente, a luta de classes entre a

    burguesia e proletariado, como a grande alavanca do revolucionarismo socialmoderno; impossvel, portanto, acompanharmos com pessoas que querem

    riscar esta luta de classes do movimento.12Esta carta dirigia-se contra as tentativas de Eduard Bernstein, entre outros, de

    tornar o SPD aceitvel para a burguesia liberal, atravs da substituio dopostulado da luta de classes pela prdica da conciliao de classes, ou seja, atravsda reviso dos princpios ideolgicos do partido.

    Todos sabemos que foi o revisionismo que provocou a decomposio da IIInternacional e que transformou a antiga social-democracia proletria erevolucionria no partido burgus dos trabalhadores, no partido s reformas

    oportunista que, por fim, na Revoluo de Novembro [1918], se confirmou comodefesa da contra-revoluo burguesa, carniceiro dos operrios e soldadosrevolucionrios, com um Noske13 como co de fila.

    interdio no impediu a crescente popularidade dos socialistas, que continuaram a elegeros seus candidatos como independentes. Foi neste perodo que Bismarck decidiu introduziro seguro de sade, o seguro de desemprego e o seguro de acidentes, procurando reconciliaros trabalhadores com o Estado e esvaziar os partidos operrios. Apesar disso, em 1890,aps a resignao do chanceler, o Partido Operrio Socialista da Alemanha (SAPD)

    legalizado e concorre s eleies com a designao de Partido Social-Democrata daAlemanha (SPD). A Lei Anti-Socialista acabou por ser revogada e nos anos seguintes o SPDcontinuou a crescer at se tornar o maior partido doReichstag em 1912. (N. Ed.)

    11 Os tesniaki foram uma espcie de bolcheviques blgaros que, tal como a fracodirigida por Lnine, romperam a ala reformista do Partido Operrio Social-DemocrataBlgaro, constituindo, em 1903, um novo partido que manteve o nome, acrescido entreparnteses das palavras socialistas estritos ( tesni socialisti), dondeo acrnimo de tesniaki (). (N. Ed.)

    12 Karl Marx e Friedrich Engels, Obras Escolhidas em trs tomos, ed. Avante!, Lisboa,1985, tomo III, p. 103. (N. Ed.)

    13 Gustav Noske (1868-1946). Entrou para o SPD em 1884. Deputado ao Reichstag de

    1906 a 1918. Especialista em assuntos militares e coloniais. Teve um papel decisivo narepresso sangrenta da Revolta dos Marinheiros em Kiel, durante a Revoluo deNovembro de 1918 e nas insurreies de Janeiro de 1919. (N.T.)

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    O revisionismo, cujo ncleo poltico-ideolgico a substituio da luta de classespela conciliao de classes e a substituio do internacionalismo proletrio pelonacionalismo burgus, envenena e desagrega o movimento operrio revolucionrio,se no for expulso definitiva e atempadamente do seu seio.

    Esta experincia conduziu os sociais-democratas revolucionrios ciso com a

    social-democracia oportunista, no final da I Guerra Mundial, e fundao departidos comunistas e da Internacional Comunista.

    natural questionar se o colapso do movimento comunista e dos Estadossocialistas, 70 anos depois, no se baseia num desenvolvimento idntico ao docolapso da II Internacional.

    A tese da incapacidade funcional e de vida do socialismo pressupe, no odeclarando, que o sistema dominante na URSS ou o modelo de Socialismo de 1917 a1990, do incio ao fim, se manteve, no fundamental, igual.

    Na verdade, a Unio Sovitica de 1985 a 1990 tem to pouco em comum com ade 1917 ou 1945, como o SPD da poca de Marx e Engels com o SPD de Wels, Ebert

    e Scheidemann.A perspectiva de Gorbatchov e Chevardndze est to longe da de Lnine como a

    perspectiva de Bernstein e Kaustky da de Marx e Engels.Contudo, reconhecer isto logo em 1985 era muito difcil. Mas quando

    Chevardndze e Gorbatchov declararam na ONU que entendiam a poltica dacoexistncia pacfica, no como uma forma particular da luta de classes, mas simcomo princpio universal das relaes entre estados, e quando anunciaram quequeriam desideologizar as relaes internacionais (discurso de Chevardndzena 43 Assembleia da ONU, Setembro de 1988), j quase no era possvel deixar dever a passagem do marxismo-leninismo para o revisionismo conciliador de classes.

    A aprovao da Guerra do Golfo norte-americana foi s a consequncia prtica e acomprovao desta passagem.Desde que o socialismo na Unio Sovitica e ela prpria foram liquidados,

    Gorbatchov e os seus pares deixaram de ter vergonha em mostrar a sua maneira depensar anticomunista e em se congratularem com o seu papel activo na destruiodo Poder sovitico. Na sua famosa entrevista Spiegel, Gorbatchov, sincero,declarou que as suas simpatias polticas pertencem social-democracia e a umestado social do gnero do da Alemanha Federal.14

    Para completar, seja citada ainda aqui uma declarao de Willy Brandt a um seuamigo ntimo, em que transmitiu as suas impresses sobre uma conversa com

    Gorbatchov, depois de regressar de uma visita a Moscovo em Maio de 1985(!): Jvi muita coisa na minha vida, disse Brandt, mas ainda no tinha visto umanticomunista na direco do Krmlin.15 Repare-se na data Maio de 1985 , umms depois de Gorbatchov assumir o cargo de secretrio-geral do PartidoComunista da Unio Sovitica!

    No ser isto importante e elucidativo tambm para responder perguntaQuais as causas da destruio da RDA?

    Alm disso, isto esclarece uma particularidade, de que raras pessoasdesconfiaram, mesmo entre os comunistas, nomeadamente o facto de os cabecilhasdas potncias imperialistas, desde que Gorbatchov assumiu do cargo de secretrio-

    14Spiegel3/1993, p. 124.15LHumanit de 10.10.1992

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    geral, manifestarem uma estima invulgar, deixando transparecer uma preocupaosuspeita sempre que a sua posio na direco do Partido e do Estado pareciaameaada. Ao mesmo tempo que prometia fingidamente ao seu povo e a nscomunistas de todo o mundo reconduzir de novo a Unio Sovitica ao caminholeninista e arrancar a URSS da estagnao para a vanguarda da civilizao, aos

    polticos imperialistas, Gorbatchov dizia a verdade sobre as suas opinies edesgnios.

    Nessa altura, em meados dos anos 80, admirei-me muito quando Willy Brandt,numa reunio da Internacional Socialista, de que era seu presidente, fez aobservao, como se fosse evidente, de que no centro da poltica mundial j noestava o conflito Leste-Oeste, mas que em seu lugar apareceria o conflito Norte-Sul.

    Hoje sei qual a origem da sua espantosa previso. Com tais lderes comoGorbatchov na direco do PCUS, os Bush, Thatcher, Kohl e Brandt estavamsempre mais bem informados sobre as intenes e prximos passos de Moscovo doque ns, o povo simples, enganado e atraioado, e do que aqueles lderes dos pases

    socialistas que se mantiveram comunistas e procuraram combater as influncias etendncias revisionistas que sopravam de Moscovo.Portanto, quando nos questionamos sobre as causas do desmoronamento do

    socialismo, e com isso tambm da RDA, no podemos ignorar o facto de que, apartir de um determinado momento o mais tardar em 1985 , o comando donavio do socialismo na Unio Sovitica j no estava nas mos dos comunistas, mastinha sido transferido para os anticomunistas.

    Isto torna explicvel muito do que de ininteligvel aconteceu. Massimultaneamente suscita uma nova questo no menos difcil de responder: comoafinal foi possvel uma tal transferncia? No posso aqui ocupar-me desta questo.

    Mas se nos lembrarmos das circunstncias em que, na altura, foi possvel e levadapor diante a degenerao da social-democracia revolucionria num partido detrabalhadores burgus e oportunista, ento isso pode ajudar-nos a colocar-nos norasto das causas da degenerao do movimento comunista.

    Hoje, como no passado, a ideologia da conciliao de classes a ideologia degente que no confia em que o movimento dos trabalhadores e o socialismo possamderrotar o capitalismo com as suas prprias foras, ou seja, consideram ocapitalismo como a ordem social superior a longo prazo. Apossibilidade da vitriado revisionismo num partido socialista ou mesmo comunista existe pelo menosenquanto o capitalismo for economicamente superior ao socialismo. Por isso, a lutaimplacvel contra o revisionismo uma condio fundamental para a resistncia dosocialismo contra um imperialismo superior economicamente. L onde esta luta posta de lado, ou que seja apenas enfraquecida e conduzida inconsequentemente, orevisionismo obtm a possibilidade de conquistar o partido por dentro. Talconquista significa que o partido comunista fica nas mos de anticomunistas e transformado num instrumento de descredibilizao do partido e dedesmantelamento do socialismo. Foi exactamente isto que se passou em algunspartidos comunistas, em primeiro lugar, no PCUS, o partido comunista dirigente.

    Durante muito tempo, foi possvel ridicularizar e excluir constataes destegnero, rotulando-as de teoria primitiva da conspirao.

    Mas desde que Gorbatchov e os seus cmplices comearam a vangloriar-se

    publicamente de terem aberto o caminho restaurao da liberdade ocidentalnos ento pases socialistas, altura de os comunistas olharem com lucidez para as

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