porque o natal é quando um homem quiser
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8/8/2019 Porque o Natal quando um homem quiser
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Porque o Natal quando um homem quisertrs poemas de Natal.
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8/8/2019 Porque o Natal quando um homem quiser
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HISTRIA ANTIGA
Era uma vez, l na Judeia, um rei.Feio bicho, de resto:Uma cara de burro sem cabrestoE duas grandes tranas.A gente olhava, reparava, e viaQue naquela figura no haviaOlhos de quem gosta de crianas.E, na verdade, assim acontecia.Porque um dia,O malvado,S por ter o poder de quem reiPor no ter corao,Sem mais nem menos,Mandou matar quantos eram
pequenosNas cidades e aldeias da Nao.
Mas,Por acaso ou milagre, aconteceuQue, num burrinho pela areiafora,FugiuDaquelas mos de sangue umpequenitoQue o vivo sol da vida acarinhou;E bastouEsse palmo de sonhoPara encher este mundo dealegria;Para crescer, ser Deus;E meter no inferno o tal das
tranas,S porque ele no gostava decrianas.Miguel TorgaAntologia PoticaCoimbra, Ed. do Autor, 1981
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8/8/2019 Porque o Natal quando um homem quiser
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FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladasse espalhava nos mveis e tu vinhassolstcio de mel pelas escadasde um sentimento com nozes e compinhas,menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhase em sua eternidade colocavaso que a infncia pedia s andorinhas.
Depois nas folhas secas teenvolviasde trezentos e muitos lerdos diase eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por ns bebes te libertae no manso natal que te consertas tu ficaste a ti acostumado.
Natlia CorreiaODilvio e a Pomba
Lisboa, Publicaes D. Quixote,1979
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NATAL BEIRA-RIO
o brao do abeto a bater na vidraa?E o ponteiro pequeno a caminho da meta!Cala-te, vento velho! o Natal que passa,A trazer-me da gua a infncia ressurrecta.Da casa onde nasci via-se perto o rio.
To novos os meus Pais, to novos nopassado!E o Menino nascia a bordo de um navioQue ficava, no cais, noite iluminado... noite de Natal, que travo a maresia!Depois fui no sei quem que se perdeu
na terra.
E quanto mais na terra a terra meenvolvia
E quanto mais na terra fazia o norte dequem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-
me beira desse cais onde Jesus nascia...Serei dos que afinal, errando em terra
firme,Precisam de Jesus, de Mar, ou de
Poesia?
David Mouro-Ferreira,Obra Potica1948-1988
Lisboa, Editorial Presena, 1988